DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR ANO
B
SINÓPSE
Tema: Deus, por
amor, partilhou de nossa humanidade, deixou-Se matar para nos mostrar o quanto
nos ama. Deus nos propõe: a doação da vida por amor nos leva à glória.
A primeira leitura: um profeta chamado por Deus a testemunhar a Palavra da salvação.
O profeta confiou em Deus e concretizou, com fidelidade, os projetos de Deus.
Os primeiros cristãos viram neste “servo” a figura de Jesus.
O Evangelho: convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: Na cruz, revela-se o amor de Deus que se faz dom total.
A segunda leitura: Cristo prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida.
O Evangelho: convida-nos a contemplar a paixão e morte de Jesus: Na cruz, revela-se o amor de Deus que se faz dom total.
A segunda leitura: Cristo prescindiu do orgulho e da arrogância, para escolher a obediência ao Pai e o serviço aos homens, até ao dom da vida.
7. PRIMEIRA LEITURA (Is 50,4-7)
Leitura do Livro do Profeta Isaías 4 O Senhor Deus deu-me
língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa
abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção
como um discípulo. 5 O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei
atrás. 6 Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a
barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. 7 Mas o Senhor Deus é meu
Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível
como pedra, porque sei que não sairei humilhado.
AMBIENTE um “servo de Jahwéh”, que recebeu de Deus uma missão. Essa missão tem a ver com a Palavra de Deus; concretiza-se no sofrimento e no abandono incondicional à Palavra e aos projetos de Deus. Apesar de a missão terminar num aparente insucesso, a dor do profeta não foi em vão: ela tem um redentor; do seu sofrimento resulta o perdão para o pecado do Povo. Deus aprecia o empenho do profeta, elevando-o à vista de todos, fazendo-o triunfar.
MENSAGEM - A missão tem claramente a ver com o anúncio da Palavra. O profeta é o homem da Palavra, através de quem Deus fala. O profeta tem de estar, continuamente, numa atitude de escuta de Deus, para que possa apresentar – com fidelidade – essa Palavra de Deus aos homens.
Em segundo lugar, a missão profética concretiza-se no sofrimento e na dor: o anúncio das propostas de Deus provoca resistências e perseguição.
Em terceiro lugar, o Senhor não abandona aos que chama. A certeza de que não está só, torna o profeta mais forte do que a dor, o sofrimento, a perseguição.
AMBIENTE um “servo de Jahwéh”, que recebeu de Deus uma missão. Essa missão tem a ver com a Palavra de Deus; concretiza-se no sofrimento e no abandono incondicional à Palavra e aos projetos de Deus. Apesar de a missão terminar num aparente insucesso, a dor do profeta não foi em vão: ela tem um redentor; do seu sofrimento resulta o perdão para o pecado do Povo. Deus aprecia o empenho do profeta, elevando-o à vista de todos, fazendo-o triunfar.
MENSAGEM - A missão tem claramente a ver com o anúncio da Palavra. O profeta é o homem da Palavra, através de quem Deus fala. O profeta tem de estar, continuamente, numa atitude de escuta de Deus, para que possa apresentar – com fidelidade – essa Palavra de Deus aos homens.
Em segundo lugar, a missão profética concretiza-se no sofrimento e na dor: o anúncio das propostas de Deus provoca resistências e perseguição.
Em terceiro lugar, o Senhor não abandona aos que chama. A certeza de que não está só, torna o profeta mais forte do que a dor, o sofrimento, a perseguição.
ATUALIZAÇÃO • Os primeiros cristãos vão utilizar este texto para interpretar o
mistério de Jesus: ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida
para trazer a salvação/libertação aos homens… A vida de Jesus realiza
plenamente esse destino de dom e de entrega da vida em favor de todos; e a sua
glorificação mostra que uma vida vivida deste jeito não termina no fracasso,
mas na ressurreição que gera vida nova.
• Jesus faz da sua vida um dom por amor, mostrando que a vida posta ao serviço da libertação dos pobres e dos oprimidos, não é perdida, fracassada e sem sentido.
• Jesus faz da sua vida um dom por amor, mostrando que a vida posta ao serviço da libertação dos pobres e dos oprimidos, não é perdida, fracassada e sem sentido.
8. SALMO RESPONSORIAL Sl 21(22)
Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonastes?
1. Riem de mim todos aqueles que me veem,
* torcem os lábios e sacodem a cabeça:
* ao Senhor se confiou, ele o liberte
* e agora o salve, se é verdade que ele o ama!
2. Cães numerosos me rodeiam furiosos
* e por um bando de malvados fui cercado.
* Transpassaram minhas mãos e os meus pés
* e eu posso contar todos os meus ossos.
3. Eles repartem entre si as minhas vestes
* e sorteiam entre eles minha túnica.
* Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis longe,
* ó minha força, vinde logo em meu socorro!
4. Anunciarei o vosso nome a meus irmãos
* e no meio da assembleia hei de louvar-vos!
* Vós que temeis ao Senhor Deus, dai-lhe louvores,
* glorificai-o, descendentes de Jacó!
* e respeitai-o, toda a raça de Israel!
13. EVANGELHO (Mc
15,1-39 - forma breve)
N.: Narrador / T.: Todos / L.: Leitor / J.: Jesus. P.:
Presidente
P. Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Marcos.
N.: Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os
mestres da Lei e todo o Sinédrio, reuniram se e tomaram uma decisão. Levaram
Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos. E Pilatos o interrogou:
L.: “Tu és o rei dos judeus?”
N.: Jesus respondeu:
P.: “Tu o dizes”.
N.: E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra
Jesus. Pilatos o interrogou novamente:
L.: “Nada tens a responder? Vê de quanta coisa te acusam!”
N.: Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos
ficou admirado. Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles
pedissem. Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa
revolta, tinha cometido um assassinato. A multidão subiu a Pilatos e começou a
pedir que ele fizesse como era costume. Pilatos perguntou:
L.: “Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?”
N.: Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado
Jesus por inveja. Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que
Pilatos lhes soltasse Barrabás. Pilatos perguntou de novo:
L.: “Que quereis então que eu faça com o rei dos Judeus?”
N.: Mas eles tornaram a gritar:
T.: “Crucifica-o!”
N.: Pilatos perguntou:
L.: “Mas, que mal ele fez?”
N.: Eles, porém, gritaram com mais força:
T.: “Crucifica-o!”
N.: Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou
Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. Então os
soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram
toda a tropa. Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de
espinhos e a puseram em sua cabeça. E começaram a saudá-lo:
T.: “Salve, rei dos judeus!”
N.: Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e,
dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. Depois de zombarem de Jesus,
tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o
levaram para fora, a fim de crucificá-lo. Os soldados obrigaram um certo Simão
de Cirene, pai de Alexandre de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz.
Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”.
Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou. Então o crucificaram
e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada
um. Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. E ali estava uma inscrição
com o motivo de sua condenação: “O Rei dos Judeus”. Com Jesus foram
crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. Os que por ali
passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:
T.: “Ah! Tu que destróis o Templo e o reconstróis em três
dias, salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”
N.: Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da
Lei, zombavam entre si, dizendo:
T.: “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! Messias, o
rei de Israel... que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!”
N.: Os que foram crucificados com ele também o insultavam.
Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra até as três horas
da tarde. Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:
P.: “Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”,
N.: que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonaste?” Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram:
L.: “Vejam, ele está chamando Elias!”
N.: Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre,
colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo:
L.: “Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”.
N.: Então Jesus deu um forte grito e expirou. (Aqui todos se
ajoelham e faz-se uma pausa.) Nesse momento a cortina do santuário rasgou-se de
alto a baixo, em duas partes. Quando o oficial do exército, que estava bem em
frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse:
L.: “Na verdade, este homem era Filho de Deus!”
S. Palavra da
Salvação. T. Glória a vós, Senhor.
11. PAIXÃO DE CRISTO Evangelho (Mc 14,1-15,47: mais
longo):
PRESIDENTE: Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
Marcos
L1: 1 Faltavam dois dias para a páscoa e para a festa dos
ázimos. Os sumos sacerdotes e os mestres da lei procuravam um meio de prender
Jesus à traição, para matá-lo. 2 Eles diziam:
T: Não durante a festa, para que não haja um tumulto no meio
do povo.
L1: 3 Jesus estava em Betânia, na casa de Simão, o leproso.
Quando estava à mesa, veio uma mulher com um vaso de alabastro cheio de perfume
de nardo puro, muito caro. Ela quebrou o vaso e derramou o perfume na cabeça de
Jesus. 4 Alguns que estavam ali ficaram indignados e comentavam:
T: Por que este desperdício de perfume? 5 Ele poderia ser vendido
por mais de trezentas moedas de prata, que seriam dadas aos pobres.
L1: E criticavam fortemente a mulher. 6 Mas Jesus lhes
disse:
P: Deixai-a em paz! Por que aborrecê-la? Ela praticou uma
boa ação para comigo. 7 Pobres sempre tereis convosco e quando quiserdes podeis
fazer-lhes o bem. Quanto a mim não me tereis para sempre. 8 Ela fez o que
podia: derramou perfume em meu corpo, preparando-o para a sepultura. 9 Em
verdade vos digo, em qualquer parte que o Evangelho for pregado, em todo o
mundo, será contado o que ela fez, como lembrança do seu gesto.
L1: 10Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os sumos
sacerdotes para entregar-lhes Jesus. 11Eles ficaram muito contentes quando
ouviram isso, e prometeram dar-lhe dinheiro. Então, Judas começou a procurar
uma boa oportunidade para entregar Jesus. 12No primeiro dia dos ázimos, quando
se imolava o cordeiro pascal, os discípulos disseram a Jesus:
T: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a
páscoa?
L1: 13Jesus enviou então dois dos seus discípulos e lhes
disse:
P: Ide à cidade. Um homem carregando um jarro de água virá
ao vosso encontro. Segui-o 14e dizei ao dono da casa em que ele entrar: “O
mestre manda dizer: onde está a sala em que vou comer a Páscoa com os meus
discípulos?” 15Então ele vos mostrará, no andar de cima, uma grande sala,
arrumada com almofadas. Ali fareis os preparativos para nós!
L1: 16Os discípulos saíram e foram à cidade. Encontraram
tudo como Jesus havia dito, e prepararam a páscoa. 17Ao cair da tarde, Jesus
foi com os doze. 18Enquanto estavam à mesa comendo, Jesus disse:
P: Em verdade vos digo, um de vós, que come comigo, vai me
trair.
L1: 19Os discípulos começaram a ficar tristes e perguntaram
a Jesus, um após outro:
L2: Acaso serei eu?
L1: 20Jesus lhes disse:
P: É um dos doze, que se serve comigo do mesmo prato. 21O
Filho do homem segue seu caminho, conforme está escrito sobre ele. Ai, porém,
daquele que trair o Filho do homem! Melhor seria que nunca tivesse nascido!
L1: 22Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, tendo
pronunciado a bênção, partiu-o e entregou-lhes, dizendo:
P: Tomai, isto é o meu corpo.
L1: 23Em seguida, tomou o cálice, deu graças, entregou-lhes
e todos beberam dele. 24Jesus lhes disse:
P: Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado
em favor de muitos. 25Em verdade vos digo, não beberei mais do fruto da
videira, até o dia em que beberei o vinho novo no reino de Deus.
L1: 26Depois de terem cantado o hino, foram para o monte das
Oliveiras. 27Então Jesus disse aos discípulos:
P: Todos vós ficareis desorientados, pois está escrito:
“Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão”. 28Mas, depois de ressuscitar,
eu vos precederei na Galileia.
L1: 29Pedro, porém, lhe disse:
L2: Mesmo que todos fiquem desorientados, eu não ficarei.
L1: 30Respondeu-lhe Jesus:
P: Em verdade te digo, ainda hoje, esta noite, antes que o
galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.
L1: 31Mas Pedro repetiu com veemência:
L2: Ainda que tenha de morrer contigo, eu não te negarei.
L1: E todos diziam o mesmo. 32Chegados a um lugar chamado
Getsêmani, disse Jesus aos discípulos:
P: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou rezar!
L1: 33Levou consigo
Pedro, Tiago e João, e começou a sentir pavor e angústia. 34Então Jesus lhes
disse:
P: Minha alma está triste até à morte. Ficai aqui e vigiai.
L1: 35Jesus foi um pouco mais adiante e, prostrando-se por
terra, rezava que, se fosse possível, aquela hora se afastasse dele. 36Dizia:
P: Abbá! Pai! Tudo te é possível: Afasta de mim este cálice!
Contudo, não seja feito o que eu quero, mas sim o que tu queres!
L1: 37Voltando, encontrou os discípulos dormindo. Então
disse a Pedro:
P: Simão, tu estás dormindo? Não pudeste vigiar nem uma
hora? 38Vigiai e orai, para não cairdes em tentação! Pois o espírito está
pronto, mas a carne é fraca.
L1: 39Jesus afastou-se de novo e rezou, repetindo as mesmas
palavras. 40Voltou outra vez e os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam
pesados de sono e eles não sabiam o que responder. Ao voltar pela terceira vez,
Jesus lhes disse:
P: 41Agora podeis dormir e descansar. Basta! Chegou a hora!
