quinta-feira, 7 de abril de 2016

3º DOMINGO DA PÁSCOA 2016, subsídios homiléticos, homilias

3º DOMINGO DA PÁSCOA 2016 C

Sinopse:

Evangelho: Os discípulos que reconhecem o ressuscitado continuam a obra redentora.
Primeira leitura: os apóstolos dão testemunho de Jesus ressuscitado.
Segunda leitura: Jesus, o “cordeiro”, venceu a morte e trouxe a libertação definitiva; a criação inteira manifesta diante do “cordeiro” a sua alegria e o seu louvor.

SALMO RESPONSORIAL / SI 29(30)
Eu vos exalto, ó Senhor, porque vós me livrastes.
• Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes / e não deixastes rir de mim meus inimigos! /
 Vós tirastes minha alma dos abismos / e me salvastes, quando estava já morrendo!
• Cantai salmos ao Senhor, povo fiel, / dai-lhe graças e invocai seu santo nome! /
 Pois sua ira dura apenas um momento, / mas sua bondade permanece a vida inteira; /
 se à tarde vem o pranto visitar-nos, / de manhã vem saudar-nos a alegria.
• Escutai-me, Senhor Deus, tende piedade! / Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! /
Transformastes o meu pranto em uma festa,

EVANGELHO (Jo 21, 1-19) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele tempo, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não.” Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca e achareis”. Lançaram, pois, a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. Logo que pisaram na terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”. Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.” Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez perguntou Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo.” Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.

AMBIENTE O autor reflete sobre o lugar de Jesus na atividade missionária da Igreja.

MENSAGEM - Os discípulos são sete. Representam a totalidade (“sete”) da Igreja, empenhada na missão à todas as nações de libertar todos do mar do sofrimento e da escravidão. Pedro toma a iniciativa; os outros o seguem. A pesca é feita durante a noite. A noite é o tempo da escuridão: significa a ausência de Jesus (“Eu sou a luz do mundo”). O resultado da ação (sem Jesus) é um fracasso (“sem Mim, nada podeis fazer”). A chegada da manhã (da luz) coincide com a presença de Jesus (Ele é a luz). Jesus não está no barco, mas sim em terra: Ele não acompanha os discípulos na pesca; a sua ação no mundo exerce-se por meio dos discípulos. Concentrados no seu esforço inútil, os discípulos nem reconhecem Jesus quando Ele se apresenta. O grupo está desorientado pelo fracasso, posto em evidência pela pergunta de Jesus (“tendes alguma coisa de comer?”). Mas Jesus dá lhes indicações e as redes enchem-se de peixes. Acentua-se que o êxito da missão com a Palavra do Ressuscitado. O surpreendente resultado da pesca faz com que um discípulo o reconheça. Este discípulo amado é aquele que está sempre próximo de Jesus e que faz a experiência do amor de Jesus: só quem faz a experiência do amor é capaz perceber a sua presença na comunidade em missão. Os pães com que Jesus acolhe os discípulos são um sinal do amor, do serviço, da solicitude de Jesus pela sua comunidade em missão: deve haver aqui uma alusão à Eucaristia, ao pão que Jesus oferece, à vida com que Ele continua a alimentar a comunidade em missão. O número dos peixes (153) é a soma dos números um a dezessete. O número dezessete não é um número bíblico… Mas o dez e o sete são: ambos simbolizam a plenitude e a universalidade. Outra explicação é dada por S. Jerônimo… Segundo ele, os antigos distinguiam 153 espécies de peixes: assim, o número faria alusão à totalidade da humanidade, reunida na mesma Igreja.
Na segunda parte, Pedro confessa por três vezes o seu amor a Jesus (durante a paixão, o discípulo negou Jesus por três vezes. A tríplice confissão de amor pedida a Pedro corresponde a um convite a que ele mude definitivamente a mentalidade. Pedro é convidado a perceber que, na comunidade de Jesus, o valor fundamental é o amor; não existe verdadeira adesão a Jesus, se não se estiver disposto a seguir esse caminho de amor e de entrega que Jesus percorreu. Só assim Pedro poderá “seguir” Jesus. Ao mesmo tempo, Jesus confia a Pedro a missão de presidir à comunidade; mas convida-o também a perceber a verdadeira fonte da autoridade: só quem ama muito e aceita a lógica do serviço e da doação da vida poderá presidir à comunidade de Jesus.

