quinta-feira, 28 de abril de 2016

6º Domingo do Tempo Pascal, VI domingo da páscoa, subsídios homiléticos, homilias

6º Domingo do Tempo Pascal C 2016 (Adaptado pelo diácono Ismael)

SINOPSE:
TEMA: “Faremos nele a nossa morada!”; não estamos sozinhos.
No Evangelho, Jesus reafirma a sua presença e a sua assistência através do “paráclito” – o Espírito Santo.
primeira leitura apresenta a Igreja a confrontar-se com os desafios dos novos tempos. Animados pelo Espírito, aprendem  a  discernir  a proposta central do Evangelho.
Na segunda leitura, apresenta-se a meta final da caminhada da Igreja: a “Jerusalém”, cidade nova da comunhão com Deus, da vida plena, da felicidade total.

EVANGELHO (Jo 14,23-29)
“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada... E a palavra que escutais não é minha, mas do Pai que me enviou. Isso é o que vos disse enquanto estava convosco. Mas o Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. .. vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. ...”

AMBIENTE Com o mandamento do amor Jesus convidou a percorrer esse mesmo “caminho” do serviço e do amor total; é nesse caminho que o homem Novo se realiza para a vida definitiva e encontra o Pai.

MENSAGEM Para seguir esse “caminho” é preciso amar Jesus e guardar a sua Palavra. Quem ama O escuta e identifica-se com Ele e está em comunhão com o Pai. O Pai e Jesus, que são um, estabelecerão a sua morada no discípulo. Para continuar esse “caminho”, o Pai enviará o “paráclito”, como “auxiliador”, “consolador”, “intercessor”. A função do “paráclito” é “ensinar” e “recordar” tudo o que Jesus propôs. cada homem torna-se a morada de Deus. A “paz” (“shalom”). São palavras destinadas a tranquilizar os discípulos. A sua morte não é uma tragédia, mas a manifestação suprema do amor de Deus pela humanidade.

ATUALIZAÇÃO O “caminho” de Jesus é uma vida em favor dos irmãos. Os discípulos são convidados a percorrer esse mesmo “caminho”. Dessa entrega nasce o Homem Novo.
A comunhão com o Pai e com Jesus não resulta de momentos de certas fórmulas; mas percorrendo o caminho do amor aos irmãos. Quem quiser encontrar-se com Jesus e com o Pai, tem de sair do egoísmo e fazer da sua vida um dom à humanidade.
 Deus nos deixa ser os construtores da nossa própria história, mas não nos abandona. De forma discreta, respeitando a nossa liberdade, Ele encontrou formas de continuar conosco, de nos animar, de nos ajudar a responder aos desafios, de nos recordar que só nos realizaremos plenamente na fidelidade ao “caminho” de Jesus.

PRIMEIRA LEITURA (At 15,1-2.22-29)
Alguns ensinavam  aos irmãos de Antioquia: “Vós não podereis salvar-vos, se não fordes circuncidados”. Isto provocou muita confusão. Então os apóstolos e os anciãos Escolheram Judas, chamado Bársabas, e Silas e Através deles enviaram a carta: “Nós Ficamos sabendo que alguns dos nossos causaram perturbações com palavras que transtornaram vosso espírito. Eles não foram enviados por nós. Por isso, estamos enviando Judas e Silas, que pessoalmente vos transmitirão a mesma mensagem. Porque decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além dessas coisas indispensáveis: abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões ilegítimas. Vós fareis bem se evitardes essas coisas. Saudações!”

 AMBIENTE A entrada de gentios na comunidade cristã vai trazer uma questão: deve impor-se a prática da Lei de Moisés? Jesus Cristo é o único Senhor e salvador, ou são precisas outras coisas além d’Ele para chegar a salvação? A comunidade cristã de Antioquia não tem a certeza. Paulo e Barnabé acham que Cristo basta; mas os “judaizantes” – cristãos de origem judaica -  defendem que os ritos prescritos pela “Torah” também são necessários para a salvação. Decide-se, então, enviar uma delegação a Jerusalém, a fim de consultar os Apóstolos acerca da questão. Estamos por volta do ano 49.

 MENSAGEM Paulo, Barnabé e alguns outros (também Tito, de acordo com Gal 2,1) são enviados a Jerusalém para consultar os Apóstolos. Organiza a reunião, conhecida como “concílio apostólico” ou “concílio de Jerusalém”. Nela discutem o que é essencial e o que podia ser dispensado. Pedro reconhece a igualdade entre judeus e pagãos diante da salvação, e que a Lei judaica não deve ser imposta aos pagãos e que é “pela graça do Senhor Jesus” que se chega à salvação (At 15,7-12); mas Tiago (da ala “judaizante), sem se opor à perspectiva de Pedro, procura salvar o possível das tradições judaicas e propõe que sejam mantidas algumas tradições dos judeus (At 15,13-21). Na realidade, percebe-se a decisão final: não se pode impor aos gentios a lei judaica; só Cristo basta. É a decisão mais importante da Igreja nascente: o cristianismo cortou o cordão umbilical com o judaísmo e pode, agora, ser uma proposta universal de salvação, aberta a todos os povos: a práxis judaica não pode ser imposta, pois não é essencial para a salvação… No entanto, pede-se a abstenção de alguns costumes particularmente repugnantes para os judeus. É de destacar, ainda, a referência ao Espírito: a decisão é tomada por homens, mas assistidos pelo Espírito. Manifesta-se, assim, a consciência da presença do Espírito, que conduz e que assiste a Igreja na sua caminhada pela história.

 ATUALIZAÇÃO A questão de cumprir ou não os ritos da Lei de Moisés, faz-nos pensar, por exemplo, em rituais ultrapassados, em práticas de piedade vazias e estéreis, em fórmulas obsoletas, que exprimiram num certo contexto, mas já não exprimem o essencial da proposta cristã. Faz-nos pensar na imposição de esquemas culturais – ocidentais, por exemplo – que muitas vezes não têm nada a ver com a forma de expressão de certas culturas… O essencial do cristianismo não pode ser vivido sem o concretizar em formas determinadas, humanas e, por isso, condicionadas e finitas. Mas é necessário distinguir o essencial do acessório; o essencial deve ser preservado e o acessório deve ser constantemente atualizado.
É necessário ter presente que o essencial é Cristo e a sua proposta de salvação. Essa é a proposta revolucionária que temos para apresentar ao mundo. O resto são questões cuja importância não nos deve distrair do essencial.
Devemos também ter consciência da presença do Espírito na caminhada da Igreja, saber ler os sinais dos tempos nas questões que o mundo nos apresenta…

  7. SALMO RESPONSORIAL / SI 66 (67)
Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, que todas as nações vos glorifiquem!
• Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção, / e sua face resplandeça sobre nós! / Que na terra se conheça o seu caminho / e a sua salvação por entre os povos.
• Exulte de alegria a terra inteira, / pois julgais o universo com justiça; / os povos governais com retidão / e guiais, em toda a terra, as nações.
• Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, / que todas as nações vos glorifiquem! / Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, / e o respeitem os confins de toda a terra!

SEGUNDA LEITURA (Ap 21,10-14.22-23) Leitura do livro do Apocalipse de São João.
Um anjo me levou em espírito a uma montanha grande e alta. Mostrou-me a cidade santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, brilhando com a glória de Deus. Seu brilho era como o de uma pedra preciosíssima, como o brilho de jaspe cristalino. Estava cercada por uma muralha maciça e alta, com doze portas. Sobre as portas estavam doze anjos, e nas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel. Havia três portas do lado do oriente, três portas do lado norte, três portas do lado sul e três portas do lado do ocidente. A muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. Não vi templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro. A cidade não precisa de sol, nem de lua que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é o Cordeiro. 

AMBIENTE Continuamos a ler a parte final do livro do “Apocalipse”. Nela, João apresenta-nos o resultado da intervenção de Deus no mundo: depois da vitória de Deus sobre as forças que oprimem o homem e o privam da vida plena, nascerá a comunidade nova e santa, a criação definitiva de Deus, o novo céu e a nova terra.

 MENSAGEM Já vimos na semana passada que falar de Jerusalém é falar do lugar onde irá irromper a salvação definitiva, o lugar do encontro definitivo entre Deus e o seu Povo. O número “doze” indica a totalidade do Povo de Deus (doze tribos + doze Apóstolos): ela está fundada sobre os doze Apóstolos – testemunhas do “cordeiro” – mas integra a totalidade do Povo de Deus do Antigo e do Novo Testamento, conduzido à vida plena pela ação salvadora e libertadora de Cristo. As portas, viradas para os quatro pontos cardeais, indicam que todos podem entrar para o lugar de felicidade plena. A cidade não tem Templo: nesse lugar de vida plena, o homem não terá necessidade de mediações, pois viverá sempre na presença de Deus e encontrará Deus face a face. Diz-se ainda que toda a cidade estará banhada de luz: a luz indica a presença divina (cf. Is 2,5; 24,23; 60,19): Deus e o “cordeiro” serão a luz que ilumina esta comunidade de vida plena. Após a intervenção definitiva de Deus na história nascerá, então, essa nova “cidade” construída sobre o testemunho dos apóstolos; cidade de portas abertas, ela acolherá todos os homens que aderirem ao “cordeiro”; nela, eles encontrarão Deus e viverão na sua presença, recebendo a vida em plenitude.

 ATUALIZAÇÃO  João garante-nos que as limitações pela nossa finitude, as perseguições, os sofrimentos que resultam dos nossos limites, não são o fim; espera-nos a vida plena, face a face com Deus. Esta certeza tem que alimentar a esperança em nossa caminhada.
A Igreja em marcha não é, ainda, essa comunidade messiânica da vida plena; mas procura ser um anúncio e uma prefiguração dessa comunidade escatológica da salvação, e que acende no mundo a luz de Deus. A humanidade necessita desse testemunho.
Ainda que esta realidade de vida plena, de felicidade total, só aconteça na “nova Jerusalém”, ela tem de começar a ser construída desde já nesta terra; mundo de justiça, de amor e de paz, que seja cada vez mais um reflexo do mundo futuro que nos espera.

Fonte: P. Joaquim Garrido - P. Manuel Barbosa - P. Ornelas Carvalho  

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A Morada de Deus

Estamos no último domingo antes da Ascensão, que encerra a presença humana de Cristo na terra.
O anúncio dessa separação provoca tristeza aos apóstolos.    Cristo lhes garante que não os deixará sós, pelo contrário, CONTINUARÁ PRESENTE, embora de outra forma.

Na 1a leitura, vemos a sua presença através do Espírito Santo, que conduz a Igreja no primeiro grande conflito. (At 15,1-2.22-29)

Com a entrada dos pagãos ao cristianismo, surge uma questão polêmica: Deve-se impor também a eles a lei de Moisés? A Salvação vem pela "circuncisão" e pela observância da Lei judaica ou única e exclusivamente por Cristo?

Diante disso, os apóstolos reagem com discernimento. Reúnem-se em assembléia em Jerusalém e, dóceis à
vontade do Espírito, mandam uma carta apresentando a solução do problema:

"Decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo, além do indispensável..."


* Essa decisão, conhecida como o Concílio de Jerusalém, teve uma importância decisiva para a História do cristianismo.
   É o caminho da Igreja de Cristo ainda hoje   para enfrentar os desafios do mundo:

   - Distinguir o essencial do acessório, preservando o essencial e atualizando constantemente  o acessório.
   - Ter consciência da presença do Espírito Santo na Igreja de Cristo.
   - E como os apóstolos, escutá-lo, na Oração e na Discussão.

A 2ª Leitura faz uma linda descrição da Morada de Deus, a nova Jerusalém, onde viveremos a vida definitiva no seio da Trindade. (Ap 21,10-14.22-24)

O Evangelho apresenta o final do discurso da despedida...
Cristo confirma sua presença na sua Igreja, enviando o Espírito Santo:
"Ele vos ENSINARÁ e RECORDARÁ tudo o que vos tenho dito." (Jo 14,23-29)

+ Estará presente no íntimo dos discípulos  ("Morada"):
   O mesmo Espírito que conduziu Jesus, agora conduz os seus discípulos.
   É uma nova presença de Jesus.
   A presença corporal de Jesus é substituída pela presença espiritual, interior,    prometida a todos aqueles que o amam:  "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e o meu Pai o amará,  e nós viremos e faremos nele a nossa MORADA..."


* MORADA DE DEUS:

   Que alegria saber que a Santíssima Trindade habita em nossa pobreza.
   E que o que ele nos pede, é algo que podemos dar, o nosso amor...

- Entre os pagãos: Deus era um ser longínquo, vingativo...

- Em Israel: O Povo adorava um Deus mais próximo:
   "Emanuel": Deus conosco, a Arca da Aliança, a Tenda...
    "Porei minha casa bem no meio de vós,
     e o meu coração nunca mais vos deixará”. (Lev 26,11)
  No tempo de Jesus: Morada de Deus era o Templo de Jerusalém...

- Para CRISTO, Morada de Deus pode ser o coração de todo cristão:
  "O Pai e Eu faremos nele MORADA..."
  Com a Samaritana: fala dos adoradores em "Espírito e Verdade".

  Os verdadeiros adoradores do Pai não precisam de uma Igreja de luxo...
  Deus poderá ser adorado na igreja do coração de todo cristão.

- Estará presente até os confins da terra:

  Essa presença do Espírito não pode ficar fechada e escondida no coração dos discípulos.
  Pelo contrário, deverá ser revelada até os "confins da terra"  pelo testemunho dos Apóstolos e de quantos amam Jesus de verdade.

  A Missão de Jesus: ser testemunha até Jerusalém...
  A Missão dos Apóstolos: serem testemunhas até os "confins da terra".

* A Morada de Deus na pessoa, que escuta a Palavra de Jesus, cria uma nova relação entre Deus e a pessoa humana.
No culto da nova aliança, mais que em templos materiais e em altares de pedra, Deus habita de forma íntima e profunda na comunidade de fé e em cada um de seus membros.
Mora em quem ama a Cristo mediante a escuta e a prática de sua Palavra.
A pessoa humana é o templo da presença de Deus.

- Cada cristão, que assume o projeto de Deus, é a MORADA onde Deus se encontra e se manifesta ao mundo.


  NOSSA ATITUDE: Respeito a este hóspede:
  - em nossa pessoa   
  - na pessoa dos irmãos...

Mãe Maria, que se tornou Morada do Filho de Deus,  também têm morada em nossos corações.

                          Pe. Antônio

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, estamos em plena caminhada, já para celebrarmos Pentecostes e depois, a Trindade; O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Claro, que não vamos tratar de Pentecostes e da Trindade hoje, mas podemos ver no Evangelho de hoje, Jesus se referindo ao Pai e ao defensor: se quiser falar em grego; Paráclito, o Espírito Santo Paráclito, aquele que nos defende. A partir daí, que somos chamados a Celebrar este final de semana e a semana toda.
O salmo nos oferece a grande oportunidade de uma reflexão: “Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, / que todas as nações vos glorifiquem!”  Este é o desejo de todos os cristãos, pois Jesus veio para nos ajudar a compreender quem é o Pai e uma vez compreendido quem é o Pai, possamos louvá-lo por tudo de bom, que Ele nos oferece. Então, o desejo de todo cristão é que todo ser humano possa conhecer a Deus. Necessariamente, não é preciso que todos aceitem ser cristãos, mas que todos consigam perceber, que a obra da criação, o universo, é um gesto, uma demonstração, do amor de Deus para conosco, porque tudo que está no universo foi entregue ao ser humano. Se pudermos olhar com atenção, vamos ver que tudo, que está no universo, é muito perfeito. Aquilo que não é perfeito, foi, exatamente, modificado pelo ser humano. Na medida em que conhecermos a perfeição do universo, cada um poderá se perguntar: quem fez isto? Aí, então, se dar conta da existência e presença de Deus, porque Deus não para a obra da criação. Cada dia Ele cria e recria. A partir daí, cada um de nós é convidado a exultar de alegria, porque Ele julga o universo com justiça, governa com retidão. Como diz o salmo: “Que na terra se conheça o seu caminho / e a sua salvação por entre os povos”.  Este é o grande desejo. Há muitas formas de se fazer isto: também os mulçumanos reconhecem o mesmo Deus. Também os judeus reconhecem o mesmo Deus. Nós, os cristãos, temos uma maneira muito especial para reconhecer o Deus vivo e verdadeiro: Acolhendo a Palavra de Jesus. “Quem me ama, guarda a minha Palavra”. Ora, então, não é suficiente ouvir a palavra de Jesus. É preciso guardar a Palavra. É possível, que alguém compreenda “guardar a palavra” deixar de falar para os outros, deixa-la bem escondida. Não é esta a idéia. Guardar a Palavra é observar a Palavra de Deus. É fazer que as pessoas possam ter a Palavra de Deus como referência. Aí, então, vem esta palavra do Evangelho, que de fato, é para nós muita alegria: diz assim: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e o meu Pai o amará e nós viremos e faremos nele a nossa morada”.
Eu creio mesmo, que sou a morada de Deus? Algumas expressões mostram, que podemos até crer, mas não estamos habituados a contar com. Quando, por exemplo, alguém diz: “afinal de contas, não sou nenhum santo”.  É uma forma de esquecer que somos morada de Deus. Porque onde Deus faz a sua morada, aí está a santidade. Ou então, alguém diz: “Eu sou cristão, mas ao meu modo”. Então, a morada de Deus, eu aceito, desde que seja do meu modo. Não. Se a morada é de Deus, Ele é que vai ver de que modo eu serei a sua morada. Nem sempre estamos desarmados para que Deu opere em nós as reformas necessárias, para que sejamos uma morada adequada, uma morada para Deus. Talvez aqui um desafio: o que eu tenho que mexer para que esta morada fique um pouca mais adequada, um pouco mais confortável? Aqui ou ali estamos, sempre, reformando alguma coisa para manter a nossa casa em ordem, mesmo a igreja. Está certo. Talvez, onde estão as goteiras e tudo mais. Nós, que somos a morada, também isto é bom.
Alguém vai dizer: “basta praticar os ritos e cumprir a minha obrigação”. Ainda hoje, tem muita gente que diz: “vim cumprir a minha obrigação, vim a missa”. Eu entendo. As pessoas dizem: eu procuro homenagear Jesus, me encontrar com Ele para estar em paz a semana toda. Maravilha, mas na realidade, não se trata de cumprir obrigações, mas de seguir a Palavra de Jesus. A primeira palavra a ser seguida é a liberdade. Eu seguir Jesus, não por obrigação, mas por escolha, por opção, porque, de fato, eu ouvindo a Palavra, eu me convenço, que ela é uma Palavra boa e se eu gosto de tudo que é bom, eu abraço esta Palavra como algo importante para minha vida.
Mas, nem sempre estamos dispostos a nos encontrar com a Palavra de Deus. Às vezes não dá tempo, às vezes não tenho costume, às vezes acabo alegando que não compreendo. Não é falha de Jesus, não. Olha o que Ele diz: “O Espírito Santo, que o Pai vos enviará, lhes explicará tudo”.  Às vezes, o que falta é agente criar o hábito. Uma dica que eu dou: se eu não tenho tempo de ler a Palavra, eu posso procurar aqueles CDs para por no rádio do carro e ouvindo a Palavra no trânsito, enquanto estou dirigindo ou quando estou lavando roupa, ouvindo a Palavra. O tempo agente encontra, basta nos organizarmos um pouco, pois, afinal de contas, é a Palavra de Deus que está sendo anunciada.
Tem um segundo aspecto: nós nos encontramos num templo. Mas, o Evangelho, o Apocalipse, o Ato dos apóstolos, vai nos ajudar a compreender, que este templo é passageiro. O que significa? O livro do Apocalipse diz muito bem: “naquela cidade não havia templo”. Por que? Porque Deus era o Templo e o Cordeiro a Luz. Ora, onde Deus será o Templo e o Cordeiro a luz? No seu povo, quando Ele puder habitar todos nós. Aí, vamos lembrar de uma palavrinha de São João: ao encontrar a samaritana, ela pergunta: Senhor, quando o Messias vier, onde deverá ser louvado; aqui ou em Jerusalém? Jesus diz: nem aqui, nem em Jerusalém, mas em espírito e verdade. O que significa? O dia em que todos formos morada de Deus, aí o Reino chegou. Aí não precisa mais o Templo. Nós seremos o Templo. Até então, precisamos deste templo, que acaba sendo um sinal daquilo que nós esperamos para a vinda do Reino. Que bom. Se temos um sinal, é porque o sinal é importante. Então, por que não ser um sinal do templo de Deus para o irmão? Ah, mais ele teria que ter alguma prática. O Atos dos apóstolos diz: olha, a única coisa que pedimos é que aceite Jesus como salvador. Na realidade é isto. Eles achavam, que para agradar a Deus, precisavam derramar o sangue, de qualquer parte do corpo. Paulo vai dizer: não, Jesus já derramou o sangue todo, para que não precisássemos mais fazer isto. A partir daí, que compreendemos que Deus nos ama por primeiro, que oferece a sua graça. Ele só espera que possamos guardar a sua Palavra, para Ele poder habitar em nós e, de fato, a humanidade ser um novo céu e uma nova terra, A humanidade ser o novo templo de Deus. A humanidade e Deus se tornar uma única realidade, a exemplo do Pai, do Filho e do Espírito Santo, que é uma única realidade.
Que Deus nos ajude a dar testemunho da Palavra do Senhor e que assim, possamos promover a Paz.  – Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.

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Homilia de D. Henrique Soares da Costa
No Domingo passado, dizíamos que a Igreja é fruto da Páscoa do Senhor, que ela nasceu do lado do Cristo morto e ressuscitado, que ela vive e continua a nascer da água do Batismo e do sangue da Eucaristia, que o Senhor, na sua fidelidade, haverá de levá-la à plenitude, que até lá, a Igreja deve ser sinal vivo do Reino de Deus entre as provações da história e deve viver no amor – herança que o Senhor nos deixou…
No Domingo presente, a Palavra de Deus continua a nos falar da Igreja, dessa Comunidade do Ressuscitado, Comunidade que peregrina já há dois mil anos na história humana, como um povo tão pobre, tão débil, humanamente falando, mas também tão rico e tão forte pela presença do Ressuscitado entre nós.
É ainda o Apocalipse que nos apresenta, de modo belíssimo, a glória da Jerusalém celeste, Esposa do Cordeiro, nossa Mãe católica: “Mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, brilhando com a glória de Deus” – Esta Jerusalém gloriosa é a Igreja! Ela não nasce do povo, não nasce de um projeto humano; ela nasce do coração do Pai, que, através do Filho Jesus, doador do Espírito, chamou-nos, reuniu-nos, salvou-nos e fez de nós um novo povo, uma nova cidade, uma nova aliança, início de uma nova humanidade. A Igreja é a verdadeira Jerusalém, a verdadeira Cidade de Deus, que desce do céu e que é santificada pelo sangue do Cordeiro e, um dia, será totalmente transfigurada na glória de Deus. Não na sua própria glória, mas na de Deus, aquela glória que já brilha na face do Cristo ressuscitado!
Ela é a herança e a realização plena do antigo povo de Israel, ela é a plenitude do povo de Israel, é o Israel da nova aliança. Por isso, “nas suas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel”. Mas, a Igreja é mais que Israel: ela é aberta a todos os povos, suas portas são abertas para todos os lados: “havia três portas do lado do oriente, três portas do lado norte, três portas do lado sul e três portas do lado do ocidente”. A nova Jerusalém é católica, é aberta a todos, aberta em todas as direções, pois nela todos os povos, todas as culturas terão abrigo. A Igreja não é simplesmente uma continuação do antigo Israel e a nova aliança não é simplesmente uma continuação da antiga! Não somos judeus! Em Cristo, tudo foi renovado: “Eis que eu faço novas todas as coisas!” (Ap 21,5). Se a Igreja tem nas suas portas os nomes das doze tribos de Israel, tem, por outro lado, como alicerce, o doze apóstolos do Cordeiro: “A muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. Isso aparece muito claramente na primeira leitura da Missa de hoje: os apóstolos, assistidos pelo Espírito Santo, decidiram que os cristãos vindos do paganismo não necessitavam tornarem-se judeus, não precisavam cumprir a Lei de Moisés! Os cristãos não são uma seita judaica! É interessante como os apóstolos, ao tomarem uma decisão tão importante, tinham consciência de que eram assistidos pelo Espírito do Cristo ressuscitado: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…” – foi o que eles disseram… o que a Igreja ainda hoje diz, quando os bispos, sucessores dos apóstolos, decidem algo sobre a fé, em comunhão com o Sucessor de Pedro. A Igreja sabe e experimente que o seu Esposo ressuscitado não a abandona; não a abandonará jamais! Recordemos a promessa de Jesus no Evangelho de hoje: “O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará o que eu vos tenho dito”. Este Espírito Santo santifica continuamente a Igreja, guia-a, sustenta-a, vivifica-a, orienta-a! Ele é a própria vida do Ressuscitado em nós, seja pessoalmente, seja como comunidade de fé. Por isso Jesus olha para nós e pode dizer com toda verdade e segurança e com toda eficácia: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou! Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que eu vos disse: ‘Vou e voltarei a vós!’” – É verdade: o Ressuscitado permanece conosco na potência do seu Espírito! Não precisamos ter medo, não precisamos nos sentir sozinhos, confusos, abandonados: na potência do Espírito, o Cristo estará sempre conosco!
É por isso que o Autor sagrado afirma ainda: “Não vi nenhum templo na cidade, pois o seu Templo é o próprio Senhor, o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro. A cidade não precisa de sol, nem de luz que a iluminem, pois a glória de Deus é a sua luz e a sua lâmpada é o Cordeiro”. Que imagens, irmãos e irmãs! A Igreja, nova Jerusalém está toda imersa em Deus e no seu Cristo. Ela mesma é templo de Deus no Espírito Santo! Ela vive na luz do Cristo, apesar de caminhar nas trevas deste mundo! Para o mundo, que somente pode enxergar a Igreja na sua realidade exterior, ela é apenas mais uma instituição, entre tantas do mundo. Mas, para nós, que cremos, para nós somos Igreja viva, para nós que dela nascemos e nela vivemos, para nós que nos nutrimos de seus sacramentos, ela é muito mais, ela é este admirável mistério de fé! É isto que queremos dizer quando dizemos: “Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica”. Renovemos nossa fé na Igreja e mergulhemos cada vez mais no seu mistério, pois é aí, é aqui, que podemos viver na nossa vida o mistério e a salvação do Cristo, nosso Deus.
Gostaria de terminar com as palavras de Carlo Carreto:
“Como és contestável para mim, Igreja! E, no entanto, como te amo!
Como me fizeste sofrer! E, no entanto, quanto te devo!
Gostaria de te ver destruída. E, no entanto, tenho necessidade de tua presença.
Deste-me tantos escândalos! E, no entanto, me fizeste compreender a santidade.
Nunca vi nada de mais obscurantista, mais comprometido e mais falso no mundo. Mas também nunca toquei em nada tão puro, tão generoso e tão belo!
Quantas vezes tive vontade de bater em tua cara a porta de minha alma! E quantas vezes orei para um dia morrer em teus braços seguros!
Não, não posso me libertar de ti, porque eu sou tu, mesmo não sendo completamente tu!
Além disso, aonde iria eu? Construiria outra?
Mas não poderia construí-la, senão com os mesmos defeitos, porque são os meus defeitos que levo para dentro dela.
E, se a construísse, seria a minha igreja e não a Igreja de Cristo!
E já estou bastante velho para compreender que não sou melhor que os outros.”
 D. Henrique Soares da Costa
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Para a Celebração da Palavra (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):



LOUVOR     -    (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)  JO 14, 23-29  
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: PAI, CAMINHAMOS COM JESUS RUMO AO VOSSO REINO.
à Nosso Pai, nós VOS  damos graças pelo  Espírito Santo, que nos orienta, nos guia e nos sustenta na fidelidade à vossa vontade na construção de vosso Reino. Pai, continue a nos iluminar com a vossa luz.
T: PAI, CAMINHAMOS COM JESUS RUMO AO VOSSO REINO.
à Deus Pai, que através do Espírito Santo, estais presente em todas as nossas reuniões e assembléias. Continue a iluminar os nossos caminhos, para que não nos desviemos dos passos de Jesus, vosso Filho. Queremos com Ele chegar à Jerusalém celeste, a nova terra que criais para nossa felicidade plena e eterna.
T: PAI, CAMINHAMOS COM JESUS RUMO AO VOSSO REINO.
à Pai de Jesus Cristo e nosso Pai, nós agradecemos a vossa presença junto ao vosso povo. Nós vos pedimos, Pai, mantém-nos fiéis a vossa Palavra, dai-nos a tua paz, aquela paz que o mundo necessita. Somos o vosso povo e sois o nosso Deus.
T: PAI, CAMINHAMOS COM JESUS RUMO AO VOSSO REINO.
à Pai nosso...   A Paz...   Eis o Cordeiro de Deus...






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