sexta-feira, 26 de setembro de 2014

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014, XXVI Domingo do tempo comum

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema: Dia Nacional da Bíblia.
Deus chama a todos na construção desse mundo novo de justiça, fraternidade e de paz. “Não promessas, mas ações”.
Primeira leitura: Cada um deve tomar consciência do seu compromisso com Deus e viver, com coerência, as práticas da sua adesão a Deus.
O Evangelho: O “sim” que Deus nos pede é um sim com firmeza. O verdadeiro crente não é aquele que finge respeitar as regras; mas é aquele que cumpre na realidade a vontade de Deus.
Segunda leitura: Paulo apresenta o exemplo de Jesus: despoja-se da condição divina, assume a condição humana e diz "SIM" ao Pai até a morte de Cruz.

6. PRIMEIRA LEITURA (Ez 18, 25-28) Leitura da Profecia de Ezequiel.
Assim diz o Senhor: Vós andais dizendo: “A conduta do Senhor não é correta”. Ouvi, vós da casa de Israel: É a minha conduta que não é correta, ou antes é a vossa conduta que não é correta? Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá”.

AMBIENTE - Ezequiel, o “profeta da esperança” na Babilônia. Preocupou-se em destruir as falsas esperanças de que em breve o exílio terminaria. Privados de Templo, de sacerdócio e de culto, os exilados estavam desiludidos e duvidavam de Jahwéh. Ezequiel alimentou a esperança do seu Povo. A catequese de Israel considerava que a Aliança tinha sido feita com toda a comunidade. Assim, as infidelidades de uns traziam sofrimento a toda a comunidade; e a fidelidade de outros era fonte de vida e de bênção para todos. Consideravam que eram justos e bons e que estavam ali a expiar os pecados de toda a nação. Ezequiel irá responder a estas questões.

MENSAGEM - Israel não pode continuar a esconder-se atrás de uma responsabilidade coletiva, que implica todos. Ezequiel aqui pretende sublinhar é que cada um tem de sentir-se pessoalmente responsável diante de Deus pelas suas opções e pelos seus atos.
Esta superação da mentalidade coletiva, dando lugar à responsabilidade individual, é um dos grandes progressos na história teológica de Israel. Doravante, o Povo aprenderá a reagir em termos individuais e não em termos de massa. Está aberto o caminho para uma Nova Aliança: uma Aliança pessoal e interior, feita com cada crente.

ATUALIZAÇÃO • A leitura convida-nos a tomar consciência de que um compromisso com Deus é algo que nos implica profundamente. Com Deus, não há meio termo: ou se assume, ou não se assume. Como é que eu estou com os compromissos que assumi com Deus no dia do meu Batismo?
• O profeta Ezequiel convida-nos a assumir, com coerência, a nossa responsabilidade pelos nossos gestos de egoísmo e de autossuficiência em relação a Deus e em relação aos irmãos. Há homens e mulheres que não têm o mínimo para viver dignamente? A culpa é da conjuntura econômica internacional… … E a minha culpa? Eu não terei, muitas vezes, a minha quota-parte de responsabilidades em tantas situações negativas com que, dia a dia, convivo pacificamente? Eu não precisarei de me “converter”?

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 24
Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e compaixão!
• Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, / e fazei-me conhecer a vossa estrada! /
Vossa verdade me oriente e me conduza, / porque sois o Deus da minha salvação;
/ em vós espero, ó Senhor, todos os dias!
• Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura / e a vossa compaixão, que são eternas! /
Não recordeis os meus pecados quando jovem, / nem vos lembreis de minhas faltas e delitos! /
De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia / e sois bondade sem limites, ó Senhor!
• O Senhor é piedade e retidão / e reconduz ao bom caminho os pecadores. /
Ele dirige os humildes na justiça / e aos pobres ele ensina o seu caminho.

10. EVANGELHO (Mt 21,28-32) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”.

AMBIENTE - Pouco antes, Jesus entrara em Jerusalém e fora recebido em triunfo pela multidão; o entusiasmo inicial foi sendo substituído por uma recusa a em acolher Jesus e o seu projeto.
Os sacerdotes não reconhecem Jesus como o Messias e não aceitam a nova realidade – a realidade do Reino.  Os líderes encontraram-se com Jesus no Templo; perguntaram-Lhe com que autoridade Ele agia. Jesus respondeu-lhes com outra pergunta sobre a origem do batismo de João. Se dissessem que João Batista não vinha de Deus, tinham medo da multidão (que considerava João um profeta); se admitissem que o batismo de João vinha de Deus, temiam que Jesus lhes perguntasse porque não o aceitaram… Diante do silêncio, Jesus deu-lhes a entender que não tinha uma resposta para lhes dar, enquanto eles continuassem de coração fechado, na recusa obstinada da novidade de Deus (anunciada por João e proposta pelo próprio Jesus).
Na seqüência, Jesus vai apresentar três parábolas, destinadas a ilustrar a recusa de Israel em acolher a proposta do Reino. O nosso texto é a primeira dessas três parábolas.

MENSAGEM - O primeiro filho disse: “não quero”. Era uma atitude que ia contra as convenções sociais… Enchia um pai de vergonha, pois não tinha autoridade. No entanto, este primeiro filho acabou por reconsiderar e por ir trabalhar na vinha.
O segundo filho respondeu: “vou, sim, senhor”. Deu uma resposta satisfatória. Ficou bem visto diante de todos como filho exemplar. No entanto, não foi trabalhar na vinha.
A questão é: “qual dos dois fez a vontade do pai?” Todos responderam: “o primeiro”.
A parábola ensina que o importante é cumprir a vontade do pai. Não bastam palavras bonitas de boas intenções; mas é preciso ser coerente às propostas do Pai (Deus).
Os fariseus, os sacerdotes disseram “sim” a Deus ao aceitar a Lei de Moisés… mas foi uma mentira, pois recusaram-se a acolher o convite de João à conversão. Em contrapartida, aqueles que disseram “não” (por exemplo, os cobradores de impostos e as prostitutas), cumpriram a vontade do Pai: acolheram o convite de João à conversão e acolheram a proposta do Reino que Jesus veio apresentar.
Jesus deixa claro que importante é minha atitude diante da proposta do reino. O que honra a Deus não é o que cumpre ritos externos e que dá “boa impressão”; mas é o que cumpre a vontade de Deus.
Mais tarde, a comunidade de Mateus leu a mesma parábola numa perspectiva um pouco diversa. Ela serviu para iluminar a recusa do Evangelho por parte dos judeus e o seu acolhimento por parte dos pagãos. Israel seria esse “filho” que aceitou trabalhar na vinha, mas não cumpriu a vontade do Pai; os pagãos seriam esse “filho” que, aparentemente, esteve sempre à margem dos projetos do Pai, mas aceitou o Evangelho de Jesus e aderiu ao Reino.

ATUALIZAÇÃO • Todos têm a mesma responsabilidade na construção do Reino. Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais fraterno.
• Há aqueles que escutam o chamamento de Deus, mas não são  capazes de vencer o imobilismo, a preguiça, o comodismo, o egoísmo, e não vão trabalhar para a vinha.
• O “sim” a Deus: não bastam palavras; é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus nesse caminho de amor e de entrega, com gestos concretos, de justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão, de paz.

8. SEGUNDA LEITURA (Fl 2, 1-11) Leitura da carta de São Paulo aos Filipenses.
Irmãos, se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se
existe ternura e compaixão, tornai então completa a minha alegria: aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro. Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus. Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor!” para a glória de Deus Pai.

AMBIENTE - Filipos, cidade de veteranos romanos, era Roma em miniatura. A comunidade cristã de Filipos foi fundada por Paulo. Apesar de ser uma comunidade viva, piedosa e generosa, a comunidade cristã de Filipos não era uma comunidade perfeita. O desprendimento, a humildade, a simplicidade, não eram valores apreciados.

MENSAGEMPaulo pede que não se deixem dominar pelo orgulho, pela vaidade, pela ambição, que só provocam egoísmo e divisão. Recomenda-lhes que se amem e sejam solidários, pois foi isso que Cristo ensinou aos seus discípulos; ação.
Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar aos homens o ser e o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Ele aceitou a morte de cruz  para nos ensinar a lição do serviço, do amor, da entrega total da vida.
A obediência de Jesus aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória. Deus fez d’Ele o “Kyrios” (“Senhor”); e a humanidade reconhece Jesus como “o senhor” do mundo.
O cristão deve ter como exemplo esse Cristo, servo e humilde e esse caminho levará à vida plena.

ATUALIZAÇÃO • De acordo com os critérios que presidem ao nosso mundo, os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com agressividade, com autossuficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros.
• Paulo tem consciência de que está pedindo aos cristãos algo realmente difícil; mas é algo que é fundamental, à luz do exemplo de Cristo. Também a nós é pedido um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor.

Pe. Joaquim, Pe. Manuel, Pe. José Carvalho

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Pe. Antônio Geraldo – SIM, Pai

Celebramos hoje o "Dia Nacional da Bíblia"...
no último domingo de setembro, em homenagem a São Jerônimo (30/09), que dedicou 35 anos de sua vida na
tradução da Bíblia...