ATUALIZAÇÃO Se Cristo não estiver presente, os nossos esforços não terão êxito. O êxito da missão não depende só do esforço humano, mas da presença viva do Senhor Jesus.
♦ O amor do Senhor nos orienta. Quando o cansaço, o sofrimento, o desânimo tomarem posse de nós, Ele lá estará, dando-nos o alimento que nos fortalece. É necessário ter consciência da sua constante presença, ao nosso lado na Eucaristia.
O diálogo de Jesus com Pedro chama a atenção: “seguir” o “mestre” é amá-lo muito e ser capaz de, como Ele, percorrer o caminho do amor total e da doação da vida.

PRIMEIRA LEITURA (At 5, 27b-32.40b-41) Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, os guardas levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, dizendo: “Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!” Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o numa cruz. Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia Supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados. E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”. Então mandaram açoitar os apóstolos, proibiram que eles falassem em nome de Jesus e depois os soltaram. Os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus.

AMBIENTE Os apóstolos voltaram ao Templo para dar testemunho de Cristo ressuscitado. De novo foram presos e formalmente proibidos de dar testemunho de Jesus.

MENSAGEM - A frase de Pedro “deve obedecer-se antes a Deus do que aos homens”; define a atitude que os cristãos devem assumir diante da oposição do mundo. Se Jesus encontrou oponentes e morreu na cruz, é natural que os cristãos, fiéis a Jesus e ao seu projeto, se defrontem com as oposições daqueles que não seguem Jesus Cristo.

ATUALIZAÇÃO A proposta de Jesus não se pactua com esquemas egoístas, injustos, opressores. Isto explica porque o testemunho sobre Jesus não é um caminho fácil de glória, de aplausos, de honras, de popularidade, mas um caminho de cruz. Não encontram eco entre os que dominam o mundo; se não importunamos aqueles que oprimem e que escravizam os irmãos: isso está dizendo que o nosso testemunho não é coerente com a proposta de Jesus.


SEGUNDA LEITURA (Ap 5, 11-14) Leitura do livro do Apocalipse de São João.
Eu, João, vi e ouvi a voz de numerosos anjos, que estavam em volta do trono, e dos Seres vivos e dos Anciãos. Eram milhares de milhares, milhões de milhões, e proclamavam em alta voz: “O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória e o louvor”. Ouvi também todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles existe, e diziam: “Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre”. Os quatros Seres vivos respondiam: “Amém”, e os Anciãos se prostraram em adoração àquele que vive para sempre.

AMBIENTE O autor apresenta a esperança, demonstrando que não há nada a temer, pois a vitória final será de Deus e dos que se mantiverem fiéis aos projetos de Deus. O “profeta” João nos apresenta: Deus, transcendente e onipotente, sentado no seu trono, rodeado por toda a criação; finalmente, é-nos apresentado “o cordeiro” (Jesus), aquele que detém a totalidade do poder e do conhecimento.

MENSAGEM  O “cordeiro” (Cristo) assumiu sua realeza e sentou-se no próprio trono de Deus. Aí, Cristo desencadeia uma torrente de louvores: dos viventes, dos anciãos e dos anjos. E todas as criaturas juntam a sua voz ao louvor. O Templo onde ressoam estas incessantes aclamações tem as dimensões do mundo. A criação inteira celebra o Cristo imolado, ressuscitado, vencedor e faz dele o centro do “cosmos”.

