V Domingo
do T. Comum (adaptado pelo Diácono Ismael)
Sinopse:
TEMA: “É
pela graça de Deus que eu sou o que sou.” Somos todos
chamados a uma missão.
Primeira
leitura: Isaías é modelo
de um homem, que é sensível aos apelos de Deus.
Evangelho: Um grupo de discípulos que partilharam a
barca com Jesus, acolhem as propostas e reconhecem Jesus como seu “Senhor”, e
que deixaram tudo para segui-lo.
Segunda
leitura: A ressurreição de Jesus
é que nos anima a evangelizar e enfrentar a injustiça.
LEITURA
I – Is 6,1-2a.3-8
[ ] vi o
Senhor, sentado num trono [ ] serafins de pé, [ ] o templo enchia-se de fumaça.
Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios
impuros, [ ] Um dos serafins voou ao meu
encontro, tendo na mão um carvão ardente [ ] . Tocou-me com ele na boca e
disse-me: « [ ] o teu pecado, foi perdoado ». Ouvi então a voz do
Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?» Eu respondi: «Eis-me
aqui: podeis enviar-me».
AMBIENTE
Estamos em
Jerusalém, 740 a .C..
Isaías tem vinte anos. Enquanto está no Templo, descobre que Deus o chama a ser
profeta. No entanto, este relato não deve ser visto como uma reportagem
jornalística de acontecimentos, mas sim como uma apresentação teológica de uma
experiência interior de vocação. Os pormenores folclóricos – o trono alto em
que o Senhor Se senta, os “serafins” com seis asas, o fumo – são elementos
simbólicos com que o profeta desenha a grandeza de Deus que lhe chamou.
MENSAGEM
Isaías
deixa claro que a sua vocação é obra de Deus.
Em segundo
lugar, Tem consciência dos seus limites. A “purificação” sugere que a
indignidade e a limitação não são impeditivos para a missão.
Em
terceiro lugar, temos a aceitação da missão pelo profeta.
ATUALIZAÇÃO
♦ Deus nos chama para a missão e espera uma resposta.
♦ A missão frequentemente está associada a dificuldades, a
sofrimentos, e a conflitos.
♦ Minhas limitações não servem de desculpa para a missão que Deus
quer confiar: Ele dará a força para superar os limites.
SALMO RESPONSORIAL / 137 (138)
Vou
cantar-vos, ante os anjos, ó Senhor, e ante o vosso templo vou prostrar-me.
• Ó Senhor, de coração eu vos dou graças,
/ porque ouvistes as palavras dos meus lábios! /
Perante os vossos anjos vou cantar-vos / e
ante o vosso templo vou prostrar-me.
• Eu agradeço vosso amor, vossa verdade, /
porque fizeste muito mais que prometestes; /
naquele dia em que gritei, vós me escutastes /
e aumentastes o vigor da minha alma.
• Os reis de toda a terra hão de
louvar-vos, / quando ouvirem, ó Senhor, vossa promessa. /
Hão de cantar vossos caminhos e dirão: /
“Como a glória do Senhor é grandiosa!”
• Estendereis o vosso braço em meu auxílio
/ e havereis de me salvar com vossa destra. /
Completai em mim a obra começada. / Ó
Senhor, vossa bondade é para sempre! /
Eu vos peço: não deixeis inacabada/ esta
obra que fizeram vossas mãos!
EVANGELHO
– Lc 5,1-11
[ ] a multidão
apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. Jesus viu duas barcas[
]. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. Subindo numa das
barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois
sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a
Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”.
Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas,
em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. Assim fizeram, e apanharam
tamanha quantidade de peixes, que as redes se rompiam. Então fizeram sinal aos
companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e
encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. Ao ver aquilo, Simão Pedro
atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um
pecador!”. [ ] Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante
tu serás pescador de homens”. Então levaram as barcas para a margem, deixaram
tudo e seguiram a Jesus.
