quinta-feira, 4 de setembro de 2014

23º Dom.T. COMUM ANO A 2014

23º Dom.T. COMUM ANO A 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)
Tema:
Todos somos responsáveis uns pelos outros.
A primeira leitura fala-nos do profeta como uma “sentinela”. Como sentinela responsável alerta a comunidade para os perigos que a ameaçam.
O Evangelho deixa clara a nossa responsabilidade em ajudar cada irmão a tomar consciência dos seus erros. Trata-se de um dever que resulta do mandamento do amor. Jesus ensina que o correto para atingir esse objetivo não passa pela condenação de quem falhou, mas pelo diálogo fraterno.
Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos a colocar no centro o mandamento do amor.

6. PRIMEIRA LEITURA (Ez 33, 7-9) Leitura da Profecia de Ezequiel.
Assim diz o Senhor: “Quanto a ti, filho do homem, eu te estabeleci como vigia para a casa de Israel. Logo que ouvires alguma palavra de minha boca, tu os deves advertir em meu nome. Se eu disser ao ímpio que ele vai morrer, e tu não lhe falares, advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio vai morrer por própria culpa, mas eu te pedirei contas da sua morte. Mas, se advertires o ímpio a respeito de sua conduta, para que se arrependa, e ele não se arrepender, o ímpio morrerá por própria culpa, porém tu salvarás tua vida”.
AMBIENTE - Ezequiel é conhecido como “o profeta da esperança”. Ezequiel exerce a sua missão profética entre os exilados judeus. A primeira fase do ministério de Ezequiel decorre entre 593 a.C. (data do seu chamamento) e 586 a.C. (data em que Jerusalém é arrasada pelas tropas de Nabucodonosor e uma segunda leva de exilados é encaminhada para a Babilônia). Nesta fase, Ezequiel procura destruir falsas esperanças e anuncia que, ao contrário do que pensam os exilados, o cativeiro está para durar… Eles não só não vão regressar a Jerusalém, mas os que ficaram em Jerusalém (e que continuam a multiplicar os pecados e as infidelidades) vão fazer companhia aos que já estão desterrados na Babilônia.
A segunda fase do ministério de Ezequiel desenrola-se a partir de 586 a.C. e prolonga-se até cerca de 570 a.C. Instalados numa terra estrangeira, privados de templo, de sacerdócio e de culto, os exilados estão desesperados e duvidam da bondade e do amor de Deus. Nessa fase, Ezequiel procura alimentar a esperança dos exilados e transmitir ao Povo a certeza de que o Deus salvador e libertador – esse Deus que Israel descobriu na sua história – não os abandonou nem esqueceu.
O
profeta é, entre os exilados, como uma sentinela atenta, que escuta os apelos de Deus e que avisa o Povo dos perigos que aparecem no horizonte da comunidade.
MENSAGEM - A sentinela é o vigilante atento que, quando pressente o perigo, tem a obrigação de dar o alarme. Se a sentinela não vigiar ou se não der o alarme, será responsável pela catástrofe que atingiu o seu Povo. Assim é o profeta. Ele é esse guarda que Jahwéh colocou no meio da comunidade do Povo de Deus, para perscrutar atentamente o horizonte da história e da vida do Povo e para dar o alarme sempre que a comunidade corre riscos.
Para que o profeta seja uma sentinela eficiente, ele tem de ser, simultaneamente, um homem de Deus e um homem atento ao mundo que o rodeia.
O profeta é, antes de mais, um homem que Jahwéh chamou ao seu serviço. Eleito por Jahwéh, chamado para o serviço de Jahwéh, ele vive em comunhão com Deus; e nessa intimidade que vai criando com Deus, ele descobre a vontade de Deus e aprende a discernir os projetos que Deus tem para os homens e para o mundo. Ao mesmo tempo, o profeta é um homem do seu tempo, mergulhado na realidade e nos desafios da sociedade em que está integrado; conhece o mundo e é capaz de ler, numa perspectiva crítica, os problemas, os dramas e as infidelidades dos seus contemporâneos.
Ao contemplar os planos de Deus apercebe-se de que a realidade da vida dos homens é muito diferente dessa realidade que Deus projetou. Diante disto, o profeta tem que dizer a todos – mesmo que recusem escutá-lo – que continuar a trilhar esses caminhos errados não pode senão conduzir à infelicidade, ao sofrimento, à morte.
O profeta/sentinela é, em última análise, um sinal vivo do amor de Jahwéh pelo seu Povo. É Deus que o chama, que o envia em missão, que lhe dá a coragem de testemunhar, que o apóia nos momentos de crise, de desilusão e de solidão… O profeta/sentinela é a prova de que Deus continua a oferecer ao seu Povo caminhos de salvação e de vida. O profeta/sentinela demonstra que Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva.
ATUALIZAÇÃO - • Pelo Batismo, todos nós fomos constituídos profetas. Recebemos a missão de dizer que certos valores que o mundo cultiva são responsáveis por muitos dos dramas que afligem os homens.
• O profeta/sentinela tem de ser alguém que vive em comunhão com Deus, medita a Palavra de Deus e vai percebendo o que Deus quer para os homens. É dessa relação forte com Deus que o profeta/sentinela tira a coragem para falar, para denunciar e para agir.
• O profeta/sentinela tem de estar atento aos acontecimentos da vida nacional e internacional e tem de aprender a ler os acontecimentos à luz de Deus e do projeto de Deus.

