sábado, 14 de junho de 2014

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE, 13º Domingo do Tempo Comum ANO A 15/06/2014, Festa da Santíssima Trindade.

13º Domingo do Tempo Comum  ANO A 15/06/2014
SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE

SINOPSE:  (Diácono Ismael)
Tema: Santíssima Trindade, a perfeita comunidade.
Primeira leitura: o Deus da aliança Se auto apresenta: Ele é clemente e compassivo, lento para a ira e rico de misericórdia. 
Evangelho: João diz que O Amor de Deus é tão grande que nos envia seu Filho único; e Jesus cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom total, oferecendo aos homens a vida eterna e plena.
Segunda leitura: Paulo expressa a realidade de um Deus que é família e que pretende atrair os homens para essa dinâmica de amor,

6. PRIMEIRA LEITURA (Ex 34, 4b-6.8-9)
Moisés ...subiu ao monte Sinai, levando as duas tábuas de pedra. O senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés, e Moisés gritou: “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente e rico em bondade e fiel”. ...curvou-se até o chão e disse: “Senhor, ...peço-te, caminha conosco; ...perdoa nossas culpas e pecados e acolhe-nos como propriedade tua”.

AMBIENTE: reflexão sobre a “aliança” que Israel teria assumido com Jahwéh: Israel comprometeu-se com Jahwéh, depois, construiu um bezerro de ouro para representar Jahwéh; então, Moisés intercedeu pelo Povo e Deus renovou a aliança com Israel (cf. Ex 34,1-10).

MENSAGEM Moisés subiu à presença de Jahwéh. Deus aproxima-se “na nuvem”: a nuvem, símbolo para exprimir a presença do Deus que vem ao encontro do homem; ao mesmo tempo a nuvem esconde e manifesta: sugere o mistério de Deus, escondido e presente, o homem não vê, mas constata sua presença. Deus não menciona a sua grandeza e onipotência, mas um “Deus clemente e compassivo e cheio de misericórdia e fidelidade”. mais inclinado ao perdão do que ao castigo. Israel é convidado a comprometer-se com esse Deus que é sempre fiel e solidário com todos aqueles que d’Ele necessitam. Deus ama o seu Povo e cuida dele com bondade e ternura. Moisés pede que continue a acompanhar o seu Povo para a liberdade; e perdoe os seus pecados. E Deus perdoa e renova a aliança.

ATUALIZAÇÃO • Deus é sempre o mistério que a “nuvem” esconde e revela: sem O ver; percebemos a sua proximidade. Para entrarmos no mistério de Deus, é preciso relação de proximidade, de intimidade que nos leve ao encontro da sua voz, dos seus valores, dos seus desafios (“subir ao monte”).
• Deus apresenta-Se cheio de amor, de bondade, de ternura, de misericórdia, de fidelidade. Deus não só perdoa o pecado do Povo, mas propõe integrar os homens na família de Deus.
• Deus faz tudo para viver em comunhão com o homem. No entanto, respeita a liberdade do homem. Eu sou livre de aceitar, ou não, a proposta de “aliança” que Deus me faz.


7. SALMO RESPONSORIAL / (Dn 3, 52-56)
A vós louvor, honra e glória eternamente!
• Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais.
• Sede bendito, nome santo e glorioso.
• No templo santo onde refulge a vossa glória.
• E em vosso trono de poder vitorioso.
• Sede bendito, que sondais as profundezas.
• E superior aos querubins vos assentais.
• Sede bendito no celeste firmamento.

10. EVANGELHO (Jo 3,16-18)  Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar, mas para ser salvo por ele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado...
AMBIENTE - O autor apresenta Jesus. O trecho é da conversa com Nicodemos; Três etapas.
I- Nicodemos reconhece a autoridade de Jesus, pelas obras; mas Jesus diz: o essencial é reconhecer Jesus como o enviado do Pai.
II- Jesus anuncia que é preciso “renascer de Deus” pela água e pelo Espírito.
III- Jesus descreve o projeto de salvação de Deus: é uma iniciativa do Pai, tornada presente através do Filho e que se concretizará pela cruz/exaltação de Jesus = O nosso texto.