AMBIENTE
Estamos na
Galileia, no início do ministério de Jesus. Lucas apresentou o programa de
Jesus na sinagoga de Nazaré como anúncio da Boa Nova aos pobres e a libertação
dos prisioneiros… Agora, começam a notar-se os primeiros resultados da
atividade de Jesus: à sua volta formar-se o grupo dos que foram sensíveis a
essa proposta de salvação e seguiram Jesus.
MENSAGEM
O texto é
uma catequese da identidade cristã:
- Ser
cristão é, em primeiro lugar, estar com Jesus “no mesmo barco”. É desse barco,
que a Palavra de Jesus se dirige ao mundo, propondo a todos a libertação.
- Ser
cristão é, em segundo lugar, escutar a proposta de Jesus, fazer o que Ele diz,
cumprir as suas indicações, lançar as redes ao mar.
- Ser
cristão é, em terceiro lugar, reconhecer Jesus como “o Senhor”: é o que faz
Pedro, ao perceber como a proposta de Jesus gera vida e fecundidade para todos.
- Ser
cristão é, em quarto lugar, aceitar a missão que Jesus propõe: ser pescador de
homens. O “mar” no ideário judaico: era o lugar dos monstros que procuravam
roubar a vida e a felicidade do homem. Ser “pescadores de homens” significa que
a missão do cristão é continuar a obra libertadora de Jesus. Trata-se de salvar
o homem de morrer afogado no mar da opressão, do egoísmo, do sofrimento, do
medo.
- Ser
cristão é, finalmente, deixar tudo e seguir Jesus.
ATUALIZAÇÃO
♦ Estamos no barco de Jesus? Ouvimos suas propostas ou as do mundo?
♦Chamados a ser “pescadores de homens”, temos por missão combater o
mal, a injustiça, o egoísmo, a miséria, tudo o que impede os homens de viver
com dignidade e de ser felizes.
♦ Deixamos tudo na praia para seguir Jesus?
LEITURA
II – 1 Cor 15,1-11
Recordo-vos,
irmãos, o Evangelho que vos anunciei e [ ]
pelo qual sereis salvos. [ ]
Transmiti-vos [ ] o que eu mesmo
recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados [ ]; foi sepultado e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze. Em
seguida apareceu a mais de quinhentos irmãos [ ]. Posteriormente apareceu a
Tiago e depois a todos os Apóstolos. E [ ], apareceu-me também a mim, como o
abortivo. [ ] a graça que Ele me deu não foi inútil. [ ] pregamos; e vós
acreditastes.
AMBIENTE
A
ressurreição dos mortos era relativamente bem aceita no judaísmo, habituado a
ver o homem na sua unidade; mas constituía um problema para a mentalidade
grega. Porquê? A cultura grega, era influenciada por filosofias dualistas
(Platão) que viam no corpo uma realidade negativa e na alma uma realidade ideal
e nobre, recusava-se a aceitar a ressurreição do homem integral. Como poderia o
corpo que aprisionava a alma e a impedia de subir ao mundo ideal, na opinião
dos filósofos gregos – seguir a alma? É a esta questão posta pelos Coríntios
que Paulo vai responder neste texto.
MENSAGEM
A
argumentação de Paulo é simples: nós ressuscitaremos, porque Cristo já
ressuscitou. A comprovação do fato resulta dos outros dois elementos. No que
diz respeito ao testemunho das escrituras, Paulo não cita diretamente nenhum
texto da Sagrada Escritura em favor da sua tese; mas podemos pensar que Paulo está referindo a Is 53,8-12 (o quarto
poema do Servo de Jahwéh) e a Os 6,2. No que diz respeito às testemunhas da
ressurreição de Jesus, Paulo cita seis manifestações de Jesus ressuscitado.
Notemos que os apóstolos (Paulo incluído) não testemunharam o momento da
ressurreição, mas a experiência de um Jesus que continuou vivo depois da morte.
