quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

3º Domingo do Tempo Comum ano C, Homilias, Subsídios homiléticos


 DOMINGO DO TC C 2019 (Adaptado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
TEMA: “Vossas palavras são espírito e vida!” A Palavra de Deus é o centro da vida.
Primeira leitura: a Palavra é geradora de alegria e de festa.
Evangelho: Jesus é a Palavra no meio dos homens; liberdade e esperança.
Segunda leitura: comunidade é uma família, os dons são para o bem comum.

LEITURA I – Ne 8,2-4a.5-6.8-10
Naqueles dias, o sacerdote Esdras apresentou a Lei diante da assembleia de homens, de mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. Era o primeiro dia do sétimo mês. Assim, na praça que fica defronte da porta das águas, Esdras fez a leitura do livro, desde o amanhecer até ao meio dia, na presença dos homens, das mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. E todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei. Esdras, o escriba, estava de pé sobre um estrado de madeira, erguido para esse fim. Estando num lugar mais alto, ele abriu o livro à vista de todo o povo. E, quando o abriu, todo o povo ficou de pé. Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: “Amém! Amém!” Depois inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com o rosto em terra. E leram clara e distintamente o livro da Lei de Deus e explicaram seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura. O governador Neemias e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que instruíam o povo, disseram a todos: “Este é um dia consagrado ao Senhor, vosso Deus! Não fiqueis tristes nem choreis”, pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei. E Neemias disse-lhes: “Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força”.

AMBIENTE - O Livro de Neemias segue ao regresso dos exilados da Babilônia.  Séculos V/IV a.C.; tempo de miséria e desolação, com a cidade sem muralhas e sem portas. Neemias, funcionário do rei Artaxerxes. Começa a reconstrução e o combate às injustiças. Depois, procura restaurar o culto. Recorda o compromisso que Israel assumiu com o seu Deus.

MENSAGEM – 1 toda a comunidade escuta a Palavra. 
2 Leitor em plano superior, todos se levantam. 
3 Lêem clara e distintamente; e explicam ao povo a Palavra.
Finalmente, tudo termina em festa: o dia “do Senhor” é um dia de alegria e de festa.

ATUALIZAÇÃO  a Palavra de Deus é o centro? 
♦ Proclamam a Palavra clara e distintamente? 
A Palavra interpela-nos, leva-nos à conversão, à mudança de vida?

SALMO RESPONSORIAL (Sl 18[19])
Vossas palavras, Senhor, são espírito e vida!
• A lei do Senhor Deus é perfeita, / conforto para a alma! /
O testemunho do Senhor é fiel, / sabedoria dos humildes.
• Os preceitos do Senhor são precisos, / alegria ao coração. /
O mandamento do Senhor é brilhante, / para os olhos é uma luz.
• É puro o temor do Senhor, / imutável para sempre./
Os julgamentos do Senhor são corretos / e justos igualmente.
• Que vos agrade o cantar dos meus lábios /
e a voz da minha alma; / que ele chegue até vós, ó Senhor, / meu Rochedo e Redentor!

EVANGELHO – Lc 1,1-4; 4,14-21
Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra. Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo. Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste. Naquele tempo, Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam. E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado e levantouse para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a boa nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.

AMBIENTE década de 80, cristianismo defronta-se com heresias. Lucas recorda a doutrina de Jesus, através do testemunho dos apóstolos. Lucas coloca em Nazaré. O cenário é o do culto sinagogal, no sábado. Os leitores eram instruídos da comunidade ou, como no caso de Jesus, visitantes conhecidos pelo seu saber na explicação da Palavra de Deus. O centro é o Trito-Isaías () que descreve como é que o Messias concretizará a sua missão.

MENSAGEM - A finalidade da obra de Lucas é apresentar o programa de libertação que Jesus Se propõe realizar no meio dos homens: Ele apresenta-Se como o “profeta” que Deus ungiu com o seu Espírito, a fim de concretizar a missão libertadora. Lucas vai descrever a atividade de Jesus na Galileia como o anúncio (em palavras e em gestos) de uma “boa notícia” dirigida preferencialmente aos pobres e marginalizados, anunciando lhes que chegou o fim de todas as escravidões. Ungida pelo Espírito para esta missão, a Igreja cumpre o seguimento de Jesus.

