5º Domingo do Tempo
Pascal C 2016 (Adaptado pelo Diácono Ismael)
SINOPSE:
TEMA: Amor ao próximo; “Nisto
conhecerão que sois meus discípulos!”
No Evangelho, Jesus
despede-Se dos seus discípulos e deixa-lhes o “mandamento novo”.
Na primeira
leitura apresenta-se a vida dessas
comunidades cristãs chamadas a viver no amor.
A segunda leitura apresenta-nos
a meta final para onde caminhamos: o novo céu e a nova terra.
EVANGELHO (João 13, 31-33a.34-35)
Depois que Judas
saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus
foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará
em si mesmo e o glorificará logo. Filhinhos,
por pouco tempo estou ainda convosco. Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos
uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos
outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns
aos outros”.
AMBIENTE Jesus Se despede
dos discípulos e lhes deixa as últimas recomendações. Jesus acabou de lavar os
pés aos discípulos: aproxima-se o fim e recorda aquilo que é
fundamental na proposta cristã.
MENSAGEM Jesus interpreta a saída de Judas; a sua morte na cruz
será a manifestação da sua glória e da glória do Pai. O “esplendor”
manifesta-se no amor ao extremo. A cruz vai manifestar a lógica de Deus: amor
que se faz dom até às últimas consequências. Na segunda parte temos o
“mandamento novo”. Começa com a expressão “meus filhos” – “testamento”
de um pai que, à beira da morte, transmite aos seus filhos aquilo que é
fundamental. “Amai-vos uns aos outros. Como Eu vos amei, vós deveis também
amar-vos uns aos outros”.
O ponto de referência no amor é o
próprio Jesus (“como Eu vos amei”); as duas cenas precedentes (lavagem dos pés
aos discípulos e despedida de Judas) definem a qualidade desse amor que Jesus
pede aos seus: “amar” consiste em acolher, em pôr-se ao serviço dos outros, em
dar-lhes dignidade e liberdade pelo amor (lavagem dos pés), e isso sem
discriminação alguma, respeitando a liberdade do outro (episódio de Judas).
Jesus é a norma; traduz em palavras os seus atos precedentes, para que os
discípulos tenham uma referência.
O amor (igual ao de Jesus) que os
discípulos manifestam entre si será visível para todos os homens. Esse será o
distintivo da comunidade de Jesus. Os discípulos de Jesus são aqueles que, pelo
amor que partilham, vão ser um sinal vivo do Deus que ama. Pelo amor, eles serão
no mundo sinal do Pai.
ATUALIZAÇÃO ♦ A proposta
cristã resume-se no amor. É o amor
que nos distingue, que nos identifica; quem não
aceita o amor, não pode ter qualquer pretensão de integrar a comunidade de
Jesus.
♦ Os
gregos separam o amor; eros, fileo e
ágape. O amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço,
que respeita a dignidade e a liberdade do
outro, que não discrimina nem marginaliza, que se faz dom total (até à morte)
para que o outro tenha mais vida.
PRIMEIRA LEITURA (Atos 14, 21b-27)
Paulo e Barnabé
voltaram para as cidades de Listra, Icônio e Antioquia. Encorajando os
discípulos, eles os exortavam a permanecerem firmes na fé, dizendo-lhes: “É
preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus”. Os
apóstolos designaram presbíteros para cada comunidade. Com orações e jejuns,
eles os confiavam ao Senhor, em quem haviam acreditado... Dali embarcaram para
Antioquia, de onde tinham saído, entregues à graça de Deus, para o trabalho que
haviam realizado. Chegando ali, reuniram a comunidade. Contaram-lhes tudo o que
Deus fizera por meio deles e como havia aberto a porta da fé para os pagãos.
AMBIENTE Paulo e de
Barnabé visitaram as comunidades fundadas entre os anos 46 e 49.
MENSAGEM No texto: o entusiasmo dos
primeiros missionários e os perigos para levar a todos a boa notícia; as
palavras de consolação que fortalecem a fé e ajudam a enfrentar as
perseguições; o apoio mútuo; a oração.
Este texto acentua
a ideia de que a missão não foi uma obra humana, mas de Deus. O envio de Paulo
e Barnabé era uma ação
do Espírito que acompanhou e guiou os missionários a cada passo da sua viagem.