MENSAGEM - Depois de explicar a Nicodemos que o Messias tem de “ser levantado ao alto”, como “Moisés levantou a serpente” no deserto, a fim de que “todo aquele que n’Ele acredita tenha vida definitiva”, Jesus explica como é que a cruz se insere no projeto de Deus. A explicação vem em três passos…
O primeiro: Esse Homem que vai ser levantado na cruz veio ao mundo, encarnou na nossa história humana, assumiu a nossa fragilidade, partilhou a nossa humanidade; e foi preso, torturado e morto na cruz. A cruz é o último ato vivido no amor, na doação, na entrega.
Este é o “Filho único” de Deus. A cruz é a expressão suprema do amor de Deus pelos homens.
Para libertá-los do egoísmo, da escravidão, da alienação, da morte, e dar-lhes a vida eterna. Com Jesus os homens aprendem que a vida definitiva está na obediência aos planos do Pai e no dom da vida aos homens, por amor.
O segundo: Pai ama os homens e quer salvá-los. O Messias não veio com uma missão judicial, mas veio oferecer a todos a vida definitiva, ensinando-os a amar e dando-lhes o Espírito que os transforma em Homens Novos. Deus enviou o seu Filho único ao encontro de pecadores, egoístas, autossuficientes, a fim de lhes apresentar uma nova proposta de vida… E foi o amor de Jesus – bem como o Espírito que Jesus deixou – que transformou esses homens egoístas, orgulhosos, autossuficientes e os inseriu numa dinâmica de vida nova e plena.
O terceiro: quem aceita a proposta de Jesus, adere a Ele, recebe o Espírito, vive no amor e na doação, escolhe a vida definitiva; A salvação ou a condenação não são um prêmio ou um castigo; mas são o resultado da escolha livre do homem. A responsabilidade não recai sobre Deus, mas sobre o homem.
Para João, não existe um julgamento futuro: o juízo realiza-se aqui e agora e depende da atitude que o homem assume diante da proposta de Jesus.
Deus enviou o seu Filho único ao mundo com uma proposta de salvação. Diante da oferta de Deus, o homem pode escolher a vida eterna, ou pode excluir-se da salvação.

ATUALIZAÇÃO - • Deus envia ao mundo o seu único Filho com uma proposta de felicidade plena, de vida definitiva; e o Filho fez da sua vida um dom, até à morte na cruz …
• O amor de Deus traduz-se na oferta gratuita, incondicional, absoluta, válida para sempre; mas Deus respeita a nossa liberdade e aceita que recusemos a sua oferta de vida; preferir o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência, é um caminho que gera sofrimento, morte, “inferno”.

8. SEGUNDA LEITURA (2Cor 13, 11-13) encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco. Saudai-vos uns aos outros com o beijo santo. Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós.

AMBIENTE - A Primeira Carta aos Coríntios (criticava atitudes) provocou uma campanha no sentido de desacreditar Paulo. Teve um violento confronto. Depois, retirou-se para Éfeso. Tito, fino negociador, partiu para Corinto, a fim de tentar a reconciliação. Paulo reencontrou Tito, regressado de Corinto. As notícias eram animadoras: os coríntios estavam, outra vez, em comunhão com Paulo. Reconfortado, Paulo escreveu a Segunda Carta. anos 56/57. O texto é a conclusão da Segunda Carta de Paulo.

MENSAGEM- Paulo pede-lhes que sejam alegres; que procurem chegar à perfeição; e que, se animem mutuamente, tenham os mesmos sentimentos e vivam em paz.
O mais notável é a saudação: “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”. Esta fórmula – a mais claramente trinitária de todo o Novo Testamento. Provavelmente, era a fórmula que os cristãos utilizavam no contexto da celebração eucarística na saudação da paz. Ela manifesta a fé nesse Deus amor, que é “família”, que é comunidade. Ao utilizarem esta fórmula, reconhecem também que ser “família de Deus” é fazerem todos parte de uma única família de irmãos. São convocados para viverem em unidade: em comunhão com Deus e em união com todos os irmãos.