ATUALIZAÇÃO Jesus manifesta que foi investido do Espírito de Deus e enviado para dar vida e a dignidade a todos.

LEITURA II – 1 Cor 12,12-30 –
Irmãos, como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito. Com efeito, o corpo não é feito de um membro apenas, mas de muitos membros. Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo.

AMBIENTE - Paulo está preocupado porque, na Igreja de Corinto, os “carismas” utilizados em benefício próprio, geravam individualismo, divisão, luta pelo poder, desprezo pelos que aparentemente não possuíam dons especiais.

MENSAGEM - Paulo compara a comunidade a um corpo, cada membro com a sua tarefa: é a variedade que permite a sobrevivência de todo o conjunto. Necessitam uns dos outros. A comunidade cristã é o corpo de Cristo () sendo uma pluralidade de membros, respeitam-se, apóiam se, são solidários uns com os outros e amam se; todos os membros do corpo desempenham funções importantes para o equilíbrio e harmonia comum.

ATUALIZAÇÃO A Igreja é o corpo de Cristo onde se manifesta, na diversidade de membros e de funções, a unidade, a partilha, a solidariedade, que são as propostas que Cristo nos apresentou.
somos membros e desempenhamos o nosso papel, ou somos acomodados?
Fonte: Dehonianos

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Santo Livro

A Liturgia de hoje nos lembra a importância da Palavra de Deus na vida do Povo de Deus.

Na 1ª Leitura, Deus convoca o Povo para escutar a Palavra e renovar a Aliança do Sinai.(Ne 8,2-4.5-6.8-10)

No retorno do exílio da Babilônia, Esdras e Neemias tentam reconstruir o país, recuperar a memória do passado e conservar a própria identidade como povo.
O instrumento encontrado para essa obra foi a PALAVRA DE DEUS.

O texto mostra a importância que a Palavra de Deus deve assumir na vida de uma comunidade.
- Toda comunidade é convocada para escutar a Palavra.
- O local da leitura é cuidadosamente preparado.
  O Livro é acolhido de pé, de forma solene e em atitude de respeito.
- A Palavra é aclamada pela assembléia, é proclamada claramente pelos levitas e explicada numa linguagem compreensível a todos.
- A Palavra interpela e provoca no povo uma atitude de conversão.
- Tudo termina numa grande festa: a Palavra é geradora de alegria e festa.
* É um Manual de como deve ser ainda hoje uma "Celebração da Palavra".

Na 2ª Leitura Paulo, falando dos carismas no "Corpo de Cristo" (Igreja), sublinha que a Comunidade cristã é gerada e alimentada, na unidade, pela PALAVRA DE DEUS. (1Cor 12,12-30)

No Salmo rezamos: "Vossas Palavras, Senhor, são espírito de vida". (Sl 18)

No Evangelho, Cristo proclama e atualiza a PALAVRA DE DEUS, numa reunião de sábado, na sinagoga de Nazaré. (Lc 1,1-4;4,14-21)

É o início do evangelho de São Lucas, que iremos estudar nesse ano litúrgico.
São dois textos diferentes:
- No primeiro, temos uma introdução ao Evangelho de São Lucas.
- No segundo, o início da Pregação de Jesus, anunciando a sua MISSÃO:  É o profeta que Deus ungiu para concretizar a missão libertadora.

A missão de Jesus é a nossa Missão...
Também nós fomos ungidos pelo Espírito Santo e enviados para anunciar uma Boa Nova de Esperança...
e levar os oprimidos a gozar a vida plena...
- FONTE: Palavra de Deus... que devemos conhecer e anunciar...
- ONDE: Na comunidade... (na Missa... nos Grupos... na vida pessoal)
- MODELO: Cristo: "O espírito do Senhor me ungiu e me enviou..."
- CONTEÚDO: a Boa Nova da Libertação: de esperança e alegria...
         + aos pobres: mais abertos a Deus...
+ aos presos: Libertar da miséria, vícios, injustiças, do pecado...
+ aos cegos: pela miséria, a exploração e estruturas anticristãs...
+ aos oprimidos: para a conquista dos seus direitos...
+ A Bíblia é a Palavra de Deus para nós.

- O Povo de Deus serviu-se da Palavra de Deus para reconstruir o país, quando voltou enfraquecido do exílio.

- Cristo com a Palavra de Deus iniciou sua Missão e apresentou seu programa.

- O Salmo diz: "Tua Palavra, Senhor, é lâmpada para meus pés, e luz para meu caminho". (Sl 119,105)

- Paulo afirma: "Toda Escritura inspirada por Deus é útil para instruir e refutar, para corrigir e formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja  perfeito, qualificado para toda a espécie de boas obrar". (2Tm 15,4)

- Em todas as épocas da história, sobretudo em épocas de crise, os homens voltaram a alimentar-se da Bíblia, procurando nela um sentido para a sua vida e o encontraram.

- A própria Igreja, no Concílio Vaticano II, redescobriu o valor da Bíblia e fez dela a fonte de inspiração para um profundo trabalho de renovação.
  Além de um documento dedicado à "Palavra de Deus", propôs maior espaço para a Bíblia na Liturgia, na Catequese, nas Comunidades, nos grupos e na vida pessoal dos cristãos...

- O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica afirma:
  "A Sagrada escritura dá suporte e vigor à vida da Igreja.
   É para seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual.
   É a alma da teologia e da pregação pastoral...
   A Igreja exorta por isso à freqüente leitura da Sagrada Escritura,porque a ignorância das escrituras é ignorância de Cristo". (CCIC 24)

O sentido da Bíblia

- O primeiro livro, que Deus escreveu para nós, é a NATUREZA, criada pela PALAVRA de Deus; são os fatos, os acontecimentos, a história, tudo que existe e acontece na vida do povo; é a realidade que nos envolve; é a vida que vivemos.

- O segundo livro é a BÍBLIA.
  "Ela foi escrita para nos ajudar a decifrar o mundo, para nos devolver o olhar da fé e da contemplação,
   e para transformar a realidade numa grande revelação de Deus". (S. Agostinho)
                                                                                            
- A Bíblia é isso para você?

  Ou Ela continua sendo apenas um objeto de enfeite na prateleira da sala, ou pior, permanece esquecida no fundo de uma gaveta?

- Cristo nos convoca com a sua Palavra, para que completemos a Obra iniciada por Ele...

