3º
DOMINGO DA QUARESMA ANO B 2015 (Diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema: “Cristo conhece o ser humano por dentro!” A liturgia nos mostra a preocupação de Deus em conduzir os homens ao encontro da vida nova.
Tema: “Cristo conhece o ser humano por dentro!” A liturgia nos mostra a preocupação de Deus em conduzir os homens ao encontro da vida nova.
Primeira
leitura: Deus oferece-nos os “mandamentos” que nos
ajudam na relação com Deus e a na relação com os irmãos.
Evangelho: Jesus apresenta-Se como o “Novo Templo” onde Deus Se revela aos homens e lhes oferece o seu amor.
Evangelho: Jesus apresenta-Se como o “Novo Templo” onde Deus Se revela aos homens e lhes oferece o seu amor.
Segunda
leitura: o apóstolo Paulo sugere-nos: a
salvação não está numa lógica de poder mas está na lógica da cruz – isto é, no
amor, no serviço simples e humilde aos irmãos.
5. PRIMEIRA LEITURA (Ex 20,1-17) ...: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou do Egito... Não terás outros deuses... Não farás para ti imagem ...alguma.... Não pronunciarás o nome do Senhor teu Deusem
vão... Lembra-te de santificar o dia de sábado. ... Honra teu
pai e tua mãe,... Não matarás. Não cometerás adultério. Não furtarás. Não
levantarás falso testemunho.... Não cobiçarás.... a mulher do teu próximo, seu
escravo..., seu boi, seu jumento...”.
5. PRIMEIRA LEITURA (Ex 20,1-17) ...: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou do Egito... Não terás outros deuses... Não farás para ti imagem ...alguma.... Não pronunciarás o nome do Senhor teu Deus
AMBIENTE - Aliança do Sinai. O texto, na sua forma atual, não vem de Moisés. É uma elaborações de séculos.
MENSAGEM - O “decálogo”: relação com Deus e com o próximo. A questão essencial é: Jahwéh deve ser o centro da existência de Israel. Só em Jahwéh está a vida e a salvação. Os outros mandamentos dizem respeito às relações com o próximo – a sua vida, os seus direitos, os seus bens. Que cada membro reconheça a sua dependência dos outros e aceite a sua vinculação a uma família e a uma cultura ( “honra teu pai e tua mãe”); pedem que cada membro do Povo de Deus respeite a vida do irmão (: “não matarás”); recomendam que seja defendida a família e respeitadas as relações familiares (“não cometerás adultério”); exigem que se respeite quer os bens, quer a própria liberdade dos outros (“não tomarás para ti” – o que pode referir-se a pessoas ou a coisas. Pode traduzir-se por “não roubarás; pedem o respeito pelo bom nome e pela fama do irmão, dando sempre um testemunho verdadeiro garantindo a justiça (“não levantarás falso testemunho”); exigem o respeito pelos “bens básicos” do irmão ( “não cobiçarás a casa do teu próximo, a mulher dele, o criado ou a criada, o boi ou o jumento, nem coisa alguma que lhe pertença”). Jahwéh, o Deus libertador, está interessado
ATUALIZAÇÃO • Os mandamentos sublinham a centralidade que Deus deve assumir no coração do seu Povo. Na vida somos seduzidos por outros “deuses” – o dinheiro, o poder, os afetos humanos, a realização profissional, o reconhecimento social, os interesses egoístas, as ideologias, os valores da moda – que se tornam o objetivo supremo que condiciona as nossas atitudes e opções. Com frequência, prescindimos de Deus e instalamo-nos num esquema de orgulho e de autossuficiência que coloca Deus e as suas propostas fora da nossa vida. A Palavra de Deus garante-nos: esse não é um caminho para a vida definitiva e à liberdade plena.
• Os mandamentos convidam-nos a despir esses comportamentos que
geram violência, egoísmo, agressividade, cobiça, intolerância, escravidão,
indiferença face às necessidades dos outros. Tudo aquilo que atenta contra a
vida, a dignidade, os direitos dos nossos irmãos, é algo que gera morte,
sofrimento, escravidão.
