2º
DOMINGO DO TC C 2016 (Adaptado pelo Diácono Ismael)
Sinopse:
Tema: “Fazei tudo o que
Ele vos disser.” A liturgia de hoje apresenta O
casamento como imagem de amor que Deus estabeleceu com o seu povo. A relação de amor que Deus (o marido)
estabeleceu com o seu Povo (a esposa).
A primeira leitura
o amor de Deus continuamente renova a relação e transforma a esposa.
Evangelho: no
contexto de um casamento Jesus apresenta aos homens o Pai que os ama, e que com
o seu amor os convoca para a alegria e a felicidade.
A segunda leitura fala dos “carismas” – dons, através
dos quais o amor de Deus continua a manifestar-se. É na comunidade que o amor
de Deus se manifesta através da diversidade de dons e carismas. Amando,
perdoando, auxiliando, você está sendo o instrumento de Deus agindo em seu
povo.
LEITURA I – Is 62,1-5 Leitura do Livro
do Profeta Isaías.
Por amor de Sião não me calarei, por
amor de Jerusalém não descansarei, enquanto não surgir nela, como um luzeiro, a
justiça e não se acender nela, como uma tocha, a salvação. As nações verão a
tua justiça, todos os reis verão a tua glória; serás chamada com um nome novo,
que a boca do Senhor há de designar. E serás uma coroa de glória na mão do
Senhor, um diadema real nas mãos de teu Deus. Não mais te chamarão Abandonada,
e tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será Minha Predileta e tua
terra será a Bem-Casada, pois o Senhor agradou-se de ti e tua terra será
desposada. Assim como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposam;
e como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria de teu Deus.
AMBIENTE Trito Isaías: Jerusalém pós-exílica. Esperam a restauração
do Templo com uma Jerusalém nova, outra vez bela e cheia de “filhos”, que viva,
finalmente, em paz.
MENSAGEM - A imagem do amor do marido pela esposa é uma imagem feliz do
imenso amor de Deus pelo seu Povo. Deus que não esquece o seu amor e que,
apesar das falhas da esposa no passado, continua a amar.
ATUALIZAÇÃO ♦O amor de Deus está sempre lá, à espera, de forma gratuita,
convidando ao reencontro; e esse amor gera vida nova, alegria, festa, felicidade
em todos.
♦Viver em relação com o Deus/amor
implica também dar testemunho.
SALMO RESPONSORIAL (Sl
95[96])
Cantai ao Senhor Deus um canto
novo, / manifestai os seus prodígios entre os povos!
• Cantai ao Senhor Deus um
canto novo, / cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! / Cantai e bendizei seu
santo nome!
• Dia após dia anunciai sua
salvação, / manifestai a sua glória entre as nações / e entre os povos do
universo, seus prodígios!
• Ó família das nações, dai ao Senhor, / ó
nações, dai ao Senhor poder e glória, / dai-lhe a glória que é devida ao seu
nome! / Oferecei um sacrifício nos seus átrios.
• Adorai-o no esplendor da
santidade, / terra inteira, estremecei diante dele! / Publicai entre as nações:
“Reina o Senhor!”, / pois os povos ele julga com justiça.
EVANGELHO – Jo 2,1-11 Naquele tempo,
houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava presente. Também
Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. Como o vinho
veio a faltar, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. Jesus
respondeu-lhe: “Mulher, porque dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”.
Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele vos disser”. Estavam
seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam
fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros. Jesus disse aos que
estavam servindo: “Enchei as talhas de água”. Encheram-nas até a boca. Jesus
disse: “Agora tirai e levai ao mestre-sala”. E eles levaram. O mestre sala
experimentou a água, que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha,
mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água. O
mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: “Todo mundo serve primeiro o
vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos
bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora!” Este foi o início dos sinais
de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus
discípulos creram nele.
AMBIENTE o autor apresenta Jesus e o seu programa. O episódio
pertence à categoria dos sinais. Apresentar o programa de Jesus: trazer à
relação entre Deus e o homem o vinho da alegria, do amor e da festa.
MENSAGEM A antiga “aliança”: tornou-se uma relação seca, sem alegria,
sem amor e sem festa, que já não potencia o encontro amoroso entre Israel e o
seu Deus. Esta realidade de uma “aliança” estéril e falida é representada pelas
“seis talhas de pedra destinadas à purificação dos judeus”.