                                     Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a Igreja orienta que aqueles que foram batizados sejam apresentados para a comunidade. Qual o motivo? Qual a razão? Por conta da segunda leitura que ouvimos hoje: pelo batismo somos integrados ao Corpo de Cristo. Alguém poderia dizer: mas, o corpo de Cristo não é a hóstia consagrada? Não é o vinho consagrado, o sangue de Cristo? Também. Mas, o Corpo de Cristo, vivo, que serve ao Pai todos os dias e em todos os lugares, é a Igreja reunida. Cada um de nós, forma este corpo. São Paulo dá, como exemplo, o corpo humano. Assim como os olhos têm uma função, o ouvido outra função, a boca outra função, todas as partes do corpo tem sua função, também nós, integrados e unidos pela Eucaristia, temos a nossa função, dentro do chamado “Corpo Místico de Cristo”. Nós sabemos muito bem, que quando, qualquer “partezinha” de nosso organismo não funciona bem, nós sentimos isto no corpo todo. Podemos estar totalmente preparados, sermos fortes, bem alimentados, sem nenhuma dificuldade, encrava uma unha e acabou tudo. Já não conseguimos ter uma vida normal. Se cada cristão, batizado, tivesse esta noção, ele não estaria em paz, por saber que pelo fato dele não funcionar, o corpo todo sofre. Nós vamos, aí, entender a afirmação de São Paulo: “ai de mim se eu não evangelizar”.  Porque não só eu que me prejudico, mas acabo prejudicando todo o corpo. Eis porque somos, cada vez mais, incentivados, dentro da sociedade do mundo, nos apresentar como o Cristo Vivo e realizar a obras que Ele realizou. Obras todas, que Jesus realizou, nos ajudou a compreender o amor de Deus. A lei de Deus Jesus a resumiu em dois mandamentos: quando o doutor da lei lhe perguntou qual era o maior dos mandamentos, Jesus disse: amarás a Deus de todo o teu coração, com todo o teu entendimento, com toda a tua alma e amarás o próximo como a ti mesmo. Nisto consiste a lei, os profetas e a sabedoria. Portanto, todo o Antigo Testamento, que é a Lei, os profetas e a Sabedoria, Jesus resumiu no amor a Deus e ao próximo. É esta Lei, que a primeira leitura faz referência hoje. Esdras e Neemias são duas figuras importantes do Antigo Testamento, que resgatou, recuperou a importância que a Lei, os profetas e a sabedoria merecem ter. O povo de Deus sempre esteve atendo à vontade de Deus, em determinado momento, deixou esta lei de lado. Aí, como que tentando resgatar a identidade do povo de Deus, acabou reunindo todo o povo e proclamando, de maneira solene, a Lei, como relata aqui a primeira leitura. Ora, a Celebração Eucarística (missa) é composta da liturgia da Palavra e da liturgia Eucarística. São dois rituais que tem o mesmo valor e se completam. A Liturgia da Palavra é nós ouvirmos o que Deus nos fala, como Esdras fez com o seu povo. Aqui ainda diz, que foi providenciado um tablado, para que a Leitura fosse feita de maneira solene e na hora da leitura da Lei, todos se levantaram, para externar a reverência que deveriam dar àquela leitura. É por isso, que no presbitério temos o ambão das leituras, porque dali se proclama a Palavra de maneira solene e durante o Evangelho nós ficamos em pé, imitando o povo do Antigo Testamento. Mas, porque só durante o Evangelho? Porque cremos que Jesus é a síntese. Ele é a Lei de Deus, os profetas e a sabedoria de Deus encarnado.  Nele, Deus e homem verdadeiro. Por isso, na proclamação do Evangelho nós ficamos em pé, porque ouvimos o próprio Jesus que nos orienta e para dizer quer estamos atentos e dispostos a seguir em frente com nossa missão. Ora, por que estas leituras acompanham a leitura do Evangelho de hoje? Aqui é bom nos lembrarmos, que a prática, a observância da Lei era o ponto central, para que cada um pudesse externar a sua fé no Deus vivo e verdadeiro.
Entretanto, no tempo de Jesus, eles acabaram interpretando assim as coisas: quem observa as Leis de Deus, este é abençoado por Deus. Então, nada de mal lhe acontece. A pessoa prospera no dinheiro, tem saúde e tudo lhe é abençoado. Em contrapartida, quem não observa a Lei, este fica pobre, contrai enfermidades. Se você quer ver se alguém é abençoado, basta ver se ele tem dinheiro, tem saúde e tem prestígio. O que aconteceu? Criaram a teologia da RETRIBUIÇÃO: onde você é fiel a Deus e Deus retribui com tudo que é bom. Não sendo fiel a Deus, Deus te amaldiçoa em tudo.
Infelizmente, esta mentalidade acompanha as pessoas até hoje. Muitas vezes, visitando doentes, tenho ouvido: o que fiz a Deus para merecer tanto sofrimento? É a idéia de que ele está pagando por algum erro cometido. Ou então, por que meu vizinho não vai à igreja e dá tudo certo? Eu vou à igreja e dá tudo errado: é a idéia da RETRIBUIÇÃO. Jesus quebrou com isto. Diante do cego de nascença, João 9, os discípulos perguntam a Jesus: quem pecou para que nascesse cego: ele ou seus pais? Jesus vai dizer: nem ele e nem seus pais. Isto acontece para que seja manifestado a glória de Deus. Jesus quebra com esta forma de pensar. Ele quebra de maneira solene: Ele chega na sinagoga, abre o livro do profeta Isaías  e lá está: “O Espirito do Senhor está sobre mim, Ele me ungiu para Evangelizar os pobres”. Ora, por que isto? Porque se os ricos já estão abençoados, já estão na glória, porque estão próximos, unidos a Deus, é necessário resgatar os que são desgraçados, aqueles que não contam com a graça de Deus. Mas, Jesus não disse só isto. Ele diz: para libertar os cativos, um ano da graça no Senhor. Ora, se formos pensar nisto hoje, alguns, que tem um pouco de dinheiro aplicado no Banco, vão dizer: então, Jesus não gosta dos ricos? Não se trata disto. Jesus vem para aquele que é NECESSITADO, independente de ser rico ou pobre. Quem são os cativos hoje? Nós poderíamos falar de inúmeras situações. Desde a dependência química, dependências lícitas ou ilícitas, até pessoas que perderam, totalmente, os valores éticos, morais... então, teríamos muita gente para apresentar como cativos. Jesus vem para libertá-los. Que maravilha. Jesus vem para os que se sentem oprimidos, tristes, desanimados... Como é que Ele faz isto? Quem é o Corpo Místico de Cristo? Nós. É uma missão que é repartida conosco. A partir do Batismo, o Espírito Santo pousa, também, sobre nós. E, aí, somos convidados a realizar uma missão. Mas, sempre pensando nos outros? Eu não posso pensar em mim mesmo? É evidente que pode. Por isso, a gente vem à Celebração Eucarística (missa), para ser acariciado por Deus. Ele nos oferece o que Ele tem de mais precioso: ele mesmo, no corpo e no sangue, para dizer: nós estamos unidos. Nós somos um único corpo. E, o mais importante: Eu ofereço a você a Vida Eterna.
Cada domingo, cada encontro nosso, é motivo de alegria e esperança. Somos animados por Deus e somos chamados a animar, também, os outros. Que em cada realidade nossa possamos apresentar este Cristo, através de nossas obras e atitudes.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André - SP