• A questão é o construir a nossa própria felicidade. É preciso
não ver os “mandamentos” de Deus como propostas descabidas e ultrapassadas,
inventados por uma moral antiquada, que apenas servem para limitar a nossa
liberdade ou para impedir a nossa autonomia; mas é preciso ver os “mandamentos”
como “sinais de trânsito” com os quais Deus, no seu amor, nos ajuda a percorrer
os caminhos da liberdade e da vida verdadeira.
9. EVANGELHO (Jo 2,13-25) Jesus subiu a Jerusalém. No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas... Fez então um chicote ...e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”... Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” Ele respondeu: “Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei”. ...Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito... Vendo os sinais que realizava, muitos creram no seu nome. Mas Jesus não lhes dava crédito, pois ele conhecia a todos; e não precisava do testemunho de ninguém acerca do ser humano, porque ele conhecia o homem por dentro.
AMBIENTE - João
diz quem é Jesus e o seu ministério. O Templo fora construído por Herodes. No
Templo sacrificavam-se cerca de 18.000 cordeiros, destinados à celebração
pascal. O dinheiro arrecadado com a emissão de licenças revertia para o
sumo-sacerdote.
MENSAGEM - Os profetas criticaram o culto que Israel oferecia a Deus. A ideia de que a chegada dos tempos messiânicos implicaria a purificação e a moralização do culto prestado no Templo. Quando Jesus pega no chicote, expulsa do Templo os vendedores, está revelando-Se como “o messias” e a anunciar que chegaram os tempos messiânicos. Ao expulsar, Jesus mostra que o culto sem sentido: o culto criava exploração, miséria, injustiça e, por isso, em lugar de potenciar a relação do homem com Deus, afastava o homem de Deus. Jesus, o Filho, com a autoridade que Lhe vem do Pai, diz um claro “basta”: “não façais da casa de meu Pai casa de comércio”. Com que legitimidade é que Ele se arroga o direito de abolir o culto oficial prestado a Jahwéh? A resposta de Jesus é, à primeira vista, estranha: “destruí este Templo e Eu o reconstruirei em três dias”. João deixa claro que Jesus não Se referia ao Templo de pedra onde Israel celebrava os seus ritos litúrgicos, mas a um outro “Templo” que é o próprio Jesus. Três dias depois, esse Templo estará outra vez erigido no meio dos homens. Jesus alude à sua ressurreição. A prova de que Jesus tem autoridade para “proceder deste modo” é que os líderes não conseguirão suprimi-lo. A ressurreição garante que Jesus vem de Deus. Jesus Se apresenta como o “novo Templo”. O Templo representava, no universo religioso judaico, a residência de Deus, o lugar onde Deus Se revelava e onde Se tornava presente no meio do seu Povo. Jesus é, agora, o lugar onde Deus reside, onde Se encontra com os homens e onde Se manifesta ao mundo. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida.
ATUALIZAÇÃO - • Como
é que podemos encontrar Deus? Olhando para Jesus. Nas palavras e nos gestos de
Jesus, Deus revela-Se aos homens e manifesta-lhes o seu amor, oferece aos
homens a vida plena, faz-Se companheiro de caminhada dos homens e aponta-lhes
caminhos de salvação. Neste tempo de Quaresma
somos convidados a olhar para Jesus e a descobrir no seu “Evangelho”
essa proposta de vida nova que Deus nos quer apresentar.
• Os cristãos são membros do Corpo de Cristo, pedras vivas desse novo Templo onde Deus Se manifesta ao mundo e vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a vida e a salvação. O nosso testemunho pessoal é um sinal de Deus para os irmãos que caminham ao nosso lado.
*** Jesus vem mudar a maneira de encontrar Deus seu Pai. Até aqui
bastava ir ao templo, doravante é preciso escutar a mensagem de amor do seu
Enviado. E, é a sua Igreja que será o novo templo, porque Deus vem morar no
meio dos homens. Jesus é a pedra angular e somos as pedras vivas deste novo
templo onde Deus se faz presente na caminhada humana.
7. SEGUNDA LEITURA (1Cor 1,22-25) Os judeus pedem sinais milagrosos, os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus como gregos, esse Cristo é poder e sabedoria de Deus.
AMBIENTE - Na comunidade de Corinto, vemos uma cultura pagã em profunda contradição com mensagem evangélica. Paulo vai demonstrar que entre os cristãos há um mestre, que é Jesus Cristo; e a experiência cristã não é a busca de uma filosofia coerente, brilhante, elegante, que conduza à sabedoria, entendida à maneira dos gregos. Quem procura na mensagem cristã um sistema lógico, coerente, inquestionável à luz da lógica humana, é porque não percebeu nada do essencial da mensagem cristã, da “loucura da cruz”.
MENSAGEM - Judeus e gregos buscam seguranças. Os judeus procuram milagres que garantam a veracidade da mensagem; os gregos procuram as belas palavras, a coerência do discurso, a lógica dos argumentos… Na verdade, Jesus não Se apresentou como um Deus espetacular, através de gestos milagrosos, como os judeus esperavam; nem Se apresentou como o “mestre” iluminado de uma filosofia capaz de se impor pelo brilho das suas premissas e pela sua lógica inatacável, como os gregos gostariam. A essência da mensagem cristã está na “loucura da cruz” – isto é, na lógica ilógica de um Deus que veio ao encontro da humanidade, que fez da sua vida um dom de amor e que aceitou a morte para ensinar que a verdadeira vida é aquela que se coloca ao serviço dos irmãos. Na cruz de Jesus manifestou-se o poder salvador de Deus. A lógica de Deus não é exatamente igual à lógica dos homens. O caminho cristão não é uma busca de sabedoria humana, mas uma adesão a Cristo crucificado – o Cristo do amor e do dom da vida.
ATUALIZAÇÃO - • A lógica de Deus é bem diferente da lógica dos homens. Os homens sentem-se mais seguros e confortáveis diante de líderes que se impõem pela força e poder através de gestos espetaculares; e Deus aparece-lhes na figura de um obscuro carpinteiro Galileu, morto numa cruz fora dos muros da cidade. Os homens gostam de ser convencidos por projetos intelectualmente brilhantes, que apresentem argumentos fortes e uma lógica inquestionável; e Deus oferece-lhes um projeto de salvação que passa pela morte na cruz, em plena e radical contradição de toda lógica humana. A salvação, a vida plena, a felicidade não está numa lógica de poder, de autoridade, de riqueza, de importância, mas está no amor total, no dom da vida até às últimas consequências, no serviço simples e humilde aos irmãos.
• A força e a “sabedoria de Deus” manifestam-se na fragilidade, na pequenez, na obscuridade, na pobreza, na humildade.
• “Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios”. Aqueles que têm responsabilidade no anúncio do Evangelho devem anunciar a mensagem com verdade e radicalidade, renunciando à tentação de a suavizar, de a tornar menos radical e interpelativa as propostas do Evangelho. Às vezes, o invólucro “brilhante” com que envolvemos a Palavra torna-a mais atrativa, mas menos questionante e, portanto, menos transformadora.
- Era necessário restaurar a
antiga Lei, aperfeiçoá-la… É o que
Cristo veio realizar: "Não vim
suprimir a Lei… mas completar, aperfeiçoar…"
Passamos do templo de pedra
(projeto de Davi e realizado por Salomão) ao Templo verdadeiro: A Pessoa humana
…
Paulo diz que os «judeus» esperavam que Deus
manifestasse o seu poder resolvendo as dificuldades dos homens com milagres.
Jesus, pelo contrário, não se apresentou como vencedor, mas como derrotado. Por
seu lado, os «gregos» não acreditavam em milagres, apenas acreditavam na sua
competência de dedução e na sua sabedoria. Ora, a morte de Jesus não tem lógica
humana, é uma autêntica loucura. // Ora agimos como os «judeus» considerando a religião
como uma fonte de milagres, de graças, de curas e, por tal motivo, só nos
lembramos de Deus quando nos encontramos em necessidades; ou então como «gregos»;
imaginamos persuadir as pessoas a aderir à fé pelo raciocínio e provas.Jesus faz milagres e muita gente acredita n’Ele, mas Ele não confia neles porque os conhece a todos. Essas estão apenas empolgadas pelos seus milagres e não pela sua mensagem. A autêntica fé em Cristo baseia-se no transformar-se em pedra viva do novo templo e em servir aos irmãos.
Fala o Santo Padre - Não somos mais obrigados a cumprir os preceitos da Lei de Moisés mas, somos convidados a olhar o Crucificado, lugar do perdão e do encontro com Deus, o lugar da nova e eterna Aliança… Os preceitos do Antigo Testamento passaram; não, porém, a exigência de um coração todo de Deus, um coração que o ame! E, para nós, a exigência é ainda maior, porque Israel não tinha ainda visto até onde iria o amor de Deus; quanto a nós, sabemos: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Caríssimos em Cristo, convertamo-nos! Ergamos os olhos para o Crucificado, “Poder de Deus e Sabedoria de Deus”, e mudemos de vida! Crer de verdade exige que nos coloquemos debaixo do preceito de amor do Senhor!
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER
SOBRE O ALTAR).
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO,
LOUVEMOS AO PAI:
T: Nós vos louvamos e agradecemos, ó
Deus de amor.
à Senhor, nosso Deus e Pai. Bendito sejais para sempre, pela vossa
bondade e vosso amor para conosco. Sois um Pai preocupado em nos mostrar o
caminho que nos levará à vida plena de felicidade.
T: Nós vos louvamos e agradecemos, ó
Deus de amor.
à Senhor, Vos agradecemos por nos dar os ensinamentos e as leis que
nos auxiliam em nossa caminhada. Dai-nos força e coragem para não desanimarmos.
T: Nós vos louvamos e agradecemos, ó
Deus de amor.
à Senhor, Vos louvamos pela vossa bondade nos enviando Vosso Filho
para nos instruir e nos transformar em pedras vivas deste novo Templo em que
habitais.
T: Nós vos louvamos e agradecemos, ó
Deus de amor.
à Senhor, enviai-nos o Espírito Santo para que saibamos ver os
valores do amor e do serviço a todos os irmãos.
T: Nós vos louvamos e agradecemos, ó
Deus de amor.
à Senhor, nosso Deus e Pai. Santificado seja o vosso nome. Que
vosso Reino venha a nós e a vossa vontade seja feita. Pai, ajudai-nos em todas
a nossas dificuldades e sofrimentos.
T: Nós vos louvamos e agradecemos, ó
Deus de amor.
à PAI NOSSO... A Paz
de Cristo... Eis o Cordeiro...
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A Lei e o Templo
Em nossas casas, costumamos limpar
todos os dias.
Assim mesmo, de vez em quando
sentimos a necessidade
de uma limpeza geral... lavamos as
paredes... o teto...
os vidros... para tirar o mofo que
foi se acumulando...
A Quaresma também é um tempo de
purificação
propício para renovar nossa vida
cristã e purificar o nosso coração
daquelas impurezas que foram se
acumulando ao longo do tempo.
As leituras bíblicas tratam de
dois pontos fundamentais da religião judaica:
a Lei de Deus e o Templo,
que, com o passar do tempo,
também estavam precisando de uma
purificação...
Na 1a Leitura
Deus entrega a LEI, num contexto de
êxodo e de Páscoa,
como parte de uma Aliança. (Ex 20,1-17)
- É um momento fundamental na
história da Salvação.
Deus se apresenta desde o começo como Libertador:
"Eu sou o
Senhor teu Deus que te tirou da escravidão do Egito"
Os 10 mandamentos brotavam do amor de um Deus "Libertador",
que depois de ter libertado seu povo da escravidão material do
Egito,
queria libertá-lo também da escravidão moral das paixões e do pecado.
- O Decálogo queria explicitar
aquela lei do amor,
que Deus imprimira no coração do homem desde a Criação,
mas que este depois esquecera e deturpara.
- Os Mandamentos indicavam o
caminho seguro para ser feliz e
ser o Povo da Aliança, colaborador de Deus no Plano da Salvação…
- Mas Israel não foi fiel a esse
compromisso:
muitos abusos e desvios esvaziaram o verdadeiro sentido do decálogo…
- Era necessário restaurar a
antiga Lei, completá-la, aperfeiçoá-la…
sobretudo no sentido do amor e da interioridade…
libertando-a de todo formalismo.
Precisava uma Nova Aliança, uma NOVA LEI. É o que Cristo veio realizar:
"Não vim suprimir a Lei… mas
completar, aperfeiçoar…"
Na 2ª Leitura, Paulo afirma
que seu projeto de Salvação
passa pela morte na cruz:
"Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os
judeus e
loucura para os gentios" (1Cor 1,22-25)
No Evangelho, Jesus
se apresenta como o NOVO TEMPLO… (Jo
2,13-25)
O Templo era um lugar muito
sagrado para os judeus.
Todo judeu devia ir ao templo ao
menos uma vez por ano
para oferecer um sacrifício a
Deus.
Estas ofertas para os sacrifícios
faziam girar muito dinheiro...
e provocavam abusos e exploração.
O gesto ousado de Cristo não é
apenas zelo de purificação do templo.
É anúncio da abolição do velho
templo e do culto aí celebrado.
O antigo templo já tinha concluído
a sua função.
Surgirá um novo templo, não construído de pedras e por mãos humanas,
mas o "lugar da
Presença" viva de Deus: JESUS CRISTO.
Passamos do templo de pedra
(projeto de Davi e realizado por Salomão)
ao Templo sonhado pelos profetas
(fonte de vida e luz para todos os povos),
para chegar ao Senhor
ressuscitado, o templo verdadeiro
Caminhamos todos para um
"templo definitivo", que se identifica
com o mundo inteiro, quando esse
se converte em casa do Pai,
isto é, a casa onde todos os
homens se reconhecem irmãos.
Jesus nos convida a sermos templo
no qual está presente Deus
e nele se oferece um verdadeiro
culto em espírito e verdade..
Qual o Templo que devemos purificar?
- Nosso coração deve ser um sinal
de Deus para os irmãos.
- Nossas comunidades devem dar
testemunho da vida de Deus.
- A Igreja deve ser essa
"Casa de Deus" onde as pessoas podem encontrar
a proposta de libertação e de Salvação que Deus oferece a todos.
- O "Culto", que Deus
aprecia, deve ser uma vida
vivida na escuta de suas propostas e traduzida em gestos concretos
de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.
- Jesus purificou o templo de seus profanadores e
nos convida a
purificar também o templo de nosso coração.
* Qual a nossa
atitude diante da Lei de Deus?
É uma cerca que nos prende ou um caminho seguro para uma vida feliz?
* Qual o respeito que temos na
casa de Deus... (antes, durante, depois…)
- Se Cristo voltasse hoje às nossas igrejas… o que aconteceria?
A quem deveria expulsar com o chicote?
A Campanha da Fraternidade nos lembra outro templo sagrado,
também profanado pela ganância dos
"vendilhões" de hoje.
A Pessoa humana é esse lugar
sagrado, onde Deus quer ser respeitado…
Essa celebração deve nos levar a
refletir sobre o ESPÍRITO
com que vivemos a nossa religião:
diante da Lei de Deus, nas
práticas religiosas de nossa religião
e no respeito à pessoa humana !…
Só assim o nosso culto será
realmente agradável a Deus!