O número seis evoca a imperfeição, o incompleto; a “pedra” evoca as tábuas de pedra
da Lei do Sinai e os corações de pedra de que falava o profeta Ezequiel
(cf. Ez 36,26); a referência à “purificação” evoca os ritos e exigências
da antiga Lei que revelavam um Deus susceptível, zeloso, impositivo, que guarda
distâncias: Deus terrível…
As talhas estão “vazias”, porque era inútil: não
servia para aproximar o homem de Deus.
A “mãe”: ela
“estava lá”, pertence à boda; se apercebe da situação (“não têm
vinho”): representa o Israel fiel e infeliz.
O “chefe de mesa”: os dirigentes judeus que não se
apercebem que a antiga “aliança” caducou.
Os “serventes” são os que colaboram com o Messias.
Jesus: é a Ele que o Israel fiel (a
“mulher”/mãe) se dirige no sentido de dar nova vida a essa “aliança” caduca;
mas o Messias anuncia que é preciso deixar cair essa “aliança” onde falta o
vinho do amor (“que temos nós com isso?”).
A obra de Jesus é apresentar a novidade quando chegar a
“Hora” (a “Hora” é, em João, o momento da morte na cruz lição do amor total de Deus).
O episódio das “bodas de Caná” anuncia o programa de Jesus:
trazer à relação entre Deus e os homens o vinho da alegria, do amor e da festa.
Este programa – que Jesus vai cumprir paulatinamente ao longo de toda a sua
vida – realizar-se-á em plenitude no momento da “Hora” – da doação total por
amor.
ATUALIZAÇÃO ♦Quando a relação com Deus fica apenas em ritos externos, de
regras e de obrigações, a religião torna-se insuportável. Ora, Jesus veio
revelar-nos Deus como um Pai bondoso e terno, que fica feliz quando pode amar
os seus filhos. É esse o “vinho” que Jesus veio trazer para alegrar a
“aliança”: o “vinho” do amor de Deus, que produz alegria e que nos leva à festa
do encontro com o Pai e com os irmãos.
♦O que é que mostramos aos outros: a
alegria ou a tristeza de nossa religião?
♦Com qual dos personagens da “boda” nos
identificamos: com o chefe, comodamente instalado numa religião estéril, vazia
e hipócrita, com a “mulher”/mãe que pede a Jesus que resolva a situação, ou com
os “serventes” que vão fazer “tudo o que Ele disser” e colaborar com Jesus no
estabelecimento da nova realidade?
LEITURA II – 1 Cor 12,4-11 Leitura da Primeira Carta
de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, há diversidade de dons, mas um
mesmo é o Espírito. Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. Há
diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos.
A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum. A um é dada
pelo Espírito a palavra da sabedoria. A outro, a palavra da ciência segundo o
mesmo Espírito. A outro, a fé no mesmo Espírito. A outro, o dom de curas no
mesmo Espírito. A outro, o poder de fazer milagres. A outro, profecia. A outro,
discernimento de espíritos. A outro, falar línguas estranhas. A outro,
interpretação de línguas. Todas estas coisas as realiza um único e mesmo
Espírito, que distribui a cada um conforme quer.
AMBIENTE - “Carisma” é certos
“dons especiais” concedidos pelo Espírito a determinadas pessoas em benefício
da comunidade. Criavam individualismo e divisão na comunidade. É a este
problema que Paulo procura responder.
MENSAGEM - Paulo deixa claro que, apesar da diversidade, todos eles se
reportam ao mesmo Deus. Mais: cada um dos crentes possui o Espírito e,
portanto, de diversos modos e medidas, recebe “carismas”. Esses “carismas” não
sejam usados de forma egoísta, mas ao serviço do bem comum. Não faz sentido
discutir qual é o “carisma” mais importante. Também não faz sentido que os
possuidores de “carismas” se considerem “iluminados” e se confrontem com o resto
da comunidade. Faz ainda menos sentido considerar que há cristãos de primeira e
cristãos de segunda… É o mesmo Deus uno e trino que a todos une; a comunidade
tem de ser o espelho dessa comunidade divina, da comunidade trinitária.