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Homilia de D. Henrique Soares

Há três aspectos na Liturgia da Palavra de hoje dignos de particular atenção.
Primeiro. O evangelho apresenta-nos o início da obra de Lucas. Aí tem-se uma dedicatória e uma apresentação da obra a um certo “Teófilo”. E Lucas afirma expressamente que “após um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti... Deste modo poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste”. Estas palavras nos revelam a seriedade do testemunho dos evangelhos. Não são fábulas, não são delírios! São, isto sim, um testemunho de fé! Testemunho de quem crê, de quem tem razões para crer e querem fazer com que outros creiam e creiam com razão profunda!
Num mundo de tantas verdades, de tantas mentirinhas, de tantas seitas, lendas e mitos... Num mundo que virou um enorme coquetel de religiões, onde cada um faz a sua, na sua medida e do seu modo, na proporção e no gosto do seu comodismo, é preciso recordar que somente em Cristo Deus revelou-se plenamente; somente Cristo é a Verdade do Pai; somente ele, o Caminho para Deus; somente nele, a Vida em abundância! Mas, ainda aqui, é preciso dizer mais, por mais chato que possa parecer! Cristo é o único Caminho, Verdade e Vida... mas não qualquer Cristo! Não um Cristo inventado, não um Cristo “meu”, do meu tamainho e do meu gosto! O Cristo que o Pai revelou, o Cristo vivo e atuante, é aquele presente na Palavra guardada, pregada e testemunhada pela Igreja com a assistência do Espírito Santo; é aquele que se dá nos sacramentos da Igreja; é aquele presente na Igreja que no Credo professamos como sendo única, católica e apostólica. Num mundo de tantas dúvidas, Cristo presente na sua Igreja católica seja a nossa certeza, a nossa segurança, o nosso rochedo!
Um segundo aspecto. Ainda o evangelho de hoje, nos apresenta Jesus na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção”. Quando deu-se esta consagração? No batismo às margens do rio Jordão. Há quinze dias meditávamos sobre este mistério: o Pai, o Senhor, ungiu Jesus com o Espírito Santo como Messias de Israel. E qual a sua missão? “consagrou-me com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista, para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Eis a missão de Jesus, o Messias: acolher, consolar, perdoar, libertar, fazer viver. Mas, para que experimentemos Jesus assim, é necessário que nós mesmos descubramos que somos pobres, que somos tão carentes, tão limitados, tão pequenos. Quando descobrimos isso, quando vemos que o mundo é assim, então experimentamos também que, em Jesus, Deus veio a nós, Deus deu-se a nós, Deus estendeu-nos as mãos, abriu-nos os braços e aconchegou-nos no coração.
É por isso que a pessoa, os atos e as palavras de Jesus são Boa-nova, Boa-notícia, ou, em grego, Evangelho! E a Boa-nova é precisamente esta: Deus nos ama, está conosco em Jesus; veio para ficar, para permanecer para sempre na nossa vida e no coração do mundo!
Aqui entra, precisamente, o terceiro aspecto da Palavra deste domingo: este Jesus permanece conosco na potência sempre presente e atuante do seu Espírito Santo, presente de modo potente e soberano na Igreja que Jesus fundou. Já no domingo passado, vimos que a Igreja é a Esposa do Cristo, cheia do vinho abundante do Espírito Santo, que nela suscitava tantos dons, tantos carismas, tantos ministérios, tanta vida. Pois bem, a segunda leitura da missa de hoje insiste nesta idéia e aprofunda-a ainda mais.
Porque Cristo ressuscitou e nos deu o seu Espírito Santo, nós, como Igreja, desde o nosso Batismo, somos o Corpo de Cristo: “Vós, todos juntos, sois o Corpo de Cristo e, individualmente, sois membros deste Corpo”. É juntos, como Comunidade, como membros da Igreja, que somos o Corpo vivo do Cristo; Corpo vivificado pelo Espírito Santo! É uma idéia, esta, que deveria estar sempre diante de nós! A Igreja não existe por ela mesma: ela vive do Espírito do Cristo; a Igreja não escolheu o Cristo: ela foi por ele amada, por ele fundada, por ele escolhida e é por ele sustentada e vivificada; o Cristo não pertence a Igreja: a Igreja é que pertence a Cristo e, na força do Espírito é sempre amada e renovada por ele. Ele nunca vai abandoná-la, nunca vai traí-la, nunca vai renegá-la!
E mais ainda: no seu Amor, isto é, no seu Espírito, ele suscita no corpo da Igreja, que é o seu Corpo, tantos membros diferentes, com dons e carismas tão diversos! É o que São Paulo nos recorda na leitura de hoje. Ninguém pode ser cristão sozinho! Cristo não é salvador pessoal de ninguém! Ele é o Salvador do Corpo que é a Igreja (cf. Ef 5,23)! Nós somos salvos no Corpo de Cristo, enquanto membros do povo da Aliança, que é a Igreja. Nesta, quem nos une é o Amor de Cristo e nela, cada um de nós tem uma missão, uma função! Qual é a sua? Quais são as suas? Pai ou mãe de família, educando novos membros para o Corpo de Cristo? Agente de pastoral engajado diretamente na evangelização? Jovem que se esforça para dar um generoso testemunho de coerência e amor a Cristo? Empresário, funcionário público, empregado, que no seu trabalho procura ter um comportamento digno do Evangelho? Qual o seu papel na Igreja? Rico ou pobre, forte ou fraco, jovem ou ancião, todos temos como honra e dignidade ser membros do Corpo do Senhor, sustentados e vivificados pelo Espírito do Senhor, destinatários da salvação e da consolação que ele nos trouxe, do carinho e da ternura do Pai que ele derramou sobre nós.
Desde domingo passado que a Palavra vem nos questionando sobre o nosso modo de ser e viver nossa pertença a Cristo e à sua Igreja. Pensemos, e não recebamos em vão a graça de Deus, para que, um dia, possamos participar da vida plena daquele que Senhor que, feito homem por nós, vive e reina para sempre. Amém.
D. Henrique Soares 24 maio de 2009


