sábado, 21 de março de 2015

5º DOMINGO DA QUARESMA

5º DOMINGO DA QUARESMA ano B 2015  (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:

Tema: A NOVA ALIANÇA “Se alguém me quer servir, siga-me” A Salvação está na escuta de Deus e na ação aos irmãos.
Primeira leitura: Jahwéh apresenta uma nova Aliança que passa pela transformação do coração.
Evangelho: Jesus é o exemplo na entrega da vida a Deus e aos irmãos. O caminho da cruz não é um fracasso, mas é daí que brota a vida verdadeira e eterna.
Segunda leitura: Jesus Cristo, o sumo-sacerdote da nova Aliança, aponta o caminho da salvação. Esse caminho passa pelo diálogo com Deus e pela descoberta das propostas aos seus projetos.

5. PRIMEIRA LEITURA (Jr 31,31-34) Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei... uma nova aliança; não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los da terra do Egito...: Imprimirei minha lei ... em seu coração; serei seu Deus, e eles serão meu povo. ...

AMBIENTE – No reinado de Josias (reforma religiosa). A mensagem de Jeremias traduz-se num apelo à conversão e à aliança. No reinado de Joaquim é um tempo de desgraça e de pecado para o Povo e de sofrimento para Jeremias. O profeta critica as injustiças e a infidelidade religiosa (esperança em exércitos estrangeiros [aliança com os egípcios]). Jeremias está convencido de que uma invasão babilônica castigará os pecados do Povo de Deus: em 597 a.C., Nabucodonosor invade Judá e deporta para a Babilônia uma parte da população de Jerusalém. No trono fica Sedecias (597-586 a.C.). A terceira fase profética de Jeremias.
Sedecias volta a política das alianças com o Egito. Jeremias não está de acordo que se confie em exércitos estrangeiros mais do que em Jahwéh… Acusado de traição, o profeta é encarcerado. Em 586 a.C. Nabucodonosor destrói Jerusalém e deporta a população para a Babilônia. Jeremias reflete sobre uma nova Aliança que Deus oferecerá ao seu povo.

MENSAGEM - Deus tem uma nova Aliança a oferecer. O Povo de Deus aderiu à Aliança do Sinai, mas mais com a boca do que com o coração. Deus vai propor uma nova Aliança que se fundamente noutras base; Em concreto, gravar as suas leis e preceitos no coração do Povo. Com um “coração” assim transformado, cada crente poderá viver na fidelidade à Aliança e no amor a Jahwéh. Com esse novo tipo de relação, Jahwéh não será mais um “desconhecido” para o seu Povo. Entre Deus e Israel será possível o estabelecimento de uma relação pessoal de proximidade, de intimidade, de familiaridade. Na última frase do nosso texto, Deus anuncia o perdão para as faltas do seu Povo: um perdão total e sem reservas é o primeiro resultado desta nova relação que se vai estabelecer entre Deus e o seu Povo. Também nisto se manifesta o “amor eterno” de Deus.

ATUALIZAÇÃO • Jahwéh propõe mudar o coração do homem. Ao homem pede-se que acolha o dom de Deus, que se deixe transformar por Deus para integrar a comunidade da nova Aliança. Integrar a comunidade da nova Aliança implica renunciar a caminhos de auto-suficiência face às propostas de Deus.
• A nova Aliança não tem a ver com ritos; mas a adesão do coração às propostas de Deus. Aliança não é o ter o nome escrito no livro de batismos, Mas é o estar atento aos projetos de Deus, testemunhar Deus nos gestos do dia a dia, viver em comunhão com Deus.
• O projeto de uma nova Aliança concretiza-se em Jesus: Ele veio ao mundo para renovar os corações dos homens, oferecendo-lhes a vida de Deus.

9. EVANGELHO (Jo 12,20-33). ... havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém... Aproximaram-se de Filipe, ... e disseram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu-lhes: “Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Agora, sinto-me angustiado. E que direi? Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!”. Então, veio uma voz do céu: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo”. A multidão, que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. ... Jesus respondeu e disse: “Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Jesus falava assim para indicar de que morte iria de morrer.

