Festa da sagrada família Tempo do
Natal – 2018
(Adaptado pelo Diácono Ismael P.S.) –
SÍNTESE:
TEMA: A família cristã: Amar a Deus e ao próximo,
sobretudo os pais e familiares.
Primeira
leitura: Algumas atitudes que os
filhos devem ter para com os pais.
Evangelho: A família cristã constrói-se no respeito
pelo projeto que Deus tem para cada pessoa.
Segunda
leitura: O amor deve se manifestar em cada gesto no Homem
Novo em atitudes de compreensão,
de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.
PRIMEIRA LEITURA (Eclo 3,3-7.14-17a) Leitura do Livro Eclesiástico.
Deus honra o pai nos
filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai,
alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração
quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. Quem
honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos; e, no dia em que orar,
será atendido. Quem respeita o seu pai, terá vida longa, e quem obedece ao pai
é o consolo da sua mãe. Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes
desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura
ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida:
a caridade feita a teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus
pecados e, na justiça, será para tua edificação.
AMBIENTE
O livro de
Ben-Sirac (também chamado “Eclesiástico”) pretende apresentar uma reflexão de
caráter prático sobre a arte de bem viver e de ser feliz. Estamos no início do
séc. II a.C., numa época em que o helenismo tinha começado o seu trabalho
pernicioso, no sentido de minar a cultura e os valores tradicionais de Israel.
Jesus Ben-Sira, o autor deste livro, avisa os israelitas para não deixarem
perder a identidade cultural e religiosa do seu Povo. Procura, então,
apresentar uma síntese da religião tradicional e da sabedoria de Israel,
sublinhando a grandeza dos valores judaicos e demonstrando que a cultura
judaica não fica a dever nada à brilhante cultura grega.
MENSAGEM
O texto
apresenta uma série de indicações práticas que os filhos devem ter em conta nas
relações com os pais. Uma palavra sobressai: o verbo “honrar”. Ele leva-nos ao
decálogo do Sinai (cf. Ex 20,12), onde aparece no sentido de “dar glória”. “Dar
glória” a uma pessoa é dar-lhe toda a sua importância; “dar glória aos pais” é,
assim, reconhecer a sua importância como instrumentos de Deus, fonte de vida.
Ora, reconhecer que os pais são a fonte, através da qual Deus nos dá a vida,
deve conduzir à gratidão; e essa gratidão tem consequências a nível prático.
Implica ampará-los na sua velhice e não os desprezar nem abandonar; implica
assisti-los materialmente quando já não podem trabalhar (cf. Mc 7,10-11);
implica não fazer nada que os desgoste; implica escutá-los, ter em conta as
suas orientações e conselhos; implica ser indulgente para com as limitações que
a idade traz. Dado o contexto da época em que Ben-Sira escreve, é natural que,
por detrás destas indicações aos filhos, esteja também a preocupação com o
manter bem vivos os valores tradicionais, esses valores que os mais antigos
preservam e que passam aos jovens. Como recompensa desta atitude de “honrar” os
pais, Jesus Ben-Sira promete o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a
atenção de Deus.
ATUALIZAÇÃO
♦ Apesar
da preocupação moderna com os direitos humanos e o respeito pela dignidade das
pessoas, a nossa civilização cria, com frequência, situações de abandono e de
marginalização, cujas vítimas são, muitas vezes, aqueles que já não têm uma
vida considerada produtiva, ou aqueles a quem a idade ou a doença trouxeram
limitações. Que motivos justificam o desprezo e abandono daqueles a quem
devemos “honrar”?
♦ É
verdade que a vida de hoje é muito exigente a nível profissional e que nem
sempre é possível a um filho estar presente ao lado de um pai que precisa de
cuidados ou de acompanhamento especializado. No entanto, a situação é muito
menos compreensível se o afastamento de um pai do convívio familiar resulta do
egoísmo do filho, que não está para “aturar o velho”…
♦ O
capital de maturidade e de sabedoria de vida que os mais idosos possuem é
considerado por nós uma riqueza ou um estorvo à nossa modernidade?
