4º DOMINGO DO
T. COMUM ANO C 2019 (Adaptado pelo Diácono Ismael)
SINOPSE:
TEMA: “Hoje se cumpriu esta passagem
da Escritura.” O profeta sofre, mas também paz e esperança.
Primeira leitura: Jeremias encara
dificuldades, mas não desiste de sua missão.
Evangelho: Jesus é desprezado pelos
habitantes de Nazaré.
Segunda leitura: o amor
desinteressado e gratuito como a essência da vida cristã.
LEITURA I – Jer 1,4-5.17-19 [ ]«Antes de te
formar no ventre materno, Eu te escolhi;
[ ] e te constituí profeta entre as nações. [ ] Eles combaterão contra
ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar».
AMBIENTE - Jeremias 626 a .C. até depois da queda
de Jerusalém aos Babilônios (586
a .C.). reis multiplicaram altares aos deuses. Josias
(640-609 a .C.):
rei bom.
MENSAGEM - A vocação
profética é um desígnio divino: foi Deus que escolheu, consagrou e
constituiu como profeta,
confiou uma missão que tem um alcance universal. Tudo é escolha, iniciativa de
Deus e não escolha do homem.
Ele deve ir “dizer o que o Senhor ordenar”, enfrentando os grandes
da terra, armado apenas com a força de Deus. É o “caminho profético”;
sofrimento, risco, solidão, conflito com todos os que se opõem à proposta de
Deus. Jeremias denunciou, criticou, e os amigos marginalizaram-no,.
ATUALIZAÇÃO ♦ No Batismo, fomos ungidos como
profetas, à imagem de Cristo.
♦ O profeta vive de olhos postos em Deus e no mundo. Ele intervém,
denuncia e anuncia.
♦ A denúncia implica a perseguição, sofrimento, marginalização (O.
Romero, L. King, Gandh
EVANGELHO – Lc 4,21-30 - Jesus na sinagoga Nazaré: «Cumpriu-se a
Escritura»: «Não é este o filho de José?»: Nenhum profeta é bem recebido na sua
terra. Muitas viúvas e Elias foi enviado a uma viúva de Sarepta. Havia muitos
leprosos e Eliseu curou apenas o sírio Naamã». Levantaram-se, expulsaram Jesus
e levaram-no até a colina para O precipitarem dali abaixo.
AMBIENTE - A reação dos
habitantes de Nazaré à ação e às palavras de Jesus.
MENSAGEM - Lucas enuncia o
programa que o Messias vai cumprir; libertação aos pobres, marginalizados e
oprimidos. Os “seus” rejeitarão a proposta e tentarão eliminá-lo; e a
evangelização segue o seu caminho, até atingir os dispostos a acolher a
salvação/libertação. Lucas anuncia o caminho da Igreja: consciência de que, em
continuidade com o caminho de Jesus, a missão é levar a Boa Nova – como Elias
ou como Eliseu fez.
ATUALIZAÇÃO ♦“Nenhum profeta é bem recebido na sua
terra”.
♦ Profeta”: incompreensão, críticas, solidão, mas Deus chama à
fidelidade da Palavra e está com ele.
LEITURA II – 1 Cor 12,31-13,13 Aspirai aos dons mais elevados. [ ]Ainda que eu fale as línguas dos anjos,
tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda
que eu possua a plenitude da fé e transporte montanhas, se não tiver caridade,
nada sou. Ainda que distribua todos os meus bens se não tiver caridade, de nada
me aproveita. A caridade é paciente, benigna; não é invejosa, não é altiva nem
orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; [ ]; tudo
desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
[ ] Agora permanecem: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior é a
caridade.
AMBIENTE: Paulo diz que
só há um carisma absoluto: o amor.
MENSAGEM: Paulo fala do amor (“ágape”): não é amor
egoísta, mas gratuito, desinteressado, que se preocupa com o outro, sem esperar
nada em troca. Sem amor, a fé, a ciência, a profecia, esmolas, são vazias.
ATUALIZAÇÃO – ♦ O
amor desinteressado é que leva a procurar o bem do outro.
- Crer não é fácil… sobretudo quando Deus
nos visita de modo humildade. Santo de casa não faz milagre! Discernir a
Palavra e o apelo do Senhor naqueles que nos são enviados e convivem conosco!
- A falta de fé fez os nazarenos
expulsarem o Messias.
- Quem salva não é a fé, mas o amor que dá
vida e sabor à fé! E o amor pode ser visto na paciência, na benignidade, na generosidade,
na humildade, na gratuidade, na mansidão, na retidão, na verdade…
- Paulo recorda: Quem não ama é imaturo na
fé, é criança que pensa e age como criança! Só o amor nos amadurece, só o amor
nos faz ver os outros e a vida com os olhos de Deus
- Palavra de Deus hoje:
(1) uma fé, a capacidade de acolher o
Senhor, de tal modo que reconheçamos que ele vem a nós na palavra e no
testemunho de tantos irmãos que conosco convivem;
(2) uma fé capaz de suportar com paciência
e alegria a missão que Deus nos confiou e
(3) uma fé capaz de desabrochar em amor
aos irmãos; amor provado e revelado em atitudes concretas.
- Como você imagina o imagina um profeta hoje?: Cada cristão, pelo batismo, é sacerdote, profeta e rei!
- Como você imagina o imagina um profeta hoje?: Cada cristão, pelo batismo, é sacerdote, profeta e rei!
- O Apóstolo não fala de um amor-sentimento,
amor-simpatia, amor-amizade, mas do amor-caridade, o amor de Deus, amor que é
capaz de dar a vida... Amor como aquele do Cristo que nos amou! Quem salva não
é a fé, mas o amor que dá vida e sabor à fé!
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4º DOMINGO DO T. COMUM
Tema: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura.” O convida a refletir sobre o “caminho do
profeta”:
Primeira
leitura: Jeremias encara
dificuldades, mas não desiste de sua missão.
Evangelho:
Jesus é desprezado pelos
habitantes de Nazaré.
Segunda
leitura: Fala do amor
desinteressado e gratuito como a essência da vida cristã.
