sexta-feira, 26 de setembro de 2014

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014, XXVI Domingo do tempo comum

26º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Tema: Dia Nacional da Bíblia.
Deus chama a todos na construção desse mundo novo de justiça, fraternidade e de paz. “Não promessas, mas ações”.
Primeira leitura: Cada um deve tomar consciência do seu compromisso com Deus e viver, com coerência, as práticas da sua adesão a Deus.
O Evangelho: O “sim” que Deus nos pede é um sim com firmeza. O verdadeiro crente não é aquele que finge respeitar as regras; mas é aquele que cumpre na realidade a vontade de Deus.
Segunda leitura: Paulo apresenta o exemplo de Jesus: despoja-se da condição divina, assume a condição humana e diz "SIM" ao Pai até a morte de Cruz.

6. PRIMEIRA LEITURA (Ez 18, 25-28) Leitura da Profecia de Ezequiel.
Assim diz o Senhor: Vós andais dizendo: “A conduta do Senhor não é correta”. Ouvi, vós da casa de Israel: É a minha conduta que não é correta, ou antes é a vossa conduta que não é correta? Quando um justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre. Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os seus pecados, com certeza viverá; não morrerá”.

AMBIENTE - Ezequiel, o “profeta da esperança” na Babilônia. Preocupou-se em destruir as falsas esperanças de que em breve o exílio terminaria. Privados de Templo, de sacerdócio e de culto, os exilados estavam desiludidos e duvidavam de Jahwéh. Ezequiel alimentou a esperança do seu Povo. A catequese de Israel considerava que a Aliança tinha sido feita com toda a comunidade. Assim, as infidelidades de uns traziam sofrimento a toda a comunidade; e a fidelidade de outros era fonte de vida e de bênção para todos. Consideravam que eram justos e bons e que estavam ali a expiar os pecados de toda a nação. Ezequiel irá responder a estas questões.

MENSAGEM - Israel não pode continuar a esconder-se atrás de uma responsabilidade coletiva, que implica todos. Ezequiel aqui pretende sublinhar é que cada um tem de sentir-se pessoalmente responsável diante de Deus pelas suas opções e pelos seus atos.
Esta superação da mentalidade coletiva, dando lugar à responsabilidade individual, é um dos grandes progressos na história teológica de Israel. Doravante, o Povo aprenderá a reagir em termos individuais e não em termos de massa. Está aberto o caminho para uma Nova Aliança: uma Aliança pessoal e interior, feita com cada crente.

ATUALIZAÇÃO • A leitura convida-nos a tomar consciência de que um compromisso com Deus é algo que nos implica profundamente. Com Deus, não há meio termo: ou se assume, ou não se assume. Como é que eu estou com os compromissos que assumi com Deus no dia do meu Batismo?
• O profeta Ezequiel convida-nos a assumir, com coerência, a nossa responsabilidade pelos nossos gestos de egoísmo e de autossuficiência em relação a Deus e em relação aos irmãos. Há homens e mulheres que não têm o mínimo para viver dignamente? A culpa é da conjuntura econômica internacional… … E a minha culpa? Eu não terei, muitas vezes, a minha quota-parte de responsabilidades em tantas situações negativas com que, dia a dia, convivo pacificamente? Eu não precisarei de me “converter”?

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 24
Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e compaixão!
• Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, / e fazei-me conhecer a vossa estrada! /
Vossa verdade me oriente e me conduza, / porque sois o Deus da minha salvação;
/ em vós espero, ó Senhor, todos os dias!
• Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura / e a vossa compaixão, que são eternas! /
Não recordeis os meus pecados quando jovem, / nem vos lembreis de minhas faltas e delitos! /
De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia / e sois bondade sem limites, ó Senhor!
• O Senhor é piedade e retidão / e reconduz ao bom caminho os pecadores. /
Ele dirige os humildes na justiça / e aos pobres ele ensina o seu caminho.

10. EVANGELHO (Mt 21,28-32) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus
Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo: “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O primeiro”. Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele”.

