quinta-feira, 9 de julho de 2015

15º Domingo Tempo Comum, Homilia, Homilia dominical

15º Domingo Tempo Comum (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:

TEMA: Deus atua no mundo através dos profetas escolhidos por Ele.
A primeira leitura: Amós: chamado e enviado por Deus, o profeta propõe aos homens os projetos Deus.
No Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão. Essa missão consiste em anunciar o Reino e lutar contra tudo que o impede de ser feliz. Jesus Convida-os à pobreza, à simplicidade, ao despojamento dos bens materiais.
A segunda leitura: Deus tem um projeto de vida plena para cada um. Esse projeto, apresentado através de Jesus Cristo, exige de cada um de nós uma resposta.

PRIMEIRA LEITURA (Am 7,12-15) Leitura da Profecia de Amós. Naqueles dias, disse Amasias, sacerdote de Betel, a Amós: “Vidente, sai e procura refúgio em Judá, onde possas ganhar teu pão e exercer a profecia; mas em Betel não deverás insistir em profetizar, porque aí fica o santuário do rei e a corte do reino”. Respondeu Amós a Amasias, dizendo: “Não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamoume, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo’”.

AMBIENTE - Amós, o “profeta da justiça social”, reino do Norte (Israel) (762 a. C.). A prosperidade e bem-estar das classes favorecidas contrastavam com a miséria das classes baixas.  A classe dirigente, rica e poderosa, dominava os tribunais e subornava os juízes, impedindo que o tribunal fizesse justiça aos mais pobres.
Entretanto, a religião florescia num esplendor ritual nunca visto. O culto não tinha nada a ver com a vida: os mesmos que participavam nesses ritos cultuais majestosos praticavam injustiças contra o pobre: o culto a Jahwéh misturava-se com rituais pagãos provenientes dos cultos a Baal e Astarte. É neste contexto que aparece Amós. Amós não é profeta profissional; mas, chamado por Deus, deixa a sua terra e parte para gritar à classe dirigente a sua denúncia profética. O episódio leva-nos até ao santuário de Betel. Trata-se de um lugar considerado sagrado. De acordo com Gn 35,1-8, Jacob construiu aí um altar e dedicou-o a Jahwéh.
Quando o Povo se dividiu em dois reinos, após a morte de Salomão (932 a.C.), os reis do norte (Israel) potenciaram o culto em Betel, para impedir que os seus súditos tivessem de deslocar-se a Jerusalém, situado no reino inimigo do sul (Judá).
Então, Betel transformou-se numa espécie de “santuário oficial” do regime, onde o culto era financiado, em grande parte, pelo próprio rei. O sacerdote que presidia ao culto era uma espécie de “funcionário real”, encarregado de zelar para que os interesses do rei fossem defendidos. O sacerdote do santuário era Amasias. Amós criticou as injustiças cometidas pelo rei e pela classe dirigente; e, certamente, denunciou, nesse lugar, um culto que era aliado da injustiça e que procurava comprometer Deus com os esquemas corruptos dos poderosos.

MENSAGEM - O sacerdote Amasias é o homem da religião oficial, voltada aos interesses do rei, comprometida com o poder político. Trono e religião são ligados por interesses mútuos, para manter o “statu quo” e os privilégios. O próprio Amasias tem muito a perder já que é um funcionário real cuja função é defender os interesses do rei. A religião de Amasias é uma religião escrava dos interesses, que se ajoelha diante dos poderosos e que está fechada aos desafios de Deus. A denúncia de Amós soa a rebelião contra os interesses do poder. Por isso, Amós é denunciado, convidado a deixar o santuário e a voltar à sua terra para “ganhar aí o seu pão”. A resposta de Amós deixa claro que o profeta é um homem livre, que não atua por interesses humanos, mas por mandato de Deus. A iniciativa de ser profeta não foi sua… Deus é que veio ao seu encontro e convocou-o para a missão. O profeta não está preocupado com os interesses do rei ou com os interesses do sacerdote Amasias,… Doa a quem doer. Ele não pode, nem quer ficar calado… A sua missão vem de Deus e Deus é infinitamente maior do que o rei. Amós anuncia  o castigo para o rei, para Amasias e para toda a nação infiel.

ATUALIZAÇÃO    **¨ O profeta é um homem escolhido e enviado por Deus.
**¨ O profeta é um homem livre, que não se amedronta nem se dobra face aos interesses dos poderosos. O profeta não pode calar-se perante a injustiça, a opressão, a exploração.
**¨ Amasias é o homem instalado nos privilégios, que cala a voz da própria consciência;
Amós é o profeta livre da preocupação com os bens materiais, que não está preocupado com a defesa dos próprios interesses, mas sim com a defesa dos interesses dos pobres e marginalizados, que são os interesses de Deus.

SALMO RESPONSORIAL / Sl 84 (85)

Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!

• Quero ouvir o que o Senhor irá falar: / é a paz que ele vai anunciar. / Está perto a salvação dos que o temem, / e a glória habitará em nossa terra.
• A verdade e o amor se encontrarão, / a justiça e a paz se abraçarão; / da terra brotará a fidelidade, / e a justiça olhará dos altos céus.
• O Senhor nos dará tudo o que é bom, / e a nossa terra nos dará suas colheitas; / a justiça andará na sua frente / e a salvação há de seguir os passos seus.

EVANGELHO (Mc 6,7-13) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
Naquele tempo, Jesus chamou os doze, e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. E Jesus disse ainda: “Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa partida. Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.

AMBIENTE  -     À medida que o “caminho do Reino” avança, os discípulos vão aparecendo cada vez mais ligados a Jesus e cada vez mais implicados no projeto do Reino. Chamados por Jesus, eles responderam positivamente a esse chamamento e seguiram-n’O; depois, durante a caminhada que fizeram com Jesus, eles escutaram os ensinamentos de Jesus e testemunharam os seus gestos e sinais. Formados por Jesus na “escola do Reino”, os discípulos podem agora ser enviados ao mundo, a fim de anunciar a todos os homens a chegada desse mundo novo que Jesus chamava o “Reino de Deus”. Romanos 14:17  Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
 
MENSAGEM
O nosso texto é uma catequese sobre a missão dos discípulos de Jesus.
Marcos deixa claro que a iniciativa do chamamento é de Jesus: Ele “chamou-os”.
São enviados “doze”. Número simbólico, que lembra as doze tribos do Povo de Deus. É a totalidade do Povo de Deus que é enviada em missão. É provável que o envio “dois a dois” tenha a ver com o costume judaico de viajar acompanhado, para ter ajuda e apoio em caso de necessidade; pode também pensar-se que esta exigência de partir em missão “dois a dois” tenha a ver com as exigências da lei judaica, de acordo com a qual eram necessárias duas testemunhas para dar credibilidade a qualquer anúncio (cf. Dt 19,15; Mt 18,16). Em qualquer caso, “dois a dois” sugere que a evangelização tem dimensão comunitária. Quem anuncia o Evangelho, anuncia-o em nome da comunidade.
Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros”); representam aqui tudo aquilo que escraviza o homem e que o impede de chegar à vida em plenitude. A missão dos discípulos é, pois, lutar contra tudo aquilo – seja de caráter físico, seja de caráter espiritual – que destrói a vida e a felicidade do homem. É da ação libertadora que nasce um mundo novo, de homens livres – o mundo do “Reino”.
Na perspectiva de Jesus, os discípulos devem partir para a missão, num despojamento total de todos os bens e seguranças humanas… não devem levar nem pão, nem alforje, nem moedas, nem duas túnicas. Os discípulos devem ser totalmente livres e não estar amarrados a bens materiais; caso contrário, a preocupação com os bens materiais pode roubar-lhes a disponibilidade para a missão. A eficácia da missão não depende da abundância dos bens materiais, mas sim da ação de Deus. Finalmente, a sobriedade e o desapego são sinais de que o discípulo confia em Deus.
Quando forem acolhidos numa casa, devem aí permanecer algum tempo e não devem saltar de um lugar para o outro, ao sabor das amizades, dos interesses. Quando não forem recebidos num lugar, devem “sacudir o pó dos pés” ao abandonar esse lugar: trata-se de um gesto que os judeus praticavam quando regressavam do território pagão e que simboliza a renúncia à impureza. Aqui, deve significar o repúdio pelo fechamento às propostas libertadoras de Deus.
Expulsavam demônios, curavam os doentes. Trata-se de continuar a missão de Jesus: libertar o homem de tudo aquilo que o oprime e lhe rouba a vida, para fazer aparecer um mundo de homens livres e salvos (“Reino de Deus”).
O anúncio que é confiado aos discípulos é o anúncio que Jesus fazia (o “Reino”); os gestos que os discípulos são convidados a fazer para anunciar o “Reino” são os mesmos que Jesus fez. Jesus convida a Igreja (os discípulos) a continuar na história a obra libertadora que Ele começou em favor do homem.

ATUALIZAÇÃO
**¨ Deus age, hoje, no mundo através desses discípulos que aceitaram o chamado de Jesus e embarcaram na aventura do “Reino”. Eles continuam hoje a obra de Jesus e anunciam – com palavras e com gestos – esse mundo novo de felicidade sem fim que Deus quer oferecer aos homens.
**¨ Jesus não chama apenas um grupo de “especialistas” para dar testemunho do “Reino”. É a totalidade do Povo de Deus (os “doze”) que é enviada, a fim de continuar a obra de Jesus no meio dos homens e anunciar-lhes o “Reino”.
**¨ A missão dos discípulos de Jesus é lutar contra tudo que escraviza o homem e que o impede de ser feliz. Hoje há estruturas que geram guerra, violência, terror, morte: a missão dos discípulos de Jesus é contestá-las e desmontá-las; hoje há “valores” (apresentados como o “último grito” da moda, do avanço cultural ou científico) que geram escravidão, opressão, sofrimento: a missão dos discípulos de Jesus é recusá-los e denunciá-los; hoje há esquemas de exploração (disfarçados de sistemas econômicos geradores de bem estar) que geram miséria, marginalização, exclusão: a missão dos discípulos de Jesus é combatê-los. A proposta libertadora de Jesus tem de estar presente (através dos discípulos) onde houver um irmão vítima da escravidão e da injustiça.
**  o discípulo nunca deve fazer dos bens materiais a sua prioridade fundamental. O discípulo que erige os bens materiais como a prioridade da sua vida sentirá sempre a tentação de se calar, de não incomodar os poderosos, a fim de preservar os seus interesses econômicos e os seus benefícios particulares.
**¨ Com frequência os discípulos de Jesus têm de lidar com a oposição e a recusa da proposta que eles testemunham. É um fato que deve ser visto com normalidade e compreensão.

8. SEGUNDA LEITURA (Ef 1,3-14) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios. Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele nos abençoou com toda a bênção do seu Espírito em virtude de nossa união com Cristo, no céu. Em Cristo, ele nos escolheu, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos por intermédio de Jesus Cristo, conforme a decisão da sua vontade, para o louvor da sua glória e da graça com que ele nos cumulou no seu Bem-amado. Pelo seu sangue, nós somos libertados. Nele, as nossas faltas são perdoadas, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou profusamente sobre nós, abrindo-nos a toda a sabedoria e prudência. Ele nos fez conhecer o mistério da sua vontade, o desígnio benevolente que de antemão determinou em si mesmo, para levar à plenitude o tempo estabelecido e recapitular em Cristo o universo inteiro: tudo o que está nos céus e tudo o que está sobre a terra. Nele também nós recebemos a nossa parte. Segundo o projeto daquele que conduz tudo conforme a decisão de sua vontade, nós fomos predestinados a sermos, para o louvor de sua glória, os que de antemão colocaram a sua esperança em Cristo. Nele também vós ouvistes a palavra da verdade, o evangelho que vos salva. Nele, ainda, acreditastes e fostes marcados com o selo do Espírito prometido, o Espírito Santo, que é o penhor da nossa herança para a redenção do povo que ele adquiriu, para o louvor da sua glória.

sinopse: “Deus nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos. Ele nos predestinou para sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo. N’Ele, pelo seu sangue deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade: Em Cristo fomos constituídos herdeiros para servir à sua glória. Fostes marcados pelo Espírito Santo para a redenção do povo que Deus adquiriu para louvor da sua glória”.

AMBIENTE
A cidade de Éfeso, capital da Província romana da Ásia. Importante porto e numerosa população. Paulo fez de Éfeso o quartel-general, a partir do qual evangelizou toda a zona ocidental da Ásia Menor.
Alguns vêem nesta carta uma síntese da teologia paulina. O tema mais importante da carta é aquilo que o autor chama “o mistério”: trata-se do projeto salvador de Deus, revelado e concretizado plenamente em Jesus e tornado presente no mundo pela Igreja.

MENSAGEM
A ação de graças dirige-se a Deus, pois Ele é a fonte última de todas as graças concedidas aos homens. Essas graças atingiram os homens através do Filho, Jesus Cristo.
O Pai, no seu amor, elegeu-nos “para sermos santos”. A palavra “santo” indica que foi separado do mundo e consagrado a Deus, para o serviço de Deus. Além de nos eleger, o Pai predestinou-nos “para sermos seus filhos adotivos”.  Através de Cristo, o Pai ofereceu-nos a sua vida e integrou-nos na sua família na qualidade de filhos. O fim desta ação de Deus é o louvor da sua glória. “Eleição” e “adoção como filhos” resultam do imenso amor de Deus pelos homens – um amor que é gratuito, incondicional e radical. A morte de Jesus na cruz é o sinal evidente do espantoso amor de Deus pelos homens; e dessa forma, Deus ensinou-nos a viver no amor total e radical. Através de Cristo, Deus derramou sobre nós a sua graça, tornando-nos pessoas novas e diferentes, capazes de viver no amor. Assim, Deus manifestou-nos o seu projeto de salvação  e que consiste em levar-nos a uma identificação plena com Jesus. Da ação redentora de Cristo nasceu, pois, um Homem Novo, capaz de um novo tipo de relacionamento (não marcado pelo egoísmo, pelo orgulho, pela auto-suficiência, mas marcado pelo amor e pelo dom da vida) com Deus, com os outros homens e mulheres e com toda a criação. Dessa forma, em Cristo fomos constituídos filhos de Deus e herdeiros da salvação, conforme o projeto de Deus preparado desde toda a eternidade em nosso favor (vers. 11-12).
Os que aderiram a Jesus foram marcados pelo “selo” do Espírito. Esse “selo” é a marca que atesta a nossa integração na família divina e a garantia de que um dia participaremos na vida eterna, plena e verdadeira, conforme o plano que Deus tem para nós.

ATUALIZAÇÃO
**¨ Deus tem um projeto de vida plena e total para os homens, um projeto que desde sempre esteve na mente de Deus: não somos um acidente de percurso na evolução do cosmos, mas somos atores principais de uma história de amor que o nosso Deus sempre sonhou e que Ele quis escrever e viver conosco.  No meio das nossas desilusões e dos nossos sofrimentos, da nossa finitude e do nosso pecado, dos nossos medos e dos nossos dramas, não esqueçamos que somos filhos amados de Deus, a quem Ele oferece continuamente a vida definitiva, a verdadeira felicidade.
**¨ Deus “elegeu-nos… para sermos santos e irrepreensíveis”. “ser santo” significa ser consagrado para o serviço de Deus; tentar descobrir o plano de Deus e concretizá-lo dia a dia com verdade, fidelidade e radicalidade.
**¨ Jesus veio ao nosso encontro, cumprindo com radicalidade a vontade do Pai e oferecendo-Se até à morte para nos ensinar a viver no amor.

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A Missão

A Liturgia de hoje nos convoca à MISSÃO de anunciar Jesus Cristo, com a fé e com as obras.
A MISSÃO é o tema central desse domingo.

As Leituras bíblicas ilustram com alguns exemplos:

Na 1a Leitura, temos a Missão de AMÓS: (Am 7, 12-15)

Após a morte de Salomão, o reino por ele deixado dividiu-se em dois:
Israel ao norte e Judá ao Sul.
No Reino do Norte, a prosperidade das classes favorecidas contrastava com a miséria das classes baixas. O Rei, para se firmar no poder, manipulou a própria religião:
Proibiu as peregrinações a Jerusalém (no sul), criou o templo de Betel, pagava os sacerdotes e custeava os cultos solenes do templo, mas em troca de um apoio político…
Nesse ambiente, Amós, um humilde Pastor do Sul, é enviado a profetizar no Norte, para denunciar as injustiças cometidas pelo rei e pelas classes dominantes.
Sua palavra incomoda os "poderosos" e sofre forte rejeição e oposição.

- No texto, Amós entra em conflito com Amasias, o sacerdote oficial, que administra o santuário de Betel, aliado aos interesses do rei e é expulso: "Sai daqui, vá para Judá… Come lá o teu pão e profetiza por lá..."
Amós responde que não é profeta de profissão. É de vocação: "Sou vaqueiro e cultivo figos silvestres. Mas o Senhor me tirou do rebanho e me ordenou: VAI PROFETIZAR o meu povo, Israel." Amós não se compromete com as amarras humanas do poder...

A 2ª Leitura é um Hino que exalta o Plano de Deus:
Deus nos escolheu antes da criação do mundo e  nos predestinou a sermos seus filhos adotivos, em Cristo (Ef 1, 3-14)

No Evangelho, temos a Missão dos Apóstolos: (Mc 6, 7-13)

+ Jesus CHAMA os 12 e os ENVIA dois a dois a pregar.

O texto é uma Catequese sobre a Missão dos discípulos no mundo:

- A Origem do chamado está em Deus: o critério da escolha é misterioso...
- "Os doze" representam a totalidade do Povo de Deus.
- "Dois a dois" lembra que a evangelização é feita em nome da Comunidade
   e deve estar em sintonia com a fé da COMUNIDADE.

+ Dá algumas recomendações, válidas aos discípulos de todos os tempos:

- Deu-lhes o poder de libertar dos espíritos impuros, dos males:
  Tudo aquilo que se opõe à vida e à dignidade humana: a miséria, a injustiça, a fome...

- Exigências:
   - dos Apóstolos: Sobriedade e despojamento dos bens e seguranças humanas...
      A eficácia da missão depende da ação de Deus.
   - dos Destinatários: Hospitalidade e Acolhida...
       - aceitar a Palavra de Deus…
       - acolher o Enviado de Deus e prover às suas necessidades…
         Quem não o acolhe... fecha para si o caminho da salvação.

- Conteúdo:     - com o Anúncio: CONVERTER-SE e CRER no evangelho...
                        - com Sinais de libertação e de cura.

- Alerta: Nem todos irão acolher a sua mensagem...
  Encontrarão resistências, desinteresse e recusas...

+ Cristo ainda hoje nos chama e envia: "Vai profetizar… Vai evangelizar…"
Não importa a nossa profissão, nosso estado de vida, nossa cultura:
Vaqueiro como Amós ou Pescador como os apóstolos...
Importa, sim, a acolhida generosa ao chamado do Senhor.

O que é EVANGELIZAR? 

Continuar a missão de Jesus, que exige: Converter-se... Crer no evangelho... Libertar os oprimidos... Estar desprendido dos bens terrenos... Confiante na Misericórdia...

+ A Igreja nos convida a evangelizar:
   Após analisar a realidade brasileira, os Bispos do Brasil concluíram que a missão prioritária da Igreja nos próximos anos é EVANGELIZAR.
   Como?

EVANGELIZAR a partir de Jesus Cristo e na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária e profética, alimentada pela Palavra e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida rumo ao Reino definitivo.

O que significa para nós, hoje:
"Vai profetizar o meu povo, Vai evangelizar o meu povo"?

- Quem é esse povo para o qual somos enviados a evangelizar?
- De que devemos nos despojar para conseguir uma eficácia maior   em nosso trabalho apostólico? 
- Quais os demônios que devemos expulsar hoje?

Só com a graça e a força do Senhor se pode proclamar e semear a semente do Reino.
No caminho missionário o Senhor nos convida a levar conosco o cajado da fé e as sandálias da esperança, o pão de sua palavra que alimenta e sacia e a túnica que cobre o necessitado.

Todo Batizado deve ser missionário em seu ambiente...

                                       Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a liturgia neste final de semana nos chama a atenção para dois aspectos importantes; um, que Deus quer precisar do ser humano, não somente Amós é enviado a profetizar, como também cada um de nós é chamado a ser profeta. O profeta, muitas vezes é confundido com aquele que prevê futuro. Isto não existe, porque o futuro a Deus pertence. O máximo que conseguimos fazer é projetar, dado a situação atual, projetar o que vai acontecer daqui a alguns meses. Mal dá para se falar de um ano. O profeta não é o que adivinha as coisas. Por que eu estou dizendo isto? Porque aqui diz: “Naqueles dias, disse Amasias, sacerdote de Betel, a Amós: “Vidente... primeiro é necessário que agente veja; isto é, saiba confrontar a situação, o mundo, com aquilo que Deus nos fala. Se, por exemplo, há pobres, certamente não é de acordo com a vontade de Deus. Por que? Porque Deus já disse que justiça e paz te abraçarão. É o salmo de hoje. Ora, se eu percebo que as pessoas não respeitam umas as outras, então, eu digo: isto não é vontade de Deus. Porque Deus já nos predestinou a sermos seus filhos. Nenhum  pai, nenhuma mãe quer que um irmão desfaça do outro. Há um sofrimento profundo quando isto acontece. Então, veja, que o vidente, o profeta tem que ter um ponto de referência. A referência do vidente, do profeta é sempre a Palavra de Deus. Mas, tem um segundo aspecto, que às vezes é mal compreendido por nós; São Paulo fala da PREDESTINAÇÃO. E, aqui não é tão fácil nós compreendermos São Paulo, porque nós estamos habituados, como aquilo que normalmente se compreende por predestinado. Normalmente, nós compreendemos predestinado assim: alguém que tem um destino e tem que cumprir este destino. Ora, este destino não existe. Porque, então, nós não teríamos liberdade, sequer de pecar ou de não pecar. Já estaria traçado; você não vai pecar, e eu predestinado a pecar. Então, por mais que você quisesse, não conseguiria pecar, e eu por mais que quisesse, não conseguiria deixar de pecar. Não. Não é assim. A PRÉ-DESTINAÇÃO significa que Deus quer tratar todo homem e toda mulher como seus filhos. Isto está predestinado. Para isso Ele chama o mundo. E, já o provérbio, desde o capítulo 8, diz: desde a criação do universo, já Deus e a Sabedoria estavam alí presentes para realizar todas as coisas. E, São João vai nos ajudar a compreender que a Sabedoria que estava ao lado de Deus, é o próprio Jesus Cristo: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele... de tudo que existe”.  De tal maneira, que a predestinação é exatamente esta: Deus criou todo o universo para que o ser humano pudesse, de verdade, conhecer o amor de Deus e escolhe-lo como seu Pai, como seu criador, seu mentor, seu orientador. A predestinação é esta. Agora, é evidente, que Deus na sua divindade garante, para cada ser humano, a liberdade. Liberdade de dizer: “Eu quero ser seu filho” e liberdade de dizer: “Eu não quero ser seu filho”. Então, a predestinação existe, mas não a DETERMINAÇÃO. A orientação existe, mas não a imposição. O desejo existe, mas não a obrigação. Cada um deve acolher Deus, de livre e espontânea vontade.
Aqui é que entra a segunda leitura e o Evangelho. A segunda leitura dizendo que somos predestinados ao amor de Deus e o Evangelho dizendo como podemos escolher aquilo que não conhecemos? Aqui que entra o nosso papel. Por que será que nós conhecemos Jesus e outros não?  Será atoa? Não. É uma graça de Deus. É uma graça que nos foi concedida, mas seria muito egoísmo de nossa parte, que esta graça fosse dada somente a nós. É aí que Jesus envia dois a dois para Evangelizar. Envia dois a dois para anunciar, para ajudar as pessoas a compreender quem é Deus. É claro que existe uma compreensão equivocada, uma maneira de ver Deus errada, quando vê Deus como aquele que não permite que eu seja feliz, que não permite que eu viva como um ser humano normal, que me proíbe tudo, que me impede de celebrar qualquer coisa. Não é assim. Muito pelo contrário. Deus é aquele que nos garante vida e vida em abundância. É aquele que quer que todos nós sejamos felizes aqui, nesta vida e na vida eterna. Ele não mediu esforço para isto, ao ponto que Ele se torna um ser humano, se tem alguém que vai sofrer, é Ele que vai sofrer tudo, exatamente para nos poupar. Seu sangue acaba nos garantindo toda esta alegria e esta liberdade. Agora, é evidente que nós somos livres, já falei isto várias vezes, para fazer o bem. Mas isto não deveria ser só daquele que teme a Deus. Isto deveria ser para todo ser humano. Todo ser humano deveria ser livre só para fazer o bem. É evidente, que nós somos limitados, aqui e ali aconteceram problemas, e a gente ia acabar errando, mas ficaria visível que foi um equivoco, sem querer. É claro, que ali não seria nem pecado. De fato, é algo que você conserta e vai em frente.
Agora, que o mundo prega é que somos livres para fazer o que quiser. Quando acontece isto, nem como animal o ser humano acaba se comportando. Se formos ver os animais, que não tem raciocínio, eles não fazem o mal. Eles só procuram a sua defesa. É diferente. Entre nós, não. Entre nós, muitas vezes, existe o mal. Existe o mal feito por opção, por escolha; isto não vem de Deus. Então, quem não quer fazer somente o bem, acha Deus um empecilho. Claro! Mas não é o caso. Nós cremos em Jesus Cristo, cremos em Deus. Nós cremos que Ele nos garante o bem.
Isto é o grande convite que nós somos chamados a apresentar para os outros. De tal maneira, que as pessoas conhecendo a Deus, possa escolher a favor de Deus, possa aceitar de ser seus filhos. Agora, se não quiserem me ouvir? O Evangelho diz: simplesmente faça a sua parte. Não querem te ouvir? – é uma expressão – pega suas sandálias, sacode a poeira e vau embora. Pelo menos, tentamos. Agora, tem um detalhe: este Evangelho vai ainda aparecer daqui a alguns dias. Os discípulos vão acreditar na Palavra de Jesus, vão e vão voltar felizes da vida, porque se surpreenderam: conseguiram realizar a missão que nem imaginavam. Por que? Porque quando eu me coloco a disposição de Deus, Deus realiza o restante.
Então, meus irmãos e irmãs, isto é uma palavra de ânimo para nós. Muitas vezes as pessoas dizem: não consigo falar nem em casa! Não tem problema. Vai tentando, vai falando, coloque-se a disposição de Deus. Se na sua casa todos já conhecem, tem o vizinho.  Eu não vou ser aquele inconveniente que vai parar uma festa e dizer: “agora, todos vão ouvir a Palavra”. Não. Não é assim. Nós vamos tratar disso, conversando eu e a pessoa num momento que me pedem uma mensagem,  na hora de fazer o bem, enfim, no dia a dia de nossa existência. Que ninguém desanime, que ninguém ache impossível, mas peça a força da Eucaristia para poder viver e para poder pregar a Palavra.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho

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Homilia de D. Henrique Soares

Hoje, a santa Palavra que Deus nos dirige nos fala de duas realidades: nossa missão de profetas e a mensagem de devemos comunicar.
Primeiro, a vocação de profeta. Escutamos na primeira leitura como Amós não poderia se calar. Ele mesmo reconhece: “Não sou profeta nem sou filho de profeta; sou pastor de gado e cultivo sicômoros. O Senhor chamou-me, quando eu tangia o rebanho, e o Senhor me disse: ‘Vai profetizar para Israel, meu povo!’” Amós não era profeta profissional nem era de uma família tradicional de profetas. E, no entanto, o Senhor o tirou de trás do rebanho, tirou-o da sua vida, e o mandou falar em seu nome ao povo de Israel. No evangelho, vimos Jesus chamando os Doze e os mandando em missão: sem levar nada, confiando somente em Deus, correndo o risco de serem incompreendidos e rejeitados, eles deveriam ir, anunciando o Reino de Deus, que exige mudança de vida, conversão de pensamento, atitudes e modo de agir…
Meus caros, ainda hoje é assim; entre nós é assim! Deus continua falando, Deus continua escolhendo profetas, Deus continua dirigindo seu chamado ao mundo e a cada pessoa. Se escutarmos com atitude de fé a Palavra santa, se na oração nos abrirmos aos seus apelos, se estivermos atentos ao que ele nos fala no nosso coração, descobriremos que o Senhor também nos envia! Isso mesmo: todo cristão, pelo Batismo e a Crisma, participa da missão do Cristo Jesus, a missão de anunciar o Reino de Deus, revelando a face do Pai, que Jesus nos veio mostrar! É verdade que, na Igreja, há aqueles chamados para o ministério ordenado: Bispos, padres e diáconos que, em nome de Cristo, apascentam o rebanho e anunciam o Evangelho. Eles são os primeiros responsáveis pelo anúncio da Palavra de Deus. Mas, todo o povo de Deus, todos os batizados e crismados, cada um de nós, tem a missão de falar em nome do Senhor e, em nome de Cristo, levar a luz nas trevas, a paz nas tensões e angústias, a esperança no desespero, a vida nova nas situações de morte. Somos todos um povo de profetas, caríssimos e, se nos calarmos, se nos omitirmos, seremos culpados de escondermos e sufocarmos a Palavra do Senhor de que o mundo tanto necessita!
Aqui cabe um urgente exame de consciência. Quantas oportunidades temos de falar de Cristo, de anunciar a vontade e o plano de Deus, de dar testemunho do seu amor e da sua presença – e nos calamos, nos omitimos, como se Cristo não fosse uma questão nossa! Quantas vezes somos cristãos cansados, cristãos omissos, cristãos comodistas! Os pais aqui presentes têm anunciado Jesus a seus filhos, têm sido seus primeiros evangelizadores e catequistas? Têm rezado com eles? Têm procurado lavá-los à Igreja? Marido e mulher, têm sido um para o outro um sinal de Deus, uma palavra e uma presença de Cristo? Têm procurado construir o lar como um sinal do Reino dos Céus? E os jovens cristãos, têm sido sinal de Nosso Senhor no mundo em que vivem? Têm feito e vivido as várias experiências da vida como discípulos de Cristo? Eis, meus caros irmãos! Não esqueçamos que nós somos os profetas, nós somos os enviados do Senhor! É esta a primeira lição que hoje a Palavra de Deus nos dá. No trabalho, no amor, no descanso, no estudo, nas relações sociais somos as testemunhas do Senhor nosso! Um dia, certamente seremos cobrados por isso; o Senhor nos pedirá contas!
Um segundo aspecto para nossa meditação é o que diz São Paulo na segunda leitura. Aí ele apresenta de modo maravilhoso aquilo que devemos comunicar ao mundo com a palavra e com a vida, isto é, o conteúdo da nossa fé cristã, o grande sonho de Deus para o mundo e para a humanidade. O que nos diz o Apóstolo? Diz-nos que antes da criação do mundo, o Pai sonhou conosco! As montanhas ainda não existiam, as estrelas ainda não brilhavam e o Pai, em Cristo, já sonhava em criar tudo, em nos criar – a mim e a você – e nos mandar o seu Filho amado. Por ele, o Pai criou tudo, por ele, na força do Santo Espírito, o Pai, desde o princípio, cumulou de bênçãos a sua criação. Seu maior sonho era nos mandar Jesus, o Filho feito um de nós, para que ele nos levasse à plenitude da amizade com o Pai na potência do Espírito. E quando nós pecamos, quando a humanidade, desde o princípio, fechou-se para Deus e para o seu sonho, o Pai nem assim desistiu do seu amor: na plenitude dos tempos ele enviou o seu Cristo para que, morrendo na cruz, ele nos libertasse do nosso pecado de teimosia e fechamento e, enchendo-nos do seu Espírito Santo, nos desse já o gostinho, as primícias da vida eterna. Essa vida, nós já a experimentamos aqui, em Jesus, ouvindo sua Palavra, convivendo com os irmãos como membros da Santa Igreja e, sobretudo, participando dos santos sacramentos, de modo especial da Eucaristia, que é Pão do céu, alimento que nos traz já o sabor da vida de Deus.
Eis, caríssimos! Somos enviados por Jesus ao mundo para testemunhar o plano, o sonho de amor para toda a humanidade, que o Pai desde toda eternidade acalentou e realizou em Cristo Jesus, tornando-o presente para nós pelo ministério da Igreja! Estejamos certos de uma coisa: somos parte desse sonho, somos cooperadores desse sonho! Que nossa vida, nossas palavras, nosso compromisso, testemunhem tornem presente esse sonho lindo de Deus!
Olhemos a cruz, conseqüência do nosso pecado, e tomemos consciência do quanto somos caros a Deus, do quanto somos preciosos, do quanto somos amados e do quanto somos chamados a amá-lo e participar da obra de salvação do mundo!
É esta a mensagem deste Domingo, é este o apelo do Senhor! Não sejamos surdos, mas como Amós, como os Doze primeiros, sejamos sementes do Reino de Deus. Amém.
 Dom Henrique Soares da Costa


à PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):

   
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus,  NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, convertei o nosso coração para Vós.
à Senhor, nosso Deus e Pai! Vos louvamos e agrademos pelo vosso amor. Muito nos amais nos enviando o vosso Filho único; Bendito sejais para sempre!
T: Senhor, convertei o nosso coração para Vós.
à Senhor, nosso Deus e Pai! Pelo batismo nos tornastes vossos profetas para anunciar o vosso amor a todos os vossos filhos e filhas. Vós sois a nossa força; vinde sempre em nosso auxílio!
T: Senhor, convertei o nosso coração para Vós.
à Senhor, nosso Deus e Pai! Muitas vezes pensamos em nossos projetos e não no vosso projeto. Transformai o nosso coração para que tenhamos mais amor ao vosso Reino.
T: Senhor, convertei o nosso coração para Vós.
à Senhor, nosso Deus e Pai! Enviai-nos o Espírito Santo para nos iluminar e nos encorajar na ação de cada dia.
T: Senhor, convertei o nosso coração para Vós.
!... Elevemos ao Pai a oração que Jesus nos ensinou:

- Pai nosso... A paz de Cristo...   Cordeiro de Deus

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