PRIMEIRA
LEITURA (Jr
1,4-5.17-19) Leitura
do Livro do Profeta Jeremias.
Nos dias de
Josias, rei de Judá, foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: “Antes de
formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe,
eu te consagrei e te fiz profeta das nações. Vamos, põe a roupa e o cinto,
levanta-te e comunica-lhes tudo o que eu te mandar dizer: não tenhas medo,
senão eu te farei tremer na presença deles. Com efeito, eu te transformarei
hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze contra
todo o mundo, frente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao
povo da terra; eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu
estou contigo para defender-te”, diz o Senhor.
AMBIENTE
- Jeremias começa atuar
em 626 a .C.
até depois da queda de Jerusalém aos Babilônios (586 a .C.). Em Judá reis
multiplicaram altares aos deuses estrangeiros. Na época em que Jeremias começa
o seu ministério profético, o rei de Judá é Josias (640-609 a .C.): trata-se de um rei
bom, que procura eliminar o culto aos deuses estrangeiros.
MENSAGEM
- trata-se de uma
reflexão e de uma catequese sobre a “vocação”. A vocação profética, na
perspectiva de Jeremias, é um encontro com Deus e com a sua Palavra (“a Palavra
do Senhor foi-me dirigida…”). a vocação é um desígnio divino: foi Deus que escolheu,
consagrou e constituiu como profeta. Deus “constituiu” o profeta
“para as nações” significa que Deus lhe confiou uma missão, missão que tem um
alcance universal. Tudo é escolha, iniciativa de Deus e não escolha do
homem.
Ele deve
ir “dizer o que o Senhor ordenar”, enfrentando os grandes da terra, armado
apenas com a força de Deus. É a definição do “caminho profético”, percorrido no
sofrimento, no risco, na solidão, no conflito com todos os que se opõem à
proposta de Deus. Jeremias denunciou, criticou, demoliu e destruiu, edificou e
plantou. Não teve muito êxito: a família, os amigos, o povo, as autoridades, os
sacerdotes, marginalizaram-no, perseguiram-no e maltrataram-no. Jeremias nunca
renunciou a missão.
ATUALIZAÇÃO
♦ No
Batismo, fomos ungidos como profetas, à imagem de Cristo. Temos a noção de que somos
a “boca” através da qual a Palavra de Deus se dirige aos homens?
♦ O profeta é o homem que vive de olhos postos em Deus e de olhos
postos no mundo. Ele intervém, em nome de Deus, para denunciar, para avisar,
para corrigir.
♦ A denúncia profética implica a perseguição, o sofrimento, a
marginalização e, a própria morte (Óscar Romero, Luther King, Gandhi…).
SALMO RESPONSORIAL / 70 (71)
Minha boca anunciará todos os dias vossas
graças incontáveis, ó Senhor.
• Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: /
que eu não seja envergonhado para sempre! /
Porque sois justo, defendei-me e
libertai-me! / Escutai a minha voz, vinde salvar-me!
• Sede uma rocha protetora para mim, / um
abrigo bem seguro que me salve! /
Porque sois a minha força e meu amparo, /
o meu refúgio, proteção e segurança!/
Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do
ímpio.
• Porque sois, ó Senhor Deus, minha
esperança, / em vós confio desde a minha juventude! /
Sois meu apoio desde antes que eu
nascesse; / desde o seio maternal, o meu amparo.
• Minha boca anunciará todos os dias /
vossa justiça e vossas graças incontáveis. /
Vós me ensinastes desde a minha juventude,
/ e até hoje canto as vossas maravilhas.
EVANGELHO (Lc 4,21-30) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo,
estando Jesus na sinagoga, começou a dizer: “Hoje se cumpriu esta passagem da
Escritura que acabastes de ouvir”. Todos davam testemunho a seu respeito,
admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam:
“Não é este o filho de José?” Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me
repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua
terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. E acrescentou: “Em
verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. De fato,
eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e
seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel.
No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em
Sarepta, na Sidônia. E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em
Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. Quando
ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos.
Levantaram-se e o expulsaram
da cidade.
Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a
intenção de lançá-lo no precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles,
continuou o seu caminho. Palavra da Salvação.
AMBIENTE
- Jesus Leu uma citação
de Is 61,1-2 e “atualizou-o”, aplicando o que o profeta dizia, a Si próprio e à
sua missão: “cumpriu-se hoje mesmo este trecho da Escritura que acabais de
ouvir”. O Evangelho de hoje apresenta a reação dos habitantes de Nazaré à ação
e às palavras de Jesus.
MENSAGEM
- Lucas quer enunciar o
programa que o Messias vai cumprir. O programa de Jesus é uma proposta de
libertação aos pobres, marginalizados e oprimidos. Esse “caminho” não vai ser
entendido, pois estão interessados num Messias milagreiro e espetacular. Os
“seus” rejeitarão a proposta de Jesus e tentarão eliminá-lO (anúncio da morte
na cruz); mas a liberdade de Jesus vence os inimigos (alusão à ressurreição) e
a evangelização segue o seu caminho (“passando pelo meio deles, seguiu o seu
caminho”), até atingir os que estão
verdadeiramente dispostos a acolher a salvação/libertação (alusão a Elias e
Eliseu que se dirigiram aos pagãos porque o seu próprio povo não estava
disponível para escutar a Palavra de Deus). Neste texto Lucas anuncia o caminho
da Igreja: a comunidade crente toma consciência de que, em continuidade com o
caminho de Jesus, a sua missão é levar a Boa Nova aos pobres e marginalizados –
como Elias fez com uma viúva de Sarepta ou como Eliseu fez com um leproso
sírio. Se percorrer esse caminho, a Igreja viverá na fidelidade a Cristo.
O profeta tem o dom de falar a palavra certa, na hora certa, para
a pessoa certa e do jeito certo. Ele fala aquilo que os ouvintes precisam
ouvir, não o que querem ouvir. E é claro, quando se toca na ferida, dói. Diante
do profeta, nós temos dois caminhos: Ou acolher a sua mensagem e mudar de vida,
ou atacá-lo. Isso explica muitas críticas ao Papa, a bispos, presbíteros,
diáconos, religiosos e líderes cristãos. O profeta fala direto, sem perseguir
ninguém, sem ódio, mas também sem camuflar a verdade. Ele denuncia com clareza
as situações contrárias ao plano de Deus. Ele não se preocupa em agradar os
ouvintes mas em levá-los à conversão, cujo primeiro passo é o reconhecimento do
erro.
É mais fácil destruir o mensageiro do que acolher a mensagem. Os
pecadores costumam atacar os profetas de Deus e ir procurar “profetas” que
falem conforme o seu gosto, ou procura outra “Igreja” que aceita a sua vida
errada. Há muitos modos de perseguir um profeta: Exagerando os seus pontos
fracos, torcendo a sua mensagem...
Não conseguiram jogar Jesus no precipício. Deus protege os seus
profetas. Tudo concorre para o bem daqueles que estão com Deus. Queriam
matá-lo. Mas, passando pelo meio deles, Jesus continuou seu caminho. Nós
recebemos no batismo, e principalmente na crisma, a missão de profetas. A
sociedade está precisando de profetas, pois vive “tapando o sol com a peneira”
em muitos pontos.
• Como na primeira leitura, o Evangelho
propõe-nos uma reflexão sobre o “caminho do profeta”: é um caminho onde se
lida, permanentemente, com a incompreensão, com a solidão, com o risco… É, no
entanto, um caminho que Deus nos chama a percorrer, na fidelidade à sua
Palavra. Temos a coragem de seguir este caminho? As “bocas” dos outros, as
críticas que magoam, a solidão e o abandono, alguma vez nos impediram de
cumprir a missão que o nosso Deus nos confiou?
ATUALIZAÇÃO
♦ “Nenhum
profeta é bem recebido na sua terra”. Os habitantes de Nazaré julgam conhecer
Jesus, mas não perceberam a profundidade do seu mistério.
♦ “Faz também aqui na terra o que ouvimos dizer que fizestes em
Cafarnaum”. Esta é a atitude de quem procura Jesus para ver o seu espetáculo ou
para resolver os seus problemas pessoais. Esperamos espetáculo em nosso favor,
ou o Deus que em Jesus nos apresenta uma proposta séria de salvação?
♦ o “caminho do profeta”: é um caminho onde se lida com a
incompreensão. É um caminho que Deus nos chama a percorrer, na fidelidade à sua
Palavra. As críticas, a solidão, alguma vez nos impediram de cumprir a missão
que o nosso Deus nos confiou?
SEGUNDA
LEITURA (1Cor
12,31–13,13) Leitura
da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, aspirai
aos dons mais elevados. Eu vou ainda mostrar-vos um caminho incomparavelmente
superior. Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não
tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine. Se
eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a
ciência, se eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas se não
tivesse caridade, eu não seria nada. Se eu gastasse todos os meus bens para
sustento dos pobres, se entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse
caridade, isso de nada me serviria. A caridade é paciente, é benigna; não é
invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; não faz nada de inconveniente, não
é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; não se alegra com a
iniquidade, mas se regozija com a verdade. Suporta tudo, crê tudo, espera tudo,
desculpa tudo. A caridade não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as
línguas cessarão, a ciência desaparecerá. Com efeito, o nosso conhecimento é
limitado e a nossa profecia é imperfeita. Mas, quando vier o que é perfeito,
desaparecerá o que é imperfeito. Quando eu era criança, falava como criança,
pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto,
rejeitei o que era próprio de criança. Agora nós vemos num espelho,
confusamente, mas, então, veremos face a face. Agora, conheço apenas de modo
imperfeito, mas, então, conhecerei como sou conhecido. Atualmente permanecem
estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.
AMBIENTE:
Há quem chame a este
texto o “hino ao amor”. A verdade é que Paulo quer aqui dizer, sem meias
palavras e de forma clara que só há um carisma absoluto: o amor.
MENSAGEM
- O amor de que Paulo
fala aqui é o amor (em grego, “ágape”) tal como ele é entendido pelos cristãos:
não é o amor egoísta, que procura o próprio bem, mas o amor gratuito,
desinteressado, sincero, fraterno, que se preocupa com o outro, que sofre pelo
outro, que procura o bem do outro sem esperar nada em troca. Paulo sustenta que, sem amor, até as melhores coisas (a fé, a
ciência, a profecia, a distribuição de esmolas pelos pobres) são vazias e sem
sentido. Só o amor dá sentido a toda a vida e a toda a experiência cristã.
O amor é a fonte e a origem de todos os
bens e qualidades. Paulo enumera quinze características ou qualidades do
verdadeiro amor: sete positivas e as outras oito negativas; [A caridade é
paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; não faz
nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda
rancor; não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. Suporta
tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo.] mas todas elas se referem a coisas
simples e quotidianas, que vivemos a todo os instante, a fim de que ninguém
pense que este “amor” é algo que só diz respeito aos santos, aos sábios. Este
amor – diz Paulo – não desaparecerá nunca. Ele é a única coisa perfeita; por
isso permanecerá sempre. Fica, assim, confirmada a superioridade do amor frente
a qualquer outro carisma.
ATUALIZAÇÃO
♦ O amor cristão é o amor desinteressado que leva a procurar o bem
do outro.
• Desse amor partilhado nasce a comunidade
de irmãos a que chamamos Igreja. O amor que une os vários membros da nossa
comunidade cristã é esse amor generoso e desinteressado de que Paulo fala?
Quando a comunidade cristã é palco de lutas de interesses, de ciúmes, de
rivalidades egoístas, que testemunho de amor está a dar?
Fonte: Dehonianos
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O
Fracasso
No Domingo passado, vimos a importância da Palavra de
Deus na vida do Povo.
E Deus precisa de gente, que proclame a sua Palavra.
São os PROFETAS.
As
Leituras de hoje falam de DOIS
PROFETAS, que enfrentaram a
rejeição e o desprezo, por serem fiéis à sua Missão...
Na 1a Leitura, JEREMIAS é chamado a ser Profeta das
Nações. (Jr 1,4-5.17-19)
- Jeremias tentou recusar: "Eu não sei falar... sou apenas uma criança..."