ATUALIZAÇÃO - ♦ A comunidade cristã tem de ser o
reflexo da comunidade trinitária.
♦ somos todos membros de um único corpo,
com diversidade de funções e de ministérios. A diversidade de “dons” não pode
ser um fator de divisão ou de conflito, mas de riqueza para todos. Os “dons”
que Deus nos concede são sempre postos ao serviço do bem comum e não servem
para nos autopromover.
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Filosofando
À ESCUTA DA PALAVRA. - A água é um elemento vital. Mas é um elemento simples e
comum. A água encontra-se na natureza, não precisa de ser fabricada. O vinho é
fruto da vinha, mas também do trabalho do homem.
Jesus manda encher as talhas de água, a água que é símbolo
da nossa vida ordinária, de todos os dias. Jesus toma esta água ordinária para
a transformar com a força do Espírito Santo. Toma a nossa vida, com as nossas
alegrias, amores, conquistas, nossos tédios, os nossos dias sem gosto e sem
cor, os nossos fracassos e mesmo os nossos pecados, também eles ordinários. E
aí, Ele “trabalha-nos” pelo seu amor para fazer brotar em nós a vida que tem o
sabor do vinho do Reino.
OUTRO ÂNGULO DAS bodas de Caná :
Caná à é verbo = ADQUIRIR.
Casamento = no antigo Testamento
significa = Aliança de Deus com a humanidade.
Quem é o Noivo? = Deus (Jesus) -
Quem é a Noiva? = o povo, (representada por Maria).
Quem são os convidados? – Jesus,
discípulos ...
Qual casa que tem 6 talhas, cada
uma de mais ou menos 100
litros ? – só um lugar. É o templo.
Água = é o símbolo da vida biológica, o que sustenta a vida.
Vinho = vida plena. Vinho novo = plenitude, abundância (que só se
dá após a morte) (e a plenitude de Jesus se dá no alto da cruz.)
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Vida = vida plena = plenitude,
abundância.
O batismo é para o cristão é a primeira
morte. Adquire vida nova. Somos transformados de água em vinho; vida plena. E
ao passarmos pela morte, nos tornamos vinho novo, plenitude, abundância.
- Não será o batismo a festa de
casamento de Caná? Onde somos adquiridos por Deus?
- O Mestre sala = o batizando. É ele
que experimenta o vinho novo. É o discípulo amado.
- Jo 19,28-30 - No primeiro
milagre Jesus pede água e transforma em
vinho.
Na cruz, pede água. O que trazem?
Vinagre. É Vinho estragado. Vinho estragado é morte, deterioração, vida
“sem graça”. O que Jesus pode fazer? – nada. “Tudo está consumado”.
- No primeiro milagre, pede água,
manifesta sua glória e seus discípulos; “creram nele”. Agora, diz tenho sede e
lhe dão vinagre. Não tem jeito; tudo está consumado.
- No primeiro caso, Maria diz; “eles
não têm MAIS vinho”. Se Maria é a noiva e representa o povo, o que Maria lhe
diz na cruz? – Não tem Mais vinho. Deixaram estragar tudo. E não tem mais as talhas de cem litros. Apenas
um baldinho com vinho azedo, estragado; vinagre; molham uma esponja e lhe dão; “tudo está consumado”!
-
Se não tiver a festa, estraga tudo e sobra vinagre. Aí danou tudo; tudo
está consumado. Todo domingo celebramos, festejamos
o Dia do Senhor. É na Eucaristia que se dá a grande festa, a grande
transformação. (na apresentação dos dons, quando se coloca água no vinho,
rezamos: “pelo mistério desta água e deste vinho, que a nossa humanidade possa
participar da glória de vosso Filho e nos sirva de mérito para nossa salvação”.
Aquela gotinha de água simboliza toda a humanidade, que é colocada no vinho que
se torna o sangue de Jesus).
-
O mestre sala somos nós que podemos
experimentar o Vinho Novo, a Vida nova.
Antes, quando Maria lhe diz que não tem
mais vinho, Jesus lhe diz: “o que queres que eu faça, não chegou a minha hora”.
Agora, na hora certa, na cruz, Jesus lhe dá o discípulo amado.
Maria é a nova Eva, Maria é a noiva, Maria é o povo, Maria é a Igreja.