ATUALIZAÇÃO A mensagem resume-se: “não tenhais medo, pois a vossa libertação está chegando”. Diante deste “cordeiro” vencedor, os cristãos vêem renovada a sua confiança nesse Deus salvador e libertador.
Cristo venceu a morte, ressuscitou, e continua a dar sentido aos nossos sofrimentos. Ele é o centro à volta do qual tudo se constrói.

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A Barca

A Liturgia nos convida a refletir hoje sobre a IGREJA: a Comunidade que tem a missão de testemunhar e concretizar o projeto libertador que Jesus iniciou. Ele acompanhará sempre a sua Igreja em missão, vivificando-a com a sua presença e orientando-a com a sua Palavra.

A 1ª leitura apresenta o Testemunho de Pedro  em Cristo ressuscitado, diante do Sinédrio (At 5,27b-32.40b-41)

Proibido de dar testemunho de Jesus ressuscitado, Pedro responde apresentando um resumo do "Kerigma" cristão primitivo e afirmando: "É preciso obedecer antes a Deus, do que aos homens." E os discípulos saem do tribunal do Sinédrio, onde foram flagelados, felizes por terem sofrido pelo nome de Jesus.

A 2ª Leitura ressalta a soberania universal de Cristo ressuscitado, que venceu a morte e que trouxe aos homens a libertação definitiva. A Criação inteira louva o "Cordeiro", que esteve morto e agora vive. (Ap 5,11-14)

O Evangelho narra a 3ª aparição de Cristo ressuscitado aos apóstolos.
A presença de Jesus ressuscitado nas margens do mar de Tiberíades revigora a missão dos discípulos de serem pescadores de homens. (Jo 21,1-19)

A narração é mais uma Catequese, do que uma crônica.
Há 3 Cenas: uma Pesca, uma Refeição e um Diálogo:

1. Uma PESCA:
- Os apóstolos desanimados... cansados... desistem... à "voltam a pescar"...
  Jesus lhes dá uma tremenda lição:   Pescam a "noite" inteira... sozinhos... sem apanhar nada...
- Ao amanhecer, com a chegada da "Luz", acolhendo a Palavra do Senhor,  conseguem um resultado surpreendente...
- Diante disso, reconhecem o Cristo ressuscitado:   e expressam a fé: "é o Senhor",
  Antes o discípulo, que Jesus amava... Depois, Pedro... e os demais...
- Jesus queria lembrá-los que os tinha convidado para outra Pesca...   Eles deviam ser "pescadores de homens"...

* A Pesca milagrosa simboliza a Missão da Igreja
- A Noite quer indicar a ausência de Jesus (a Luz).
- A Palavra de Jesus ressuscitado muda a situação.
- A Ressurreição ilumina a existência da Comunidade e a Missão recebida.
- O êxito da Missão não depende do esforço humano,   mas da presença viva do Senhor Ressuscitado nessa comunidade.
- A Igreja, fundada sobre a palavra de Deus e guiada por Pedro, não se divide: a rede não se rompe.

2. Uma REFEIÇÃO: Jesus aguarda os discípulos na margem, e os convida a uma refeição: "Vinde comer".
Seus gestos são parecidos com os da multiplicação dos pães e dos peixes...
São também os gestos da instituição da eucaristia, na última ceia...
* Esse quadro tem um profundo sentido eucarístico.
   Ainda hoje, todo domingo, Cristo nos convida: "Vinde comer".
Na Eucaristia, encontraremos a força, o alimento para realizar a nossa Missão.

3. Um DIÁLOGO entre Jesus e Pedro: em que este recebe a missão de presidir e animar a Comunidade:
- "Simão, tu ME AMAS?" (3 x)  à "Tu sabes que te amo..."
Uma tríplice prova de amor, já que por 3 vezes o negara.
Só então transmite a ele o primado sobre a Igreja nascente.
- O essencial não é o exercício da autoridade, mas o amor, que se faz serviço, ao jeito de Jesus.