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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Dedicando a sua Obra (Evangelho e Atos dos Apóstolos) a um importante personagem chamado “Teófilo”, o evangelista Lucas desafia quem lê os seus escritos a tornar-se, também ele, um “teófilo”, isto é, um “amigo de Deus” (grego theos: Deus; filos: amigo). Portanto, não será possível compreender o evangelho caso não se tome a decisão de acolher a amizade de Deus e tornar-se seu amigo. O tema da amizade de Deus está presente ao longo de todo o evangelho de Lucas. Essa amizade é, antes de tudo, a iniciativa de Deus de fazer-se próximo do ser humano, a fim de manifestar-lhe, de modo concreto, o seu amor, a sua misericórdia e bondade, condescendência e solidariedade. O próprio Jesus afirma que era acusado de ser “amigo de publicanos e pecadores” (7,34), um escândalo para aqueles que se consideravam santos, isto é, os escribas e fariseus, que o reprovavam: “Este homem recebe os pecadores e come com eles” (15,2).
A amizade de Deus, manifestada no seu Filho, realiza o grande desejo do povo de Israel que anseia pelo cumprimento das promessas do Antigo Testamento, indicado pelo profeta Isaías que, em nome de um povo que se sentia distante do seu Deus, desabafa: “Há muito que somos um povo sobre o qual não exerces o teu domínio, sobre o qual não se invoca o teu nome. Oxalá que fendesses o céu e descesses” (Is 63,19). Um povo sofrido, marginalizado e abandonado por todos, mas que nutre a esperança de que um dia o seu Deus o visitará, a fim de restituir-lhe a dignidade e a alegria de viver. Esta será a melhor notícia, o verdadeiro evangelho: “Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, do que proclama boas novas e anuncia a salvação…” (Is 52,7).
Na sinagoga de Nazaré, ao proclamar a Palavra de Deus já anunciada pelo Profeta Isaías, o profeta Jesus anuncia a Boa-Nova de que o amanhã imprevisível das promessas do ontem, Antigo Testamento, realiza-se no hoje de sua presença e missão: “Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos essa passagem da Escritura” (4,21). A reação de admiração dos seus ouvintes não está relacionada à proclamação de um novo texto das Escrituras, pois certamente, no ciclo da leitura sinagogal, esta passagem de Isaías (61,1-2) era bastante conhecida. Mas o encanto das pessoas estava justamente no modo coerente de Jesus ler as Escrituras. Não era apenas um conjunto de explicações incompreensíveis, mas uma palavra que se traduzia nas suas atitudes concretas. Aquela Palavra distanciada por falta de compreensão, pois os mestres que a proclamavam não a praticavam, agora na boca de Jesus, era reconhecida pelo povo como Boa-Nova de salvação para os pobres. Era palavra que liberta os presos da ignorância. Esta, muitas vezes, era favorecida pelo eruditismo dos escribas e mestres da Lei que enganavam o povo, impondo-lhe fardos pesados. Essa Boa-Nova de Jesus dirigida aos pobres “proclama a remissão aos presos” e denuncia aqueles que aprisionam os ignorantes: “Ai de vós, legistas, porque tomastes a chave da ciência! Vós mesmos não entrastes e impedistes os que queriam entrar” (11,52).
Diante de uma sociedade marcada pela cegueira provocada pela manipulação ideológica dos que governam, a Boa-Notícia do Profeta Jesus “proclama a recuperação da vista aos cegos”, propondo um novo estilo de vida pautado no seu seguimento, assim como o cego de Jericó que “no mesmo instante recuperou a vista e seguia a Jesus, glorificando a Deus” (18,43).
Opondo-se a uma sociedade desejosa de uma falsa liberdade dependente do acúmulo de bens materiais (12,13-21), de prazeres inconsequentes (15,13) e da ostentação que avilta o semelhante (16,19-31), “a proclamação da verdadeira libertação aos oprimidos”aponta para o caminho do desapego e da solidariedade: “Vendei vossos bens e dai esmolas. Fazei bolsas que não fiquem velhas, um tesouro inesgotável nos seus céus…” (12,33).
Jesus finaliza a sua leitura com a grande proclamação: “Um ano da graça do Senhor”.Omitindo a última frase do texto de Isaías proclamado: “e um dia de vingança do nosso Deus” (Is 61,2b), ratifica aquilo que será a marca fundamental da sua missão: realizar a visita do Deus Todo-Poderoso e, portanto, capaz de perdoar, redimir. Esta era uma das finalidades do Ano do Jubileu (ver Dt 15,1; Lv 25,1-7). Destarte, o perdão misericordioso de Deus é a prova suprema da sua Onipotência, pois só Ele tem a força para levantar o caído, restituindo-lhe a vida, como fez o Bom Samaritano: “Movido de compaixão, aproximou-se, cuidou de suas chagas…” (10,34). Sem dúvida, a característica mais marcante da revelação de Jesus no evangelho de Lucas é esta proximidade de Deus. Um Deus que por causa do “seu misericordioso coração nos visita… Para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, para guiar nossos passos no caminho da paz”(1,78-79). A visita de Deus, segundo a perspectiva de Lucas, se realiza na vinda do seu Filho ao mundo, que ao nascer, o Anjo do Senhor proclamou: “Não temais! Eis que eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje um Salvador!” (2,10-11). Esta visita continua acontecendo quando aceitamos a sua amizade e nos tornamos seus amigos, acolhendo o seu convite: “Desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa” (19,5), pois Ele é um Deus que, aproximando-se, faz-se amigo do ser humano (filo-antropos) a fim de que o ser humano se torne amigo seu (teó-filos). O evangelho de Lucas nos apresenta este itinerário de mão dupla: Deus se aproxima de nós e possibilita que nós nos aproximemos Dele. Ele quer nos acolher em nossa casa, como no encontro com os discípulos de Emaús que, aceitando entrar na casa deles, partilha com eles o pão, sinal inconfundível da sua presença acolhedora. Não quer nos encontrar num lugar distante, mas na proximidade de uma verdadeira amizade.

Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ. Mestre em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Professor nos Seminários de Campina Grande-PB, Caruaru-PE e João Pessoa-PB. Membro da Comissão Teológica Dehoniana Continental – América Latina 
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:


LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito seja o Senhor, o nosso Deus.
- Senhor, nosso Deus e pai! Vos agradecemos porque sempre nos apresentais a Palavra que salva e liberta. Nos tempos antigos ela nos veio através dos patriarcas e profetas. Na plenitude dos tempos, ela nos é apresentada pelo seu próprio Filho Jesus Cristo, que nos ensinou com palavras e gestos os caminhos de vosso Reino. Hoje ela nos é dirigida através de vossa Igreja que nos orienta e nos ilumina com a Luz do Espírito Santo. Pai, vos pedimos por todos os que pregam a vossa Palavra, por gestos e atitudes, para que sejam auxílio a todos os vosso filhos, que criastes.
T: Bendito seja o Senhor, o nosso Deus.
- Senhor, nós vos agradecemos pelo nosso batismo, pelo qual nos tornastes membros vivos do corpo de vosso Filho. Pai, vos pedimos pelo bispos, presbíteros, diáconos, ministros da Palavra, catequistas, para que o Espírito Santo os ilumine na missão de proclamar a vossa Palavra.
T: Bendito seja o Senhor, o nosso Deus.
- Bendito sejais, Senhor nosso Deus, porque realizastes em Jesus as palavras dos profetas. Agradecemos porque nos enviais o Espírito Santo para nos iluminar com a vossa Sabedoria. Pai, sois o nosso libertador; iluminai-nos para que anunciemos ao mundo o vosso Reino.
T: Bendito seja o Senhor, o nosso Deus.
- PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO...



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