- Deus não desiste:
"Antes de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do
seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações.Não tenhas
medo, não conseguirão te vencer, estarei contigo para te livrar".
Deus escolheu Jeremias para profeta e ele foi um
exemplo de disponibilidade à Palavra de Deus. Sua fidelidade provocou muito
sofrimento. Um aparente fracasso.
É o que ele revela em suas "lamentações".
Mas Deus nunca o abandonou.
Na 2ª Leitura, Paulo
afirma que a Caridade é a profecia permanente.
É
o "Hino do Amor". Só o amor dá sentido à vida e à experiência
cristã...
Sem amor até as melhores
coisas ficam sem sentido. (1Cor
12,31-13,13)
*
O Profeta deve deixar-se guiar pelo Amor e nunca pelo próprio interesse.
Só
consegue ser um verdadeiro profeta, quem tiver uma profunda experiência do amor
de Deus.
O
Evangelho
apresenta em Nazaré o Profeta JESUS,
rejeitado pelos conterrâneos e até pelos próprios parentes. "Nenhum profeta é bem recebido na sua
terra". (Lc 4,21-30)
+ Por
que é rejeitado?
- Porque o
conhecem muito bem: ''É o Filho de José".
Mas esse
conhecimento superficial não os levou a uma adesão a Jesus.
* E o nosso conhecimento de Jesus nos leva a acolhê-lo
e VIVER com alegria e entusiasmo a sua mensagem?
-
Porque não realiza milagres na sua cidade...
"Faz
também aqui, o que fizestes em Cafarnaum"!
É a atitude de quem procura Jesus para ver
espetáculo, ou para resolver problemas pessoais.
* Qual é o Deus que procuramos?
O Deus dos
milagres ou o Deus com uma proposta de salvação?
Diante dessa incredulidade, Jesus recorda Elias e
Eliseu, que realizaram prodígios entre estrangeiros que acreditaram neles.
- A Reação é rápida e violenta: rejeitam Jesus e
tentam matá-lo, jogando-o num precipício...
- Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o
seu caminho...
Quem
são os Profetas?
A palavra "profeta" está em
moda. Aplica-se à Igreja, ao cristão, às pessoas que se destacam por sua vida e
mensagem, mesmo em âmbito político.
O verdadeiro profeta é a consciência
crítica de um povo, uma consciência crítica não em nome de um sistema ou de uma
ideologia, mas em nome da Palavra de Deus.
E por ser fiel a Deus e ao Povo, o Profeta nunca é um
personagem aplaudido e elogiado pelas multidões.
O "Caminho do Profeta" é sempre um
caminho de incompreensão, de sofrimento, de solidão, de risco...
É
o que Jeremias revela em suas "Lamentações".
Foi
o que também aconteceu com Jesus na própria terra...
Mas
é também um caminho de paz e de esperança, porque pode contar com a graça
divina que o preveniu e o acompanhará em todas as situações.
-
Quem são profetas, hoje?
Os "profetas" não são apenas pessoas do
passado.
No Batismo, nós fomos ungidos como profetas, à imagem
de Cristo.
O profeta vive atento ao sonho de Deus e à realidade
dos homens, e intervém, em nome de Deus, para denunciar, para avisar e para
corrigir.
* Estamos convencidos de que somos a "boca"
através da qual a Palavra de Deus se dirige aos homens?
- Temos coragem de nos envolver pela palavra
do Senhor e pelo seu projeto?
Ou temos medo de denunciar situações e
atitudes contrárias ao Evangelho?
- As críticas, a solidão e o abandono, nos
impediram às vezes de cumprir a missão que Deus nos confiou?
+ Como
acolhemos os profetas, de hoje?
Como os habitantes de Nazaré?
- Estamos convencidos, de que os santos de
casa também podem fazer milagres,
quando encontrarem pessoas que acreditem neles?
Renovemos agora nossa fé, não apenas em DEUS, mas
também nas PESSOAS, que convivem conosco... Assim, teremos a certeza de que
também os santos de casa acabarão fazendo seus milagres...
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho
As leituras de hoje são um convite a contemplarmos o sentido da vida. O próprio profeta
Jeremias nos faz este convite: “Nos dias
de Josias, rei de Judá, foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: “Antes de
formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe,
eu te consagrei e te fiz profeta das nações”. Para nós, que olhamos Jeremias e
também vemos Jesus, Jesus é outro, humanamente falando, que foi enviado por
Deus para cumprir a missão. O próprio anjo anuncia a Maria e a partir do seu
sim, que Jesus é gerado e depois apresentado à humanidade e depois salva a
humanidade. Jeremias e Jesus são exemplos que ajudam a cada um de nós a
compreendermos: nós não viemos ao mundo
por acidente ou por acaso. Deus nos escolheu, desde o ventre materno. E
como diz o próprio Salmo: “sois o meu apoio desde antes que eu nascesse, desde
o seio maternal, sois o meu amparo”. Ele não somente nos escolhe, como nos
ampara. Para que? Para realizarmos uma missão. Qual é a missão que Deus nos
confia? Ele ama e quer cuidar de cada um. O Salmo fala isto o tempo todo. Nem
adiantaria comentar o Salmo, porque tiraria o brilho que ele traz por si mesmo:
Deus cuida de cada ser humano, mas Ele
quer contar com a nossa colaboração, para que este cuidado e este amor,
seja experimentado por todas as pessoas. Coincidente ou não, são tantas as
pastorais que procuram levar vida plena para todos: desenvolvemos a pastoral do
trabalho, que procura encaixar pessoas desempregadas no serviço, o amor
exigente, que procura libertar as pessoas da dependência química, a promoção
social, que procura amenizar a fome dos necessitados, farmácia, para quem não
tem recurso financeiro e precisa de remédios, trabalhos manuais, assim como o
serviço da escuta, espeço para quem não tem com quem conversar, possa vir
conversar, desabafar, defesa da vida, para que não se faça o aborto, conselho
econômico, já que o dinheiro da paróquia deve servir para a evangelização. Veja
que temos, aqui na paróquia, muitos trabalhos, mas São Paulo vai chamar a
atenção: “Se eu falasse todas as
línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como
um bronze que soa ou um címbalo que retine”. Ora, o que é caridade? Palavra
sinônimo de amor. Só que, na língua portuguesa, a palavra amor é uma palavra
muito desgastada. Mas, na realidade, existe o amor entre amigos, amor do casal
e o amor de Deus. Não que um seja mais importante que o outro, mas o que Deus
espera que possamos transmitir o amor de Deus para o outro. Tanto o amor de amizade quanto do amor de
um casal exige reciprocidade. O amor de Deus não. Se eu te amo e você não
reconhecer, não tem problema. Por que? Porque o amor de Deus, ele ama sem
esperar algo em troca. Aí, Ele nos convida, através do nosso trabalho, a
apresentar este amor.
Portanto,
meus irmãos e irmãs, nós temos esta missão. Jesus, quando está na cruz, Ele
diz: “Tudo está consumado”. Aí, Ele entrega o seu espírito a Deus. É assim que
está no Evangelho. O que significa, que, nós morremos, no momento que
completamos nossa missão. A morte é um mistério. Eu sempre digo, que não se
deve associar enfermidade, idade e morte. São três coisas, que uma não depende
da outra. A prova disso são os jovens que morreram em Santa Maria, cheios de vida,
jovens, certamente não tinham enfermidades sérias e morreram. A morte é um
mistério, mas da morte podemos aprender lições muito importantes: veja Jesus
hoje. No Evangelho diz: “hoje se cumpriu a Escritura, que acabastes de ouvir”.
“Eu vim para por em prática toda Escritura”. Ele acaba concluindo sua missão na
morte. Ora, Jesus, com sua morte, resgata a vida de toda humanidade e garante
para todos, de fato, vida eterna. Será muito difícil explicar a morte destes
jovens, mas podemos daí, tirar lições importantes. Uma delas: não vimos nenhuma
mãe ou pai dizendo: graças a Deus meu filho morreu. Todos lamentaram as mortes
dos jovens. Não vi, mesmo pessoas que não eram parentes dizer: graças a Deus
eles morreram. Todos lamentaram. Agente olhando as cenas, as lágrimas vêm aos
olhos. O que significa? O que os pais não dariam para terem seus filhos vivos? Que
isto sirva para quem apóia o aborto, porque só mudou a data da morte. Que isto
sirva para quem acha que o aborto é uma solução. Então, estes jovens não
morreram em vão, mas nos ajuda a perceber, que quem tem chance de nascer, é
amado. Agora, se eu não dou chance para a pessoa nascer, como ela pode, depois,
transmitir aos genitores o amor? Isto
para nossa reflexão. Poderemos pensar: “depois que o ladrão rouba,
colocamos a tranca”. Quer dizer; estes jovens não podem ter morrido em vão, que
não seja o ímpeto do momento, esta preocupação com segurança, porque no Brasil
tudo vai pelo jeitinho e pelo provisório, que depois acaba no permanente. Não.
A nossa acultura precisa ser mudada. Ora, mas eles precisavam morrer? Não. Nem
Jesus precisava morrer, mas é através da morte que aprendemos grandes lições. Então,
o que fazer? Hoje é um grande convite para renovar a nossa disposição, a exemplo de Jeremias e
de tantos outros, de ser um sinal do amor de Deus para o mundo. Ah, mas é tão
difícil. Jeremias também se lamentou muito. Tem até um livro; o livro de Jeremias.
Entretanto, ele cumpriu a sua missão. Mesmo com dificuldade mesmo, se pudéssemos
cumprir a nossa, estaríamos cumprindo a expectativa de Deus. E, Ele vai nos
amparar. Nem Jeremias, nem Jesus e certamente nenhum desses jovens se
decepcionaram com Jesus. Por que? Porque Ele é o Deus feito homem e é promessa
de Deus atender a todos que colocam sua esperança nele. Ora, Jesus na cruz
disse: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes”? Será, que Jesus confiou
em Deus até o fim? Claro, que sim, porque se nós olharmos o Salmo que Jesus
está dizendo, só vem esta “partezinha”, porque as pessoas, na época em que
foram escritos os Evangelhos, eles já sabiam os salmos de cor. Então, indicando
a primeira frase, eles sabiam o restante. Se nós não estamos lembrados, é bom
lembrarmos: “Meu Deus, meu Deus, por que
me abandonastes” e aí, o salmo continua: “ mas vós jamais abandonais quem
coloca em tu as suas esperanças. Estão, como leões, ao redor de mim para
devorar-me, mas jamais permitirás que se quebre sequer um osso, porque sou teu
filho, teu amado”. Todo um salmo de confiança. Nem Jesus se decepcionou,
nem Jeremias se decepcionou, nem estes jovens que morreram. Por que? Porque
quem deposita sua confiança e cumpre a sua missão, Deus os resgata para a vida
e vida eterna.
Que
Deus nos ajude a confiar em sua Palavra e que cumpramos a nossa missão.
Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
PE.
PEDRINHO
============---------------==========
HOMILIA DE D. HENRIQUE SOARES:
Se procurarmos
uma idéia que dê unidade as leituras da Missa de hoje, encontraremos a fé.
Comecemos pelo Evangelho. Após ler o trecho do rolo de Isaías, “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor me ungiu…
para levar a Boa Nova aos pobres e proclamar o Ano da graça do Senhor”,
Jesus afirma, cheio de autoridade: “Hoje se cumpriu esta
passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. É uma afirmação
ousada. Somente quando o Messias viesse tal Escritura seria cumprida. Jesus,
portanto, apresenta-se como o Messias. E o encanto de seu ensinamento dá
testemunho de que ele é verdadeiro… Mas, infelizmente, crer não é fácil…
sobretudo quando Deus nos visita de modo humildade, corriqueiro, nas coisas
pequenas e banais. E, assim, os nazarenos se escandalizam com Jesus: “Não é este o filho de José?” Como pode alguém nosso,
alguém tão do nosso meio ser o Messias? Como pode Deus se manifestar por este,
que cresceu e viveu entre nós? Santo de casa não faz milagre! Gostamos do
excepcional, da novidade, do exótico! O quanto é necessário sermos abertos para
discernir a Palavra e o apelo do Senhor naqueles que nos são enviados e convivem
conosco! O quanto precisamos aprender que Deus não é somente Deus de longe, mas
também Deus de perto! A mesma experiência o profeta Jeremias fizera antes de
Jesus. E o Senhor ordena que seu profeta fale e que não tenha medo, ainda que
seja incompreendido e rejeitado pelo seu povo e seus parentes: “Não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles. Eu te
transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de
bronze… Eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque estou contigo
para defender-te!”
