26º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A
2014 (Adaptado e postado pelo
Diácono Ismael)
Tema: Dia Nacional da Bíblia. Deus chama a todos na construção desse mundo novo de justiça, fraternidade e de paz. “Não promessas, mas ações”.
Primeira
leitura: Cada um deve tomar consciência do
seu compromisso com Deus e viver, com coerência, as práticas da sua adesão a
Deus.
O Evangelho:
O “sim” que Deus nos pede é um sim com firmeza. O verdadeiro crente não é
aquele que finge respeitar as regras; mas é aquele que cumpre na realidade a
vontade de Deus.
Segunda
leitura: Paulo apresenta o exemplo de
Jesus: despoja-se da condição divina, assume a condição humana e diz "SIM" ao Pai até a morte de Cruz.
6. PRIMEIRA LEITURA (Ez 18, 25-28) Leitura da Profecia de Ezequiel.
Assim diz o
Senhor: Vós andais dizendo: “A conduta do Senhor não é correta”. Ouvi, vós da
casa de Israel: É a minha conduta que não é correta, ou antes é a vossa conduta
que não é correta? Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre,
é por causa do mal praticado que ele morre. Quando um ímpio se arrepende da
maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida.
Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá”.
AMBIENTE - Ezequiel, o “profeta da esperança” na Babilônia. Preocupou-se em destruir as falsas esperanças de que em breve o exílio terminaria. Privados de Templo, de sacerdócio e de culto, os exilados estavam desiludidos e duvidavam de Jahwéh. Ezequiel alimentou a esperança do seu Povo. A catequese de Israel considerava que a Aliança tinha sido feita com toda a comunidade. Assim, as infidelidades de uns traziam sofrimento a toda a comunidade; e a fidelidade de outros era fonte de vida e de bênção para todos. Consideravam que eram justos e bons e que estavam ali a expiar os pecados de toda a nação. Ezequiel irá responder a estas questões.
MENSAGEM - Israel não pode continuar a esconder-se atrás de uma responsabilidade coletiva, que implica todos. Ezequiel aqui pretende sublinhar é que cada um tem de sentir-se pessoalmente responsável diante de Deus pelas suas opções e pelos seus atos.
Esta superação
da mentalidade coletiva, dando lugar à responsabilidade individual, é um dos
grandes progressos na história teológica de Israel. Doravante, o Povo aprenderá
a reagir em termos individuais e não em termos de massa. Está aberto o caminho
para uma Nova Aliança: uma Aliança pessoal e interior, feita com cada crente.
ATUALIZAÇÃO • A leitura convida-nos a tomar consciência de que um compromisso com Deus é algo que nos implica profundamente. Com Deus, não há meio termo: ou se assume, ou não se assume. Como é que eu estou com os compromissos que assumi com Deus no dia do meu Batismo?
ATUALIZAÇÃO • A leitura convida-nos a tomar consciência de que um compromisso com Deus é algo que nos implica profundamente. Com Deus, não há meio termo: ou se assume, ou não se assume. Como é que eu estou com os compromissos que assumi com Deus no dia do meu Batismo?
• O profeta
Ezequiel convida-nos a assumir, com coerência, a nossa responsabilidade pelos
nossos gestos de egoísmo e de autossuficiência em relação a Deus e em relação
aos irmãos. Há homens e mulheres que não têm o mínimo para viver dignamente? A
culpa é da conjuntura econômica internacional… … E a minha culpa? Eu não terei,
muitas vezes, a minha quota-parte de responsabilidades em tantas situações
negativas com que, dia a dia, convivo pacificamente? Eu não precisarei de me
“converter”?
7. SALMO
RESPONSORIAL / Sl 24
Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e
compaixão!
•
Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, / e fazei-me conhecer a vossa estrada! /
Vossa
verdade me oriente e me conduza, / porque sois o Deus da minha salvação;
/ em vós
espero, ó Senhor, todos os dias!
• Recordai,
Senhor meu Deus, vossa ternura / e a vossa compaixão, que são eternas! /
Não
recordeis os meus pecados quando jovem, / nem vos lembreis de minhas faltas e
delitos! /
De mim
lembrai-vos, porque sois misericórdia / e sois bondade sem limites, ó Senhor!