AMBIENTE - Pouco antes, Jesus entrara em Jerusalém e fora recebido em triunfo pela multidão; o entusiasmo inicial foi sendo substituído por uma recusa a em acolher Jesus e o seu projeto.
Os sacerdotes não reconhecem Jesus como o Messias e não aceitam a nova realidade – a realidade do Reino.  Os líderes encontraram-se com Jesus no Templo; perguntaram-Lhe com que autoridade Ele agia. Jesus respondeu-lhes com outra pergunta sobre a origem do batismo de João. Se dissessem que João Batista não vinha de Deus, tinham medo da multidão (que considerava João um profeta); se admitissem que o batismo de João vinha de Deus, temiam que Jesus lhes perguntasse porque não o aceitaram… Diante do silêncio, Jesus deu-lhes a entender que não tinha uma resposta para lhes dar, enquanto eles continuassem de coração fechado, na recusa obstinada da novidade de Deus (anunciada por João e proposta pelo próprio Jesus).
Na seqüência, Jesus vai apresentar três parábolas, destinadas a ilustrar a recusa de Israel em acolher a proposta do Reino. O nosso texto é a primeira dessas três parábolas.

MENSAGEM - O primeiro filho disse: “não quero”. Era uma atitude que ia contra as convenções sociais… Enchia um pai de vergonha, pois não tinha autoridade. No entanto, este primeiro filho acabou por reconsiderar e por ir trabalhar na vinha.
O segundo filho respondeu: “vou, sim, senhor”. Deu uma resposta satisfatória. Ficou bem visto diante de todos como filho exemplar. No entanto, não foi trabalhar na vinha.
A questão é: “qual dos dois fez a vontade do pai?” Todos responderam: “o primeiro”.
A parábola ensina que o importante é cumprir a vontade do pai. Não bastam palavras bonitas de boas intenções; mas é preciso ser coerente às propostas do Pai (Deus).
Os fariseus, os sacerdotes disseram “sim” a Deus ao aceitar a Lei de Moisés… mas foi uma mentira, pois recusaram-se a acolher o convite de João à conversão. Em contrapartida, aqueles que disseram “não” (por exemplo, os cobradores de impostos e as prostitutas), cumpriram a vontade do Pai: acolheram o convite de João à conversão e acolheram a proposta do Reino que Jesus veio apresentar.
Jesus deixa claro que importante é minha atitude diante da proposta do reino. O que honra a Deus não é o que cumpre ritos externos e que dá “boa impressão”; mas é o que cumpre a vontade de Deus.
Mais tarde, a comunidade de Mateus leu a mesma parábola numa perspectiva um pouco diversa. Ela serviu para iluminar a recusa do Evangelho por parte dos judeus e o seu acolhimento por parte dos pagãos. Israel seria esse “filho” que aceitou trabalhar na vinha, mas não cumpriu a vontade do Pai; os pagãos seriam esse “filho” que, aparentemente, esteve sempre à margem dos projetos do Pai, mas aceitou o Evangelho de Jesus e aderiu ao Reino.

ATUALIZAÇÃO • Todos têm a mesma responsabilidade na construção do Reino. Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais fraterno.
• Há aqueles que escutam o chamamento de Deus, mas não são  capazes de vencer o imobilismo, a preguiça, o comodismo, o egoísmo, e não vão trabalhar para a vinha.
• O “sim” a Deus: não bastam palavras; é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus nesse caminho de amor e de entrega, com gestos concretos, de justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão, de paz.

8. SEGUNDA LEITURA (Fl 2, 1-11) Leitura da carta de São Paulo aos Filipenses.
Irmãos, se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se
existe ternura e compaixão, tornai então completa a minha alegria: aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, cada um julgue que o outro é mais importante e não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro. Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus. Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor!” para a glória de Deus Pai.

AMBIENTE - Filipos, cidade de veteranos romanos, era Roma em miniatura. A comunidade cristã de Filipos foi fundada por Paulo. Apesar de ser uma comunidade viva, piedosa e generosa, a comunidade cristã de Filipos não era uma comunidade perfeita. O desprendimento, a humildade, a simplicidade, não eram valores apreciados.

MENSAGEMPaulo pede que não se deixem dominar pelo orgulho, pela vaidade, pela ambição, que só provocam egoísmo e divisão. Recomenda-lhes que se amem e sejam solidários, pois foi isso que Cristo ensinou aos seus discípulos; ação.
Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar aos homens o ser e o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Ele aceitou a morte de cruz  para nos ensinar a lição do serviço, do amor, da entrega total da vida.
A obediência de Jesus aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória. Deus fez d’Ele o “Kyrios” (“Senhor”); e a humanidade reconhece Jesus como “o senhor” do mundo.
O cristão deve ter como exemplo esse Cristo, servo e humilde e esse caminho levará à vida plena.