Por um lado, o Senhor exige fé e confiança absoluta daqueles que
ele envia, de seus profetas; por outro lado, espera daqueles aos quais o
profeta é enviado, espera do seu povo, a capacidade de discernir, de acolher,
de crer! E quantas vezes não cremos: pensamos que Deus se calou, que não mais
se manifesta, não mais nos dirige a Palavra. E, no entanto, o Senhor nos
interpela por seus profetas, por aqueles que , tantas vezes, são na Comunidade
e na vida uma palavra de Deus para nós! Caso não sejamos abertos à Palavra,
corremos o risco de perdê-la. É o que Jesus recorda aos nazarenos: a viúva pagã
de Sarepta e o leproso Naamã, também ele pagão, foram mais abençoados que as
viúvas e os leprosos de Israel, porque foram abertos… Os nazarenos sentiram-se
ofendidos porque Jesus insinuou que eles não tinham fé e não sabiam discernir
nele Aquele que o Pai enviara… e terminam por expulsar Jesus de sua cidade. É
dramático: a falta de fé fez os nazarenos expulsarem o Messias, o Enviado de
Deus. A falta de fé e discernimento, a cegueira do coração, a dureza e o
fechamento para as novidades de Deus, podem fazer o mesmo conosco: expulsar do
coração e da vida aqueles que nos trazem a Palavra do Senhor e sua vontade a
nosso respeito.
Mas, por sua
vez, aqueles que são testemunhas do Senhor e ministros do Evangelho, devem
estar preparados para a possibilidade de serem rejeitados. Somente os falsos
pregadores, os malditos vendedores do Evangelho, os missionários de televisão,
é que pregam uma adesão a Jesus fácil e que resolve nossos problemas. Na
verdade, seguir o Cristo nos amadurece e nos faz, muitas vezes, enfrentar
problemas e contradições. Qualquer um que queira colocar-se a serviço do
Senhor, deve preparar-se para tal contradição: “Meu filho, se te ofereceres
para servir o Senhor, prepara-te para a prova. Endireita teu coração e sê
constante… Tudo o que te acontecer, aceita-o, e nas vicissitudes que te humilharem,
sê paciente” (Eclo 2,1.4). Como Jesus e os profetas que vieram
antes dele, o serviço e a fidelidade ao Evangelho nos colocam em dificuldades e
provações! É a dor do Reino de Deus!
A mesma visão de fé que faz distinguir os profetas do Senhor,
também nos abre os olhos para reconhecer nos outros irmãos de verdade, irmãos
no Senhor, e amá-los de todo o coração. É este o verdadeiro dom, o maior
carisma de que fala São Paulo na segunda leitura. Aí, o Apóstolo não fala de um
amor-sentimento, amor-simpatia, amor-amizade, mas do amor-caridade, o amor de
Deus, que é o Espírito Santo derramado em nossos corações, amor que é capaz de
dar a vida… amor como aquele do Cristo que nos amou primeiro e amou-nos até o
fim! É este amor, que nasce da raiz do amor a Deus, da abertura para Deus, da
intimidade com Deus, que dá sentido a todas as coisas. E sem ele, nada tem
sentido para o Reino de Deus… nem a fé! Em última análise, quem salva não é a
fé, mas o amor que dá vida e sabor à fé! E o amor a Deus, que desabrocha no amor
aos irmãos, é concreto, tem que ser concreto: pode ser visto na paciência, na
benignidade, na generosidade, na humildade, na gratuidade, na mansidão, na
retidão, na verdade… E São Paulo recorda que um amor assim é coisa de adultos
na fé. Quem não ama é imaturo na fé, é criança que pensa e age como criança! Só
o amor nos amadurece, só o amor nos faz ver os outros e a vida com os olhos de
Deus
Eis, então, de
modo resumido, o desafio, o convite da Palavra de Deus hoje: (1) uma fé, uma
capacidade de acolher o Senhor, de tal modo que reconheçamos que ele vem a nós
na palavra e no testemunho de tantos irmãos e irmãs que conosco convivem; (2)
uma fé capaz de suportar com paciência e alegria os reveses da missão que Deus
nos confiou e (3) uma fé capaz de desabrochar em amor aos irmãos; amor provado
e revelado em atitudes concretas.
Creiamos: somos a Igreja, Comunidade do Senhor Jesus, continuamente vivificada e orientada pelo seu Espírito de amor! Arrisquemos crer; arrisquemos viver de amor… e experimentaremos a doçura do Senhor e a alegria de viver como irmãos.
Creiamos: somos a Igreja, Comunidade do Senhor Jesus, continuamente vivificada e orientada pelo seu Espírito de amor! Arrisquemos crer; arrisquemos viver de amor… e experimentaremos a doçura do Senhor e a alegria de viver como irmãos.
D.
Henrique Soares da Costa
Homilia I
Se procurarmos uma idéia que dê unidade as leituras da Missa de
hoje, encontraremos a fé. Comecemos pelo Evangelho. Após ler o trecho do rolo
de Isaías, “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor me
ungiu... para levar a Boa Nova aos pobres e proclamar o Ano da graça do Senhor”,
Jesus afirma, cheio de autoridade: “Hoje
se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir". É uma
afirmação ousada. Somente quando o Messias viesse tal Escritura seria cumprida.