• O Senhor
é piedade e retidão / e reconduz ao bom caminho os pecadores. /
Ele dirige
os humildes na justiça / e aos pobres ele ensina o seu caminho.
10. EVANGELHO (Mt 21,28-32) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele
tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: “Que vos parece? Um homem
tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar
hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e
foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu:
‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Os
sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus
lhes disse: “Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas
vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de
justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e
as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes
para crer nele”.
AMBIENTE - Pouco antes, Jesus entrara em Jerusalém e fora recebido em triunfo pela multidão; o entusiasmo inicial foi sendo substituído por uma recusa a em acolher Jesus e o seu projeto.
Os sacerdotes
não reconhecem Jesus como o Messias e não aceitam a nova realidade – a
realidade do Reino. Os líderes
encontraram-se com Jesus no Templo; perguntaram-Lhe com que autoridade Ele
agia. Jesus respondeu-lhes com outra pergunta sobre a origem do batismo de
João. Se dissessem que João Batista não vinha de Deus, tinham medo da multidão
(que considerava João um profeta); se admitissem que o batismo de João vinha de
Deus, temiam que Jesus lhes perguntasse porque não o aceitaram… Diante do
silêncio, Jesus deu-lhes a entender que não tinha uma resposta para lhes dar,
enquanto eles continuassem de coração fechado, na recusa obstinada da novidade
de Deus (anunciada por João e proposta pelo próprio Jesus).
Na seqüência,
Jesus vai apresentar três parábolas, destinadas a ilustrar a recusa de Israel
em acolher a proposta do Reino. O nosso texto é a primeira dessas três parábolas.
MENSAGEM - O primeiro filho disse: “não quero”. Era uma atitude que ia contra as convenções sociais… Enchia um pai de vergonha, pois não tinha autoridade. No entanto, este primeiro filho acabou por reconsiderar e por ir trabalhar na vinha.
O segundo
filho respondeu: “vou, sim, senhor”. Deu uma resposta satisfatória. Ficou bem
visto diante de todos como filho exemplar. No entanto, não foi trabalhar na
vinha.
A questão é:
“qual dos dois fez a vontade do pai?” Todos responderam: “o primeiro”.
A parábola
ensina que o importante é cumprir a vontade do pai. Não bastam palavras bonitas
de boas intenções; mas é preciso ser coerente às propostas do Pai (Deus).
Os fariseus,
os sacerdotes disseram “sim” a Deus ao aceitar a Lei de Moisés… mas foi uma
mentira, pois recusaram-se a acolher o convite de João à conversão. Em
contrapartida, aqueles que disseram “não” (por exemplo, os cobradores de
impostos e as prostitutas), cumpriram a vontade do Pai: acolheram o convite de
João à conversão e acolheram a proposta do Reino que Jesus veio apresentar.
Jesus deixa
claro que importante é minha atitude diante da proposta do reino. O que honra a
Deus não é o que cumpre ritos externos e que dá “boa impressão”; mas é o que
cumpre a vontade de Deus.
Mais tarde, a comunidade de Mateus leu a mesma parábola numa perspectiva um pouco diversa. Ela serviu para iluminar a recusa do Evangelho por parte dos judeus e o seu acolhimento por parte dos pagãos. Israel seria esse “filho” que aceitou trabalhar na vinha, mas não cumpriu a vontade do Pai; os pagãos seriam esse “filho” que, aparentemente, esteve sempre à margem dos projetos do Pai, mas aceitou o Evangelho de Jesus e aderiu ao Reino.
ATUALIZAÇÃO • Todos têm a mesma responsabilidade na construção do Reino. Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais fraterno.
Mais tarde, a comunidade de Mateus leu a mesma parábola numa perspectiva um pouco diversa. Ela serviu para iluminar a recusa do Evangelho por parte dos judeus e o seu acolhimento por parte dos pagãos. Israel seria esse “filho” que aceitou trabalhar na vinha, mas não cumpriu a vontade do Pai; os pagãos seriam esse “filho” que, aparentemente, esteve sempre à margem dos projetos do Pai, mas aceitou o Evangelho de Jesus e aderiu ao Reino.