SALMO RESPONSORIAL / SI 127 (128)
Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!
• Feliz és tu, se
temes o Senhor / e trilhas seus caminhos!/ Do trabalho de tuas mãos hás de
viver, / serás feliz, tudo irá bem!
• A tua esposa é uma
videira bem fecunda / no coração de tua casa; / os teus filhos são rebentos de
oliveira / ao redor de tua mesa.
• Será assim abençoado
todo homem / que teme o Senhor. / O Senhor te abençoe de Sião / cada dia de tua
vida.
EVANGELHO (Lc 2,41-52) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Os pais de Jesus iam
todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze
anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da Páscoa,
começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que
seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia
inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o
tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o
encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo
perguntas. Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua
inteligência e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e
sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e
eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu: “Por que me
procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” Eles, porém, não
compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus pais
para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas
estas coisas. E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e
diante dos homens.
AMBIENTE
O
“Evangelho da infância” não é fazer uma reportagem sobre os primeiros anos da vida
de Jesus, mas uma catequese sobre Jesus; nessa catequese, diz-se quem é Jesus e
apresentam-se algumas coordenadas teológicas que vão, depois, ser desenvolvidas
no resto do Evangelho. A “catequese” de hoje situa-nos em Jerusalém. A Lei
judaica pedia que os homens de Israel fossem três vezes por ano a Jerusalém,
por alturas das três grandes festas de peregrinação (Páscoa, Pentecostes e
Festa das Tendas – cf. Ex 23,17-17). Ainda que os rabinos não considerassem
obrigatória esta lei até aos treze, muitos pais levavam os filhos antes dessa
idade. Jesus tem doze anos e, de acordo com o texto de Lucas, foi com Maria e
José a Jerusalém celebrar a Páscoa. É neste ambiente de Jerusalém e do Templo
que Lucas situa as primeiras palavras pronunciadas por Jesus no Evangelho. Elas
são, sem dúvida, o centro do nosso relato.
MENSAGEM
“Por que me procuráveis? Não sabíeis que Eu
devia estar na casa de meu Pai?” O significado (a catequese) da resposta à
pergunta de Maria é que Deus é o verdadeiro Pai de Jesus. Daqui deduz-se
que as exigências de Deus são, para Jesus, a prioridade fundamental, que
ultrapassa qualquer outra exigência. A sua missão vai obrigá-lo a romper os
laços com a própria família (cf. Mc 3,31-35). É possível que haja ainda, aqui,
uma referência à paixão/morte/ressurreição de Jesus: tanto o episódio de hoje,
como os fatos relativos à morte/ressurreição, são situados num contexto pascal;
em ambas as situações Jesus é abandonado – aqui por Maria e José e, mais
tarde, pelos discípulos – por pessoas que não compreendem que a sua prioridade
é o projeto do Pai; em ambas as situações, Jesus é procurado (cf. Lc 24,5) e
tem de explicar que a finalidade da sua vida é cumprir aquilo que o Pai tinha
definido (cf. Lc 24,7.25-27.45-46). Lucas apresenta aqui a chave para entender
toda a vida de Jesus: Ele veio ao mundo por mandato de Deus Pai e com um
projeto de salvação/libertação. Àqueles que se perguntam porque deve o Messias
percorrer determinado caminho, Lucas responde: porque é a vontade do Pai.
Foi para cumprir a vontade do Pai que Jesus veio ao nosso encontro e
entrou na nossa história.
ATUALIZAÇÃO
♦ Para
Jesus, a prioridade é o projeto de Deus, o plano que Deus tem para cada pessoa.
♦ Maria e
José não fizeram cenas diante da resposta “irreverente” de Jesus. Aceitaram que
o jovem Jesus não lhes pertencia exclusivamente: Ele tinha a sua identidade e a
sua missão próprias.
SEGUNDA LEITURA (Cl 3,12-21) Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.
Irmãos, vós sois
amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera
misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportandovos uns aos
outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o
Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. Mas, sobretudo, amai-vos uns aos
outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Que a paz de Cristo reine em
vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede
agradecidos. Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós.
Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos
vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de
graças. Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor
Jesus Cristo. Por meio deles dai graças a Deus, o Pai. Esposas, sede solícitas
para com vossos maridos, como convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e
não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois
isso é bom e correto no Senhor. Pais, não intimideis os vossos filhos, para que
eles não desanimem.
AMBIENTE
Paulo
estava na prisão (possivelmente em Roma, anos 61/63) quando escreveu aos
colossenses. Algum tempo antes, Paulo havia recebido notícias pouco animadoras
sobre a comunidade de Colossos. Essas notícias falavam da perigosa tendência de
alguns doutores locais, que ensinavam doutrinas errôneas e afastavam os
colossenses da verdade do Evangelho. Essas doutrinas misturavam práticas
legalistas, práticas ascéticas, especulações sobre os anjos e achavam que toda
esta mistura confusa de elementos devia completar a fé em Cristo e comunicar
aos crentes m conhecimento superior dos
mistérios cristãos e uma vida religiosa mais autêntica. Sem refutar essas
doutrinas de modo direto, Paulo afirma a absoluta suficiência de Cristo e
assinala o seu lugar proeminente na criação e na redenção dos homens.
MENSAGEM
Em termos
mais concretos, viver como “homem novo” implica cultivar um conjunto de
virtudes que resultam da união do cristão com Cristo: misericórdia, bondade,
humildade, paciência, mansidão. Lugar especial ocupa o perdão das ofensas
do próximo, a exemplo do que Cristo sempre fez. Estas virtudes são exigências e
manifestações da caridade, que é o mais fundamental dos mandamentos cristãos:
tais exigências resultam da íntima relação do cristão com Cristo; viver “em
Cristo” implica viver, como Ele, no amor total, no serviço, na disponibilidade
e no dom da vida. Às mulheres, recomenda o respeito para com os maridos; aos
maridos, convida a amar as esposas, evitando o domínio tirânico sobre elas; aos
filhos, recomenda a obediência aos pais; aos pais, com intuição pedagógica,
pede que não sejam excessivamente severos para com os filhos, pois isso pode
impedir o desenvolvimento normal das suas capacidades. É desta forma que, no
espaço familiar, se manifesta o Homem Novo, o homem que vive segundo Cristo.
ATUALIZAÇÃO
♦ Viver
“em Cristo” implica deixar que ele se manifeste em gestos concretos de bondade,
de perdão, de compreensão, de respeito pelo outro, de partilha, de serviço.
Esse amor traduz-se numa atenção contínua àquele que está ao nosso lado, às
suas necessidades e preocupações, às suas alegrias e tristezas.
♦ As
mulheres não gostam de ouvir Paulo pedir-lhes a “submissão” aos maridos… No
entanto, não devem ser demasiado severas com Paulo: ele é um homem do seu
tempo, e não podemos exigir dele a mesma linguagem com que, nos nossos dias,
falamos destas coisas. Apesar de tudo, convém lembrar que Paulo não se esquece
de pedir aos maridos que amem as mulheres e não as tratem com aspereza: sugere,
desta forma, que a mulher tem, em relação ao marido, igual dignidade.
Fonte:
Dehonianos
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HOMILIA
DO PE. PEDRINHO
Irmãos e imãs, hoje celebramos a festa da Sagrada Família. A partir da
Sagrada Família somos convidados a contemplar sobre as nossas
responsabilidades. É evidente, que dentro da Celebração Eucarística, não dá
para a gente tratar no sentido sociológico. Teríamos aí, uns doze modelos de família
para ser falado. Eu tentarei abordar um pouco, a família que temos de fé e a
maneira como a Igreja entende a família, como sendo, a igreja doméstica.
Capítulo 1 do Livro do Gênesis vai nos dizer: Façamos o homem à nossa imagem e
semelhança. Homem e mulher Ele os criou. Então, a imagem do Deus Criador não é
somente o homem, não é somente a mulher, mas os dois juntos. Por isso, para
nós, que temos fé no Deus vivo e verdadeiro, no Deus Criador, que chamamos de
Pai, sabemos que Deus é Pai, é Filho e é Espírito, entretanto, ao se tratar do
Deus Criador é o Deus Pai. de fato, apresentamos o homem e a mulher como a
imagem de Deus. Para nós que cremos em Deus, o homem não é melhor que a mulher
e a mulher não é melhor que o homem. Os dois juntos trazem o rosto, a imagem,
da semelhança do Deus Criador. Por isso, casar-se na igreja significa: queremos
ser a imagem do Deus Criador. Aí o porque quem se casa na igreja tem o firme
propósito de gerar filhos. Um casal que se casa na igreja e diz: não quero
filhos, no mínimo, não entendeu o que significa casar-se na igreja. Estou
falando casar na igreja. Porque o casamento é um direito natural, que se não
casar na igreja, tem o direito de outros meios. Quem se casa na igreja pretende
ser um sinal do Deus Criador. Deus é criador porque ele gera, ele cria. “ah, eu
não quero ter filhos”; não quero ser a imagem do Deus Pai. Pode ser imagem do
Deus Filho se tornando padre ou freira. “não, eu não quero ser imagem do Deus
Filho”. Então, vai ser imagem do Deus Espírito, vai semear o amor no mundo.
Ninguém precisa se casar ou ser padre ou freira para ser feliz. Por isso, no
Batismo fazemos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, para depois a
pessoa escolher qual é a imagem da Pessoa da Trindade Santa que quer ser
imagem. Ora, a idéia de pai e mãe, marido e mulher, casal, vem do Antigo
Testamento, onde o Pai é visto como sinal de Deus no mundo e a mãe é vista como
a sabedoria de Deus no mundo. Então, cabe a mãe transmitir todos os valores
éticos, morais, religiosos para a prole, para os filhos. Cabe ao pai garantir a
justiça, a harmonia, a igualdade, entre os filhos. Cabe aos filhos trabalhar. É
interessante observar que não há um melhor que o outro, mas uma divisão de
trabalho, onde cada um tem a sua responsabilidade. Honrar, significa por em
prática o que ele lhe ensina. Por isso, cuidar dos pais, porque aquilo que você
ensina é o que eles vão fazer. Honrar, significa por em prática o que eu
aprendi. Ora, diz aqui na primeira leitura: Quem
honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido
na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta
tesouros. A maneira como os filhos tratam os pais, ela se dá conta se cumpriu
sua parte ou não. O Antigo Testamento tem uma visão muito clara sobre a função,
a responsabilidade de cada um. Mesmo que o seu pai esteja perdendo a lucidez,
procure ser compreensivo com ele. Perder a lucidez é diferente de não ter
juízo. É importante isso. Tem muito pai e muita mãe que não tem juízo. Aí, é
preciso chamar a atenção. Perder a lucidez, é alguém que não consegue mais
coordenar bem as suas ideias. Às vezes vem filho acompanhando os pais e
dizendo: “o animalzinho está atacando ele”. Como se diz, é Alzheimer e nós
também podemos ter isso. Não tenha vergonha de seus pais, porque eles perderam
a lucidez. Não tenha vergonha, mas orgulho dos pais. É um processo, que na
medida que vem a idade, é preciso de cuidados especiais. Agora, aqui vem um
ponto importante: a segunda leitura vai dizer, que Jesus abriu a nossa compreensão
sobre a família. Jesus vai nos ajudar a entender quem é a família. “sua mãe e
seus irmãos estão aí fora te chamando”. “Quem é minha mãe, quem é meus irmãos”?
Todo aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu pai, minha mãe e meu irmão.
Então, Jesus ampliou a idéia de família. A família não é só do sangue humano,
mas agora, somos todos irmãos de sangue, porque comungamos do mesmo cálice.
Assim, Jesus acaba nos ajudando, que a idéia modelo de família permanece na
igreja. Deus é o grande Pai. A Igreja se torna a grande Mãe, que nos ajuda, nos
educa, a partir da vontade de Deus e nós todos somos irmãos. Não existe um
melhor e outro pior, um mais importante e um menos importante; todos nós somos
importantes. Qual é a imagem de Deus? Felipe, quem me vê, vê o Pai. Jesus se
torna para nós a imagem de Deus feito homem. É importante compreender isto, que
na comunidade eu acabo aprendendo a suportar uns aos outros, perdoar uns aos
outros, agir com misericórdia, com harmonia, com concórdia, sobretudo com amor.
É aqui que vamos aprender aquilo que a família é chamada a desempenhar na
sociedade: ser um sinal de Deus Criador. Como é que as pessoas devem se
comportar. E, sobretudo, diz a carta aos colossenses: é o amor que vai ser o
grande sinal. Nós sabemos que a família tem enfrentado uma crise tremenda e é
evidente, que cada vez mais as reportagens falem disso, da dupla jornada da
mulher. Claro, não há crítica alguma a mulher trabalhar fora de casa, mas isto
é uma opção que deve ser muito bem pesada, ponderada. Por que? Porque nem
sempre temos a necessidade daquele salário extra. Ninguém vai ficar feliz,
vendo o filho passar privação e vai, mesmo, procurar resolver o problema. Mas,
toda escolha traz consequência. Muitas vezes, não é suprir a necessidade, mas
valorizar o dinheiro. Veja bem! O Antigo Testamento diz que as família viveram
do Maná, viveram de codornizes, viveram de leite e mel. Leite e mel é uma
delícia! Mas, experimente comer isto uma semana inteira. Você vai ver que é
insuportável. Só para dizer que as famílias enfrentaram dificuldades. Home, nem
sempre, os dois saírem para trabalhar é para resolver dificuldades. Às vezes
porque se valoriza mais o dinheiro e ao terceirizarmos a educação dos filhos,
acabamos mostrando que o mais importante é o dinheiro. E, aí, quando os pais
deixam de ganhar o dinheiro, porque se aposentam, eles deixam de ser importante
e os filhos também deixam de ver importância e terceirizam, mandando-os para o
asilo, assim como eles foram para a escolinha, porque não tinham quem os cuidassem.
Então, é importante isso. Na medida que os avós vão perdendo a lucidez, é
preciso ajudar os filhos a respeitar, ajudar os netos a respeitar, porque nós
também vamos perder a lucidez. Se hoje eles não têm poder econômico. Eles têm
um patrimônio de vida para garantir a nossa existência. Sem os avós não
existiriam os netos. Então, entre apoiar os avós e apoiar os filhos, é preciso
harmonizar os dois. Nenhum é mais importante. Ambos são importantes. Estou
mostrando qual é a nossa
responsabilidade: ajudar aqueles que perderam Jesus na sua vida a repetir os
gestos de Maria e de José. Maria e José perderam Jesus. O que eles fizeram?
Voltaram atrás. Procuraram por três dias e encontraram Jesus no Templo. E,
quando Maria perguntou: por que fizestes isto? – ué, você não sabia que eu
deveria estar na casa de meu Pai? quantas famílias já perderam Jesus ao longo
de sua caminhada, mas não quiseram voltar atrás. Ajuda-las para que possam
encontrar Jesus na COMUNIDADE. Porque é na comunidade que podemos nos orientar,
enfrentando os desafios que a sociedade coloca para nossas famílias. Não existe
família cem por cento santa. Não existe família cem por cento perdida. Existe
famílias desorientadas. É preciso, cada vez mais, nos empenharmos e ajuda-las a
descobrir os verdadeiros valores. Certamente o grande e maior valor é encontrar
Jesus. Vamos continuar rezando por nossas famílias, pelas famílias que têm
buscado a felicidade, mas que têm se equivocado.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
PE.
PEDRINHO – Diocese de Santo André - SP
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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Estamos em clima de festas natalinas,
porém a liturgia nos recorda constantemente que o centro de toda a vida da
Igreja é o Mistério Pascal de Cristo, que ilumina toda a sua vida e missão.
Portanto, nada da vida de Jesus pode ser compreendido senão à luz da sua morte
e ressurreição. Pois estes são os acontecimentos fundamentais da revelação de
que Ele é o Filho de Deus, nascido numa família humana na plenitude dos tempos
para salvar a humanidade (Gl 4,4). A Festa da Sagrada Família, muito bem
situada na Oitava do Natal, evidencia ainda mais a verdade da encarnação. De
fato, o Verbo Eterno assumiu a nossa condição de humanos, e nada mais humano do
que uma família. Por isso, Ele, mesmo sendo Eterno Deus, tomou para si a nossa
carne, compartilhando de tudo o que é nosso: “Pois Ele mesmo foi provado em
tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15).
O evangelho proclamado nesta festa (Ano C) é a última parte da
longa introdução que Lucas faz nos dois primeiros capítulos do seu evangelho a
fim de anunciar os grandes temas que tratará ao longo da sua obra. Geralmente
os exegetas chamam esses dois primeiros capítulos de “Evangelhos da Infância”.
Um gênero literário que, à luz dos acontecimentos da paixão, morte e
ressurreição de Jesus, ajuda a reler os fatos da sua infância, dando-lhes um
caráter profético; uma vez compreendidos na sua profundidade, anunciam que o
Messias esperado, o descendente de Davi, nascido em Belém, é o Cristo morto e
ressuscitado. Como o evangelho não é uma biografia de Jesus, mas o anúncio
alegre daquilo que Ele ensinou e realizou como Filho de Deus feito homem, não
podemos simplesmente ler estes acontecimentos da sua infância como um mero
“diário de bordo”, nem muito menos concebê-los como um registro fotográfico de
fatos distantes da sua tenra idade. Por isso, esses dois primeiros capítulos só
têm sentido se nos ajudarem a ler todo o evangelho. Por outro lado, só a
veracidade da paixão, morte e ressurreição de Jesus nos ajudará a reconhecer a
verdade desses acontecimentos narrados por Lucas no princípio do seu evangelho.
O primeiro e fundamental tema evocado
nessa perícope é a Páscoa: “Seus
pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa”. A Lei
obrigava a “três vezes ao ano todo varão comparecer diante de Javé” (Festa da
Páscoa, Semanas e Tendas: Dt 16,16). Ainda que a cada ano se dirigissem a
Jerusalém para cumprir este preceito, esta vez se reveste de uma caráter todo
especial: “Quando
o menino completou doze anos”. Na tradição dos judeus, o menino e a
menina quando atingem esta idade (precisamente 12 anos para a menina e 13 para
o menino) devem passar pela cerimônia judaica do Bar Mitzvah (filho do
mandamento) que marca a passagem de um garoto à vida adulta. A partir dessa
idade, ele assume sua maioridade religiosa e passa a ter responsabilidades
perante sua comunidade e suas tradições. Antes da festa, por período que pode
chegar a um ano, o garoto estuda a língua hebraica e a Torá. Na cerimônia, ele
realiza sua primeira leitura pública de um texto sagrado. Daí a admiração de
José e Maria quando encontram o seu filho entre os doutores, não apenas lendo,
mas interrogando-os. A admiração é também dos doutores da Lei e “todos que o ouviam ficavam
extasiados com a sua inteligência e as suas respostas”.
O evangelista não diz o conteúdo da
discussão. Porém, não seria forçoso pensar que o tema da páscoa estivesse no
centro dos debates. Mais adiante, no relato da Transfiguração de Jesus, Lucas é
o único a especificar sobre o que o Mestre, Moisés e Elias (representantes da
Torá e dos Profetas) conversavam: “Falavam de sua partida (grego: Êxodos) que
iria se consumar em Jerusalém” (Lc 9,30-31). Portanto, a Páscoa para Lucas não
é simplesmente o memorial da saída do Egito, mas a realização plena da ação
libertadora de Deus em favor do seu povo que se dá justamente no final do
evangelho quando Jesus realiza a sua páscoa: “Desejei ardentemente comer esta
páscoa convosco” (Lc 22,15).
Como a comunidade dos discípulos passa a angústia de sua ausência por três dias entre a sua morte e ressurreição, assim também Maria e José antecipam esta experiência pascal de morte e vida, de perda e reencontro, quando retornando de Jerusalém se dão conta que o menino Jesus não está com eles e apenas “três dias depois o encontraram no Templo”. Assim como a morte e a ressurreição de Jesus tornam-se a chave de interpretação de toda a Escritura: “E, começando por Moisés e por todos os profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito”, a experiência pascal de José e Maria tornou-se momento de revelação da missão do seu Filho: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”. Contudo, afirma Lucas: “eles não compreenderam a palavra que ele lhes dissera”, pois há um longo caminho pela frente a ser percorrido que exige mais do que tentativa de compreensão. É necessário ter atitudes de confiança, obediência (escuta da Palavra) para reconhecer quem é Jesus. Enquanto não se faz o seu caminho até a cruz e ressurreição, estaremos sujeitos a perdê-lo de vista. Ainda que a aflição tome o nosso coração pela constatação de o termos perdido, a decisão de retomar o caminho de busca nos fará perceber que ele está próximo e caminha conosco, abrindo nossos olhos e aquecendo o nosso coração, a fim de que prossigamos a nossa estrada “com grande alegria” (Lc 24,52). Que tanto a experiência pascal de Maria e José, como a dos discípulos de Emaús nos convençam de que é possível reencontrar o Senhor!
Como a comunidade dos discípulos passa a angústia de sua ausência por três dias entre a sua morte e ressurreição, assim também Maria e José antecipam esta experiência pascal de morte e vida, de perda e reencontro, quando retornando de Jerusalém se dão conta que o menino Jesus não está com eles e apenas “três dias depois o encontraram no Templo”. Assim como a morte e a ressurreição de Jesus tornam-se a chave de interpretação de toda a Escritura: “E, começando por Moisés e por todos os profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito”, a experiência pascal de José e Maria tornou-se momento de revelação da missão do seu Filho: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?”. Contudo, afirma Lucas: “eles não compreenderam a palavra que ele lhes dissera”, pois há um longo caminho pela frente a ser percorrido que exige mais do que tentativa de compreensão. É necessário ter atitudes de confiança, obediência (escuta da Palavra) para reconhecer quem é Jesus. Enquanto não se faz o seu caminho até a cruz e ressurreição, estaremos sujeitos a perdê-lo de vista. Ainda que a aflição tome o nosso coração pela constatação de o termos perdido, a decisão de retomar o caminho de busca nos fará perceber que ele está próximo e caminha conosco, abrindo nossos olhos e aquecendo o nosso coração, a fim de que prossigamos a nossa estrada “com grande alegria” (Lc 24,52). Que tanto a experiência pascal de Maria e José, como a dos discípulos de Emaús nos convençam de que é possível reencontrar o Senhor!
Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ.
MOMENTO
DE LOUVOR:(Diáconos ou Ministros da Palavra):
LOUVOR:
(QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O
Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, nosso Deus...
- Com
Jesus, na força do Espírito Santo, louvemos ao PAI:
T:
Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
1- Deus, nosso Pai, nós vos bendizemos pelo vosso amor nos enviando seu
Filho único para nos guiar ao Vosso Reino. Somos o vosso povo e sois o nosso
Deus.
T:
Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
2- Senhor, vosso Filho nos acolheu em uma só família. “que todos sejam um, como eu e tu somos um”,
nos disse Ele. Pai sabeis de nossa limitação; enviai-nos o Espírito Santo para
que sejamos transformados e possamos ter mais amor por aqueles que estão junto
de nós.
T:
Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
3- Senhor, obrigado pela minha vida, obrigado pela minha família,
obrigado por ter uma comunidade onde eu posso crescer no amor a Vós e ao irmão.
Pai, olhai pela minha família e vinde sempre em nosso auxílio.
T:
Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
4- Senhor, que possamos imitar o vosso filho e procurar fazer a vossa
vontade. Muitas vezes colocamos nossas necessidades na frente da vossa vontade,
ou mesmo esquecemos de vosso projeto e queremos fazer só os nossos. Pai,
iluminai-nos nos vossos caminhos.
T:
Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
Pai
nosso.... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...