ATUALIZAÇÃO • De acordo com os critérios que presidem ao nosso mundo, os grandes “ganhadores” não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, com humildade e simplicidade, mas são os que enfrentam o mundo com agressividade, com autossuficiência e fazem por ser os melhores, mesmo que isso signifique não olhar a meios para passar à frente dos outros.
• Paulo tem consciência de que está pedindo aos cristãos algo realmente difícil; mas é algo que é fundamental, à luz do exemplo de Cristo. Também a nós é pedido um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor.

Pe. Joaquim, Pe. Manuel, Pe. José Carvalho

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Pe. Antônio Geraldo – SIM, Pai

Celebramos hoje o "Dia Nacional da Bíblia"...
no último domingo de setembro, em homenagem a São Jerônimo (30/09), que dedicou 35 anos de sua vida na
tradução da Bíblia...

A melhor homenagem à Bíblia é ler, estudar... e sobretudo VIVER...
Diante da Palavra de Deus, podemos dizer SIM, assumindo um compromisso coerente ou evitar qualquer compromisso.

Na 1ª Leitura, Ezequiel convida os israelitas exilados na Babilônia a viverem com coerência o Sim dado ao Senhor e à Aliança. (Ez 18,25-28)

Na 2ª Leitura, Paulo apresenta o exemplo de Jesus: despoja-se da condição divina, assume a condição humana
e diz "SIM" ao Pai até a morte de Cruz. (Fl 2,1-11)

O Evangelho fala de dois tipos de SIM. (Mt 21,28-32)

Continuamos a refletir sobre a Igreja, "Vinha do Senhor".
Vimos já que todos somos chamados a trabalhar na vinha do Senhor...
 Hoje veremos qual pode ser a nossa resposta a esse chamado...

Com a Parábola, Jesus ilustra duas atitudes diversas:
Ao Pai que convida os dois filhos a trabalharem na Vinha, o primeiro se nega no começo, mas depois acaba indo...
o segundo responde Sim, Pai, mas depois não vai.
E a parábola questiona: "Qual dos dois fez a vontade do Pai?"
A resposta é clara: Não quem DISSE "Sim", mas quem FEZ a vontade do Pai.

* A Parábola tinha endereço certo:
Os dois filhos representam dois grupos do tempo de Jesus:
Os "pecadores inveterados" e os "justos estabelecidos".

- Os judeus eram os "justos estabelecidos", fiéis praticantes da Lei, que há séculos tinham dito o seu SIM a Deus pela Aliança, e agora rejeitavam o Cristo, enviado de Deus e ficavam fora do Reino...
O modo como viviam o seu "Sim" à Lei os levou a dizer "Não" ao Evangelho.

- Os "pecadores inveterados" eram os cobradores de impostos e as prostitutas, que por muito tempo disseram NÃO à vontade de Deus expressa na lei, mas agora acabavam dizendo "SIM" ao apelo de Jesus e entravam no Reino, seguindo a sua proposta.
  

+ O que a PARÁBOLA nos diz HOJE?
   Também em nossos dias, Deus continua tendo dois filhos:
- Alguns, no Batismo, dizem "Sim", mas depois, na vida concreta, transformam o "Sim" em muitos "Não".
- Outros nunca disseram um "Sim" explícito para Deus, mas, na prática de cada dia, amam o irmão, se sacrificam pelos outros, executam muitas obras de caridade.
  Estes, ainda que não batizados, são verdadeiros Filhos de Deus...
"Nisto conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros como eu vos amei..."

- Hoje muitos, que se dizem católicos, afirmam: Cristo SIM, Igreja NÃO.
Não é possível ser CRISTÃO, prescindindo da IGREJA.
Somos cristãos pela graça de Deus e essa graça nós a recebemos na Igreja, fundada por Jesus, como sacramento universal de salvação, como fonte e sinal do favor de Deus à humanidade como povo eleito, organizado e unido na comunhão da caridade sob a animação pastoral dos apóstolos e dos sucessores.

* Não é suficiente uma adesão verbal a Cristo...
Não bastam palavras bonitas, se não refletem a sinceridade do coração.
Não basta pertencer a um grupo religioso, e não ter um olhar atento para perceber o caminho da justiça...
"É melhor ser cristão sem dizê-lo, que o dizer sem sê-lo".

- A que grupo pertencemos? A que filho nos assemelhamos?
  Ao primeiro, ao segundo? Ou um pouco de cada?  
  Ou seria melhor que fôssemos como o terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz "Sim" e vai mesmo!

+ Todos são chamados a trabalhar na vinha do Pai.
Ninguém está dispensado de colaborar com Deus na construção de um mundo mais humano, mais justo, mais verdadeiro, mais fraterno.
Os chamados de Deus, nós os conhecemos pela sua Palavra, contida na BÍBLIA, cujo dia hoje comemoramos.

+ Qual é a nossa resposta à Palavra de Deus?
  - SIM, nós compramos a Bíblia e a colocamos num lugar nobre da casa, mas NÃO a lemos, muito menos nos esforçamos em vivê-la?
  - Aceitamos toda a Bíblia, sem preconceitos e sem interesses...
    também os pontos que nos questionam e nos comprometem:
    Ou, isso Sim, isso Não!...   Batismo sim, Casamento não...

Ela nos garante:
"Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática..."
Façamos nossa Profissão de fé = nosso SIM à PALAVRA DE DEUS...
De mão estendida para a Bíblia: cantemos:  "Creio, Senhor, mas aumentai a minha fé..."

                                            Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Mons. José Maria Pereira - As Aparências Enganam
O Evangelho (Mt 21,28-32) começa com uma pergunta dirigida por Jesus aos seus amigos “ Que vos parece ?”; para obter deles  uma resposta  que os ilumine  no seu próprio comportamento . A pergunta é muito simples: dois filhos são enviados pelo pai a trabalhar  na vinha ; o primeiro  responde  “ sim”, mas não  vai ; o segundo diz “não” mas depois  arrepende –se e vai. “Qual dos dois fez a vontade do pai? Os sumos sacerdotes e anciãos do povo responderam: “O primeiro” (Mt 21,29-31).É a sua condenação que Jesus proclama a seguir  bem claramente: “os cobradores de impostos  e  as prostitutas  vos precedem no Reino  de Deus”. Mas, por que razão ? porque os que se opõem ao Senhor – membros do povo escolhido e , além disso , sumos sacerdotes e anciãos  do povo – foram os primeiros a ser  chamados à salvação, mas  deram uma resposta   mais aparente  do que  real , pois  foi  deles que Jesus afirmou : “dizem , mas não fazem” (Mt 23,3).Ouviram a pregação de João Batista , mas não lhes deram crédito porque julgavam-se excessivamente seguros da sua ciência e da não necessidade de aprender ; excessivamente seguros da sua justiça e da não necessidade de conversão : “não vos arrependestes para crer nele” (Mt. 21,32 ) não aceitaram a palavra  de João Batista nem a de Jesus. Vêem-se , pois , colocados para depois , nada mais e nada menos que as pessoas de mau viver , cobradores de impostos e prostitutas ; pois estes arrependeram-se , “afastaram-se do mal que praticaram , acreditaram e praticaram “a justiça” (Ez.18,27), e , por isso foram recebidos  no Reino de Deus . Espontaneamente somos levados a pensar em Levi, Zaqueu, na adúltera ou na pecadora que, em casa de Simão, se prostra a Seus pés, cheia de dor e de amor.
Se os adversários de Jesus não acreditaram na Sua palavra e não se converteram, foi, principalmente, por orgulho, o bicho roedor de todo o bem e máximo obstáculo à salvação. Por isso, surge muito a propósito, a exortação de São Paulo à Virtude da humildade: “Tende entre vós  o mesmo sentimento  que existe em Cristo Jesus. Ele que era de condição divina…esvaziou-se a Si mesmo, assumindo  a  condição de escravo, tornando –se igual aos homens” ( Fl.2,5-7).Se o Filho de Deus Se humilhou ao ponto de carregar sobre Si os pecados  dos homens ,será pedir muito que estes sejam humildes no reconhecimento do seu orgulho e dos seus pecados?
Peçamos ao Senhor a graça de progredirmos na virtude da humildade, fundamento de todas as outras; pois a humildade, ensina o Cura D’Ars, “é a porta pela qual passam as graças que Deus nos outorga; é ela que amadurece todos os nossos atos , dando –lhes valor e fazendo com que  sejam  agradáveis a Deus .Finalmente , constitui-nos donos do coração de Deus ,até fazer Dele ,por assim dizer nosso servidor , pois Deus nunca pode resistir  a um coração humilde”.  È uma virtude que não consiste essencialmente em reprimir os impulsos da soberba , da ambição , do egoísmo , da vaidade … Trata-se de uma virtude que consiste fundamentalmente em inclinar-se diante de Deus e diante de tudo o que há  de Deus  nas criaturas , em reconhecer a nossa pequenez  e indigência em face da grandeza do Senhor .As almas santas sentem uma alegria muito grande em aniquilar-se diante de Deus , em reconhecer que só Ele é grande e que , em comparação com a dEle, todas as grandezas humanas estão vazias de verdade e não são  mais do que mentira. Este aniquilamento não reduz, não encurta as verdadeiras aspirações da criatura, mas enobrece-as e concede-lhes novas asas, abre-lhes horizontes mais amplos.
A humildade nos fará descobrir que todas as coisas boas que existem em nós vêm de Deus, tanto no âmbito da natureza como no da graça: “Diante de Ti, Senhor , a minha vida é como um nada”(Sl.39(38),6).Somente a fraqueza e o erro é que são especificamente nossos.
A humildade nada tem a ver com a timidez ou a mediocridade. Os santos foram homens magnânimos, capazes de grandes empreendimentos para a glória  de Deus .O humilde é  audaz porque conta com a graça  do Senhor , que tudo pode, porque recorre com  freqüência à oração , convencido da absoluta necessidade da  ajuda divina.E por  ser simples e  nada arrogante ou autossuficiente , atrai as amizades , que são veículo para uma ação apostólica eficaz e de longo alcance .
A soberba e a tristeza andam frequentemente de mãos dadas, enquanto a alegria é patrimônio da alma humilde.
Hoje o Senhor nos envia a trabalhar na sua vinha. Somos o filho que diz Sim ou o que diz Não? Somos o primeiro ou o segundo? Seria melhor que fôssemos como o terceiro filho, do qual a parábola não fala: aquele que diz sim e vai mesmo!
O que importa mesmo não é parecer, mas ser realmente, realizar na vida o plano de Deus. Para tal, que tenhamos “o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus” (Fl. 2,5). Sejamos humildes, sinceros. As aparências enganam!
Mons. José Maria Pereira
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Homilia de D. Henrique Soares - Mt 21,28-32
A Palavra de Deus deste Domingo recorda-nos que nossa relação com o Senhor não é algo estático, congelado, adquirido uma vez por todas. Ninguém pode dizer que possui uma amizade permanente com o Senhor, amizade que é garantida para sempre e não poderia jamais ser perdida. Não! Não é assim! Nossa relação com o Senhor é um caminho, caminho dinâmico, que vai se configurando na nossa vida, crescendo ou diminuindo, aprofundando-se ou morrendo, conforme nossa atitude em cada fase de nossa existência. O Senhor é sempre fiel, não muda jamais; quanto a nós, devemos cuidar de ir sempre crescendo, de fé em fé, de esperança em esperança, de amor em amor, na nossa relação com o Senhor. É isto que as leituras de Ezequiel e do Evangelho nos sugerem. O profeta Ezequiel, em nome de Deus, previne: “Quando o justo se desvia da justiça, pratica o mal e morre, é por causa do mal praticado que ele morre!” Eis, que exemplo trágico: o amigo de Deus que morre para a vida com Deus! E por quê? Porque se descuidou e foi matando a relação com o Senhor, a ponto de matar Deus no seu coração e morrer para a relação com Deus! Ninguém pode dizer: “Já fiz tanto, já dei tanto ao Senhor, já renunciei tanto. Agora basta! Vou estacionar!” Isso seria regredir, definhar no caminho do Senhor, morrer para a vida com Deus! Mas, o contrário também é verdadeiro. Escutemos: “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida. Arrependendo-se de todos os céus pecados, com certeza viverá; não morrerá!” Eis a bondade do Senhor, que não nos prende no passado pecaminoso: Senhor da vida, teu amor nos faz recomeçar sempre! Não há desculpas para não mudarmos de vida, para não recomeçarmos, para não deixarmos nosso atoleiro de pecado, de vício de preguiça espiritual! O Senhor nos espera sempre hoje, no aqui e no agora; ainda que não muitas vezes não acreditemos mais em nós mesmos, ele continua crendo em nós, ele nos dá sempre a chance de experimentar seu perdão e sua misericórdia!
O que o Senhor falou pela boca de Ezequiel, Jesus confirma na parábola do Evangelho deste hoje. Quem são os dois filhos? O primeiro, que não queria obedecer ao pai, mas depois se arrependeu, são os pecadores que, arrependidos e humilhados, de coração acolheram Jesus e o Reino que ele veio anunciar; o segundo filho, que prometeu fazer a vontade do pai e, depois, fez como bem quis e entendeu, são aqueles escribas e fariseus, justos aos seus próprios olhos, caprichosos e auto-suficientes, que terminaram perdendo o Reino de Deus por recusarem acolher Jesus e sua palavra. Eis, caríssimos: o que estamos sendo diante de Deus? Estamos sendo generosos para com ele? Temos acolhido sua vontade na nossa vida? Temos sido atentos aos seus apelos? Deveríamos sempre progredir no caminho do Senhor… Progredimos quando o amamos, quando fazemos sua vontade, quando a ele nos dedicamos; progredimos quando crescemos na virtude, progredimos quando somos fiéis aos nossos compromissos para com ele… Mas, entre nós, há aqueles que regridem, que esmorecem, que esfriam e se afastam… aqueles que pensam que podem ser cristãos numa atitude de comodismo burguês…
Que fazer para não parar? Que fazer para crescer no caminho do Senhor? São Paulo nos indica um caminho de grande beleza, simplicidade e eficácia, um caminho indispensável a todos nós! Quereis crescer na estrada de Deus? Quereis experimentar seu amor? Quereis viver de verdade? Então, “tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus!” Que conselho! Contemplar Jesus, aprender dele, do seu coração, seus sentimentos de total amor e total doação em relação ao Pai e a nós; aprender sua doçura, sua humildade, sua obediência radical ao Pai: “Ele, existindo na condição divina, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo, tornando-se igual aos homens, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz”. Caríssimos, em Cristo, temos o hábito de pensar em Jesus, de contemplar essa sua atitude? Olhemos a cruz, aprendamos a lição do Senhor! Cristo nunca se buscou a si próprio, mas esvaziou-se totalmente, desejando somente a vontade do Pai. Por isso foi livre, por isso foi a mais perfeita e completa manifestação do Reino de Deus, pois isso o Pai o exaltou, o glorificou, encheu-o de vida plena!
Pois, bem, o Apóstolo nos convida a contemplar Jesus, escutar Jesus, para adquirir os sentimentos de Jesus e, assim, viver a vida de Jesus. Viver assim, é ser amigo de Deus, é viver de verdade e tornar-se sinal de vida divina para os outros. Isso os cristãos deveriam ser; isso a Igreja deve ser! Pensem no quadro encantador que São Paulo traça: “Se existe consolação na vida em Cristo, se existe alento no mútuo amor, se existe comunhão no Espírito, se existe ternura e compaixão… aspirai à mesma coisa, unidos no mesmo amor; vivei em harmonia, procurando a unidade. Nada façais por competição ou vanglória, mas, com humildade, e cada um não cuide somente do que é seu, mas também do que é do outro!” Eis, caríssimos, o que é ter os sentimentos do Cristo; eis o que é viver para Deus; eis o que é ser já agora, testemunha daquela verdadeira vida que o Senhor nos dará por toda a eternidade! Cresçamos nesse caminho, progridamos nessa vida, para vivermos de verdade. Como pede a oração inicial desta Santa Missa: “Ó Deus, derramai em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais!” Amém.
D. Henrique Soares
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Homilia do Pe. Françoá Costa - Arrependimento
“Se arrependimento matasse…” Esta frase é a expressão de uma dor profunda, do desejo de voltar atrás e de não ter feito determinada ação ou dito certa palavra. A contrição, isto é, o arrependimento por termos ofendido a Deus tem a ver com essa realidade: vontade de não ter cometido tal ou qual ação. O primeiro dos filhos que aparecem do Evangelho de hoje teve essa oportunidade: voltar atrás. Ele tinha dito ao seu pai que não queria ir trabalhar na vinha. Falou a verdade. “Mas, em seguida, tocado de arrependimento, foi” (Mt 21,29). Mas será que ele voltou atrás mesmo? Somente em parte. Se observarmos bem, não era possível àquele jovem dar uma resposta diferente daquela que ele já tinha dado ao seu pai: o que aconteceu, aconteceu. O nosso jovem, não obstante, procurou reparar aquela situação através da sua boa ação: foi trabalhar na vinha!
Como foi bela a atitude daquele jovem! Não porque ele tenha dado uma resposta de desobediência ao pai, mas porque ele se arrependeu logo e também porque ele procurou mostrar o seu amor através da própria atuação. Quando as palavras já não são suficientes restam as obras e quando ambas já não servem para expressar o que sentimos, o silêncio ganha em eloquência.