SALMO 94 (95) ;Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

10. EVANGELHO (Mt 18,15-20) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: “Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão. Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas. Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público. Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. De novo, eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”.
AMBIENTE – Na comunidade de Mateus existem tensões entre os diversos grupos e problemas de convivência: há irmãos que se julgam superiores aos outros e que querem ocupar os primeiros lugares; há irmãos que tomam atitudes prepotentes e que escandalizam os pobres e os débeis; há irmãos que magoam e ofendem outros membros da comunidade; há irmãos que têm dificuldade em perdoar as falhas e os erros dos outros… Para responder a este quadro, Mateus elaborou uma exortação que convida à simplicidade e humildade, ao acolhimento dos pequenos, dos pobres e dos excluídos, ao perdão e ao amor. Ele desenha, assim, um “modelo” de comunidade para os cristãos de todos os tempos: a comunidade de Jesus tem de ser uma família de irmãos, que vive em harmonia, que dá atenção aos pequenos e aos débeis, que escuta os apelos e os conselhos do Pai e que vive no amor.
MENSAGEM - Em primeiro lugar, Mateus propõe um encontro com o irmão que provocou conflitos e que se fale com ele cara a cara sobre o problema. O caminho correto não passa, por dizer mal “por trás”, por criticar publicamente (ainda que não se invente nada), e muito menos por espalhar boatos, por caluniar, por difamar. O caminho correto passa pelo confronto pessoal, leal, honesto, sereno, compreensivo e tolerante com o irmão em causa.
Se esse encontro não resultar, Mateus propõe uma segunda tentativa. Essa nova tentativa implica o recurso a outros irmãos que, com serenidade, sensibilidade e bom senso, sejam capazes de fazer o infrator perceber o sem sentido do seu comportamento.
Se também essa tentativa falhar, resta o recurso à comunidade. A comunidade será então chamada a confrontar o infrator, a recordar-lhe as exigências do caminho cristão e a pedir-lhe uma decisão. No caso de o infrator se obstinar no seu comportamento errado, a comunidade terá que reconhecer, com dor, a situação em que esse irmão se colocou a si próprio; e terá de aceitar que esse comportamento o colocou à margem da comunidade. Mateus acrescenta que, nesse caso, o faltoso será considerado como “um pagão ou um cobrador de impostos”. Isto significa que os pagãos e os cobradores de impostos não têm lugar na comunidade de Mateus? Não. Ao usar este exemplo, o autor deste texto não pretende referir-se a indivíduos, mas a situações. Trata-se de imagens tipicamente judaicas para falar de pessoas que estão instaladas em situações de erro, que se obstinam no seu mau proceder e que recusam todas as oportunidades de integrar a comunidade da salvação.
A Igreja tem o direito de expulsar os pecadores? Mateus não sugere aqui, com certeza, que a Igreja possa excluir da comunhão qualquer irmão que errou. Na realidade, a Igreja é uma realidade divina e humana, onde coexistem a santidade e o pecado. O que Mateus aqui sugere é que a Igreja tem de tomar posição quando algum dos seus membros, de forma consciente e obstinada, recusa a proposta do Reino e realiza atos que estão frontalmente contra as propostas que Cristo veio trazer. Nesse caso, contudo, nem é a Igreja que exclui o prevaricador: ele é que, pelas suas opções, se coloca decididamente à margem da comunidade. A Igreja tem, no entanto, que constatar o fato e agir em conseqüência.
Depois desta instrução sobre a correção fraterna, Mateus acrescenta três “ditos” de Jesus.
O primeiro refere-se ao poder, conferido à comunidade, de “ligar” e “desligar”. Entre os judeus, a expressão designava o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido e para excluir ou re-introduzir alguém na comunidade do Povo de Deus; aqui, significa que a comunidade (Jesus dissera estas mesmas palavras a Pedro; mas aí Pedro representava a comunidade dos discípulos) tem o poder para interpretar as palavras de Jesus, para acolher aqueles que aceitam as suas propostas e para excluir aqueles que não estão dispostos a seguir o caminho que Jesus propôs.
O segundo sugere que as decisões graves para a vida da comunidade devem ser tomadas em clima de oração. Assegura aos discípulos, reunidos em oração, que o Pai os escutará.
O terceiro garante aos discípulos a presença de Jesus “no meio” da comunidade. Neste contexto, sugere que as tentativas de correção e de reconciliação entre irmãos, no seio da comunidade, terão o apoio e a assistência de Jesus.
ATUALIZAÇÃO • O Evangelho deste domingo sugere a nossa responsabilidade em ajudar cada irmão a tomar consciência dos seus erros. Convida-nos a respeitar o nosso irmão, mas a não pactuar com as atitudes erradas que ele possa assumir. Amar alguém é não ficar indiferente quando ele está a fazer mal a si próprio; por isso, amar significa, muitas vezes, corrigir, admoestar, questionar, discordar, interpelar… É preciso amar muito e respeitar muito o outro, para correr o risco de não concordar com ele, de lhe fazer observações que o vão magoar; no entanto, trata-se de uma exigência que resulta do mandamento do amor…
• Sobretudo, é preciso que a nossa intervenção junto do nosso irmão não seja guiada pelo ódio, pela vingança, pelo ciúme, pela inveja, mas seja guiada pelo amor. A lógica de Deus não é a condenação do pecador, mas a sua conversão; e essa lógica devia estar sempre presente, quando nos confrontamos com os irmãos que falharam. O que é que nos leva, por vezes, a agir e a confrontar os nossos irmãos com os seus erros: o orgulho ferido, a vontade de humilhar aquele que nos magoou, a má vontade, ou o amor e a vontade de ver o irmão reencontrar a felicidade e a paz?
• A Igreja tem o direito e o dever de pronunciar palavras de denúncia e de condenação, diante de atos que afetam gravemente o bem comum… No entanto, deve distinguir claramente entre a pessoa e os seus atos errados. As ações erradas devem ser condenadas; os que cometeram essas ações devem ser vistos como irmãos, a quem se ama, a quem se acolhe e a quem se dá sempre outra oportunidade de acolher as propostas de Jesus e de integrar a comunidade do Reino.
8. SEGUNDA LEITURA (Rm 13,8-10) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos: Não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei. De fato, os mandamentos: “Não cometerás adultério”, “Não matarás”, “Não roubarás”, “Não cobiçarás” e qualquer outro mandamento se resumem neste: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”. O amor não faz nenhum mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei.