Pe. Antônio
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Homilia
do Pe. Françoá
A santa violência de Jesus
Incrível! E, além do mais, a cena do Evangelho de hoje poderia assustar os
meramente pacifistas: Jesus pega no chicote e expulsa os vendedores do Templo:
“Tirai isso daqui e não façais da casa de meu Pai uma casa de negociantes” (Jo
2,16). Trata-se do Filho que zela pelas coisas que são do seu Pai. Também nós,
se formos bons filhos de Deus, cuidaremos direitinho das coisas do nosso Pai do
céu seguindo o exemplo do nosso irmão e Senhor Jesus.Jesus Cristo falou e agiu com firmeza. Ele foi até mesmo santamente violento: chicote, gritos e quem sabe até alguma chibatada em algum dos vendilhões. Como é possível que aquele que disse de si mesmo que é manso e humilde de coração (cf. Mt 11,29) agora atue dessa maneira? A cólera de Deus, diferente da nossa ira, é sempre santa. Jesus se irrita fortemente para por a salvo os direitos de Deus, a glória que só a ele lhe convém, e o bem das nossas almas. Mais ainda, aquele que é manso, pediu que fossemos violentos se quisermos alcançar o reino dos céus: “Desde a época de João Batista até o presente, o Reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam” (Mt 11,12). É interessante também que a mansidão de Jesus e a violência que ele nos aconselha encontram-se no mesmo capítulo do Evangelho segundo Mateus! Qual é o tipo de violência que se nos pede? Deus pede de cada um de nós que travemos uma guerra contra os nossos apetites desordenados, as nossas ideias insensatas e a dureza dos nossos corações. Quiçá não seja infrequente que sintamos a força da soberba, da inveja, da luxúria e dos demais pecados capitais. Eles gritam em nós reclamando os campos perdidos e pedindo revanche pelas batalhas nas quais foram derrotados.
Estamos em guerra! Constantemente o inimigo se nos apresenta disposto a vencer-nos e arruinar-nos para, dessa maneira, tentar atingir o próprio Deus. Nesses quarenta dias quaresmais estamos com Jesus acompanhando-o no seu grande jejum, procurando completar na nossa carne que falta à Paixão de Cristo (cf. Cl 1.24). As forças do mal não nos deixarão em paz, mas é exatamente essa luta que nos fará livres. Não estamos sozinhos, é Deus quem nos fortalece!
Jesus tinha um chicote para defender a causa do seu Pai. No nosso caso, quais são as nossas armas nessa luta de paz, de amor e de alegria? Oração, Eucaristia, Confissão, penitências, rosário de Nossa Senhora, luta para extirpar vícios e adquirir virtudes, boas leituras e o trabalho bem feito por amor a Deus e com o desejo de servir a todos com os quais convivemos. O fim é comum, o céu, e os meios são os de sempre, isto é, os que todos os santos utilizaram. Na vida espiritual não há novidades senão aquelas que a graça realiza na alma de cada fiel com os meios de sempre e encaminhando-os para a mesma felicidade, Deus.
Eu dissera no começo que alguém poderia se assustar com a expressão “violência de Jesus” e creio não equivocar-me. Isso é assim porque estamos, paulatinamente, adocicando o cristianismo e dele apresentando uma versão light. Contentamo-nos com pouco ou quase nada, semelhante àquele amigo que disse ao outro: – “vou te dar um livro no Natal”. Então o amigo lhe responde: – “não precisa, pois eu já tenho um, muito obrigado”. Quando descuramos a vida da nossa alma passa a ser suficiente uma missa de vez em quando, uma confissão de vez em anos, um sinal da cruz desajeitado porque feito às pressas, uma oraçãozinha noturna que não se repete todas as noites, um velório aqui e outro acolá sem pensarmos que num futuro próximo ou distante seremos nós os velados. Cristianismo light! E como não parece suficiente o gosto do cristianismo tal como ele é, fazemos como a Coca-Cola, pedimo-lo com gelo e limão! Isto é, acrescentamos à religião cristã as nossas manias e más ideias a tal ponto que conseguimos desfigurar essa realidade humano-divino que Cristo fundou para a nossa salvação, a Igreja.
Nessa hora, diante do perigo de que os negociantes – os amigos de gelo e limão no cristianismo, os falsificadores da verdade – mintam e enganem sobre a pessoa e obra de Cristo, também nós precisamos de chicotes, um contra nós mesmos (nossos pecados) e um contra a mentira, o engano e a traição dos valores cristãos, perenes como o Evangelho.