AMBIENTE - As multidões “que tinham chegado para a Festa” haviam aclamado Jesus como o rei/messias, “o que vem em nome do Senhor”. Acolhendo Jesus com ramos, é um gesto do folclore judaico que Celebravam a festa das tendas, tempo em que os israelitas viveram em tendas, ao longo da caminhada pelo deserto. O autor do Quarto Evangelho sugere, assim, que está chegando o processo de libertação definitiva do Povo de Deus... Os “gregos” dirigem-se a Filipe, Filipe vai falar com André e apresentam o caso a Jesus. A história dos “gregos” que querem “ver Jesus” vai servir de pretexto a João para uma catequese sobre o que significa “ver Jesus”.
MENSAGEM - Os “gregos” vieram a Jerusalém “adorar” a Deus no Templo; mas quiseram encontrar-se com Jesus, conhecer Jesus e o seu projeto. Com isto, o autor do Quarto Evangelho sugere que o Templo e o culto antigo já não são mais os lugares onde o homem encontra Deus e a salvação; agora, quem estiver interessado em encontrar a verdadeira libertação deve dirigir-se ao próprio Jesus. A salvação/libertação que Jesus veio trazer tem um alcance universal. Jesus estava no interior do Templo, chamado Pátio de Israel. Ali, nenhum pagão podia entrar, sob pena de morte. Dois gregos, dois pagãos, aproximaram-se de Filipe, que estava na parte mais externa, no chamado Pátio dos Gentios, até onde qualquer pessoa podia chegar. Eles não podiam entrar no Templo, não poderiam ver Jesus, a não ser que este saísse e viesse aonde eles estavam. Filipe, então, foi a Jesus e lhe relatou o pedido dos gregos. Jesus disse: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado!” - “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz fruto”. Jesus entregará ao Pai a sua vida, para frutificar em salvação para nós, para que possamos vê-lo, contemplá-lo e experimentá-lo como nossa Luz e nossa Vida!
O fato de Filipe falar primeiro com André e só depois os dois irem a Jesus reflete a dificuldade das primeiras comunidades para a evangelização dos pagãos. A decisão de integrar os pagãos não é uma decisão individual, mas comunitária.
Quem vai ao encontro de Jesus tem no horizonte apenas a cruz. Jesus está consciente de que vai sofrer uma morte violenta, mas nessa cruz se manifestará a “glória”. A morte de Jesus é o culminar sua existência terrena. Jesus procurou, em cada palavra e gesto, tornar o homem livre de todas as opressões e dar-lhe vida em plenitude. Destronou o ódio do sistema opressor, interessado em manter o homem escravo. Sem se assustar com a perspectiva da morte, Jesus levou avante a sua luta pela libertação da humanidade. A sua morte é a consequência do seu confronto com as forças da morte que dominavam o mundo.
Com a morte de Jesus na cruz, os discípulos aprendem sobre o amor extremo aos projetos de Deus e à libertação dos irmãos. Deste “dom” de Jesus nasce uma nova humanidade. E é uma humanidade que venceu o egoísmo e que aprendeu que a vida é para ser dada, sem limites, por amor. “Queremos ver Jesus!” Mas onde encontrá-Lo? O Documento de Aparecida diz:
1 Na fé recebida e vivida na igreja,
2 Na Escritura lida em comunidade e vivida,
3 Na Sagrada Liturgia, onde a Eucaristia é o lugar privilegiado do encontro do Discípulo com Jesus Cristo”,
4 Na Reconciliação (Confissão),
5 No pobre,
6 No enfermo e
7 Na oração.
O caminho para ver Jesus é a Cruz: “Quando Eu for elevado da terra (na Cruz), atrairei todos a Mim”. A Cruz é reveladora tanto da grandeza de Deus quanto da feiúra do pecado.  “Cristo foi crucificado e, do alto da Cruz, redimiu o mundo, restabelecendo a paz entre Deus e os homens”.
Na cruz de Jesus manifesta o amor sem limites de Deus para os homens.
A vida nasce do amor que se dá até às últimas consequências. Quem ama a si mesmo e se fecha num egoísmo estéril, perde a oportunidade de chegar à vida verdadeira, à salvação. O egoísmo levará ao medo de agir perante a injustiça. Quem esquece seus próprios interesses, se compromete com a luta pela justiça, esse dará frutos de vida e viverá uma vida plena. Jesus viveu por amor, sem medo de enfrentar o “mundo”. Jesus está livre desse medo e está livre para amar totalmente. Àqueles que querem “ver Jesus” e conhecer o seu projeto, Ele propõe o mesmo caminho – o caminho do amor e da entrega total. Ser discípulo é colaborar com Jesus na libertação dos homens, mesmo que isso signifique enfrentar as forças de opressão do “mundo”; é tomar a cruz e seguir o exemplo de Jesus. Quem aceitar esta proposta entra na comunidade de Deus. Poderá ser desprezado pelo “mundo”; mas será honrado por Deus e acolhido como filho.

É na morte de Cristo que judeus e gentios entrarão para a nova e eterna Aliança no sangue do Senhor! São Pedro exclamará: “Sabeis que não foi com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo” (1Pd 1,18).
Como dizia o Papa Bento XVI: Sua cruz é o critério do julgamento do mundo: tudo aquilo que fugir da lógica da cruz, é palha para ser queimada! É o amor manifestado e derramado na cruz que vence a morte e nos dá a vida plena. Na cruz, de braços abertos, o Salvador nosso une judeus e pagãos num só povo, o novo Povo, a Igreja, sua amada esposa una, santa, católica e apostólica!

ATUALIZAÇÃO • O Evangelho responde como chegar a este homem novo: é olhando para Jesus, aprendendo com Ele, seguindo-O no caminho do amor.
• O caminho de Jesus pode parecer um caminho de fracasso… No entanto, Jesus garante-nos: a vida plena e definitiva nasce do dom de si mesmo, do serviço simples e humilde prestado aos irmãos.
• Jesus rejeita o egoísmo e os valores passageiros. Quem vive só para si, na realização pessoal, tem vida infecunda e não chega à realização plena, à vida verdadeira, à salvação.
• É através da comunidade que os homens “vêem Jesus”, descobrem o seu projeto, encontram esse caminho de amor e de doação que conduz à vida nova do Homem Novo, à salvação.

7. SEGUNDA LEITURA (Hb 5,7-9) Cristo ... dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

AMBIENTE - A Carta aos Hebreus expõe o mistério de Cristo e recorda a fé tradicional da Igreja.

MENSAGEM – O Filho de Deus viveu entre os homens e experimentou a fragilidade dos homens. Sofreu, chorou, sentiu angústia e medo diante da morte. Por isso, Jesus é o sumo-sacerdote, capaz de compreender as fraquezas dos homens. A partir dessa compreensão, Ele será também capaz de dar-lhes remédio. O sacerdócio de Jesus realizou-se num permanente diálogo com o Pai. Mesmo nos momentos mais difíceis, Ele escutou o Pai, e se dispôs cumprir o projeto de salvação que o Pai queria oferecer aos homens. Converteu sua existência numa oferenda ao Pai, num “sacrifício” de doação ao Pai. Ele realizou a comunhão entre Deus e os homens. Com a sua obediência, Ele ensinou a cumprir os projetos de Deus e a amar os irmãos até ao dom total da vida. Sendo o modelo de Homem Novo, Ele tornou-se “fonte de salvação eterna”. Jesus Cristo é o sumo-sacerdote da nova Aliança. Ele conhece as fragilidades dos homens e está apto a oferecer-lhes a ajuda para a salvação.
ATUALIZAÇÃO • Não estamos sozinhos, frente a frente com a nossa fragilidade; Cristo entende-nos, caminha à nossa frente, nos pega no colo quando não conseguimos caminhar.
• O caminho da doação total ao Pai não é um caminho impossível para nós; mas é um caminho que os homens podem percorrer, apesar das suas fragilidades. É esse caminho que Jesus, o homem como nós, nos aponta. Pela Oração, Ele encontrou forças para concretizar os projetos do Pai.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho


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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Estamos nos aproximando da semana santa. Domingo que vem já é domingo de ramos. A liturgia, através das leituras, nos lembra da paixão, morte e ressurreição de Jesus.  Hoje, a afirmação de Jesus é muito clara e direta: Eu atrairei a todos quando for elevado. Nós sabemos bem e o próprio evangelista nos chama a atenção para isto. Jesus vai atrair quando ele  for elevado, e aí ele já está antecipando, mostrando, a maneira como ele será morto. Ele será levantado no madeiro. Jesus diz de maneira muito clara: Eu estou angustiado por esta hora. Aqui, fazer um esclarecimento entre angustia e preocupação. Angustia na medida em que preciso me preparar para uma missão difícil, seja qual for a missão. Então, eu procuro forças, procuro estar muito bem DISPOSTO para concluir a missão que me foi confiada. Preocupado é tentar controlar o futuro. É muito importante nos dar conta disso. Nós não controlamos o futuro.  É uma ilusão achar que temos o domínio em nossas mãos. Não sabemos se terminamos vivos esta Celebração. Entretanto, as pessoas procuram se PRÉ-OCUPAR, preocupar antes do momento que às vezes nem consegue realizar. Então, angustia é algo normal de alguém que está consciente e disposta a levar a bom termo a missão. Preocupação é gastar um tempo de maneira desnecessária com aquilo que ainda não chegou.
Ora, por que Jesus tem clareza dessa missão? É  porque sabendo que é difícil, sabe que é necessária. Porque o profeta Jeremias, capítulo 31, primeira leitura de hoje, ele tinha emprestado sua voz para Deus, afirma: “Eis que dias virão em que eu estabelecerei uma nova aliança com meu povo e a minha vontade, o meu desejo estará escrito no coração das pessoas. Ninguém mais vai precisar transmitir de um para o outro qual é o meu desejo e a minha vontade, mas todos saberão bem como se comportar”. É evidente que Jesus não só viveu, mas aplicou e revelou a realização dessa profecia. Com seus gestos, com palavras ninguém mais pode dizer que não sabe qual é a vontade de Deus. Como ninguém poderá dizer que não conhece os mandamentos de Deus. Porque Jesus resume em dois: ame a Deus e ame ao próximo como a si mesmo. De tal maneira que isto é o obvio.
O Papa Bento XVI dizia: há uma esquizofrenia entre a moral individual e a moral social. Para mim eu quero tudo e para a sociedade eu não quero nada. Isto é uma esquizofrenia, pois há duas posturas para a mesma realidade. Tudo o que eu quero para mim, é evidente que também deveria ser para todos. E a base dessa moral está no mandamento de Jesus. Quando Jesus pega o cálice com vinho na última ceia e diz: Este é o cálice do meu sangue, aí Ele acrescenta algo da profecia de Jeremias: o Sangue da nova e eterna aliança. Ele acrescenta o eterno. Exatamente porque a partir de Jesus, que garante vida eterna, que nós temos uma proposta para este mundo e para quando estivermos na vida eterna. Quem nos garante esta eternidade é o próprio Jesus através de seu sacrifício. Porque é um sacrifício novo para uma nova aliança, uma aliança que agora será eterna. É claro, que depois de Jesus não podemos esperar mais nada, porque nele se realiza toda a vontade de Deus.   
Ora, outro aspecto importante que Jesus nos ajuda a compreender: “Se o grão de trigo não cai na terra e não morre, ele permanece um grão de trigo. Se ele morre, ele dá frutos”.  É importante aí compreendermos todo o ciclo da vida. Para muitas pessoas, a morte é um castigo. Jesus mostra: Não, na medida que eu semeio, jogo a semente na terra, se ela não apodrecer, se ela não morrer, não brota vida. Assim também somos nós quando somos sepultados. Também nós, se de fato não morremos, não gera vida. Eu dizia para as crianças: você planta um milho amarelo e nasce uma planta verde. São Paulo usa esta analogia: Nós semeamos um corpo corruptível e aí nasce um corpo incorruptível. Mas que corpo é este? Não sabemos. E aí ele utiliza a imagem da semente. Eu gosto de lembrar que o milho amarelo, aparentemente  parece nada a ver com o pé de milho que é verde. Então, não podemos imaginar o corpo ressuscitado de cada um de nós. Então vale a proposta de Jesus: Para que possamos dar frutos é necessário que passemos por este processo. Então, Jesus diz: Eu venho, realizo a minha missão, eu abro mão de meus interesses em prol de um projeto muito maior: Eu garanto vida eterna a todos. Por que? Porque eu sou a ressurreição e a vida. Agora, este é o ponto mais desafiador: a segunda leitura diz que Jesus foi atendido no seu pedido diante do Pai. Vale a pena recordar: “Cristo na sua vida terrestre dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte e foi atendido”.  E aí parece um absurdo, porque nós sabemos que Jesus morreu na cruz. Como é que Ele foi atendido nas suas súplicas? Aqui, então, vamos compreender o início de nossa caminhada quaresmal; a transfiguração. Temos que ir além da figura. De fato, aos olhos humanos, Jesus não foi atendido nada, foi abandonado na cruz, morreu. Mas, aos olhos da fé, esta não foi a última palavra. A última palavra foi  a ressurreição. Também, quando vemos alguém,  aparentemente está morto, mas ali, no caixão, não é a última palavra; a ultima palavra é a ressurreição. Então, Deus sempre atende os pedidos das pessoas. Sempre, a seu modo. Às vezes, para nós, um absurdo!
Muito bem. Aqui então está um ponto muito importante: Jesus nos mostra que a última palavra é vida e vida eterna e convida para quem quiser, que esteja junto com Ele: “Aquele que me serve, onde eu estiver, ele estará também”. Esta é a promessa. O que parece muito curioso é que muitas pessoas acham que é uma perda de tempo acompanhar Jesus, servir, buscar fazer a sua vontade, mas ao mesmo tempo vive em busca de algo que lhe dê segurança. Ao ponto de viver preocupado porque se sente inseguro. Esta é uma grande contradição, pois o único que pode nos dar segurança é Jesus Cristo, porque Ele tem proposta para esta vida e para a vida eterna também.
Meus irmãos e irmãs, aí o grande convite: eu quero, ou não, viver em comunhão com Jesus? Se quero, devo pedir isto a Ele.
Concluindo a reflexão, nós partimos do Salmo para afirmar isto. O Salmo 50 é um pedido de perdão a Deus. Agora, será que eu preciso pedir perdão a Deus? Será que Ele não conhece o meu arrependimento? Ele conhece, mas só vai nos perdoar na medida que pedirmos, porque ele nos respeita. Isto, às vezes, as pessoas tem dificuldade de compreender. Se eu não disser; Senhor, perdoe os meus pecados, Ele não vai me perdoar. Não que não possa perdoar, mas porque respeita a minha iniciativa.
O que de fato é o inferno? O inferno é eu estar convivendo com algo que eu não suporto. Se alguém não suportou Jesus Cristo ao longo de sua vida, seria um inferno viver em comunhão com Ele. Então, Ele não garante vida eterna para quem não pedir, para que não quiser, para quem não falar: “Senhor, eu quero viver em comunhão contigo”.  Exatamente porque nos ama e quer respeitar a nossa vontade. Por isso, ao longo da quaresma procuramos rever a nossa caminhada. Certamente aqui ou ali descobrimos alguma coisa que não está bem, seria momento de pedir perdão a Deus, porque Ele pode nos perdoar. Ele aguarda o nosso pedido de perdão. A exemplo de Davi, que diante de seu pecado pediu perdão, nós também pedimos perdão a Deus. E ainda falarmos: “Eu quero viver em comunhão contigo, embora muitas vezes não consigo”.  A partir daí, é Deus que nos conduz, porque na medida em que eu quero viver com Ele, Ele não me rejeitará de maneira alguma.
Semana que vem realizamos o nosso grande retiro, a semana Santa, que tem este significado. E possamos estar prontos e experimentar esta renovação e a ressurreição do Senhor.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO

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"Queremos ver Jesus"

A Liturgia desse domingo deseja preparar para os acontecimentos da Páscoa, que se aproxima:
a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.

Na 1a Leitura Deus propõe uma NOVA ALIANÇA. (Jr 31, 31-34)

Deus tinha feito uma ALIANÇA no Sinai. O povo aderiu à aliança, contudo mais com a boca, do que com o coração. Por isso, o profeta Jeremias anunciou uma NOVA ALIANÇA, cujos mandamentos serão gravados no coração: A Aliança é renovada pelo Senhor, que perdoa e restaura.

* Nós também somos Povo da Nova Aliança, cujos mandamentos devem estar inscritos em nosso coração. A Quaresma é o tempo de renovação da Aliança, iniciada no Batismo e rompida tantas vezes pela nossa fraqueza e infidelidade.

A 2ª Leitura afirma que essa nova Aliança, plena e definitiva, se realiza em Jesus Cristo, em perfeita obediência ao Pai. (Hb 5,7-9)

O Evangelho nos convida a olhar Jesus, que selou a Nova Aliança com o próprio sangue na Cruz. (Jo 12,20-33)

- Um grupo de gregos,  pedem: "Queremos ver Jesus!".  Não se dirigem diretamente a Jesus, mas aos discípulos. Servem-se dos mediadores: Felipe e André

- Jesus SE FAZ VER através de uma imagem: o GRÃO de TRIGO.
   A sua "glória" passa pela experiência do grão:    "Se o grão, que cai na terra, morre, produzirá muito fruto".

   A fecundidade da vida se manifesta na morte. Jesus vai morrer e nascerá a Igreja universal...
  
  Para conhecer Jesus:
- Devem MORRER as seguranças humanas, o apego à própria vida e à sabedoria humana (que os gregos valorizavam tanto)...
- Deve MORRER tudo o que nos afasta do projeto de Jesus,  que veio para que todos tenham vida em abundância.
- E aponta o caminho para vê-lo: a CRUZ.
    "Quando eu for elevado da terra (na cruz), atrairei todos a mim."
    
+ "Queremos ver Jesus"

Esse pedido dos gregos é anseio de todos nós.

Mas onde, quando, como encontrá-lo?
- "O encontro com Cristo realiza-se na fé recebida e vivida na IGREJA".
- Encontramos Jesus na SAGRADA ESCRITURA, lida na Igreja...
É indispensável o conhecimento e a vivencia da Palavra de Deus".
-Encontramos Jesus Cristo na SAGRADA LITURGIA... a Eucaristia é
o lugar privilegiado do encontro do Discípulo com Jesus Cristo".
A celebração eucarística dominical é uma necessidade interior do cristão, da família cristã e da comunidade paroquial".
- O sacramento da Reconciliação é o encontro com o Cristo que perdoa.
- A ORAÇÃO pessoal e comunitária cultiva a amizade com Cristo.
- "Jesus está presente em meio a uma COMUNIDADE viva na fé e no amor fraterno".
- Também o encontramos nos pobres, aflitos e enfermos... .