A melhor homenagem à Bíblia é ler, estudar... e sobretudo VIVER...
Diante da Palavra de Deus, podemos dizer SIM, assumindo um compromisso coerente ou evitar qualquer compromisso.

Na 1ª Leitura, Ezequiel convida os israelitas exilados na Babilônia a viverem com coerência o Sim dado ao Senhor e à Aliança. (Ez 18,25-28)

Na 2ª Leitura, Paulo apresenta o exemplo de Jesus: despoja-se da condição divina, assume a condição humana
e diz "SIM" ao Pai até a morte de Cruz. (Fl 2,1-11)

O Evangelho fala de dois tipos de SIM. (Mt 21,28-32)

Continuamos a refletir sobre a Igreja, "Vinha do Senhor".
Vimos já que todos somos chamados a trabalhar na vinha do Senhor...
 Hoje veremos qual pode ser a nossa resposta a esse chamado...

Com a Parábola, Jesus ilustra duas atitudes diversas:
Ao Pai que convida os dois filhos a trabalharem na Vinha, o primeiro se nega no começo, mas depois acaba indo...
o segundo responde Sim, Pai, mas depois não vai.
E a parábola questiona: "Qual dos dois fez a vontade do Pai?"
A resposta é clara: Não quem DISSE "Sim", mas quem FEZ a vontade do Pai.

* A Parábola tinha endereço certo:
Os dois filhos representam dois grupos do tempo de Jesus:
Os "pecadores inveterados" e os "justos estabelecidos".

- Os judeus eram os "justos estabelecidos", fiéis praticantes da Lei, que há séculos tinham dito o seu SIM a Deus pela Aliança, e agora rejeitavam o Cristo, enviado de Deus e ficavam fora do Reino...
O modo como viviam o seu "Sim" à Lei os levou a dizer "Não" ao Evangelho.

- Os "pecadores inveterados" eram os cobradores de impostos e as prostitutas, que por muito tempo disseram NÃO à vontade de Deus expressa na lei, mas agora acabavam dizendo "SIM" ao apelo de Jesus e entravam no Reino, seguindo a sua proposta.
  

+ O que a PARÁBOLA nos diz HOJE?
   Também em nossos dias, Deus continua tendo dois filhos:
- Alguns, no Batismo, dizem "Sim", mas depois, na vida concreta, transformam o "Sim" em muitos "Não".
- Outros nunca disseram um "Sim" explícito para Deus, mas, na prática de cada dia, amam o irmão, se sacrificam pelos outros, executam muitas obras de caridade.
  Estes, ainda que não batizados, são verdadeiros Filhos de Deus...
"Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros como eu vos amei..."

- Hoje muitos, que se dizem católicos, afirmam: Cristo SIM, Igreja NÃO.
Não é possível ser CRISTÃO, prescindindo da IGREJA.
Somos cristãos pela graça de Deus e essa graça nós a recebemos na Igreja, fundada por Jesus, como sacramento universal de salvação, como fonte e sinal do favor de Deus à humanidade como povo eleito, organizado e unido na comunhão da caridade sob a animação pastoral dos apóstolos e dos sucessores.

* Não é suficiente uma adesão verbal a Cristo...
Não bastam palavras bonitas, se não refletem a sinceridade do coração.
Não basta pertencer a um grupo religioso, e não ter um olhar atento para perceber o caminho da justiça...
"É melhor ser cristão sem dizê-lo, que o dizer sem sê-lo".

- A que grupo pertencemos? A que filho nos assemelhamos?
  Ao primeiro, ao segundo? Ou um pouco de cada?  
  Ou seria melhor que fôssemos como o terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz "Sim" e vai mesmo!

+ Todos são chamados a trabalhar na vinha do Pai.
Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais verdadeiro, mais fraterno.
Os chamados de Deus, nós os conhecemos pela sua Palavra, contida na BÍBLIA, cujo dia hoje comemoramos.

+ Qual é a nossa resposta à Palavra de Deus?
  - SIM, nós compramos a Bíblia e a colocamos num lugar nobre da casa, mas NÃO a lemos, muito menos nos esforçamos em vivê-la?
  - Aceitamos toda a Bíblia, sem preconceitos e sem interesses...
    também os pontos que nos questionam e nos comprometem:
    Ou, isso Sim, isso Não!...   Batismo sim, Casamento não...

Ela nos garante:
"Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática..."
Façamos nossa Profissão de fé = nosso SIM à PALAVRA DE DEUS...
De mão estendida para a Bíblia: cantemos:  "Creio, Senhor, mas aumentai a minha fé..."

                                            Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Mons. José Maria Pereira - As Aparências Enganam
O Evangelho (Mt 21,28-32) começa com uma pergunta dirigida por Jesus aos seus amigos “ Que vos parece ?”; para obter deles  uma resposta  que os ilumine  no seu próprio comportamento . A pergunta é muito simples: dois filhos são enviados pelo pai a trabalhar  na vinha ; o primeiro  responde  “ sim”, mas não  vai ; o segundo diz “não” mas depois  arrepende –se e vai. “Qual dos dois fez a vontade do pai? Os sumos sacerdotes e anciãos do povo responderam: “O primeiro” (Mt 21,29-31).É a sua condenação que Jesus proclama a seguir  bem claramente: “os cobradores de impostos  e  as prostitutas  vos precedem no Reino  de Deus”. Mas, por que razão ? porque os que se opõem ao Senhor – membros do povo escolhido e , além disso , sumos sacerdotes e anciãos  do povo – foram os primeiros a ser  chamados à salvação, mas  deram uma resposta   mais aparente  do que  real , pois  foi  deles que Jesus afirmou : “dizem , mas não fazem” (Mt 23,3).Ouviram a pregação de João Batista , mas não lhes deram crédito porque julgavam-se excessivamente seguros da sua ciência e da não necessidade de aprender ; excessivamente seguros da sua justiça e da não necessidade de conversão : “não vos arrependestes para crer nele” (Mt. 21,32 ) não aceitaram a palavra  de João Batista nem a de Jesus. Vêem-se , pois , colocados para depois , nada mais e nada menos que as pessoas de mau viver , cobradores de impostos e prostitutas ; pois estes arrependeram-se , “afastaram-se do mal que praticaram , acreditaram e praticaram “a justiça” (Ez.18,27), e , por isso foram recebidos  no Reino de Deus . Espontaneamente somos levados a pensar em Levi, Zaqueu, na adúltera ou na pecadora que, em casa de Simão, se prostra a Seus pés, cheia de dor e de amor.
Se os adversários de Jesus não acreditaram na Sua palavra e não se converteram, foi, principalmente, por orgulho, o bicho roedor de todo o bem e máximo obstáculo à salvação. Por isso, surge muito a propósito, a exortação de São Paulo à Virtude da humildade: “Tende entre vós  o mesmo sentimento  que existe em Cristo Jesus. Ele que era de condição divina…esvaziou-se a Si mesmo, assumindo  a  condição de escravo, tornando –se igual aos homens” ( Fl.2,5-7).Se o Filho de Deus Se humilhou ao ponto de carregar sobre Si os pecados  dos homens ,será pedir muito que estes sejam humildes no reconhecimento do seu orgulho e dos seus pecados?
Peçamos ao Senhor a graça de progredirmos na virtude da humildade, fundamento de todas as outras; pois a humildade, ensina o Cura D’Ars, “é a porta pela qual passam as graças que Deus nos outorga; é ela que amadurece todos os nossos atos , dando –lhes valor e fazendo com que  sejam  agradáveis a Deus .Finalmente , constitui-nos donos do coração de Deus ,até fazer Dele ,por assim dizer nosso servidor , pois Deus nunca pode resistir  a um coração humilde”.  È uma virtude que não consiste essencialmente em reprimir os impulsos da soberba , da ambição , do egoísmo , da vaidade … Trata-se de uma virtude que consiste fundamentalmente em inclinar-se diante de Deus e diante de tudo o que há  de Deus  nas criaturas , em reconhecer a nossa pequenez  e indigência em face da grandeza do Senhor .As almas santas sentem uma alegria muito grande em aniquilar-se diante de Deus , em reconhecer que só Ele é grande e que , em comparação com a dEle, todas as grandezas humanas estão vazias de verdade e não são  mais do que mentira. Este aniquilamento não reduz, não encurta as verdadeiras aspirações da criatura, mas enobrece-as e concede-lhes novas asas, abre-lhes horizontes mais amplos.
A humildade nos fará descobrir que todas as coisas boas que existem em nós vêm de Deus, tanto no âmbito da natureza como no da graça: “Diante de Ti, Senhor , a minha vida é como um nada”(Sl.39(38),6).Somente a fraqueza e o erro é que são especificamente nossos.
A humildade nada tem a ver com a timidez ou a mediocridade. Os santos foram homens magnânimos, capazes de grandes empreendimentos para a glória  de Deus .O humilde é  audaz porque conta com a graça  do Senhor , que tudo pode, porque recorre com  freqüência à oração , convencido da absoluta necessidade da  ajuda divina.E por  ser simples e  nada arrogante ou autossuficiente , atrai as amizades , que são veículo para uma ação apostólica eficaz e de longo alcance .
A soberba e a tristeza andam frequentemente de mãos dadas, enquanto a alegria é patrimônio da alma humilde.
Hoje o Senhor nos envia a trabalhar na sua vinha. Somos o filho que diz Sim ou o que diz Não? Somos o primeiro ou o segundo? Seria melhor que fôssemos como o terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz sim e vai mesmo!
O que importa mesmo não é parecer, mas ser realmente, realizar na vida o plano de Deus. Para tal, que tenhamos “o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus” (Fl. 2,5). Sejamos humildes, sinceros. As aparências enganam!
Mons. José Maria Pereira
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Homilia de D. Henrique Soares - Mt 21,28-32
A Palavra de Deus deste Domingo recorda-nos que nossa relação com o Senhor não é algo estático, congelado, adquirido uma vez por todas. Ninguém pode dizer que possui uma amizade permanente com o Senhor, amizade que é garantida para sempre e não poderia jamais ser perdida. Não! Não é assim! Nossa relação com o Senhor é um caminho, caminho dinâmico, que vai se configurando na nossa vida, crescendo ou diminuindo, aprofundando-se ou morrendo, conforme nossa atitude em cada fase de nossa existência. O Senhor é sempre fiel, não muda jamais; quanto a nós, devemos cuidar de ir sempre crescendo, de fé em fé, de esperança em esperança, de amor em amor, na nossa relação com o Senhor. É isto que as leituras de Ezequiel e do Evangelho nos sugerem. O profeta Ezequiel, em nome de Deus, previne: “Quando o justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre!” Eis, que exemplo trágico: o amigo de Deus que morre para a vida com Deus! E por quê? Porque se descuidou e foi matando a relação com o Senhor, a ponto de matar Deus no seu coração e morrer para a relação com Deus! Ninguém pode dizer: “Já fiz tanto, já dei tanto ao Senhor, já renunciei tanto. Agora basta! Vou estacionar!” Isso seria regredir, definhar no caminho do Senhor, morrer para a vida com Deus! Mas, o contrário também é verdadeiro. Escutemos: “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os céus pecados, com certeza viverá; não morrerá!” Eis a bondade do Senhor, que não nos prende no passado pecaminoso: Senhor da vida, teu amor nos faz recomeçar sempre! Não há desculpas para não mudarmos de vida, para não recomeçarmos, para não deixarmos nosso atoleiro de pecado, de vício de preguiça espiritual! O Senhor nos espera sempre hoje, no aqui e no agora; ainda que não muitas vezes não acreditemos mais em nós mesmos, ele continua crendo em nós, ele nos dá sempre a chance de experimentar seu perdão e sua misericórdia!
O que o Senhor falou pela boca de Ezequiel, Jesus confirma na parábola do Evangelho deste hoje. Quem são os dois filhos? O primeiro, que não queria obedecer ao pai, mas depois se arrependeu, são os pecadores que, arrependidos e humilhados, de coração acolheram Jesus e o Reino que ele veio anunciar; o segundo filho, que prometeu fazer a vontade do pai e, depois, fez como bem quis e entendeu, são aqueles escribas e fariseus, justos aos seus próprios olhos, caprichosos e auto-suficientes, que terminaram perdendo o Reino de Deus por recusarem acolher Jesus e sua palavra. Eis, caríssimos: o que estamos sendo diante de Deus? Estamos sendo generosos para com ele? Temos acolhido sua vontade na nossa vida? Temos sido atentos aos seus apelos? Deveríamos sempre progredir no caminho do Senhor… Progredimos quando o amamos, quando fazemos sua vontade, quando a ele nos dedicamos; progredimos quando crescemos na virtude, progredimos quando somos fiéis aos nossos compromissos para com ele… Mas, entre nós, há aqueles que regridem, que esmorecem, que esfriam e se afastam… aqueles que pensam que podem ser cristãos numa atitude de comodismo burguês…
Que fazer para não parar? Que fazer para crescer no caminho do Senhor? São Paulo nos indica um caminho de grande beleza, simplicidade e eficácia, um caminho indispensável a todos nós! Quereis crescer na estrada de Deus? Quereis experimentar seu amor? Quereis viver de verdade? Então, “tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus!” Que conselho! Contemplar Jesus, aprender dele, do seu coração, seus sentimentos de total amor e total doação em relação ao Pai e a nós; aprender sua doçura, sua humildade, sua obediência radical ao Pai: “Ele, existindo na condição divina, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo, tornando-se igual aos homens, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz”. Caríssimos, em Cristo, temos o hábito de pensar em Jesus, de contemplar essa sua atitude? Olhemos a cruz, aprendamos a lição do Senhor! Cristo nunca se buscou a si próprio, mas esvaziou-se totalmente, desejando somente a vontade do Pai. Por isso foi livre, por isso foi a mais perfeita e completa manifestação do Reino de Deus, pois isso o Pai o exaltou, o glorificou, encheu-o de vida plena!
Pois, bem, o Apóstolo nos convida a contemplar Jesus, escutar Jesus, para adquirir os sentimentos de Jesus e, assim, viver a vida de Jesus. Viver assim, é ser amigo de Deus, é viver de verdade e tornar-se sinal de vida divina para os outros. Isso os cristãos deveriam ser; isso a Igreja deve ser! Pensem no quadro encantador que São Paulo traça: “Se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão… aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, e cada um não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro!” Eis, caríssimos, o que é ter os sentimentos do Cristo; eis o que é viver para Deus; eis o que é ser já agora, testemunha daquela verdadeira vida que o Senhor nos dará por toda a eternidade! Cresçamos nesse caminho, progridamos nessa vida, para vivermos de verdade. Como pede a oração inicial desta Santa Missa: “Ó Deus, derramai em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais!” Amém.
D. Henrique Soares
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Homilia do Pe. Françoá Costa - Arrependimento
“Se arrependimento matasse…” Esta frase é a expressão de uma dor profunda, do desejo de voltar atrás e de não ter feito determinada ação ou dito certa palavra. A contrição, isto é, o arrependimento por termos ofendido a Deus tem a ver com essa realidade: vontade de não ter cometido tal ou qual ação. O primeiro dos filhos que aparecem do Evangelho de hoje teve essa oportunidade: voltar atrás. Ele tinha dito ao seu pai que não queria ir trabalhar na vinha. Falou a verdade. “Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi” (Mt 21,29). Mas será que ele voltou atrás mesmo? Somente em parte. Se observarmos bem, não era possível àquele jovem dar uma resposta diferente daquela que ele já tinha dado ao seu pai: o que aconteceu, aconteceu. O nosso jovem, não obstante, procurou reparar aquela situação através da sua boa ação: foi trabalhar na vinha!
Como foi bela a atitude daquele jovem! Não porque ele tenha dado uma resposta de desobediência ao pai, mas porque ele se arrependeu logo e também porque ele procurou mostrar o seu amor através da própria atuação. Quando as palavras já não são suficientes restam as obras e quando ambas já não servem para expressar o que sentimos, o silêncio ganha em eloquência.
Fazer coisas erradas parece inevitável enquanto estivermos neste vale de lágrimas. No meio a tantos erros e pecados não nos esqueçamos, porém, que Deus espera o nosso arrependimento, a nossa dor de amor. É fruto da graça, sem dúvida, mas também nós podemos colaborar ao não resistirmos à ação do Espírito Santo em nosso favor. O estranho não é ter pecados, o esquisito não é equivocar-se, a coisa rara de verdade não é errar. O que tem de estranho que a miséria seja miserável? Nada. Na vida de um filho de Deus, de um cristão, o verdadeiramente bizarro seria não arrepender-se de ofender a Deus, que é tão bom e amável.
Arrepender-se não é o mesmo que chorar. Pode haver pessoas que estão muito arrependidas, mas das quais não brota sequer uma lágrima. Por quê? São insensíveis? Não, simplesmente porque são pouco propensas à afloração de sentimentos. A contrição ou arrependimento “consiste numa dor da alma e detestação do pecado cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro” (Cat. 1451). O Catecismo da Igreja Católica distingue dois tipos de contrição: perfeita e imperfeita.
A contrição perfeita “brota do amor de Deus, amado acima de tudo (…). Esta contrição perdoa as faltas veniais e obtém também o perdão dos pecados mortais, se incluir a firme resolução de recorrer, quando possível, à confissão sacramental” (Cat. 1452). Já que Deus aparece ao fiel como realidade amável, tudo o que lhe afastou de Deus parece como algo profundamente detestável. É o amor, portanto, que abre os olhos para que vejamos a feiura do pecado. No lado oposto de cada amor se encontra o ódio; neste caso, vem à alma o ódio, a detestação, do pecado cometido porque este ofende a Deus, bom e digno de todo o nosso amor e adoração.
A contrição imperfeita (atrição) “nasce da consideração do peso do pecado ou do temor da condenação eterna e de outras penas que ameaçam o pecador (contrição por temor)” (Cat. 1543). Neste caso, o Espírito Santo nos impulsiona através do temor para que percebamos algo do mal que cometemos. Este tipo de arrependimento é suficiente para que possamos aproximar-nos do sacramento da confissão e pedir perdão a Deus de todos os nossos pecados.
Não podemos aproximar-nos do sacramento da confissão sem nenhum tipo de arrependimento. Neste caso, ainda que o sacerdote absolvesse, não seríamos perdoados porque estaríamos resistindo ao perdão de Deus. Note-se: não é que Deus não queira me perdoar, sou eu quem resiste ao seu perdão amoroso ao não arrepender-me. Assim como eu não posso chegar para alguém e dizer assim: “olha, eu matei o seu filho, você me perdoe; mas, se o seu outro filho me agoniar eu vou matá-lo também”. De maneira semelhante, não podemos chegar diante de Deus, no sacramento da confissão, e dizer-lhe: “eu fiz esse pecado, me perdoe; mas eu vou continuar fazendo o mesmo pecado, é só aparecer a primeira oportunidade”. O quê? Ainda esperamos que Deus nos perdoe tendo tal atitude interior. Sejamos sinceros e conscientes de que “de Deus não se zomba” (Gl 6,7).
Pe. Françoá Costa