Pe. Françoá Costa
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Comecemos pela primeira leitura a nossa meditação da Palavra de Deus para este Domingo. Que nos apresenta o Livro do Êxodo? As Dez Palavras, os Mandamentos de Torah. A palavra “mandamento” tem, hoje um significado antipático. Não gostamos de mandamentos, de normas, de preceitos. No entanto, para um judeu – e também para um cristão -, os preceitos, os mandamentos do Senhor, são uma bênção, um sinal de carinho paterno de Deus, que se volta para nós e nos abre o seu coração, falando-nos da vida, mostrando-nos o caminho, iluminando a direção da nossa existência. Foi com esse sentido que o Senhor nosso Deus deu a lei, revelou os preceitos a Israel. A Lei não deveria ser vista como um feixe pesado e opressor de proibições, mas como setas que apontam para o caminho da vida e nos fazem descansar no coração de Deus. O próprio termo hebraico torah, que traduzimos por Lei, significa, na verdade instrução. Na Lei, na Instrução, Deus nos fala da vida porque deseja conviver com o seu povo. Sendo assim, os preceitos são uma bênção! O profeta Baruc afirma isso com palavras comoventes: Escuta, Israel, os mandamentos da vida; presta ouvidos, para conheceres a prudência. Por que Israel, por que te encontras na terra dos teus inimigos, envelhecendo em terra estrangeira? É porque abandonaste a fonte da Sabedoria. Ela é o livro dos preceitos de Deus, a Lei que subsiste para sempre: todos os que a ela se agarram destinam-se à vida, e todos os que a abandonam perecerão. Volta-se, Jacó, para recebê-la; caminha para o esplendor, ao encontro de sua luz! Não cedas a outrem a tua glória, nem a um povo estrangeiro os teus privilégios. Bem-aventurados somos nós, Israel, pois aquilo que agrada a Deus a nós foi revelado” (Br 3,9-10.12; 4,1-4). Eis, pois, o que são os mandamentos: uma luz, um caminho de liberdade, porque nos faz conhecer o coração de Deus e os seus sonhos para nós. Viver na Palavra de Deus, mergulhar nos seus preceitos é viver o seu sonho para nós, é ser livre, maduro e feliz. Por isso o Salmista, hoje, canta: “A lei do Senhor Deus é perfeita, conforto para a alma! O testemunho do Senhor é fiel, sabedoria dos humildes. Os preceitos do Senhor são precisos, alegria ao coração. O mandamento do Senhor é brilhante, para os olhos é uma luz. suas palavras são mais doces que o mel, que o mel que sai dos favos!” E, no entanto, Israel violou a Lei de Deus, fechou-se para os preceitos do Senhor… E por quê? Porque não basta seguir um feixe de regras e normas para agradar a Deus. A Lei somente tem sentido se for vivida como uma relação de amor. Olhai bem como começa o Decálogo: “Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses diante de mim”. Aqui está já dito tudo: por lado Deus, apaixonado, fiel, amoroso: tirou o seu povo da miséria de suas escravidões. Por outro lado, o povo: de quem ele espera um coração totalmente dedicado ao seu Deus: “Não terás outros deuses diante de mim!” É esta relação de amor que Israel quebrou, contentando-se muitas vezes com um legalismo vazio e frio.
A imagem dessa situação, vemo-la no Evangelho de hoje: o Templo, lugar do encontro de Deus com o seu povo, transformado numa espelunca, numa casa de comércio, um lugar de prostituição do coração, de idolatria É idolatria a ganância, é idolatria a impiedade, é idolatria reduzir a religião a um negócio lucrativo, é idolatria pensar que se pode manipular Deus com um dízimo, com um rito ou com um volume da Bíblia! O Senhor previne: “Eu sou o Senhor vosso Deus que não aceita suborno!” (Dt 10,17) Por isso Jesus age de modo tão violento: Fez um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. Disse aos que vendiam pombas: ‘Tirai isso daqui! Não façais da Casa de meu Pai uma casa de comércio!’” que significa este gesto de Jesus? É uma pregação pela ação, uma ação profética, uma ação, um gesto que vale por uma pregação. Jesus está revelando a santa ira de Deus contra o seu povo… Hoje em dia, com uma mania boboca de sermos politicamente corretos (coisa que nunca assentará num cristão), ficamos escandalizados com um Deus que se inflama de ira, com um Jesus que deveria ser mansinho, bonzinho, tolinho, aguadozinho, insossinho, e aparece, no entanto, firme, forte, radical… e irado! Esse é o Jesus de verdade: surpreendente, desconcertante! Sua ira nos previne no sentido de que não podemos brincar com Deus, não podemos fazer pouco dele! Correremos o risco de perdê-lo, de sermos rejeitados do seu coração! Em outras palavras: a conversão é uma exigência fundamental para quem deseja caminhar com Deus, sendo discípulo do Filho Jesus! Mas, os judeus, ao invés de compreenderem isso, com cinismo criticam Jesus e pedem-lhe um sinal: “Que sinal nos mostras para agir assim?” Vede bem, caríssimos: quando a infidelidade é grande, quando o nosso coração habituou-se no mal, corremos o risco de sermos tomados de tal cegueira, de tal dureza de coração, que já não vemos nem com a Luz! Jesus é a luz que brilha claramente. Sua atitude dura, recorda aos judeus o amor de Deus que foi traído, a Lei que foi deturpada, e eles ainda pedem por sinais… Jesus dá um sinal, terrível, decisivo: “Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei”. Que significa isso? “Estais destruindo este Templo? Ele é um sinal, é um símbolo profético: ele é o lugar no qual o homem pode encontrar Deus, ele é imagem do meu corpo. Pois bem! Vós violastes a aliança, destruístes o sentido da relação com Deus: continuais, pois a destruir este Templo. Mas em três dias eu o erguerei para sempre: vai passar a imagem, virá o Templo indestrutível, o lugar onde um novo povo poderá para sempre encontrar Deus: o meu corpo morto e ressuscitado!” Eis o sinal, surpreendente, escandaloso: à infidelidade do seu povo, Deus responde entregando o seu Filho e fazendo dele o lugar da salvação e da graça, da vida e da vitória da humanidade! É o que São Paulo nos diz na segunda leitura deste hoje: “Os judeus pedem sinais, os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos”. O sinal que Deus apresenta para Israel, o remédio que Deus preparou para curar a violação da Lei é o seu Filho crucificado, morto e ressuscitado!
Caríssimos, olhemos para nós, o Novo Povo de Deus, o Povo nascido da morte e ressurreição de Cristo. Não somos mais obrigados a cumprir os detalhados preceitos da Lei de Moisés mas, somos convidados a olhar o Crucificado, cujo corpo macerado é o lugar do perdão e do encontro com Deus, o lugar da nova e eterna Aliança… olhando o Crucificado, ouçamos, mais uma vez, como Israel: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te fez sair da casa da escravidão, da miséria do pecado e da morte, da escuridão de uma vida sem sentido! Eu te dei o meu filho amado! Não terás outros deuses diante de mim!” Compreendeis, irmãos? Os preceitos do Antigo Testamento passaram; não, porém, a exigência de um coração todo de Deus, um coração que o ame, um coração sem divisão! E, para nós, a exigência é ainda maior, porque Israel não tinha ainda visto até onde iria o amor de Deus; quanto a nós, sabemos: “Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
Caríssimos em Cristo, convertamo-nos! Ergamos os olhos para o Crucificado, “Poder de Deus e Sabedoria de Deus”, e mudemos de vida! Que nossa fé não seja fingida, superficial, descomprometida; que nossa religião não seja simplesmente uma prática fria e sem desejo de real conversão ao Senhor nosso! Crer de verdade exige que nos coloquemos debaixo do preceito de amor do Senhor! Estejamos atentos à advertência final e tremenda do Evangelho de hoje: “Vendo os sinais que Jesus realizava, muitos creram no seu nome. Mas Jesus não lhes dava crédito, pois conhecia a todos… conhecia o homem por dentro”. – Ah, Senhor Jesus! Tem piedade de nós! Converte-nos a ti e, depois, olha o nosso coração convertido e dá-nos a tua salvação! Piedade, Senhor! Na tua misericórdia infinita, conduze-nos às alegrias da Páscoa! A ti a glória, Cristo-Deus, pelos séculos dos séculos! Amém.
D. Henrique Soares
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