sexta-feira, 29 de maio de 2015

Solenidade da Santíssima Trindade

Solenidade da Santíssima Trindade 2015 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Síntese:
TEMA: “Em nome do Pai e do Filho e do Esp. Santo é que nós existimos e somos.”
Primeira leitura: É Deus que vem ao encontro dos homens, lhes indica caminhos de vida plena e verdadeira.
Evangelho: Os discípulos recebem a missão de testemunhar a sua proposta de vida em nome da família divina; Pai, Filho e Espírito Santo. 
Segunda leitura: Deus acompanha a humanidade oferecendo a vida plena e definitiva.

6. PRIMEIRA LEITURA (Dt 4,32-34.39-40) Leitura do Livro do Deuteronômio.
Moisés falou ao povo, dizendo: “Interroga os tempos antigos que te precederam, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, e investiga de um extremo ao outro dos céus, se houve jamais um acontecimento tão grande, ou se ouviu algo semelhante. Existe, porventura, algum povo que tenha ouvido a voz de Deus falando-lhe do meio do fogo, como tu ouviste, e tenha permanecido vivo? Ou terá jamais algum Deus vindo escolher para si um povo entre as nações, por meio de provações, de sinais e prodígios, por meio de combates, com mão forte e braço estendido, e por meio de grandes terrores, como tudo o que por ti o Senhor vosso Deus fez no Egito, diante de teus próprios olhos? Reconhece, pois, hoje, e grava-o em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra e que não há outro além dele. Guarda suas leis e seus mandamentos, que hoje te prescrevo, para que sejas feliz, tu e teus filhos depois de ti, e vivas longos dias sobre a terra que o Senhor teu Deus te vai dar para sempre”.

AMBIENTE - O Livro do Deuteronômio foi descoberto no Templo de Jerusalém no reinado de Josias (622 a.C). O capítulo 4 é um texto redigido na fase final do Exílio na Babilônia. O Povo corria o risco de trocar Jahwéh pelos deuses babilônicos. É neste contexto que os teólogos vão convidar o Povo a olhar para a sua história e a comprometer-se de novo com Deus e com a Aliança.

MENSAGEM - É uma história na qual se manifesta o amor de um Deus empenhado em estabelecer comunhão e familiaridade com o seu Povo. Jahwéh falou-lhe ao coração e realizou gestos destinados a trazer ao Povo ao encontro da vida. Israel deve reconhecer que “só o Senhor é Deus… e que não há outro”. D’Ele e só d’Ele brotam a vida, a salvação, a felicidade, a liberdade. Esta constatação convida o Povo a não colocar a sua esperança noutros deuses e cumprir as leis e os mandamentos de Deus, pois são o caminho seguro para a felicidade.

ATUALIZAÇÃO  *¨ Deus é sensível aos problemas humanos, nos ama e tem misericórdia de nossas falhas.
*¨ É Deus que vem ao encontro dos homens e lhes indica caminhos de liberdade e de vida e intervém para nos libertar de tudo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira. Deus deve ser uma luz de esperança que ilumina o nosso caminho.
** Jahwéh é o único Deus e só n’Ele o homem encontra a verdadeira vida. Os outros “deuses” (o dinheiro, o poder, a fama, o sucesso, o reconhecimento social, os valores da moda…), são verdadeiramente garantia de vida e de felicidade?
** As leis e os mandamentos são o caminho para a felicidade e para a realização plena do homem.

10. EVANGELHO (Mt 28,16-20) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram. Então Jesus aproximou-se e falou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.

AMBIENTE - Os judeus de Jerusalém desprezavam os judeus da Galileia “não podia sair nada de bom”. No entanto, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a sua vida. Foi também na Galileia que Ele começou a anunciar o Evangelho do “Reino” e que começou a reunir à sua volta um grupo de discípulos. Para Mateus, esse fato sugere que o anúncio de Jesus é universal: destina-se a judeus e pagãos. Mateus situa este encontro final entre Jesus ressuscitado e os discípulos, num “monte que Jesus lhes indicara”. o “monte” é sempre, no Antigo Testamento, o lugar onde Deus se revela.

MENSAGEM - Jesus ressuscitado revela se aos discípulos; e os discípulos reconhecem-no como “o Senhor” e adoram-n’O. Depois da adoração, Mateus acrescenta “alguns ainda duvidaram”. Ao reconhecimento e à adoração dos discípulos, segue-se uma manifestação do mistério de Jesus, que reflete a fé da comunidade de Mateus: Jesus é o “Kyrios”, que possui todo o poder sobre o mundo e sobre a história; Jesus é “o mestre”, cujo ensinamento será sempre uma referência para os discípulos; Jesus é o “Deus conosco”, que acompanhará a caminhada dos discípulos pela história.
Mateus descreve o envio dos discípulos em missão pelo mundo. A Igreja de Jesus é uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens e que deixou nas mãos dos discípulos. A missão destina-se a “todas as nações”. Começava-se pela catequese, cujo conteúdo eram as palavras e os gestos de Jesus (o discípulo começava sempre pelo catecumenato, que lhe dava as bases da proposta de Jesus). Quando os discípulos estavam informados da proposta de Jesus, vinha o batismo – que selava a íntima vinculação do discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Uma última nota: Jesus estará sempre com os discípulos, “até ao fim dos tempos”, ajudando-os a superar as crises e as dificuldades da caminhada.

ATUALIZAÇÃO **¨ Ser batizado é estabelecer uma relação pessoal com a comunidade trinitária do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
**¨ Quem acolheu o convite de Deus para integrar a comunidade trinitária, torna-se testemunha dessa vida nova que Deus oferece. O papel dos discípulos é continuar a missão de Jesus, testemunhar o amor de Deus pelos homens e convidar os homens a integrar a família de Deus.
**¨ A missão que Jesus confiou aos discípulos é uma missão universal.
**¨ Testemunhar o amor de Deus e apresentar aos homens o convite para integrar a família de Deus é um enorme desafio. O confronto com o mundo gera muitas vezes, desilusão, sofrimento, frustração… Nos momentos de decepção convém recordar as palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.

8. SEGUNDA LEITURA (Rm 8,14-17) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos: Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. De fato, vós não recebestes um espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes um espírito de filhos adotivos, no qual todos nós clamamos: Abbá, ó Pai! O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo; se realmente sofremos com Ele, é para sermos também glorificados com Ele.

AMBIENTE - A Carta por volta do ano 57/58 do apóstolo apresenta uma síntese da sua mensagem e da sua pregação. Na comunidade cristã de Roma havia divergências entre cristãos vindos do judaísmo e cristãos vindos do paganismo acerca do caminho cristão. Para os judeu-cristãos, a salvação dependia, além da fé em Cristo, da prática da Lei de Moisés; para os pagão-cristãos, a adesão a Cristo bastava. A uns e a outros, Paulo vai apresentar o essencial da mensagem cristã… O apóstolo insiste no fato de a salvação não ser uma conquista do homem, mas um dom do amor de Deus. A salvação é oferecida por Deus ao homem através de Jesus Cristo; ao homem resta aderir a essa proposta de salvação, na fé.
O texto que hoje, Paulo reflete sobre a vida nova que Deus oferece ao batizado e que Paulo chama “a vida no Espírito”. Paulo procura mostrar que os cristãos, libertos da Lei, do pecado e da morte por Jesus Cristo, deixaram a vida velha da “carne” (que é viver em oposição a Deus, para viverem a vida nova do Espírito (escutando as suas propostas, na obediência aos projetos de Deus e na doação aos irmãos).