ATUALIZAÇÃO • A fórmula “Pai, Filho e Espírito Santo” expressa essa realidade de Deus como amor, como família, como comunidade.
• Os membros da comunidade cristã são convidados a integrarem esta comunidade de amor.
• A nossa relação com os irmãos deve refletir o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o serviço, que são as consequências práticas do nosso compromisso com a comunidade trinitária.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
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Teologia da Trindade: Modalismo, Subordinacionismo e Triteísmo:

O MODALISMO: A mesma e única Divindade aparece sob três rostos (prósopa); O mesmo Deus teria, pois, três pseudônimos. Este pensamento liquida a Trindade. Ela permite pensar Cristo sem Deus e Deus sem Cristo. Não se superou o judaísmo e não se apreendeu a novidade cristã das três Pessoas divinas constituindo uma unidade entre elas de comunhão.
O modalismo foi condenado como insuficiente para expressar a fé cristã na Trindade de Pessoas, realmente distintas, mas em comunhão plena e absoluta.

O SUBORDINACIONISMO: Jesus pode ser semelhante a Deus, jamais igual a Ele. Paulo da Samósata, ou o teólogo ARIO (+ 336) insinuam a subordinação do Filho ao Pai “O Pai é maior do que eu”; Ario e seus discípulos afirmavam que Jesus foi um ser humano perfeitíssimo, E foi adotado Pelo Pai como seu Filho, mas permanece sempre subordinado (subordinalismo porque foi criado ou gerado pelo Pai, ou subordinacionismo adopcionista porque mereceu ser adotado pelo Pai). Após muitas discussões, o Concílio de Nicéia (325) definiu solenemente que Jesus Cristo, Filho de Deus, “é da mesma substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz, verdadeiro Deus do verdadeiro Deus, nascido, não feito, da mesma substância com o Pai, pelo qual tudo foi criado, o que há no céu e na terra” (DS 125).

O TRITEÍSMO: O Triteísmo afirma as três divinas Pessoas. como três substâncias independentes e autônomas. É fé em três deuses. Somam-se os três divinos, como se atrás de cada Pessoa não houvesse um Único, impossível de ser adicionado.

A afirmação trinitária afirma a existência objetiva de três Únicos, Pai, Filho e Espírito Santo. Mas não os crê separados e não-relacionados: há três Pessoas de uma única comunhão; há um só Deus e Três Pessoas distintas.
Deus uno e único, é comunidade de amor! Nosso Deus nos ama, nosso Deus faz-se próximo, Ele é Deus! e quis caminhar conosco, veio a nós e revelou-se no Mistério da sua intimidade. Ele, gratuitamente, deu-se a nós, para nos salvar, fazendo-nos viver com ele, participando da sua vida: por isso o Pai entregou ao mundo o seu Filho amado: para viver conosco, sonhar conosco, sofrer e morrer conosco e, assim, dá-nos sua vitória e seu céu: “Deus, o Pai, amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho unigênito, para que não morra quem nele crer, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o seu Filho para condenar o mundo, mas que o mundo seja salvo por ele”. No Filho único, o Pai mostrou o seu rosto, sua bondade, seu amor. Jesus disse: “Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos uma só coisa!. Mas, não bastava para Deus viver no nosso meio, entre nós! Ele quis viver em nós, dentro de nós, sendo mais íntimo de nós que nós mesmos! após sua morte e ressurreição, deu-nos o seu Espírito Santo, que ele mesmo recebera do Pai: “Porque sois filhos, Deus, o Pai, enviou aos vossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abbá, Pai! (Gl 4,6). Deus revelou-se a si mesmo: o Pai, pelo Filho, no Espírito deu-nos a própria vida divina! Deus veio a nós, quis fazer história na nossa história, quis viver a nossa vida para nos elevar à vida dele, vida feliz, plena, eterna!
É nessa fé que vivemos, é na vida desse Deus uno e trino que fomos batizados. Aquele amor eterno entre o Pai, o Filho e o Espírito, é o amor que nos invade e que devemos viver entre nós! A Trindade é uma realidade concreta que deve invadir a nossa vida e a vida da Igreja: “Amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor!” (1Jo 4,7-8). Porque somos cristãos, nossa vida deve ser vida e comunhão de amor: “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!” Estas palavras de Paulo revela o que nós somos, e o que devemos testemunhar diante do mundo: uma comunidade que nasceu do amor, vive no Deus de amor e caminha para o Deus de amor. Por isso o Apóstolo recomenda-nos: “Alegrai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, saudai-vos com o ósculo santo!”
         Uma comunidade que não seja unida e respeitosa das diferenças de dons, carismas, não é uma comunidade nascida da Trindade, que vive e caminha para a Trindade. Nunca esqueçamos: viemos do Pai pelo Filho no Espírito; caminhamos, peregrinos, para o Pai, pelo Filho no Espírito. A Trindade é nosso berço, nosso ninho e nosso destino.. “Bendito seja Deus Pai, bendito seja o Filho unigênito, bendito seja o Espírito Santo! Deus foi misericordioso para conosco!” A ele, a glória pelos séculos. Amém.
Mas é Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt, 11, 27). Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo junto com o Pai e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas.
A Santíssima Trindade habita na nossa alma como num templo. E São Paulo faz-nos saber que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
Apenas se distinguem nas «relações opostas de origem», o Filho proceder do Pai e o Espírito Santo do Pai e do Filho. Em tudo o mais não há a mínima distinção, tudo o que Deus faz fora do circuito interno é comum às Pessoas divinas.
Atributos: para o Pai, a onipotência e a criação; para o Filho, a sabedoria e todas as obras da sabedoria divina; para o Espírito Santo, o amor, a santificação do homem, a inspiração da Escritura, etc.