* Ainda hoje Cristo nos interpela, como a Pedro: "Tu me amas?"
   ... mais do que os familiares, os trabalhos, os amigos, o esporte, as novelas?
   Temos a coragem de responder com sinceridade, como Pedro:  "Senhor, tu sabes que te amo?"

* Todos nós somos convidados a Pescar..
- Muitas vezes, "pescamos" apoiados apenas em nossas forças...  confiantes, como Pedro, em nossa experiência de "velho Pescador..."

- Diante do fracasso inevitável, desanimamos...
  Vendo as "redes vazias", somos tentados largar tudo e voltar à vidinha antiga... (na família, na sociedade, na comunidade...)

- Esquecemos que Jesus, embora esteja na "margem" (na glória do Pai),  está sempre conosco todos os dias, até o fim do mundo  e deve ser o CENTRO da Missão...
  Ele continua nos indicando onde e quando lançar as redes.
- Esse caminho, percorrido pelos apóstolos, é semelhante ao caminho que também nós devemos percorrer...
  Só a presença de Jesus torna a Missão fecunda...

à Em nossas atividades, em quem depositamos a nossa confiança?
à Estamos convencidos que sem Ele NADA podemos fazer?
                               - Buscamos na eucaristia alimento para nossa caminhada?

Com Jesus, teremos a certeza de que a pesca será abundante...
                                        
Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, creio, que as leituras não podiam ser melhores do que estas, para revigorarmos nossa fé no ressuscitado. A segunda leitura nos apresenta Jesus como o Cordeiro imolado, mas que está em pé. Portanto, que ressuscitou. Agora, Ele convida cada um de nós a fazer a experiência do ressuscitado. O Evangelho tem todo um desenvolvimento hoje, que eu gostaria que pudéssemos percorrer juntos este Evangelho.
Primeira coisa, quem acompanha Pedro? Estavam juntos Simão Pedro: Tomé, chamado Dídimo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. Eles estão reunidos em SETE PESSOAS. Simbolizando, assim, o  necessário, para iniciar toda a missão confiados a eles por Jesus, mas eles estão, ainda, bastante desanimados. Afinal de contas, deixaram tudo para seguir Jesus, aquele que oferecia Vida: “Aquele que crê em mim, mesmo que estiver morto, viverá”. Agora, Ele morreu. Se Ele que prometia isto morreu, como Ele pode garantir a nós vida eterna? Pedro disse: quer saber, eu vou voltar para minha vida normal: eu vou é pescar. Eu tinha deixado as redes para seguir este fulano e agora estamos aqui sem crédito. Todos disseram: nós também. Significa: não valeu a pena apostar em Jesus. O negócio é apostar na rotina e naquilo que estamos acostumados. Não vale a pena arriscar. Vale a pena continuar naquilo que já temos por hábito, o normal, o rotineiro. Eles vão pescar e não conseguem pescar nada. Quando Jesus disse: moços, portanto, está falando para a juventude, vocês têm alguma coisa para comer? Ora, o que Jesus oferece para a humanidade? O seu corpo e o seu sangue, a Eucaristia. Agora Ele confia a estes sete moços e eles dizem: nada temos. Porque, ninguém pode dar o alimento que Jesus oferece, a não ser, aquele que se dispõe a oferecer este alimento. Claro, que estamos falando da Eucaristia, mas também estamos falando do alimento da Palavra de Deus, estamos falando do alimento que anima as pessoas diante das frustações. Qual é o alimento que a juventude pode oferecer? Jesus diz: você lança a rede pro lado direito e vocês terão o que oferecer. Ora, quem ouve e obedece a Palavra de Deus, nunca será decepcionado. Nunca. Quer um exemplo? Olha os discípulos: morriam de medo de serem presos, negaram Jesus, fugiram, tem um jovem, que quando Jesus foi preso, escapa nú, porque estava enrolado só num lençol. Preferiu fugir sem roupa, do que ser preso por causa de Jesus. Aí, vamos nos lembrar de Adão e Eva. Adão e Eva se esconderam de Deus, porque estavam nús. Que nudez é esta? Certamente não é a roupa, mas a roupa simboliza, para nós, uma certa segurança. Se você quiser deixar alguém vulnerável, tire a roupa desse alguém. É a primeira coisa que se fazia na tortura, porque a pessoa fica totalmente vulnerável. Não se trata de vergonha, mas ela se sente desprotegida. O pecado nos deixa desprotegidos. Veja, que Pedro vendo que é o Senhor, ele pula no mar, porque estava nú. Pedro estava desprotegido. Voltando ao tema, estes, que se sentiam desprotegidos, com medo, primeira leitura, agora saem pelas praças anunciando e vão presos por isso. Eles lhes dizem: é proibido pregar sobre este homem Jesus. Aí, eles dizem: “Antes obedecer a Deus, que obedecer aos homens”. Creio que falta esta coragem. Nós somos mais capazes de ouvir e obedecer qualquer pessoa do que Deus. Porque Deus quando fala, nós sentimos na base, que a Palavra dele tem conteúdo e nós, muitas vezes, nos sentimos sem conteúdo. O próprio Pedro vai dizer: Afasta de mim, porque sou um pecador. Quem é que se sente chamado por Deus claramente? Normalmente dizemos: Eu? Eu pecador do jeito que eu sou? Quem sou eu para anunciar. É a mesma coisa. Jesus diz: vamos recomeçar tudo de novo, do início. Agora, vocês me deem uns peixes. Assem os peixes. Partem, distribuem a todos. Novamente Ele volta com o gesto da Eucaristia, dizendo: é isto que vocês devem oferecer, é este alimento, que espero que vocês ofereçam. Pedro e os outros saíram felizes da perseguição, foram açoitados, mas ficaram felizes, porque puderam servir a Deus. Nós ficamos felizes, quando servimos a Deus? Que alimento podemos oferecer? Terminado a refeição, Jesus faz a pergunta direto a Pedro, Pedro pensa que Jesus está caçoando dele, porque ele negou Jesus três vezes e agora Jesus pergunta três vezes: Pedro, tu me amas? Na realidade não se trata disto, porque Pedro tinha dificuldade de entender Jesus, sempre. Quando Jesus perguntava: Pedro, tu me amas como seu Deus, Pedro respondia: tu sabes que és o meu amigão. Jesus não quer ser amigão nosso. Nada contra as amizades, mas Jesus quer que vejamos nele a nossa salvação. Nem sempre, um amigo pode nos salvar. Aliás, o que mais acontece na hora de dificuldade é os amigos irem embora. Jesus fez esta experiência e, certamente, muitos de nós já fizemos também. Confiar tanto num amigo e na hora ele ir embora. Jesus não quer que vemos nele simplesmente um amigo. Quer que vejamos nele Deus. Na última vez que ele pergunta: Pedro, tu me amas? Aí, Jesus inverte a pergunta: Pedro, você acha que sou só seu amigão? Então, Pedro se dá conta de que Jesus é muito mais do que isto. Este Evangelho nos provoca a cada um de nós. Por que? Porque terminado o diálogo do amor, vem este pedido de Jesus: se tu me amas, segue-me. Como é que eu posso seguir Jesus? Ora, oferecendo ao mundo o alimento que o mundo precisa. Qual é o alimento que o mundo precisa? Sua Palavra, um alimento que nenhum padeiro pode fazer; a Eucaristia, o amor, a justiça, a misericórdia... é um alimento que o mundo está pedindo a todos nós. Não tenhamos medo de pescar do lado que Jesus pedir. O matrimônio é muito importante, é uma missão. O ser sacerdote consagrado ao ministério da Eucaristia é muito importante. Não tenham medo, lancem a rede para o lado que Jesus pedir se realmente amam este Jesus e deem ao mundo o alimento que lhe pedem. É fácil seguir o caminho que todos fazem. Muitas vezes, Jesus nos pede que lancemos as redes do outro lado e então podemos ser padres, freiras, nos consagrar aos ministérios de sua Igreja e mostrar o nosso amor a Jesus. Não tenha medo.
Que Deus nos ajude a fazer destas palavras, palavra vivas de nossa fé, na nossa vida.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André - SP