Fazer coisas erradas parece inevitável enquanto estivermos neste vale de lágrimas. No meio a tantos erros e pecados não nos esqueçamos, porém, que Deus espera o nosso arrependimento, a nossa dor de amor. É fruto da graça, sem dúvida, mas também nós podemos colaborar ao não resistirmos à ação do Espírito Santo em nosso favor. O estranho não é ter pecados, o esquisito não é equivocar-se, a coisa rara de verdade não é errar. O que tem de estranho que a miséria seja miserável? Nada. Na vida de um filho de Deus, de um cristão, o verdadeiramente bizarro seria não arrepender-se de ofender a Deus, que é tão bom e amável.
Arrepender-se não é o mesmo que chorar. Pode haver pessoas que estão muito arrependidas, mas das quais não brota sequer uma lágrima. Por quê? São insensíveis? Não, simplesmente porque são pouco propensas à afloração de sentimentos. A contrição ou arrependimento “consiste numa dor da alma e detestação do pecado cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro” (Cat. 1451). O Catecismo da Igreja Católica distingue dois tipos de contrição: perfeita e imperfeita.
A contrição perfeita “brota do amor de Deus, amado acima de tudo (…). Esta contrição perdoa as faltas veniais e obtém também o perdão dos pecados mortais, se incluir a firme resolução de recorrer, quando possível, à confissão sacramental” (Cat. 1452). Já que Deus aparece ao fiel como realidade amável, tudo o que lhe afastou de Deus parece como algo profundamente detestável. É o amor, portanto, que abre os olhos para que vejamos a feiura do pecado. No lado oposto de cada amor se encontra o ódio; neste caso, vem à alma o ódio, a detestação, do pecado cometido porque este ofende a Deus, bom e digno de todo o nosso amor e adoração.
A contrição imperfeita (atrição) “nasce da consideração do peso do pecado ou do temor da condenação eterna e de outras penas que ameaçam o pecador (contrição por temor)” (Cat. 1543). Neste caso, o Espírito Santo nos impulsiona através do temor para que percebamos algo do mal que cometemos. Este tipo de arrependimento é suficiente para que possamos aproximar-nos do sacramento da confissão e pedir perdão a Deus de todos os nossos pecados.
Não podemos aproximar-nos do sacramento da confissão sem nenhum tipo de arrependimento. Neste caso, ainda que o sacerdote absolvesse, não seríamos perdoados porque estaríamos resistindo ao perdão de Deus. Note-se: não é que Deus não queira me perdoar, sou eu quem resiste ao seu perdão amoroso ao não arrepender-me. Assim como eu não posso chegar para alguém e dizer assim: “olha, eu matei o seu filho, você me perdoe; mas, se o seu outro filho me agoniar eu vou matá-lo também”. De maneira semelhante, não podemos chegar diante de Deus, no sacramento da confissão, e dizer-lhe: “eu fiz esse pecado, me perdoe; mas eu vou continuar fazendo o mesmo pecado, é só aparecer a primeira oportunidade”. O quê? Ainda esperamos que Deus nos perdoe tendo tal atitude interior. Sejamos sinceros e conscientes de que “de Deus não se zomba” (Gl 6,7).
Pe. Françoá Costa

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
O SENHOR ESTEJA CONVOSCO... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à Senhor, nosso Deus e Pai, ajudai-nos a compreender os vossos caminhos para que não morramos sem a vossa paz. Vós sois o Deus do amor e da bondade. Fazei de nós pessoas de paz e de justiça. Abri nosso coração para que pratiquemos o amor e a justiça.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
àSenhor, completai em nós os sentimentos de ternura e misericórdia. Criai em nós um espírito de humildade para que possamos ser auxílio aos outros. Que possamos ser obedientes aos vossos chamados e o vosso nome seja proclamado e glorificado.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.
à Pai, vos louvamos pelo vosso imenso amor. Ajudai-nos a sermos filhos obedientes, filhos fiéis à vossa vontade. Que vosso Reino venha a nós para que nos alegremos no vosso amor. Enviai o vosso Espírito Santo para que nos ilumine e nos fortaleça nessa caminhada rumo ao vosso Reino.
T: Pai, nós vos louvamos e vos bendizemos.

è    PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO..


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