14º Domingo do Tempo Comum ano B 2015 (Adaptado
e postado pelo Diácono Ismael)
SINOPSE:
INTRODUÇÃO: Na celebração recebemos aquele que foi rejeitado por
ser PESSOA COMUM.
Tema: Deus escolhe e envia pessoas para
serem testemunhas do seu projeto de salvação.
A primeira
leitura: A vocação profética é iniciativa de
Jahwéh, que chama um “filho de homem” para ser a voz de Deus no meio do povo.
O Evangelho:
Deus manifesta-se aos homens na fraqueza e na fragilidade.
Na segunda
leitura: Paulo assegura que Deus atua e manifesta
o seu poder no mundo através de instrumentos débeis e limitados.
LEITURA I - Ez 2,2-5
Leitura da Profecia de Ezequiel.
Naqueles dias, depois de me ter falado, entrou em mim um espírito que me pôs de
pé. Então, eu ouvi aquele que me falava, o qual me disse: “Filho do homem, eu
te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. Eles e
seus pais se revoltaram contra mim até ao dia de hoje. A estes filhos de cabeça
dura e coração de pedra, vou-te enviar e tu lhes dirás: ‘Assim diz o Senhor
Deus’. Quer te escutem, quer não – pois são um bando de rebeldes – ficarão
sabendo que houve entre eles um profeta”.
AMBIENTE - Ezequiel, o
“profeta da esperança”, exerceu o seu ministério na Babilônia.
O texto faz parte
do relato da vocação de Ezequiel no qual Jahwéh define a missão que lhe vai
confiar: falar e atuar e atuar em nome de Deus.
MENSAGEM - A vocação é
sempre uma iniciativa de Deus. Ezequiel é chamado “filho de homem” – expressão
hebraica que significa simplesmente “homem ligado à terra, fraco e mortal. Deus
chama homens frágeis e limitados, não seres extraordinários, dotados de
capacidades incomuns: a eleição divina dá ao profeta autoridade, apesar dos
seus limites bem humanos.
A sua missão é
apresentar a esse Povo as propostas de Deus. O mais importante não é que as
palavras do profeta sejam ou não escutadas; o que é importante é que o profeta
seja, no meio do Povo, a voz que indica os caminhos de Deus.
ATUALIZAÇÃO - • No batismo,
fomos ungidos como profetas, à imagem de Cristo. Deus entra na nossa vida,
desafia-nos para a missão, pede uma resposta positiva à sua proposta.
• O profeta é o
homem que vive de olhos postos em Deus e de olhos postos no mundo
• As nossas
limitações não podem servir de desculpa para realizar a missão: Ele dar-nos a
força para cumprir o que nos pede.
7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 122
(123)
Os nossos olhos estão fitos no Senhor: Tende piedade, ó Senhor, tende
piedade!
• Eu levanto os meus olhos para
vós, / que habitais nos altos céus. Como os olhos dos escravos estão fitos /
nas mãos do seu senhor.
• Como os olhos das escravas
estão fitos / nas mãos de sua senhora, / assim os nossos olhos, no Senhor, /
até de nós ter piedade.
• Tende piedade, ó Senhor, tende
piedade; / já é demais esse desprezo! / Estamos fartos do escárnio dos ricaços
/ e do desprezo dos soberbos!
EVANGELHO – Mc 6,1-6 - Naquele tempo, Jesus
foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. Quando chegou o
sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados
e diziam: “De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses
grandes milagres que são realizados por suas mãos? Este homem não é o
carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão?
Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele.
Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus
parentes e familiares”. E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns
doentes, impondo lhes as mãos. E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus
percorria os povoados das redondezas, ensinando.
AMBIENTE - Jesus foi à
sinagoga para participar no ofício sinagogal; e, fazendo uso do direito, leu e
comentou as Escrituras. Aí, Jesus é apresentado como o Messias que proclama,
por toda a Galiléia, o Reino de Deus. À medida que o “caminho do Reino” vai
avançando, vão-se multiplicando as oposições e incompreensões face ao projeto
que Jesus anuncia.