AMBIENTE - Deus oferece a todos a salvação; ao homem resta acolher o dom de Deus, aderindo a Jesus e à sua proposta… Mas a adesão a Jesus implica assumir, na prática do dia a dia, atitudes coerentes com essa vida nova que o cristão acolheu no dia do seu batismo.
MENSAGEM - Paulo exorta os crentes de Roma a construir toda a sua vida sobre o amor. O cristianismo sem amor é uma mentira. Qualquer dívida pode ser liquidada de uma vez; mas o amor não: em cada instante é preciso amar e amar sempre mais. O cristão nunca poderá cruzar os braços e dizer que já ama o suficiente ou que já amou tudo: ele tem uma dívida eterna de amor para com os seus irmãos.
No mandamento do amor, resume-se toda a Lei e todos os preceitos. Os diversos mandamentos não passam, aliás, de especificações da exigência do amor.

ATUALIZAÇÃO • Na última ceia Jesus resumiu desta forma a proposta que veio apresentar aos homens: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,12). Este não é “mais um mandamento”, mas é “o mandamento” de Jesus. Na nossa experiência cristã, só o amor é essencial; tudo o resto é secundário.
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Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles.
Neste Evangelho, Jesus nos fala a respeito da correção fraterna. A Comunidade cristã é o Corpo vivo de Cristo presente na terra. Ela é a presença viva de Jesus no nosso bairro, agindo como luz, sal e fermento, a fim de que todos juntos construamos o Reino de Deus.
Mas a Comunidade é composta de pecadores. Daí a necessidade da correção fraterna. “Eu te coloquei como sentinela... Se eu disser ao ímpio que ele deve morrer, e não lhe falares, advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio morrerá por própria culpa, mas eu te pedirei contas do seu sangue” (Ez 33,7-8). O modo de Deus agir para corrigir os que erram é através dos próprios cristãos, uns corrigindo os outros. Daí as orientações que Jesus nos deu neste Evangelho. Ele explica com clareza como devemos proceder quando um irmão ou irmã está levando vida errada:
“Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão.” Em particular porque pode acontecer que estávamos enganados ou mal informados. Quantos casos se esclarecem nesses contatos pessoais, e morrem ali mesmo!
“Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas.” O discernimento em grupo é mais objetivo do que a nossa opinião particular. Pode acontecer que essas pessoas que chamamos nos convençam de que a pessoa está certa, e a questão termina ali.
Os nossos julgamentos nem sempre são objetivos. Somos influenciados por muitos fatores, como a simpatia ou antipatia, o estado emocional naquela hora, a desinformação... Por isso que devemos ser humildes e consultar outras pessoas.
Outro motivo para convidar pessoas é que: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”. E com Jesus presente, é claro, tudo funciona melhor. Jesus supõe também que vai haver diálogo, no qual a pessoa que errou terá oportunidade de se explicar. Daí para frente, a decisão, se a pessoa está errada ou não, é grupal e não mais pessoal nossa.
“Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja”. Quer dizer, à coordenação da Comunidade cristã. Isso porque “tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”. Tudo o que a Igreja faz, Deus assina embaixo.
“Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como um pagão ou um pecador público.” Agora sim, podemos e devemos contar para os membros da Comunidade, que aquela pessoa errou, para que todos saibam distinguir o que é certo e o que é errado. Mas noventa e nove por cento dos casos se resolvem antes de chegar a esse ponto.
Em relação às pessoas que persistem no erro, Jesus não quer que cruzemos os braços. São ovelhas desgarradas que nós devemos sempre procurar, para tentar trazê-las de volta ao rebanho.
O grande problema em relação à correção fraterna é que nós freqüentemente invertemos a ordem desses passos apresentados por Jesus, e começamos pelo último, que é comentar com os outros, antes mesmo de falar com a própria pessoa que errou.
O contrário também acontece: uma pessoa está dando um escândalo, continua participando da Comunidade, e ninguém a adverte nem toma providência. Assim, a Comunidade perde o brilho e o povo começa a deixá-la, a começar com os jovens.
Ao corrigir alguém, devemos ser humildes, expressando os nossos sentimentos, de tal modo que a pessoa perceba que estamos querendo o bem dela, e nada mais. Fazendo assim, a pessoa não se sente humilhada e vai até nos agradecer. “Aquele que quer aprender, gosta que lhe digam o que está certo” (Prov 12,1).
“Irmãos, caso alguém seja apanhado em falta, vós, os espirituais, corrigi esse tal com espírito de mansidão, cuidando de ti mesmo, para que também tu não sejas tentado” (Gl 6,1). S. Paulo nos lembra o perigo de a pessoa fazer a nossa cabeça e nós também entrarmos no erro dela.
Devemos também ser compreensivo e paciente com os que erram, não querendo que mudem da noite para o dia. “Eis o meu servo... Ele não quebra o ramo já machucado, não apaga o pavio já fraco de chama. Fielmente promoverá o que é de direito, sem amolecer e sem oprimir” (Is 42,3-4; Mt 12,18-20).
E neste Evangelho Jesus fala: “Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”. Veja como é importante a vida em Comunidade! Em outras palavras, Jesus diz: Tudo o que vocês, como Comunidade, fizerem, e as decisões que tomarem, Deus assina embaixo. Por exemplo, se uma pessoa morre legitimamente dentro da Igreja da terra, e em comunhão com ela, é certo que estará eternamente dentro da Igreja celeste, junto com Deus, com seus anjos e santos, inclusive junto com os seus parentes que faleceram também dentro da Igreja.