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Homilia de D. Henrique Soares da Costa

A liturgia, neste santo tempo pascal, concentra nossa atenção naquele que por nós morreu e ressuscitou; na glória que ele agora possui, como Senhor do céu e da terra: “O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria
e a força, a honra, a glória e o louvor. Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre!” Estejamos atentos, porém: afirmar a glória de Cristo, não é algo de folclórico ou triunfalístico, mas é uma proclamação convicta e clara do seu senhorio sobre nós, sobre nossa pobre vida, sobre a vida da Igreja, sobre o mundo e sobre toda a história. A Igreja e cada cristão vivem desta certeza: Jesus ressuscitou dos mortos, é o Vivente, é o Senhor; nós existimos nele e para ele; ele é o referencial último absoluto de nossa existência!

É este Jesus vitorioso, que vem ao encontro dos seus às margens do Mar da Galiléia; é este Senhor nosso que os apóstolos experimentam no evangelho de hoje. Cada detalhe deste texto de João é cheio de significado. Vejamos: os apóstolos pescam e nada conseguem apanhar... A pescaria é imagem da ação missionária da Igreja. Sem Jesus, estamos sozinhos, sem Jesus a pescaria é estéril, as tentativas são vãs... Sem Jesus, pescamos na noite escura.. Mas, pela manhã, Jesus vem ao encontro dos seus. Notemos que os discípulos não conseguem reconhecer o Senhor ressuscitado. Somente quando Cristo se dá a conhecer é que os seus conseguem compreender e experimentar sua presença viva e atuante. E Jesus dá-se a conhecer sempre na Palavra e no Pão partido, na refeição em comum, isto é, na Celebração Eucarística. É aqui, é agora, nesta Eucaristia sagrada, que o Senhor nos fala e parte o Pão conosco. Toda Celebração eucarística é celebração pascal, é encontro com o ressuscitado! Como seria bom que, a cada Domingo, revivêssemos esta experiência, esta certeza da presença do Senhor vivo entre nós!
Os discípulos ainda não haviam reconhecido Jesus. Este lhes ordenou: “Lançai a rede!” Eles lançaram-na e já “não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes”. Notem: o Discípulo Amado, diante do sinal, reconhece o Ressuscitado: “É o Senhor!” Mas, é Simão Pedro – sempre ele, o chefe do grupo, o chefe da Comunidade dos discípulos, o que comanda a pescaria – faz-se ao mar, para encontrar Jesus. Jesus ordena que arrastem a rede para a terra. Notemos: o barco é um só, como uma só é a Igreja de Cristo; também a rede é uma só, como única é a obra da evangelização; e quem comanda a pescaria é Pedro, sob a ordem de Jesus! E a rede não se rompe, apesar de cheia de 150 peixes grandes. O número é exagerado, significando a plenitude da obra evangelizadora. E, então, Jesus repete, diante dos discípulos, os gestos da Eucaristia: “tomou o pão e distribuiu entre eles”.
Depois, três vezes, o Ressuscitado pergunta a Pedro – e pergunta aos sucessores de Pedro, os Bispos de Roma, pergunta a João Paulo II, a Franciso: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro responde que sim, e abandona-se no Senhor: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo!” Senhor, antes coloquei minha confiança em minhas próprias forças, em meu próprio amor e terminei te traindo... Tu disseste que oravas por mim para que minha fé não desfalecesse, mas fui presunçoso, e contei mais com minhas forças que com tua oração... Mas, agora, te digo: “Tu sabes tudo; tu sabes que te amo”, apesar de minha fraqueza! É naquilo que tu sabes, que tu podes, que