Jesus, portanto, apresenta-se como o Messias. E o encanto de seu ensinamento dá
testemunho de que ele é verdadeiro... Mas, infelizmente, crer não é fácil...
sobretudo quando Deus nos visita de modo humildade, corriqueiro, nas coisas
pequenas e banais. E, assim, os nazarenos se escandalizam com Jesus: “Não é
este o filho de José?” Como pode alguém nosso, alguém tão do nosso meio
ser o Messias? Como pode Deus se manifestar por este, que cresceu e viveu entre
nós? Santo de casa não faz milagre! Gostamos do excepcional, da novidade, do
exótico! O quanto é necessário sermos abertos para discernir a Palavra e o
apelo do Senhor naqueles que nos são enviados e convivem conosco! O quanto
precisamos aprender que Deus não é somente Deus de longe, mas também Deus de
perto! A mesma experiência o profeta Jeremias fizera antes de Jesus. E o Senhor
ordena que seu profeta fale e que não tenha medo, ainda que seja incompreendido
e rejeitado pelo seu povo e seus parentes: “Não tenhas medo, senão eu te
farei tremer na presença deles. Eu te transformarei hoje numa cidade
fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze... Eles farão guerra
contra ti, mas não prevalecerão, porque estou contigo para defender-te!”
Por um lado, o Senhor exige fé e confiança absoluta daqueles que
ele envia, de seus profetas; por outro lado, espera daqueles aos quais o
profeta é enviado, espera do seu povo, a capacidade de discernir, de acolher,
de crer! E quantas vezes não cremos: pensamos que Deus se calou, que não mais
se manifesta, não mais nos dirige a Palavra. E, no entanto, o Senhor nos
interpela por seus profetas, por aqueles que , tantas vezes, são na Comunidade
e na vida uma palavra de Deus para nós! Caso não sejamos abertos à Palavra,
corremos o risco de perdê-la. É o que Jesus recorda aos nazarenos: a viúva pagã
de Sarepta e o leproso Naamã, também ele pagão, foram mais abençoados que as
viúvas e os leprosos de Israel, porque foram abertos... Os nazarenos
sentiram-se ofendidos porque Jesus insinuou que eles não tinham fé e não sabiam
discernir nele Aquele que o Pai enviara... e terminam por expulsar Jesus de sua
cidade. É dramático: a falta de fé fez os nazarenos expulsarem o Messias, o
Enviado de Deus. A falta de fé e discernimento, a cegueira do coração, a dureza
e o fechamento para as novidades de Deus, podem fazer o mesmo conosco: expulsar
do coração e da vida aqueles que nos trazem a Palavra do Senhor e sua vontade a
nosso respeito.
Mas, por sua vez, aqueles que são testemunhas do Senhor e
ministros do Evangelho, devem estar preparados para a possibilidade de serem
rejeitados. Somente os falsos pregadores, os malditos vendedores do Evangelho,
os missionários de televisão, é que pregam uma adesão a Jesus fácil e que
resolve nossos problemas. Na verdade, seguir o Cristo nos amadurece e nos faz,
muitas vezes, enfrentar problemas e contradições. Qualquer um que queira
colocar-se a serviço do Senhor, deve preparar-se para tal contradição: “Meu
filho, se te ofereceres para servir o Senhor, prepara-te para a prova.
Endireita teu coração e sê constante... Tudo o que te acontecer, aceita-o, e
nas vicissitudes que te humilharem, sê paciente" (Eclo 2,1.4). Como
Jesus e os profetas que vieram antes dele, o serviço e a fidelidade ao Evangelho
nos colocam em dificuldades e provações! É a dor do Reino de Deus!
A mesma visão de fé que faz distinguir os profetas do Senhor,
também nos abre os olhos para reconhecer nos outros irmãos de verdade, irmãos
no Senhor, e amá-los de todo o coração. É este o verdadeiro dom, o maior
carisma de que fala São Paulo na segunda leitura. Aí, o Apóstolo não fala de um
amor-sentimento, amor-simpatia, amor-amizade, mas do amor-caridade, o amor de
Deus, que é o Espírito Santo derramado em nossos corações, amor que é capaz de
dar a vida... amor como aquele do Cristo que nos amou primeiro e amou-nos até o
fim! É este amor, que nasce da raiz do amor a Deus, da abertura para Deus, da
intimidade com Deus, que dá sentido a todas as coisas. E sem ele, nada tem
sentido para o Reino de Deus... nem a fé! Em última análise, quem salva não é a
fé, mas o amor que dá vida e sabor à fé! E o amor a Deus, que desabrocha no
amor aos irmãos, é concreto, tem que ser concreto: pode ser visto na paciência,
na benignidade, na generosidade, na humildade, na gratuidade, na mansidão, na
retidão, na verdade... E São Paulo recorda que um amor assim é coisa de adultos
na fé. Quem não ama é imaturo na fé, é criança que pensa e age como criança! Só
o amor nos amadurece, só o amor nos faz ver os outros e a vida com os olhos de
Deus
Eis, então, de modo resumido, o desafio, o convite da Palavra de
Deus hoje: (1) uma fé, uma capacidade de acolher o Senhor, de tal modo que
reconheçamos que ele vem a nós na palavra e no testemunho de tantos irmãos e
irmãs que conosco convivem; (2) uma fé capaz de suportar com paciência e
alegria os reveses da missão que Deus nos confiou e (3) uma fé capaz de
desabrochar em amor aos irmãos; amor provado e revelado em atitudes concretas.
Creiamos: somos a Igreja, Comunidade do Senhor Jesus, continuamente vivificada e orientada pelo seu Espírito de amor! Arrisquemos crer; arrisquemos viver de amor... e experimentaremos a doçura do Senhor e a alegria de viver como irmãos.
Creiamos: somos a Igreja, Comunidade do Senhor Jesus, continuamente vivificada e orientada pelo seu Espírito de amor! Arrisquemos crer; arrisquemos viver de amor... e experimentaremos a doçura do Senhor e a alegria de viver como irmãos.
D.
Henrique Soares
===========------------------==============
PARA A
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA: (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
COM JESUS, POR
JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, nós vos amamos
e somos os vossos profetas.
- Senhor, vós nos conheceis. Sois a nossa
força nesta caminhada e estais ao nosso lado. Nós vos agradecemos e vos pedimos
por todos os profetas de hoje, por aqueles que resistem aos poderosos pedindo o
respeito pelos pobres e pelos fracos e
por aqueles que mostram o caminho de uma vida mais justa e mais
libertadora.
T: Senhor, nós vos amamos
e somos os vossos profetas.
- Pai, nós vos agradecemos pelo vosso amor infinito,
que nos revelastes em Jesus, vosso Filho, porque Ele não procurou o seu
interesse, mas tudo suportou em vista da construção do Reino. Pai, Nós vos
recomendamos todas as famílias cristãs: enchei-as do Vosso Espírito de amor.
T: Senhor, nós vos amamos
e somos os vossos profetas.
- Senhor, Deus fiel e paciente, bendito sejais
pela mensagem de amor que vosso Filho nos deixou. Nós vos bendizemos pelos
profetas que enviastes, porque Vós quereis a salvação e a felicidade de todos
os homens. Nós Vos pedimos por aqueles que rejeitam a mensagem de amor do vosso
Filho. Pai, perdoai-lhes e vinde em nosso auxílio.
T: Senhor, nós vos amamos
e somos os vossos profetas.
- Pai, fortalecei-nos e iluminai-nos com a luz
do Espírito Santo para que possamos espelhar ao mundo o vosso amor.
T: Senhor, nós vos amamos
e somos os vossos profetas.
- - - Pai nosso... A Paz de Cristo... Eis o
Cordeiro...
=========----------------==========
Por: Pe.
André Vital Félix da Silva, SCJ
Após a proclamação solene do texto de Isaías (61,1-2), com a
finalidade de indicar a sua identidade (Cristo: ungido e consagrado pelo
Espírito) e a sua missão (evangelizar os pobres), Jesus provoca naqueles que o
escutavam na sinagoga de Nazaré, reações muitos diversas que vão do aplauso à
rejeição. Lucas diz que as pessoas estavam com os olhos fixos nele (4,20),
certamente esperando que Ele fizesse alguma explicação do texto que acabara de
ler. Porém, Jesus não fez nenhuma exegese da Escritura, nem muito menos uma
longa pregação sobre a profecia de Isaías, pois era uma palavra-promessa que
não exigia muitas explicações, apenas a sua realização. Por isso, Jesus faz
apenas este comentário: “Hoje realizou-se essa Escritura
que acabastes de ouvir”. Para um povo que vivia na expectativa
de um amanhã que nunca chegava, ouvir esta afirmação “hoje” representava para
ele a grande novidade trazida pelo profeta Jesus de Nazaré. Pois todos os
profetas, até então, tinham proclamado as promessas de Deus, porém ficaram
apenas na esperança e no desejo de que se realizassem, por isso Jesus afirma: “Muitos profetas e reis quiseram ver o que vós vedes, mas não
viram, ouvir o que ouvis, mas não ouviram” (10,24).
O “hoje” na boca de Jesus é anúncio
do irromper de um novo tempo, o tempo da realização das promessas de Deus.
Lucas emoldura toda a sua mensagem com este “hoje”. Já desde o início, quando o
Anjo do Senhor dirige-se aos pastores comunicando-lhes uma boa nova (evangelho): “Nasceu-vos hoje um Salvador” (2,11) até o anúncio que o próprio
Salvador faz na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso” (23,43). E em muitas outras
passagens ao longo do evangelho de Lucas vamos encontrar esse advérbio de
tempo, com alcance teológico muito significativo para a sua concepção de
história de salvação (ver 3,22; 5,26; 13,32.33; 19,5.9; 22,34; 24.21).
Se para os profetas do Antigo Testamento a missão era justamente
alimentar a esperança de que Deus um dia cumpriria suas promessas, com Jesus,
inaugura-se o tempo de testemunhar que essas promessas estão se cumprindo. No
primeiro momento, as pessoas se encantam com este anúncio, ficam até
maravilhadas e reconhecem “as palavras cheias de encanto
que saíam de sua boca”, mas à medida que relacionam as palavras
encantadoras com a realidade daquele que as anuncia, isto é, Jesus, o filho do
carpinteiro, conhecido por todos, portanto, nada de extraordinário, começaram a
se escandalizar.
O grande escândalo era justamente ter
que reconhecer que a Palavra se encarnou, não está num livro para ser apenas
lida, mas está na vida, nas suas expressões mais “ordinárias”, para ser
acolhida e assumida. Contudo, uma palavra que, por ser acontecimento, pode ser
acolhida ou rejeitada, porém jamais destruída e anulada. É na simplicidade da vida
que ela se torna presente e eficaz, fugindo de toda tentação de busca de
aplausos e reconhecimento precipitados, pois estes confundem e seduzem,
comprometendo a verdade daquilo que é.
Tanto a viúva de Sarepta quanto o leproso Naamã testemunham a
eficácia da Palavra, quando é acolhida com humildade e realismo. Por sua vez,
estes personagens representam as pessoas que se deixam converter pela palavra
(dos profetas Elias e Eliseu) os quais as ajudaram a vencer a arrogância e o
orgulho de quem espera fatos extraordinários ou mesmo a impaciência e a
desilusão que levam ao conformismo diante da dureza da vida. Contudo,
aprenderam que Deus não age por meio de espetáculos extraordinários de uma
religião de ritos mágicos e mecânicos (Naamã: “Invocará o nome de Javé seu
Deus, agitará a mão sobre o lugar e me curará” 2Rs 5,11), nem
deseja que as pessoas se conformem e se alienem num fatalismo espiritual
(viúva: “tenho apenas um punhado de farinha… vou preparar esse
resto…comeremos e esperaremos a morte …” 1Rs 17,12).
A Palavra testemunha a sua verdade
quando se encarna, não apenas quando encanta. O encantamento aprisiona na
superficialidade, enquanto que a encarnação compromete, implica assumir
consequências. Portanto, o verdadeiro profeta não espera que suas palavras
sejam aplaudidas, mas que a Palavra de Deus seja acolhida e vivida, e para que
isso se realize, é capaz de dar a própria vida.
Pe. André Vital
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