Eis que o Filho do Homem é entregue nas mãos dos pecadores. 42Levantai-vos!
Vamos! Aquele que vai me trair já está chegando.
L1: 43E logo, enquanto Jesus ainda falava, chegou Judas, um
dos doze, com uma multidão armada de espadas e paus. Vinham da parte dos sumos
sacerdotes, dos mestres da lei e dos anciãos do povo. 44O traidor tinha
combinado com eles um sinal, dizendo:
L2: É aquele a quem eu beijar. Prendei-o e levai-o com
segurança!
L1: 45Judas logo se aproximou de Jesus, dizendo:
L2: Mestre!,
L1: e o beijou. 46Então lançaram as mãos sobre ele e o
prenderam. 47Mas um dos presentes puxou a espada e feriu o empregado do Sumo
Sacerdote, cortando lhe a orelha. 48Jesus tomou a palavra e disse:
P: Vós saístes com espadas e paus para me prender, como se
eu fosse um assaltante. 49Todos os dias eu estava convosco, no templo,
ensinando, e não me prendestes. Mas isto acontece para que se cumpram as
Escrituras.
L1: 50Então todos o abandonaram e fugiram. 51Um jovem,
vestido apenas com um lençol, estava seguindo a Jesus, e eles o prenderam.
52Mas o jovem largou o lençol e fugiu nu. 53Então levaram Jesus ao Sumo
Sacerdote, e todos os sumos sacerdotes, os anciãos e os mestres da lei se reuniram.
54Pedro seguiu Jesus de longe, até o interior do pátio do Sumo Sacerdote.
Sentado com os guardas, aquecia-se junto ao fogo. 55Ora, os sumos sacerdotes e
todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus, para condená-lo à morte,
mas não encontravam. 56Muitos testemunhavam falsamente contra ele, mas seus
testemunhos não concordavam. 57Alguns se levantaram e testemunharam falsamente
contra ele, dizendo:
T: 58Nós o ouvimos dizer: “Vou destruir este templo feito
pelas mãos dos homens, e em três dias construirei um outro, que não será feito
por mãos humanas!”
L1: 59Mas nem assim o testemunho deles concordava. 60Então,
o Sumo Sacerdote levantou-se no meio deles e interrogou a Jesus:
L2: Nada tens a responder ao que estes testemunham contra
ti? L1: 61Jesus continuou calado, e nada respondeu. O Sumo Sacerdote
interrogou-o de novo:
L2: Tu és o Messias, o Filho de Deus bendito?
L1: 62Jesus respondeu: P: Eu sou. E vereis o Filho do homem
sentado à direita do Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu. L1: 63O Sumo
Sacerdote rasgou suas vestes e disse:
L2: Que necessidade temos ainda de testemunhas? 64Vós
ouvistes a blasfêmia! O que vos parece?
L1: Então todos o julgaram réu de morte. 65Alguns começaram
a cuspir em Jesus. Cobrindo-lhe o rosto, o esbofeteavam e diziam:
T: Profetiza!
L1: Os guardas também davam-lhe bofetadas 66Pedro estava em
baixo, no pátio. Veio uma criada do Sumo Sacerdote, 67e, quando viu Pedro que se
aquecia, olhou bem para ele e disse:
L2: Tu também estavas com Jesus, o Nazareno!
L1: 68Mas Pedro negou, dizendo:
L2: Não sei e nem compreendo o que estás dizendo!
L1: E foi para fora, para a entrada do pátio. E o galo
cantou. 69A criada viu Pedro, e de novo começou a dizer aos que estavam perto:
L2: Este é um deles.
L1: 70Mas Pedro negou outra vez. Pouco depois, os que
estavam junto diziam novamente a Pedro:
T: É claro que tu és um deles, pois és da Galileia.
L1: 71Aí Pedro começou a maldizer e a jurar, dizendo:
L2: Nem conheço esse homem de quem estais falando.
L1: 72E nesse instante um galo cantou pela segunda vez.
Lembrou-se Pedro da palavra que Jesus lhe havia dito: “Antes que um galo cante
duas vezes, três vezes tu me negarás”. Caindo em si, ele começou a chorar.
15,1Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os mestres da lei e
todo o Sinédrio, reuniram-se e tomaram uma decisão. Levaram Jesus amarrado e o
entregaram a Pilatos. 2 E Pilatos o interrogou:
L2: Tu és o rei dos judeus?
L1: Jesus respondeu:
P: Tu o dizes.
L1: 3 E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra
Jesus. 4 Pilatos o interrogou novamente: L2: Nada tens a responder? Vê de
quanta coisa te acusam!
L1: 5 Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos
ficou admirado. 6 Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles
pedissem. 7 Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que,
numa revolta, tinha cometido um assassinato. 8 A multidão subiu a Pilatos e começou
a pedir que ele fizesse como era costume. 9 Pilatos perguntou: L2: Vós quereis
que eu solte o rei dos judeus?
L1: 10Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado
Jesus por inveja. 11Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que
Pilatos lhes soltasse Barrabás. 12Pilatos perguntou de novo:
L2: Que quereis então que eu faça com o rei dos Judeus?
L1: 13Mas eles tornaram a gritar:
T: Crucifica-o!
L1: 14Pilatos perguntou:
L2: Mas que mal ele fez?
L1: Eles, porém, gritaram com mais força:
T: Crucifica-o!
L1: 15Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou
Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. 16Então os
soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram
toda a tropa. 17Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de
espinhos e a puseram em sua cabeça. 18E começaram a saudá-lo:
T: Salve, rei dos judeus!
L1: 19Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e,
dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. 20Depois de zombarem de Jesus,
tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o
levaram para fora, a fim de crucificá-lo. 21Os soldados obrigaram um certo
Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a
cruz. 22Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvá-
rio”. 23Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou. 24Então o
crucificaram e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte
caberia a cada um. 25Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. 26E ali
estava uma inscrição com o motivo de sua condenação: “O rei dos judeus”. 27Com
Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. 29Os
que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:
T: Ah! Tu que destróis o templo e o reconstróis em três
dias, 30salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!
L1: 31Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da
lei, zombavam entre si, dizendo:
T: A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! 32O Messias,
o rei de Israel... que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!
L1: Os que foram crucificados com ele também o insultavam.
33Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três
horas da tarde. 34Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:
P: Eloi, eloi, lamá sabactâni?,
L1: que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me
abandonaste?” 35Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram:
T: Vejam, ele está chamando Elias!
L1: 36Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre,
colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo:
L2: Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz.
L1: 37Então Jesus deu um forte grito e expirou.
(AJOELHEMO-NOS...
LEVANTEMO-NOS...)
L1: 38Neste momento a cortina do santuário rasgou-se de alto
a baixo, em duas partes. 39Quando o oficial do exército, que estava bem em
frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse:
L2: Na verdade, este homem era Filho de Deus!
L1: 40Estavam ali também algumas mulheres, que olhavam de
longe; entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago Menor e de Joset, e
Salomé. 41Elas haviam acompanhado e servido a Jesus quando ele estava na
Galileia. Também muitas outras que tinham ido com Jesus a Jerusalém, estavam
ali. 42Era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado, e já caíra a
tarde. 43Então, José de Arimateia, membro respeitável do Conselho, que também
esperava o Reino de Deus, cheio de coragem, veio a Pilatos e pediu o corpo de
Jesus. 44Pilatos ficou admirado, quando soube que Jesus estava morto. Chamou o
oficial do exército e perguntou se Jesus tinha morrido há muito tempo.
45Informado pelo oficial, Pilatos entregou o corpo a José. 46José comprou um
lençol de linho, desceu o corpo da cruz e o envolveu no lençol. Depois
colocou-o num túmulo, escavado na rocha, e rolou uma pedra à entrada do
sepulcro. 47Maria Madalena, e Maria, mãe de Joset, observavam onde Jesus foi
colocado.
– Palavra da
salvação. T. Glória a vós, Senhor.
AMBIENTE
- Marcos apresenta Jesus como o Messias,
enviado por Deus aos homens para lhes propor o Reino; Jesus o Filho de Deus,
para cumprir a missão que o Pai tem de passar pela morte, mas Deus o
ressuscitará.
O relato não é uma reportagem jornalística da condenação à morte de um inocente; mas é uma catequese destinada a apresentar Jesus como o Filho de Deus que aceita o projeto do Pai, mesmo quando esse projeto passa pela cruz. Marcos pretende que os crentes concluam, como o centurião romano: “na verdade, este homem era Filho de Deus”.
O relato não é uma reportagem jornalística da condenação à morte de um inocente; mas é uma catequese destinada a apresentar Jesus como o Filho de Deus que aceita o projeto do Pai, mesmo quando esse projeto passa pela cruz. Marcos pretende que os crentes concluam, como o centurião romano: “na verdade, este homem era Filho de Deus”.
MENSAGEM - A morte de Jesus tem de ser entendida no contexto daquilo que foi a
sua vida. Desde cedo, Jesus apercebeu-Se de que o Pai O chamava a uma missão:
anunciar esse mundo novo, de justiça, de paz e de amor para todos os homens.
Para concretizar este projeto, Jesus ensinou que Deus era amor e que não
excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os
paralíticos, os cegos não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados
por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus.
O projeto libertador de Jesus entrou em choque com o egoísmo, a opressão que dominava o mundo. As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios. Por isso, prenderam Jesus, julgaram-no, condenaram-no e pregaram-no numa cruz.
A morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do “Reino”: resultou das resistências que a proposta do “Reino” provocou entre os que dominavam o mundo.
A morte de Jesus é o culminar da sua vida; é a afirmação última, porém mais radical e mais verdadeira daquilo que Jesus pregou com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte
O projeto libertador de Jesus entrou em choque com o egoísmo, a opressão que dominava o mundo. As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios. Por isso, prenderam Jesus, julgaram-no, condenaram-no e pregaram-no numa cruz.
A morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do “Reino”: resultou das resistências que a proposta do “Reino” provocou entre os que dominavam o mundo.
A morte de Jesus é o culminar da sua vida; é a afirmação última, porém mais radical e mais verdadeira daquilo que Jesus pregou com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte
1. Ao longo de todo o processo, Jesus manifesta
uma grande serenidade, uma grande dignidade e uma total conformação com aquilo
que se está a passar. Não se trata de passividade ou de inconsciência, mas de
aceitação serena de um caminho que Ele sabe que passa pela cruz. Marcos sugere,
desta forma, que Jesus está perfeitamente conformado com o projeto do Pai e
que a sua vontade é cumprir fiel e integralmente o plano de Deus, sem objecções
ou resistências de qualquer espécie. Esta “dignidade” de Jesus diante do
processo que as autoridades religiosas e políticas lhe movem é atestada em
várias cenas:
Ä Mateus e Lucas põem Jesus a interpelar diretamente Judas, quando este o entrega no monte das Oliveiras (cf. Mt 26,50; Lc 22,48); mas na narração de Marcos, Jesus mantém-se silencioso e cheio de dignidade diante da traição do discípulo (cf. Mc 14,45-46), sem observações ou recriminações.
Ä Mateus põe Jesus a desautorizar Pedro quando este fere um servo do sumo-sacerdote cortando-lhe uma orelha (cf. Mt 26,52) e, na narração de Lucas, Jesus pede aos discípulos que deixem atuar os seus sequestradores (cf. Lc 22,51); mas Marcos não apresenta, no mesmo episódio, qualquer reação de Jesus (cf. Mc 14,47). Marcos apenas acrescenta que a prisão de Jesus acontece para que se cumpram as Escrituras (cf. Mc 14,49).
Ä No tribunal judaico, quando interrogado pelo sumo-sacerdote acerca das acusações que lhe eram feitas, Jesus manteve um silêncio solene e digno (cf. Mc 14,61a), recusando defender-Se das acusações dos seus detratores.
2. Uma das teses fundamentais do Evangelho de Marcos é que Jesus é o Filho de Deus (cf. Mc 1,1). Esta ideia também está bem presente, bem sublinhada, bem desenvolvida, no relato da Paixão:
Ä No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, Jesus dirige-Se a Deus (cf. Mc 14,36) e chama-Lhe “Abba” (“paizinho”, “papá”). Esta apalavra não era usada nas orações hebraicas como invocação de Deus; mas era usada na intimidade familiar e expressava a grande proximidade entre um filho e o seu pai. Para a psicologia judaica, teria sido um sinal de irreverência usar uma palavra tão familiar para se dirigir a Deus. O facto de Jesus usar esta palavra, revela a comunhão que havia entre Jesus e o Pai e revela uma relação marcada pela simplicidade, pela intimidade, pela total confiança.
Ä Apesar do silêncio digno de Jesus durante o interrogatório no palácio do sumo-sacerdote, há um momento em que Jesus não hesita em esclarecer as coisas e em deixar clara a sua divindade. Quando o sumo-sacerdote Lhe perguntou diretamente se Ele era “o Messias, o Filho de Deus bendito” (Mc 14,61b), Jesus respondeu, sem subterfúgios: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso e vir sobre as nuvens do céu” (Mc 14,62). A expressão “eu sou” (“egô eimi”) leva-nos ao nome de Deus no Antigo Testamento (“eu sou aquele que sou” - Ex 3,14)… É, na perspectiva do nosso evangelista, a afirmação inequívoca da dignidade divina de Jesus. A referência ao “sentar-se à direita do Todo-poderoso” e ao “vir sobre as nuvens” sublinha, também, a dignidade divina de Jesus, que um dia aparecerá no lugar de Deus, como juiz soberano da humanidade inteira. O sumo-sacerdote percebe perfeitamente o alcance da afirmação de Jesus (Ele está a arrogar-Se a condição de Filho de Deus e a prerrogativa divina por excelência – a de juiz universal); por isso, manifesta a sua indignação rasgando as vestes e condenando Jesus como blasfemo.
Ä Marcos põe um centurião romano a dizer, junto da cruz de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Mais do que uma afirmação histórica, esta frase deve ser vista como uma “profissão de fé” que Marcos convida todos os crentes a fazer… Depois de tudo o que foi testemunhado ao longo do Evangelho, em geral, e no relato da paixão, em particular, a conclusão é óbvia: Jesus é mesmo o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.
3. Apesar de Filho de Deus, o Jesus de Marcos é também homem e partilha da debilidade e da fragilidade da natureza humana:
Ä No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, o Jesus de Marcos sentiu “pavor” e “angústia” (cf. Mc 14,33), como acontece com qualquer homem diante da morte violenta (Mateus é ligeiramente mais moderado e fala da “tristeza” e da “angústia” de Jesus – cf. Mt 26,37; e Lucas evita fazer qualquer referência a estes sentimentos que, sublinhando a dimensão humana de Jesus, podiam lançar dúvidas sobre a sua divindade).
Ä No momento da morte, Jesus reza: “meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” (Mc 15,34). A “oração” de Jesus é a “oração” de um homem que, como qualquer outro ser humano, experimenta a solidão, o abandono, o sentimento de impotência, a sensação de falhanço… e do fundo do seu drama, não compreende a ausência e a indiferença de Deus.
Não há dúvida: o Jesus apresentado por Marcos é, também, o homem/Jesus que Se solidariza com os homens, que os acompanha nos seus sofrimentos, que experimenta os seus dramas, fragilidades e debilidades.
4. Em todos os relatos da paixão, Jesus aparece a enfrentar sozinho (abandonado pelas multidões e pelos próprios discípulos) o seu destino de morte; mas Marcos sublinha especialmente a solidão de Jesus, nesses momentos dramáticos:
Ä Lucas põe um anjo a confortar Jesus, no jardim das Oliveiras (cf. Lc 22,43); Marcos não faz qualquer referência a esse momento de “consolação.
Ä Mateus conta que a mulher de Pilatos intercedeu por Jesus, pedindo ao marido que não se intrometesse “no caso desse justo” (cf. Mt 27,19); Marcos não refere nenhuma interferência deste tipo no processo de Jesus.
Ä João, além de Pedro, refere a presença de um “outro discípulo conhecido do sumo-sacerdote” no palácio de Anás (Jo 18,15); Marcos, para além de Pedro (que negou Jesus três vezes), nunca refere a presença de qualquer outro dos discípulos.
Ä Lucas fala na presença de mulheres, ao longo do caminho do calvário, que “batiam no peito e se lamentavam por Ele” (Lc 23,27-31); Marcos também não conhece ninguém que se lamentasse durante o caminho percorrido por Jesus em direção ao lugar da execução (só após a morte de Jesus, Marcos observa que algumas mulheres que O seguiam e serviam quando estava na Galileia estavam ali a “contemplar de longe” – Mc 15,40-41).
Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão, no abandono, na indiferença de todos, o seu caminho de morte. O grito final de Jesus na cruz (“meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” – Mc 15,34) pode ser o início do Salmo 22 (cf. Sal 22,2); mas é, também, expressão dramática dessa solidão que Jesus sente à sua volta.
5. Só Marcos relata o episódio do jovem não identificado que seguia Jesus envolto apenas num lençol e que fugiu nu quando os guardas o tentaram agarrar (cf. Mc 14,51-52). Para alguns comentadores do Evangelho segundo Marcos, o jovem em causa poderia ser o próprio evangelista… Trata-se, no entanto, de uma simples conjectura.
É mais provável que o episódio tenha sido introduzido por Marcos para representar plasticamente a atitude dos discípulos que, desiludidos e amedrontados diante do falhanço do projeto em que acreditaram, largaram tudo quando viram o seu líder ser preso e fugiram sem olhar para trás.
Ä Mateus e Lucas põem Jesus a interpelar diretamente Judas, quando este o entrega no monte das Oliveiras (cf. Mt 26,50; Lc 22,48); mas na narração de Marcos, Jesus mantém-se silencioso e cheio de dignidade diante da traição do discípulo (cf. Mc 14,45-46), sem observações ou recriminações.
Ä Mateus põe Jesus a desautorizar Pedro quando este fere um servo do sumo-sacerdote cortando-lhe uma orelha (cf. Mt 26,52) e, na narração de Lucas, Jesus pede aos discípulos que deixem atuar os seus sequestradores (cf. Lc 22,51); mas Marcos não apresenta, no mesmo episódio, qualquer reação de Jesus (cf. Mc 14,47). Marcos apenas acrescenta que a prisão de Jesus acontece para que se cumpram as Escrituras (cf. Mc 14,49).
Ä No tribunal judaico, quando interrogado pelo sumo-sacerdote acerca das acusações que lhe eram feitas, Jesus manteve um silêncio solene e digno (cf. Mc 14,61a), recusando defender-Se das acusações dos seus detratores.
2. Uma das teses fundamentais do Evangelho de Marcos é que Jesus é o Filho de Deus (cf. Mc 1,1). Esta ideia também está bem presente, bem sublinhada, bem desenvolvida, no relato da Paixão:
Ä No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, Jesus dirige-Se a Deus (cf. Mc 14,36) e chama-Lhe “Abba” (“paizinho”, “papá”). Esta apalavra não era usada nas orações hebraicas como invocação de Deus; mas era usada na intimidade familiar e expressava a grande proximidade entre um filho e o seu pai. Para a psicologia judaica, teria sido um sinal de irreverência usar uma palavra tão familiar para se dirigir a Deus. O facto de Jesus usar esta palavra, revela a comunhão que havia entre Jesus e o Pai e revela uma relação marcada pela simplicidade, pela intimidade, pela total confiança.
Ä Apesar do silêncio digno de Jesus durante o interrogatório no palácio do sumo-sacerdote, há um momento em que Jesus não hesita em esclarecer as coisas e em deixar clara a sua divindade. Quando o sumo-sacerdote Lhe perguntou diretamente se Ele era “o Messias, o Filho de Deus bendito” (Mc 14,61b), Jesus respondeu, sem subterfúgios: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso e vir sobre as nuvens do céu” (Mc 14,62). A expressão “eu sou” (“egô eimi”) leva-nos ao nome de Deus no Antigo Testamento (“eu sou aquele que sou” - Ex 3,14)… É, na perspectiva do nosso evangelista, a afirmação inequívoca da dignidade divina de Jesus. A referência ao “sentar-se à direita do Todo-poderoso” e ao “vir sobre as nuvens” sublinha, também, a dignidade divina de Jesus, que um dia aparecerá no lugar de Deus, como juiz soberano da humanidade inteira. O sumo-sacerdote percebe perfeitamente o alcance da afirmação de Jesus (Ele está a arrogar-Se a condição de Filho de Deus e a prerrogativa divina por excelência – a de juiz universal); por isso, manifesta a sua indignação rasgando as vestes e condenando Jesus como blasfemo.
Ä Marcos põe um centurião romano a dizer, junto da cruz de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Mais do que uma afirmação histórica, esta frase deve ser vista como uma “profissão de fé” que Marcos convida todos os crentes a fazer… Depois de tudo o que foi testemunhado ao longo do Evangelho, em geral, e no relato da paixão, em particular, a conclusão é óbvia: Jesus é mesmo o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.
3. Apesar de Filho de Deus, o Jesus de Marcos é também homem e partilha da debilidade e da fragilidade da natureza humana:
Ä No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, o Jesus de Marcos sentiu “pavor” e “angústia” (cf. Mc 14,33), como acontece com qualquer homem diante da morte violenta (Mateus é ligeiramente mais moderado e fala da “tristeza” e da “angústia” de Jesus – cf. Mt 26,37; e Lucas evita fazer qualquer referência a estes sentimentos que, sublinhando a dimensão humana de Jesus, podiam lançar dúvidas sobre a sua divindade).
Ä No momento da morte, Jesus reza: “meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” (Mc 15,34). A “oração” de Jesus é a “oração” de um homem que, como qualquer outro ser humano, experimenta a solidão, o abandono, o sentimento de impotência, a sensação de falhanço… e do fundo do seu drama, não compreende a ausência e a indiferença de Deus.
Não há dúvida: o Jesus apresentado por Marcos é, também, o homem/Jesus que Se solidariza com os homens, que os acompanha nos seus sofrimentos, que experimenta os seus dramas, fragilidades e debilidades.
4. Em todos os relatos da paixão, Jesus aparece a enfrentar sozinho (abandonado pelas multidões e pelos próprios discípulos) o seu destino de morte; mas Marcos sublinha especialmente a solidão de Jesus, nesses momentos dramáticos:
Ä Lucas põe um anjo a confortar Jesus, no jardim das Oliveiras (cf. Lc 22,43); Marcos não faz qualquer referência a esse momento de “consolação.
Ä Mateus conta que a mulher de Pilatos intercedeu por Jesus, pedindo ao marido que não se intrometesse “no caso desse justo” (cf. Mt 27,19); Marcos não refere nenhuma interferência deste tipo no processo de Jesus.
Ä João, além de Pedro, refere a presença de um “outro discípulo conhecido do sumo-sacerdote” no palácio de Anás (Jo 18,15); Marcos, para além de Pedro (que negou Jesus três vezes), nunca refere a presença de qualquer outro dos discípulos.
Ä Lucas fala na presença de mulheres, ao longo do caminho do calvário, que “batiam no peito e se lamentavam por Ele” (Lc 23,27-31); Marcos também não conhece ninguém que se lamentasse durante o caminho percorrido por Jesus em direção ao lugar da execução (só após a morte de Jesus, Marcos observa que algumas mulheres que O seguiam e serviam quando estava na Galileia estavam ali a “contemplar de longe” – Mc 15,40-41).
Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão, no abandono, na indiferença de todos, o seu caminho de morte. O grito final de Jesus na cruz (“meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” – Mc 15,34) pode ser o início do Salmo 22 (cf. Sal 22,2); mas é, também, expressão dramática dessa solidão que Jesus sente à sua volta.
5. Só Marcos relata o episódio do jovem não identificado que seguia Jesus envolto apenas num lençol e que fugiu nu quando os guardas o tentaram agarrar (cf. Mc 14,51-52). Para alguns comentadores do Evangelho segundo Marcos, o jovem em causa poderia ser o próprio evangelista… Trata-se, no entanto, de uma simples conjectura.
É mais provável que o episódio tenha sido introduzido por Marcos para representar plasticamente a atitude dos discípulos que, desiludidos e amedrontados diante do falhanço do projeto em que acreditaram, largaram tudo quando viram o seu líder ser preso e fugiram sem olhar para trás.
ATUALIZAÇÃO • Celebrar a paixão e a morte de Jesus é abismar-se na contemplação de um Deus que, por amor, veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu as tentações, experimentou a angústia e o pavor diante da morte; esmagado contra a terra, atraiçoado, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena.
• Contemplar a cruz significa assumir a mesma atitude que Ele assumiu e solidarizar-Se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
• A “angústia” e o “pavor” de Jesus diante da morte, o seu lamento pela solidão, tornam-nO muito “humano”, muito próximo das nossas fragilidades. Dessa forma, é mais fácil identificarmo-nos com Ele, confiar n’Ele, segui-l’O no seu caminho do amor e da entrega. A humanidade de Jesus mostra-nos, também, que o caminho da obediência ao Pai não é um caminho impossível, mas que conduz à vida definitiva.
ATUALIZAÇÃO
9. SEGUNDA LEITURA (Fl 2,6-11)
Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses.
6 Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser
igual a Deus uma usurpação, 7 mas ele esvaziou- -se a si mesmo, assumindo a
condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto
humano, 8 humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de
cruz. 9 Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima
de todo nome. 10Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra
e abaixo da terra, 11e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a
glória de Deus Pai.
AMBIENTE - Filipos era uma cidade de veteranos romanos do exército; gozava dos mesmos privilégios das cidades da Itália. A comunidade cristã era atenta às necessidades da Igreja. Não era uma comunidade perfeita… a humildade, a simplicidade, não eram valores que compunham a comunidade. Paulo convida os filipenses a encarnar os valores de Cristo.
AMBIENTE - Filipos era uma cidade de veteranos romanos do exército; gozava dos mesmos privilégios das cidades da Itália. A comunidade cristã era atenta às necessidades da Igreja. Não era uma comunidade perfeita… a humildade, a simplicidade, não eram valores que compunham a comunidade. Paulo convida os filipenses a encarnar os valores de Cristo.
AMBIENTE
MENSAGEM - Cristo contrasta Adão. Adão reivindicou ser como Deus e lhe desobedeceu e Cristo responde com a humildade e a obediência ao Pai. A atitude de Adão trouxe fracasso e morte; a atitude de Jesus trouxe exaltação e vida.
Cristo: aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Esse “abaixamento” – a morte de cruz – para nos ensinar a lição do serviço, do amor radical, da entrega total da vida.
A obediência aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória. Paulo faz um alerta: o cristão deve ter como exemplo esse Cristo, servo sofredor e humilde, que fez da sua vida um dom a todos.
MENSAGEM - Cristo contrasta Adão. Adão reivindicou ser como Deus e lhe desobedeceu e Cristo responde com a humildade e a obediência ao Pai. A atitude de Adão trouxe fracasso e morte; a atitude de Jesus trouxe exaltação e vida.
Cristo: aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Esse “abaixamento” – a morte de cruz – para nos ensinar a lição do serviço, do amor radical, da entrega total da vida.
A obediência aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória. Paulo faz um alerta: o cristão deve ter como exemplo esse Cristo, servo sofredor e humilde, que fez da sua vida um dom a todos.
ATUALIZAÇÃO - • Pelos critérios do mundo os grandes ganhadores não são os que põem a sua vida ao serviço dos outros, mas os agressores.
• à luz do exemplo de Cristo nos é pedido
humildade, serviço e amor. o caminho do dom da vida não é um caminho de
“perdedores. É um caminho que garante a vitória e a vida plena.
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, NOS COLOQUEMOS DIANTE DO PAI
T: SENHOR, BENDITO SEJAIS PELO VOSSO
IMENSO AMOR.
à
Pai, nós vos damos graças pelo testemunho de tão grande amor manifestado em
Jesus. Senhor, despertai em nós mais amor pela vossa Palavra para que possamos
manifestar vosso amor a todos.
T: SENHOR, BENDITO SEJAIS PELO VOSSO
IMENSO AMOR.
à
Pai, vos bendizemos porque nos enviaste vosso Filho para nos mostrar que é no
amor, na humildade e no serviço que construiremos o novo Reino de Paz e de
felicidade.
T: SENHOR, BENDITO SEJAIS PELO VOSSO
IMENSO AMOR.
à
Pai, vos louvamos pela grande revelação de vossa grande misericórdia que sempre
nos perdoa quando nos convertemos ao vosso amor. Temos para nosso exemplo o
ladrão arrependido que é perdoado. “hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.
T: SENHOR, BENDITO SEJAIS PELO VOSSO
IMENSO AMOR.
à
Pai, prova de amor maior não há, quando se dá a vida para que vivamos. Oh Deus
de amor e bondade infinita, fortalecei-nos com a vossa graça para que sejamos
cireneus junto aos irmãos que sofrem.
T: SENHOR, BENDITO SEJAIS PELO VOSSO
IMENSO AMOR.
à
PAI NOSSO... - A PAZ DE
CRISTO...- EIS O CORDEIRO DE DEUS...
=========--------------============
HOMILIA DO PE.
PEDRINHO
Irmãos e irmãs, cada ano voltamos a
ler a paixão, morte e ressurreição do Senhor, para lembrarmos da importância do
gesto de Jesus. Sobre a prisão e morte de Jesus, falaremos na sexta feira
santa. Hoje, gostaria de refletir sobre o Evangelho que fizemos antes da
procissão. Por que? Porque aqui temos propostas importantes de reflexão para
estes dias. O Evangelho nos diz que, quando se aproximaram de Jerusalém, Jesus
sabe que será um momento decisivo, porque ali será preso, condenado e
crucificado. Entretanto, Ele já havia dito que é para esta hora que eu
vim. Portanto, Ele tem clareza que deve entrar em Jerusalém. Marcos nos lembre
que ali você tem caminho para Betfagé e para Bethânia. Betfagé é a casa do
figo. É a casa da doçura. É a casa do doce. Quem é que não quer uma vida doce?
Uma vida tranquila. Por outro lado, você
tem Bethânia, casa do perfume. Tento num local quanto no outro, bastante
agradável. Jesus poderia ter mudado de idéia dizendo: Eu não vou para Jerusalém,
eu vou para Bethânia, eu vou para Betfagé. Não. Eu vou justamente para o
caminho mais difícil. Isto nos deve ajudar a ver que nem sempre o caminho mais
fácil nos leva a realizar a vontade de
Deus. Não que Deus gosta de complicar a vida das pessoas. É que no
caminho mais fácil não exige compromisso. O caminho mais fácil não exige
resignação. O caminho mais fácil não exige de nós que abramos mão de
privilégios ou conforto. Hoje, mais do que nunca, estas palavras devem ganhar
um sentido muito importante, porque o mundo nos mostra e nos oferece o reina da
facilidade, aonde as pessoas devem conquistar a qualquer custo. Mesmo que isto
precise pisar, ignorar ou matar o irmão. O caminho proposto por Betfagé e por
Bethânia, é o caminho que as pessoas buscam, através do dinheiro, ter tudo
aquilo que é possível ser comprado. Mas Jesus alerta: Olha, a ressurreição é
uma conquista, aonde ninguém compra. A partir daí, decide ir para Jerusalém.
Outro aspecto que chama a nossa
atenção: Ele entrará sentado num jumento, filho de uma jumenta; um jumentinho. Para os menos avisados, o jumento não precisa
necessariamente ser filho de uma jumenta. O filho de uma jumenta é um
jumentinho fraco, não serve praticamente para nada. Veja agora a ironia: O Rei
do Universo, o Senhor dos senhores, entra na cidade de Jerusalém, a mais
importante das cidades, montado em um jumentinho. Isto é um fiasco para aqueles
se importam com a maneira de se apresentar. Normalmente, uma pessoa importante
entraria montado em um belo cavalo, um cavalo puro sangue, de cor branca, como
as éguas de Faraó. Era assim que os grandes imperadores entravam. Jesus entra
num jumentinho. Significa ridículo. Onde este fulano tem força para salvar a
humanidade? Ora, ainda resta uma esperança; vamos aclama-lo rei, quem sabe ele
ganha força e coragem para desbancar o império romano. Mas não é este o caminho
de Jesus. Jesus somente quer mostrar, que toda trilha feita por Davi, Salomão e
outros reis, sempre levava o povo a perdição. Ele tem agora, como proposta, o
Servo sofredor. Ele tem como compromisso, assim como fez Jeremias, de ser um
sinal de contradição. Que sinal é este? Ele, Rei e Senhor, será sacrificado,
mostrando que o caminho da salvação vai pela fraqueza. O caminho da salvação
não vai pelo poder, pelo dinheiro, prestígio, mas pela fidelidade a Deus. E
assim, ele vai, nestes dias, assumir este compromisso em Jerusalém. Claro, que
aqueles que apostam no dinheiro, no poder como caminho para solução para tudo
ficaram indignados. É assim que teremos a reação imediata , do mesmo povo que o
aclamou, para agora crucificá-lo. Barrabás significa uma proposta mais
imediata, uma proposta que eu consigo enxergar
aqui e agora uma certa vitória. Jesus é uma proposta, que quem sabe,
será longa e que é possível que não seja conquistada. Nós vivemos sempre sobre
estas duas propostas: de um lado temos esta proposta que é de imediato, de
vitória, regada pela doçura de tudo aquilo que se pode comprar, regada por
aquilo que Bethânia simboliza, com todo o perfume que nos leva a sentir
confortáveis. Por outro lado, temos a proposta de Jesus: ser fiel a Deus, ainda
que isto me custe um certo sacrifício. Qual das duas propostas venceram? A de
Jesus. Porque, de fato, Deus resgatará da morte e nos conquistará a
ressurreição. Esta é uma proposta que eu só enxergo com os olhos da fé. É por
isso que para nós, esta semana, se torna semana decisiva e ao mesmo tempo a
semana central da nossa fé. Daí brotará toda nossa caminhada em vista da
ressurreição.