MENSAGEM
O crente que acolhe a proposta de salvação que Deus faz em Jesus vive “no Espírito”.
Aceitar essa proposta de vida é aceitar uma vida de relação e de comunhão com
Deus. Nessa relação, o crente é alimentado com a vida de Deus. Os que aceitam receber a vida de Deus e vivem “no Espírito” são “filhos de Deus”: Deus é, para eles, um Pai que continuamente os cria e lhes dá vida. A partir de então, os crentes integram a “família de Deus”. Não são escravos que vivem no medo; mas são “filhos” que Deus ama com amor infinito. A condição de “filhos” equipara os crentes com Cristo. Eles tornam-se “herdeiros de Deus e herdeiros com Cristo”. A “herança” reservada é a vida plena e definitiva, que Deus oferece àqueles que aceitaram a proposta de Cristo e percorreram com Ele o caminho do amor, da doação.

ATUALIZAÇÃO
**¨:  Deus não é distante, mas é um Deus que acompanha a humanidade e oferece a vida. É preciso não esquecer que Deus nunca desiste dos seus filhos e que nenhum de nós Lhe é indiferente.
**¨ Os membros da comunidade cristã, que pelo Batismo aderiram ao projeto de salvação são animados pelo Espírito e integram a família de Deus. O fim último da nossa caminhada é a pertença à família trinitária.
**¨ A nossa relação com os irmãos deve refletir o amor, a ternura, a misericórdia, a bondade, o perdão, o serviço, que são as consequências práticas do nosso compromisso com a comunidade trinitária.




========-----------------------===========
A Trindade

A festa da TRINDADE nos convida a refletir sobre o Mistério da vida íntima de Deus e conhecer melhor quem é nosso Deus. Ele se revela como Pai, Filho e Espírito Santo.

A 1ª Leitura apresenta o Deus da ALIANÇA.
Deus é o PAI que com sabedoria criou e dirige o universo. (Dt 4, 32-34.39-40)

É parte de um discurso de Moisés, no final de sua vida, em que resume a Aliança e suas exigências.
Convida Israel a contemplar a sua história e a ação de Deus na sua vida e na libertação do Egito.
Dá pistas para reconhecer o verdadeiro rosto de Deus.

É um Deus que estabelece COMUNHÃO e familiaridade com seu Povo.
Ele vai ao encontro, fala com eles e está sempre atento aos seus problemas. 
É um Deus fiel, apesar da infidelidade de Israel.
É um Deus próximo do Povo, embora esse se afaste dele.

- E conclui convidando o Povo a cumprir os mandamentos do Senhor, pois são sugestões de um Deus que nos ama e quer a nossa felicidade e a nossa plena realização.

* O Antigo testamento não conhecia o Mistério da Trindade.
Nessa etapa, aparece a UNICIDADE e a ESPIRITUALIDADE de Deus, assim como os atributos de ONIPOTÊNCIA e MISERICÓRDIA

Na 2ª Leitura, Paulo ressalta que, graças ao dom do ESPÍRITO através de CRISTO somos filhos de Deus e, por isso, podemos chamar Deus de "Abba", "PAI". (Rm 8,14-17)

No Evangelho, Jesus envia os discípulos em Missão para pregar o Evangelho e Batizar em nome da TRINDADE. (Mt 28,16-20)

O texto descreve o encontro final entre Jesus e os discípulos.
Nele aparece uma fórmula trinitária usada no batismo cristão.
Pelo Batismo, nos tornamos participantes da Comunhão trinitária.
Mateus revela que a Igreja é uma Comunidade Missionária e tem duas etapas de iniciação cristã: ENSINO e BATISMO.
Inicia com a catequese sobre as palavras e os gestos de Jesus e o Batismo sela a íntima comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

+ A celebração da festa da Trindade não é um convite para decifrar o Mistério de um Deus em três pessoas, mas um convite para contemplar Deus que é AMOR e vive em comunhão de pessoas e
nos convida a participar da vida íntima de Deus.

Esse Mistério é algo tão sublime, que supera nossa capacidade de compreender, mas podemos e devemos crescer no conhecimento de Deus...
Sabemos da existência desse Mistério, porque Jesus nos revelou.

Por que Cristo nos revelou esse Mistério?

+ Certamente, não foi para ser um problema para nossa compreensão.
Pelo contrário, porque Deus nos ama, ele quer que participemos ainda mais de perto de sua vida de amor.
O próprio Cristo nos apontou o modo:
"Se alguém me ama, guardará as minhas palavras;
 e meu Pai o amará e nós viremos a ele e
 faremos nele a nossa morada..."

Que verdade consoladora: a nossa pessoa ser um Templo da Trindade...
- Em nós está o PAI, que nos chamou do nada, insuflou-nos o sopro da vida, deu-nos um nome, confiou-nos uma missão.
- Em nós está o FILHO, que entregou sua vida por nós, imagem do Filho de Deus a ser imitada e reproduzida por todos nós.
- Em nós está o ESPÍRITO SANTO, que nos ilumina e fortalece nos caminhos de Deus.

E toda essa maravilha começou em nós desde o nosso BATISMO.
- Do Pai, somos filhos amados...
- Do Filho, somos irmãos e participamos da mesma vida e do mesmo projeto.
- Do Espírito Santo, recebemos inspiração e impulso para vivermos a vida divina.
Essa relação com as três pessoas divinas, deve ser cultivada em nossa vida.
Somos chamados a renovar o nosso compromisso batismal, para sermos reflexos da Trindade, sinais de comunhão, partilha e esperança, num mundo tão dividido, individualista e desesperançado.

- A Bíblia nos conta que em Moisés, após ter falado com Deus, dois raios de luz tão intensa iluminavam sua face, que não podiam olhar para ele...

Que todos quantos nos encontrarem nessa semana, após esse nosso encontro com Deus nessa celebração, possam ver em nós, alguém que também se encontrou com seu Deus...