Na antigüidade, alguns imperadores maometanos eram chamados de sultões. Eles eram senhores absolutos. Certa vez, um sultão teve um sonho triste. Sonhou que seus dentes iam caindo, um por um, até ele ficar banguela.
No dia seguinte, ele chamou um adivinho e lhe pediu que interpretasse o sonho. O adivinho lhe disse, com um ar triste: "Majestade, este sonho prediz uma grande desgraça. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade".
O sultão, enfurecido, lhe respondeu: "Mas que atrevimento! Fora daqui!" E mandou que aquele adivinho fosse açoitado.
Mandou chamar outro adivinho. Este, após ouvir o sonho, sorriu e disse: "Grande felicidade está reservada para vossa majestade. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes".
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso; e mandou dar cem moedas de ouro a este adivinho.
Os dois adivinhos disseram a mesma coisa, só que de maneira diferente. O primeiro de forma negativa e o segundo de forma positiva.
Este é o segredo da correção. Apresentar o lado positivo da pessoa, pois todos temos qualidades e virtudes. Só o diabo é totalmente ruim, assim como só Deus é totalmente bom.
A Comunidade cristã tem uma Mãe zelosa para com seus filhos e filhas desgarradas. Com seu jeito de mãe, ela sabe como corrigir. Que ela nos ajude a praticar bem este mandamento de Jesus, da correção fraterna.

"Sentinelas de Deus"

Estamos no mês de Setembro, dedicado à BÍBLIA.
A melhor homenagem que podemos fazer à Palavra de Deus é acolhê-la e procurar vivê-la na vida de cada dia. Nela sempre temos uma resposta, uma luz para todas as situações da vida.

Uma situação concreta, que muitas vezes nos aflige: Diante de uma pessoa amiga que está no erro,
que atitude devemos tomar: Falar ou calar? As leituras bíblicas de hoje nos dão uma resposta...
Na 1a Leitura, o profeta Ezequiel aparece como uma "SENTINELA", que Deus colocou a vigiar a "Casa de Israel". (Ez 33,7-9)

- SENTINELA é o guarda atento, que perscruta o horizonte para prevenir o Povo de possíveis perigos.
Quando percebe um perigo, deve dar o sinal combinado. Assim a comunidade poderá preparar-se para enfrentar o inimigo. Se não o fizer, será RESPONSÁVEL pela catástrofe.

- PROFETA é a Sentinela do Senhor no meio do Povo para perscrutar atentamente a realidade e alertar os perigos que a ameaçam. Como profundo conhecedor de Deus e das realidades dos homens, o profeta não pode ficar indiferente diante de uma pessoa má e corrupta.
Ezequiel é conhecido como o "Profeta da Esperança". Aos exilados, que estão em terra estrangeira, privados do Templo, do sacerdócio e do culto, e duvidam da bondade e do amor de Deus, alimenta a esperança de que Deus não os abandonou nem esqueceu.Deus continua a amar o seu Povo e a enviar seus profetas.

* Na Igreja, todos somos profetas ("sentinelas"), portanto RESPONSÁVEIS também pelo destino dos nossos irmãos.

Na 2a leitura, Paulo ensina que o AMOR é a plenitude da Lei e caminho para corrigir o irmão que erra. (Rm 13,8-10)

* O verdadeiro amor não deixa as pessoas como são, com seus defeitos. Por isso, faz parte do amor corrigir com humildade o irmão, que está errado. A correção fraterna é fácil quando animada pela caridade e muito difícil quando a comunhão fraterna não existe.

O Evangelho sugere o modo de proceder com o irmão que errou. (Mt 18,15-20)

Como corrigir o irmão que errou e provocou conflitos na Comunidade?
O Evangelho propõe um caminho em VÁRIAS ETAPAS:

- 1o Passo: Um encontro pessoal a sós com esse irmão...

* Muitas vezes costumamos espalhar o erro ao quatro ventos...
O AMOR é mais importante do que a VERDADE...
A verdade nua e crua, muitas vezes destrói a convivência entre as pessoas, pode arruinar uma família e destruir um casamento...

* Convém dizer sempre toda a verdade?
A verdade que não produz amor, mas provoca perturbações, gera discórdias, ódios e rancor, não deve ser dita.
Ex.: - Mãe que esconde atitude dos filhos ao esposo, para evitar conflitos...
- Esposo convertido deve contar o passado infiel? Falando, "Vai ajudar?" (Calando, quantos dissabores evitaríamos!)
Saber quando devemos calar... quando devemos falar... e como falar...

- 2o Passo: Se ele não ouvir, pedir a ajuda de OUTRAS PESSOAS, que tenham sensibilidade e sabedoria...

- 3o Passo: Se essa tentativa também falhar, levar o assunto à COMUNIDADE para recordar ao infrator as exigências do caminho cristão.
Mas a intervenção deve ser guiada pelo amor.
* Como vemos, recomenda-se que fique tudo em casa...
Ex. - Falar mal da própria Comunidade: é negativo...
- da família: Pode aumentar os ressentimentos... "roupa suja..."
- Você ouviu um "crente" falar mal da sua igreja ou do seu pastor?
Você ouviu um católico falar mal da sua paróquia ou do seu padre?
- Finalmente: Se persistir no erro, será considerado um gentio, um pagão.
Não é a Igreja que exclui o infrator, é ele que recusa a proposta do Reino e se coloca à margem da Comunidade.

+ E o Evangelho acrescenta uma Exortação à ORAÇÃO em comum:
"Se dois estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhe será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois, onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles".

Isso quer nos lembrar que, quando a correção não for possível por outros meios, ainda poderá ser possível pela oração, feita em comum, em nome de Jesus.

* Deus pode contar com você como uma "SENTINELA" fiel?

As ações erradas devem ser condenadas; os que as cometeram devem ser vistos como irmãos, a quem se ama, se acolhe e se dá sempre outra oportunidade para voltar...

Pe. Antônio
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homilia do Pe. Françoá Costa

Correção fraterna: sinal de amor verdadeiro

Como é bom encontrarmos irmãos que querem o nosso bem. No cristianismo, a correção fraterna sempre foi o um bem admirado, ainda que, frequentemente, pouco compreendido e, talvez, praticado com escassez. Jesus, no dia de hoje, explica-nos de várias maneiras como corrigir quem erra. À pessoa que é corrigida, o Senhor lhe dirige essas palavras: “aquele que ama a correção ama a ciência, mas o que detesta a reprimenda é um insensato” (Prov 12,1). Perguntemo-nos: queremos que os outros nos ajudem? Desejamos que os nossos irmãos nos corrijam? Temos essa sensatez de quem é consciente de que sozinho não podemos chegar à meta da santidade e de que, portanto, necessitamos da ajuda dos irmãos na fé? São Cirilo dizia que “a repreensão que melhora os humildes costuma ser intolerável aos soberbos”. O humilde deseja ser ajudado, o soberbo basta-se a si mesmo e… quebra a cara!
Também, na literatura profana, encontramos exemplos de ajuda mútua, de orientação e de correção. É edificante ler que Circe de lindas tranças, na Odisséia (Homero), explica ao valente Ulisses como ele deve passar por entre as sereias de belas vozes sem deixar-se arrastar pelo seu harmonioso canto e, desta maneira, não terminar destinado ao cemitério de ossos humanos putrefatos. Ulisses, obediente, à voz de Circe, explica aos seus companheiros que devem ter os seus ouvidos untados com cera para não escutarem a voz das sereias. Ulisses, ao contrário, escutaria a voz das sereias, mas com a seguinte precaução: pede aos seus companheiros que lhe atem os pés e as mãos com cordas. Feitas as coisas desta maneira, chega o momento da terrível prova. Em efeito, Ulisses encantado com as vozes das sereias pede aos seus companheiros que lhe desatem, mas Perímedes e Euríloco, em vez de obedecer, ataram-lhe com mais cordas. Desta maneira, os amigos leais passaram incólumes por essa grande provação.
Nós também, se formos amigos leais ou, melhor ainda, se formos irmãos leais, ajudaremos os nossos irmãos. Não os ataremos com cordas para que não pequem, mas lhes daremos os oportunos conselhos para não ofenderem o Senhor e falar-lhes-emos da importância de ser prudentes nisso ou naquilo; caso errarem, lhes corrigiremos com caridade. Nem mesmo perderemos a oportunidade de advertir-lhes – esse é o coração da correção fraterna – sobre alguma coisa que represente algum perigo para eles, especialmente em relação à salvação eterna. O amigo atencioso e cheio da caridade cristã procurará inclusive prever as dificuldades do outro e procurará conduzi-los a bom porto.
Não podemos permitir que episódios semelhantes àqueles que aconteceram nos primórdios da criação continuem sucedendo. Você se lembra? Depois que Caim matou Abel, Deus lhe pergunta: “Onde está o teu irmão?” (Gn 4,9). Caim, covarde e falto de sinceridade, responde ao Senhor: “Não sei! Sou porventura eu o guarda do meu irmão?” (Gn 4,9). Deus não quis dar uma resposta ao interrogante de Caim, mas, sem dúvida, a resposta seria “sim, você é o guarda do seu irmão”. Todos nós temos a responsabilidade de ajudar os outros, temos que cuidar dos nossos irmãos pois… são nossos irmãos!
Talvez seja esse o momento de recordar que há uma obra de misericórdia espiritual que acolhe em si a boa ação da correção a um irmão. “Instruir, aconselhar, confortar são as obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência” (Cat. 2447). Aconselhar! Aí se encontra, portanto, a correção fraterna entre as obras de misericórdia.
Quando não se pratica a correção fraterna é muito fácil cair na murmuração ou nas indiretas. No primeiro caso, murmuração, a coisa se transforma em fofoca; no segundo, dar indiretas, se procura o momento mais oportuno para disparar uma flecha venenosa com uma língua de serpente. “Isso chama-se: bisbilhotice, murmuração, mexerico, enredo, intriga, alcovitice, insídia…, calúnia?… vileza? – É difícil que a “função de dar critério” de quem não tem o dever de exercitá-la, não acabe em “negócio de comadres”” (S. Josemaría Escrivá, Caminho, 449).
Como irmãos em Cristo, temos o dever de corrigir-nos e o direito a que nos corrijam. Vou insistir no direito: é preciso inclusive pedir aos outros que, por favor, nos façam oportunas observações. Quando se tem a humildade de receber uma correção fraterna em silêncio, sem justificar-se, com um sorriso e com um agradecido “obrigado” nos lábios, é sinal de que realmente estamos sendo movidos pelo Espírito de Deus, de que temos autêntico desejo de santidade e de que sabemos ver nas correções que nos fazem o interesse dos nossos irmãos em ajudar-nos. Tenhamos por certo que as pessoas que nos corrigem querem o nosso bem. Os pais, por exemplo, que amam os seus filhos não omitem a oportuna correção. Advertir, corrigir, aconselhar é sinal de carinho verdadeiro pelas pessoas; isto é, porque queremos o bem delas, procuramos afastar para longe delas tudo aquilo que possa fazer-lhes dano.
Pe. Françoá Costa
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homilia de D. Henrique Soares
Mt 18,15-20
Nossa meditação da Palavra do Senhor neste Domingo pode ser desenvolvida em cinco afirmações. Ei-las:
(1) Cristo está presente na sua Igreja; jamais a deixará, “pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”. Caríssimos, quantas vezes tal afirmação foi distorcida como se bastasse que uns quatro gatos pingados se reunissem com a Bíblia e aí estaria Jesus. Nada disso! O sentido é exatamente o contrário. Aqui, neste capítulo 18 de São Mateus, Jesus está falando sobre a vida da Igreja, comunidade que ele fundou e entregou aos apóstolos, tendo Pedro por chefe. Os dois ou três aos quais se refere o Senhor são os líderes da Comunidade que vão decidir a questão do irmão que não quer ouvir os outros e divide a Comunidade! O que a Igreja liga ou desliga na terra – e são os pastores (os Bispos com o Papa) que têm, em última análise, essa responsabilidade – o Senhor ratifica no céu: “Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu!” A autoridade que Cristo deu a Pedro de um modo todo especial, deu-a, aos demais Bispos, os pastores autênticos da sua Igreja, em comunhão com Pedro. Pois bem, onde dois ou três, como Igreja, estiverem reunidos em nome do Senhor, ele estará ali, ratificando suas decisões. Que fique claro: não se pode agradar a Cristo, ser-lhe fiel, rompendo com a sua Igreja! Ela, por mais que seja frágil por causa da nossa fragilidade, é a Comunidade que o Senhor reuniu, sustenta e na qual se faz presente atuante!
(2) Essa Igreja é uma Comunidade de amor. O amor cristão não é simplesmente amizade ou simpatia humana, mas o fruto da presença do próprio Espírito de Amor, o Espírito Santo em nós: “O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado!” (Rm 5,5) É desse amor que fala São Paulo no capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios; é esse amor que “cobre uma multidão de pecados” (Tg 5,20), é esse amor que é “a plenitude da Lei”. Só ama assim quem se abre para o amor de Cristo, deixando-se guiar e impregnar pelo seu Espírito de amor! Ora, caríssimos, a Igreja deve ser o ambiente impregnado desse amor, mais forte que nossas diferenças de temperamento, de opiniões, de modo de agir… Onde está o amor, a caridade, Deus aí está; onde o amor reina, o Reino de Deus está presente neste mundo! A Igreja deve ser o lugar do amor, lugar do Reino!
(3) Essa Comunidade de amor é Comunidade de compromisso, de responsabilidade no seguimento de Cristo. Por isso, não se pode usar o amor para acobertar a covardia, a tibieza, a frieza para com o Senhor e os irmãos e os demandos na Comunidade! O amor é exigente: “O amor de Cristo nos impele” (cf. 2Cor 5,14). A infidelidade ao amor a Cristo e aos irmãos é, precisamente, o pecado, que gera a divisão, a desunião, que faz sangrar a Igreja. Por isso Jesus nos exorta à correção fraterna, desde aquela simples, feita entre irmãos, até a correção formal e mais solene, feita pelo Bispo ou até mesmo pelo Papa, como Chefe Supremo da Igreja de Cristo neste mundo: “Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo; se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas; se ele não der ouvido, dize-o à Igreja”. Muitas vezes, vê-se confundir amor e misericórdia com a covardia ou o comodismo de não corrigir. Ora, caríssimos, a correção é um modo de amar, é um modo de preocupar-se com o outro e com a Comunidade que é ferida pelo pecado e o mau exemplo. A correção pode salvar o irmão. Quantos escândalos nas nossas Comunidades poderiam ter sido evitados se houvera a correção no momento oportuno e do modo discreto e sincero que Jesus nos recomenda. Isso vale para a Igreja menorzinha, que é nossa família doméstica, vale para o grupo do qual participamos, vale para a paróquia, a diocese e a Igreja universal (não a “do Reino de Deus”, mas a de Cristo!), espalhada por toda a terra. A omissão em corrigir é covardia, é falta de amor à Comunidade que é a Igreja, é pecado de omissão e desatenção pelo irmão. Certamente, tal correção deverá ser feita sempre com amor, com discernimento, com caridade fraterna. São Bento, na sua Regra, dá um preceito encantador: “In tribulationem subvenire” – poderíamos traduzir assim: “socorrer na tribulação”. Mas, a palavra latina é subvenire: vir por baixo, vir de baixo. Ou seja, socorrer sim, corrigir sim, mas com a humildade de quem vem por baixo para sustentar, amparar e ajudar, para salvar; não vem com a soberba de quem está por cima para massacrar! Corrigir, sim, mas como Deus, que em Jesus, veio por baixo, na pobreza do presépio e na humilhação da cruz! Aí a correção terá mais chance de surtir efeito!
(4) Na Comunidade de amor às vezes pode ser necessária a punição. Pode ser que não surta efeito a correção fraterna; pode ser que aquele que é corrigido teime na sua dureza de propósito e repouse no erro. Jesus mesmo prevê tal possibilidade no Evangelho de hoje. E, então, o próprio Senhor exorta a que tal irmão seja punido. Que escândalo para a nossa mentalidade atual! O pobre do Papa Bento XVI, antigo Cardeal Ratzinger, sabe o quanto foi difamado porque teve que impor penalidades a teólogos ou outros irmãos que, após a correção, não se emendaram! A nossa tendência é somente recordar do Senhor as palavras que agradam! No entanto, a punição na Igreja não é pela vingança ou o desafogo, mas deverá ser sempre medicinal, isto é, para produzir o arrependimento e a correção, restabelecendo a paz na Comunidade e a salvação do irmão. Que os pais tenha a coragem de corrigir, os Bispos e o Santo Padre também. Aliás, de João Paulo II e Bento XVI, sabemos que a têm, graças a Deus!
(5) Qual o fruto de uma comunidade assim? A saúde fraterna: a alegria de viver como irmãos: “Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão!” Oh, que palavra tão doce: ganhar o irmão! Eis aqui o motivo último da correção fraterna! Pensemos bem, caríssimos: a Igreja não é um clube de amigos, mas uma família de irmãos em Cristo! É o amor do Senhor Jesus Cristo que nos une. A alegria da comunhão fraterna somente será experimentada na sinceridade das nossas relações. Correção, sim; crítica destrutiva, murmuração, difamação, não! Neste sentido, todos nós precisamos fazer um sério exame de consciência, seja em nível de família, como naquele de grupos e paróquias e, até mesmo, de Diocese!
São esses os aspectos que a Palavra de Deus nos põe hoje. Recordemos a exortação do Senhor pela boca de Ezequiel: se não corrigirmos o irmão e ele morrer no seu pecado, a culpa é nossa; se ele se corrigir, ganhamos o irmão: viveremos nós e viverá ele – eis a marca do Reino de Deus neste mundo! Que ele aconteça em nossas comunidades! Amém.
D. Henrique Soares
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Correção Fraterna e Oração
A Palavra de Deus, neste Domingo, pode ser desenvolvida,como meditação, refletindo sobre dois aspectos importantes da vida cristã: a correção fraterna e a oração em família.
Diz Jesus:”Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo”(Mt 18,15).Este primeiro momento demonstra o respeito e o amor para com o próximo. Muitas vezes acontece que se espalha o erro da pessoa aos quatro ventos… Esta atitude não é cristã! É necessário rezar, pedindo as luzes do Espírito Santo para saber quando se deve calar… quando se deve falar… e como falar…
Caso o irmão não queira ouvir, Jesus ensina que se deve pedir a ajuda de outras pessoas, que tenham sensibilidade cristã e sabedoria…
Não se trata de condenar, mas de fazer a correção fraterna para que se restabeleça o amor (cf. Mt. 18,15-20).O grande  critério é o amor mútuo(Rm 13,8-10) para que a comunhão se restabeleça.
Se essa tentativa também falhar, levar o assunto à Igreja (Comunidade) para recordar à pessoa que errou as exigências do caminho cristão. Como se percebe, recomenda-se que fique tudo em casa…
O importante é colocar-se de acordo no bem. Deve sobressair o amor fraterno, o ágape,pois, “não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a lei”(Rm 13,8).
É importante observar o valor da oração em comunidade, em família.
“Se dois estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos Céus. Pois, onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles”(Mt. 18,19-20).
A Igreja viveu desde sempre a prática da oração em comum (cf. At. 12,5).De modo particular, é muito agradável ao Senhor a oração que a família faz em comum!
“A oração familiar, ensina o Beato João Paulo II, tem como conteúdo original a própria vida de família: alegria e dores, esperanças e tristezas, nascimento e festas de anos, aniversário de casamento dos pais, partidas, ausências e regressos, escolhas importantes e decisivas, a morte de pessoas queridas, etc., assinalam a intervenção do amor de Deus na história da família, assim como devem marcar o momento favorável para a ação de graças, para a súplica, para o abandono confiante da família ao Pai comum que está nos Céus. A dignidade e a responsabilidade da família cristã, como Igreja doméstica, só podem ser vividas com a ajuda incessante de Deus, que será concedida, sem falta, a todos os que a implorarem com humildade e confiante na oração.” (Exortação Apostólica Familiaris Consortio, 59).
A oração em comum comunica uma particular fortaleza a toda a família, pois fomenta o sentido sobrenatural, que permite compreender o que acontece ao nosso redor e no seio do lar, e nos ensina a ver que nada é alheio aos planos de Deus: Ele se mostra sempre como um Pai que nos diz que a família é mais sua do que nossa!
“Onde há caridade e amor, ali está Deus”. Quando nós, cristãos, nos reunimos para orar, Cristo encontra-se entre nós.Ele escuta com prazer essa oração alicerçada na unidade.Assim faziam também os Apóstolos:”Perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres,  entre elas Maria, a mãe de Jesus, e os irmãos dele”(At 1,14). Era a nova família de Cristo.
Em família, no mês da Bíblia e sempre, intensificar a leitura orante da Bíblia.
Outra fórmula de oração, que é um belo ato de piedade e de oração familiar, por excelência, é o terço.Ensina o Beato João Paulo II:”A família cristã encontra-se e consolida a sua  identidade na oração. Esforçai-vos por dispor todos os dias de um tempo para dedicá-lo juntos a falar com o Senhor e a escutar a sua voz.Que bonito quando numa família se reza, ao anoitecer, nem que seja uma só parte do Rosário!Uma família que reza unida permanece unida, uma família que ora é uma família que se salva.
Comportai-vos de tal maneira que as vossas casas sejam lugares de fé cristã e de virtude, mediante a oração em comum”.
“Estarei no meio deles”, diz Jesus.Tratando-se da correção fraterna através dos meios indicados por Jesus, quando a mesma não for possível, ainda poderá ser possível pela Oração, feita em comum, em nome de Jesus.





PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:








LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI.:
T: Pai, vos louvamos porque sois Deus de Amor e de Misericórdia.
Bendito sejais, Deus de amor, que nos chamais a ser amor também em nossa comunidade. Nós Vos louvamos pelos profetas que nos enviais para nos guiar.
T: Pai, vos louvamos porque sois Deus de Amor e de Misericórdia.
Deus de amor, Nós Vos damos graças pelos exemplos de amor que nos destes em Jesus. Vossos santos nos mostram como devemos amar a todos que nos rodeiam. Nós Vos pedimos: tornai-nos abertos ao vosso Espírito de amor. Que ele nos torne conscientes de mais amor por nossos irmãos.
T: Pai, vos louvamos porque sois Deus de Amor e de Misericórdia.
Deus justo e bom, fazei que nos tornemos mais compreensivos e mais cheios de zelo para com os irmãos. Que sejamos vigilantes em anunciar o vosso projeto e a denunciar tudo que vai contra o vosso Reino de amor. Que o vosso Espírito seja para nós fonte de discernimento e de coragem!
T: Pai, vos louvamos porque sois Deus de Amor e de Misericórdia.
... Pai nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...


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Sinopse: Tema: “A Igreja, comunidade de amor e de salvação!”; Todos somos responsáveis uns pelos outros.
Primeira leitura fala-nos do profeta como uma “sentinela”. Como sentinela responsável alerta a comunidade para os perigos que a ameaçam.
Evangelho: deixa clara a nossa responsabilidade em ajudar cada irmão a tomar consciência dos seus erros. Isto é amor que passa pelo diálogo e não pela condenação de quem falhou.
Segunda leitura: Paulo convida a colocar no centro o mandamento do amor.
I Leitura: Ezequiel
AMBIENTE - missão profética entre os exilados judeus. Os exilados estão desesperados e duvidam da bondade e do amor de Deus. Nessa fase, Ezequiel procura alimentar a esperança dos exilados e transmitir ao Povo a certeza de que o Deus salvador e libertador não os abandonou nem esqueceu. O profeta é, entre os exilados, como uma sentinela atenta, que escuta os apelos de Deus e que avisa o Povo dos perigos que aparecem no horizonte da comunidade.
MENSAGEM - A sentinela tem a obrigação de dar o alarme. Se não der o alarme, será responsável pela catástrofe que atingiu o seu Povo.
Para que o profeta seja uma sentinela eficiente, ele tem de ser, um homem de Deus e um homem atento ao mundo que o rodeia; ele vive em comunhão com Deus e aprende a discernir os projetos que Deus tem para os homens e para o mundo. Ao mesmo Tempo, mergulhado na realidade da sociedade; conhece os problemas e as infidelidades dos seus contemporâneos. Diante disto, o profeta tem que dizer a todos que continuar a trilhar esses caminhos errados não pode senão conduzir à infelicidade, ao sofrimento, à morte.
O profeta/sentinela é a prova de que Deus continua a oferecer ao seu Povo caminhos de salvação. Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva.
ATUALIZAÇÃO - • Pelo Batismo, todos nós fomos constituídos profetas. Recebemos de Deus a missão de dizer aos nossos irmãos que certos valores que o mundo cultiva são responsáveis por muitos dos dramas que afligem os homens.
EVANGELHO – Mt 18,15-20
AMBIENTEhá irmãos que se julgam superiores aos outros e que querem ocupar os primeiros lugares; há irmãos que tomam atitudes prepotentes e que escandalizam os pobres e os débeis; há irmãos que magoam e ofendem outros membros da comunidade; há irmãos que têm dificuldade em perdoar as falhas e os erros dos outros… Para responder a este quadro, Mateus elaborou uma exortação que convida à simplicidade e humildade, ao acolhimento dos pequenos e excluídos, ao perdão e ao amor. a comunidade de Jesus tem de ser uma família de irmãos, que vive em harmonia, que escuta os apelos do Pai e que vive no amor.
MENSAGEM - para com o irmão que errou, Mateus propõe um encontro que se fale com ele cara a cara sobre o problema. O caminho correto não passa por criticar publicamente, por boatos, calunias ou difamando. Passa pelo confronto pessoal, compreensivo e tolerante com o irmão.
A Segunda
tentativa com o recurso de outros irmãos que, com bom senso, sejam capazes de fazer o infrator perceber o seu comportamento.
Se falhar, resta a comunidade. A comunidade há de recordar-lhe as exigências do caminho cristão. // Jesus sempre está “no meio” da comunidade; a reconciliação entre irmãos, no seio da comunidade, terão o apoio e a assistência de Jesus.
ATUALIZAÇÃO * amar significa, muitas vezes, corrigir, discordar,…
A lógica de Deus não é a condenação do pecador, mas a sua conversão.
• As ações erradas devem ser condenadas; aos que cometeram se dá sempre outra oportunidade de integrar a comunidade do Reino. O modo de Deus agir para corrigir os que erram é através dos próprios cristãos, uns corrigindo os outros
** O grande problema em relação à correção fraterna é que nós freqüentemente invertemos a ordem desses passos apresentados por Jesus, e começamos pelo último, que é comentar com os outros, antes mesmo de falar com a própria pessoa que errou.
O contrário também acontece: uma pessoa está dando um escândalo, continua participando da Comunidade, e ninguém a adverte nem toma providência. Assim, a Comunidade perde o brilho e o povo começa a deixá-la. Ao corrigir alguém, devemos ser humildes, expressando os nossos sentimentos, de tal modo que a pessoa perceba que estamos querendo o bem dela, e nada mais. Fazendo assim, a pessoa não se sente humilhada e vai até nos agradecer. Devemos também ser compreensivo e paciente com os que erram, não querendo que mudem da noite para o dia
LEITURA II – Rom 13,8-10 -
MENSAGEM - Paulo exorta a construir toda a sua vida sobre o amor. No mandamento do amor, resume-se toda a Lei e todos os preceitos.
ATUALIZAÇÃO • Na última ceia Jesus resumiu: “amai-vos uns aos outros como Eu vos amei” (Jo 15,12). Este não é “mais um mandamento”, mas é “o mandamento” de Jesus.

Certa vez, um sultão teve um sonho triste. Sonhou que seus dentes iam caindo, um por um, até ele ficar banguela. No dia seguinte, ele chamou um adivinho e lhe pediu que interpretasse o sonho. O adivinho lhe disse, com um ar triste: "Majestade, este sonho prediz uma grande desgraça. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade". O sultão, enfurecido, lhe respondeu: " Fora daqui!" E mandou que aquele adivinho fosse açoitado. Mandou chamar outro adivinho. Este, após ouvir o sonho, sorriu e disse: "Grande felicidade está reservada para vossa majestade. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes". A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso; e mandou dar cem moedas de ouro a este adivinho.
Os dois adivinhos disseram a mesma coisa, só que de maneira diferente. O primeiro de forma negativa e o segundo de forma positiva.
Este é o segredo da correção. Apresentar o lado positivo da pessoa, pois todos temos qualidades e virtudes. Só o diabo é totalmente ruim, assim como só Deus é totalmente bom.

A Comunidade cristã tem uma Mãe zelosa que sabe como corrigir. Que ela nos ajude na correção fraterna. Quando a correção não for possível por outros meios, ainda poderá ser possível pela oração, feita em comum, em nome de Jesus.

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