Que possamos fazer desta semana,
uma semana verdadeiramente santa e um retiro espiritual para nós. A cada dia
seremos convidados a contemplar este grande mistério a partir da liturgia que
nos é oferecida.
Louvado seja nosso Senhor Jesus
Cristo.
PE. PEDRINHO
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Hosana e Cruz
Com o Domingo de Ramos começamos a
Semana Santa. Somos convidados a contemplar o grande amor de Deus, que desceu
ao nosso encontro, partilhou a nossa humanidade, fez-se homem, deixou-se matar
pela nossa salvação.
É uma oportunidade para reviver os
mistérios centrais da Redenção.
A Liturgia lembra DOIS FATOS:
- A Entrada Triunfal de
Jesus em Jerusalém montado num jumento.
O povo o reconhece
como Salvador e o aclama alegre... (Jo 12,12-16)
- O Começo da Semana Santa,
com a leitura da Paixão de Jesus Cristo, segundo São Marcos... (Mc 14,1-15,47)
* Dois momentos da vida de Cristo: O Triunfo e a Humilhação...
Ao longo
dessa Semana Santa, teremos a oportunidade de ler as 4 narrativas da Paixão de
Jesus Cristo.
+ Introdução: Marcos introduz com duas referências à CEIA:
- A ceia de Betânia, na casa de
Simão, na qual Jesus é ungido por uma mulher.
O gesto generoso da Mulher contrasta com a atitude egoísta e traidora de
Judas.
- A Ceia Pascal com os discípulos.
1. Jesus mantém um SILÊNCIO solene e digno, aceitando o caminho da cruz.
Não reage diante do beijo de Judas
e ao gesto violento de Pedro.
É a atitude de quem sabe que o Pai
lhe confiou uma missão e está decidido a cumprir essa missão, custe o que
custar.
- No tribunal, quando acusado,
Jesus manteve silêncio.
Mas quando perguntado se era o
Messias, reponde prontamente: "Sim,
eu sou", e só. Durante o processo: nenhuma palavra.
2. Jesus é o FILHO DE DEUS, que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma
proposta de Salvação.
É o que Jesus responde ao Sumo
Sacerdote: "Eu sou" e o que
o Centurião afirma aos pés da cruz:
"Verdadeiramente
esse homem era Filho de Deus".
É o ponto culminante da narrativa
de Marcos, que no seu evangelho procura responder: "Quem é Jesus?"
A resposta (a descoberta) não foi
feita por um apóstolo, nem mesmo por um discípulo, mas por um pagão.
3. Jesus é também HOMEM e partilha da
fragilidade e debilidade da natureza humana:
No Jardim, antes de ser preso, "começa a sentir grande pavor e angústia".
Mostra-nos um Jesus muito humano... muito próximo de nossas
fraquezas.
4. Sublinha a Solidão de Cristo: Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão,
condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão,
no abandono, na indiferença de todos No seu caminho de morte.
Só Marcos faz questão de sublinhar
que Jesus se sentiu completamente só, abandonado por todos, até pelo Pai:
"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"
5. Fato curioso: Um jovem o seguia, coberto somente de um lençol. Quando os
soldados tentaram agarrá-lo, livrou-se da roupa e fugiu despido. (SERIA JOÃO?)
Foi a
atitude dos discípulos que, desiludidos e amedrontados, largaram tudo, quando
viram o seu líder ser preso e fugiram sem olhar para trás.
6. Atitude "corajosa" de José de
Arimatéia em pedir à autoridade,
que o condenou, a autorização para sepultar Jesus .
7. "ABBA": Pai: Essa palavra somente
Marcos a coloca nos lábios de Jesus, exatamente na hora mais dramática da sua
vida....
9. Mulheres seguem, servem e sobem com ele a Jerusalém...
Marcos salienta a presença das mulheres que seguem e servem Jesus desde
a Galiléia e sobem com ele a Jerusalém, até o pé da cruz.
* Elas são o modelo para os outros discípulos que tinham fugido.
Os RAMOS, que
carregamos com alegria e entusiasmo na procissão e que levamos com devoção para
nossas casas, são o sinal de um povo, que aclama o seu Rei e o reconhece como
Senhor que salva e liberta.
Devem ser o Sinal do compromisso
de quem deseja viver intensamente essa Semana Santa.
- Não basta apenas aclamar o
Cristo em momentos de entusiasmo e depois crucificá-lo na rotina de todos os
dias.
- Que o Lava-pés nos motive a
limpar o coração com a água purificadora da Penitência e a nos pôr a serviço
dos irmãos.
- Que a Ceia do Senhor nos faça
valorizar a presença permanente de Cristo em nosso meio na Eucaristia e seja o
alimento constante em nossa caminhada.
- Que o Getsêmani nos anime a
fazer a vontade do Pai, mesmo pelos caminhos do sofrimento e da cruz.
- Que o Túmulo silencioso seja o
nosso "deserto" para
escutar mais forte a voz de Deus e um estímulo para remover todas as pedras que
mantém ainda trancado o Cristo dentro do túmulo do nosso coração.
- Que a
Vigília Pascal reanime nossa Esperança nas promessas do Senhor, enquanto
aguardamos a sua vinda.
- Assim esta Semana será realmente
santa e a PÁSCOA acontecerá em nós.
Cristo realmente venceu as trevas do pecado e da morte. Aleluia!
Pe. Antônio
Geraldo
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