- "Deus amou de tal forma o mundo que lhe DEU O SEU FILHO unigênito..."
- "Deus não o enviou ao mundo para JULGAR, mas para SALVAR".
- "Quem não crê, JÁ ESTÁ CONDENADO".
    * Segundo João, o juízo é feito AGORA pelo próprio homem, toda vez que acolhe ou recusa a proposta de salvação que Deus lhe faz...

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Homilia de D. Henrique Soares:

          Após termos celebrado o Natal do Senhor, quando contemplamos o amor do Pai, que enviou seu Filho ao mundo na potência do Espírito, que tornou fecundo o seio virginal de Maria Mãe de Deus; após a celebração do santo tempo pascal, quando fizemos memorial da paixão, morte, sepultura e ressurreição do Senhor, que por nós ofereceu-se ao Pai num Espírito eterno; após concluirmos a Santa Páscoa com a celebração do dom do Espírito em Pentecostes, neste Domingo a Igreja nos faz proclamar a glória da Trindade Santa, o Deus uno e trino que é amor e deu-se a nós e nos salvou por amor! Na Liturgia, no correr do ano, é o Mistério e a história do nosso Deus conosco que celebramos, contemplamos e experimentamos na nossa vida!
          Mas, o que nos revela essa história de Deus, do Pai que nos enviou o Filho na força do Espírito Santo? Revela-nos que o Deus uno e único, o Santo Deus de Israel é, ao mesmo tempo e de modo misterioso e impenetrável, uma eterna e perfeita Comunidade de amor! Ele é um só! Ele é comunidade de amor! Absolutamente Um e absolutamente comunidade! Eis o Mistério que nem no céu poderemos esquadrinhar! Não é a toa que, na primeira leitura de hoje o Senhor se revela se escondendo na noite e na nuvem: “Ainda era noite… e o Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés”. Eis! Nosso Deus se faz próximo, desce até nós por amor, mas não podemos compreendê-lo, domá-lo, domesticá-lo! Ele se revela como amor puro e generoso: seu nome é Amor e Misericórdia: “Senhor, Senhor! Deus misericordiosos e clemente, paciente, rico em bondade e fiel…”, mas para experimentá-lo, para caminhar com ele, e preciso a atitude de Moisés: “ele curvou-se até o chão, prostrado por terra… E disse: ‘Senhor, acolhe-nos como propriedade tua’”. Nosso Deus nos ama, nosso Deus faz-se próximo, mas jamais será nosso parceiro, nosso amiguinho, nosso coleguinha, que pode por nós ser subornado e com o qual podemos negociar! Não! Ele é Deus! O seu nome é Eternidade, o seu nome é Infinitude, o seu nome é Amor! Ele é Deus!
          E, no entanto, ele quis caminhar conosco, veio a nós e revelou-se no Mistério da sua intimidade. Que coisa: um Deus que nos procura e quer nos unir a ele. Como dizia Santa Teresa: “Juntais aquela que não é com a Plenitude acabada: sem acabar, acabais; sem ter que amar, amais, e engrandeceis nosso nada!” Ele, gratuitamente, deu-se a nós, para nos salvar, fazendo-nos viver com ele, participando da sua vida: por isso o Pai entregou ao mundo o seu Filho amado: para viver conosco, sonhar conosco, sofrer e morrer conosco e, assim, dá-nos sua vitória e seu céu: “Deus, o Pai, amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho unigênito, para que não morra quem nele