O casamento quem faz é o Pai. Casamento
é o pacto entre Deus e a humanidade.
Jesus veio fazer a vontade do Pai. Ele
é o convidado a executar a obra.
Sua primeira coisa a fazer, segundo
Marcos, é ser batizado no Jordão; Faz a
conversão para Deus. É o grande convidado. O noivo é o batizando, o que experimenta
o vinho novo. Quem cria o casamento e a festa é o Pai. O casamento se dá na cruz.
Caná significa adquirir. Na cruz onde
somos adquiridos.
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Em Caná
Após
as festas natalinas, inicia o Tempo Comum, em que revivemos os principais
Mistérios da Salvação.
Com
a imagem do CASAMENTO, a liturgia
apresenta a relação de amor, que Deus (o marido) estabeleceu com o seu Povo (a
esposa).
Nossa
alegria
é saber que Deus garante a alegria dessa festa.
Na
1ª
Leitura, a imagem do CASAMENTO
revela a profunda união que existe entre Deus e a Humanidade. (Is 62,1-5)
Deus
se casou com o seu Povo. Ele é o Esposo e Israel, a Esposa.
Deus
é eternamente fiel, a esposa às vezes se afasta de Deus e vai atrás de outros
amores, adora outros deuses.
A 2ª
Leitura fala dos "carismas", dons, através dos quais o
amor de Deus continua a se manifestar. (1Cor
12,4-11)
Como
sinais do amor de Deus, eles destinam-se ao bem de todos.
É
essencial que na comunidade cristã se manifeste, apesar da diversidade de
membros e de carismas, o amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O Evangelho
fala das Bodas de Caná. (Jo 2,1-11) Aí
Jesus realiza o primeiro milagre, "Sinal" de uma realidade
mais profunda: mostrar aos homens o Pai, que os ama, e os convoca para a
alegria e a felicidade plenas.
A
festa do Reino já está acontecendo. Jesus é o Noivo, que já está no mundo, para
celebrar o casamento de Deus com a humanidade.
O CENÁRIO DO CASAMENTO reflete o contexto da
"ALIANÇA" entre Israel e o seu Deus.
A
essa "aliança", em certo momento, vem a faltar o vinho. O
"vinho" é símbolo do amor entre o esposo e a esposa, da alegria e da
festa.
Constata-se
que a antiga "aliança" tornou-se uma relação seca, sem alegria, sem
amor e sem festa, que já não
proporciona
o encontro amoroso entre Israel e o seu Deus.
Esta
realidade de uma "aliança" estéril e falida é representada pelas "seis talhas de pedra destinadas à
purificação dos judeus". - O número seis evoca a imperfeição, o
incompleto;
-
a "pedra" evoca as tábuas de pedra da Lei do Sinai e os
corações de pedra de que falava o profeta Ezequiel;
-
a referência à "purificação" evoca os ritos e exigências da
antiga Lei que revelavam um Deus impositivo, que guarda distâncias.
Um Deus assim pode-se temer, mas não amar...
-
As talhas estão "vazias" porque todo este aparato era inútil e
ineficaz: não servia para aproximar o homem de Deus, mas sim para o afastar
desse Deus difícil e distante.
-
As "Bodas de Caná sem vinho" representam a situação do povo,
desiludido e insatisfeito. O amor foi substituído pela observância da lei...
- "Façam tudo o Ele disser":
Agora Jesus fará
a passagem do Antigo para o Novo. E o novo é melhor...
OS PERSONAGENS apresentados:
-
A "Mãe":
é Previdente: nota primeiro o
problema; "não têm mais vinho".
É Providente:
aponta um caminho: Cristo...
É Perseverante:
não desiste diante da aparente indiferença de Jesus:
-
O "Chefe
de mesa": representa os dirigentes judeus, que não percebem
que a antiga "Aliança" já caducou.
-
Os "Serventes"
são os que colaboram com o Messias, que estão dispostos a fazer tudo "o que ele disser" para que a "Aliança" seja
revitalizada.
- JESUS: é a Ele que o Israel fiel
(a "mulher"/mãe) se dirige no sentido de dar nova
vida a essa "aliança" caduca.
A obra de Jesus não será preservar as
instituições antigas, mas realizar uma profunda "transformação"...
Ele veio trazer à relação entre Deus e os
homens o vinho da alegria, do amor e da festa...
Isso acontecerá quando chegar a "Hora".
Jesus acolheu o pedido da mãe... e a alegria
continuou até o fim da festa...
+
As Bodas continuam... e somos também convidados...
Quando
a relação com Deus se resume num jogo complicado de ritos externos, de regras e
de obrigações que é preciso cumprir, a religião torna-se um pesadelo
insuportável que tiraniza e oprime.
Jesus
veio nos revelar Deus como um Pai bondoso e terno, que fica feliz quando pode
amar os seus filhos.
É
esse o "vinho" que Jesus veio trazer para alegrar a
"aliança": o "vinho" do amor de Deus, que produz alegria e
que
nos leva à festa do encontro com o Pai e com os irmãos.
-
A nossa "religião" é um encontro com o Jesus, que nos dá o vinho do
amor?
-
O que os nossos olhos e os nossos lábios revelam aos outros: a alegria que brota de um coração cheio de
amor, ou o medo e a tristeza que brotam
de uma religião de leis e de medo?
+
Com que personagem das "Bodas" nos identificamos?
- com o chefe de mesa, comodamente
instalado numa religião estéril e vazia,
- com a "mulher"/mãe que
pede a Jesus que resolva a situação,
- ou com os "serventes" que
vão fazer "tudo o que ele disser" e colaborar com Jesus no
estabelecimento da nova realidade?
Pe. Antônio
Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho
Meus
irmãos e irmãs, hoje temos dois casais celebrando vinte e cinco anos de vida
matrimonial. Em momento oportuno, iremos dar a benção para todos os casais
presentes, porque hoje celebramos, neste segundo domingo do tempo comum, a
bodas de Caná. Se quisermos comtemplar a boda de Caná, nós vamos verificar que
Jesus realiza o que foi prometido pelo profeta Isaías. Isaías diz com muito
clareza: por amor de Sião, não me calarei. Por amor a Jerusalém não descansarei
enquanto não surgir nela o luzeiro da justiça e não se acender nela uma tocha
salvação. Então, Deus promete restaurar a Justiça e salvar a humanidade. Ele,
Deus, na primeira leitura diz: Eu farei isto, porque amo a humanidade, como a
donzela é amada pelo seu noivo, assim Eu
amo toda a humanidade. Então, veja, que a imagem do amor de Deus se traduz na
imagem do amor de um casal. Amor, salvação,
justiça: eu afirmo que somente Deus ama plenamente, pratica a justiça
plenamente e salva plenamente as pessoas. Por mais que eu queira ser justo, por
mais que eu queira salvar o irmão, por mais que eu ame alguém, eu não farei
isto com a mesma plenitude, perfeição de Deus. Por isso, sem Deus em nossa
vida, não somos capazes de amar plenamente, praticar a justiça plenamente, salvar plenamente as pessoas. Agora, como
estar com Deus, se Deus é inatingível? É aí que nós dizemos: Deus amou tanto o
mundo, que envia o seu Filho para que o mundo possa conhece-lo. Já que eu não
consigo chegar até Deus, Deus veio ao nosso encontro. Isto acontece na pessoa
de Jesus de Nazaré. Portanto, quando nós ouvimos a boda de Caná, é bom nós
ampliarmos a nossa visão. Não se trata de um casamento qualquer, e nem um
mágico, que transforma água em vinho. É algo muito mais profundo. Quem vai até
Caná, na Galiléia, vai perceber que lá existem escavações, estudos arqueológicos,
que comprovam, que naquele local, a cidade se reunia para celebrar as suas
festas. Cidade, relativamente pequena, as casas sem acomodação, de forma então,
era costume, um casamento, um aniversário, qualquer coisa, era costume celebrar
naquele local. Se quiséssemos falar na linguagem de hoje, diríamos era um
“Buffet”, onde as pessoas se encontram, porque não há espaço em casa, é muito
mais prático organizar um local. Nós também sabemos, que organizando em casa ou
em outro local, quem é que sabe a quantidade a ser servida na festa? Só quem está muito por dentro desta festa. Um
convidado não vai saber o quanto tem ainda para ser servido. Só quem ajudou a
organizar a festa é que sabe isto. E, Nossa Senhora chega para Jesus e diz:
eles não tem mais vinho. Então, ela é alguém que está muito a par da
organização desta festa. O Evangelho nos dá outra informação importante:
somente sabiam da procedência do vinho que foi servido, quem estava servindo os
convidados. Tanto é que Nossa Senhora sabe, porque é ela quem manda: obedecer e
fazer tudo o que Jesus falar. Aqueles que tiraram a água sabem, porque estavam
servindo na festa. Primeira coisa, para eu saber de onde vem o vinho oferecido
por Jesus, eu sou chamado a servir. Se eu não servir, eu não saberei a procedência
deste vinho. Nem o mestre sala sabia. Nem os donos da festa, os noivos, mas só
que estava servindo.
Ora,
existe um segundo dado importante: Nossa Senhora disse: faça tudo o que Ele vos
disser. Portanto, se eu quiser saber a procedência do vinho, eu sou convidado a
me por em serviço e fazer tudo o que Jesus me pede. O que Ele me pede?
Continuar aquilo que Ele iniciou. O que Ele iniciou? Ele inaugura o Reino de
Deus, onde você tem o amor, a justiça e a salvação.
Ora,
o vinho que Jesus oferece, ninguém pode fazer um igual. Não é apenas pegar as
uvas, tratar, fermentar... não. Este é um vinho que só Ele tem a disposição.
Tomou o cálice com vinho e disse: Tomai e bebei: isto é meu sangue. Não é
qualquer vinho. É um vinho ofertado por Jesus. E, Ele disse: já não mais
beberei do fruto da videira, até que vamos beber juntos no Reino dos Céus.
Portanto, o vinho que Ele oferece é uma Celebração, um sinal, do Reino de Deus.
Aliás, o próprio João Evangelista vai dizer: este foi o primeiro sinal, que Ele
realizou em Caná da Galiléia. Sinal é uma palavra que também significa Milagre.
Sinal vem da palavra semente. É uma semente que foi plantada, para que as
pessoas possam cultivá-la. A semente plantada é a fé, que deve ser cultivada. O
Batismo é uma semente. O matrimônio é uma semente. Os sacramentos são sementes
para serem cultivados. Milagre vem da palavra Flesch, luz, para que você possa
enxergar com mais nitidez, mais clareza. Por isso, o gesto de Jesus é para que
seja plantada a fé nas pessoas. João Evangelista vai dizer: este milagre foi
feito para que os discípulos pudessem acreditar. Por que ele tira Maria? Porque
Nossa Senhora já acreditou, desde o momento da sudação do anjo. Este sinal é
para que nós, seus discípulos, possam crer em Jesus. Ora, quem crê, fará o que
Ele manda. O que Ele manda, é que possamos, de fato, junto com Ele, participar
do seu Reino. Então, somos convidados, além do serviço, além de crer, colocar a
disposição para o trabalho. Aí é que entra a segunda leitura, onde diz, que
cada um tem o seu dom e cada um motivado pelo Espírito Santo, para realizar
estes dons. Ora, então, sou chamado a realizar a Justiça, o amor e a salvação. Não importa se vou ou não
conseguir cem por cento. O importante é o tentar ser justo, tentar amar, tentar
salvar o irmão de qualquer que seja a sua necessidade.
Então,
cada vez que eu participo da Celebração Eucarística (missa), eu participo deste
boda, onde Deus estabelece a sua aliança com o povo, onde sou alimentado por
este vinho que não existe em lugar nenhum, porque Ele é oferecido por Jesus. É
o vinho que me ajuda a Celebrar o Reino de Deus, é o vinho que me leva para a
vida eterna. Jesus diz: quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida
eterna e eu o ressuscitarei no último dia.
Celebrar
este pão e este vinho, é celebrar o que nos leva à eternidade. Tanto o batismo,
eucaristia ou qualquer outro sacramento, nos garante vida eterna, porque é a
promessa de Deus, que é realizada na pessoa de Jesus. Agradecer sempre a Deus e sempre participar
desta boda é o mínimo que fazemos, diante da grandeza que Ele nos oferece.
Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
PADRE
PEDRINHO – Diocese de Santo André – SP.
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Homilia de D. Henrique Soares
da Costa
Em certo sentido, a liturgia da Palavra deste segundo Domingo comum,
ainda está ligada ao Santo Natal, tempo da manifestação do Senhor. Na liturgia
da Igreja antiga, a festa da Epifania, da Manifestação, celebrava, de uma só
vez e num só dia, a visita dos Magos, o
batismo de Jesus e as bodas da Caná. São três momentos da Manifestação do
Senhor: aos Magos, ele se manifestou como Rei dos Judeus pelo brilho da
Estrela; no batismo, o Pai o manifestou como Messias de Israel, ungindo-o com o
Espírito Santo para a missão e, em Caná, Jesus manifestou a sua glória ao
transformar a água em vinho, e os seus discípulos creram nele. Portanto,
estamos ainda em clima de Manifestação, de Epifania daquele que veio do Pai
para nossa salvação; e é neste contexto que as leituras da Missa de hoje devem
ser interpretadas.
Comecemos por observar que o evangelho narra uma festa de casamento e
não informa nada sobre o nome dos noivos… É de caso pensado! O Evangelista
tomou um fato histórico e deu-lhe um sentido espiritual e teológico: o
verdadeiro noivo é o Cristo, Deus em
pessoa que vêm desposar sua esposa, o
povo de Israel e, mais precisamente, o novo Israel, a Igreja, representada pela Mulher – a Virgem Maria! Tudo, na
perícope do evangelho, fala disso: porque o Messias-Esposo chegou, a água da
Antiga Aliança (água da purificação segundo os ritos judaicos da Lei de Moisés)
é transformada no vinho da Nova Aliança (o vinho, símbolo da alegria e da
exultação do Espírito Santo, que é fruto da morte e ressurreição do Senhor). É
esta a glória que Jesus manifestou, é este o sinal! “Sinal” não é um simples
milagre; “sinal” é um gesto do Senhor Jesus, carregado de sentido profundo, que
revela sua pessoa, sua missão e sua obra de salvação. “Este foi o princípio dos
sinais de Jesus… e seus discípulos creram nele”. Na verdade, o sinal de Caná, é
uma preparação uma antecipação da Páscoa, quando o Cristo, Esposo ressuscitado,
desposará para sempre a Igreja, dando-lhe como dote eterno, o dom do Espírito:
“Alegremo-nos e exultemos, demos glória a Deus, porque estão para realizar-se
as núpcias do Cordeiro, e sua Esposa já está pronta: concederam-lhe vestir-se
com linho puro, resplandecente” (Ap 19,7s). Por isso, a exultação da primeira
leitura de hoje. Saudando o povo de Deus, o novo Israel, a Igreja-Esposa, o
profeta afirma: “As nações verão a tua justiça; serás chamada por um nome novo,
que a boca do Senhor há de designar. E serás uma coroa de glória na mão do
Senhor, um diadema real na mão de teu Deus. Não mais te chamarão abandonada, e
tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será Minha Predileta e tua
terra será Bem-Casada, pois o Senhor agradou-se de ti e tua terra será
desposada. Assim como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposam;
e como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria do teu Deus”.
Maria, a Virgem-Mulher do evangelho de hoje é, pois, imagem viva da
Igreja-Esposa, desposada na Nova e Eterna Aliança!
Esta Aliança não é mais aquela de Moisés. A Antiga Lei passou; passaram
os antigos preceitos, as antigas observâncias, as coisas antigas! Não
esqueçamos o Prólogo de João, tantas vezes ouvido no Natal: “A Lei foi dada por
Moisés; a graça e a verdade nos vieram por Jesus Cristo” (Jo 1,17). Esta Nova
Aliança não se funda em uma lei de preceitos escritos, mas na Nova Lei, que é o
Espírito de amor, derramado nos nossos corações. O Espírito que o Cristo
derramou sobre nós com a sua morte e ressurreição é a alma, a lei, a vida da
Igreja-Esposa, novo Israel, novo povo de Deus. Por isso, a segunda leitura da
Missa de hoje nos apresenta toda a vida da Igreja, tão rica e dinâmica, como
sendo fruto da ação animadora e sustentadora do Espírito Santo: “A cada um de
nós é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum”, isto é, em vista
da edificação da Igreja, Corpo e Esposa de Cristo!
O que nos fica da Liturgia da Palavra de hoje? A gratidão ao Cristo por
ter vindo, por ter manifestado sua glória em nosso mundo tão pobre e na nossa
vida tão ameaçada pelas trevas. Fica também essa consciência que somos o povo
de Deus da Nova Aliança, povo nascido da encarnação, da morte e da ressurreição
de Cristo; povo nascido na força do Espírito Santo que ele nos concedeu. Fica
ainda a certeza que ele permanece conosco, alimentando e construindo sua
Igreja-Esposa na força do Espírito Santo. Esta Igreja é a una e santa nossa mãe
católica. Ela foi eternamente desejada, escolhida, amada pelo Esposo Jesus; ela
foi desposada quando ele se fez homem e por ela morreu e ressuscitou!
Lembremo-nos das palavras do Apóstolo: “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela,
a fim de purificá-la, com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para
apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5,25-27). Por isso a Igreja será
sempre Esposa, será sempre bela, sem mancha nem ruga, será sempre santa, apesar
dos pecados de seus membros! Ela é a Amada, a Escolhida… a ornada com o a jóia
do Espírito Santo! Se formos fiéis a esse Espírito, vinho novo do Reino de
Deus, seremos pessoas novas na nossa vida: novos sentimentos, novo modo de ver
e de agir, de sentir e de enfrentar as situações da vida. Nem os fracassos, nem
as tristezas, nem as lágrimas, nem mesmo a morte poderão nos tirar a alegria e
a certeza de viver! Fica também a certeza certíssima, de que como Igreja, como
Comunidade dos discípulos de Cristo, o Espírito nos vivifica, nos guia, nos une
e nos conduz sempre. Não temamos, não sejamos frios, não sejamos frouxos! O
Cristo que habitou entre nós, conosco continua na potência do seu Espírito
Santo. Se formos fiéis à sua ação, nossa Comunidade será viva, os carismas e
ministérios serão abundantes, a alegria de ser e viver como Comunidade não
faltará, o nosso testemunho de Jesus Cristo será entusiasmado e convincente e a
nossa esperança será inabalável, mesmo diante das dificuldades do mundo e da
vida… mesmo diante da morte!
O Senhor manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele! O Senhor
se manifesta agora, pela sua Palavra e pela sua Eucaristia, e nos reúne na
força amorosa do Espírito Santo! Creiamos! E que nossa Eucaristia seja toda
ungida, toda doçura, toda renovação da nossa vida em Cristo: “Felizes aqueles
que foram convidados para o banquete das núpcias do Cordeiro” (Ap 19,9).
Felizes somos nós, que vivemos em Cristo, ele que é bendito pelos séculos dos
séculos. Amém.
D. Henrique Soares da Costa
PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou ministros da Palavra):
Louvor: (quando o Pão consagrado estiver sobre o
altar)
O Senhor esteja
convosco... Demos graças ao Senhor, o nosso Deus...
- Com Jesus, por
Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, louvemos ao Pai:
- T: Senhor nosso Deus, nós vos bendizemos!
- Nós vos
louvamos pelo vosso amor por nós e vos agradecemos por nos enviar vosso Filho
para que um novo povo se formasse. Pai, pedimos por todos os casais para que
sejam sinal de vosso amor. Que eles saibam se respeitar e saibam educar seus
filhos no vosso amor.
T: Senhor nosso Deus, nós vos bendizemos!
- Senhor, nosso
Deus! Sois bondade e amor. Deixai que Maria nos trate como tratou vosso Filho.
Que ela possa nos socorrer em todas as nossas dificuldades e sofrimentos. Que
ela possa nos proteger e nos guiar em vossos caminhos.
T: Senhor
nosso Deus, nós vos bendizemos!
-Senhor, Vos
louvamos e agradecemos pela nossa vida e pelo nosso batismo, pois foi Vós que
nos acolhestes como filhos prediletos. Pai, quando vacilarmos, reconduzi-nos ao
vosso caminho. Quando nos abatermos pelas dificuldades, sede a nossa força e
nosso amparo, para que possamos seguir
os passos de vosso Filho Jesus Cristo na construção de vosso Reino.
T: Senhor nosso Deus, nós vos bendizemos!
-Elevemos ao Pai
a oração que Jesus nos ensinou: Pai nosso...
A Paz de
Cristo... Eis o Cordeiro de Deus...
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