                                  Pe. Antônio
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Homilia de D. Henrique Soares
Caríssimos, às portas da Semana Santa, concentremos, neste Domingo, todo o nosso olhar no Senhor nosso, Jesus Cristo, e na sua missão salvadora. Para isto, comecemos pelo belíssimo evangelho deste hoje. Contemplemos o Senhor! Contemplemo-lo com os olhos, contemplemo-lo com a fé, contemplemo-lo com o coração!
Jesus estava no interior do Templo de Jerusalém, no pátio interno, chamado Pátio de Israel. Ali, nenhum pagão podia entrar, sob pena de morte. Pois bem, dois gregos, dois pagãos, aproximaram-se de Filipe, que certamente estava na parte mais externa, no chamado Pátio dos Gentios, até onde qualquer pessoa podia chegar. Dois gentios, que procuravam com fervor o Deus de Israel, tanto que “tinham subido a Jerusalém para adorar durante a festa”. Com humildade, eles pedem: “Gostaríamos de ver Jesus!” Eles não podiam entrar no Templo, não poderiam ver Jesus, a não ser que este saísse e viesse aonde eles estavam. Filipe, então, foi a Jesus e lhe relatou o pedido dos gregos. Jesus, então, afirmou, de modo misterioso: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado!” Que mistério, caríssimos: para que os pagãos vejam Jesus, isto é, para que o contemplem com os olhos da fé, para que nele creiam e nele tenham a vida, é necessário que Jesus seja glorificado pela cruz e pela ressurreição! É necessário que Jesus, grão de trigo, que se faz Eucaristia, morra de dê fruto – e este fruto é toda a humanidade, judeus e gentios que nele acreditarão e nele terão a vida eterna: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz fruto”. Jesus entregará ao Pai a sua vida, para frutificar em salvação para nós, para que possamos vê-lo, contemplá-lo e experimentá-lo como nossa Luz e nossa Vida!
Mas, não foi fácil a sua missão! A vida de Nosso Senhor foi toda ela uma entrega de amor, que culminou com a entrega mais absoluta na cruz. E isso custou! Como não nos impressionar com as misteriosas palavras da Epístola aos Hebreus? “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem!” Que mistério tão grande, tão adorável! O Filho foi se consumindo durante toda a vida, fazendo-se, por nós, obediente ao Pai, até a morte e morte de cruz. O Filho amado, durante toda a sua existência humana foi, humildemente, buscando a vontade do Pai e a ela se entregando, mesmo quando foi percebendo que a vontade do Pai querido apontava para a cruz! Assim, tornou-se causa de salvação para todos nós, para os judeus e para os pagãos! Quanto tudo isso custou: “Agora sinto-me angustiado. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora?’ Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!” Em Cristo, caríssimos, vai cumprir-se a promessa que o Senhor fizera pelo Profeta Jeremias: “Eis que virão dias em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança: imprimirei minha lei em suas entranhas e hei de inscrevê-la em seu coração. Todos me reconhecerão, pois perdoarei sua maldade e não mais lembrarei o seu pecado”. Eis, irmãos e irmãs: é na morte de Cristo que judeus e gentios entrarão para a nova e eterna Aliança no sangue do Senhor! Quanto somos valiosos, quanto custamos em dores e sacrifício, em doação e trabalhos ao Senhor! Quanto deveríamos amar àquele que nos amou até a morte e morte de cruz! Por isso mesmo São Pedro exclamará: “Sabeis que não foi com coisas perecíveis, com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo” (1Pd 1,18).
E, no entanto, caríssimos em Cristo, é a cruz do Senhor, é seu sacrifício amoroso ao Pai por nós, o critério do julgamento do mundo. Como dizia o Santo Padre Bento XVI, não são os grandes, os crucificadores, que salvam, mas o pobre e impotente Crucificado: “É agora o julgamento deste mundo. Agora o Chefe deste mundo vai ser expulso, e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Compreendem,  meus caros, o que o Senhor está dizendo? Sua cruz é o critério do julgamento do mundo: tudo aquilo que não couber na cruz, tudo aquilo que fugir da lógica da cruz, é lixo, é palha para ser queimada! É o amor manifestado e derramado na cruz que vence Satanás, que vence o pecado, que vence a morte e nos dá a vida plena. Não é a força, o sucesso, as razões humanas, o prestígio que salvam! Eis a loucura de Deus: é Cristo elevado na cruz quem libertará os gregos que estavam do lado de fora, sem poder entrar no povo da antiga aliança. Cristo morrerá por eles, por nós, para que todos, atraídos a ele, formemos um novo povo, a Igreja, povo da Nova e Eterna Aliança, selada no sacrifico do Senhor, neste mesmo Sacrifício Eucarístico que agora estamos celebrando nos ritos da sagrada liturgia! Quanta bondade, quanta misericórdia! Que dom tão grande recebemos do Senhor! Na cruz, de braços abertos, o Salvador nosso une judeus e pagãos num só povo, o novo Povo, a Igreja, sua amada esposa una, santa, católica e apostólica!
É este, caríssimos, o mistério que a Palavra do Senhor nos convida a contemplar neste último Domingo antes do início da Grande Semana. Mas, do alto da contemplação, o Senhor nos surpreende com um convite, um desafio, quase que uma ordem inesperada: Se alguém me quer servir, siga-me, onde eu estou estará também o meu servo. – Nós queremos, sim, te servir, Senhor nosso! Dá-nos a força de te seguir até onde estás: estás na cruz e estás na glória. Jamais chegaremos a esta sem passar por aquela, porque quem não ama a tua cruz não verá a tua luz, a luz da tua glória! Senhor, concede-nos, como fruto da santa Quaresma, um coração generoso para ir contigo, fazendo, como tu, a vontade do Pai na nossa vida! Senhor, dá-nos a graça de unirmo-nos mais intensamente a ti nestes benditos e santos dias que se aproximam, nos quais faremos memorial nos santos mistérios, da tua Paixão, Morte e Ressurreição, pelas quais fomos salvos e libertos! “Dai-nos caminhar com alegria na mesma caridade que te levou a entregar-te à morte no teu amor pelo mundo”. A ti a glória, ó Cristo Deus, hoje e para sempre!
Amém.
D. Henrique Soares
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