crer, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o seu Filho para condenar o mundo, mas que o mundo seja salvo por ele”. No Filho único, Jesus, o Pai mostrou o seu rosto, o Pai mostrou sua bondade, o Pai mostrou o seu amo. Jesus mesmo disse: “Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos uma só coisa! (Jo 14,9s). Mas, não bastava para Deus viver no nosso meio, entre nós! Ele quis viver em nós, dentro de nós, sendo mais íntimo de nós que nós mesmos! Por isso, o Filho Jesus, Deus entre nós, Deus conosco, após sua morte e ressurreição, deu-nos o seu Espírito Santo, que ele mesmo recebera do Pai: “Porque sois filhos, Deus, o Pai, enviou aos vossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abbá, Pai! (Gl 4,6). Deus foi grande para conosco! Foi bom demais! Não só nos revelou coisas, mas revelou-se a si mesmo. Ele, no mais íntimo de si, sem deixar de ser um só, é Pai, eterno Amante, é Filho, eterno Amado, é Espírito, eterno Amor! E não somente revelou-se a nós como é, mas deu-se a nós: o Pai, pelo Filho, no Espírito deu-nos a própria vida divina! Deus veio a nós, quis fazer história na nossa história, quis viver a nossa vida para nos elevar à vida dele, vida feliz, vida plena, vida eterna!
          É nessa fé que vivemos, é na vida desse Deus uno e trino que fomos batizados. Aquele amor eterno entre o Pai, o Filho e o Espírito, é o amor que nos invade e que devemos viver entre nós! A Trindade não é uma teoria para os doutores em teologia. Ela é uma realidade concreta que deve invadir a nossa vida e a vida da Igreja: “Amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor!” (1Jo 4,7-8). Porque somos cristãos, nascidos nas águas batismais, em nome da Trindade, nossa vida deve ser vida e comunhão de amor: “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!” Estas palavras de São Paulo revela o que nós somos, o que devemos ser, o que devemos testemunhar diante do mundo: uma comunidade que nasceu do amor, vive no ninho do Deus de amor e caminha para o Deus de amor. Por isso o Apóstolo recomenda-nos: “Alegrai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, saudai-vos com o ósculo santo!”
          Caríssimos, crer e experimentar que Deus é uno e trino é viver no amor que nos faz uma só coisa no Filho Jesus e nos conserva respeitosos das diferenças e diversidades entre nós. Uma comunidade que não seja unida e respeitosa das diferenças de dons, carismas, ministérios e sensibilidades, não é uma comunidade realmente nascida da Trindade, que vive o mistério da Trindade e caminha para a Trindade. Nunca esqueçamos: vimos do Pai pelo Filho no Espírito; caminhamos, peregrinos, para o Pai, pelo Filho no Espírito. A Trindade é nosso berço, nosso ninho e nosso destino. Contemplá-la e adorá-la é viver o amor. Como dizia Santo Agostinho: viste o amor, viste a Trindade. “Bendito seja Deus Pai, bendito seja o Filho unigênito, bendito seja o Espírito Santo! Deus foi misericordioso para conosco!” A ele, a glória pelos séculos. Amém.
D. Henrique Soares da Costa

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HOMILIA do Pe. Françoá Costa

O amor da Santíssima Trindade pelo mundo


O que você diria se alguém afirmasse que a Capela Sixtina no Vaticano, pintada pelo grande Miguel Angelo, é uma obra indecente porque tem muita gente nua? Além do susto que levaríamos talvez a primeira observação que faríamos seria essa: “- indecente?! Você está louco?” No entanto, é preciso comprender. Há por aí uma espécie de puritanismo que desconsidera que esse mundo é obra da Santíssima Trindade – do Pai e do Filho e do Espírito Santo – e que, portanto, é bom. Como pode ser mal algo que saiu das mãos de Deus que é a bondade absoluta? Tudo o que é fruto da ação de Deus só pode ser bom. Não há alternativa!
Caso não seja suficiente a afirmação veterotestamentária sobre a bondade da criação (cfr. Gn 1, 10.12.18.21), prestemos atenção nessas palavras do Evangelho: “De tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
As conclusões implícitas nessas palavras são, entre outras, que o corpo humano é bom, que o sexo é bom, que todas as criaturas são boas. Ou seja, a cerveja e a pinga não são más. O cigarro não é do diabo. A televisão não é o olho de Satanás. As calças femininas não são o pecado encarnado. As pessoas enquanto tais não são más. No entanto, o mal se instalou no coração do ser humano por causa da malicia do pecado. Foi apartir desse momento quando, por exemplo, o sexo, que em si é bom, começou a ser utilizado fora das relações matrimoniais e fora das regras ínsitas na natureza humana. Particularmente, tudo o que se refere à questão sexual foi tomado muito em sério pelo inimigo da nossa salvação. É simples: o sexo deve ser expressão do amor entre um homem e uma mulher unidos em santo matrimônio. Há um interesse enorme para desviturar as relações sexuais, para colocar o corpo humano ao serviço do egoísmo e da depravação. Que absurdo quando se tolera o adultério como algo normal, a fornicação como algo normal ou  as relações homosexuais como algo também normal! Não é sinal de modernidade afirmar a baixeza, é simplesmente sinal de pouca vergonha e perversão. A Igreja tem toda a comprensão para com o pecador, mas nenhuma tolerancia com o pecado. Jesus salva o pecador destruindo o pecado.
A criação da Trindade Santíssima não é algo pecaminoso. O que nos conduz ao mal é o coração depravado, não purificado, cheio daquilo que a Escritura chama “homem velho” (cfr. Ef 4,22).
Alguns autores chegaram até mesmo a pensaar que o versículo “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” do livro do Gênese (1,26) significa uma presença oculta da Trindade no Antigo Testamento.  Sem dúvida, a Trindade é eterna e estava presente na antiga aliança; no entanto, a revelação do mistério de que em Deus há Pai e Filho e Espírito Santo só acontece no Novo Testamento. Cristo nos revelou essa grande verdade principalmente ao dizer que Deus é o seu Pai e que, portanto, ele é o Filho de Deus.
O Pai e o Filho e o Espírito Santo sempre estiveram presente ao mundo. Por amor ao mundo, o Pai enviou o Filho para salvar-nos e é o Espírito Santo quem continua aplicando os méritos de Cristo aos homens para integrá-los ao Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.
A Trindade ama o mundo e o cristão não pode não amá-lo. Não se pode ter uma visão pessimista das coisas que Deus criou. É preciso limpar os olhos e pedir ao Senhor que nos conceda a luz necessária para contemplar o mundo abençoado por Deus sobre o qual ainda paira o Espírito Criador. Falei que é preciso limpar os olhos, é isso mesmo! Frequentemente, vemos as coisas negativamente, de maneira pessimista, colocando a culpa em tantas coisas e em tantas pessoas porque o nosso olhar não é puro. O problema não está nas coisas, mas em nós, no nosso coração. Dá muito trabalho purificar o coração. É obra de Deus, mas cada um de nós pode colaborar com ele.
Pe. Françoá Costa

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HOMILIA DO Mons. José Maria Pereira

Santíssima Trindade

Depois de ter celebrado os mistérios da Salvação, desde o nascimento de Cristo (Natal) até a vinda do Espírito Santo (Pentecostes), a liturgia propõe-nos o mistério central de nossa fé: a Santíssima Trindade.
Toda a vida da Igreja está impregnada pelo Mistério da Santíssima Trindade. E quando falamos aqui de mistério, não pensemos no incompreensível, mais na realidade mais profunda que atinge o núcleo do nosso ser e do nosso agir.
Mas é Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário e o convite para que participemos dele. “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt, 11, 27). Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo junto com o Pai e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas (Cf. Jo16, 12-15).
O mistério da Santíssima Trindade é o ponto de partida de toda a verdade revelada e a fonte de que procede a vida sobrenatural e para a qual nos encaminhamos: somos filhos do Pai, irmãos e co-herdeiros do Filho, santificados continuamente pelo Espírito Santo para nos assemelharmos cada vez mais a Cristo.
Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia. Fomos batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e em seu nome perdoam-se os pecados; ao começarmos e ao terminarmos muitas orações, dirigimo-nos ao Pai, por mediação de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Muitas vezes ao longo do dia, nós, os cristãos repetimos: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Meditando sobre a Trindade dizia S. Josemaria Escrivá: “Deus é o meu Pai! Se meditares nisto, não sairás dessa consoladora consideração.
Jesus é meu Amigo íntimo ! (outra descoberta), que me ama com toda a divina loucura do seu coração.
O Espírito Santo é meu Consolador!, que me guia nos passos de todo o meu caminho. Pensa bem, nisso. Tu és de Deus…, e Deus é teu” (Forja, nº2).
Desde que o homem é chamado a participar da própria vida divina pela graça recebida no Batismo, está destinado a participar cada vez mais dessa Vida. É um caminho que é preciso percorrer continuamente.
A Santíssima Trindade habita na nossa alma como num templo. E São Paulo faz-nos saber que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Cf. Rm 5, 5). E aí, na intimidade da alma, temos de nos acostumar a relacionar-nos com Deus Pai, com Deus Filho e com Deus Espírito Santo. Dizia Santa Catarina de Sena: “Vós, Trindade eterna, sois mar profundo, no qual quanto mais penetro, mais descubro, e quanto mais descubro, mais vos procuro”.
Imensa é a alegria por termos a presença da Santíssima Trindade na nossa alma! Esta alegria é destinada a todo cristão, chamado à santidade no meio dos seus afazeres profissionais e que deseja amar a Deus com todo o seu ser; se bem que, como diz Santa Teresa, “há muitas almas que permanecem rodando o castelo (da alma), no lugar onde montam guarda as sentinelas , e nada se lhes dá de penetrar nele. Não sabem o que existe em tão preciosa mansão, nem quem mora dentro dela”. Nessa “preciosa mansão”, na alma que resplandece pela graça, está Deus conosco: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Desde pequenos, aprendemos de nossos pais a fazer o sinal da cruz e chamar a Deus: de Pai, Filho e Espírito Santo.
Assim com toda a naturalidade, estávamos invocando o mistério mais profundo de nossa fé e da vida cristã: Santíssima Trindade que hoje celebramos.
Só Cristo nos revelou claramente essa verdade: Fala constantemente do Pai: Quando Felipe diz: “Mostra-nos o Pai…”, Jesus responde: “Felipe… quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,8).
Jesus promete o Espírito Santo: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena Verdade”.
Quando se despede, no dia da Ascensão, afirma: “Ide… e batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”
A contemplação e o louvor à Santíssima Trindade são a substância da nossa vida sobrenatural, e esse é também o nosso fim: porque no Céu, junto de Nossa Senhora – Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo: mais do que Ela, só Deus – , a nossa felicidade e o nosso júbilo serão um louvor eterno ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo
Mons. José Maria Pereira

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Trindade

Celebramos hoje a festa da Santíssima Trindade,  uma oportunidade para contemplar nosso Deus, e purificar o nosso coração das falsas idéias de Deus.

A 1ª Leitura mostra um Deus compassivo e misericordioso. (Ex 34,4b-6;8-9)

Deus se revela no "Monte" escondido na "Nuvem".
Deus é um Pai que cuida com ternura de seus filhos, entende seus erros e os ama em qualquer circunstância, também quando pecam...
- Moisés intercede pelo povo, que se afastara de Deus e da Aliança.
"Deus misericordioso e clemente, paciente e rico em bondade e fiel... Perdoa os nossos pecados... Caminha conosco...".  E Deus renova a Aliança com Israel.

O Antigo Testamento não tinha conhecimento do Mistério da Trindade.
O mais importante nessa etapa da revelação era a UNICIDADE e ESPIRITUALIDADE de Deus, assim como seus a tributos de ONIPOTÊNCIA e MISERICÓRDIA

 A 2a Leitura mostra um Deus próximo, "conosco".
Paulo saúda os primeiros cristãos com uma fórmula trinitária, que repetimos ainda hoje no início das Missas: "A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco".  (2Cor 13,11-13)

Essa saudação atribui a cada pessoa da Trindade um dom ou uma função, embora toda ação salvadora seja comum na Santíssima Trindade:
- O PAI é aquele que tomou a iniciativa de salvar os homens, destinando-os a uma felicidade eterna, na sua família;
- O FILHO é aquele que realizou essa obra de salvação, com a sua vinda ao mundo e a sua fidelidade até a morte;
- O ESPÍRITO, o Amor que une o Pai com o Filho, é aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no Batismo.

O Evangelho mostra um Deus que salva. (Jo 3,16-18)
Deus não é um ser solitário e mudo, fechado num eterno silêncio, mas por ser trino é amor e alteridade.

- "Deus amou de tal forma o mundo que lhe DEU O SEU FILHO unigênito..."
- "Deus não o enviou ao mundo para JULGAR, mas para SALVAR".
- "Quem não crê, JÁ ESTÁ CONDENADO".
    * Segundo João, o juízo será feito AGORA pelo próprio homem, toda vez que acolhe ou recusa a proposta de salvação que Deus lhe faz.

Por que Deus revelou esse Mistério?
Com certeza, não foi para criar um problema na sua compreensão.
Porque nos ama, ele revela os segredos íntimos da vida divina e nos INTRODUZ NA SUA FAMÍLIA.
- Em nós está o PAI, que nos chamou do nada, nos insuflou o sopro da vida, nos deu um nome, nos confiou uma missão.
- Em nós está o FILHO, que entregou sua vida por nós.
- Em nós está o Espírito Santo que nos ilumina e fortalece nos caminhos de Deus.
E toda essa maravilha veio até nós pelo BATISMO.

Ter esse tesouro precioso dentro de nós é uma dignidade, que deve provocar em nós três atitudes:
- ADORAÇÃO: Como não dar glória, bendizer e agradecer o hóspede divino, que faz de nossa alma um verdadeiro Santuário?
- AMOR: Deus, apesar de sua grandeza, fica conosco como um pai amoroso.  
  Como não corresponder a seu amor?
- IMITAÇÃO: O Amor nos levará à imitação da Santíssima Trindade, dentro do possível de nossa pequenez...

Por que essa Festa?
Não é tanto para desenvolver a doutrina da Trindade, mistério central de nossa fé e de nossa vida cristã, mas um momento para relembrar de onde viemos e a comunhão que devemos restaurar em nós, para sermos de fato a sua imagem e semelhança.

Somos chamados a ser reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão, de partilha e esperança, num mundo tão dividido, individualista e desesperançado.


                                           Pe. Antônio

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Louvor para a Celebração da Palavra:





















 LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):                                  Trindade Santa
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS...
à POR JESUS, COM JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito e louvado seja o nosso Deus.
à Nós Vos bendizemos, Deus Pai, porque Vos destes a conhecer a todas as gerações. Vos Manifestastes a Abraão, a Moisés, a Josué e a David. Bendito sejais porque encontramos graça diante de Vós. Deus terno e misericordioso, nós Vos suplicamos: purificai-nos do mal que subsiste no Vosso povo e o torna cúmplice das injustiças do nosso mundo.
 T: Bendito e louvado seja o nosso Deus.
à Deus de amor e de paz, nós Vos louvamos pela comunhão do Espírito Santo na qual nos uniste a Vós, pelo Vosso Filho Jesus. Nós Vos pedimos ainda: que a comunhão do Espírito Santo traga frutos às nossas comunidades e a cada um de nós. Que ela nos una no respeito por cada pessoa, na paz e na alegria.
T: Bendito e louvado seja o nosso Deus.
à Bendito sejais, nosso Pai, porque tanto nos amastes que nos destes o Vosso Filho único. Bendito sejais pela vida eterna que n’Ele nos concedeis. Bendito sejais, Pai, Vós que tanto desejais salvar o mundo. Nós Vos suplicamos: fazei crescer em nós a fé em Jesus Vosso Filho, que Ele nos liberte de todas as formas de morte e nos oriente para a vida em Vós.
T: Bendito e louvado seja o nosso Deus.

à PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO...

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