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
O SENHOR ESTEJA CONVOSCO... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à Senhor, nosso Deus e Pai, ajudai-nos a compreender os vossos caminhos para que não morramos sem a vossa paz. Vós sois o Deus do amor e da bondade. Fazei de nós pessoas de paz e de justiça. Abri nosso coração para que pratiquemos o amor e a justiça.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
àSenhor, completai em nós os sentimentos de ternura e misericórdia. Criai em nós um espírito de humildade para que possamos ser auxílio aos outros. Que possamos ser obedientes aos vossos chamados e o vosso nome seja proclamado e glorificado.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à Pai, vos louvamos pelo vosso imenso amor. Ajudai-nos a sermos filhos obedientes, filhos fiéis à vossa vontade. Que vosso Reino venha a nós para que nos alegremos no vosso amor. Enviai o vosso Espírito Santo para que nos ilumine e nos fortaleça nessa caminhada rumo ao vosso Reino.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.

è    PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO..


terça-feira, 16 de setembro de 2014

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014, A Parábola da vinha.

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema: Os esquemas de Deus “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.”
Primeira leitura, (Isaías): “Voltar para Deus” é procurá-lo, seguindo seus ensinamentos e seus caminhos; isto exige uma transformação radical da pessoa.
Evangelho: Deus chama à salvação todas as pessoas. Pede-nos uma transformação da nossa mentalidade, de forma a que a nossa relação com Deus não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade.
Segunda leitura: apresenta-nos o exemplo de um cristão (Paulo) que abraçou, de forma exemplar, a lógica de Deus. Renunciou aos interesses pessoais e aos esquemas de egoísmo e de comodismo, e colocou Cristo, os seus valores, o seu projeto no centro da sua existência.

6. PRIMEIRA LEITURA (Isaías 55, 6-9) Leitura do Livro do profeta Isaías.
Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto. Abandone o ímpio seu caminho, e o homem injusto suas maquinações; volte para o Senhor, que terá piedade dele, volte para o nosso Deus, que é generoso no perdão. Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como meus caminhos, diz o Senhor. Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pensamentos acima dos vossos pensamentos, quanto está o céu acima da terra.

AMBIENTE - O Deutero-Isaías, autor deste texto, é um profeta anônimo da escola de Isaías, que cumpriu a sua missão profética entre os exilados da Babilônia, procurando consolar e manter acesa a esperança no meio de um povo amargurado, desiludido e decepcionado. Os capítulos que recolhem a sua mensagem (Is 40-55) chamam-se, por isso, “Livro da Consolação”.
Para muitos exilados, está perto o momento do regresso à Terra Prometida. Depois de exortar os exilados a cumprir um novo êxodo e de lhes garantir que, em Judá, vão sentar-se à mesa do banquete que Jahwéh quer oferecer ao seu Povo. O tempo do Exílio foi um tempo de sofrimento, mas também um tempo de amadurecimento. Aí, Israel tomou consciência das suas infidelidades, e descobriu que viver longe de Deus não conduz à vida e à felicidade; por outro lado, o tempo de Exílio ajudou Israel a purificar a sua noção de Deus, da Aliança, do culto e até do significado de ser Povo de Deus.
O Deutero-Isaías convida os seus concidadãos a percorrerem esse caminho de conversão e de redescoberta de Deus que a experiência do Exílio lhes revelou. O Povo está prestes a pôr-se a caminho em direção à Terra Prometida; esse “caminho” não é uma simples deslocação geográfica mas é, sobretudo, um “caminho” espiritual de reencontro com o Senhor. Deixar a terra da escravidão e voltar à terra da liberdade deve significar, para Israel, uma redescoberta dos esquemas de Deus e um esforço para viver na fidelidade aos mandamentos de Jahwéh.

MENSAGEM - É preciso que Israel renovado pela experiência do Exílio continue a procurar o Senhor, a invocá-lo e a cultivar laços de comunhão com Ele.
Essa “conversão” exige uma transformação radical do homem, quer em termos de mentalidade, quer em termos de comportamento (“deixe o ímpio o seu caminho e o homem perverso os seus pensamentos”). A mentalidade, os valores, as atitudes dos “ímpio” e do “homem perverso”, estão muito longe da mentalidade, dos valores e dos esquemas de Deus. A vida do “ímpio” e do “homem perverso” funciona numa lógica de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de violência, de exploração; os esquemas do “ímpio” geram sofrimento, infelicidade, morte… Deus funciona numa lógica de amor, de serviço, de partilha, de doação; os esquemas de Deus geram alegria, paz verdadeira, vida definitiva.
Ao Povo de Deus, pede-se que não viva de olhos no chão, mas que olhe para o céu e contemple os horizontes de Deus; pede-se  que seja capaz de confiar em Deus e seus caminhos. Só dessa forma o Povo poderá ser feliz nessa Terra a que vai regressar; só dessa forma Israel poderá continuar a ser fiel à sua missão de testemunhar Jahwéh no meio dos outros povos.

ATUALIZAÇÃO - • O “voltar para Deus” significa colocar Deus no  centro da existência do homem. É Deus (e não o dinheiro, o poder, o sucesso) que está em primeiro lugar. Na verdade, o que é que nos faz passar da terra da escravidão para a terra da liberdade: o amor, a partilha, o serviço e o dom da vida.
• Para converter-se a Deus e aos seus valores,  precisamos estar em comunhão com Ele. É na escuta e na reflexão da Palavra, na oração freqüente, que descobriremos os valores de Deus.
• A conversão é um processo nunca acabado. Todos os dias temos que optar entre os valores de Deus e os valores do mundo e conduzir a vida de acordo com a lógica de Deus

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 144 (145)
O Senhor está perto da pessoa que o invoca!
• Todos os dias haverei de bendizer-vos, / hei de louvar o vosso nome para sempre. /
Grande é o Senhor e muito digno de louvores, / e ninguém pode medir a sua grandeza.
• Misericórdia e piedade é o Senhor, / ele é amor, é paciência, é compaixão. /
O Senhor é muito bom para com todos, / sua ternura abraça toda criatura.
• É justo o Senhor em seus caminhos, / é santo em toda obra que ele faz. /
Ele está perto da pessoa que o invoca, /de todo aquele que o invoca lealmente.

10. EVANGELHO (Mt 20, 1-16) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos: “O Reino dos Céus é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia e os mandou para a vinha. Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! Eu vos pagarei o que for justo’. E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio dia e às três horas da tarde e fez a mesma coisa. Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. O patrão lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: ‘Chama os trabalha dores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros!’ Vieram os que tinham sido contratados às cinco da tarde e cada um recebeu uma moeda de prata. Em seguida vieram os que tinham sido contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. Porém, cada um deles recebeu uma moeda de prata. Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: ‘Esses últimos trabalharam uma hora só e tu os igualastes a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’. Então o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto contigo. Não combinamos uma moeda de prata? Toma o que é teu e volta para casa! Eu quero dar a este que foi contratado por último o mesmo que dei a ti. Por acaso não tenho direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?’ Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”.

AMBIENTE - Jesus continua a instruir os discípulos, a fim de que eles compreendam a realidade do Reino e, após a partida, testemunhem. A parábola reflete a realidade social e econômica dos tempos de Jesus. A Galiléia estava cheia de camponeses que tinham perdido as terras que pertenciam à sua família. Para sobreviver, esses camponeses sem terra alugavam a sua força de trabalho. Juntavam-se na praça da cidade e esperavam que os latifundiários os contratassem para trabalhar nos seus campos. Um “denário” era o pagamento diário de um trabalhador não especializado.

MENSAGEM – O dono de uma vinha, ao romper o dia, dirigiu-se à praça e chamou os seus “clientes” para trabalhar na sua vinha, ajustando com eles o preço habitual: um denário. O patrão voltou ao meio da manhã, ao meio-dia, às três da tarde e ao cair da tarde e de cada vez, novas levas de trabalhadores. Ao anoitecer, os trabalhadores foram chamados diante do senhor, a fim de receberem o pagamento. Todos receberam a mesma quantia em pagamento: um denário. Contudo, os trabalhadores da primeira hora manifestaram a sua surpresa e o seu desconcerto por não terem recebido um tratamento “de favor”.
A resposta final do dono da vinha afirma que ninguém tem nada a reclamar se ele decide derramar a sua justiça e a sua misericórdia sobre todos, sem exceção. Ele cumpre as suas obrigações para com aqueles que trabalham com ele desde o início; não poderá ser bondoso e misericordioso para com aqueles que só chegam no fim? Isso em nada deveria afetar os outros…
Jesus mostra que o amor do Pai se derrama sobre todos os seus filhos, sem exceção e por igual. Para Deus, não é decisiva a hora a que se respondeu ao seu apelo; o que é decisivo é que se tenha respondido ao seu convite para trabalhar na vinha do Reino. A parábola serviu a Jesus, também, para denunciar a concepção que os teólogos de Israel tinham de Deus e da salvação. Para os fariseus, Deus era um “patrão” que pagava conforme as ações do homem. Se o homem cumprisse escrupulosamente a Lei, conquistaria determinados méritos e Deus pagar-lhe-ia convenientemente. Segundo esta perspectiva, Deus não dá nada; é o homem que conquista tudo. O “deus” dos fariseus é uma espécie de comerciante, que todos os dias aponta no seu livro de registros as dívidas e os créditos do homem, que um dia faz as contas finais, vê o saldo e dá a recompensa ou aplica o castigo.
Para Jesus, no entanto, Deus não é um contabilista, sempre de lápis na mão a fazer as contas dos homens para lhes pagar conforme os seus merecimentos; mas é um pai, cheio de bondade, que ama todos os seus filhos por igual e que derrama sobre todos, sem exceção, o seu amor.
Alguns cristãos de origem judaica não conseguiam entender que os pagãos, vindos mais tarde, estivessem em pé de igualdade com aqueles que tinham acolhido a proposta do Reino desde a primeira hora. Mateus deixa, no entanto, claro que o Reino é um dom oferecido por Deus a todos os seus filhos. Judeus ou gregos, escravos ou livres, cristãos da primeira hora ou da última hora, todos são filhos amados do mesmo Pai. Na comunidade de Jesus não há graus de antiguidade, de raça, de classe social, de merecimento… O dom de Deus destina-se a todos, por igual.

ATUALIZAÇÃO • Para Deus todos são seus filhos, independente da cor da pele, da nacionalidade, da classe social – Ele convida a todos para trabalhar na sua vinha. A única coisa decisiva é se os interpelados aceitam ou não trabalhar na vinha de Deus.
• Não há trabalhadores mais importantes do que os outros. O que há é homens e mulheres que aceitaram o convite do Senhor – tarde ou cedo, não interessa – e foram trabalhar na sua vinha.
• Deus não faz negócio com os homens: Ele é o Pai que quer ver os seus filhos livres e felizes e que, por isso, derrama o seu amor, de forma gratuita e incondicional, sobre todos.

8. SEGUNDA LEITURA (Fl 1, 20 - 24.27) Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses.
Irmãos: Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte. Pois, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne significa que meu trabalho será frutuoso, neste caso, não sei o que escolher. Sinto-me atraído para os dois la dos: tenho o desejo de partir, para estar com Cristo, o que para mim seria de longe o melhor, mas para vós é mais necessário que eu continue minha vida neste mundo. Só uma coisa importa: vivei à altura do evangelho de Cristo.

AMBIENTE - Filipos, cidade situada ao norte da Grécia, foi a primeira cidade européia evangelizada por Paulo. Era uma cidade próspera, com uma população constituída majoritariamente por veteranos romanos do exército. Organizada à maneira de Roma, estava fora da jurisdição dos governantes das províncias locais e dependia diretamente do imperador. Gozava dos mesmos privilégios das cidades da Itália.
A comunidade cristã, fundada por Paulo, Silas e Timóteo no ano 49, era uma comunidade entusiasta, generosa e comprometida, sempre atenta às necessidades de Paulo e do resto da Igreja (como no caso da coleta em favor da Igreja de Jerusalém – cf. 2 Cor 8,1-5). Paulo nutria pelos “filhos” de Filipos um afeto especial.
No momento em que escreve aos Filipenses, Paulo está na prisão. Dos Filipenses recebeu dinheiro e o envio de Epafrodito (um membro da comunidade), encarregado de ajudar Paulo em tudo o que fosse necessário. Enviando Epafrodito de volta a Filipos, Paulo confia-lhe uma carta para a comunidade. É uma carta afetuosa, onde Paulo agradece aos Filipenses a sua preocupação, a sua solicitude e o seu amor. Nela, Paulo agradece, dá notícias, informa a comunidade sobre a sua própria sorte e exorta os Filipenses à fidelidade ao Evangelho. 
O texto que nos é hoje proposto faz parte de uma perícope (cf. Flp 1,12-26), na qual Paulo fala aos Filipenses de si próprio, da sua situação, das suas preocupações e esperanças. Paulo está consciente de que corre riscos de morte; mas está sereno, alegre e confiante porque a única coisa que lhe interessa é Cristo e o seu Evangelho.

MENSAGEM - Quando escreve a carta aos Filipenses, Paulo não sabe se sairá da prisão vivo ou morto, mas, para ele, isso não é importante; o que é importante é que Cristo seja engrandecido – seja através da vida, seja através da morte do apóstolo. Para Paulo, Cristo é que é a autêntica vida. Ele é a razão de ser e de viver do apóstolo. Na perspectiva de Paulo, a morte seria bem vinda, não como libertação das dificuldades e das dores que se experimentam na vida terrena, mas como caminho direto para o encontro definitivo com Cristo. Especialmente significativa, a este propósito, é a conhecida frase (que, aliás, está escrita no seu túmulo, em Roma): “para mim, viver é Cristo e morrer é lucro”.No entanto, Paulo está consciente de que Deus pode ter outros planos e querer que ele continue – para benefício das comunidades cristãs – algum tempo mais na terra, a dar testemunho do Evangelho de Cristo. Paulo aceita isso: por Cristo, está disposto a tudo. Na verdade, não são os interesses de Paulo que contam, mas os interesses de Cristo.
ATUALIZAÇÃO • Diante de Cristo, todos os interesses pessoais e materiais do apóstolo passam a um plano absolutamente secundário. O apóstolo vive de Cristo e para Cristo; nada mais lhe interessa.
• Neste texto, impressiona também a liberdade total de Paulo face à morte. Essa liberdade resulta do fato de a fé que anima o apóstolo lhe permitir encarar a morte, não como o mais terrível e assustador de todos os males, mas como a possibilidade do encontro definitivo e pleno com Cristo. Dessa forma, Paulo pode entregar-se tranquilamente ao exercício do seu ministério, sem deixar que o medo trave o seu empenho e o seu testemunho.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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O patrão “saiu de madrugada. Deus não perde tempo. Ele não quer ver ninguém parado.

“Combinou uma moeda de prata por dia.” Era o salário justo na época; Deus não deixa ninguém sem a justa recompensa.

“Às nove horas saiu de novo, viu outros que estavam desocupados, e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo’”. O salário justo considera não só o trabalho feito, mas as necessidades básicas do trabalhador. Esses que começaram às nove horas tem as mesmas necessidades dos que começaram de madrugada. “Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20). Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’”. Tudo indica que eles eram pessoas excluídas; Ou não tinham experiência, ou eram fracos de saúde, ou idosos, ou mulheres, ou negros etc.

 Esses excluídos são os preferidos no Reino de Deus. Por isso que o pagamento deve começar por eles: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros’”. Aí está a diferença entre a justiça do Reino de Deus e a “justiça” do reino do Dragão (Cf Ap 12). Na justiça do Dragão, cada um recebe pelo que produziu, sem levar em conta as necessidades do trabalhador, nem os motivos pelos quais as pessoas estavam desempregadas.

No Reino de Deus é o contrário: Todos têm direito à vida. Tanto os empregados como os desempregados. E, se os desempregados têm esse direito, ajudá-los não é um favor, uma esmola, mas uma questão de justiça.
O mais importante não é o que a pessoa produz, mas a própria pessoa, com suas necessidades.
Como que eu sei se o que eu ganho é justo ou não? É olhando o meu próximo, isto é, aqueles que vivem ao meu redor. Se a diferença entre o que eu ganho e o que eles ganham é muito grande, está havendo injustiça aí, pois perante Deus nós somos todos iguais.

 “Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais.” É o protesto do homem privilegiado, contra a justiça feita aos que nada possuem. Veja que o que eles acham errado não é o salário deles, que sabiam que era justo, mas a igualdade de tratamento do patrão. Cada vez que alguém quer aumentar o próprio salário, sem levar em conta aqueles que ganham menos, está sendo como essa turma, isto é, está contra o plano de Deus!

Jesus termina a parábola apresentando a lei geral do Reino de Deus: “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.
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Pe. Antonio - Na Vinha

A Liturgia nos leva a refletir novamente sobre a Igreja, na qual somos convidados a trabalhar.
Qual será o critério de Deus no "pagamento"  pelo trabalho nela realizado.

As leituras bíblicas nos dão a resposta.

Na 1ª Leitura, Isaías afirma que o jeito de Deus ser é muito diferente de como nós o imaginamos. Deus não pensa como nós. Ele não julga pela quantidade, mas pela qualidade com que se faz. (Is 55,6-9)

A 2ª Leitura apresenta o testemunho de Paulo, que fez de Cristo o centro de sua vida.
"Para mim o viver é Cristo, e o morrer um lucro". (Fl 1,20c-24.27a)

O Evangelho destaca que Deus chama à Salvação todos os homens, sem considerar os créditos pelo trabalho realizado. (Mt 20,1-16)

A Parábola da VINHA:
- Um patrão contrata trabalhadores para a sua vinha, em vários momentos.
- No final do dia, paga uma diária completa a todos.
- Os primeiros "murmuram, reclamando indignados: "Eles trabalharam apenas uma hora, e tu os igualaste a nós".
- O dono da vinha responde ao primeiro descontente: "Não sou injusto contigo. Não tinhas combinado comigo uma diária? Estás com inveja, porque eu sou bom?"

* Os murmuradores eram os escribas e fariseus que confiavam em seus créditos.
Deus não é um negociante que contabiliza os créditos dos homens para depois lhes pagar conforme a quantia produzida.
A Salvação é mais obra de Deus do que merecimento do homem. Deus é um Pai, cheio de bondade, que ama todos os seus filhos por igual e sobre todos derrama o seu amor. Ele nos dá muito mais do que merecemos...

O que a PARÁBOLA queria dizer?

+ Para Jesus, que era criticado porque acolhia os pecadores e os publicanos,
   - os primeiros chamados foram os judeus, como povo escolhido e herdeiro das promessas do Antigo Testamento;
   - os últimos: os pecadores, que, convidados por ele, também entraram no ambiente da misericórdia de Deus. 

* O Reino de Deus é para todos; não há excluídos, indignos, desclassificados. Para Deus há pessoas a quem ele ama, a quem ele oferece a salvação e a quem ele convida para trabalhar na sua vinha. A única coisa realmente decisiva é se os convidados aceitam ou não trabalhar na sua vinha.

+ Para Mateus, que escrevia para judeus convertidos ao cristianismo,
- os primeiros trabalhadores chamados eram os cristãos oriundos do judaísmo;
- os últimos eram os não-judeus, isto é, todos os homens.

* Para Deus, não há Judeus ou gregos, escravos ou livres, cristãos da primeira hora ou da última hora.
   Não há graus de antiguidade, de raça, de classe social, de merecimento…
   Todos são filhos amados do mesmo Pai.

 + Para nós, Cristo continua convidando: "Ide também vós para a minha vinha".
    - muitos ouviram o chamado de Deus logo no alvorecer de sua existência;
    - outros escutaram este apelo no vigor da juventude;
    - outros apenas na idade madura ou bastante avançada...
      Deus não pensa como nós, Deus não olha o tempo... mas a atitude pronta e generosa de nossa resposta...
      Não remunera pela eficiência, mas pela necessidade...
      Mede muito mais pelo amor, do que pelo produto do mesmo.

- Como explicar essa aparente injustiça de Deus
  Humanamente é difícil entender... só entenderemos numa visão de fé.
  Quem trabalha para o Reino de Deus, deve fazê-lo por amor.
  E quando alguém faz por amor não se interessa pela recompensa... pelos elogios... pelo pagamento...
  A fidelidade ao Senhor já é uma recompensa....   Sem dúvida, Deus nos dá muito mais que merecemos,

Na Comunidade de Jesus, a idade, o tempo de serviço, a posição hierárquica, não servem para garantir direitos, privilégios ou superioridade...
Embora com funções diversas, todos são iguais em dignidade e todos devem ser acolhidos, amados e considerados de igual forma.

+ Deus não quer ninguém desocupado. Cristo continua convidando: "Ide também vós para a minha vinha!..."

                                           Pe. Antônio

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Homilia do Mons. José Maria Pereira

O Patrão Generoso

“Os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus”, diz o Senhor (Is 55,8).
O homem não pode reduzir Deus à medida dos seus pensamentos, nem condicionar o comportamento do Altíssimo às suas categorias de justiça e de bondade. Deus está muito acima do homem, muito mais do que está o céu acima da terra (Is 55,9); por isso, muitas vezes os projetos da sua providência são incompreensíveis à inteligência humana, que os deve aceitar com humildade, sem pretender adivinhá-los ou julgá-los. Quantas vezes ficamos aquém das maravilhas que Deus nos preparou! Quantas vezes os nossos planos se revelam tão estreitos!
É este o ensinamento profundo contido na parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20,1-16).
Trata-se de um patrão que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha.Combina com eles um denário por dia.Torna a sair pelas nove, pelo meio dia, pelas três da tarde e pelas cindo da tarde.Chegado o fim do dia, manda pagar a todos o mesmo salário, a começar pelos últimos. Os primeiros murmuraram, pensando que haviam de receber mais. O patrão mostra que não é injusto para com os primeiros, e defende o direito de fazer o bem.
Esta parábola pode aplicar-se ao povo judeu, que passou para o último lugar porque não reconheceu o dom de Deus. Depois chamou também os gentios. Todos são chamados com o mesmo direito a fazer parte do novo Povo de Deus, que é a Igreja. Para todos o convite é gratuito. Por isso, os Judeus, que foram chamados primeiro, não teriam razão ao murmurar contra Deus pela escolha dos últimos, que têm o mesmo prêmio: fazer parte do Seu Povo. À primeira vista, o protesto dos trabalhadores da primeira hora parece justo. E parece-o, porque não compreendeu que poder trabalhar na vinha do Senhor é um dom divino. Jesus deixa claro com a parábola que são diversos os caminhos pelos quais chama, mas que o prêmio é sempre o mesmo: o Céu!
Com esta parábola o Senhor não deseja dar-nos uma lição de moral salarial ou profissional, mas sublinhar que, no mundo da Graça, tudo é um puro dom, mesmo o que parece ser um direito que nos assiste pelas nossas boas obras.
Os que fomos chamados a diferentes horas para trabalhar na vinha do Senhor, só temos motivos de agradecimento. A chamada, em si mesma, já é uma honra.”Não há ninguém, afirma São Bernardo,que, por pouco que reflita, não encontre em si mesmo poderosos motivos que o obriguem a mostrar-se agradecido a Deus.E especialmente nós, porque o Senhor nos escolheu para si e nos guardou para o servirmos somente a Ele”.
É imenso o trabalho na vinha do Senhor!
O patrão insiste com mais energia no seu convite: “Ide vós também para a minha vinha”.
Podemos ficar indiferentes diante de tantos que não conhecem a figura de Cristo? No campo do Senhor há trabalho para todos! Deus não chega nem demasiado cedo nem demasiado tarde às nossas vidas. O que Ele quer é que, a partir do momento em que nos visitou na sua misericórdia, nos sintamos verdadeiramente comprometidos a trabalhar na sua vinha, com todas as forças e com todo o entusiasmo, sem nos esquivarmos com promessas futuras, nem desanimarmos com o tempo perdido.
Não são gratas ao Senhor as queixas estéreis, que revelam falta de fé, ou mesmo um sentido negativo e cético do ambiente que nos rodeia. Esta é a vinha e este é o campo em que o Senhor quer que estejamos, inseridos nessa sociedade que apresenta os seus valores e deficiências. É na nossa própria família, e não em outra, que devemos santificar-nos , e é essa família que devemos levar a Deus; e o trabalho que nos espera hoje, na Universidade ou no escritório, e não outro, que devemos converter em trabalho de Deus…Esta é a vinha do Senhor, onde Ele quer que trabalhemos sem falsas desculpas, sem saudosismos, sem exagerar as dificuldades, sem esperar oportunidades melhores.
Para levarmos a cabo este apostolado, temos todas as graças necessárias. É nisto que se fundamenta todo o nosso otimismo. Deus chama-me e envia-me como trabalhador para a sua vinha; chama-me e envia-me a trabalhar para o advento do seu Reino na história: esta vocação e missão pessoal define a dignidade e a responsabilidade de cada fiel leigo e constitui o ponto forte de toda a ação formativa.
O Senhor quer nos mostrar que no mundo da Graça não se podem fazer valer quaisquer direitos. É certo que o homem deve colaborar na sua salvação eterna, mas esta é um bem tão sublime que jamais deixa de ser um dom, até mesmo para as almas mais santas.
Deus pode chamar a qualquer hora e o homem deve estar sempre pronto para responder ao Seu chamamento. “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto Ele está perto” (Is 55,6).

Mons. José Maria Pereira

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Homilia de D. Henrique Soares - Mt 20,1-16ª

O profeta convida-nos, dirige-nos um apelo para que busquemos o Senhor, o invoquemos, voltemos para ele. Eis aqui, caríssimos, um grito tão necessário nesses tempos do homem cheio de si, preocupado consigo, embriagado pelos seus próprios feitos e tão confiado em suas próprias idéias! O profeta grita-nos, quase que nos prevenindo, ameaçando-nos: “Buscai o Senhor; invocai-o! Que volte para o Senhor!”
Mas, isso significa ter a coragem de sair de si mesmo para abraçar os pensamentos e caminhos do Senhor. Pensem bem, caríssimos, que felicidade, que graça: abraçar os desígnios de Deus, entrar no seu projeto, viver a sua proposta! Pensem bem: não seria isso a sabedoria plena, a felicidade verdadeira da humanidade e do mundo? E, no entanto, isso não é possível sem um doloroso e generoso processo de conversão. Porque, infelizmente, os pensamentos do Senhor não são os nossos e os nossos caminhos não são os do Senhor! Que triste desacordo, que desencontro danado! Escutem: “Meus pensamentos não são como os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são como os meus caminhos, diz o Senhor!” Isto não é brincadeira: o homem sozinho não pensa como Deus, não caminha no caminho de Deus: nem na ONU nem na Casa Branca nem no Palácio do Planalto nem no Congresso nem mesmo no nosso coração! Somente a conversão pode nos elevar ao pensamento de Deus e fazer com que nossos caminhos sejam os dele: “Abandone o ímpio seu caminho e o homem injusto, suas maquinações; volte para o Senhor!” Voltar para o Senhor! Volte, ó homem do século XXI, para o Senhor! Deixe sua auto-suficiência, seu cinismo, deixe sua ilusão de pensar que sabe tudo, que é maduro o bastante para prescindir de Deus! “Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto está perto; volte para o Senhor, que terá piedade, volte para o nosso Deus, que é generoso no perdão!”
O Senhor nos procura, como o dono da vinha do Evangelho de hoje – e procura-nos com insistência: sai de madrugada à nossa procura, porque o amor tem pressa, o amor anseia encontrar a pessoa amada. E, como o amor é insistente, o Senhor vem sempre, a cada momento, em cada ocasião, sempre à nossa procura: pelas nove, ao meio-dia, pelas três… e até mesmo às cinco da tarde, quando o sol já se esconde, o Senhor vem novamente! Sempre é tempo de conversão, sempre é tempo de voltar para o Senhor! Aí, então, experimentaremos que tudo é graça, que o pensamento de Deus para nós é amor que não é mesquinho, que sabe tratar a todos com generosidade, fazendo primeiro no seu Reino aquele que tem coragem de crer no amor, de ir ao encontro do Senhor mesmo que seja a última hora! Ó mundo, ó humanidade, ó cristão, voltai para o Senhor! A única coisa que vos pede é que acrediteis no seu amor generoso e no seu perdão abundante e vos convertais de todo o coração!
Converter-se, caríssimos, significa entrar na maravilhosa experiência que São Paulo testemunha na segunda leitura de hoje: viver de um modo novo, de um viver diferente: “Para mim, viver é Cristo! Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pela minha vida, seja pela minha morte!” Para que idéia mais bela do que seja a conversão: viver em Cristo! Notemos os passos do pensamento do Apóstolo. Ele é tão unido a Cristo, tão apaixonado por ele, que seja na vida seja na morte sabe que está unido ao seu Senhor e em tudo o Senhor é nele glorificado. Que é a vida para quem voltou para o Senhor? A vida é Cristo! Que é a morte para quem vive mergulhado no Senhor? A morte é estar com Cristo e, por isso, é lucro! Por isso, a vida de Paulo – e a do cristão, com Paulo – é atraída para o seu Senhor: “Tenho o desejo de partir para estar com Cristo!” Eis por que Paulo vive, eis para que vive: para estar com Cristo! Aqui, uma observação: prestem atenção que São Paulo sabe muito bem que assim que morrer vai estar com Cristo. Por isso mesmo ele diz que isso “para mim, seria de longe o melhor!” Jamais o Apóstolo compartilharia a afirmação errônea das seitas protestantes, que pensam que os que morrem em Cristo ficam dormindo. Se ficassem, não seria melhor para Paulo partir para estar com Cristo; seria melhor continuar vivendo e trabalhando pelos irmãos. Portanto, nem a vida nem a morte nos podem mais separar do amor de Cristo. É só voltarmos para o Senhor, é só procurá-lo de todo o coração com nosso afeto, com nossos atos, com nosso desejo sincero de a ele nos converter de todo coração!
Caríssimos, buscai o Senhor, voltai para o Senhor, invocai o Senhor! E, lembrai-vos: ele é tão bom, que se deixa encontrar! Primeiro nos atrai e, depois, deixa que o encontremos e, como o senhor da parábola, nos enche de dons, sem levar em conta a hora em que nos convertemos em trabalhadores da sua vinha. Mas, querem saber qual é a hora da conversão? Esta, agora! Voltai para o Senhor! Amém.

D. Henrique Soares

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Homilia do Pe. Françoá

Trabalhadores na vinha do Senhor

“Amados Irmãos e Irmãs, depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes.” Com essas palavras, Bento XVI iniciava o seu pontificado no dia 19 de abril de 2005. Você se lembra daquele momento? Pois bem, o Evangelho de hoje nos fala exatamente da importância de trabalhar na vinha do Senhor. Deus Pai, todos os dias e a todas as horas deseja empregar um novo trabalhador.
Mas, note-se, Deus quer trabalhadores, isto é, pessoas que estejam interessadas em capinar a terra, lavrá-la, prepará-la bem, semear o campo, cuidar das plantinhas e colher os frutos. Talvez não participemos de todas as etapas, mas uma coisa é certa: somos trabalhadores na vinha do Senhor. Nós agradamos a Deus ao arregaçar as mangas para estender o seu reino de amor e de paz. Nesse trabalho é preciso docilidade, esforço e criatividade.
Docilidade! Dizia S. João Maria Vianney que “os santos foram felizes porque seguiram com fidelidade os movimentos que o Espírito Santo lhes inspirava”. Há momentos em que a nossa soberba poderia dizer que nós temos ideias até mesmo melhores que as de Deus. Imagine só… e se você fosse Deus por um dia? Além da impossibilidade do caso, talvez o sujeito em questão procuraria resolver os grandes problemas da humanidade: evitar todos os desastres naturais, dar comida a todos os que padecem fome, desarmar a todos as nações que têm bombas atômicas, evitar todos os abortos que acontecem no mundo inteiro, etc. Essas coisas são boas, então, pergunta-se, porque, ao parecer, Deus não as faz? Mas, impõe-se outra pergunta à nossa consideração: era um bem que o Pai livrasse o seu Filho Jesus Cristo da morte? Certamente. Mas, não foi um bem maior permitir que o Filho sofresse e nos libertasse de todos os nossos pecados, nos abrisse as portas do céu e nos fizesse felizes por toda a eternidade? Sem dúvida. Sendo assim, temos que ter cuidado para não sentar a Deus no banco dos réus e julgá-lo injustamente. O melhor que podemos fazer quando não entendermos os projetos de Deus é ser-lhe dóceis acreditando que ele sabe mais e faz melhor do que nós. Por mais evidente que seja, é preciso que nos lembremos disso para que, inconscientemente, não tomemos o lugar de Deus.
Esforço! Ainda que tudo esteja nas mãos de Deus, ele pede que também nós coloquemos as nossas mãos ao seu serviço, que arregacemos as mangas e trabalhemos na sua vinha. Tudo é graça! É verdade. Mas também é verdade que as coisas dependem de nós e acontecem na medida em que nós fazemos a nossa parte. No trabalho na vinha do Senhor é muito importante que estejamos dispostos a suar a camisa, a criar calos nas mãos, a subir e descer ladeiras nessa plantação de Deus… Temos que mostrar verdadeiro interesse pelas coisas de Deus, não tanto através das palavras, mas através de uma ação generosa e cheia de amor. Deus merece! Perguntemo-nos: interesso-me verdadeiramente em terminar o meu trabalho profissional, momento importante de apostolado, com perfeição e ofereço-o ao Senhor como oferta agradável? Aproveito as ocasiões que a Providência Divina me concede para evangelizar os meus companheiros de trabalho, tanto pelo exemplo de vida quanto pelas palavras? Penso, na oração, como ser mais eficaz no meu apostolado junto aos meus amigos e conhecidos? Rezo para que na vinha do Senhor haja mais trabalhadores para que, efetivamente, “venha a nós o Reino de Deus”?
Criatividade! Já foi dada uma pequena dica no campo da criatividade apostólica: rezar para encontrar novas maneiras de evangelizar as pessoas que entram em contato conosco. Criatividade é fazer uma ligação a uma pessoa para felicitá-la no dia do aniversário e, aproveitar, e convidá-la para ir à Missa nesse dia. Criatividade apostólica é fazer uma reunião de estudos com amigos da Faculdade e aproveitar para terminar com um momento de oração juntos dando uma pequena palestra sobre algum tema relacionado à vida espiritual. Criatividade evangelizadora é convidar alguém para visitar alguma igreja histórica e falar-lhe de Deus. Enfim, cada um tem que inventar as suas maneiras de ser estratégico com os seus amigos, com a sua família, com os seus conhecidos, para oferecer-lhes – respeitando a liberdade deles – o melhor que nós temos: Deus e a vida eterna. Somos trabalhadores na vinha do Senhor e o mais normal é que nós trabalhemos de verdade.

Pe. Françoá Costa

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MOMENTO DE LOUVOR

PARA
ò
OS DIÁCONOS
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E  OS  MINISTROS DA PALAVRA 
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 LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)        25º Dom. T.Comum A
è  O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, o nosso Deus.
è  Com Jesus, por Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, louvemos ao Pai:
T: DEUS DE AMOR, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS AGRADECEMOS.
à Nós Vos  louvamos, porque Vos deixais encontrar por aqueles que Vos procuram. Vós sois rico em perdão e misericórdia e os Vossos pensamentos são tão elevados acima dos nossos. - Pai, Nós Vos pedimos: que o Vosso Espírito nos guie, nos livre dos caminhos do mal e inspire os nossos pensamentos.
T: DEUS DE AMOR, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS AGRADECEMOS.
à Senhor, nós Vos bendizemos e com o apóstolo Paulo confessamos: a nossa vida, a nossa alegria e a nossa felicidade, sois Vós. - Ajudai-nos a ver os valores do Reino, os projetos de vida eterna e a felicidade de vos servir. Nós Vos pedimos por nós e por todas as comunidades: penetrai-nos com o Vosso Espírito, para que a vossa grandeza seja manifestada nas nossas vidas.
T: DEUS DE AMOR, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS AGRADECEMOS.
à Deus da antiga e nova Aliança, não cessais de chamar  a todos para que mudemos nossa mentalidade e nossa vida.  Vós não olhais a quantidade de nossos bons atos, mas o quanto nos esforçamos no trabalho de vosso projeto. Abri os nossos olhos e os nossos corações para que saibamos atuar nos trabalhos a que nos chamastes, ajudai-nos a sermos mais justos e fraternos.
T: DEUS DE AMOR, NÓS VOS LOUVAMOS E VOS AGRADECEMOS.
à PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO DE DEUS...


SINOPSE = 25º DOMINGO DO TEMPO COMUM
Tema: Os esquemas de Deus “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos.”
Primeira leitura, (Isaías): “Voltar para Deus” exige uma transformação radical do homem.
Evangelho: Deus chama à todos para trabalharem no seu reino, na sua vinha.
Segunda leitura: (Paulo) abraçou, de forma exemplar, a lógica de Deus. Colocou Cristo no centro da sua existência.

LEITURA I – Is 55,6-9 enquanto se pode Converta-se ao Senhor

AMBIENTE - Aproxima-se a libertação e, para muitos exilados, está perto o momento do regresso à Terra Prometida. Israel descobriu que o viver longe de Deus não conduz à vida e à felicidade. Deixar a terra da escravidão e voltar à terra da liberdade SIGNIFICA QUE COM Deus teremos a felicidade.
MENSAGEM - Essa “conversão” exige uma transformação radical do homem. Deus funciona numa lógica de amor, de serviço, de partilha, de doação; os esquemas de Deus geram alegria, paz verdadeira, vida definitiva.
Ao Povo de Deus, pede-se que contemple os horizontes de Deus; pede-se  que seja capaz de confiar em Deus e seus caminhos. Só dessa forma o Povo poderá ser feliz nessa Terra a que vai regressar; só dessa forma Israel poderá continuar a ser fiel à sua missão de testemunhar Jahwéh no meio dos outros povos.

ATUALIZAÇÃO • O “voltar para Deus” significa colocar Deus no  centro da existência do homem. É Deus (e não o dinheiro, o poder, o sucesso, os amigos, a família) que está em primeiro lugar. Na verdade, o que é que nos faz passar da terra da escravidão para a terra da liberdade: o amor, a partilha, o serviço e o dom da vida.
• Para converter-se a Deus,  precisamos estar em comunhão com Ele. É na escuta e na reflexão da Palavra de Deus, na oração freqüente, que o crente descobrirá os valores de Deus e os assumirá.
• A conversão é um processo nunca acabado. Todos os dias teremos de optar entre os valores de Deus e os valores do mundo.

EVANGELHO – Mt 20,1-16ª

AMBIENTE - Jesus continua a instruir os discípulos a realidade do Reino. cada “patrão” tinha os seus “clientes” –em quem ele confiava e a quem contratava regularmente. (um “denário”, que era o pagamento diário habitual de um trabalhador não especializado).

MENSAGEM - os trabalhadores da primeira hora (os “clientes” do dono da vinha) manifestaram a sua surpresa e o seu desconcerto por não terem recebido um tratamento “de favor”.
O dono derrama a sua justiça e a sua misericórdia sobre todos, sem exceção. Ele cumpre as suas obrigações para com aqueles que trabalham com ele desde o início; e na sua misericórdia, vendo as necessidades dos outros, concede-lhes o mesmo ganho.
Jesus mostra que o amor do Pai se derrama sobre todos os seus filhos, sem exceção e por igual. Para Deus, o que é decisivo é que se tenha respondido ao seu convite para trabalhar na vinha do Reino. Para os fariseus, Deus era um “patrão” que pagava conforme as ações do homem. Para Jesus, Deus não é um contabilista, mas é um pai, cheio de bondade, que derrama sobre todos, sem exceção, o seu amor.
Alguns cristãos de origem judaica não conseguiam entender que os pagãos, vindos mais tarde, estivessem em pé de igualdade com aqueles que tinham acolhido a proposta do Reino desde a primeira hora. Mateus deixa, no entanto, claro que o Reino é um dom oferecido por Deus a todos os seus filhos. Judeus ou gregos, escravos ou livres, cristãos da primeira hora ou da última hora, todos são filhos amados do mesmo Pai. O dom de Deus destina-se a todos, por igual.

ATUALIZAÇÃO
• Deus quer oferecer a salvação e a quem Ele convida para trabalhar na sua vinha. A única coisa decisiva é se os chamados aceitam ou não trabalhar na vinha de Deus.
• Não há trabalhadores mais importantes do que os outros,
• Deus não faz negócio com os homens: Ele derrama o seu amor, de forma gratuita e incondicional, sobre todos eles.

O patrão “saiu de madrugada. Deus não perde tempo. Ele não quer ver ninguém parado.
“Combinou uma moeda de prata por dia.” Era o salário justo na época; Deus não deixa ninguém sem a justa recompensa.

“Às nove horas saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! E eu vos pagarei o que for justo’”. O salário justo considera não só o trabalho feito, mas as necessidades básicas do trabalhador. Esses que começaram às nove horas tem as mesmas necessidades dos que começaram de madrugada. “Se a vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20).
Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’”. Tudo indica que eles eram pessoas excluídas a nível de emprego. Ou não tinham experiência, ou eram fracos de saúde, ou idosos, ou mulheres, ou negros etc.

 Esses excluídos são os preferidos no Reino de Deus. Por isso que o pagamento deve começar por eles: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes uma diária a todos, começando pelos últimos até os primeiros’”. Aí está a diferença entre a justiça do Reino de Deus e a “justiça” do reino do Dragão (Cf Ap 12). Na justiça do Dragão, cada um recebe pelo que produziu, sem levar em conta as necessidades do trabalhador, nem os motivos pelos quais as pessoas estavam desempregadas.

No Reino de Deus é o contrário: Todos têm direito à vida. Tanto os empregados como os desempregados. E, se os desempregados têm esse direito, ajudá-los não é um favor, uma esmola, mas uma questão de justiça.
O mais importante não é o que a pessoa produz, mas a própria pessoa do trabalhador, com suas necessidades.
Como que eu sei se o que eu ganho é justo ou não? É olhando o meu próximo, isto é, aqueles que vivem ao meu redor. Se a diferença entre o que eu ganho e o que eles ganham é muito grande, está havendo injustiça aí, pois perante Deus nós somos todos iguais.

 “Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais.” É o protesto do homem privilegiado, contra a justiça feita aos que nada possuem. Veja que o que eles acham errado não é o salário deles, que sabiam que era justo, mas a igualdade de tratamento do patrão. Cada vez que alguém quer aumentar o próprio salário, sem levar em conta aqueles que ganham menos, está sendo como essa turma, isto é, está contra o plano de Deus!

Jesus termina a parábola apresentando a lei geral do Reino de Deus: “Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.
LEITURA II – Filip 1,20c-24.27a para mim, viver é Cristo e morrer é lucro.

AMBIENTE - Filipos, cidade situada ao norte da Grécia, foi a primeira cidade européia evangelizada por Paulo. Paulo está consciente de que corre riscos de morte; mas está sereno, alegre e confiante porque a única coisa que lhe interessa é Cristo e o seu Evangelho.

MENSAGEM - o que é importante é que Cristo seja engrandecido – seja através da vida, seja através da morte do apóstolo.
Para Paulo, Cristo é que é a autêntica vida. Ele é a razão de ser e de viver do apóstolo. Na perspectiva de Paulo, a morte seria bem vinda, não como libertação das dificuldades, mas como encontro com Cristo. significativa é a frase (que está no seu túmulo, em Roma): “para mim, viver é Cristo e morrer é lucro”.
Na verdade, não são os interesses de Paulo que contam, mas os interesses de Cristo.

ATUALIZAÇÃO
• O apóstolo vive de Cristo e para Cristo; nada mais lhe interessa.