                                 Pe. Antônio
===============---------------============

HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Meus irmãos e minhas irmãs, nós celebramos a Páscoa do Senhor, depois celebramos todo o tempo Pascal, terminado o tempo Pascal, celebramos a Ascenção do  Senhor e a partir daí, celebramos a vinda do Espírito Santo. Hoje, concluindo este conjunto d celebrações, nós queremos glorificar a Trindade, o Deus que é Pai, o Deus que é Filho e o Deus que é Espírito Santo. Pela própria iniciativa de Deus, Ele nos buscou e quis comunicar o seu amor, revelando o seu rosto de Criador, de tal maneira que contemplando a natureza, nós podemos, temos condições, de conhecer e nos encontrar com Deus. Também, por iniciativa própria, buscou o ser humano para estabelecer um diálogo. Assim vamos entender Deus que se faz homem para, ao lado do ser humano, não somente estabelecer um diálogo com Ele, mas propor um caminho que leva à felicidade. Por fim, Deus, por iniciativa própria, Ele se torna presente na Igreja, que somos nós, para que tenhamos coragem e força para continuar esta caminhada, não nos sentindo abandonados, mas como termina o Evangelho de hoje; Eu estarei convosco todos os dias. Portanto, é a partir da Trindade que vamos entender o que é a vida em comunhão. O mesmo Deus, que busca de maneiras diferentes, estar sempre ao lado do ser humano. Portanto, na medida em que eu contemplo a Trindade, eu me dou conta da importância, pois também nós vivemos nesta unidade, cada um com um rosto diferente, mas formando um único corpo; o corpo Místico de Cristo. O que é que nos possibilita pertencer a este Corpo? É o Batismo. Santo Irineu vai dizer que o Batismo nos traz o mesmo efeito da água que jogamos na farinha de trigo. Você quer fazer uma massa, pega os grãos, que estão isolados uns dos outros, joga água e esta unirá todos os grãos que estavam separados, fazendo uma só massa. É assim o Batismo. Nós somos grãos isolados. Quando somos batizados, acabamos nos tornando uma única massa, um único corpo, que é o Corpo de Cristo, o Corpo Místico de Deus. A partir daí, vamos entender a importância do Batismo. O Batismo é a porta de entrada para a caminhada de vida comunitária, aonde experimentamos Deus e fazemos a experiência de comunhão entre nós. Aqui tem um detalhe, que para nós católicos, é fundamental e faz com que a nossa igreja se torne diferente de algumas igrejas cristãs. Porque nós somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, enquanto algumas igrejas oferecem o batismo em nome de Jesus. É aqui então, a diferença fundamental. Porque, como católicos, batizar alguém em nome de Jesus, é batizar lembrando um Jesus do passado, de alguém que veio à dois mil anos atrás, aonde nós temos uma mera lembrança e recordação. Enquanto que batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, é batizar em nome de um Deus que permanece em nosso meio, é um Deus vivo e presente na vida das pessoas. Então, para nós, batizar em nome da Trindade, significa ingressar numa vida de comunhão. Então, para nós, a vida comunitária é muito importante, porque aprendemos isto de Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. Enquanto que, se fossemos batizados só em nome de Jesus, a vida comunitária não teria muito sentido. Seria eu e Deus somente, eu e Jesus somente, não seria eu ingressado, pertencente a uma família cristã. Para nós, este é um dado importante. Como nós não queremos ver ninguém isolado, não vemos impossibilidade alguém  em batizar alguém ainda criança. O Evangelho de hoje nos dá este fundamento. É importante buscar o sentido das palavras; toda autoridade me foi dado no céu e sobre a terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos da terra, batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando tudo quanto vos ordenei. Aqui precisamos perceber o sentido do texto, porque aqui não diz o que deve ser feito primeiro. Aqui diz que precisamos fazer discípulos (meus) todos os povos, batizando. Batizando está no tempo do gerúndio, que é um tempo gramatical, tempo verbal, que não diz se é passado, presente ou futuro, mas mostra somente o que se deve fazer. Então, você pode batizar e tornar discípulo ou tornar discípulo e batizar, mas sobretudo, você deve viver o batismo cada dia. É um verbo, que está assim, de maneira muito dinâmica. Então, para nós, o quanto antes integrarmos a pessoa ao Corpo de Cristo, tanto melhor. É evidente que não basta o batismo. O batismo é a porta de entrada. Você chega em uma casa, bate na porta e a pessoa diz; entra! Você diz; não, vou ficar aqui fora. Bom, é estranho! Então, por que você foi naquela casa? Se você não quer entrar, está com pressa, não quer entrar mesmo, por que então bateu? Então, o batismo é o bater na porta. O batismo é a Trindade de Deus que diz: entra, venha fazer parte da nossa casa, da nossa família. Agora, é preciso que nós demos os passos necessários para poder entrar, experimentar esta vida em comunidade. Para muitos, eu cumpro a minha obrigação; eu levo e batizo. Depois eu vou trazer para a primeira comunhão, depois para a crisma e depois cada um por si; ele que decida o que quer. Não! Esta mentalidade é errada. Na medida em que eu participo da família Cristã, porque eu  pertenço a esta família, por força do Batismo, eu sou chamado a caminhar todos os dias. Fazei discípulos; discípulo é aquele que busca acompanhar o mestre e para que eu possa acompanhar o mestre, eu preciso ouvir o seu ensinamento, eu preciso experimentar a sua presença. Portanto, se começamos pelo Batismo, somos chamados a depois continuar esta caminhada de Cristãos. Quando eu Celebro o Batismo de alguém, sobretudo de criança, eu sempre pergunto aos pais; como é que esta criança vai saber que você é o pai, que você é a mãe? E a resposta é sempre a mesma; é por causa do nosso amor. Eu falo; não é verdade! Porque o avo ama, a avó ama, a tia ama, o tio ama e a criança vai saber que este que este é o pai, esta é a mãe, este é o tio e esta é a tia. A verdade é tão simples, que as pessoas não sabem responder. É porque, quando você está em contato com a criança, você diz: vem com o papai, vem com a mamãe, vem com o vovô, vem com a titia... Então, ele aprende; este é o pai, esta é a mãe, este o vovô, esta a vovó, esta a titia.  Se o pai nunca dizer; vem com o papai, ele nunca vai saber que ele é o pai. Assim é Deus. Tem gente que batiza a criança e nunca fala de Deus! Como é que esta criança vai saber quem é Deus? Ah! Então vou chamar todos os dias para falar de Deus. Não. Não é assim que funciona. É na naturalidade; olha que árvore bonita! É Deus Pai que criou. Você indicou quem é Deus Pai, é o criador. Olha como o meu amiguinho é bacana! É Jesus que nos ensinou a sermos amigos. É o Deus Filho. Olha como eu me sinto feliz aqui na convivência! É o Deus Espírito Santo que nos mantém unidos. Quer dizer; se eu não criar o habito de falar de Deus, as pessoas não conhecem a Deus. É evidente, que na medida que passa o tempo, aquela criança vai tomando consciência do Deus que ela crê e aí é hora dela dar a sua resposta. É aonde nós falamos do sacramento da Crisma. Aonde ela diz; eu creio, não mais por ter ouvido falar, mas eu mesmo conheci; eu quero confirmar a minha fé. É assim que a igreja católica compreende toda esta dinâmica, aonde para nós, não há mal algum batizar enquanto criança, porque ela deve fazer uma caminhada. É evidente, que se aparece alguém que é adulto e quer ser batizado, sem problema nenhum. Vamos fazer a caminhada e vai ser batizada. Para nós, quanto antes pertencer ao povo de Deus, tanto melhor. Ora, o nosso Deus, portanto, não é um Deus que nos abandonou e foi para o céu. É um Deus que está no céu e está no nosso meio. Isto, a primeira leitura nos fala muito bem. É um Deus que nos garante a alegria e a felicidade, segurança, esperança, amor, a primeira leitura nos diz isto também. É evidente, que, quando as pessoas não reconhecem Deus como Pai, dificilmente se reconhecerão como filhos. Aí o nosso grande desafio. Mostrar para os outros, que nós, que pertencemos a uma comunidade, nós nunca estamos sozinhos. Isto é tão importante. Ás vezes eu estou sem companhia, mas não me sinto só. Primeiro porque estou amparado pela Trindade de Deus. Segundo, porque pertenço a um povo que vai muito além de minha casa, do meu sangue; eu pertenço a um povo que quer ser discípulo do Senhor. Isto nos dá esperança e muita confiança. Por isso, ajudar as pessoas que se sentem só, a descobrir o valor de uma comunidade. Certamente, ela descobrindo este valor, ela redescobre toda a dinâmica da vida.
Para concluir: o momento em que somos UM, é o momento da comunhão. Por isso, ouvir a Palavra e receber a Eucaristia são as grandezas que nos mantém e nos garante sermos sempre discípulos do Senhor. Que possamos continuar vivendo o nosso Batismo sendo um sinal no mundo.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO.


==========-----------------===============

HOMILIA de D. Henrique Soares:
Terminado o tempo pascal com a Solenidade de Pentecostes, a liturgia celebra a Santíssima Trindade. Após proclamar nos santos mistérios que o Pai entregou o Filho por amor ao mundo na potência do Espírito Santo e, no mesmo Espírito Eterno, o ressuscitou dos mortos para nossa salvação, a Solenidade de agora é um modo que a Igreja encontra para louvar, engrandecer e adorar na proclamação exultante, o amor sem fim da Trindade Santa.
Estejamos atentos: por confessar a fé na Santa Trindade, os cristãos têm um modo absolutamente original de compreender Deus. Os judeus sabem que Deus é um só; aquele que os arrancou da terra do Egisto, da casa da servidão. Ouvimos falar dele na primeira leitura: Reconhece hoje e grava em teu coração, que o Senhor é o Deus lá em cima no céu e cá embaixo na terra, e que não há outro além dele”. Os muçulmanos afirmam que não há outro Deus a não ser o único Deus de Abraão. Neste sentido, esta é também a nossa fé. Deus é um só, uma Essência eterna, infinita, onipotente, imutável. Deus é absolutamente um, que não pode ser multiplicado nem dividido: ele é Amor todo inteiro, inteiro na Beleza, inteiro na Infinitude, inteiro na Onipotência e na Onipresença. Pois bem, como os judeus e como os muçulmanos nós confessamos firmemente que só há um Deus, absolutamente uno, Senhor do céu e da terra, diferente e para além de tudo quanto existe, de tudo quanto possamos compreender e imaginar.
No entanto, caríssimos, contemplando Jesus ressuscitado, todo glorificado, todo divinizado na sua natureza humana por obra do Espírito de Deus, nós proclamamos com o Novo Testamento e todas as gerações cristãs, que o nosso Salvador, o nosso Jesus amado, é Deus bendito pelos séculos, enviado pelo Pai, que é Deus, para nossa salvação; enviado na potência do Espírito que é também divino e divinizante, Paráclito que não é algo de Deus, mas Alguém de Deus, uma Pessoa, na qual o Pai ressuscitou o Filho Jesus e, habitando em nós, dá testemunho da divindade do Pai e do Filho, enche-nos de vida divina, guia-nos, sustenta-nos, ilumina-nos. Ouviram, amados, as palavras de São Paulo na segunda leitura? Davam testemunho das Três divinas pessoas: do Pai que enviando em nós o Espírito do Filho nos faz filhos no bendito e único filho Jesus. Eis o que dizia o Apóstolo: “O próprio Espírito se une ao nosso espírito para nos atestar que somos filhos de Deus. E, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo”… Então, eis a nossa fé, que transborda a humana lógica, transcende o balbuciar de nossa pobre linguagem, ultrapassa nossos limitados e tateantes paradigmas: Deus é um só, absolutamente. Enquanto a natureza humana, apesar de genericamente uma só, se multiplica nos indivíduos humanos, a natureza divina é absolutamente una, indivisível e imultiplicável, una não só genérica, mas também numericamente; e, no entanto, essa natureza é, ao mesmo tempo e perfeitamente, Pai, Filho e Santo Espírito. A natureza divina está todinha no Pai e, incompreensivelmente, todinha no Filho e, ainda, todinha no Espírito Santo. A unidade em Deus é incompreensível, absolutamente perfeita e eterna. Assim sendo, em Deus não há três vontades iguais, mas uma só vontade; não há três poderes iguais, mas um só poder, não três consciências iguais, mas uma só consciência. Mais uma vez: Deus é absolutamente UM! E, no entanto, os três divinos são absolutamente diversos: só o Pai gera, só o Filho é gerado, só o Espírito é a própria Geração; só o Pai é o Amante, só o Filho é o Amado, só o Espírito é o Amor.
E neste amor que circula de modo eterno, perfeito e feliz, o Pai, eterno Amante, tudo criou através do Filho, eterno Amado, na potência do Espírito Santo, eterno Amor. E, por isso, o mundo existe, as estrelas brilham, a vida brota e, sobretudo, nós existimos. Vimos do Pai, pelo Filho, no Espírito; vivemos no Pai pelo Filho no Espírito; vamos para o Pai, através do Filho no Espírito, Trindade Santa, nossa vida e plenitude eterna. É assim que os cristãos confessam o seu Deus como eterno amor, amor vivo e circulante que, gratuita e livremente, se derrama sobre o mundo e sobre a nossa vida. De fato, nós conhecemos o amor de Deus e sua vida íntima porque o Pai amou tanto o mundo, a ponto de enviar o seu Filho e, pelo Filho, derramou no nosso coração o Espírito do Filho que, em nós, clama Abbá, Pai. Por isso, podemos dizer que Deus é amor e, quem não ama, não conhece a Deus! E toda esta vida divina, amados, nos é dada desde o Batismo, quando fomos mergulhados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; e cresce em nós a cada dia, nos sacramentos e na vida cristã, preparando-nos para nosso destino eterno: plenos do Espírito, sermos totalmente inseridos no Cristo e nele configurados, para contemplar eternamente o Pai!
Eis um pouquinho, um balbuciar do mistério da santa, consubstancial e eterna Trindade, a quem a glória e o louvor pelos séculos dos séculos. Amém.
 D. Henrique Soares
=======--------------========


PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra)
ò

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
-- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Ó Deus de amor, nós vos agradecemos pela vossa bondade!
à Senhor, nosso Deus e pai, louvado seja o vosso nome por todos os séculos. Sois o nosso criador e sempre nos acompanhais derramando vosso amor sobre nós. Nós vos agradecemos e vos louvamos.
T: Ó Deus de amor, nós vos agradecemos pela vossa bondade!
à Senhor, nosso Deus e pai, bendito sejais para sempre. Imenso é o vosso amor nos enviando vosso filho para nos guiar nos vossos caminhos.
T: Ó Deus de amor, nós vos agradecemos pela vossa bondade!
à Senhor, nosso Deus e pai, enviai-nos o Espírito Santo para nos fortalecer em nossas fraquezas e para que tenhamos força e coragem em seguir os vossos mandamentos de amor.
T: Ó Deus de amor, nós vos agradecemos pela vossa bondade!
à Senhor, nosso Deus e pai, imenso é vossa misericórdia. Vinde sempre em nosso auxílio, pois muitas vezes somos egoístas e desprezamos os vossos projetos.
T: Ó Deus de amor, nós vos agradecemos pela vossa bondade!
à Senhor, nosso Deus e pai, que vosso Reino venha a nós e que a Vossa vontade seja feita. Que o Vosso amor se estenda a todos os povos e que todos proclamem o vosso Santo nome.
T: Ó Deus de amor, nós vos agradecemos pela vossa bondade!

= Pai nosso... /  a Paz de Cristo...  /  Cordeiro de Deus...


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Solenidade de Pentecostes, Vinda do Espírito Santo

Solenidade de Pentecostes – ANO B 2015

SINOPSE:

Introdução ao espírito da Celebração

Atenágoras afirmou que «sem o Espírito Santo, Deus fica longe; Cristo permanece no passado; o Evangelho é letra morta; a Igreja é uma simples organização; a autoridade é um poder; a missão é propaganda; o culto, uma velharia; e o agir moral, um agir de escravos».
Mas, «no Espírito, o cosmos é enobrecido pela geração do Reino; Cristo ressuscitado torna-Se presente; o Evangelho faz-se poder e vida; a Igreja realiza a comunhão trinitária; a autoridade transforma-se em serviço; a liturgia é memorial e antecipação; o agir humano é deificado».

 

TEMA: O Espírito dá vida, renova, transforma e faz nascer o Homem Novo. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo!”
Primeira leitura: É o Espírito que Cria nova comunidade, orienta e capacita para a missão.
Evangelho: A partir do dom do Espírito Santo, a comunidade a volta de Jesus ressuscitado passa a ser uma comunidade viva e nova, que supera as limitações e dá testemunho de Jesus.
Segunda leitura: Paulo diz que o Espírito Santo é a fonte viva da comunidade. É Ele que concede os dons e estes devem ser postos ao serviço de todos.

11. EVANGELHO (Jo 20, 19-23) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.

MENSAGEM - Ao “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo. É uma comunidade desorientada e insegura. Jesus aparece “no meio deles”. Jesus como ponto de referência à volta do qual a comunidade se constrói. Jesus deseja-lhes “a paz” (“shalom”). A serenidade, a tranquilidade e a confiança, que supera o medo: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte poderão derrotar os discípulos, porque Jesus está “no meio deles”. Em seguida, Jesus “mostrou-lhes as mãos e o lado”. São os “sinais” que evocam o amor total expresso na cruz. É nesses “sinais” que os discípulos reconhecem Jesus. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila. Com o “sopro” o homem tornou-se um “ser vivente”; com este “sopro”, Jesus transmite a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos estão capacitados para fazerem da sua vida um dom de amor. Finalmente, Jesus explicita qual a missão dos discípulos: a eliminação do pecado. As palavras de Jesus Significam, que os discípulos são chamados a testemunhar essa vida que o Pai quer oferecer a todos. Quem aceitar essa proposta, será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação.
ATUALIZAÇÃO
à A comunidade cristã só existe, se está centrada em Jesus. É n’Ele que superamos os nossos medos, incertezas, para testemunharmos a vida nova do Homem Novo.
à As comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço. É Ele que nos faz vencer os medos, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo.