MENSAGEM - Depois de escutarem Jesus,
na sinagoga, os seus conterrâneos traduzem a sua perplexidade através de várias
perguntas… (“de onde lhe vem tudo isto? Para eles, Jesus é “o carpinteiro”: não
é um “rabbi” e não tem qualificações para dizer as coisas que diz. Eles
conhecem a família de Jesus e não descobrem nela nada de extraordinário.
Conclusão: Ele
está fora da instituição judaica; o seu ensinamento não pode vir de Deus, mas
do diabo. Os conterrâneos de Jesus não reconhecem a presença de Deus naquilo
que Jesus diz e faz. Jesus responde: “nenhum profeta é respeitado no seu lugar
de origem”). Nessa resposta, Jesus assume-se como profeta – isto é, como um
enviado de Deus, que atua em nome de Deus e que tem uma mensagem de Deus para
oferecer aos homens. Os ensinamentos que Jesus propõe não vêm dos mestres
judaicos, mas do próprio Deus.
Por que é que
Jesus “não podia ali fazer qualquer milagre”? os homens são livres; se eles se
mantêm fechados nos preconceitos egoístas e rejeitam a vida que Deus lhes
oferece, Jesus não pode fazer nada. Marcos observa, apesar de tudo, que Jesus
“curou alguns doentes impondo-lhes as mãos”. Provavelmente, estes “doentes” são
aqueles que manifestam uma certa abertura a Jesus mas que não têm a coragem de
cortar os mecanismos religiosos do judaísmo para descobrir a novidade do Reino
que Jesus anuncia.
Eles estão
acomodados e preferem a vida velha da escravidão à novidade libertadora de
Jesus.
ATUALIZAÇÃO *• Deus
manifesta-se aos homens na fraqueza e na fragilidade. Normalmente, Ele não se
manifesta na força, no poder, nas qualidades que o mundo acha brilhantes e que
os homens admiram e endeusam; mas, muitas vezes, Ele vem ao nosso encontro na
fraqueza, na simplicidade, na pobreza, nas situações mais simples…
*• Esperavam um
Deus forte e majestoso, que se havia de impor de forma estrondosa, e assombrar
os inimigos com a sua força; e Jesus não se encaixava nesse perfil.
• Para os
habitantes de Nazaré Jesus era apenas “o carpinteiro”, que nunca tinha estudado
com grandes mestres e que tinha uma família conhecida de todos; por isso, não
estavam dispostos a conceder que esse Jesus lhes trouxesse qualquer coisa de
novo e de diferente…
Isto deve fazer-nos
pensar nos preconceitos com que, por vezes, abordamos os nossos irmãos, as homilias
nas celebrações dominicais feitas por diáconos ou ministros da palavra que
não são presbíteros, mas que são autorizados a proclamar a palavra de Deus...
Por vezes, os nossos preconceitos não nos impedirão de acolher o irmão e a
riqueza que Ele nos traz? Muitos paroquianos só aceitam ir a igreja se o padre
estiver presente e não aceitam que outra pessoa (autorizada pela Igreja) assuma
a presidência da celebração.
• A nossa
identificação com Jesus faz de nós continuadores da missão que o Pai Lhe
confiou. Sentimo-nos, como Jesus, profetas a quem Deus chamou e a quem enviou
ao mundo para testemunharem a proposta libertadora que Deus quer oferecer a
todos os homens? Nas nossas palavras e gestos ecoa a proposta de salvação que
Deus quer fazer a todos os homens?
• Apesar da
incompreensão dos seus concidadãos, Jesus continuou, em absoluta fidelidade aos
planos do Pai, a dar testemunho no meio dos homens do Reino de Deus. Rejeitado
em Nazaré, Ele foi, como diz o nosso texto, percorrer as aldeias dos arredores,
ensinando a dinâmica do Reino. O testemunho que Deus nos chama a dar cumpre-se,
muitas vezes, no meio das incompreensões e oposições… Frequentemente, os
discípulos de Jesus sentem-se desanimados e frustrados porque o seu testemunho
não é entendido nem acolhido… A atitude de Jesus convida-nos a nunca desanimar
nem desistir: Deus tem os seus projetos e sabe como transformar um fracasso num
êxito.
8. SEGUNDA LEITURA (2Cor 12,7-10
Carta de São Paulo aos Coríntios. Irmãos: Para que a extraordinária grandeza
das revelações não me ensoberbecesse, foi espetado na minha carne um espinho,
que é como um anjo de Satanás a esbofetear-me, a fim de que eu não me exalte
demais. A esse propósito, roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. Mas
ele disse-me: “Basta-te a minha graça. Pois é na fraqueza que a força se
manifesta”. Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para
que a força de Cristo habite em mim. Eis porque eu me comprazo nas fraquezas,
nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por
amor a Cristo. Pois, quando eu me sinto fraco, é então que sou forte.
AMBIENTE - A segunda Carta
de Paulo aos Coríntios espelha uma época de relações conturbadas entre Paulo e
os cristãos de Corinto. Paulo teve um violento confronto com os seus detratores.
As notícias trazidas por Tito eram animadoras: os coríntios estavam, outra vez,
em comunhão com Paulo. Reconfortado, Paulo escreveu uma apologia do seu
apostolado. Estamos no ano 56 ou 57. Como apóstolo, Paulo não se sente inferior
a ninguém. Paulo quer apenas que o vejam como um homem frágil e vulnerável, a
quem Deus chamou e a quem enviou para dar testemunho de Jesus Cristo no meio
dos homens.
MENSAGEM - Paulo fala de uma limitação
que transporta no seu corpo, um “anjo de Satanás” que lhe recorda continuamente
a sua finitude e fragilidade. Provavelmente, uma doença física crônica; mas
nada garante que essa enfermidade física esteja relacionada com este “anjo de
Satanás”. deve ter a ver com o fato de a mentalidade judaica ligar as
enfermidades aos “espíritos maus”. Outra interpretação poderia referir-se aos
obstáculos ao anúncio do Evangelho. Em todo o caso, o que é determinante é a
graça de Deus… é ele que dá a Paulo a força para continuar a sua missão, apesar
dos limites que esse “espinho na carne” lhe impõe. No apóstolo – ser humano,
vivendo na condição de finitude, de vulnerabilidade, de debilidade –
manifesta-se ao mundo e aos homens a força de Deus e de Cristo.
ATUALIZAÇÃO - • Deus não
utiliza métodos espetaculares, poderosos, majestosos, que se impõem de espanto
na memória dos povos; mas utiliza a fraqueza, a fragilidade, a simplicidade
para nos dar a conhecer os seus caminhos. Nós deixamo-nos impressionar pelos
grandes gestos, por tudo o que aparece
envolvido de riqueza, de prestígio social, de poder, de beleza; e, por outro
lado, temos mais dificuldade em reparar naquilo que se apresenta pobre,
humilde, simples, frágil, débil… A Palavra garante-nos que é na fraqueza que se
revela a força de Deus. Precisamos aprender a ver o mundo e descobrir esse Deus
que na simplicidade, na pobreza, na fragilidade que vem ao nosso encontro e nos
indica os caminhos da vida.
• O “profeta”
deve sentir-se, apenas, um instrumento frágil através do qual a força e a graça
de Deus agem no mundo. A missão do “profeta” não é atrair sobre si próprio as
luzes; a missão é servir de veículo à proposta de Deus para os homens.
• Paulo sentia
que Deus o tinha chamado a uma missão e que era preciso levar essa missão até
ao fim, doesse a quem doesse… Todos experimentamos momentos de incompreensão e
de oposição. O exemplo de Paulo deve ajudar-nos a vencer o desânimo e a
tentação de desistir.
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A Voz de Deus
Na realização dos seus planos,
Deus sempre chama e envia pessoas para serem a sua VOZ no meio do Povo.
As leituras falam de três
escolhidos por Deus para serem instrumentos de sua Palavra:
- Um Profeta desterrado...
- Um "carpinteiro",
filho de Maria;
- Um que reconhece suas
fraquezas...
A 1a Leitura
fala da Missão de EZEQUIEL. (Ez 2, 2-5)
Vemos os elementos da vocação
profética:
- A Iniciativa é sempre de Deus;
- O chamado é um "filho de
homem";
- A Missão é ser a VOZ DE DEUS no
meio do povo.
Na 2a
Leitura, PAULO fala da sua experiência: as dificuldade encontradas no seu
apostolado. (2 Cor 12, 7-10)
Paulo assegura aos cristãos de
Corinto, que Deus atua e manifesta seu poder no mundo através de instrumentos
fracos e limitados.
- Deus garante a Paulo e a todos os que têm
algum tipo de "espinho":
"Basta-te a minha graça; pois é na fraqueza que a
força se realiza plenamente".
No Evangelho, encontramos
a experiência de CRISTO. (Mc
6, 1-6)
Jesus volta a Nazaré e ensina na
sinagoga.
- O povo se admira da sabedoria,
dos milagres… e, perplexo, se pergunta:
"Quem é esse
homem? Não
é ele o carpinteiro, o filho de Maria?"
- Este Jesus não podia ser o
Messias esperado.
Eles esperavam um guerreiro como
Davi, sábio como Salomão.
Não um humilde carpinteiro. Eles o
conheciam muito bem: o carpinteiro, filho de Maria, não poderia ser o enviado
de Deus…
- Sua Palavra escandaliza, sua
mensagem gera oposição e sua vida cria conflitos.
Não conseguem reconhecer em Jesus o Messias esperado e o rejeitam.
Até os parentes de Jesus não aderem à sua mensagem.
* Como ficaria uma visita de
Jesus, hoje?
- JESUS, decepcionado, concluiu: "Um Profeta não é estimado entre os seus".
Mas apesar da incompreensão, continuou fiel aos planos do Pai...
+ Quem são os Profetas?
Os "profetas não são pessoas
extintas do passado, mas são uma realidade
com que Deus continua a contar
ainda hoje para intervir no mundo.
Todo "batizado" tem a
sua história de vocação profética...
O Profeta não é o encarregado de fazer milagres e prever o
futuro.
Deus espera dele uma coisa: que transmita a sua palavra.
Deus não tem boca e precisa de alguém para ser a sua
"Voz".
- Para isso, deve escutar a mensagem de Deus e
deixar que ela
penetre até o íntimo do coração…
E depois anunciá-la
com entusiasmo e fidelidade.
+ Como desempenhar
a missão de Profeta?
Ele deve estar em comunhão com Deus e atento à realidade humana.
Intervém, em nome de Deus, para denunciar, para avisar, para corrigir.
- A denúncia profética implica,
muitas vezes, a perseguição, o sofrimento,
a marginalização e, em muitos casos, a própria morte...
- Normalmente, Deus não se
manifesta na força, no poder,
nas qualidades que os homens admiram tanto.
Ele vem ao nosso encontro na fraqueza, na simplicidade,
nas pessoas mais humildes e despretensiosas...
- As nossas limitações humanas não
podem servir de desculpa
para não realizar a missão que Deus nos confia.
Se ele nos pede um
serviço, também nos dará a força
para superar os
nossos limites e para cumprir o que nos pede.
+ Jesus não fez
milagres em Nazaré, porque não acreditaram nele...
Só a fé dá condições para que os milagres
aconteçam...
- Hoje, afirma-se que "Santo de casa não faz milagre".
Por que será? A culpa é dele ou nossa?
- Conhecemos pessoas, ignoradas ou
rejeitadas na própria Comunidade,
que fazem grande sucesso lá fora?
Por que será?
+ A Liturgia de hoje nos apresenta
três exemplos bonitos:
Ezequiel, Paulo e Jesus.
Diante das dificuldades, nenhum desistiu. Lutaram e venceram.
* Nós também podemos nos sentir na
mesma situação:
O testemunho, que
Deus nos chama a dar, realiza-se,
muitas vezes, no
meio de incompreensões e oposições…
Frequentemente nos
sentimos desanimados e frustrados
porque não somos
entendidos, nem acolhidos.
Temos a sensação de
que estamos perdendo tempo…
Jesus nos convida a
nunca desanimar, nem desistir:
Ele sabe como
transformar um fracasso num êxito.
Qual a nossa atitude?
- Nós continuamos a ser a
"Voz" de Deus na comunidade, na família,
mesmo diante das contrariedades e adversidades?
- Valorizamos as pessoas que atuam
com dedicação em nossa comunidade,
acolhendo-as como a "Voz" de Deus?
Façamos nossa profissão de fé, não
apenas em Deus,
mas também nas pessoas com
quem convivemos…
E veremos, que os santos de casa
também farão milagres…
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia
do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, a liturgia hoje nos
propõe um grande desafio: Eu creio na Palavra de Deus dependendo da
Inteligência, ou creio dependendo da fé. Eu creio na Palavra de Deus na medida
que o anúncio é bastante estudado ou eu creio na Palavra de Deus na medida que
alguém se propõe a falar sobre a Palavra. Até onde o estudo me ajuda a
compreender a Palavra de Deus e até onde a minha fé me auxilia nesta
compreensão. Não são situações opostas; não é que você escolhe a inteligência,
o estudo ou escolhe a fé. Não. São complementares.
Veja a primeira leitura. Hoje temos
Ezequiel. Ezequiel é um grande profeta,
um dos profetas maiores; maiores não porque eram mais importantes, mais porque
escreveram mais coisas. O profeta Ezequiel é tido como um grande mestre da
Palavra de Deus no seu tempo. Entretanto, diz o texto de hoje, que o povo de
seu tempo era de cabeça tão dura, que nem ele pode transmitir aquilo que era
para ser falado, a ponto que Deus lhe diz; se eles ouvem ou não, se eles
acolhes ou não, o importante é que nós fizemos a nossa parte. Então, não é importante você ser um
especialista para falar da Palavra de Deus. É importante que do outro lado as
pessoas estejam com o coração aberto e de mente aberta. Caso contrário você
pode tentar o máximo. Também, se nós tivermos o coração aberto e a mente
aberta, mesmo que não seja um grande pregador, nõs vamos ouvir, acolher e viver
a Palavra de Deus. Então, o que é importante para que eu possa acolher a
Palavra de Deus? Estar disposto. Se eu não estiver disposto, posso utilizar
todos os recursos do mundo e não conseguir transmitir a Palavra, porque o
ouvinte não está disposto a acolher esta Palavra. Este é um aspecto importante.
Agora, às vezes, nós, enquanto seres humanos, não nós aqui presentes, mas
todos, às vezes temos a coragem de dizer; não queremos ouvir a Palavra e
pronto. São Paulo vai anunciar no areópago, grande lugar do saber, ali todos
pregavam, todos que estavam ali queriam ouvir as grandes novidades, teorias
novas; era uma forma de se atualizar, ir lá para ouvir. São Paulo vai
aproveitar para dizer; olha, eu vejo que vocês são muito interessados e muito
religiosos, porque vocês tem um altar para cada deus e aqui tem um lugar para o
Deus desconhecido. Então, eu vim anunciar quem é esse Deus desconhecido. Eles
pararam para ouvir, porque, a final de contas... a hora que ele começou a falar
da ressurreição, eles disseram; não queremos mais te ouvir. Quem sabe um outro
dia. Hoje não temos tempo para ouvir esta palavra. Então, foram muito sinceros;
não queremos ouvir e pronto. Mas, tem aqueles que não tem coragem de dizer “eu
não vou ouvir” e tentam desqualificar a Palavra. Um exemplo é dizer que Jesus
era possuído por Belzebu, por isso faz o que faz. Aí Jesus vai dizer; “como é
que satanás pode expulsar satanás? Se está dividido contra si mesmo, então este
reino não tem força. Outra forma de desqualificar Jesus é o Evangelho de hoje;
Eles estão encantados com esse Jesus que realiza milagres, que faz belas
pregações, mas não querem acolher. Então dizem: escuta, onde Ele aprendeu tudo
isso? Não é ele carpinteiro, nós conhecemos sua família toda, seus irmãos, suas
irmãs e agora ele vem querer nos dar lição de moral? Jesus é muito simples. Ele
diz: um profeta só não é bem recebido em sua casa. Por que? Porque quanto mais
nós temos contato com as pessoas, mais conhecemos essas pessoas. Então, eu não
tenho dúvida nenhuma, de que aqueles que se aproximam mais do “padre”, vão
conhecer, além do padre, o ser humano. Aí vai ter uma visão diferente do que o
padre prega, porque sabe que nem sempre vive o que ele prega, do que aqueles
que não o conhecem e admiram uma grande pregação, dizendo: olha que maravilha e
não sabem se ele vive ou não o que prega. Então, quanto mais próximos nós
estamos das pessoas, maior a dificuldade de acolher o que estas pessoas falam
sobre Deus. Muitos comentam comigo assim; olha, você que não sai da igreja
pensa desse jeito, imagina se você não fosse na igreja então? Para falar então?
Escute, você não é nenhum santo, não é todo certinho, não. Te conheço muito
bem! Esta é a realidade de quem convive com os pregadores e aqueles que falam e
procuram anunciar a Palavra. O problema não está em quem anuncia, porque a
grande vantagem de ser apóstolo de Jesus Cristo, e isto todos nós somos, ide,
pregai o Evangelho a todos os povos, batizando em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, então, aqueles que são os apóstolos de Jesus Cristo, eles tem
vantagens, comparados com apóstolos de outros. Qual é a vantagem? A mesma
palavra que eu dirijo para você, ela volta para mim. Não é preciso que eu me
torne um santo, que atinja a perfeição, para poder anunciar a Palavra. Não. Com
toda nossa limitação que Deus conta para que a Palavra seja anunciada. Aí vamos
entender São Paulo, que reclama desse espinho da carne. Para alguns, ele tinha
problema de visão. De tal maneira que ele não se conformava; como ele pode
escrever, tem tanta coisa para escrever e não enxerga. Então, tinha que ter um
ajudante. E, como garantir que ele está escrevendo exatamente o que eu falo? Aí
o grande drama de Paulo; ter que confiar, também nele, na Palavra. É evidente,
que quem crê na Palavra de Deus, tem que confiar na Palavra, a começar pelas
palavras das pessoas. Outros dizem que ele tinha problema de nervo ciático; não
conseguia andar muito tempo. E isto para ele, modo de dizer, era grande morte,
porque ai de mim se não evangelizar; tenho que viajar, tenho que andar, eu não
tenho tanto tempo, assim, para anunciar a Palavra. E se sentia, assim, amarrado,
impedido de fazer mais do que ele gostaria, fazendo menos. Só que São Paulo vai ser alguém de gênio muito
forte; ninguém vai conseguir trabalhar com ele muito tempo. Encrenqueiro, togo
briga com os companheiros. Então, veja que na realidade, São Paulo se torna um
exemplo para nós, daquele que é um pregador por excelência, mas que tem os seus
limites, suas limitações. O absurdo está que em Jesus, ninguém apresenta uma
limitação. Ninguém. De fato, Ele é a Palavra de Deus feito carne. De tal
maneira que não dá para falar dos defeitos de Jesus, mas dá para dizer: da onde
Ela tira toda essa sabedoria?
Então, meus irmãos
e irmãs, essa contemplação da Palavra, nesse final de semana, mostra que só não
evangelizamos se não quisermos. E só não acolhemos a Palavra que nos é
anunciada, se não quisermos também. Porque
todos nós temos limitações, todos temos nossas dificuldades, todos nós temos os
nossos problemas. Um deles, às vezes, é
o dinheiro. Olha o salmo de hoje: fica claro; • Eu levanto os meus olhos
para vós, / que habitais nos altos céus. Como os olhos dos escravos estão fitos
/ nas mãos do seu senhor.
• Como os olhos das escravas
estão fitos / nas mãos de sua senhora, / assim os nossos olhos, no Senhor, /
até de nós ter piedade.
• Tende piedade, ó Senhor, tende
piedade; / já é demais esse desprezo! / Estamos fartos do escárnio dos ricaços
/ e do desprezo dos soberbos!
Então, é alguém que de fato tem problemas
financeiros, mas nem por isso deixa de louvar a Deus. Então, seja que situação
for, cada um de nós é convidado a acolher essa Palavra e a se dispor a anunciar
para todos. Uma maneira muito prática de anunciar a Palavra é viver em harmonia
no lar, no trabalho, nas diversões, etc.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
PE. PEDRINHO.
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Homilia de D. Henrique Soares
O Evangelho deste Domingo apresenta-nos Jesus na sua Nazaré. Ali
mesmo, na sua própria cidade, onde nascera e fora criado, os seus o rejeitam: "'Este
homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas
e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?' E ficaram escandalizados por
causa dele". Assim,
cumpre-se mais uma vez a Escritura: "Veio para o que era seu e os
seus não o receberam" (Jo 1,11). E a falta de fé foi tão
grande, a dureza de coração, tão intensa, a teimosia, tão pertinaz, que São
Marcos afirma, de modo surpreendente: "Ali não pôde fazer milagre
algum!", tão grande era a falta de fé daquele povo.
Meus caros, pensemos bem na advertência que esta Palavra de Deus nos faz! O
próprio Filho do Pai, em pessoa, esteve no meio do seu povo, conviveu com ele,
falou-lhe, sorriu-lhe, abraçou-lhe e, no entanto, não foi reconhecido pelos
seus. E por quê? Pela dureza de coração, pela insistência teimosa em esperar um
messias de encomenda, sob medida, a seu bel prazer... Valia bem para Israel a
censura da primeira leitura de hoje, na qual o Senhor Deus se dirige a seu
servo: "Filho do homem, eu te envio
aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. A estes filhos de
cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás: 'Assim fala o
Senhor Deus'. Quer escutem, quer não, ficarão sabendo que houve entre eles um
profeta!"Que coisa tremenda, meus caros: houve entre os
israelitas um profeta, e mais que um profeta: o Filho de Deus, o Eterno, o
Filho amado... E Israel o rejeitou!
Mas, deixemos Israel. E nós? Acolhemos o Senhor que nos vem? Escutamos com fé
sua Palavra, quando ele se dirige a nós na Escritura, aquecendo nosso coração?
Acolhemo-lo na obediência da fé, quando ele se nos dirige pela boca da sua
Igreja católica, ensinando-nos o caminho da vida? Acolhemo-lo, quando nos fala
pela boca de seus profetas? Não tenhamos tanta certeza de que somos melhores
que aqueles de Nazaré! Aliás, é bom que nos perguntemos: por que os nazarenos
não foram capazes de reconhecer Jesus como Messias? Já lhes disse: porque o
Senhor não era um messias do jeito que eles esperavam: um simples fazedor de
milagres, um resolvedor de problemas... Jesus, pobre, manso, humilde, era também
exigente e pedia do povo a conversão de coração. Mas, há também uma outra razão
para os nazarenos rejeitarem Jesus: eles foram incapazes de ver além das
aparências. De fato, enxergaram em Jesus somente o filho de José, aquele que
correra e brincara nas suas praças, aquele ao qual eles haviam visto crescer.
Assim, sem conseguir olhar com mais profundidade, empacaram na descrença. Mas,
nós, conseguimos olhar com profundidade? Somos capazes de escutar na voz dos
ministros de Cristo a própria voz do Senhor? Somos sábios o bastante para ouvir
na voz da Igreja a voz de Cristo?
É exatamente pela tendência nossa, tremenda, de sermos surdos ao Senhor, que
Jesus tanto sofreu e que Paulo se queixava das dificuldades do seu ministério.
O Apóstolo fala de um anjo de Satanás que o esbofeteava. Que anjo era esse? Ele
mesmo explica: suas "fraquezas, injúrias,
necessidades, perseguições e angústias sofridas por amor de Cristo". O drama de Paulo é uma forte exortação
aos pregadores do Evangelho e a todos os cristãos. Aos pregadores do Evangelho
essa palavra do Apóstolo recorda que o anúncio será sempre numa situação de
pobreza humana, de apertos e contradições. A evangelização, caríssimos, não é
um trabalho de marketing televisivo como vemos algumas vezes nos "missionários"
dos meios de comunicação. O Evangelho do Cristo crucificado e ressuscitado, é
proclamado não somente pela palavra do pregador, mas também pela carne de sua
vida. Como proclamar a Palavra sem sofrer por ela? Como anunciar o Crucificado que
ressuscitou sem participar da sua cruz na esperança firme da sua ressurreição?
O Evangelho não é uma teoria, não é um sistema filosófico. O Evangelho é Cristo
Jesus encarnado na nossa vida, de modo que possamos dizer como São Paulo: "Eu
trago no meu corpo as marcas de Jesus" (Gl 6,17) Triste do pregador que pensar em
anunciar Jesus conservando-se para si mesmo. Um diácono, um padre, um bispo,
que quisessem se poupar, que separasse a pregação do seu modo de viver, que
fosse pregador de ocasião, tornar-se-ia um falso profeta, transformar-se-ia em marketeiro do Evangelho, portanto, inútil e
estéril. É toda a vida do pregador que deve ser envolvida na pregação: seu modo
de viver, de agir, de vestir, de relacionar-se com os bens materiais, sua vida
afetiva, seu modo de divertir-se, seu tipo de amizade... Tudo nele dever ser
comprometido com o Senhor e para o Senhor!
Mas, essa palavra de São Paulo na liturgia de hoje vale também para cada
cristão. Hoje, somos minoria. O mundo não-crente, seculartizado zomba de nós e
já não crê no anúncio de Cristo que lhe fazemos. Sentimos isso na pela! Pois
bem, quando experimentarmos a frieza e a dura rejeição, quando em casa, no
trabalho, nos círculos de amizades, formos ignorados ou ridicularizados por
sermos de Cristo, recordemos do Evangelho de hoje, recordemo-nos dos
sofrimentos dos apóstolos e retomemos a esperança: o caminho de Cristo é também
o nosso; se sofrermos com ele, com ele reinaremo; se morrermos com ele, com ele
viveremos (cf. 2Tm 2,11-12) Não tenhamos medo: nós somos as testemunhas, os
profetas, os sinais de luz que Deus envia ao mundo de hoje! Sejamos fiéis: o
Senhor está conosco, hoje e sempre. Amém.
D. Henrique Soares
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PARA
A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos, Ministros da Palavra..)
Mc 6, 1-6 ; LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER
SOBRE O ALTAR)
- - COM JESUS, NA
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor,
convertei o nosso coração para Vós.
à
Senhor, nosso Deus e Pai! Vos louvamos e agrademos pelo vosso amor. Muito nos
amais nos enviando o vosso Filho único; Bendito sejais para sempre!
T: Senhor, convertei
o nosso coração para Vós.
à
Senhor, nosso Deus e Pai! Pelo batismo nos tornastes vossos profetas para
anunciar o vosso amor a todos os vossos filhos e filhas. Vós sois a nossa
força; vinde sempre em nosso auxílio!
T: Senhor,
convertei o nosso coração para Vós.
à
Senhor, nosso Deus e Pai! Muitas vezes pensamos em nossos projetos e não no
vosso projeto. Transformai o nosso coração para que tenhamos mais amor ao vosso
Reino.
T: Senhor,
convertei o nosso coração para Vós.
à
Senhor, nosso Deus e Pai! Enviai-nos o Espírito Santo para nos iluminar e nos
encorajar na ação de cada dia.
T: Senhor,
convertei o nosso coração para Vós.
- Pai
nosso... A paz de Cristo... Cordeiro de
Deus
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