tu em mim realizas que te digo: te amo! - E três vezes, Jesus o incumbe, diante dos outros, de uma missão toda particular: “Apascenta as minhas ovelhas!” Que ninguém duvide – a menos que deseje fazer pouco da vontade do Senhor nosso – que Pedro é o primeiro pastor do rebanho de Cristo. O rebanho é de Cristo, o Bom Pastor, e Cristo o confiou a Pedro! Quem não está em comunhão com o Sucessor de Pedro, certamente, age de modo contrário ao que Cristo desejou para a sua Igreja e para seus discípulos. Pouco adianta uma Bíblia debaixo do braço, se contrariando a Palavra de Deus, se nega a presença real do Cristo na Eucaristia (cf. Jo 6,53-57), o papel materno de Maria Virgem junto a cada discípulo amado do Senhor (cf. Jo 19,25-27), a indissolubilidade do matrimônio (cf. Mc 10,1-12) , a sucessão apostólica e o papel de Pedro e seus sucessores na Igreja de Cristo (cf. Mt 16,13-20)! Estejamos atentos: não é a Pedro super-homem que o Senhor confia a sua Igreja; mas a Pedro frágil, a Pedro que o negou, a Pedro humilhado... a Pedro que pode servir até de pedra de tropeço (cf. Mt 16,23). Pedro é a pedra da Igreja, mas a Rocha inabalável é somente Cristo! E Cristo o convida a segui-lo até o martírio, até levantar as mãos na cruz...
Assim foi com Pedro, assim com os discípulos, assim, agora, conosco... Não tenhamos medo! É possível que muitas vezes nos sintamos sozinhos, desamparados, pescando numa pescaria estéril de noite escura... Coragem: o Senhor está conosco: é ele quem nos manda à pesca, é ele quem pode encher nossas redes e dá-lhes consistência para que não se rompam, é ele quem nos revela sua presença e nos enche de coragem! Recordemos dos nossos primórdios, da coragem dos santos apóstolos que se sentiam “contentes por terem sido considerados dignos de injúrias por causa do nome de Jesus”. É que eles sabiam por experiência que o Senhor estava vivo, que o Senhor caminhava com eles. Também nós, hoje, podemos escutá-lo nas Escrituras e reconhecê-lo entre nós no Pão partido da Eucaristia. É este Jesus que nos envia à pesca, é este Jesus que caminhará sempre com sua Igreja, nossa Mãe católica, até o fim dos tempos!
A ele a glória e o louvor, a adoração, a riqueza e a sabedoria, a força e a honra para sempre. Amém.
D. Henrique Soares da Costa
 

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Para a Celebração da Palavra (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Grande é o Senhor e imenso o seu amor.
à Deus de nossos Pais; Abraão, Isaac, Jacó... Vós que ressuscitastes o vosso Filho Jesus, nós vos damos graças pelo testemunho dos Apóstolos em Jesus, nosso Salvador: Pai, que o Espírito Santo fortaleça a nossa consciência para que tenhamos a coragem de vos obedecer mais a vós do que aos homens.
T: Grande é o Senhor e imenso o seu amor.
à Pai, nós vos damos graças com as multidões que estão junto de vós na glória eterna: aqui, nós também damos glória e louvor ao Cordeiro, vosso Filho, que se doou por nós até a morte de cruz; a ele, honra, glória e louvor para sempre
T: Grande é o Senhor e imenso o seu amor.
à Pai, vos louvamos, vos bendizemos e vos pedimos a graça da coragem para que obedeçamos a ordem de lançar as redes, para que acolhamos aos que sofrem, aos injustiçados e aos  que ignoram vosso amor e vossa bondade. Somos a vossa igreja que continua a obra da construção de vosso Reino. 
T: Grande é o Senhor e imenso o seu amor.

à Pai nosso... à A paz, Aleluia...  à Eis o Cordeiro...




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