LEITURA I – Atos 2,1-11 Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente,  veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua. Cheios de espanto e admiração, diziam: “Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que nós os escutamos na nossa própria língua? Nós que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia próxima de Cirene, também romanos que aqui residem; judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!”
AMBIENTE - É uma catequese, onde Lucas recorre às imagens, aos símbolos, à linguagem poética. O fundamental é apresentar a Igreja como a comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.
MENSAGEM - Lucas coloca a experiência do Espírito no dia de Pentecostes, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Originariamente, era uma festa agrícola; mas, no séc. I, tornou-se a festa que celebrava a aliança no Sinai. Lucas sugere que o Espírito é a lei da nova aliança e que, por Ele, se constitui a nova comunidade do Povo de Deus. O Espírito é apresentado como “a força de Deus”, através de dois símbolos: o vento de tempestade e o fogo. O Espírito (força de Deus) é apresentado em forma de língua de fogo. A língua é também a maneira de comunicar, entre as pessoas, de criar comunidade. “Falar outras línguas” é criar relações, é superar o egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização… É o reverso de Babel: lá, o orgulho, a ambição conduziu ao desentendimento; aqui, regressa-se à unidade, ao diálogo, ao entendimento. Unidos pelo Espírito a comunidade atinge todo o mundo antigo, desde a Mesopotâmia, até Roma: a todos deve chegar a proposta de Jesus; amor e de partilha. Pelo Espírito se cria a nova humanidade, a anti-Babel; todos os povos escutarão a proposta de Jesus e integrarão a comunidade da salvação, onde se fala a mesma língua do amor. O Pentecostes anuncia a humanidade nova, a anti-Babel, nascida da ação do Espírito, onde todos serão como irmãos.
 Começaram a falar outras línguas». Alguns dizem que o milagre estava nos ouvintes, que ouviam na própria língua das terras donde provinham: seria então um tipo de oração, de louvor: os ouvintes de boa fé receberam o dom de interpretar o que os Apóstolos diziam, os mal dispostos diziam que eles estavam ébrios. a pregação de Pedro aparece como posterior a este fenômeno.
ATUALIZAÇÃO à Uma comunidade reunida por causa de Jesus, pelo Espírito testemunha o projeto libertador de Jesus.      Uma comunidade universal que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas.
à Antes, um grupo fechado, sem iniciativa nem coragem do testemunho; depois, comunidade unida, que se assume como comunidade de amor e de liberdade.
à Para ser cristão, ninguém deve ser espoliado da própria cultura; são convidados, com as suas diferenças, a acolher esse projeto de Deus, que faz os homens viver no amor.

LEITURA II – 1 Cor 12,3b-7.12-13 - Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo. Há diversidade de dons, mas um
mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há diferentes atividades, mas
um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum. Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito.

AMBIENTE - A comunidade de Corinto não era exemplar no amor e na fraternidade. Os detentores de dons consideravam se os “iluminados”, assumiam autoritarismo e prepotência; por outro lado, os que não tinham estes dons eram desprezados. Paulo corrige, mostra a incoerência destes comportamentos, com o Evangelho.
MENSAGEM - os dons não garantem os privilégios. O verdadeiro “carisma” é o que confessa que “Jesus é o Senhor” e que é útil para o bem da comunidade. É preciso que tenham consciência de que, apesar da diversidade de dons, é o mesmo Espírito que atua em todos; é o mesmo Senhor Jesus que está presente em todos;, é o mesmo Deus que age em todos. O importante é que os dons do Espírito sejam usados para o bem da comunidade. Em todos circula a mesma vida, pois todos foram batizados num só Espírito. O Espírito que alimenta e que dá vida ao “corpo de Cristo”; e fomenta coesão, fraternidade e unidade na comunidade.
ATUALIZAÇÃO à É o mesmo Espírito que nos alimenta, embora desempenhemos funções diversas
à Os “dons” que recebemos não podem gerar conflitos; devem servir para o bem comum.
à O Espírito que alimenta, que dá vida, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as comunidades pela história. Ele foi distribuído a todos os crentes e reside na totalidade da comunidade.
 Espírito Santo é Amor ardente, Luz de santidade, Virtude na vida e amparo na morte; é Aquele que enche de alegria os nossos corações, que lava as nossas manchas, que sara os enfermos e que é paz e conforto no pranto. E nós  o recebemos no dia do nosso Batismo, em especial no dia em que fomos Crismados. Por isso diz S. Paulo que o nosso corpo é templo do Espírito Santo; é Ele que nos anima e fortalece a nossa fé.
Nele, tudo tem valor, até a mais simples das criaturas… Sem ele, nada podemos nós: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele!” Por isso Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)”, porque sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira, nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar… Ele é a nova Lei – não aquela inscrita sobre tábuas de pedra, mas inscrita no nosso coração (cf. Ez 11,19; Jr 31,31-34), pois “o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5).
SOLEN. PENTECOSTES:LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
à Deus criador, nós vos bendizemos pelos dons do  Espírito Santo, que concedeis à vossa Igreja e a cada um de nós. Pai, que possamos compreender as pessoas que conosco vivem e possamos conviver em tranquilidade com todos.
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
à Pai santo, nós vos damos graças porque pelo batismo nos dais o Espírito Santo para ser a nossa força, nossa luz e nossa esperança na construção de vosso Reino. Que nossa fé seja ardente e nosso exemplo seja sinal de vosso amor entre todos. 
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
à Nós vos bendizemos pelo Espírito Santo que nos defende do mal e nos impulsiona para vós. Pai, renovai a vossa igreja e fazei-nos mais vigorosos na transformação de uma sociedade mais humana e fraterna. 
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
à Renovai a vinda do Espírito Santo na Igreja para a salvação do mundo! Que Ele abra o nosso coração para o amor e a fraternidade. Que Ele nos faça mais fraternos e leais a vossa vontade, pois em Vós está a nossa esperança e a nossa salvação.
T: Pai, que o Espírito Santo nos transforme e nos santifique!
àPai nosso...
à Paz=Assim como os apóstolos foram transformados pela força do Espírito Santo, que nós também sejamos transformados em missionários corajosos anunciando ao mundo mais paz, amor e solidariedade. Saudai-vos com a Paz de Cristo!
à Eis o Cordeiro de Deus...

=========--------------========

Domingo de Pentecostes = (Terminada a oração depois da comunhão e os avisos, antes da benção final, o Presidente da Celebração se dirige para junto do Círio:)

RITO PARA APAGAR O CÍRIO PASCAL
Diácono
ou o Presidente da Celebração
- Irmãos e irmãs, na noite da Vigília Pascal, aclamamos Cristo nossa Luz e acendemos o Círio Pascal. A luz do Círio nos acompanhou nestes cinquenta dias do Tempo Pascal. Hoje, dia de Pentecostes, ao concluir o Tempo da Páscoa, o Círio será apagado. Este sinal nos é tirado para que, educados na escola pascal do mestre Ressuscitado, nos tornemos a “luz de Cristo” que se irradia, como uma coluna luminosa que passa no mundo, para iluminar os irmãos e irmãs e guiá-los no êxodo definitivo rumo ao céu.

O presidente se inclina para o Círio, este então é apagado.

Pres. – Oremos: Dignai-vos, ó Cristo, acender nossas lâmpadas da fé; que em vosso templo elas refuljam constantemente, alimentadas por vós, que sois a luz eterna; sejam iluminados os ângulos escuros do nosso espírito e sejam expulsas para longe de nós as trevas do mundo. Vós, que viveis e reinais para sempre.
Todos: Amém, aleluia!


Segue-se a Bênção final, própria para o dia. Por fim, para a retirada do Círio, forma-se uma procissão, semelhante ao início da Celebração, conduzindo, agora, o Círio Pascal apagado, passando pela nave central da Igreja.   (O Círio será aceso nas celebrações do batismo)

·                   Bênção Final (própria de Pentecostes)
              Ver o Missal romano, p. 524.

* Deus, o Pai das luzes, que (hoje) iluminou os corações dos discípulos, derramando sobre eles o Espírito Santo, vos conceda a alegria de sua bênção e a plenitude dos dons do mesmo Espírito.  AMÉM!
* Aquele fogo, descido de modo admirável sobre os discípulos, purifique os vossos corações de todo mal e vos transfigure em sua luz.  AMÉM!
* Aquele que na proclamação de uma só fé reuniu todas as línguas vos faça perseverar na mesma fé, passando da esperança à realidade.  AMÉM!
Abençoe-vos Deus todo-poderoso, Pai e Filho + e Espírito Santo.  AMÉM!

Pentecostes (em grego antigo: πεντηκοστή [μέρα], pentekostē [hēmera], "o quinquagésimo [dia]") é uma das celebraçőes importantes do calendário cristão, e comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. O Pentecostes é celebrado 50 dias depois do domingo de Páscoa. O dia de Pentecostes ocorre no décimo dia depois do dia da Ascensão de Jesus. -   Pentecostes é histórica e simbolicamente ligado ao festival judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo. Para os cristāos, o Pentecostes celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e seguidores de Cristo, através do dom de línguas, como descrito no Novo Testamento, durante aquela celebração judaica do quinquagésimo dia em Jerusalém. Por esta razão o dia de Pentecostes é às vezes considerado o dia do nascimento da igreja. O movimento pentecostal tem seu nome derivado desse evento.

Símbolos do Esp. Santo

§     Água - significa a ação do Espírito Santo no batismo levando-os à vida eterna; É água viva. 
§     Unção - o simbolismo da benção com óleo também se refere ao Espírito Santo. A unção é praticada no batismo, na confirmação, na ordem e na unção aos enfermos. 
§     Fogo - simboliza a energia transformadora.
§     Nuvem e luz - se aproximou da Virgem Maria e a "envolveu com sua sombra.
§     Pomba - quando Cristo saiu das águas do Jordão  no seu batismo, o Espírito Santo, na forma de uma pomba, pousou sobre ele .
§     Vento ou sopro - o Espírito, "o vento que sopra onde quer" .

========--------------==========
"Vem Espírito Santo"

Celebramos hoje a festa de PENTECOSTES.
Recordamos o "Dom" do Espírito Santo e o final do tempo pascal.

PENTECOSTES era uma festa judaica muito antiga, celebrada 50 dias após a Páscoa. 
Inicialmente, era uma festa agrícola em agradecimento a Deus pelas colheitas.
Depois o povo começou a celebrar nela a ALIANÇA, o dom da LEI no Sinai e a constituição do Povo de Deus, fato acontecido 50 dias depois da saída do Egito... acompanhado de trovões, relâmpagos, trombetas, vento forte...

A 1ª Leitura e o Evangelho descrevem o PENTECOSTES CRISTÃO.     
  
O Espírito presente no início da vinda pública de Jesus, está presente também no início da atividade missionária da Igreja.
As narrativas são diferentes e até divergentes, mas se completam:

+ São Lucas faz coincidir o Pentecostes cristão com o Pentecostes judaico...     para mostrar que o ESPÍRITO é a LEI da NOVA ALIANÇA    e que, por ele, se constitui um NOVO POVO DE DEUS. Por isso, relata o FATO entre raios e trovões, inspirando-se na narrativa da entrega da Lei no Sinai. (At 2,1-11)

- Os apóstolos estão reunidos... trancados numa casa...
  O fogo do Espírito se reparte em forma de línguas sobre cada um deles.
  Eles saem do cenáculo e, em praça pública começam a falar
  do Cristo ressuscitado, com grande entusiasmo e sabedoria.
  É a primeira e grande manifestação missionária da Igreja.
  E seus missionários são os doze apóstolos.

- E o povo espantado se questiona: "Como os escutamos na nossa língua?"
  O texto nos faz lembrar a Torre de Babel (Gn 11):
   - Lá ninguém se entende mais... Aqui acontece o contrário:
      Por obra do Espírito Santo, todos falam uma língua que todos compreendem e que une a todos: a linguagem do amor.

- A intenção de Lucas é apresentar a Igreja como a Comunidade que nasce de Jesus, que é animada pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.

+ São João colocou o Dom do Espírito Santo no dia da Páscoa. (Jo 20,19-23)
Os Sinais ("anoitecer", "portas fechadas", "medo") revelam a situação de uma Comunidade desamparada, desorientada e insegura.
Jesus aparece "no meio deles" e lhes deseja a "PAZ".
Confia a Missão: "Como o Pai me enviou, eu VOS ENVIO".
"Soprou" sobre eles e falou: "Recebei o ESPÍRITO SANTO". 
- Nessa perspectiva, Páscoa e Pentecostes são partes do mesmo acontecimento.
* A preocupação dos evangelistas não foi escrever uma crônica histórica, mas uma catequese sobre o Mistério Pascal e a Igreja
   Afirmam a mesma coisa, expressando-se numa linguagem diferente.

- Para LUCAS: A Igreja é uma Comunidade que nasce de Jesus, é animada pelo Espírito e é chamada a testemunhar aos homens o projeto do Pai.
O Espírito é a LEI NOVA que orienta a caminhada dos crentes.
Ele criou uma nova comunidade, capaz de ultrapassar as diferenças e unir todos os povos numa mesma comunidade de amor.

- Para JOÃO, a Igreja é uma Comunidade construída ao redor de Jesus e animada pelo Espírito, que a torna viva e "recriada".
O Espírito é esse "sopro" de vida que a faz vencer o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor, que Jesus viveu até às ultimas conseqüências.

- Para PAULO, a Igreja é o "Corpo Místico de Cristo". (1Cor 12, 3b-712-13)

Apesar da diversidade dos membros e das funções, o Corpo é um só.
Mas é o mesmo ESPÍRITO que alimenta e dá vida a esse corpo.

O Pentecostes continua: Diante desse fato grandioso, talvez invejamos a sorte dos apóstolos e esquecemos que o Pentecostes continua em nossa vida e na vida da Igreja...

- Em NOSSA VIDA houve um Pentecostes: A CRISMA, quando recebemos a plenitude do Espírito Santo para cumprir nossa missão...

- Na VIDA DA IGREJA, que nasceu no Pentecostes e continua a ser recriada pelo Espírito. O Espírito Santo é a alma da Igreja.

+ O cristão é um enviado:
   "Como o Pai me enviou, eu também vos envio".

- Para promover a PAZ.
  É um dom precioso e ausente muitas vezes no mundo.
  Cristo e seu Espírito são fontes de paz para que o mundo creia.

- Para experimentar o PERDÃO e a MISERICÓRDIA (dado e recebido).
  O perdão e a misericórdia são as atitudes da Igreja diante do mundo.

- Para construir a COMUNIDADE.
  O Espírito de Deus foi derramado em cada um para conseguir a unidade de todos no amor.

O Pentecostes, para nós, é a plenitude da Páscoa.
É o nascimento da Igreja com a missão de dar continuidade à obra de Cristo através dos tempos, em meio à diversidade dos povos.

No dia de Pentecostes, as pessoas falavam a mesma linguagem: o Amor.
O amor deve continuar sendo a linguagem dos cristãos do mundo inteiro. Através do amor, o sopro do Espírito Santo continuará presente.

                                                            Pe. Antônio

=============------------------==========

Homilia do PE. PEDRINHO

Meus irmãos e minhas irmãs, há cinquenta dias atrás, celebrávamos a Páscoa da ressureição do Senhor Hoje, Pentecostes. A Igreja celebra os frutos desta Páscoa. Jesus , na época em que esteve aqui, andado como ser humano, disse: se o grão de trigo não cai na terra e morre, ele não dá frutos. Ora, Pentecostes era uma festa que já os judeus celebravam. Ela significa a festa da última colheita. Eles vão colhendo os frutos e vão de fato celebrando, mais uma grande festa. Era uma festa, por assim dizer, uma festa social, como temos hoje a festa do vinho, festa da batata, festa da cebola. Então, era a festa do lavrador. Aquele que plantou, ficou feliz e por isso então, comemora com a sua família e com aqueles que trabalharam para aquele resultado. Então, Pentecostes é de fato, os frutos da ressurreição do Senhor. E o que é que surgiu como fruto da morte e ressurreição do Senhor? A Igreja. Agora, quando eu falo Igreja, eu gosto de insistir nisso, porque nem sempre as pessoas tem clareza, eu não me refiro ao papa, ao bispo, ao padre, não! A igreja somos nós, aqueles que por conta da fé em Jesus Cristo, foram se congregando, se reunindo, para celebrar. Celebrar o que? Celebrar a morte e a ressurreição do Senhor. Então, é sempre no primeiro dia da semana, que eles se reuniam, à noite. Para que? Reunidos ao redor da mesa, relembrar tudo aquilo que Jesus ensinou e fez e para cumprir a ordem que Jesus deixou: “fazei isto em minha memória”. É isto que nós celebramos há dois mil anos. É evidente, que a partir desta igreja que surge, que brota, ela deve manter o testemunho de Jesus Cristo. Como fazer isto? Eles estavam todos com medo, porque, a final de contas, tinham matado o líder maior. Se fizeram isto com o nosso Senhor, imaginem o que farão conosco. Então, eles se reuniam a portas fechadas. Mas, é aqui que entra a nossa compreensão na fé. Mas, é por aí, que eles se deram conta que não teriam um futuro muito promissor. Porque se é para celebrar a memória do Senhor, é também para que outros compreendam o gesto realizado por Jesus. É assim que eles resolvem vencer o medo e a partir daí, anunciar para todos os povos quem é Jesus Cristo. Ora, é vidente, que esta iniciativa não parte somente dos discípulos. É claro que a colaboração deles é importante. Mas, é uma iniciativa que nós professamos, vinda de Deus. O mesmo Deus que tomou a iniciativa de apresentar Jesus para o mundo, agora, toma a iniciativa de apresentar a Igreja para o mundo. Claro que isto custou vidas. Mas, se o grão de trigo não cai na terra e não morre, não dá frutos. Por isso, a Igreja celebra de cor vermelha, lembrando a todos os mártires que banharam suas vestes no sangue do Cordeiro e com o dom da vida acabaram convencendo  a muitos, que valia a pena seguir Jesus Cristo. Então, nós temos na primeira leitura esta reflexão, colocada de maneira solene, aonde, toda a humanidade compreende o gesto de Jesus, nestes povos anunciados. Temos no Evangelho o ponto central, o fruto da morte e ressurreição de Jesus e o que nos é pedido como fruto principal; o perdão. Todas as outras religiões não pregam o perdão. Eu não estou exagerando. O único que tem como DNA, identidade, está ali, na célula menorzinha de todas, a única que tem como DNA o perdão, são os cristãos. Os cristãos são chamados a viver o perdão. As outras religiões, não! O judaísmo prega a lei de Talião; olho por olho e dente por dente. Os mulçumanos a mesma coisa. O hinduísmo é a mesma realidade. São as grandes religiões. Você pode pegar a umbanda, que se você não segue o está mandado, vem o castigo! Todas as religiões pregam que se você realizar alguma coisa de mal, você deve pagar por isso. O cristão aprendeu de Jesus “perdoai, eles não sabem o que fazem”. Esta atitude de Jesus na cruz é que convenceu o centurião, que Ele era o filho de Deus. É a mesma atitude que vai convencer Saulo, de que Estevão é sinal de Deus. É a mesma atitude que leva as pessoas, até hoje, quando a pessoa diz: “eu perdoo fulano”. Muitas vezes na televisão acontece isso e as pessoas ficam inconformadas: “como é possível perdoar tal atitude”? Eu sou cristão, eu perdoo. Aqui, vem o grande problema; o que é perdoar? As pessoas confundem perdoar com esquecer. Só se esquece algo positivo ou negativo quem não tem memória. Se eu não estou retendo algo na memória é porque algo não vai bem comigo, porque Deus nos fez com memória para eu guardar a lembrança aquilo que aconteceu. Perdoar não é esquecer, não! Perdoar é possibilitar que a pessoa recomece um caminho. Ela reconhece que errou, pediu perdão, e a gente permite que ela possa recomeçar a caminhada. É evidente, que na medida que a pessoa vai mostrando que de fato ela mudou a sua atitude, mudou a sua maneira de agir, nós vamos conhecendo uma nova pessoa. É evidente que de maneira automática, você acaba esquecendo o que aconteceu. Não porque você aperta um botão e aquilo apaga da memória, mas é porque você não reconhece mais aquela pessoa que prejudicou, você está vendo uma pessoa nova. Então, é evidente que se alguém comete alguém erro, precisa ser ajudado, precisa ser cobrado. Perdoar não quer dizer; matou, deixa ele solto. Não! Não é isso! Então, como fazer ele mudar de vida? Perdoar não é dizer: “Bom, meu marido me bateu hoje, deixa, tadinho. Amanhã... não, é preciso mudar a atitude. Por isso, o perdão tem duas mãos. Eu que me disponho a perdoar e o outro que se propõe a melhorar. Caso contrário, nem Deus pode perdoar. Por que? Porque temos que respeitar a liberdade da pessoa. Se você não pedir perdão a Deus, Ele não te perdoa. Não porque ele não tenha poder, mas porque Ele nos respeita. Assim também nós. Agora, não é tão fácil dar esta chance a cada dia para o outro, porque muitas vezes nós também dizemos: uma nova chance, uma nova chance, estou cansado de dar oportunidade. Então, o que é que Jesus faz? Ele sopra sobre os discípulos e este sopro torna se sinal de vida nova. Aos olhos humanos é impossível o perdão. Só e a partir e na força do Espírito Santo é que eu me dou conta que eu posso perdoar alguém. Porque o sopro que Jesus realiza hoje sobre os discípulos, nos lembra o homem novo, a mulher nova, nos lembra Gênesis, onde Deus soprou nas narinas de Adão, e ele se tornou ser vivente. Agora, Jesus sopra novamente, para que possamos ser pessoas novas. Não a partir dos critérios de Adão, não a partir dos critérios de Caim e Abel, não a partir da torre de Babel e tantos outros exemplos na Bíblia, de pessoas que não foram capazes de viver na maneira de Deus, mas a partir de Jesus Cristo.
Portanto, meus irmãos e minhas irmãs, aquele que consegue perdoar, ele se torna um sinal de Deus. Porque, você já imaginou se Deus deixasse de nos perdoar, se não nos desse mais uma chance? Com certeza, muitos estariam perdidos.
Para concluir: Este perdão não acontece sozinho. Sempre reunidos, aqueles a quem perdoar os pecados, eles serão perdoados. Então, é preciso cada vez mais nos unirmos, enquanto comunidade, viver esta unidade do corpo de Deus. Cristo é a Cabeça e nós somos o corpo. Cada um colocando a disposição os dons que Deus  lhe deu. A Eucaristia também nos ajuda a nos tornar um único corpo, a dar um único testemunho. Pedir a Deus que nos dê força e coragem é fundamental, mas hoje, de maneira especial, agradecer a Deus que nos manda o seu Espírito e podemos celebrar o Reino já neste mundo.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO.


============--------------------===================
Homilia de D. Henrique Soares
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava”. Que Espírito é este, que encheu hoje os Apóstolos e a inteira Igreja de Cristo?
Ele é o Espírito do Ressuscitado, soprado pelo Cristo Senhor: “Jesus disse: ‘Como o Pai me enviou (no Espírito Santo), eu também vos envio (neste mesmo Espírito)!’ Depois soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo!’”
Nele, tudo fora criado desde o princípio: “O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém unidas todas as coisas e conhece todas as línguas” (Sb 1,7). Somente no Santo Espírito podemos compreender que toda a criação e toda a história são penetradas pela vida de Deus que nos vem pelo Cristo; somente no Santo Espírito podemos perceber a unidade e bondade radicais da criação que nos cerca, mesmo com tantas trevas e contradições. É o Santo Espírito, doce Consolador, que nos livra do desespero e da falta de sentido!
Nele tudo se mantém, tudo tem consistência, tudo é precioso: “Encheu-se a terra com as vossas criaturas: se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso Espírito e renascem e da terra toda a face renovais”. É por sua ação constante que tudo existe e persiste no ser. Sem ele, tudo voltaria ao nada e nada teria consistência real. Nele, tudo tem valor, até a mais simples das criaturas…
Sem ele, nada, absolutamente, podemos nós: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele!” Por isso Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)”, porque sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira, nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar…
Ele é a nova Lei – não aquela inscrita sobre tábuas de pedra, mas inscrita no nosso coração (cf. Ez 11,19; Jr 31,31-34), pois “o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5). A lei de Moisés, em tábuas de pedra, fora dada no Sinai em meio a relâmpagos, trovões, fogo, vento e terremotos (cf. Ex 19); agora, a Nova Lei, o Santo Espírito nos vem em línguas de fogo e vento barulhento e impetuoso, para marcar o início da Nova Aliança, do Amor derramado no íntimo de nós!
Ele tudo perdoa e renova e, Cristo, pois é Espírito para a remissão dos pecados: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados!” É, pois, no Espírito que a Santa Igreja anuncia a paz do Evangelho do perdão de Deus para a humanidade em Cristo Jesus!
Ele nos une no Corpo de Cristo, que é a Igreja, pois “fomos batizados num único Espírito para formarmos um só corpo…” – Neste Corpo, ele nos enche de dons, carismas e ministérios, pois “a cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum”. É no Espírito que a Igreja é uma na diversidade de tantos dons e carismas; uma nas diferenças de seus membros…
Ele faz a Igreja falar todas as línguas, fá-la abrir-se ao mundo, procurar o mundo com “santa inquietude”, não para render-se ao mundo ou imitá-lo ou perder-se nele, mas para “anunciar as maravilhas de Deus” em Cristo Jesus, chamando o mundo à conversão e à vida nova em Cristo!
Enfim, Ele torna Jesus sempre presente no nosso coração e no coração da Igreja e no testemunha incessantemente, sempre e em tudo que Jesus é o Senhor, pois “ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo!” – para a glória de Deus Pai. Amém.
D. HENRIQUE SOARES
========-----------------=================
HOMILIA DO Pe. Françoá Costa

A surpresa: fruto da ação do Espírito

E se alguém lhe dissesse que você está errado há muitos séculos? No mínimo seria um exagero. Foi exatamente isso que um professor de moral costumava dizer aos seus alunos: “estamos equivocados há muitos séculos porque pensamos que a moral é fazer umas quantas coisas boas”. Eu imagino o olhar expectante dos alunos rumo ao professor experimentado, mas que talvez deixassem notar através das próprias feições alguma censura ao velho professor. Nesse momento, o catedrático continuava: “Não! A moral cristã não é de obrigação, mas uma moral de surpresa, moral de salvação”.
Moral de surpresa?! Eu estou de acordo. Efetivamente, Deus nos surpreende constantemente. A graça, a salvação, a ação do Espírito Santo nas pessoas é uma surpresa maravilhosa. Mas, será que dessa maneira não estaríamos suprimindo a colaboração humana na própria salvação? É muito conhecida aquela frase de S. Agostinho: “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. E é verdade! No entanto, não deixa de causar surpresa que nós possamos fazer obras que mereçam a salvação eterna. Essa afirmação já deixou a mais de uma pessoa deslumbrada, até mesmo escandalizada. Martinho Lutero aceitava que toda a obra da salvação é de Deus, mas se esquecia de que Deus, pela sua infinita bondade e generosidade, capacita o próprio ser humano para poder realizar ações meritórias.
Vejamos esse assunto com mais calma. Santo Irineu afirmou que Deus, no principio, plantou a vinha do gênero humano; muito amou a humanidade e se propôs estender sobre ela o seu Espírito e conferir-lhe a adoção filial. E esse plano de Deus cumpriu-se! Desta maneira, o Pai olha as obras daqueles que são os seus filhos por graça aceitando-as prévio auxilio de seu próprio poder, de Deus.
Uma ideia comum que aparece nos Santos Padres é a seguinte: assim como existe um único Deus, existe também uma única humanidade e uma única fraternidade humana. Assim como Deus é três Pessoas distintas, de maneira semelhante há variedade no gênero humano: as muitas pessoas humanas. Essa variedade não se opõe à unidade da humanidade. No entanto, esse projeto de unidade foi despedaçado pelo pecado logo nos inícios. Logicamente, assim como não se perdeu totalmente imagem de Deus com o pecado original, tampouco a unidade fundada nessa imagem. Não obstante, as relações do homem com Deus e do homem com os demais se viram mudadas a pior como fruto podre da desagregação que o homem experimentou dentro de si mesmo. O homem, segundo os Padres da Igreja, foi disperso em vários pedacinhos. A salvação de Cristo, nesse contexto, seria uma restauração, um recolher o homem disperso. Cristo é o homem singular, mas também é o homem universal, ou seja, leva em si toda a humanidade.
O ser humano, quando se encontrava disperso, e quando se encontra em pecado mortal, logicamente, não pode realizar obras meritórias. Mas quando se encontra em graça, restaurado pelo amor de Deus, as suas obras luzem diante do Senhor que as vê com agrado.
A solenidade de Pentecostes é a festa da unidade porque a obra da reunificação foi levada a cabo pelo Pai em Cristo na unidade do Espírito Santo. Assim como o Espírito Santo, na intimidade da Trindade, é o “lugar” de encontro do Pai e do Filho, o Espírito Santo é quem nos une a Cristo. A salvação consiste, segundo S. Agostinho, em ser unidos ao Corpo de Cristo (cfr. In Ioann tract. 52, n.6; PL 35,1771) pela ação do Espírito Santo através da Palavra e dos Sacramentos.
Sendo a salvação uma ação do Pai e do Filho e do Espírito Santo, é também uma realidade que não se dá se nós não a queremos. E para colaborar eficazmente na nossa própria salvação, e na dos demais, o melhor que podemos fazer é ser dóceis à ação do Espírito Santo nas nossas almas. Se perguntarmos qual é a atitude do cristão para com o Espírito Santo, a resposta deveria resumir-se nessa palavrinha: “docilidade”. Deixar Deus agir e surpreender-nos, deixar que ele organize a nossa vida, dê os critérios da nossa maneira de pensar e de querer. Não nos arrependeremos! O cristão tem somente duas opções: ou ser um homem espiritual ou ser um homem carnal, ou ser uma pessoa penetrada pela ação do Espírito Santo que tudo unifica ou ser uma pessoa dispersa pela carne e pelos diversos apetites desse mundo, ou ser filho de Deus na casa do Pai alimentando-se com os manjares da mesa da Palavra e do Corpo e Sangue do Senhor ou ser filho pródigo e contentar-se com o alimento dos porcos. Nós escolhemos! Mas é Deus quem nos salva!

Pe. Françoá Costa