ATUALIZAÇÃO • Todos têm a mesma responsabilidade na construção do Reino. Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais fraterno.
• Há aqueles
que escutam o chamamento de Deus, mas não são
capazes de vencer o imobilismo, a preguiça, o comodismo, o egoísmo, e
não vão trabalhar para a vinha.
• O “sim” a
Deus: não bastam palavras; é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho,
seguir Jesus nesse caminho de amor e de entrega, com gestos concretos, de
justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão, de paz.
8. SEGUNDA LEITURA (Fl 2, 1-11) Leitura da carta de São Paulo aos Filipenses.
Irmãos, se
existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe
comunhão no Espírito, se
existe ternura
e compaixão, tornai então completa a minha alegria: aspirai à mesma coisa,
unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por
competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais
importante e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro.
Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus. Jesus Cristo,
existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas
esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si
mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus o
exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao
nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda
língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor!” para a glória de Deus Pai.
AMBIENTE - Filipos, cidade de veteranos romanos, era Roma em miniatura. A comunidade cristã de Filipos foi fundada por Paulo. Apesar de ser uma comunidade viva, piedosa e generosa, a comunidade cristã de Filipos não era uma comunidade perfeita. O desprendimento, a humildade, a simplicidade, não eram valores apreciados.
MENSAGEM – Paulo pede que não se deixem dominar pelo orgulho, pela vaidade, pela ambição, que só provocam egoísmo e divisão. Recomenda-lhes que se amem e sejam solidários, pois foi isso que Cristo ensinou aos seus discípulos; ação.
Cristo: Ele
não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas assumindo com
humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar aos
homens o ser e o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até
aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os
homens. Ele aceitou a morte de cruz para
nos ensinar a lição do serviço, do amor, da entrega total da vida.
A obediência de
Jesus aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória. Deus fez d’Ele o
“Kyrios” (“Senhor”); e a humanidade reconhece Jesus como “o senhor” do mundo.
O cristão deve ter
como exemplo esse Cristo, servo e humilde e esse caminho levará à vida plena.
ATUALIZAÇÃO • De acordo com os critérios que presidem ao nosso mundo, os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com agressividade, com autossuficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros.
ATUALIZAÇÃO • De acordo com os critérios que presidem ao nosso mundo, os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com agressividade, com autossuficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros.
• Paulo tem consciência de que está
pedindo aos cristãos algo realmente difícil; mas é algo que é fundamental, à
luz do exemplo de Cristo. Também a nós é pedido um passo em frente neste
difícil caminho da humildade, do serviço, do amor.
Pe. Joaquim, Pe. Manuel, Pe. José
Carvalho
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Pe. Antônio Geraldo – SIM, Pai
Celebramos hoje o "Dia Nacional da Bíblia"...
no último domingo de setembro, em homenagem a São Jerônimo
(30/09), que dedicou 35 anos de sua vida na
tradução da Bíblia...
A melhor homenagem à Bíblia é ler, estudar... e sobretudo
VIVER...
Diante da Palavra de Deus, podemos dizer SIM, assumindo um compromisso coerente
ou evitar qualquer compromisso.
Na 1ª Leitura, Ezequiel convida
os israelitas exilados na Babilônia a viverem com coerência o Sim dado ao
Senhor e à Aliança. (Ez 18,25-28)
Na 2ª Leitura, Paulo apresenta o exemplo de Jesus:
despoja-se da condição divina, assume a condição humana
e diz "SIM"
ao Pai até a morte de Cruz. (Fl 2,1-11)
O Evangelho fala de dois tipos de
SIM. (Mt 21,28-32)
Continuamos a refletir sobre a Igreja, "Vinha do
Senhor".
Vimos já que todos somos chamados a trabalhar na vinha do
Senhor...
Hoje veremos qual
pode ser a nossa resposta a esse chamado...
Com a Parábola,
Jesus ilustra duas atitudes diversas:
Ao Pai que convida os dois filhos a trabalharem na Vinha, o
primeiro se nega no começo, mas depois acaba indo...
o segundo responde Sim, Pai, mas depois não vai.
E a parábola questiona: "Qual
dos dois fez a vontade do Pai?"
A resposta é clara: Não quem DISSE "Sim",
mas quem FEZ a vontade do Pai.
* A Parábola tinha endereço certo:
Os dois filhos representam dois grupos do tempo de Jesus:
Os "pecadores inveterados" e
os
"justos estabelecidos".
- Os judeus eram os "justos
estabelecidos", fiéis praticantes da Lei, que há séculos tinham dito o
seu SIM a Deus pela Aliança, e agora rejeitavam o Cristo, enviado de Deus e
ficavam fora do Reino...
O modo como viviam o seu "Sim" à Lei os levou a
dizer "Não" ao Evangelho.
- Os "pecadores
inveterados" eram os cobradores de impostos e as prostitutas, que por
muito tempo disseram NÃO à vontade de Deus expressa na lei, mas agora acabavam
dizendo "SIM" ao apelo de Jesus e entravam no Reino, seguindo a sua
proposta.
+ O que a PARÁBOLA nos diz HOJE?
Também em nossos
dias, Deus continua tendo dois filhos:
- Alguns, no Batismo, dizem "Sim", mas depois, na
vida concreta, transformam o "Sim" em muitos "Não".
- Outros nunca disseram um "Sim" explícito para
Deus, mas, na prática de cada dia, amam o irmão, se sacrificam pelos outros,
executam muitas obras de caridade.
Estes, ainda que não
batizados, são verdadeiros Filhos de Deus...
"Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos
outros como eu vos amei..."
- Hoje muitos, que se dizem católicos, afirmam: Cristo SIM, Igreja NÃO.
Não é possível ser CRISTÃO, prescindindo da IGREJA.
Somos cristãos pela graça de Deus e essa graça nós a
recebemos na Igreja, fundada por Jesus, como sacramento universal de salvação,
como fonte e sinal do favor de Deus à humanidade como povo eleito, organizado e
unido na comunhão da caridade sob a animação pastoral dos apóstolos e dos
sucessores.
* Não é suficiente uma adesão verbal a Cristo...
Não bastam palavras bonitas, se não refletem a sinceridade
do coração.
Não basta pertencer a um grupo religioso, e não ter um olhar
atento para perceber o caminho da justiça...
"É melhor ser cristão sem dizê-lo, que o dizer sem
sê-lo".
- A que grupo pertencemos? A que filho nos assemelhamos?
Ao primeiro, ao
segundo? Ou um pouco de cada?
Ou seria melhor que
fôssemos como o terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz
"Sim" e vai mesmo!
+ Todos são chamados a trabalhar na vinha do Pai.
Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção
de um mundo mais humano, mais justo, mais verdadeiro, mais fraterno.
Os chamados de Deus, nós os conhecemos pela sua Palavra,
contida na BÍBLIA, cujo dia hoje comemoramos.
+ Qual é a nossa resposta à Palavra de Deus?
- SIM,
nós compramos a Bíblia e a colocamos num lugar nobre da casa, mas NÃO a lemos, muito menos nos esforçamos
em vivê-la?
- Aceitamos toda a
Bíblia, sem preconceitos e sem interesses...
também os pontos
que nos questionam e nos comprometem:
Ou, isso Sim, isso
Não!... Batismo sim, Casamento não...
Ela nos garante:
"Felizes os que
ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática..."
Façamos nossa Profissão de fé = nosso SIM à PALAVRA DE DEUS...
De mão estendida para a Bíblia: cantemos: "Creio, Senhor, mas aumentai a minha fé..."
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Mons. José Maria Pereira - As
Aparências Enganam
O
Evangelho (Mt 21,28-32) começa com uma pergunta dirigida por Jesus aos seus
amigos “ Que vos parece ?”; para obter deles uma resposta que os
ilumine no seu próprio comportamento . A pergunta é muito simples: dois
filhos são enviados pelo pai a trabalhar na vinha ; o primeiro
responde “ sim”, mas não vai ; o segundo diz “não” mas depois
arrepende –se e vai. “Qual dos dois fez a vontade do pai? Os sumos
sacerdotes e anciãos do povo responderam: “O primeiro” (Mt 21,29-31).É a sua
condenação que Jesus proclama a seguir bem claramente: “os cobradores de
impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de
Deus”. Mas, por que razão ? porque os que se opõem ao Senhor – membros do povo
escolhido e , além disso , sumos sacerdotes e anciãos do povo – foram os
primeiros a ser chamados à salvação, mas deram uma resposta
mais aparente do que real , pois foi deles
que Jesus afirmou : “dizem , mas não fazem” (Mt 23,3).Ouviram a pregação de
João Batista , mas não lhes deram crédito porque julgavam-se excessivamente seguros
da sua ciência e da não necessidade de aprender ; excessivamente seguros da sua
justiça e da não necessidade de conversão : “não vos arrependestes para crer
nele” (Mt. 21,32 ) não aceitaram a palavra de João Batista nem a de
Jesus. Vêem-se , pois , colocados para depois , nada mais e nada menos que as
pessoas de mau viver , cobradores de impostos e prostitutas ; pois estes
arrependeram-se , “afastaram-se do mal que praticaram , acreditaram e
praticaram “a justiça” (Ez.18,27), e , por isso foram recebidos no Reino
de Deus . Espontaneamente somos levados a pensar em Levi, Zaqueu, na adúltera
ou na pecadora que, em casa de Simão, se prostra a Seus pés, cheia de dor e de
amor.
Se
os adversários de Jesus não acreditaram na Sua palavra e não se converteram,
foi, principalmente, por orgulho, o bicho roedor de todo o bem e máximo
obstáculo à salvação. Por isso, surge muito a propósito, a exortação de São
Paulo à Virtude da humildade: “Tende entre vós o mesmo sentimento
que existe em Cristo Jesus. Ele que era de condição divina…esvaziou-se a
Si mesmo, assumindo a condição de escravo, tornando –se igual aos
homens” ( Fl.2,5-7).Se o Filho de Deus Se humilhou ao ponto de carregar sobre
Si os pecados dos homens ,será pedir muito que estes sejam humildes no
reconhecimento do seu orgulho e dos seus pecados?
Peçamos
ao Senhor a graça de progredirmos na virtude da humildade, fundamento de todas
as outras; pois a humildade, ensina o Cura D’Ars, “é a porta pela qual passam
as graças que Deus nos outorga; é ela que amadurece todos os nossos atos ,
dando –lhes valor e fazendo com que sejam agradáveis a Deus
.Finalmente , constitui-nos donos do coração de Deus ,até fazer Dele ,por assim
dizer nosso servidor , pois Deus nunca pode resistir a um coração
humilde”. È uma virtude que não consiste essencialmente em reprimir os
impulsos da soberba , da ambição , do egoísmo , da vaidade … Trata-se de uma
virtude que consiste fundamentalmente em inclinar-se diante de Deus e diante de
tudo o que há de Deus nas criaturas , em reconhecer a nossa
pequenez e indigência em face da grandeza do Senhor .As almas santas
sentem uma alegria muito grande em aniquilar-se diante de Deus , em reconhecer
que só Ele é grande e que , em comparação com a dEle, todas as grandezas
humanas estão vazias de verdade e não são mais do que mentira. Este
aniquilamento não reduz, não encurta as verdadeiras aspirações da criatura, mas
enobrece-as e concede-lhes novas asas, abre-lhes horizontes mais amplos.
A
humildade nos fará descobrir que todas as coisas boas que existem em nós vêm de
Deus, tanto no âmbito da natureza como no da graça: “Diante de Ti, Senhor , a
minha vida é como um nada”(Sl.39(38),6).Somente a fraqueza e o erro é que são
especificamente nossos.
A
humildade nada tem a ver com a timidez ou a mediocridade. Os santos foram
homens magnânimos, capazes de grandes empreendimentos para a glória de
Deus .O humilde é audaz porque conta com a graça do Senhor , que
tudo pode, porque recorre com freqüência à oração , convencido da
absoluta necessidade da ajuda divina.E por ser simples e nada
arrogante ou autossuficiente , atrai as amizades , que são veículo para uma
ação apostólica eficaz e de longo alcance .
A
soberba e a tristeza andam frequentemente de mãos dadas, enquanto a alegria é
patrimônio da alma humilde.
Hoje
o Senhor nos envia a trabalhar na sua vinha. Somos o filho que diz Sim ou o que
diz Não? Somos o primeiro ou o segundo? Seria melhor que fôssemos como o
terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz sim e vai mesmo!
O
que importa mesmo não é parecer, mas ser realmente, realizar na vida o plano de
Deus. Para tal, que tenhamos “o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus”
(Fl. 2,5). Sejamos humildes, sinceros. As aparências enganam!
Mons.
José Maria Pereira
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Homilia de D. Henrique Soares - Mt 21,28-32
A
Palavra de Deus deste Domingo recorda-nos que nossa relação com o Senhor não é
algo estático, congelado, adquirido uma vez por todas. Ninguém pode dizer que
possui uma amizade permanente com o Senhor, amizade que é garantida para sempre
e não poderia jamais ser perdida. Não! Não é assim! Nossa relação com o Senhor
é um caminho, caminho dinâmico, que vai se configurando na nossa vida,
crescendo ou diminuindo, aprofundando-se ou morrendo, conforme nossa atitude em
cada fase de nossa existência. O Senhor é sempre fiel, não muda jamais; quanto
a nós, devemos cuidar de ir sempre crescendo, de fé em fé, de esperança em
esperança, de amor em amor, na nossa relação com o Senhor. É isto que as
leituras de Ezequiel e do Evangelho nos sugerem. O profeta Ezequiel, em nome de
Deus, previne: “Quando
o justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal
praticado que ele morre!” Eis, que exemplo trágico: o amigo de Deus
que morre para a vida com Deus! E por quê? Porque se descuidou e foi matando a
relação com o Senhor, a ponto de matar Deus no seu coração e morrer para a
relação com Deus! Ninguém pode dizer: “Já fiz tanto, já dei tanto ao Senhor, já
renunciei tanto. Agora basta! Vou estacionar!” Isso seria regredir, definhar no
caminho do Senhor, morrer para a vida com Deus! Mas, o contrário também é
verdadeiro. Escutemos: “Quando
um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça,
conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os céus pecados, com certeza
viverá; não morrerá!” Eis a bondade do Senhor, que não nos prende
no passado pecaminoso: Senhor da vida, teu amor nos faz recomeçar sempre! Não
há desculpas para não mudarmos de vida, para não recomeçarmos, para não
deixarmos nosso atoleiro de pecado, de vício de preguiça espiritual! O Senhor
nos espera sempre hoje, no aqui e no agora; ainda que não muitas vezes não
acreditemos mais em nós mesmos, ele continua crendo em nós, ele nos dá sempre a
chance de experimentar seu perdão e sua misericórdia!
O
que o Senhor falou pela boca de Ezequiel, Jesus confirma na parábola do
Evangelho deste hoje. Quem são os dois filhos? O primeiro, que não queria
obedecer ao pai, mas depois se arrependeu, são os pecadores que, arrependidos e
humilhados, de coração acolheram Jesus e o Reino que ele veio anunciar; o
segundo filho, que prometeu fazer a vontade do pai e, depois, fez como bem quis
e entendeu, são aqueles escribas e fariseus, justos aos seus próprios olhos, caprichosos
e auto-suficientes, que terminaram perdendo o Reino de Deus por recusarem
acolher Jesus e sua palavra. Eis, caríssimos: o que estamos sendo diante de
Deus? Estamos sendo generosos para com ele? Temos acolhido sua vontade na nossa
vida? Temos sido atentos aos seus apelos? Deveríamos sempre progredir no
caminho do Senhor… Progredimos quando o amamos, quando fazemos sua vontade,
quando a ele nos dedicamos; progredimos quando crescemos na virtude,
progredimos quando somos fiéis aos nossos compromissos para com ele… Mas, entre
nós, há aqueles que regridem, que esmorecem, que esfriam e se afastam… aqueles
que pensam que podem ser cristãos numa atitude de comodismo burguês…
Que
fazer para não parar? Que fazer para crescer no caminho do Senhor? São Paulo
nos indica um caminho de grande beleza, simplicidade e eficácia, um caminho
indispensável a todos nós! Quereis crescer na estrada de Deus? Quereis
experimentar seu amor? Quereis viver de verdade? Então, “tende em vós o mesmo
sentimento de Cristo Jesus!” Que conselho! Contemplar Jesus,
aprender dele, do seu coração, seus sentimentos de total amor e total doação em
relação ao Pai e a nós; aprender sua doçura, sua humildade, sua obediência
radical ao Pai: “Ele,
existindo na condição divina, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de
escravo, tornando-se igual aos homens, fazendo-se obediente até à morte, e
morte de cruz”. Caríssimos, em Cristo, temos o hábito de pensar em
Jesus, de contemplar essa sua atitude? Olhemos a cruz, aprendamos a lição do
Senhor! Cristo nunca se buscou a si próprio, mas esvaziou-se totalmente,
desejando somente a vontade do Pai. Por isso foi livre, por isso foi a mais
perfeita e completa manifestação do Reino de Deus, pois isso o Pai o exaltou, o
glorificou, encheu-o de vida plena!
Pois,
bem, o Apóstolo nos convida a contemplar Jesus, escutar Jesus, para adquirir os
sentimentos de Jesus e, assim, viver a vida de Jesus. Viver assim, é ser amigo
de Deus, é viver de verdade e tornar-se sinal de vida divina para os outros.
Isso os cristãos deveriam ser; isso a Igreja deve ser! Pensem no quadro
encantador que São Paulo traça: “Se
existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe
comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão… aspirai à mesma coisa,
unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por
competição ou vanglória, mas, com humildade, e cada um não cuide somente do que
é seu, mas também do que é do outro!” Eis, caríssimos, o que é ter
os sentimentos do Cristo; eis o que é viver para Deus; eis o que é ser já
agora, testemunha daquela verdadeira vida que o Senhor nos dará por toda a
eternidade! Cresçamos nesse caminho, progridamos nessa vida, para vivermos de
verdade. Como pede a oração inicial desta Santa Missa: “Ó Deus, derramai em nós a
vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos
os bens que nos reservais!” Amém.
D.
Henrique Soares
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Homilia
do Pe. Françoá Costa - Arrependimento
“Se
arrependimento matasse…” Esta frase é a expressão de uma dor profunda, do
desejo de voltar atrás e de não ter feito determinada ação ou dito certa
palavra. A contrição, isto é, o arrependimento por termos ofendido a Deus tem a
ver com essa realidade: vontade de não ter cometido tal ou qual ação. O
primeiro dos filhos que aparecem do Evangelho de hoje teve essa oportunidade:
voltar atrás. Ele tinha dito ao seu pai que não queria ir trabalhar na vinha.
Falou a verdade. “Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi” (Mt 21,29).
Mas será que ele voltou atrás mesmo? Somente em parte. Se observarmos bem, não
era possível àquele jovem dar uma resposta diferente daquela que ele já tinha
dado ao seu pai: o que aconteceu, aconteceu. O nosso jovem, não obstante,
procurou reparar aquela situação através da sua boa ação: foi trabalhar na
vinha!
Como
foi bela a atitude daquele jovem! Não porque ele tenha dado uma resposta de
desobediência ao pai, mas porque ele se arrependeu logo e também porque ele
procurou mostrar o seu amor através da própria atuação. Quando as palavras já
não são suficientes restam as obras e quando ambas já não servem para expressar
o que sentimos, o silêncio ganha em eloquência.
Fazer
coisas erradas parece inevitável enquanto estivermos neste vale de lágrimas. No
meio a tantos erros e pecados não nos esqueçamos, porém, que Deus espera o
nosso arrependimento, a nossa dor de amor. É fruto da graça, sem dúvida, mas
também nós podemos colaborar ao não resistirmos à ação do Espírito Santo em
nosso favor. O estranho não é ter pecados, o esquisito não é equivocar-se, a
coisa rara de verdade não é errar. O que tem de estranho que a miséria seja
miserável? Nada. Na vida de um filho de Deus, de um cristão, o verdadeiramente
bizarro seria não arrepender-se de ofender a Deus, que é tão bom e amável.
Arrepender-se
não é o mesmo que chorar. Pode haver pessoas que estão muito arrependidas, mas
das quais não brota sequer uma lágrima. Por quê? São insensíveis? Não,
simplesmente porque são pouco propensas à afloração de sentimentos. A contrição
ou arrependimento “consiste numa dor da alma e detestação do pecado cometido,
com a resolução de não mais pecar no futuro” (Cat. 1451). O Catecismo da Igreja
Católica distingue dois tipos de contrição: perfeita e imperfeita.
A
contrição perfeita “brota do amor de Deus, amado acima de tudo (…). Esta
contrição perdoa as faltas veniais e obtém também o perdão dos pecados mortais,
se incluir a firme resolução de recorrer, quando possível, à confissão
sacramental” (Cat. 1452). Já que Deus aparece ao fiel como realidade amável,
tudo o que lhe afastou de Deus parece como algo profundamente detestável. É o
amor, portanto, que abre os olhos para que vejamos a feiura do pecado. No lado
oposto de cada amor se encontra o ódio; neste caso, vem à alma o ódio, a
detestação, do pecado cometido porque este ofende a Deus, bom e digno de todo o
nosso amor e adoração.
A
contrição imperfeita (atrição) “nasce da consideração do peso do pecado ou do
temor da condenação eterna e de outras penas que ameaçam o pecador (contrição
por temor)” (Cat. 1543). Neste caso, o Espírito Santo nos impulsiona através do
temor para que percebamos algo do mal que cometemos. Este tipo de
arrependimento é suficiente para que possamos aproximar-nos do sacramento da
confissão e pedir perdão a Deus de todos os nossos pecados.
Não
podemos aproximar-nos do sacramento da confissão sem nenhum tipo de
arrependimento. Neste caso, ainda que o sacerdote absolvesse, não seríamos
perdoados porque estaríamos resistindo ao perdão de Deus. Note-se: não é que
Deus não queira me perdoar, sou eu quem resiste ao seu perdão amoroso ao não
arrepender-me. Assim como eu não posso chegar para alguém e dizer assim: “olha,
eu matei o seu filho, você me perdoe; mas, se o seu outro filho me agoniar eu
vou matá-lo também”. De maneira semelhante, não podemos chegar diante de Deus,
no sacramento da confissão, e dizer-lhe: “eu fiz esse pecado, me perdoe; mas eu
vou continuar fazendo o mesmo pecado, é só aparecer a primeira oportunidade”. O
quê? Ainda esperamos que Deus nos perdoe tendo tal atitude interior. Sejamos
sinceros e conscientes de que “de Deus não se zomba” (Gl 6,7).
Pe.
Françoá Costa
PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:
LOUVOR: (QUANDO
O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
O
SENHOR ESTEJA CONVOSCO... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, nós vos louvamos e vos
bendizemos.
à Senhor, nosso
Deus e Pai, ajudai-nos a compreender os vossos caminhos para que não morramos
sem a vossa paz. Vós sois o Deus do amor e da bondade. Fazei de nós pessoas de
paz e de justiça. Abri nosso coração para que pratiquemos o amor e a justiça.
T: Pai, nós vos louvamos e vos
bendizemos.
àSenhor, completai em nós os
sentimentos de ternura e misericórdia. Criai em nós um espírito de humildade
para que possamos ser auxílio aos outros. Que possamos ser obedientes aos
vossos chamados e o vosso nome seja proclamado e glorificado.
T: Pai, nós vos louvamos e vos
bendizemos.
à Pai, vos louvamos pelo vosso imenso
amor. Ajudai-nos a sermos filhos obedientes, filhos fiéis à vossa vontade. Que
vosso Reino venha a nós para que nos alegremos no vosso amor. Enviai o vosso
Espírito Santo para que nos ilumine e nos fortaleça nessa caminhada rumo ao
vosso Reino.
T: Pai, nós vos louvamos e vos
bendizemos.
è PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO..