quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Festa da sagrada família Tempo do Natal


Festa da sagrada família Tempo do Natal – 2018
(Adaptado pelo Diácono Ismael P.S.) –

SÍNTESE:
TEMA: A família cristã: Amar a Deus e ao próximo, sobretudo os pais e familiares.
Primeira leitura: Algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais.
Evangelho: A família cristã constrói-se no respeito pelo projeto que Deus tem para cada pessoa.
Segunda leitura: O amor deve se manifestar em cada gesto no Homem Novo em atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.

PRIMEIRA LEITURA (Eclo 3,3-7.14-17a) Leitura do Livro Eclesiástico.
Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. Quem honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar, será atendido. Quem respeita o seu pai, terá vida longa, e quem obedece ao pai é o consolo da sua mãe. Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida: a caridade feita a teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação.

AMBIENTE
O livro de Ben-Sirac (também chamado “Eclesiástico”) pretende apresentar uma reflexão de caráter prático sobre a arte de bem viver e de ser feliz. Estamos no início do séc. II a.C., numa época em que o helenismo tinha começado o seu trabalho pernicioso, no sentido de minar a cultura e os valores tradicionais de Israel. Jesus Ben-Sira, o autor deste livro, avisa os israelitas para não deixarem perder a identidade cultural e religiosa do seu Povo. Procura, então, apresentar uma síntese da religião tradicional e da sabedoria de Israel, sublinhando a grandeza dos valores judaicos e demonstrando que a cultura judaica não fica a dever nada à brilhante cultura grega.

MENSAGEM
O texto apresenta uma série de indicações práticas que os filhos devem ter em conta nas relações com os pais. Uma palavra sobressai: o verbo “honrar”. Ele leva-nos ao decálogo do Sinai (cf. Ex 20,12), onde aparece no sentido de “dar glória”. “Dar glória” a uma pessoa é dar-lhe toda a sua importância; “dar glória aos pais” é, assim, reconhecer a sua importância como instrumentos de Deus, fonte de vida. Ora, reconhecer que os pais são a fonte, através da qual Deus nos dá a vida, deve conduzir à gratidão; e essa gratidão tem consequências a nível prático. Implica ampará-los na sua velhice e não os desprezar nem abandonar; implica assisti-los materialmente quando já não podem trabalhar (cf. Mc 7,10-11); implica não fazer nada que os desgoste; implica escutá-los, ter em conta as suas orientações e conselhos; implica ser indulgente para com as limitações que a idade traz. Dado o contexto da época em que Ben-Sira escreve, é natural que, por detrás destas indicações aos filhos, esteja também a preocupação com o manter bem vivos os valores tradicionais, esses valores que os mais antigos preservam e que passam aos jovens. Como recompensa desta atitude de “honrar” os pais, Jesus Ben-Sira promete o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus.

ATUALIZAÇÃO
♦ Apesar da preocupação moderna com os direitos humanos e o respeito pela dignidade das pessoas, a nossa civilização cria, com frequência, situações de abandono e de marginalização, cujas vítimas são, muitas vezes, aqueles que já não têm uma vida considerada produtiva, ou aqueles a quem a idade ou a doença trouxeram limitações. Que motivos justificam o desprezo e abandono daqueles a quem devemos “honrar”?
♦ É verdade que a vida de hoje é muito exigente a nível profissional e que nem sempre é possível a um filho estar presente ao lado de um pai que precisa de cuidados ou de acompanhamento especializado. No entanto, a situação é muito menos compreensível se o afastamento de um pai do convívio familiar resulta do egoísmo do filho, que não está para “aturar o velho”…
♦ O capital de maturidade e de sabedoria de vida que os mais idosos possuem é considerado por nós uma riqueza ou um estorvo à nossa modernidade?

SALMO RESPONSORIAL / SI 127 (128)
Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!
• Feliz és tu, se temes o Senhor / e trilhas seus caminhos!/ Do trabalho de tuas mãos hás de viver, / serás feliz, tudo irá bem!
• A tua esposa é uma videira bem fecunda / no coração de tua casa; / os teus filhos são rebentos de oliveira / ao redor de tua mesa.
• Será assim abençoado todo homem / que teme o Senhor. / O Senhor te abençoe de Sião / cada dia de tua vida.

EVANGELHO (Lc 2,41-52) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.

AMBIENTE
O “Evangelho da infância” não é fazer uma reportagem sobre os primeiros anos da vida de Jesus, mas uma catequese sobre Jesus; nessa catequese, diz-se quem é Jesus e apresentam-se algumas coordenadas teológicas que vão, depois, ser desenvolvidas no resto do Evangelho. A “catequese” de hoje situa-nos em Jerusalém. A Lei judaica pedia que os homens de Israel fossem três vezes por ano a Jerusalém, por alturas das três grandes festas de peregrinação (Páscoa, Pentecostes e Festa das Tendas – cf. Ex 23,17-17). Ainda que os rabinos não considerassem obrigatória esta lei até aos treze, muitos pais levavam os filhos antes dessa idade. Jesus tem doze anos e, de acordo com o texto de Lucas, foi com Maria e José a Jerusalém celebrar a Páscoa. É neste ambiente de Jerusalém e do Templo que Lucas situa as primeiras palavras pronunciadas por Jesus no Evangelho. Elas são, sem dúvida, o centro do nosso relato.
MENSAGEM
 “Por que me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?” O significado (a catequese) da resposta à pergunta de Maria é que Deus é o verdadeiro Pai de Jesus. Daqui deduz-se que as exigências de Deus são, para Jesus, a prioridade fundamental, que ultrapassa qualquer outra exigência. A sua missão vai obrigá-lo a romper os laços com a própria família (cf. Mc 3,31-35). É possível que haja ainda, aqui, uma referência à paixão/morte/ressurreição de Jesus: tanto o episódio de hoje, como os fatos relativos à morte/ressurreição, são situados num contexto pascal; em ambas as situações Jesus é abandonado – aqui por Maria e José e, mais tarde, pelos discípulos – por pessoas que não compreendem que a sua prioridade é o projeto do Pai; em ambas as situações, Jesus é procurado (cf. Lc 24,5) e tem de explicar que a finalidade da sua vida é cumprir aquilo que o Pai tinha definido (cf. Lc 24,7.25-27.45-46). Lucas apresenta aqui a chave para entender toda a vida de Jesus: Ele veio ao mundo por mandato de Deus Pai e com um projeto de salvação/libertação. Àqueles que se perguntam porque deve o Messias percorrer determinado caminho, Lucas responde: porque é a vontade do Pai. Foi para cumprir a vontade do Pai que Jesus veio ao nosso encontro e entrou na nossa história.
ATUALIZAÇÃO
♦ Para Jesus, a prioridade é o projeto de Deus, o plano que Deus tem para cada pessoa.
♦ Maria e José não fizeram cenas diante da resposta “irreverente” de Jesus. Aceitaram que o jovem Jesus não lhes pertencia exclusivamente: Ele tinha a sua identidade e a sua missão próprias.

SEGUNDA LEITURA (Cl 3,12-21) Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.
Irmãos, vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportandovos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio deles dai graças a Deus, o Pai. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor. Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.

AMBIENTE
Paulo estava na prisão (possivelmente em Roma, anos 61/63) quando escreveu aos colossenses. Algum tempo antes, Paulo havia recebido notícias pouco animadoras sobre a comunidade de Colossos. Essas notícias falavam da perigosa tendência de alguns doutores locais, que ensinavam doutrinas errôneas e afastavam os colossenses da verdade do Evangelho. Essas doutrinas misturavam práticas legalistas, práticas ascéticas, especulações sobre os anjos e achavam que toda esta mistura confusa de elementos devia completar a fé em Cristo e comunicar aos crentes  m conhecimento superior dos mistérios cristãos e uma vida religiosa mais autêntica. Sem refutar essas doutrinas de modo direto, Paulo afirma a absoluta suficiência de Cristo e assinala o seu lugar proeminente na criação e na redenção dos homens.

MENSAGEM
Em termos mais concretos, viver como “homem novo” implica cultivar um conjunto de virtudes que resultam da união do cristão com Cristo: misericórdia, bondade, humildade, paciência, mansidão. Lugar especial ocupa o perdão das ofensas do próximo, a exemplo do que Cristo sempre fez. Estas virtudes são exigências e manifestações da caridade, que é o mais fundamental dos mandamentos cristãos: tais exigências resultam da íntima relação do cristão com Cristo; viver “em Cristo” implica viver, como Ele, no amor total, no serviço, na disponibilidade e no dom da vida. Às mulheres, recomenda o respeito para com os maridos; aos maridos, convida a amar as esposas, evitando o domínio tirânico sobre elas; aos filhos, recomenda a obediência aos pais; aos pais, com intuição pedagógica, pede que não sejam excessivamente severos para com os filhos, pois isso pode impedir o desenvolvimento normal das suas capacidades. É desta forma que, no espaço familiar, se manifesta o Homem Novo, o homem que vive segundo Cristo.

ATUALIZAÇÃO
♦ Viver “em Cristo” implica deixar que ele se manifeste em gestos concretos de bondade, de perdão, de compreensão, de respeito pelo outro, de partilha, de serviço. Esse amor traduz-se numa atenção contínua àquele que está ao nosso lado, às suas necessidades e preocupações, às suas alegrias e tristezas.
♦ As mulheres não gostam de ouvir Paulo pedir-lhes a “submissão” aos maridos… No entanto, não devem ser demasiado severas com Paulo: ele é um homem do seu tempo, e não podemos exigir dele a mesma linguagem com que, nos nossos dias, falamos destas coisas. Apesar de tudo, convém lembrar que Paulo não se esquece de pedir aos maridos que amem as mulheres e não as tratem com aspereza: sugere, desta forma, que a mulher tem, em relação ao marido, igual dignidade.

Fonte: Dehonianos

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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Irmãos e imãs, hoje celebramos a festa da Sagrada Família. A partir da Sagrada Família somos convidados a contemplar sobre as nossas responsabilidades. É evidente, que dentro da Celebração Eucarística, não dá para a gente tratar no sentido sociológico. Teríamos aí, uns doze modelos de família para ser falado. Eu tentarei abordar um pouco, a família que temos de fé e a maneira como a Igreja entende a família, como sendo, a igreja doméstica. Capítulo 1 do Livro do Gênesis vai nos dizer: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Homem e mulher Ele os criou. Então, a imagem do Deus Criador não é somente o homem, não é somente a mulher, mas os dois juntos. Por isso, para nós, que temos fé no Deus vivo e verdadeiro, no Deus Criador, que chamamos de Pai, sabemos que Deus é Pai, é Filho e é Espírito, entretanto, ao se tratar do Deus Criador é o Deus Pai. de fato, apresentamos o homem e a mulher como a imagem de Deus. Para nós que cremos em Deus, o homem não é melhor que a mulher e a mulher não é melhor que o homem. Os dois juntos trazem o rosto, a imagem, da semelhança do Deus Criador. Por isso, casar-se na igreja significa: queremos ser a imagem do Deus Criador. Aí o porque quem se casa na igreja tem o firme propósito de gerar filhos. Um casal que se casa na igreja e diz: não quero filhos, no mínimo, não entendeu o que significa casar-se na igreja. Estou falando casar na igreja. Porque o casamento é um direito natural, que se não casar na igreja, tem o direito de outros meios. Quem se casa na igreja pretende ser um sinal do Deus Criador. Deus é criador porque ele gera, ele cria. “ah, eu não quero ter filhos”; não quero ser a imagem do Deus Pai. Pode ser imagem do Deus Filho se tornando padre ou freira. “não, eu não quero ser imagem do Deus Filho”. Então, vai ser imagem do Deus Espírito, vai semear o amor no mundo. Ninguém precisa se casar ou ser padre ou freira para ser feliz. Por isso, no Batismo fazemos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, para depois a pessoa escolher qual é a imagem da Pessoa da Trindade Santa que quer ser imagem. Ora, a idéia de pai e mãe, marido e mulher, casal, vem do Antigo Testamento, onde o Pai é visto como sinal de Deus no mundo e a mãe é vista como a sabedoria de Deus no mundo. Então, cabe a mãe transmitir todos os valores éticos, morais, religiosos para a prole, para os filhos. Cabe ao pai garantir a justiça, a harmonia, a igualdade, entre os filhos. Cabe aos filhos trabalhar. É interessante observar que não há um melhor que o outro, mas uma divisão de trabalho, onde cada um tem a sua responsabilidade. Honrar, significa por em prática o que ele lhe ensina. Por isso, cuidar dos pais, porque aquilo que você ensina é o que eles vão fazer. Honrar, significa por em prática o que eu aprendi. Ora, diz aqui na primeira leitura: Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. A maneira como os filhos tratam os pais, ela se dá conta se cumpriu sua parte ou não. O Antigo Testamento tem uma visão muito clara sobre a função, a responsabilidade de cada um. Mesmo que o seu pai esteja perdendo a lucidez, procure ser compreensivo com ele. Perder a lucidez é diferente de não ter juízo. É importante isso. Tem muito pai e muita mãe que não tem juízo. Aí, é preciso chamar a atenção. Perder a lucidez, é alguém que não consegue mais coordenar bem as suas ideias. Às vezes vem filho acompanhando os pais e dizendo: “o animalzinho está atacando ele”. Como se diz, é Alzheimer e nós também podemos ter isso. Não tenha vergonha de seus pais, porque eles perderam a lucidez. Não tenha vergonha, mas orgulho dos pais. É um processo, que na medida que vem a idade, é preciso de cuidados especiais. Agora, aqui vem um ponto importante: a segunda leitura vai dizer, que Jesus abriu a nossa compreensão sobre a família. Jesus vai nos ajudar a entender quem é a família. “sua mãe e seus irmãos estão aí fora te chamando”. “Quem é minha mãe, quem é meus irmãos”? Todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu pai, minha mãe e meu irmão. Então, Jesus ampliou a idéia de família. A família não é só do sangue humano, mas agora, somos todos irmãos de sangue, porque comungamos do mesmo cálice. Assim, Jesus acaba nos ajudando, que a idéia modelo de família permanece na igreja. Deus é o grande Pai. A Igreja se torna a grande Mãe, que nos ajuda, nos educa, a partir da vontade de Deus e nós todos somos irmãos. Não existe um melhor e outro pior, um mais importante e um menos importante; todos nós somos importantes. Qual é a imagem de Deus? Felipe, quem me vê, vê o Pai. Jesus se torna para nós a imagem de Deus feito homem. É importante compreender isto, que na comunidade eu acabo aprendendo a suportar uns aos outros, perdoar uns aos outros, agir com misericórdia, com harmonia, com concórdia, sobretudo com amor. É aqui que vamos aprender aquilo que a família é chamada a desempenhar na sociedade: ser um sinal de Deus Criador. Como é que as pessoas devem se comportar. E, sobretudo, diz a carta aos colossenses: é o amor que vai ser o grande sinal. Nós sabemos que a família tem enfrentado uma crise tremenda e é evidente, que cada vez mais as reportagens falem disso, da dupla jornada da mulher. Claro, não há crítica alguma a mulher trabalhar fora de casa, mas isto é uma opção que deve ser muito bem pesada, ponderada. Por que? Porque nem sempre temos a necessidade daquele salário extra. Ninguém vai ficar feliz, vendo o filho passar privação e vai, mesmo, procurar resolver o problema. Mas, toda escolha traz consequência. Muitas vezes, não é suprir a necessidade, mas valorizar o dinheiro. Veja bem! O Antigo Testamento diz que as família viveram do Maná, viveram de codornizes, viveram de leite e mel. Leite e mel é uma delícia! Mas, experimente comer isto uma semana inteira. Você vai ver que é insuportável. Só para dizer que as famílias enfrentaram dificuldades. Home, nem sempre, os dois saírem para trabalhar é para resolver dificuldades. Às vezes porque se valoriza mais o dinheiro e ao terceirizarmos a educação dos filhos, acabamos mostrando que o mais importante é o dinheiro. E, aí, quando os pais deixam de ganhar o dinheiro, porque se aposentam, eles deixam de ser importante e os filhos também deixam de ver importância e terceirizam, mandando-os para o asilo, assim como eles foram para a escolinha, porque não tinham quem os cuidassem. Então, é importante isso. Na medida que os avós vão perdendo a lucidez, é preciso ajudar os filhos a respeitar, ajudar os netos a respeitar, porque nós também vamos perder a lucidez. Se hoje eles não têm poder econômico. Eles têm um patrimônio de vida para garantir a nossa existência. Sem os avós não existiriam os netos. Então, entre apoiar os avós e apoiar os filhos, é preciso harmonizar os dois. Nenhum é mais importante. Ambos são importantes. Estou mostrando qual é  a nossa responsabilidade: ajudar aqueles que perderam Jesus na sua vida a repetir os gestos de Maria e de José. Maria e José perderam Jesus. O que eles fizeram? Voltaram atrás. Procuraram por três dias e encontraram Jesus no Templo. E, quando Maria perguntou: por que fizestes isto? – ué, você não sabia que eu deveria estar na casa de meu Pai? quantas famílias já perderam Jesus ao longo de sua caminhada, mas não quiseram voltar atrás. Ajuda-las para que possam encontrar Jesus na COMUNIDADE. Porque é na comunidade que podemos nos orientar, enfrentando os desafios que a sociedade coloca para nossas famílias. Não existe família cem por cento santa. Não existe família cem por cento perdida. Existe famílias desorientadas. É preciso, cada vez mais, nos empenharmos e ajuda-las a descobrir os verdadeiros valores. Certamente o grande e maior valor é encontrar Jesus. Vamos continuar rezando por nossas famílias, pelas famílias que têm buscado a felicidade, mas que têm se equivocado.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.


PE. PEDRINHO – Diocese de Santo André - SP


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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Estamos em clima de festas natalinas, porém a liturgia nos recorda constantemente que o centro de toda a vida da Igreja é o Mistério Pascal de Cristo, que ilumina toda a sua vida e missão. Portanto, nada da vida de Jesus pode ser compreendido senão à luz da sua morte e ressurreição. Pois estes são os acontecimentos fundamentais da revelação de que Ele é o Filho de Deus, nascido numa família humana na plenitude dos tempos para salvar a humanidade (Gl 4,4). A Festa da Sagrada Família, muito bem situada na Oitava do Natal, evidencia ainda mais a verdade da encarnação. De fato, o Verbo Eterno assumiu a nossa condição de humanos, e nada mais humano do que uma família. Por isso, Ele, mesmo sendo Eterno Deus, tomou para si a nossa carne, compartilhando de tudo o que é nosso: “Pois Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15).
O evangelho proclamado nesta festa (Ano C) é a última parte da longa introdução que Lucas faz nos dois primeiros capítulos do seu evangelho a fim de anunciar os grandes temas que tratará ao longo da sua obra. Geralmente os exegetas chamam esses dois primeiros capítulos de “Evangelhos da Infância”. Um gênero literário que, à luz dos acontecimentos da paixão, morte e ressurreição de Jesus, ajuda a reler os fatos da sua infância, dando-lhes um caráter profético; uma vez compreendidos na sua profundidade, anunciam que o Messias esperado, o descendente de Davi, nascido em Belém, é o Cristo morto e ressuscitado. Como o evangelho não é uma biografia de Jesus, mas o anúncio alegre daquilo que Ele ensinou e realizou como Filho de Deus feito homem, não podemos simplesmente ler estes acontecimentos da sua infância como um mero “diário de bordo”, nem muito menos concebê-los como um registro fotográfico de fatos distantes da sua tenra idade. Por isso, esses dois primeiros capítulos só têm sentido se nos ajudarem a ler todo o evangelho. Por outro lado, só a veracidade da paixão, morte e ressurreição de Jesus nos ajudará a reconhecer a verdade desses acontecimentos narrados por Lucas no princípio do seu evangelho.
O primeiro e fundamental tema evocado nessa perícope é a Páscoa: “Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa”. A Lei obrigava a “três vezes ao ano todo varão comparecer diante de Javé” (Festa da Páscoa, Semanas e Tendas: Dt 16,16). Ainda que a cada ano se dirigissem a Jerusalém para cumprir este preceito, esta vez se reveste de uma caráter todo especial: “Quando o menino completou doze anos”. Na tradição dos judeus, o menino e a menina quando atingem esta idade (precisamente 12 anos para a menina e 13 para o menino) devem passar pela cerimônia judaica do Bar Mitzvah (filho do mandamento) que marca a passagem de um garoto à vida adulta. A partir dessa idade, ele assume sua maioridade religiosa e passa a ter responsabilidades perante sua comunidade e suas tradições. Antes da festa, por período que pode chegar a um ano, o garoto estuda a língua hebraica e a Torá. Na cerimônia, ele realiza sua primeira leitura pública de um texto sagrado. Daí a admiração de José e Maria quando encontram o seu filho entre os doutores, não apenas lendo, mas interrogando-os. A admiração é também dos doutores da Lei e “todos que o ouviam ficavam extasiados com a sua inteligência e as suas respostas”.
O evangelista não diz o conteúdo da discussão. Porém, não seria forçoso pensar que o tema da páscoa estivesse no centro dos debates. Mais adiante, no relato da Transfiguração de Jesus, Lucas é o único a especificar sobre o que o Mestre, Moisés e Elias (representantes da Torá e dos Profetas) conversavam: “Falavam de sua partida (grego: Êxodos) que iria se consumar em Jerusalém” (Lc 9,30-31). Portanto, a Páscoa para Lucas não é simplesmente o memorial da saída do Egito, mas a realização plena da ação libertadora de Deus em favor do seu povo que se dá justamente no final do evangelho quando Jesus realiza a sua páscoa: “Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco” (Lc 22,15). 
Como a comunidade dos discípulos passa a angústia de sua ausência por três dias entre a sua morte e ressurreição, assim também Maria e José antecipam esta experiência pascal de morte e vida, de perda e reencontro, quando retornando de Jerusalém se dão conta que o menino Jesus não está com eles e apenas “três dias depois o encontraram no Templo”. Assim como a morte e a ressurreição de Jesus tornam-se a chave de interpretação de toda a Escritura: “E, começando por Moisés e por todos os profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito”, a experiência pascal de José e Maria tornou-se momento de revelação da missão do seu Filho: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”. Contudo, afirma Lucas: “eles não compreenderam a palavra que ele lhes dissera”, pois há um longo caminho pela frente a ser percorrido que exige mais do que tentativa de compreensão. É necessário ter atitudes de confiança, obediência (escuta da Palavra) para reconhecer quem é Jesus. Enquanto não se faz o seu caminho até a cruz e ressurreição, estaremos sujeitos a perdê-lo de vista. Ainda que a aflição tome o nosso coração pela constatação de o termos perdido, a decisão de retomar o caminho de busca nos fará perceber que ele está próximo e caminha conosco, abrindo nossos olhos e aquecendo o nosso coração, a fim de que prossigamos a nossa estrada “com grande alegria” (Lc 24,52). Que tanto a experiência pascal de Maria e José, como a dos discípulos de Emaús nos convençam de que é possível reencontrar o Senhor!
Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ.





MOMENTO DE LOUVOR:(Diáconos ou Ministros da Palavra):





LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, nosso Deus...
- Com Jesus, na força do Espírito Santo, louvemos ao PAI:
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
1- Deus, nosso Pai, nós vos bendizemos pelo vosso amor nos enviando seu Filho único para nos guiar ao Vosso Reino. Somos o vosso povo e sois o nosso Deus.
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
2- Senhor, vosso Filho nos acolheu em uma só família. que todos sejam um, como eu e tu somos um, nos disse Ele. Pai sabeis de nossa limitação; enviai-nos o Espírito Santo para que sejamos transformados e possamos ter mais amor por aqueles que estão junto de nós.
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
3- Senhor, obrigado pela minha vida, obrigado pela minha família, obrigado por ter uma comunidade onde eu posso crescer no amor a Vós e ao irmão. Pai, olhai pela minha família e vinde sempre em nosso auxílio.
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
4- Senhor, que possamos imitar o vosso filho e procurar fazer a vossa vontade. Muitas vezes colocamos nossas necessidades na frente da vossa vontade, ou mesmo esquecemos de vosso projeto e queremos fazer só os nossos. Pai, iluminai-nos nos vossos caminhos.
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!


Pai nosso.... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...



terça-feira, 18 de dezembro de 2018

4º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO ANO C, homilias, subsídios homiléticos


4º DOMINGO DO TEMPO DO ADVENTO ANO C 2018

IV Domingo do Advento - A vela dos anjos: o amor. (vela branca)

As três primeiras velas já devem estar acesas na Coroa.
Segue-se tudo normal até a saudação inicial feita pelo presidente da
celebração: A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo...... Antes do Ato
penitencial segue-se o rito para acender a quarta vela

Animador: Hoje celebramos o quarto Domingo do Advento, preparação próxima para o Santo Natal. Maria é figura central nesta preparação. Ela, grávida de Deus, está para dar à luz o Amor que ela havia acolhido no seu seio por obra do Espírito Santo no anúncio do anjo. Ela representa toda a humanidade chamada a conceber e dar à luz Jesus Cristo, o Filho de Deus. Vamos acender a Quarta vela, a vela dos anjos, que trouxeram a notícia de que Deus quer bem a todos os seres humanos e vem a eles no seu imenso amor.

(Alguém entra com uma vela acesa e acende a vela branca da Coroa do Advento. Nesse momento pode-se cantar um canto que fale de esperança ou apenas dedilhar o violão ou o teclado).
Oração
Pres. Ó Deus, vós sois o amor, fonte de vida e da felicidade.
Por amor enviastes o vosso Filho Jesus Cristo ao mundo.
Enviai a vossa luz aos nossos corações.
Fazei que preparemos os nossos corações para acolher o Menino Deus que nasce, para que assim possamos estar preparados no grande dia da vossa vinda. Nós vos pedimos que na caminhada de nossa vida possamos estar sempre atentos para acolher as mensagens dos vossos anjos e tornar-nos mensageiros do vosso amor. Ajudai-nos a transformar toda a nossa vida em amor a vós e a nossos irmãos e irmãs. Também vos pedimos por todos os homens e mulheres que vivem longe do vosso amor, pelas crianças, pelos enfermos, pelos infelizes, para que no vosso amor encontrem força e conforto. Nós vo-lo pedimos pelo vosso Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Amor manifestado ao mundo, na força do Espírito Santo.
T. Amém.
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SINOPSE:
Tema: “Vem, Jesus, filho de Maria!” – Jesus vem propor um projeto de salvação para a verdadeira felicidade.
Primeira leitura: este mundo novo é um dom do amor de Deus. Jesus veio apresentar uma proposta de um “reino” de paz e de amor, não construído com a força, mas acolhido nos corações.
Evangelho: Neste mundo novo, os marginalizados e oprimidos e os que sofrem encontram a dignidade e a felicidade.
Segunda leitura: a missão de Jesus visa a proximidade entre Deus e os homens. É necessário acolher esta proposta de Deus.
PRIMEIRA LEITURA (Mq 5,1-4a) Leitura da Profecia de Miqueias.
Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de ti há de sair aquele que dominará em Israel... Deus deixará seu povo ao abandono, até ao tempo em que uma mãe der à luz; e o resto de seus irmãos se voltará para os filhos de Israel. Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor e com a majestade do nome do Senhor seu Deus; os homens viverão em paz, pois ele agora estenderá o poder até aos confins da terra e ele mesmo será a Paz.

AMBIENTE - Miqueias exerceu o seu ministério em Judá, nos sécs. VIII/VII a.C.. Conhece os problemas dos pequenos agricultores, vítimas de latifundiários. Por outro lado, um quadro de violência, de roubos, de impostos excessivos, de trabalhos forçados… O mais grave é que os opressores consideram que Deus está do seu lado e invocam as grandes tradições religiosas de Israel para justificar a opressão. O texto que nos é hoje proposto apresenta oráculos de salvação, destinados a animar a esperança do Povo.

MENSAGEM - O texto retoma as promessas messiânicas. Num quadro de injustiça e de sofrimento, o profeta anuncia a chegada de um personagem, no futuro, que reinará sobre o Povo de Deus. Esse personagem, enviado por Deus, será da descendência de Davi,  que poderá restaurar esse tempo de paz, de justiça e de abundância que o Povo conheceu na época do rei David. (“Ele será a Paz”) define a tranquilidade, ausência de violência e de conflito, Numa palavra, felicidade plena.

ATUALIZAÇÃO ♦ A missão de Jesus não passa pela instauração do trono político de David, mas sim pela proposta de um reino de paz e de amor no coração dos homens.
♦ Os cristãos são a comunidade que aceitou integrar esse “reino” de paz e de amor que Jesus veio propor. Devemos ser os continuadores na construção deste “Reino”.
♦ Apesar do egoísmo e do pecado, Deus continua a preocupar-se conosco para que encontremos a felicidade. A vinda de Cristo, Aquele que é “a Paz”, insere-se nesta dinâmica.

SALMO RESPONSORIAL / SI 79 (80).
Iluminai a vossa face sobre nós, Convertei-nos para que sejamos salvos!
• Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. / Vós que sobre os querubins vos assentais, /
 aparecei cheio de glória e esplendor! / Despertai vosso poder, ó nosso Deus, /
e vinde logo nos trazer a salvação!
• Voltai-vos para nós, Deus do universo! / Olhai dos altos céus e observai. /
Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; /
protegei-a e ao rebento que firmastes!
• Pousai a mão por sobre o vosso Protegido, / o filho do homem que escolhestes para vós! /
 E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! / Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome!

EVANGELHO (Lc 1,39-45)  Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.

AMBIENTE -  O texto faz parte do chamado “Evangelho da Infância”. Os estudos atuais falam do “Evangelho da Infância” como um gênero literário, que se pode chamar “homologese”: é um género que não pretende ser um relato fidedigno sobre acontecimentos, mas antes uma catequese destinada a proclamar as realidades salvíficas que a fé prega sobre Jesus (que Ele é o Messias, o Filho de Deus, o Deus conosco). Desenvolve-se em forma de narração e recorre às técnicas do midrash haggádico (uma técnica de leitura e de interpretação do Antigo Testamento usada pelos rabbis judeus na época em que foi escrito o Novo Testamento). A “homologese” utiliza, de preferência, tipologias: fatos e pessoas do Antigo Testamento encontram a sua correspondência em fatos e pessoas do Novo Testamento. Pelo meio, misturam-se elementos apocalípticos (aparições, anjos, sonhos), destinados a fazer avançar a narração e a explicitar as ideias teológicas e a catequese sobre Jesus. É esta mistura de elementos que podemos encontrar no Evangelho de hoje: mais do que uma informação “jornalística” sobre fatos concretos, trata-se de uma catequese sobre Jesus, feita a partir de um conjunto de referências tiradas das promessas do Antigo Testamento.

MENSAGEM - à saudação de Maria, o menino (João Batista) saltou de alegria no seio da mãe. Trata-se de uma indicação teológica: para Lucas, Jesus é o Deus que vem ao encontro dos homens, e a sua presença provoca alegria, pois vêem na chegada de Jesus a realização das promessas de um mundo de justiça, de amor, de paz e de felicidade para todos. Através de Jesus, Deus vai oferecer a salvação a todos; e isso provoca incontrolável alegria.
Temos, depois, a resposta de Isabel à saudação de Maria: “Bendita és tu entre as mulheres”. Trata-se de palavras que aparecem no “cântico de Débora” (cf. Jz 5,24) para celebrar Jael, a mulher que, apesar da sua fragilidade, foi o instrumento de Deus para libertar o Povo das mãos de Sísera, o opressor. Maria é, assim, apresentada – apesar da sua fragilidade – como o instrumento de Deus para concretizar a salvação/libertação dos homens.
Finalmente, temos a resposta de Maria: “a minha alma enaltece o Senhor…”. A resposta de Maria retoma um salmo de ação de graças (cf. Sl 34,4), destinado a dar graças a Jahwéh porque protege os humildes e os salva, apesar da prepotência dos opressores. É um salmo de esperança e de confiança, que exalta a preocupação de Deus para com os pobres que são vítimas da injustiça e da opressão. Sugere-se, claramente, que a presença de Jesus, através dessa mulher simples e frágil que é Maria, é um sinal do amor de Deus, preocupado em trazer a libertação a todos os que são vítimas da prepotência e da injustiça dos homens. Com Jesus, chegou esse tempo novo de libertação, de paz e de felicidade anunciado pelos profetas.

ATUALIZAÇÃO • A presença de Jesus é a concretização das promessas de salvação feitas por Deus ao seu Povo. Com Jesus, anuncia-se o fim  da opressão, da injustiça, de tudo aquilo que rouba e que limita a vida e a felicidade dos homens. Jesus tem por missão propor um mundo onde a justiça, os direitos humanos, a dignidade, a vida e a felicidade das pessoas são respeitados. Dizer que Jesus, hoje, nasce no nosso mundo significa propor esta mensagem libertadora e salvadora.
• O “estremecimento” de alegria de João Batista no seio de Isabel é o sinal de que o mundo espera com ânsia uma proposta libertadora.
• A proposta libertadora de Deus para os homens alcança o mundo através da fragilidade de uma mulher que aceita dizer “sim” a Deus. É através dos nossos limites e da nossa fragilidade que Deus alcança os homens e propõe o seu projeto ao mundo.
• Maria, após ter conhecimento de que vai acolher Jesus no seu seio, parte ao encontro de Isabel e fica com ela, solidária com ela, até ao nascimento de João. Acolher Jesus é estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades.
** As palavras de bênção, inspiradas pelo Espírito, dirigidas por Isabel a Maria, são prova do especial agrado de Deus pela Virgem. A salvação é fruto da fé na palavra de Deus: «Feliz aquela que acreditou no cumprimento das palavras do Senhor» (v.45; Lc 8, 19-21). É sempre Maria que precede e que, solicitamente se dá a todos, em tudo: a maior faz-se dom para a mais pequena
♦ A presença de Jesus neste mundo é a concretização das promessas de salvação e de libertação feitas por Deus ao seu Povo. Jesus tem por missão propor um mundo onde a justiça, a dignidade, a vida e a felicidade das pessoas são respeitadas. Dizer que Jesus, hoje, nasce no nosso mundo significa propor esta mensagem libertadora e salvadora.
♦ A proposta libertadora de Deus alcança o mundo através da fragilidade de uma mulher que aceita dizer “sim” a Deus. É através dos nossos limites e da nossa fragilidade que Deus alcança os homens e propõe o seu projeto ao mundo. 
♦ Maria, após acolher Jesus no seu seio, parte ao encontro de Isabel e fica com ela, solidária com ela, até ao nascimento de João; acolher Jesus é ir ao encontro dos irmãos, partilhar a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades.

SEGUNDA LEITURA (Hb 10,5-10) Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos: Ao entrar no mundo, Cristo afirma: “Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. Por isso eu disse: ‘Eis que eu venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade’”. Depois de dizer: “Tu não quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado” – coisas oferecidas segundo a Lei – ele acrescenta: “Eu vim para fazer a tua vontade”. Com isso, suprime o primeiro sacrifício, para estabelecer o segundo. É graças a esta vontade que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.

AMBIENTE - A “Carta aos Hebreus” é um texto anônimo, escrito pouco antes do ano 70 e destinado a uma comunidade cristã vindos do judaísmo. É uma comunidade onde o entusiasmo inicial parece ter esfriado e começa um real perigo de desvios doutrinais.
A “carta” é uma apresentação do mistério de Cristo, sublinhando a dimensão sacerdotal da sua missão. Recorrendo à linguagem litúrgica judaica, o autor apresenta Jesus como o “sumo sacerdote” da nova “aliança”, que faz a mediação entre Deus e os homens. Os crentes, por Cristo sacerdote, são inseridos nesse Povo sacerdotal e devem fazer da sua vida um contínuo sacrifício de louvor, de ação de graças e de amor.

MENSAGEM- No mundo vétero-testamentário, quem queria obter o perdão dos seus pecados, oferecia em sacrifício um animal. No entanto, a inutilidade destes sacrifícios tinha sido já afirmada pelos profetas (cf. Is 1,11-13; Jr 6,20; 7,22; Os 6,6; Am 5,21-25; Miq 6,6-8), porque se tratava de ritos externos, que nem sempre correspondiam a uma atitude sincera do coração do oferente.
Pondo na boca de Jesus as palavras de um salmista (cf. Sl 40,7-9), o autor da “Carta aos Hebreus” afirma que, no mundo da nova “aliança”, não é o sacrifício de animais que realiza a comunhão com Deus, o perdão dos pecados; é a encarnação de Jesus, a entrega total da vida do próprio Cristo, o seu respeito pelo projeto e pela vontade do Pai que permitem a aproximação e a relação do homem com Deus. Quem quiser descobrir o Pai e aproximar-se d’Ele, olhe para Jesus; porque Jesus ensinou-nos, com a sua obediência ao projeto do Pai, como deve ser essa relação de filiação com Deus.

ATUALIZAÇÃO • A encarnação de Jesus e o seu “eis-Me aqui, Pai” correspondem ao projeto de Deus de aproximar os homens de Si, de estabelecer com eles uma relação de filiação e de amor. No Natal, somos convidados a contemplar a ação de um Deus que ama de tal forma os homens que envia ao nosso encontro o Filho, a fim de nos conduzir à comunhão com Ele.
• O encontro com Deus não é feito a partir de rituais externos (as prendas, a comida, os cânticos, as procissões, as orações, as liturgias solenes, o incenso, os paramentos sumptuosos), mas é feito a partir de Cristo, o Filho que entrega a vida, a fim de que o projeto do Pai se torne presente na vida dos homens e de que os homens, aprendendo o amor e a entrega total, aceitem tornar-se “filhos de Deus”.
• O encontro com Cristo significa aprender com Ele a obediência e a disponibilidade ao projeto de Deus. Fonte: Dehonianos
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A Liturgia do advento nos apresenta várias pessoas que prepararam o povo para a vinda do Messias:
Jeremias, Baruc, Sofonias, Miquéias, João Batista...
Hoje aparece a figura privilegiada de uma MULHER que trouxe ao mundo o próprio Salvador.
Quem aguarda o Salvador não esquece sua mãe. Deus escolhe instrumentos humildes para realizar suas obras.

- O Deus grande e poderoso torna-se presente na pequena Belém, na pequena Maria, porque Deus escolhe o caminho da pequenez, da humildade, do serviço. É o estilo de Deus.

A 2ª Leitura Cristo se ofereceu ao Pai para cumprir a sua vontade: o valor da nossa existência, das nossas orações, dos nossos trabalhos se encontra no cumprir esta vontade. (Hb 10,5-10)

O Evangelho narra o encontro de duas Mães, que vibram de alegria com a realização das Promessas. (Lc 1,39-45)

- Após a Anunciação, em que deu o seu "SIM" a Deus, "Maria se põe a caminho... e vai às pressas à casa de Isabel".
  Maria nos ensina o melhor jeito de acolher: estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu encontro,
  partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades.

- "Logo que entrou, saudou Isabel" : "Shallon".
   Shallon sintetizava o conjunto dos bens prometidos por Deus ao Povo...  Maria era mensageira dessa "PAZ".
   * Em nossas VISITAS, procuramos levar a Paz?

- Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, compreendeu os acontecimentos  e exclamou com toda alegria: "Bendita és tu entre as mulheres..."
  Lembra as Palavras dirigidas a duas mulheres fracas e desconhecidas,
  Judite e Jael, de quem Deus se serviu para libertar seu povo. (Jt 13,18; Jz 5,24)
  * Maria é o instrumento de Deus para concretizar a salvação dos homens...

- "Donde me vem a honra de que a mãe do meu Senhor me visite?"
   Lembra palavras de Davi ao receber a Arca da Aliança em Jerusalém...
   Maria é a nova Arca da aliança, que traz a presença salvadora do Senhor no meio do povo.
   Davi exultou com a presença da arca da aliança...  Isabel exultou de alegria pela visita recebida...

    * Valorizamos as VISITAS recebidas? (ou toleramos?)
   O menino saltou de ALEGRIA no seio da mãe.  A presença de Jesus provoca a alegria nos que esperam a concretização das promessas de Deus e que vêem na chegada de Jesus a realização das promessas de um mundo
de justiça, de amor, de paz e de felicidade para todos os homens.

- "Bem aventurada és tu porque acreditaste..."
  É a primeira bem-aventurança que se encontra no Evangelho...
  Maria é bem aventurada porque confiou na Palavra de Deus. Aceitou também as conseqüências de seu consentimento: aparecer grávida perante José e o público, sem poder explicar o fato e provavelmente sem ser acreditada...
  Daí a sua alegria em casa de Isabel, ao ver-se compreendida por alguém...
 * Nem sempre é fácil acreditar nas promessas do Senhor...  Maria nos ensina que vale a pena confiar...

- Então Maria responde: "A minha alma enaltece o Senhor..."
É um Salmo de Ação de graças, porque Deus protege os humildes e os salva.
É um Salmo de Esperança e de Confiança, porque Deus se preocupa dos pobres.
Maria é um sinal do amor de Deus, preocupado em trazer a libertação a todos...
* Sabemos louvar e agradecer a Deus pelas maravilhas que Deus continua fazendo em nós?

- "Maria permaneceu... três meses... e voltou..."
  * Permanecemos o tempo apenas necessário com os amigos,  sem perder tempo e sem fazer perder tempo?

+ MARIA NOS ENSINA TRÊS COISAS:

1. Levar JESUS no coração:
   Maria levou a Isabel o que tinha de mais precioso: JESUS. Tinha-o em seu seio e o sentia crescer cada dia.
   * Preparar-se para o Natal significa fazer nascer Jesus em nosso coração e manifestá-lo com o nosso amor, com o nosso sorriso, com a nossa alegria.

2. A ALEGRIA de encontrar os amigos:
    Quando Maria e Isabel se encontraram, sentiram uma grande alegria.
   * Quando Jesus vive em nós, também nós podemos sentir mesma alegria ao nos encontrar com os amigos.

3. A CARIDADE em primeiro lugar:
   Maria "foi às pressas" a Isabel para se colocar a seu serviço.
   * Nesses dias que nos separam do Natal, também nós podemos fazer com alegria pequenos serviços para as pessoas que convivem conosco.

Com Maria, chegaremos até Belém...

Maria nos ensina o melhor jeito de acolher: estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu encontro, partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades.
 “Nesta noite de Natal, Estar diante Dele; não há nada mais do que Ele na branca imensidão. Ele é o Deus amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não procurá-Lo? Como perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa miséria pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.

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Uma Mulher
A Liturgia do advento nos apresenta várias pessoas que prepararam o povo para a vinda do Messias:
Jeremias, Baruc, Sofonias, Miquéias, João Batista...
Hoje aparece a figura privilegiada de uma MULHER que trouxe ao mundo o próprio Salvador.
Quem aguarda o Salvador não pode esquecer a sua mãe.

As Leituras bíblicas nos fazem sentir o clima do Natal. Deus escolhe instrumentos humildes para realizar suas obras.

Na 1a leitura, o profeta Miquéias fala do ambiente humilde onde irá nascer o Messias. (Mq 5,1-4a)

Israel, que vivia em guerras e exílio, tem esperança de que um dia um Messias congregará todos os povos na paz.
Ele não nascerá num cidade grande e importante com Jerusalém, mas num pequeno povoado desconhecido, Belém. Ele não sairá de uma família rica e poderosa, mas de uma família pobre e humilde, e agirá como um simples pastor.
O Deus grande e poderoso torna-se presente na pequena Belém, na pequena Maria, porque Deus escolhe o caminho da pequenez, da humildade, do serviço.

A 2ª Leitura afirma que Cristo se ofereceu ao Pai para cumprir a sua vontade: o valor da nossa existência, das nossas orações, dos nossos trabalhos se encontra no cumprir esta vontade. (Hb 10,5-10)

O Evangelho narra o encontro de duas Mães, que vibram de alegria com a realização das Promessas. (Lc 1,39-45)

- Após a Anunciação, em que deu o seu "SIM" a Deus, "Maria se põe a caminho... e vai às pressas à casa de Isabel".
  Maria nos ensina o melhor jeito de acolher:  estar atento às necessidades dos irmãos, partir ao seu encontro,
  partilhar com eles a nossa amizade e ser solidário com as suas necessidades.

- "Logo que entrou, saudou Isabel" : "Shallon".
   Shallon sintetizava o conjunto dos bens prometidos por Deus ao Povo...
   Maria era mensageira dessa "PAZ".
   * Em nossas VISITAS, procuramos levar a Paz?

- Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, compreendeu os acontecimentos  e exclamou com toda alegria: "Bendita és tu entre as mulheres..."
  Lembra as Palavras dirigidas a duas mulheres fracas e desconhecidas, Judite e Jael, de quem Deus se serviu para libertar seu povo. (Jt 13,18; Jz 5,24)
  * Maria é o instrumento de Deus para concretizar a salvação dos homens...

- "Donde me vem a honra de que a mãe do meu Senhor me visite?"
   Lembra palavras de Davi ao receber a Arca da Aliança em Jerusalém...
   Maria é a nova Arca da aliança, que traz a presença salvadora do Senhor no meio do povo.
   Davi exultou com a presença da arca da aliança...  Isabel exultou de alegria pela visita recebida...

    * Valorizamos as VISITAS recebidas? (ou toleramos?)

   O menino saltou de ALEGRIA no seio da mãe.  A presença de Jesus provoca a alegria nos que esperam a concretização das promessas de Deus e que vêem na chegada de Jesus a realização das promessas de um mundo
   de justiça, de amor, de paz e de felicidade para todos os homens.

- "Bem aventurada és tu porque acreditaste..."
  É a primeira bem-aventurança que se encontra no Evangelho...
  Maria é bem aventurada porque confiou na Palavra de Deus.
  Aceitou também as conseqüências de seu consentimento: aparecer grávida perante José e o público, sem poder explicar o fato e provavelmente sem ser acreditada...
  Daí a sua alegria em casa de Isabel, ao ver-se compreendida por alguém...
 * Nem sempre é fácil acreditar nas promessas do Senhor...
    Maria nos ensina que vale a pena confiar...

- Então Maria responde: "A minha alma enaltece o Senhor..."
É um Salmo de Ação de graças, porque Deus protege os humildes e os salva.
É um Salmo de Esperança e de Confiança, porque Deus se preocupa dos pobres.
Maria é um sinal do amor de Deus, preocupado em trazer a libertação a todos...
* Sabemos louvar e agradecer a Deus pelas maravilhas que Deus continua fazendo em nós?

- "Maria permaneceu... três meses... e voltou..."
  * Permanecemos o tempo apenas necessário com os amigos, sem perder tempo e sem fazer perder tempo?

+ MARIA NOS ENSINA TRÊS COISAS:

1. Levar JESUS no coração:  Maria levou a Isabel o que tinha de mais precioso: JESUS.
   Tinha-o em seu seio e o sentia crescer cada dia.
   * Preparar-se para o Natal significa fazer nascer Jesus em nosso coração e manifestá-lo com o nosso amor, com o nosso sorriso, com a nossa alegria.

2. A ALEGRIA de encontrar os amigos:
    Quando Maria e Isabel se encontraram, sentiram uma grande alegria.
   * Quando Jesus vive em nós, também nós podemos sentir mesma alegria ao nos encontrar com os amigos.

3. A CARIDADE em primeiro lugar:
   Maria "foi às pressas" a Isabel para se colocar a seu serviço.
   * Nesses dias que nos separam do Natal, também nós podemos fazer com alegria pequenos serviços para as pessoas que convivem conosco.

Com Maria, chegaremos até Belém...

                                               Pe. Antônio Geraldo

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HOMILIA DO PE. PEDRINHO

Meus irmãos e irmãs, nós estamos nos aproximando do aniversário de Jesus, dia do Natal. É evidente, que não é um aniversário comum, como qualquer outro. Este aniversário, o Natal, ele é carregado de significados. Ao celebrar o Natal do Senhor, Celebramos a graça de Deus, que habita entre nós. Para compreendermos melhor, é bom lembrarmos daquilo que o Antigo Testamento nos apresenta: Ele diz que Deus está nas alturas. De fato, o próprio Pai Nosso vai nos falar isto: “Pai nosso, que estais no Céu”. No creio, que rezaremos daqui a pouco, nos diz: ...E por nós, homens, e para nossa salvação, desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Então, na realidade, o ser humano, no Antigo Testamento, precisava se dirigir aos céus para entrar em comunicação com Deus. Deus é o inatingível. Aquele, por mais que eu queira, não consigo tocar. De tal maneira, que havia sempre um distanciamento entre o ser humano e Deus. O Salmista vai pedir a Deus que tome a iniciativa de vir ao encontro do ser humano. Voltai-vos para nós, Deus do universo! / Olhai dos altos céus e observai. / Visitai a vossa vinha e protegei-a!  É a graça. É Deus que volta o seu olhar para o ser humano. Aliás, por  várias vezes, este movimento de Deus será relatado: “Eu vi, eu ouvi e Eu desci para salvar o meu povo” livro do Êxodo. Então, o que é a graça de Deus? É Deus, que gratuitamente, volta o seu olhar para a humanidade. O profeta Miquéias vai dizer: virá o momento em que isto, de fato, vai acontecer e Ele governará todas as nações. Ele virá de Belém. Belém significa casa do pão. Ora, não é atoa, que Jesus vai tomar um pão, partir e dizer: Tomai e comei; isto é o Meu Corpo. Porque Jesus vai realizar esta profecia de Miquéias, trazendo para nós a Eucaristia. Veja como é interessante: na sua graça infinita, Ele vai se tornar um de nós; é o nascimento, é o Natal e vai permanecer conosco para sempre. Ao mesmo tempo, que vamos Celebrar sua volta para o Céu, a Ascensão do Senhor, Celebramos Jesus que permanece entre nós em cada Celebração Eucarística (Missa). A graça de Deus chega ao ápice com Deus se esvaziando de si mesmo e se tornando homem, já que o homem não consegue se tornar Deus. Esta é a graça de Deus.
Na carta aos hebreus nós vamos lembrar de algo que Jesus realizou e assim se tornou, para sempre, no meio de nós. É o Deus conosco. Do que estou falando? No Antigo Testamento era preciso oferecer um animal, que era queimado, para que a fumaça pudesse subir até Deus e junto com a fumaça, nós enviávamos nossas orações, já que Deus está nas alturas. Aí, Jesus diz: agora, não é mais necessário, porque eu vim fazer a vontade de Deus, que é permanecer no meio do povo. Alguém poderia dizer: por que então, utilizamos incenso na Celebração? É para indicar uma solenidade, mas não é a fumaça que leva a Deus as nossas orações, mas é o encontro com o irmão. É aí que vamos ver o encontro de Maria com Isabel: O Senhor vai ao encontro das pessoas. Olha que maravilha! Através de Maria. Isto o Evangelho deixa claro: “como é que a Mãe do meu Senhor venha me visitar? Quando chegou, o Menino estremeceu no meu ventre.” Deus, agora, como homem, passa a visitar os outros. É este o sentido maior do Natal, por causa de Jesus Cristo. É evidente, que a Igreja incentiva este encontro de família, incentiva uma comemoração, agora, sempre com simplicidade. Veja que o encontro entre Maria e Isabel é algo comum e corriqueiro. São duas comadres se encontrando, duas pessoas que se querem bem. Então, não é necessário, como dizia ontem um jornal, que esta festa custa onze mil reais. Não precisa disto. Isto é bobagem. Se pensar bem, não precisa nem mesmo de comida. O encontro é fundamental. Somos chamados ao exemplo de Maria: ter a iniciativa de ir ao encontro das pessoas. Isto é celebrar o Natal. Estou  falando isto, porque daqui a alguns dias iremos Celebrar o Natal, esta graça de Deus. Como seria bom, se pudéssemos ajudar as pessoas a reconhecer, pelo nosso encontro, a presença de Jesus. Nós levamos Jesus às pessoas. De que maneira? Na Eucaristia.  Por que celebramos todos os domingos? É a mesma e única Celebração. Ela se realiza uma única e eterna vez.
Que Deus nos ajude a Celebrar o Natal com todo o seu significado.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO – Diocese de Santo André – SP


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HOMILIA DE D. HERNRIQUE SOARES

Pai, “Tu não quiseste vítima nem oferenda”, aquelas do Templo, aquelas vítimas simplesmente rituais, “mas formaste-me um corpo”, tu me fizeste humano, deste-me uma natureza humana! Não foram do teu agrado os sacrifícios de animais irracionais, os ritos meramente formais, “por isso eu disse: ‘Eis que eu venho! Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade’”. Eis o primeiro aspecto que nos é dado hoje meditar! O Filho eterno, igual ao Pai, Deus igual a Deus, luz gerada pela luz, por puro amor, por pura obediência ao Pai que tanto nos amou, dignou-se fazer-se homem! Sem deixar de ser Deus verdadeiro, ele realmente se tornou homem verdadeiro, em tudo igual a nós, menos no pecado. Mas, como pode? Como é possível? Aquele que é a luz, assumiu a escuridão humilde do seio materno; Aquele que abarca o universo, foi abarcado pelo útero de uma Virgem; Aquele que é a Palavra eterna do Pai, passou nove meses no silêncio da gestação! Como pode ser? Num mundo que se contenta com mentirinhas, com fábulas, mitos e lendas, eis uma realidade que nos deixa maravilhados! E tudo isso por nós, para nossa salvação, para nos elevar! Ele veio viver em tudo nossa aventura humana, em tudo, nossas angústias, em tudo, nossas procuras, em tudo, nosso sonho de ser felizes! “É graças a esta vontade que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas!”. O Filho eterno, fazendo-se um de nós, assumindo nosso corpo, isto é, nossa humanidade, nossa história, nossas limitações, foi homem perfeito, perfeitamente dedicado ao Pai, perfeitamente obediente, perfeitamente abandonado nas mãos do Pai, e, assim, nos salvou, mereceu-nos o perdão para a humanidade que Adão havia estragado!
 “Tu, Belém de Éfrata, pequenina entre os mil povoados de Judá, de tu sairá aquele que dominará em Israel; sua origem vem de tempos remotos, desde os dias da eternidade. Ele não recuará, apascentará com a força do Senhor e com a majestade do nome do Senhor seu Deus… ele estenderá o poder até aos confins da terra, e ele mesmo será a Paz!” Ó Santo Messias, nossa paz, rei eterno! Bendito sejas para sempre porque vieste!
Mas, há mais, no Mistério deste IV Domingo! Além do “sim” eterno e divino do Filho que disse “ó Pai, eis que eu venho para fazer tua vontade”, nas montanhas da Galiléia, em Nazaré, um outro “sim” ecoou: o sim de uma criaturazinha frágil, o sim apaixonado e total à proposta inaudita de Deus: “Gabriel, vai dizer Àquele que te enviou que eu sou a Serva, que se faça conforme a tua palavra!” Que mistério tão impenetrável, que inteligência alguma humana poderá compreender plenamente! O sim do Filho eterno somente realizou-se no nosso mundo graças ao sim de uma pobre Virgem de Nazaré! Como pode o Criador depender da criatura? Que mistério tão grande o plano eterno de Deus depender de nós! A Virgem disse sim: sim total, sim sem condições, sim absoluto, sim sem reservas, sim de corpo e alma! E, depois do sim, ela corre para a região montanhosa de Judá, para ver o sinal que o anjo havia dado: a parenta idosa e estéril havia concebido! Como a arca da aliança, contendo as tábuas da Lei, foi transportada para a região montanhosa de Judá (cf. 2Sm 6,1-8), também Maria, contendo em si Aquele que é a nova Lei, vai para a região de Judá, como Davi admira-se e exclama: “Donde me vem que a arca do meu Senhor fique em minha casa?” (2Sm 6,9) Isabel também derrama-se em júbilo admirado: “Donde me vem que a Mãe do meu Senhor venha visitar-me?” Como a arca ficou três meses na casa de Obed-Edom (cf. 2Sm 6,11), a Virgem ficou três meses na casa de Isabel! Que projeto admirável de Deus, que sim tão bonito da Virgem! Quanta generosidade, quanta fé, quanta entrega, quanto abandono!
Ó Virgem toda santa e toda pura! Obrigado pelo teu sim, obrigado pelo sim que é eco no tempo do sim que o Filho pronunciou na eternidade! Como poderíamos te saudar, ó Toda Santa? Saudamos-te como a Escritura nos ensina: saudamos-te Cheia de Graça, saudamos-te Bendita entre as mulheres, saudamos-te Arca da Aliança, saudamos-te Mãe do Senhor, saudamos-te portadora do Salvador, saudamos-te Causa da nossa alegria, saudamos-te Esposa do Espírito, saudamos-te Bendita por ter acreditado! Saudamos-te assim, Mãe de Jesus, e toda a saudação do mundo ainda seria pouca para exprimir a grandeza do teu sim e nossa gratidão pela tua disponibilidade! Ensina-nos, Virgem Maria, a dizer o sim como tu disseste; ensina-nos a tornar nossa vida disponível ao plano do Senhor; ensina-nos a viver em nós a obediência do Filho, como tu viveste!
Mas, há ainda um terceiro aspecto do Mistério que é necessário ponderar. É da Belém pequenina entre os mil povoados de Judá que sairá o Dominador de Israel; é de uma Virgem pobre, frágil e humilde que virá o Salvador, aquele que “estenderá o poder até aos confins da terra”. Deus é assim: onde não há vida, onde não há esperança, onde não há grandeza aos olhos do mundo, ele faz a vida brotar, a esperança surgir, a grandeza aparecer! Não é esta uma das maiores lições do Natal? Um Deus que escolhe o caminho da fraqueza, da pobreza, da humildade, da debilidade? Convertamo-nos ao modo de agir de Deus, tão distante dos nossos modos magalomaníacos, dos nossos projetos grandiloqüentes! Para nossa vergonha e confusão, para nossa conversão, é preciso dizer sem medo: Deus não está primeiro no que é forte, mas no que é fraco; Deus não está antes no que é potente, mas no que não pode nada; Deus não está na riqueza, mas na pobreza; Deus não está em cima, mas embaixo; Deus não está com os vencedores, mas com os vencidos; Deus não está com os que riem pelas glórias do mundo, mas com os que choram porque se sentem sós, pisados, humilhados e triturados pela vida!
Ó Santo Messias, converte-nos pela graça do teu bendito Advento! Converte-nos com as lições do teu Natal! Ajuda-nos a cantar, com a tua Mãe Santíssima, que enches os pobres de bens, que dispersas sem nada os ricos, que exaltas os humilhados e humilhas os soberbos! Ó Santo Messias, pelas preces da Toda Santa e de São José, seu castíssimo esposo, pelas preces de todos os santos pobres e humildes do mundo, dá-nos a graça do teu Natal, a certeza da tua presença e a vida eterna. Amém.
 D. Henrique Soares da Costa
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA: (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Alegres aguardamos o renascer de Jesus em nossos corações.
- Senhor, nosso Deus e Pai, nós vos louvamos pela felicidade que nos dais com a vinda de vosso Filho.  Desde o começo do mundo vos revelastes como Deus de amor e por meio dos profetas alimentastes nossa esperança de nos enviar o Salvador. Pai, que o renascer de vosso Filho entre nós, nos transforme E que a tua paz se estenda até aos confins da terra.
T: Alegres aguardamos o renascer de Jesus em nossos corações.
-  Senhor, nosso Deus, bendito seja o Vosso nome sobre em todo o universo. Grande é vosso amor nos enviando vosso Filho para nos guiar ao Vosso Reino. Pai, agradecemos pela vida, pelo batismo e pela esperança da vida eterna.
T: Alegres aguardamos o renascer de Jesus em nossos corações.
-  Senhor, enviai o Espírito Santo sobre nós, para que nos transformemos e tenhamos coragem de levar vosso nome a todos que não vos conhecem ou que vos abandonaram. Que o Cristo que renasce seja luz de justiça, de paz, de amor  para todos os povos.
T: Alegres aguardamos o renascer de Jesus em nossos corações.
- PAI NOSSO... Paz... Cordeiro de Deus


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Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ

Esta semana fiz uma visita a uma pessoa da comunidade onde trabalho, e que se encontra hospitalizada há algumas semanas. Entrando no quarto onde ela estava, encontrei-a dormindo. Por um momento hesitei se a acordava ou não. Mas considerando que não seria possível voltar lá noutro momento, arrisquei e decidi interromper o seu descanso. Toquei levemente na sua mão e, parecendo estar aguardando alguém, abriu os olhos imediatamente, e sem acreditar no que estava vendo foi tomada de uma grande surpresa. Entre sorrisos e lágrimas, beijou a minha mão e, com muita emoção, exclamou: “Meu padre, não mereço essa visita”. Não encontrei palavras para responder, pois a emoção também me fisgou, mas não posso negar que foi uma das melhores preparações para contemplar a cena do evangelho deste 4º Domingo do Advento: Maria, que com a sua presença, anuncia a chegada do tão grande esperado. 
Geralmente pensamos o advento como tempo de espera, de preparação, de aguardo. Mas a palavra pode ser também compreendida como chegada, visita. Muitas de nossas experiências são marcadas profundamente por este aparente paradoxo: esperar por aquilo que já está presente. Para uma mãe que aguarda o seu filho nascer, a expectativa é grande, ela deseja ansiosamente que este momento chegue. Mas o seu filho tão aguardado não virá de longe, não é um ausente, pois está já dentro dela. Um doente que em alguns momentos faz a experiência da angustiante solidão de um quarto de hospital ou mesmo em casa, não vê a hora de ser liberado o momento da visita para receber os seus parentes, amigos e conhecidos. Contudo, só será capaz de suportar a ausência se a esperança de ver alguém chegar for fortalecida pela certeza de ser amado; tal experiência deve ser sempre cultivada no presente, ainda que se viva em expectativa.
Como sabemos, Lucas com peculiar maestria escreveu o seu evangelho a partir do testemunho de pessoas que vivenciaram muitos dos acontecimentos que ele relata (“Conforme no-los transmitiram os que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da Palavra”, cf. Lc 1,2). Porém, o seu valioso trabalho não foi recolher fotografias para compor um álbum, pois ficaria apenas com a aparência dos fatos, nem muito menos memorizar informações para depois transcrevê-las de modo frio e mecânico. Mas cada cena apresentada pelo evangelista é verdadeiramente algo a ser contemplado, e não simplesmente uma ideia para ser assimilada. Portanto, a visita de Maria a Isabel nos coloca num horizonte vastíssimo, que transcende as regiões montanhosas da Judeia e alcança toda a história de Israel e todas as expectativas da humanidade. O tema da visita de Deus marca a grande expectativa do povo de Israel no Antigo Testamento. Porém, o Deus que vem visitar o seu povo está sempre presente cuidando do seu rebanho (Ex 3,16: “De fato, vos tenho visitado...”). No Novo Testamento, o tema retorna com mais força ainda, pois testemunha que a visita de Deus se dá com o Profeta Jesus: “Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo” (Lc 7,16). 
A cena da visitação nos apresenta as características dessa visita de Deus a seu povo. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, “visitar” é mais do que “ir ver”. Dentre as várias possibilidades de tradução (hebraico: paqad; grego episkeptomai), o verbo traduzido por visitar tem conotação de cuidar, intervir em benefício de alguém, verificar, escolher. Portanto, eis as características da visita (presença cuidadora) de Deus evidenciadas no encontro das duas mães:
“Maria pôs-se a caminho às pressas”: Deus vem ao nosso encontro constantemente. Ele mesmo toma a iniciativa e abre caminho, não espera que o acaso favoreça, mas decididamente (às pressas) não perde tempo, pois todo tempo é tempo de fazer-se presente. Ainda que nos tire do nosso comodismo, nos desperte do nosso sono para percebermos a sua presença.
“Maria saudou Isabel... e Isabel ficou repleta do Espírito Santo”: Não se diz o conteúdo da saudação de Maria, pois saudação (desejo de bens) não se reduz a palavras bonitas, mas exige atitudes de solidariedade, pois não só Isabel se alegra ao ouvir, mas a criança no seu ventre testemunha a presença Daquele cuja vinda ele mesmo anunciará. 
“Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite”: Se a visita não for expressão de gratuidade, tornar-se-á uma obrigação que esvazia e torna pesado o encontro. A visita de Deus é sempre surpreendente, apesar de desejada, contudo não pode ser exigida. Será sempre um grande bem oferecido, jamais um favor atendido. 
“Bendita és tu (mãe). Bendita a que acreditou (crente)”: As duas grandes bem-aventuranças de Maria, proclamadas por Isabel, sintetizam o que representa o seu ser “Serva do Senhor”. Como Mãe, prestou o grande serviço a Deus acolhendo-o no seu ventre e nos seus braços (viveu sob seus cuidados: visitar é “ter cuidado com”), como Crente presta o grande serviço à humanidade, que vive momentos de solidão por falta de fé. Pois só a fé testemunha a certeza de uma presença: “É uma posse antecipada do que se espera” (Hb 11,1).
“Maria exclamou: Minha alma engrandece... Meu espírito exulta...”: Visita é sempre motivo de alegria, pois a presença que nos preenche ajuda-nos a fazer a experiência da superação da solidão, o que nos leva naturalmente à gratidão. Contudo, a gratidão não pode ser apenas ao visitante pela sua gentileza e cordialidade. Se assim o fosse, tudo estaria terminado com uma despedida, retornando à situação anterior de vazio. Mas a vivência de uma verdadeira visita permite ao visitante e ao visitado unirem-se de tal forma que os bens ora compartilhados tornam-se motivos para a grande gratidão. Gratidão perene Àquele que quer ser o nosso permanente hóspede e, portanto, mesmo na ausência de todos, alegra-nos com a sua presença. Pois nos favorece sempre o seu advento.