E o autêntico ator da conversão dos pagãos é Deus e não os homens. A novidade é
a Instituição de dirigentes, ou responsáveis (“anciãos” – em grego,
“presbíteros”), que aparecem aqui pela primeira vez fora da Igreja de Jerusalém;
não eram valores absolutos em si mesmo, mas só existiam e só tinham sentido em
função da comunidade.
ATUALIZAÇÃO
♦ Temos consciência de que por detrás do nosso
testemunho está Deus? Temos consciência de que o anúncio do Evangelho não é uma
obra nossa, mas é obra de Deus? Temos consciência de que não nos pregamos
a nós próprios, mas a Cristo libertador?
♦ A missão não é um
privilégio, mas um serviço. A comunidade não existe para servir
quem preside; quem preside é
que existe em função da comunidade e do serviço
comunitário.
- O Anúncio da Palavra até os confins da
terra: - Os Conflitos são superados:- A
Organização das Comunidades: ("Presbíteros"),
SEGUNDA LEITURA (Apocalipse 21, 1-5a)
Eu, João, vi um novo céu e uma nova terra.
Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi a
cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, vestida
qual esposa enfeitada para o seu marido. Então, ouvi uma voz forte que saía do
trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio
deles. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles. Deus enxugará toda
lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais e não haverá mais luto, nem
choro, nem dor, porque passou o que havia antes”. Aquele que está sentado no
trono disse: “Eis que faço novas todas as coisas”.
AMBIENTE “Apocalipse”
apresenta o ponto de chegada da história humana: a “nova terra.
MENSAGEM -
“Jerusalém que desce do céu”, o
lugar onde Deus reside e onde se manifestará a salvação de Deus. Dizer que ela
“desce do céu” significa dizer que vem de Deus e tem origem divina. Esta nova
realidade instaura, uma nova ordem de coisas e exige que tudo o que é
velho seja transformado. O mar, símbolo do caos desaparecerá; a
velha terra vai ser transformada e recriada. A partir daí,
tudo será novo, perfeito.
Deus passará a
residir de forma permanente no meio do seu Povo, como o noivo que se junta à
sua amada e com ela partilha a vida e o amor. Serão banidos a dor, as lágrimas,
o sofrimento e a morte e restarão a alegria, a harmonia e a felicidade sem fim.
ATUALIZAÇÃO
♦ João garante-nos que estamos
destinados à vida plena, ao encontro com Deus, à felicidade sem
fim. Esta esperança dá-nos a coragem de enfrentar os dramas que dia a dia se
nos apresentam.
♦ A Igreja
tem de ser um anúncio dessa comunidade escatológica, uma “noiva” bela e que
caminha com amor ao encontro de Deus, o amado. Isto significa que o egoísmo, as
divisões, os conflitos, as lutas pelo poder, têm de ser banidos da nossa
experiência eclesial: eles são chagas que enfeiam o rosto da Igreja e a impedem
de dar testemunho do mundo novo que nos espera.
♦ É verdade
essa nova realidade pode e deve começar desde já: a ressurreição
de Cristo convoca-nos para a renovação das nossas vidas.
==========---------------================
A Despedida
Na Liturgia desses domingos de Páscoa, podemos perceber a
preocupação de Cristo em formar a sua Igreja, que
Continuará a obra de salvação iniciada por ele:
- As aparições no Cenáculo e na pesca milagrosa...
- A imagem do Rebanho, do qual Cristo é o Bom Pastor...
Hoje nos fala do espírito que deve animar a nova Comunidade:
O AMOR MÚTUO.
A 1a Leitura mostra
o final da 1a viagem missionária de Paulo e Barnabé, na
qual fundaram e organizaram novas comunidades cristãs. (At 14,21b-27)
Nela podemos notar três elementos:
- O Anúncio da Palavra até os confins da
terra:
Anunciar o seu amor
e o seu desejo de salvação para toda a humanidade.
- Os Conflitos são superados:
Os sofrimentos são indispensáveis para entrar
no Reino, mas confirmam a autenticidade da mensagem e possibilitam sentir a presença de Deus na
caminhada da comunidade.
- A Organização das Comunidades:
Paulo cria uma
Instituição de Dirigentes ("Presbíteros"),
que aparecem aqui pela primeira vez fora da Igreja de Jerusalém. É um ministério para administrar, vigiar e
defender a comunidade.
A Comunidade não
existe para servir quem preside; quem preside é que existe em função da
comunidade e do serviço comunitário...
A 2ª Leitura mostra o rosto
final dessa Comunidade de chamados a viver no amor. (Ap 21.1-5a)
O autor sonha com um
novo céu e uma nova terra. Deus veio morar conosco.
Cabe à Comunidade
cristã transformar a Babilônia em que vivemos em nova Jerusalém. A Comunidade
cristã deve ser um anúncio dessa comunidade escatológica, dessa "noiva"
bela, que caminha com amor ao encontro do Amado (Deus).
No Evangelho, Jesus, ao se
despedir dos discípulos, deixa em testamento à comunidade o "MANDAMENTO
NOVO: "Amai-vos uns aos outros, COMO
eu vos amei". (Jo 13,31-33a.34-35)
Essas palavras soam como um testamento final de uma vida
feita amor e partilha.
O Mandamento do amor deve ser o Estatuto da Comunidade
cristã.
+ O AMOR MÚTUO:
- É SINAL da
presença de Jesus na comunidade cristã.
Jesus continua
sua presença e sua ação no amor mútuo dos discípulos.
- É o DISTINTIVO
do verdadeiro cristão:
"Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos, se tiverdes amor uns para
com os outros".
- É um MANDAMENTO
NOVO:
MANDAMENTO: não é
apenas um conselho... convite...
NOVO: Onde está a
novidade? "Amar o próximo como a si
mesmo" já existia no Antigo
Testamento (Lev 19,18).
- A novidade está
na medida desse amor: "Como EU
vos tenho amado..."
O amor de que Jesus fala é o amor que acolhe,
que se faz serviço, que respeita a dignidade e a liberdade do outro,
que não discrimina nem marginaliza, que se
faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida.
- É este o amor que vivemos e que partilhamos?
Neste ponto, a comunidade cristã se apresenta hoje como um
alternativa à visão de sociedade, que continua
baseada na competição, no poder do dinheiro, mesmo à custa
das lágrimas dos pobres, das angústias e do sangue dos humildes.
Ela deve testemunhar com gestos concretos o
amor de Deus; deve demonstrar que a utopia é possível
e que os homens podem ser irmãos.
+ O Distintivo da Nova Comunidade:
Os discípulos de Jesus não são os depositários de uma
doutrina, ou de uma ideologia, ou os observadores de leis,
ou os fiéis cumpridores de ritos: Mas são aqueles que, pelo
amor mútuo, vão ser um sinal vivo do Deus que ama.
A proposta cristã resume-se no amor. O amor é o distintivo,
que nos identifica; quem não vive o amor, não
integra a comunidade de Jesus.
O amor mútuo é a síntese de toda a Lei da Nova Aliança, é o
estatuto que fundamenta a Comunidade cristã.
- A nossa religião é a religião do amor, ou é a religião das
leis, das exigências, dos ritos externos?
- Em nossos gestos, as pessoas descobrem a presença do Amor de Deus no Mundo?
P. Antônio
=================---------------==========
Homilia do Pe.
Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, ainda
no quinto domingo da Páscoa, estamos celebrando a ressurreição do Senhor. Hoje,
Jesus faz um convite muito especial para nós. Eu quero saber que convite é
este. Quem de vocês vai me dizer? Qual o convite que ele faz no evangelho? – a
ressurreição? Bom, na ressurreição ele não só nos convidou, como assegurou,
para nós, a ressurreição. – o novo mandamento: amai-vos uns aos outros como eu
vos amei. – este é o convite de Jesus.
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Isto parece tranquilo, mas
Ele coloca uma condição: “como eu vos amei”. Como é que Jesus nos amou? Deu a
vida por nós. Não é qualquer tipo de amor. O que é que Ele ganhou com isto?
Nada. Então, se nós procurarmos amarmos uns aos outros como Ele nos amou e não
ganharmos nada em troca, nenhuma novidade. As pessoas dizem: o que você ganhou
em ajudar fulano? Ué, mas era para
ganhar? Ganha, tem a intenção de ganhar quem não é cristão. Quem é cristão não
espera nada em troca. Se vier algo em troca, maravilha. É lucro. Se não vier,
não estava esperando nada mesmo. Este é um ponto importante para nós. O DNA do cristão é o perdão. O tipo
sanguíneo do cristão é o amor. Agora, ninguém entre em pânico, porque se
você é pai de família, mãe de família, homem ou mulher, casado ou solteiro, se
você dá a sua vida, no dia a dia pela sua família, você está fazendo o que
Jesus pediu. Se o presbítero (padre) dá a sua vida pela comunidade, ele está
fazendo o que Jesus pediu. Cada um de nós é chamado, dentro daquilo que nós
escolhermos, dar tudo de si para o irmão crescer, o irmão ser feliz. Agora,
pode ser que alguém te puxe o tapete, alguém te traia. Pode ser um filho, uma
filha, um pai, uma mãe, pode ser o padre, o catequista, pode ser que alguém te
traia. Para Jesus não achar que você é o único sem sorte, Ele aceitou Judas no
seu grupo. Ele deu a vida por todos, inclusive Judas e no entanto o que Judas
fez? Traiu. Então, se alguém te trair, nenhuma novidade. É assim, que o
Evangelho começa hoje: “Depois que Judas deixou o senáculo, o que é que Jesus
fez? Glorificou a Deus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele.
Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e o
glorificará logo. Então, veja, que o grande pedido de Jesus é que as pessoas se
sintam bem, melhor cada dia, por causa da nossa colaboração e assim possam
glorificar o Pai. quem já colaborou para que alguém pudesse glorificar a Deus
na sua vida? Esta é a pergunta para nós. Eu já ajudei alguém para que ele
pudesse glorificar a Deus? É isto que está faltando um pouco no nosso mundo: as
pessoas reconhecer, que muito do que temos vem de Deus.
Um dia, uma criança
aprendeu na catequese a fazer uma oração antes do almoço. Na hora do almoço ele
disse ao pai: olha, vamos agradecer a Deus por este alimento que está em nossa
mesa. O pai disse: agradeça a mim, fui eu que trousse. A criança ficou sem
graça, pois ele tinha ouvido o Evangelho, mas era o pai que precisava ouvir o
evangelho. É evidente, que nós que levamos o alimento como fruto de nosso
trabalho, mas quem é que garante a vitalidade para poder trabalhar? Isto é
Deus. Glorificar a Deus sim, mais não precisa rezar um terço todo antes da
refeição, mas dizer: Senhor, nós vos agradecemos por este alimento, que nos
reúne e nos mantém vivos. Acabou. É o suficiente.
Agora, veja: Jesus diz:
“não vou deixar ninguém sozinho. Deus habitará no meio do seu povo”. Se você
olhar, muitas cidades, muitos bairros, muitos lugares, tem uma igreja. Lá tem
Jesus presente na Eucaristia. Então, Ele cumpriu a promessa dele. Não importa
se a comunidade ou o local é rico ou pobre, se a igreja é bonita ou feia, se
tem muita ou pouca gente, Ele está sempre, ali, no sacrário. Para que isto?
Primeiro, Ele quer habitar com o povo. Ele mora onde o povo mora. Às vezes,
mora num lugar mais pobre do que a gente mora. Ele cumpriu a promessa dele.
Para que? Porque nem sempre é fácil a gente amar. Quando desanimamos, podemos
ir até Ele, que ele ajuda.
Veja uma coisa: amar a
família, amar o esposo, amar a esposa, dar a vida por eles, é uma escolha de
cada um e não é complicado. E amar quem não escolhemos? Volta e meia aparece em
nosso caminho alguém que nem sabemos quem é e somos chamados a amar. E, quando
vamos amar esta pessoa, ela nos trai, ela nos arma ciladas. Então, não é fácil
amar. Jesus diz: fica tranquilo, você não está sozinho. Eu estou habitando no
mesmo bairro que você. Vai lá, pede a minha ajuda, comungue o meu corpo e o meu
sangue. Você terá força e coragem para
levar em frente a missão. É nisto que conhecerão, que vocês são os meus
discípulos. É convite. Jesus não impõe para ninguém. Olhe o salmo: que sejamos
misericordioso, que tenhamos piedade, paciência, compaixão, para que os irmãos
possam vir a louvar a Deus. Este é o grande apelo. Que possamos louvar o
Senhor. É o que estamos fazendo. A Celebração é um modo de louvar a Deus, mas
quantos não se deram conta desta necessidade e aí, que somos convidados a
anunciar. No seu local de trabalho, faça o sinal da cruz na hora da refeição.
Já é um sinal para lembrar, que acima de nós tem alguém, que merece ser
louvado, porque deu a vida por nós.
Que Deus nos ajude a por
em prática as leituras de hoje.
Louvado seja Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André - SP
==========-----------------==========
Homilia de D. Henrique Soares da Costa
Durante todo o tempo pascal a Igreja
nos faz contemplar o Ressuscitado e o fruto da sua obra: o dom do Espírito, a
nossa santificação, os sacramentos que nascem do seu lado aberto, a Igreja, sua
Esposa, desposada no leito da cruz…
Hoje, precisamente, é para a Igreja,
comunidade nascida da morte e ressurreição de Cristo, que a Palavra de Deus
orienta o nosso olhar.
Primeiramente, é necessário que se diga sem
arrodeios: Cristo sonhou com a Igreja, a amou e fundou-a. A Igreja, portanto, é
obra do Cristo, foi por ele fundada e a ele pertence! Ela não se pertence a si
mesma, não se pode fundar a si própria, não pode estabelecer ela própria a sua
verdade. Tudo nela deve referir-se a Cristo e a ele deve conduzir! Mas, há
mais: não é muito preciso, não é muito correto dizer que Cristo “fundou” a
Igreja. Não! A fundação da Igreja não terminou ainda: Cristo continua fundando,
Cristo funda-a ainda hoje, ainda agora, nesta Eucaristia sagrada!
Continuamente, o Cordeiro de pé como que imolado, Cabeça da Igreja que é o seu Corpo,
funda, renova, sustenta, santifica, sua dileta Esposa pela Palavra e pelos
sacramentos: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a
fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para
apresentá-la a si mesmo a Igreja, gloriosa, se mancha nem ruga, ou coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível!” (Ef 5,25-27). São
afirmações impressionantes, belas, profundas: (1) Cristo amou a sua Igreja e,
por ela, morreu e ressuscitou; (2) pela sua morte e ressurreição, de amor
infinito, ele purifica continuamente a sua Igreja, santifica-a totalmente, sem
desfalecer. Por isso a Igreja é santa, será sempre santa e não poderá jamais
perder tal santidade, apesar das infidelidades de seus membros! (3) Este
processo de contínua fundação e santificação da Igreja em Cristo dá-se pelo
“banho da água” – símbolo do Batismo e dos sacramentos em geral – e pela
“Palavra” – símbolo da pregação do Evangelho. Então, Cristo continua edificando
sua Igreja neste mundo pela Palavra e pelos sacramentos, sobretudo o Batismo e
a Eucaristia. A Igreja não se pertence: ela é de Cristo! E, como esposa de
Cristo, é nossa Mãe: ela nos gerou para Cristo no Batismo, para Cristo ela nos
alimenta na Eucaristia e de Cristo ela nos fala na sua pregação! Ela é a nossa
Mãe católica, desposada pelo Cordeiro imolado na sua Páscoa, como diz o
Apocalipse: “estão para realizar-se as núpcias do Cordeiro
e sua Esposa já está pronta: concederam-lhe vestir-se com linho puro,
resplandecente!” (19,7s).
Pois bem, esta Igreja, tão amada por Cristo, tão
nossa Mãe, deve caminhar neste mundo nas dores de parto. Temos um exemplo disso
na primeira leitura da Missa de hoje. Paulo e Barnabé vão animando as
comunidades,“encorajando os discípulos … a permaneceram firmes na fé”, pois “é
preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus”.
Assim caminha o Povo de Deus, Comunidade fundada por Cristo e vivificada pelo
seu Espírito: entre as tribulações do mundo e as consolações de Deus. Muitas
vezes, a Igreja enfrentará dificuldades por parte de seus inimigos externos –
aqueles que a perseguem direta ou veladamente, aqueles que desejam o seu fim e,
vendo-a com antipatia, trabalham para difamá-la. Mas, também, muitas vezes, a
provação vem de dentro da própria Igreja: das fraquezas de seus membros, dos
escândalos provocados pela humana fraqueza daqueles que deveriam dar exemplo de
uma vida nova em Cristo Jesus. Se é verdade que isto não fere a santidade da
Igreja – porque essa santidade vem de Cristo e não de nós -, por outro lado, é
verdade também que nossos escândalos e maus exemplos atrapalham e muito a
credibilidade do nosso anúncio do Evangelho e a credibilidade do próprio
Evangelho como força que renova a humanidade! Infelizmente, enquanto o mundo
for mundo, enquanto a Igreja estiver a caminho, experimentará em si a
debilidade de seus membros. Assim, foi no grupo dos Doze, assim, nas
comunidades do Novo Testamento, assim é hoje. É interessante que o Evangelho de
hoje começa com Judas, o nosso irmão, que traiu o Senhor, saindo do Cenáculo,
saindo do grupo dos Doze, saindo da Comunidade: “Depois que Judas saiu do
cenáculo”… – são as primeiras palavras do Evangelho… E, no
entanto, apesar da fraqueza de Judas e dos Doze, apesar da nossa fraqueza,
Jesus continua nos amando e crendo em nós: “Eu vos dou um novo mandamento:
amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns
aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor
uns pelos outros”. Não tenhamos medo, não desanimemos, não nos
escandalizemos: o Senhor está conosco, ama-nos, porque somos o seu rebanho, as
suas ovelhas, a sua Igreja. Ama-nos e derramou sobre nós o seu amor e sua força
que é o Espírito Santo!
Se agora vivemos entre tribulações e desafios,
nossa esperança é firmemente alicerçada em Cristo; nele, venceremos, nele, a
Mãe católica, um dia, triunfará, totalmente glorificada e tendo em seu regaço
materno toda a humanidade. Ouçamos – é comovente: “Vi um n ovo céu e uma nova terra… O primeiro céu e a primeira
terra passaram e o mar já não existe” – o Senhor nos promete um
mundo renovado, sem a marca do pecado, simbolizado pelo mar. “Vi a Cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, de junto
de Deus, vestida qual esposa enfeitada para o seu marido”. – É a
Igreja, totalmente renovada pela graça de Cristo, totalmente Esposa, numa
eterna aliança de amor, realizada na Páscoa e consumada no fim dos
tempos! “Esta é a morada de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio
deles. Eles serão seu povo, e o próprio Deus estará com eles”. – A
Igreja é o “lugar”, o “espaço” onde o Reino acontece visivelmente: Deus, em
Cristo, habita no nosso meio e será sempre “Deus-com-eles”, Deus-conosco,
Emanuel! “Deus enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá
mais, e não haverá mais luto, nem choro, nem dor, nem morte, porque passou o
que havia antes. Aquele que está sentado no trono disse: ‘Eis que eu faço novas
todas as coisas’”.
Caríssimos, olhem para mim, olhem-se uns para os
outros! Somos a cara da Igreja, o cheiro da Igreja, a fisionomia da Igreja, a
fraqueza e a força, a fidelidade e a infidelidade, a glória e a vergonha da
Igreja! Tão pobre, tão frágil, tão deste mundo… mas também tão destinada à
glória, tão divina, tão santa, tão católica, tão de Cristo! Coragem! Vivamos
profundamente nossa vida de Igreja; é o único modo de ser cristão como Cristo
sonhou! Soframos as dores e desafios da Igreja agora, para sermos partícipes da
vitória que Cristo dará a Igreja na glória! Como diz o Apocalipse, “estas palavras são dignas de fé e verdadeiras”. Amém.
D. Henrique Soares da Costa
==========--------------=========
Para a Celebração da Palavra (
Diáconos ou Ministros da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM
TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO
SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
à Ó
Deus, Pai deste novo Povo, que nasceu da cruz de Jesus Cristo, nós vos
bendizemos por toda a obra que cumpriste com Paulo e Barnabé. Através deles,
abriste a porta da fé à todos os povos. Nós vos pedimos pelos nossos bispos,
presbíteros e diáconos que são vossos instrumentos na transmissão da vossa
Palavra.
T: Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
à Ó
Deus que fazeis novas todas as coisas, nós vos louvamos pela esperança de nova
vida na nova Jerusalém. Nós vos confiamos os nossos irmãos e irmãs que estão em
dificuldade: que chegue o dia em que vós lhes enxugareis as lágrimas dos seus
olhos dissipando toda a tristeza.
T: Bendito e louvado seja o Senhor nosso Deus.
à
Guiados pelo vosso Espírito, nós vos glorificamos, Pai, com o vosso Filho
Jesus. Nós vos bendizemos pela vossa glória, na qual vós comunicais conosco
pela Palavra e pelo Pão. Nós vos pedimos: que o vosso Espírito nos fortaleça,
para que possamos viver segundo o mandamento novo que nos deste pela palavra e
pela vida do vosso Filho Jesus Cristo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário