sexta-feira, 24 de julho de 2015

17º Domingo do Tempo Comum, Homilias, Homilias dominicais, Multiplicação dos pães

17º Domingo do Tempo Comum Ano B

Sinopse:
TEMA – A Partilha - Repartir o seu “pão” com todos aqueles que têm “fome” de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança. “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?”

Primeira leitura, Eliseu partilha o pão que lhe foi oferecido e sugere que Deus vem ao encontro dos necessitados através dos gestos de partilha.
Evangelho, Jesus convida a despirem a lógica do egoísmo e a assumirem uma lógica de em benefício dos irmãos. É esta lógica que fará nascer um mundo novo.
Na segunda leitura, Paulo Recomenda a humildade, a mansidão e a paciência: são atitudes que não se coadunam com egoísmo, orgulho, autossuficiência e preconceito.

PRIMEIRA LEITURA (2Rs 4,42-44) Leitura do Segundo Livro dos Reis.
Naqueles dias, veio também um homem de Baal-Salisa, trazendo em seu alforje para Eliseu, o homem de Deus, pães dos primeiros frutos da terra: eram vinte pães de cevada e trigo novo. E Eliseu disse: “Dá ao povo para que coma”. Mas o seu servo respondeu-lhe: “Como vou distribuir tão pouco para cem pessoas?” Eliseu disse outra vez: “Dá ao povo para que coma; pois assim diz o Senhor: ‘Comerão e ainda sobrará’”. O homem distribuiu e ainda sobrou, conforme a palavra do Senhor.

AMBIENTE - Os “ciclos” de Elias e Eliseu Referem se a um período bastante conturbado da vida do Reino do Norte (Israel). Elias exerce a sua missão profética durante os reinados de Acab (874-853 a.C.) e de Acazias (853-852 a.C.); Eliseu dá o seu testemunho profético durante os reinados de Jorão (853-842 a.C.), de Jeú (842- 813 a.C.) e de Joacaz (813-797 a.C.).
Os reis de Israel procuraram sempre estabelecer relações comerciais, económicas, políticas e militares com os povos circunvizinhos. Os deuses estrangeiros ocupavam um lugar significativo na vida dos israelitas. É uma época de sincretismo religioso, com o apoio declarado dos reis de Israel, preterida em favor dos cultos de Baal e de Astarte. Multiplicam as injustiças contra os pobres.
É contra este quadro que se levantam Elias e Eliseu. O Povo consultava-os regularmente e buscava neles apoio face aos abusos dos poderosos.

MENSAGEM - Um homem de Baal trouxe a Eliseu o “pão das primícias”: vinte pães de cevada e trigo novo num saco. De acordo com Lv 23,20, o pão das primícias devia ser apresentado diante do Senhor e consagrado ao Jahwéh, embora depois revertesse em benefício do sacerdote… Deve ser este costume que está subjacente ao episódio da entrega dos pães a Eliseu.
Eliseu mandou reparti-los pelas pessoas que rodeavam o profeta. O “servo” do profeta não acreditava que os alimentos oferecidos chegassem para cem pessoas; no entanto, chegaram e ainda sobraram.
A descrição de uma milagrosa multiplicação de pães de cevada e de grãos de trigo sugere que, quando o homem é capaz de sair do seu egoísmo e tem disponibilidade para partilhar os dons recebidos de Deus, esses dons chegam para todos e ainda sobram. A generosidade, a partilha, a solidariedade, não empobrecem, mas são geradoras de vida e de vida em abundância.

ATUALIZAÇÃO Nas palavras e nos gestos do “profeta”, é Deus que se manifesta aos homens e que lhes indica a sua vontade e as suas propostas. No gesto de repartir o pão para saciar a fome das pessoas, o “profeta” manifesta a eterna preocupação de Deus com a “fome” do mundo (fome de pão, fome de liberdade, fome de dignidade, fome de realização plena, fome de amor, fome de paz…) e a sua vontade de dar aos homens vida em abundância… É Deus que nos dá, dia a dia, o pão que mata a nossa fome de vida.
Como é que Deus atua para saciar a fome de vida dos homens? É através da generosidade e da partilha dos homens (primeiro do homem que decide oferecer o fruto do seu trabalho; depois, do profeta que manda distribuir o alimento) que o “pão” chega aos necessitados. Normalmente, Deus serve-Se dos homens para intervir no mundo e para fazer chegar ao mundo os seus dons.
Ele Se manifesta na ação generosa de tantos homens e mulheres que praticam gestos de partilha.
Deus precisa de nós, da nossa generosidade e bondade, para ir ao encontro dos nossos irmãos necessitados e para lhes oferecer vida em abundância.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 144 (145)  Saciai os vossos filhos, ó Senhor!
• Que vossas obras, ó Senhor, vos glorifiquem, / e os vossos santos com louvores vos bendigam! / Narrem a glória e o esplendor do vosso reino / e saibam proclamar vosso poder!
• Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam / e vós lhes dais no tempo certo o alimento; / vós abris a vossa mão prodigamente / e saciais todo ser vivo com fartura.
• É justo o Senhor em seus caminhos, / é santo em toda obra que ele faz. / Ele está perto da pessoa que o invoca, / de todo aquele que o invoca lealmente.

EVANGELHO – Jo 6,1-15 - Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens. Jesus tomou os pães, deus graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!” Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

AMBIENTE - Capítulo 6 do Evangelho segundo João – a catequese sobre Jesus, o Pão da vida.
João apresenta a atividade de Jesus no sentido de criar e dar vida ao homem, de forma a que surja um Homem Novo, liberto do egoísmo e capaz de viver na mesma dinâmica de Jesus – isto é, no amor ao Pai e aos irmãos.
No “Livro dos Sinais”, recorrendo a símbolos (a “água”; o “pão”; a “luz”; o “pastor”; a “ressurreição”.
Hoje, João apresenta Jesus como o Pão que sacia a sede de vida que o homem sente. João nota que estava perto a Páscoa, que celebrava a libertação do Egito.

MENSAGEM - João apresenta Jesus como o libertador da escravidão para a terra da liberdade…
1. referência à “passagem do mar”; lembra à passagem do Mar Vermelho por Moisés com o Povo libertado do Egito; passar da terra da escravidão para a terra da liberdade.
2. Como Moisés, com Jesus vai uma grande multidão. A multidão que pretende “ver os sinais que ele realizava. Já perceberam que só Jesus conseguirá ajudá-los a superar a escravidão.
3. Jesus subiu a “um monte”. A referência ao “monte” Sinai; os mandamentos. Jesus vai realizar a nova Aliança entre Deus e o Povo em direção à terra da liberdade.
4. A Páscoa que estava próxima; festa da libertação do Povo da escravidão.
5. A multidão que segue Jesus tem fome e leva-nos, outra vez, ao Êxodo, ao deserto, quando o Povo que caminhava para a terra da liberdade sentiu fome. Então, foi Deus que respondeu à necessidade do Povo e lhe deu comida em abundância; aqui, é Jesus que se apercebe das necessidades da multidão. Ele mostra o Deus do amor sempre atento às necessidades do seu Povo.
6. Qual a solução à “fome” da multidão? Jesus envolve a comunidade (“onde comprar pão para lhes dar?”) A comunidade tem de sentir-se responsável pela “fome” dos homens. É no poder do dinheiro? Será este o sistema? ou já perceberam que Jesus tem uma proposta nova a fazer, geradora de libertação e de vida em abundância para todos?
7. Filipe constata a impossibilidade de resolver o problema, dentro do quadro econômico vigente… “Duzentos denários não bastariam”. Quase meio ano de trabalho não daria para resolver o problema. Por outras palavras: confiando no sistema instituído (regido pelo lucro egoísta), é impossível resolver o problema da necessidade dos esfomeados.
8. André vislumbra uma solução diferente, outro sistema que reparta vida e que elimine a lógica da exploração.
9. A figura do “menino” possuidor dos pães e dos peixes. João fala de um menino, é um “débil”, física e socialmente. Humilde, sem pretensão alguma de poder e de domínio, É este que é chamado a resolver a questão da necessidade dos pobres e a instaurar um novo sistema libertador. Qual é esse sistema?
10. Os números “cinco” (“pães”) e dois (“peixes”,: a sua soma dá “sete” –significa totalidade… Ou seja: é na partilha da diversidade que alcançamos a saciedade dos  irmãos.
11. Sobre os alimentos, Jesus pronuncia uma “ação de graças”, são dons que vêm de Deus. “Dar graças” é reconhecer que os bens recebidos pertencem a todos e que quem os possui é apenas um administrador. Os bens são exclusivos de alguns, mas dons de Deus.
12. Há sobras que não se podem perder. doze cestos, doze tribos: se os discípulos souberem partilhar aquilo que recebeu de Deus, pode satisfazer a fome de todo o Povo.
13. Alguns dos que testemunharam a multiplicação dos pães e dos peixes têm consciência de que Jesus é o Messias que devia vir para dar ao seu Povo vida em abundância e querem fazê-lo rei. Jesus não aceita… Ele não veio resolver os problemas do mundo instaurando poder; mas veio convidar a viverem numa lógica de partilha.

ATUALIZAÇÃO Jesus é o Deus que se revestiu da nossa humanidade e veio ao nosso encontro para nos revelar o seu amor. O texto mostra Jesus atento às necessidades da multidão, empenhado em saciar a fome de vida dos homens, preocupado em apontar-lhes o caminho da liberdade. Deus vai ao nosso lado, atento as nossas necessidades.
A “fome” de pão que Jesus quer saciar é um símbolo da fome de vida que faz sofrer tantos dos nossos irmãos… Os que têm “fome” são aqueles que são explorados e injustiçados e que não conseguem libertar-se; são os que vivem na solidão, sem família, sem amigos e sem amor; são os marginalizados, por não terem acesso à educação
e aos bens culturais; são as crianças vítimas da violência e da exploração… É a esses e a todos os outros que têm “fome” de vida e de felicidade, que a proposta de Jesus se dirige.
No nosso Evangelho, Jesus dirige-se aos seus discípulos e diz-lhes: “dai-lhes vós mesmos de comer”. Os discípulos de Jesus são convidados a continuar a missão de Jesus e a distribuírem o “pão” que mata a fome de vida, de justiça, de liberdade, de esperança, de felicidade de que os homens sofrem.
Jesus propõe uma lógica de partilha. Os discípulos de Jesus são convidados a reconhecer que os bens são um dom de Deus para todos os homens e que pertencem a todos; são convidados a quebrar a lógica egoísta dos bens e a pôr os dons de Deus ao serviço de todos.
Os discípulos de Jesus devem ser um grupo humilde (a  “criança” do Evangelho), sem pretensão alguma de poder e de domínio, e que apenas está preocupado em servir os irmãos com “fome”.
No final, os discípulos são convidados a recolher os restos, que devem servir para outras “multiplicações”. A tarefa dos discípulos de Jesus é uma tarefa nunca acabada, que deverá recomeçar em qualquer tempo e em qualquer lugar onde haja um irmão “com fome”.

SEGUNDA LEITURA (Ef 4,1-6) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios.
Irmãos: eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportai-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos.

AMBIENTE - O texto que hoje nos é proposto é uma espécie de “exortação aos batizados”, na qual Paulo reflete longamente sobre a edificação e o crescimento do “Corpo de Cristo”. Paulo dá pistas aos cristãos acerca da forma como eles devem viver os seus compromissos com Cristo.

MENSAGEM - O nosso texto começa com uma referência ao facto de Paulo estar preso… A condição
de prisioneiro por causa de Jesus e do Evangelho dá um peso especial às recomendações do apóstolo: são as palavras de alguém que leva tão a sério a proposta de Jesus, que é capaz de sofrer e de arriscar a vida por ela. Na perspectiva de Paulo, a vida nova exige, em primeiro lugar, que os crentes vivam
unidos em Cristo. Ora, há comportamentos e atitudes que são condição necessária para que essa unidade se torne efetiva. Antes de mais, Paulo refere a humildade, pois só ela permite superar o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência que afastam os irmãos e que erguem entre eles barreiras de separação; depois, Paulo refere a mansidão, irmã da humildade, e qualidade que derruba barreiras na comunhão; Paulo refere também a paciência, que permite ser tolerante e compreensivo para com as falhas dos irmãos e que permite entender e aceitar as diferentes maneiras de ser e de agir… Em resumo, trata-se de fazer com que a caridade presida às relações uns com os outros; o amor deve ser sempre o suporte das nossas relações humanas. A unidade é um dom de Deus; mas, a sua efetivação depende do contributo e do esforço de cada irmão.
Na segunda parte do nosso texto, Paulo apresenta um conjunto de elementos que fundamentam a obrigatoriedade da unidade dos crentes: “há um só Corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança” na vida a que todos os crentes foram chamados; “há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo; há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos se encontra”. A menção do Pai, do Filho e do Espírito, neste contexto, sugere que a Trindade é a fonte última e o modelo da unidade que os cristãos devem viver.

ATUALIZAÇÃO A Igreja é um “corpo” – o “Corpo de Cristo”. Naturalmente, esse “corpo” é formado
por muitos membros, todos eles diversos; mas todos eles dependem de Cristo (a “cabeça” desse “corpo”) e recebem d’Ele a mesma vida. Formam, portanto, uma unidade… Têm o mesmo Pai (Deus), têm um projeto comum (o projeto de Jesus), têm o mesmo objetivo (fazer parte da família de Deus e encontrar a vida em plenitude), caminham na mesma direção animados pelo mesmo Espírito, têm a mesma missão (dar testemunho no mundo do projeto de amor que Deus tem para os homens). Neste esquema, não fazem qualquer sentido as divisões, as divergências que tantas vezes dividem os irmãos da mesma comunidade.
Para que a unidade seja possível, Paulo recomenda a humildade, a mansidão e a paciência. São atitudes que não se coadunam com esquemas de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de preconceito em relação aos irmãos.
A Igreja é uma unidade; mas é também uma comunidade de pessoas muito diferentes, em termos de raça, de cultura, de língua, de condição social ou económica, de maneiras de ser... As diferenças legítimas nunca devem ser vistas como algo negativo, mas como uma riqueza para a vida da comunidade; não devem levar ao conflito e à divisão, mas a uma unidade cada vez mais estreita, construída no respeito e na tolerância. A diversidade é um valor, que não pode nem deve anular a unidade e o amor dos irmãos.

Pe. Joaquim - Pe. Barbosa - Pe. Carvalho

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O Pão partilhado...

Hoje se fala muito da FOME no mundo.
Quem não viu imagens de pessoas famintas, que mais parecem cadáveres ambulantes.
Deus nos convida a PARTILHAR o "Pão" da vida com todos aqueles que têm "fome" de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança.

A 1a Leitura fala do PÃO PARTILHADO de Eliseu: (2 Rs 4,42-44)

Um homem, durante uma longa carestia, oferece generosamente a Eliseu "o pão das primícias": 20 pães de cevada.
- O Profeta não guarda para si o precioso alimento e manda repartir com o povo: "Dá ao povo para que coma".
- O Homem se surpreende: "Mas como? É tão pouco para 100 pessoas."
- E o Profeta lhe garante: "Dá... todos comerão e ainda sobrará…"

* Vemos a atitude de DEUS, que não multiplica os pães do NADA e o gesto generoso de duas PESSOAS:
      - Um homem desconhecido que oferece o fruto do seu trabalho e - Eliseu que partilha o dom recebido.

   = O Pão partilhado sacia a fome de todos... e ainda sobra...
       Jesus também alimentará outra multidão de um modo semelhante...
       Não será esse o caminho para o problema da fome no mudo?

Na 2ª Leitura, Paulo exorta a viver a vocação recebida e manter a UNIDADE com o vínculo da Paz.
É o caminho para poder sentar à mesa do Banquete do Senhor.(Ef 4,1-6)

No Evangelho, JESUS multiplica e reparte o pão. (Jo 6,1-15)

Interrompe-se a leitura de Marcos, própria do Ano B, para incluir o capítulo 6o de João, dando continuidade à narrativa.
É um conjunto de 5 domingos, em que somos convidados a refletir sobre a Multiplicação dos PÃES e o Sermão do PÃO DA VIDA.
É o único milagre descrito pelos 4 evangelistas…

- O Povo, faminto da sua palavra cheia de vida, segue o Cristo, que se retirara com os discípulos para um lugar deserto.
- Cristo teve compaixão… E continuou a falar…
  E atento às necessidades do povo, provoca os apóstolos:
  "Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?"
   . Felipe: "Nem duzentas moedas são suficientes…"
   . André: "Um menino tem 5 pães e 2 peixe… mas o que é isso?"
- Jesus: "Fazei-os sentar… tomou os pães, abençoou e distribuiu..."
   Na partilha, todos ficam saciados e ainda sobra alimentos...
- Reação do povo: "Quer fazê-lo rei".
   Não entendeu o "sinal", que acompanha sua missão.
   Jesus não veio para distribuir cestas básicas e ser eleito prefeito.
  O verdadeiro pão que alimenta o mundo é Jesus, Palavra do Pai.
- E Jesus retirou-se para a montanha…

+ O Povo continua a ter fome...
    Além da fome material, que é uma questão angustiante do nosso tempo, existe a fome de outros valores humanos e cristãos.
   A solução não está no muito que poucos possuem e retêm para si, mas no pouco de cada um, que é repartido entre todos.
* Olhando o Brasil, um país tão rico, com uma população tão pobre, o que significa, hoje, para nós a ordem de Jesus:
    "Dai-lhe vós mesmos de comer!"(Mc 6,37)

+ Qual é o Caminho?
    No Evangelho, Jesus propõe TRÊS PISTAS:

a) A PARTILHA é o primeiro passo para erradicar a fome do mundo:
    Jesus não dá uma esmola: ajuda as pessoas a repartirem o que elas têm…
    Quando se reparte, todos têm o necessário e ainda sobra…
    Os milagres de Deus iniciam onde a generosidade humana chega ao limite.

b) A ORGANIZAÇÃO do povo é um elemento importantíssimo para que ele possa reivindicar e conquistar os seus direitos:
    Jesus pede para que os discípulos organizem a multidão para que se sente.

c) Evitar o DISPERDÍCIO: Jesus pede para recolher o que sobrou, serviria também para os ausentes e afastados...

+ PARTILHAR continua sendo obra do seguidores de Cristo...
      Partilhar o que? Partilhar com quem?
- Jesus partilhou a Palavra e o Pão... com os apóstolos... com o povo...
- E nós o que podemos partilhar? E com quem?

- Com a família: trabalhos... o dinheiro...(roubar o marido), as coisas...
- Com os amigos: Conhecimentos... objetos...
- Comunidade: a fé (Grupos), dons... tempo...

+ Cristo ainda hoje continua a nos alimentar
A multiplicação dos pães é sinal profético do pão da vida eterna.
 Jesus usa gestos idênticos aos da última ceia: "Tomou os Pães, deu graças e os repartiu", querendo manifestar a relação íntima entre o pão da Multiplicação e o pão da Eucaristia.
Quem partilha a compaixão de Jesus com os famintos, vive e cumpre o Evangelho, quando diz: "Tive fome e me destes de comer".

- Neste contexto, qual é o sentido da Eucaristia?
  . Ficar de braços cruzados, aguardando o milagre de Deus?
 . ou colaborar com os nossos 5 pães e 2 peixes?

Que nossos encontros dominicais não se reduzam a um encontro social, pelo contrário, possam ser momentos fortes de fé para saciar a nossa fome de Deus e para nos responsabilizar pela vida dos que caminham com fome ao nosso lado...

                                     Pe. Antônio Geraldo

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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Hoje S. Paulo diz que há um só batismo. É evidente que há um só batismo, porque é um único Pão que nos une. Este é o Pão da unidade, o Pão da Eucaristia. É o Pão que nos alimenta, mas que nos leva a um único Corpo. Por isso, um só corpo. O único corpo que é chamado Corpo Místico de Cristo. Aonde Jesus é a cabeça e nós formamos o corpo. É assim que nós percebemos, tocamos, vemos, ouvimos, sentimos o Cristo Ressuscitado. É evidente, que a Celebração de hoje nos leva a aprofundar um pouco mais sobre a questão do Pão. Já, o profeta Eliseu ajudou aquele fulano Baal-Salisa a entender qual era o bom Deus e qual é a vontade de Deus. Aquele senhor quis homenagear Eliseu. Tinha uma boa intensão; tinha vontade de agradá-lo, de retribuir por ele ser um homem de Deus. Portanto, Baal-Salisa se dá conta de que Eliseu é o representante de Deus. O que ele quer fazer? Quer homenageá-lo. Aí, ele oferece para Eliseu vinte pães. Eliseu diz: muito obrigado, mas distribuí ao povo. Isto para ele era um pouco incompreensível, porque se eu estou lhe dando um presente, é um homem de Deus, como é que você manda dar para o povo que não é de ninguém? E Eliseu ajuda a compreender, que há dois modos de você tratar Deus. Um, tentando ganha-lo com presentes. Outro, tentando ganha-lo com caridade. Olha a diferença. No primeiro caso, ganha-lo com presentes significa; eu ofereço para Deus, mas Deus precisa do que de nós? Quem quer oferecer alguma coisa para Deus, está equivocado, está enganado, pois se ele precisar de alguma coisa de nós, ele não é Deus. Ele não precisa, sequer que tenhamos fé. Se você crê ou não em Deus, isto não vai mudar Deus em nada, mas para você muda tudo. Porque se você não crê em Deus, você não sabe em quem acreditar. Agora, se você quer presentear Deus, sirva ao povo. Isto é muito interessante, porque o povo precisa de todo o nosso cuidado, de toda a nossa atenção. Então, aquele senhor crendo que Eliseu é um homem de Deus, acolheu a sua palavra e distribuiu o pão. E, para surpresa dele, os cem presentes comeram dos vinte pães. É muito interessante, porque o Evangelho volta a falar o seguinte: há uma grande multidão atrás de Jesus, porque Ele realizou sinais, curou enfermos... então, Jesus, que sempre aproveita qualquer ocasião para nos orientar, para orientar os discípulos, aí então, Jesus chama Felipe e diz: escuta, onde vamos comprar pão para toda esta  multidão? Felipe se assusta, porque tem cerca de cinco mil homens, nem duzentas moedas de prata seriam suficientes para cada um comer um pedacinho. Aí, Jesus diz: o que temos aí? André diz: tem um menino aí que tem cinco pães e dois peixes. Jesus pega esse pão, olha para o céu, dá graças; portanto, vai nos lembrar a última ceia, vai lembrar a Eucaristia e manda distribuir.
Deus não pede o que nós não temos. Ele pediu os cinco pães e os dois peixes, que é o que o menino tinha. Para surpresa de todos, todos comeram até se saciar e ainda sobraram doze cestos. É muito difícil as pessoas fugirem da idéia da mágica. Dá a impressão de que Jesus fez assim...( ) e o  pão foi se multiplicando. Não. Somos chamados a lembrar do Eliseu, porque foi isso que ele quis ensinar a seus discípulos e a lembrar o pedido de Jesus; para distribuir o que eles tinham. Meus irmãos e irmãs, este é o grande sinal dado por Jesus. Ele mostrou que não existe fome. Mostrou que quando cada um concorre, colabora para servir, tudo acaba bem.
Dia 24 de junho nós fizemos uma experiência muito interessante. Foi pedido que cada um trouxesse arroz, salada, refrigerante; quinhentas pessoas comeram à vontade e ainda sobrou para levar para a casa que abriga os moradores de rua. Levamos de carro, porque era muita comida. Então, o mesmo sinal permanece. O mesmo milagre de Jesus acontece. O que é que Deus espera de nós? Que nós façamos a nossa parte. Qual é a nossa parte? Ele nos ofereceu e oferece a semente de trigo, a terra, a água e o sol. Ele espera de nós o que? Que agente junte tudo isso. Porque se você puser a semente na terra, jogar água, esperar que o ar e o sol faça a sua parte, sempre haverá trigo em abundância. Agora, se ninguém plantar, não vai nascer, porque Deus quer a nossa colaboração como sua imagem e semelhança. Ele quer que sejamos criadores. É evidente que falar de roça, em ambiente urbano, da cidade, fica muito distante da nossa realidade. Ainda que eu quisesse plantar trigo aqui, eu não tenho espaço e não tenho clima adequado. Acontece que o nosso trabalho se traduz em dinheiro e se torna para nós o pão de cada dia. Por que? Por que através do nosso dinheiro que conseguimos comprar, obter aquilo que não temos condições de plantar. De qualquer maneira é fruto do trabalho. Ou plantar o trigo ou comprar o trigo em forma de pão e assim por diante. Muito bem, mas tem uma questão importante; Jesus é contra o desperdício. Olha que Ele não falou: a sobra joga fora. Reúne tudo; doze cestos. Claro que o número doze é simbólico. É exatamente para que cada um dos doze apóstolos levasse um cesto consigo. Tanto é simbólico que não tinha pão, não tinha nada e tinha cestos. Só para nos ajudar a refletir, que a proposta de Jesus é fazer acontecer o que Eliseu pediu. A proposta de Jesus é que aprendamos com essa lição. Só que, infelizmente, o povo, lá, não conseguiu pensar além do benefício material. O povo já estava interessado porque Jesus curava os enfermos. Então, eu fico por perto, porque se precisar, eu seu a quem recorrer. E, agora estão interessados em fazê-lo rei. Afinal de contas, todo mundo comeu de graça. É isso que muitas vezes agente espera do governante. Então, Jesus se manda para o monte. Ele não quer ser Rei para esse mundo. Ele quer ser um sinal para todos nós.
Então, a pergunta que a liturgia nos faz é esta: eu vou atrás de Jesus por quê? Qual é o meu interesse? É obter benefícios, sobretudo material? Não vou encontra-lo. Ele vai fugir de mim toda hora. Agora, se eu ouvir o restante do ensinamento de Jesus, eu vou ter uma visão completa. Ele diz o que? Não busquem, não só de pão vive o homem, mas de toda palavra de Deus. Vocês vieram atrás de mim por causa do pão que eu lhes dei? Procurai o Pão vindo do Céu.
Bom, agora entramos em outro nível. Porque o Pão vindo do Céu é o Pão Eucarístico. O Pão Eucarístico é o resultado da nossa disposição e esforço de viver a unidade entre nós. Então, o grande convite é esse: não busque só o pão material. Olhe o que estou dizendo; só o pão material. Não está errado pedir o pão material, mas vamos buscar o pão da solidariedade, da justiça, do amor, da harmonia, assim por diante...
É isto que é esperado de cada um de nós. Agora, é evidente que a Eucaristia é o que nos une no corpo único, na única comunidade que nos dá bastante força para realizarmos esta missão. Que nós possamos procurar Cristo, aquele que nos ajuda neste mundo e para a vida eterna.

PE. PEDRINHO

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Homilia do D. Henrique Soares 

Salta à vista o tema do pão na liturgia de hoje: ele aparece claramente na primeira leitura e no evangelho e, de modo implícito, está presente também no salmo. Na tradição bíblia, o pão recorda duas coisas importantíssimas. Lembra-nos, primeiramente, que não somos autossuficientes, não possuímos a vida de modo absoluto: devemos sempre renová-la, lutar por ela. O homem não se basta a si próprio; precisa do pão de cada dia. E aqui, um segundo importante aspecto: o homem não pode, sozinho, prover-se de pão: é Deus quem faz a chuva cair, quem torna o solo fecundo, quem dá vigor à semente. Assim, a vida humana está continuamente na dependência do Senhor. Portanto, meus caros, todos necessitamos do pão nosso de cada dia – e este é dom de Deus. “O que tens tu, ó homem, que não tenhas recebido? E, se recebeste, do que, então, te glorias?”
Desse modo, caríssimos irmãos em Cristo, Jesus, ao multiplicar os pães, apresenta-se como aquele que dá vida, que nos sacia com o sentido da existência – sim, porque não há vida de verdade para quem vive sem saber o sentido do viver! – Dá-nos, Jesus a vida física, a vida saudável, mas dá-nos, mais que tudo, a razão verdadeira de viver uma vida que valha a pena!
Mas, acompanhemos com mais detalhes a narrativa do Quarto Evangelho. Jesus, num lugar deserto, estando próxima a Páscoa, Festa dos judeus, manda o povo sentar-se sobre a relva verde, toma uns pães e uns peixes, dá graças, parte, e os distribui… multiplicando os pães e os peixes. Todos comeram e ficaram saciados. Não aparece no evangelho deste Domingo, mas sabemos, pela continuação do texto de São João, que o povo, após o milagre, foi à procura do Senhor e ele recriminou duramente a multidão: “Vós me procurais não porque vistes os sinais, mas porque comestes pão e ficastes saciados!” Que sinal o povo deveria ter visto? Recordemos que no final do trecho que escutamos no evangelho o povo exclama: “Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo”. Eis: o povo até que começou a discernir o sentido do milagre de Jesus; mas, logo depois, fascinado simplesmente pelo pão material, pelas necessidades de cada dia, esquece o sinal. Insistimos: que sinal? Primeiro, que Jesus é o Novo Moisés, aquele profeta que o próprio Moisés havia anunciado em Dt 11,18: “O Senhor Deus suscitará no vosso meio um profeta como eu”. Pois bem: como Moisés, Jesus reúne o povo num lugar deserto, como Moisés, sacia o povo com o pão… Mas, Jesus é mais que Moisés: ele é o Deus-Pastor que faz o rebanho repousar em verdes pastagens (“Havia muita relva naquele lugar… Jesus mandou que o povo se sentasse…”) e lhe prepara uma mesa. Era isso que o povo deveria ter compreendido; foi isso que não compreendeu…
E nós, compreendemos os sinais de Cristo em nossa vida? Somos capazes de descortinar o sentido dos seus gestos, seja na alegria seja na tristeza, seja na luz seja na treva? Os gestos de Jesus na multiplicação dos pães é também prenúncio da Eucaristia. Os quatro gestos por ele realizados – tomou o pão, deu graças, partiu e deu – são os gestos da Última Ceia e de todas as ceias que celebram o sacrifício eucarístico do Senhor: na apresentação das ofertas tomamos o pão, na grande oração eucarística (do prefácio à doxologia – “Por Cristo, com Cristo…”) damos graças, no “Cordeiro de Deus” partimos e na comunhão distribuímos. Eis a Missa: o tornar-se presente dos gestos salvíficos do Senhor, dado em sacrifício e recebido em comunhão.
Vivendo intensamente esse Mistério, nos tornamos realmente membros do corpo de Cristo, que é a Igreja. Cumprem-se em nós, de modo real, as palavras do Apóstolo: “Há um só Corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos”. Eis, caríssimos! Que o bendito Pão do céu, neste sinal tão pobre e humilde do pão e do vinho eucarísticos, nos faça compreender e acolher a constante presença do Senhor entre nós e nos dê a graça de vivermos de verdade a vida de Igreja, sendo um sinal seu no meio do mundo. Amém.

 D. Henrique Soares


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PARA A CELEBRAÇAO DA PALAVRA (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O N.D.
à COM JESUS, por Jesus, e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.
à Senhor, nosso Deus, bendito sejais pelo grande amor que tendes por cada um de nós. Vos agradecemos por nos dar a vida e nos ensinar os caminhos de vosso Reino.
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.
à Senhor, nosso Deus, vos agradecemos por nos enviar vosso Filho e nos dar o vosso Espírito Santo pelo batismo. Pai, dai-nos o entendimento para que sigamos os ensinamentos de Jesus e alcancemos a salvação.
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.
à Senhor, nosso Deus, ajudai-nos para que tenhamos o coração aberto às necessidades de nossos irmãos e irmãs e saibamos ajudar a necessidade do outro.
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.
à Senhor, nosso Deus, Que saibamos reconhecer os bens que os destes como dons vossos e que somos apenas administradores dessas riquezas; que saibamos ser acolhedores, amantes da justiça, solidários nas dificuldades; que saibamos espelhar vosso amor.
T: Pai, Obrigado pelos dons que nos destes.



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