O ressuscitado fez-se presente na vida destes homens. A ressurreição de Cristo
é um fato real, mas ao mesmo tempo sobrenatural e meta-histórico, algo que
ultrapassa completamente as categorias humanas de espaço e de tempo, a fim de
entrar na órbita da fé. É algo que a ciência histórica não pode demonstrar,
porque corresponde a uma experiência de fé. O que, historicamente, podemos
comprovar, é a incrível transformação dos discípulos que, de homens
cheios de medo, de frustração e de covardia, se converteram em arautos
destemidos de Jesus, vivo e ressuscitado. Além do mais, a ressurreição é um
fato que ocorreu, mas que continua a ocorrer; continua a ter a eficácia
primitiva, continua a ser capaz de converter em homens novos, a quantos aceitam
Jesus pela fé. A comunidade cristã é convidada a fazer esta descoberta, a
partir das Escrituras, do Espírito e da própria vida nova que continuamente vai
nascendo nos cristãos.
ATUALIZAÇÃO
♦ Essa ressurreição é que afirmamos no credo e continua a acontecer
na nossa vida e na nossa história, gerando vida nova, libertação, amor, numa
contínua manifestação de Primavera para nós.
♦A ressurreição de Cristo garante-nos que não há morte para quem
aceita fazer da sua vida uma luta pela justiça, pela verdade, pelo projeto de
Deus. A certeza da ressurreição encoraja-nos a lutar, sem medo, por um mundo
mais justo, mais fraterno e mais humano.
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"O
Chamado"
Ao longo da história, Deus
sempre chama pessoas e as envia para realizar os seus planos.
As Leituras bíblicas de hoje
nos falam de TRÊS CHAMADOS:
Na 1ª Leitura, temos
o Chamado de ISAÍAS. (Is
6,1-8)
- Deus se revelou a ele,
quando estava em oração no templo.
- Inicialmente, ele se sente pequeno e indigno.
Prefere continuar no seu cantinho cômodo, sem
se comprometer.
- Um anjo lhe toca os lábios
com uma brasa, purificando-o para a missão.
- Deus então pergunta: "Quem vou enviar?"
Isaías, sensível ao apelo de Deus, aceita: "Eis-me
aqui, envia-me".
* Vemos aqui os PASSOS DA VOCAÇÃO:
- A iniciativa é
sempre de Deus
- A primeira reação é sempre
a mesma: "não sou capaz". "Não sou digno".
- Mas quando nos colocamos
numa atitude de disponibilidade, Deus nos purifica e fortalece, e
acabamos dando conta do recado.
Na 2ª Leitura, PAULO
conta o seu Chamado. (1 Cor 15,1-11)
Ele se considera o
"último" dos apóstolos... como um "abortivo".
Mas no encontro com Cristo a
caminho de Damasco, responde: "Senhor,
que queres que eu faça?"
No Evangelho temos o
Chamado dos Primeiros APÓSTOLOS. (Lc 5,1-11)
- Jesus na Barca de Pedro fala ao povo... e
depois os convida a pescar...
- Pedro confia na sua palavra e acontece a
pesca milagrosa...
- Pedro também se sente indigno...
- Jesus convida: "Doravante serás pescador de gente."
- E eles aceitam o convite: "Largam tudo e o seguem..."
O texto apresenta uma
Catequese sobre: O QUE É SER CRISTÃO.
- É ESTAR com Jesus
"no mesmo barco".
É desse barco (a comunidade cristã), que
Jesus fala ao mundo.
- É ESCUTAR a proposta de
Jesus, fazer o que ele diz, mesmo quando suas propostas podem parecer
ilógicas e incoerentes.
"Porque
tu o dizes, lançarei as redes".
- É RECONHECER Jesus como
"o SENHOR": É o que Pedro faz, ao perceber que a proposta de
Jesus gera vida e fecundidade para todos.
- É ACEITAR a missão
que Jesus propõe: Ser pescador de gente: Significa continuar a obra libertadora
de Jesus.
- É DEIXAR tudo e seguir
Jesus.
A generosidade e o dom total devem ser sinais
distintivos dos que o seguem.
O texto é rico de outros
detalhes:
- Jesus
proclama a Palavra da Barca de Pedro:
Essa barca representa a comunidade cristã.
(Jesus foi expulso da sinagoga)
Embora ocupada por pecadores, é dessa barca
que ecoou a voz de Deus.
- O Anúncio da Palavra acontece
num dia de semana: no ambiente de trabalho, sem ser no
sábado...
A Palavra de Deus deve ser anunciada sempre
e em todos os lugares...
- "Avança para águas mais
profundas"... É o convite para os novos pescadores superarem a
rotina da ação pastoral, sempre agarrada às margens que não dão mais peixe!
Precisa buscar sempre um novo jeito de "pescar".
- É Pedro quem conduz a barca
para o lugar indicado... e a ele Jesus diz: "Serás pescador de homens..."
A ele é confiado um ministério especial na
Igreja, que navega nos mares da história...
- A Pesca milagrosa não é
resultado da habilidade de Pedro, mas da força da Palavra de Deus.
Por que muito trabalho não produz
fruto? Em nome de quem estamos pescando?
- A Missão é ser pescador de
gente: Jesus escolhe pessoas simples para uma missão tão
importante...
Deus não olha tanto as qualidades humanas...
mas a generosidade...
- Essa Missão é confiada a toda a
Comunidade, apesar de suas limitações.
Deus só espera a disponibilidade em acolher
o seu convite e deixar tudo...
* Todos somos chamados por
Deus a sermos profetas como Isaías, e pescadores de homens como Pedro.
- O chamado pode chegar até
nós através do padre... da comunidade...
Vocês não imaginam como é difícil essa missão
de convidar!...
"Quem poderia, não aceita... e quem
aceitaria, a comunidade não aprova!..."
Qual é a nossa Resposta? Acolhemos
com a generosidade...
- de Isaías: "Eis-me aqui... envia-me..."
- de Paulo: "Senhor, que queres que eu faça?"
- dos primeiros Apóstolos: "Largaram tudo e o seguiram"
- Às vezes, esquecendo que somos pecadores,
podemos confiar demais em nós, ou então não confiar em nós e na ação de Deus em
nós.
- Se confiarmos na força da
Palavra de Deus e tivermos a coragem de deixar tudo, a pesca milagrosa
continuará acontecendo, ainda hoje...
Cristo ainda hoje precisa de pescadores de
gente.
Ele pode contar com você?
Pe.
Antônio Geraldo
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Homilia
do Pe. Pedrinho
A Palavra
de Deus é dirigida a cada um de nós. A última frase da primeira Leitura diz:
«Quem enviarei? Quem irá por nós?» Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis
enviar-me».
Ora, a coragem do profeta Isaías, com toda
a sua juventude, a disposição de Paulo, com todo seu selo em pregar a Palavra e
a missão, que Jesus atribui a Pedro, para que seja pescador de homens, são três
exemplos de como nós poderíamos responder ao chamado, que Deus nos faz a cada
dia. O ambiente é a liturgia, o ambiente é a Celebração, o encontro com Deus.
Este é o lugar adequado, o melhor de todos, para respondermos ao chamado de
Deus. Veja como é interessante: Diz a primeira leitura, que diante dos cânticos,
que eles cantavam, até os ferrolhos das portas tremiam e a fumaça ocupava o
Templo todo. São dois pontos, sobretudo, muito presentes na nossa Liturgia e
muitos católicos não se dispõem em fazer. Eu não estou falando de quem está
aqui, mas de quem não tem o hábito de participar da Celebração Eucarística
(missa). Simplesmente não cantam. Vai para ouvir e assistir os outros cantarem.
Aqui diz, que é um elemento para ajudar você a encontrar-se com Deus. Isaías
conseguiu ver a face de Deus, durante os cânticos e muitas vezes, quando
utilizamos o incenso, somos criticados, quando dizem: esta fumaça toda, para
que? O incenso é um recurso utilizado para nós nos sentirmos mais próximos de
Deus, como se estivéssemos, assim, nas nuvens. São dois elementos, que não são,
assim, essenciais, mas que facilitam a nossa experiência diante de Deus. Só que
temos uma dificuldade: a dificuldade do pecado. Todos nós somos pecadores. Na
medida em que vamos perdendo a inocência, eu não estou dizendo de sexo, mas de
todo sentido de pecado, nós vamos nos sentindo mais distantes de Deus. Por
conta disso, achamos que é melhor se afastar de Jesus, do que assumir a nossa
realidade de pecadores. Olha a reação de São Pedro: “afasta de mim, Senhor,
porque sou pecador”. Quem de nós está, cem por cento, pronto para se colocar
diante de Deus? Esta é a grandeza do cristianismo. Nós não precisamos estar
formados para podermos Evangelizar, porque nunca estaremos formados. Nós somos
sempre discípulos e o mestre é sempre Jesus. Quando acharmos que encontramos
Jesus, Ele vai dizer: vá para a Galiléia, porque lá eu te precedo. Então, não
adianta acharmos que estamos prontos. Não. Ora, então, o que fazer? Nem estou
pronto e sou pecador. Confiar na graça de Deus. Este é o segredo. Quem é que,
de fato, está pronto para assumir a sua missão de evangelizador como leigo?
Leigo são as pessoas que não são padre, nem frei, nem freira, mas que são
chamados a evangelizar. Quem é que está cem por cento digno para presidir uma
Eucaristia? Quem é que está cem por cento coerente com a sua vida, para se
apresentar como frei ou freira? Que é o sinal do Reino de Deus já implantado.
Claro, que estou generalizando e cada um vai responder por si próprio. O fato é
que utilizamos, muitas vezes, da desculpa do pecado e do não preparo, para não
assumirmos a nossa missão de evangelizadores. O profeta Isaías, São Paulo,
acreditaram na graça de Deus e, por isso, assumiram o seu trabalho. Isaías fez
o que? Senhor, eu sou um pecador. Ora, na medida em que ele confessou esta sua
realidade, então, ele foi purificado, diz a primeira leitura. Aí tornou-se
apto, pronto, para anunciar a Palavra e apresentou-se: Eis me aqui. Envia-me.
Quem crê na graça de Deus, não tem medo de dizer isto: “envia-me”. Ora, São
Paulo é um outro exemplo. Muita gente diz: “ih, se eu for contar a minha vida!
Nossa, não acaba nunca”. São Paulo diz isto: Eu sou como um abortivo. Nem sou
digno de ser chamado apóstolo, porque eu perseguia a Igreja. Ele, até com boa
vontade, ele não era ruim não. Ele até apostou na morte: ele achou que matando
as pessoas, ele iria resolver os problemas da vida dele. Ele queria defender a
fé em Deus. Ora, foi aos poucos que foi dando conta do seu grande equivoco e
torna-se, assim, um grande anunciador do Evangelho. Aliás, ele exagera um pouco:
ele diz: trabalhei mais que todos os apóstolos juntos. Isto é um exagero! Quem
é que pode provar que eu trabalhei mais na evangelização do que você? Quem é
que pode medir, a não ser Deus? Entretanto, ele se dá conta do exagero e diz:
eu não! A graça de Deus que está em mim. Então, é confiando na graça de Deus,
que nós somos capazes de realizar alguma coisa. Ah, mais hoje ninguém quer
ouvir a Palavra! O Evangelho nos instiga, dizendo que todos estavam amontoados,
querendo ouvir a Palavra. E, hoje também. Dificilmente você não encontra alguém
que não tem sede de Deus, porque na realidade, todo mundo quer ser feliz e é
Deus que nos dá felicidade. Agora, é preciso que alguém saia anunciando. É
evidente, que sair anunciando não é ir numa praça pública todos os dias. De vez
em quando, sim, quando você quer dar uma
mensagem ou outra, como nós mesmo já fizemos isto. Mas, o anúncio é a partir de
nossa postura, do nosso testemunho, da nossa maneira de se apresentar ao mundo.
Ora, ,só crendo na Graça de Deus, que nós vamos nos dispor a ouvir a Palavra e
anuncia-la. É nesse encontro de domingo, é um oásis, é um momento onde eu paro,
cansado da missão da semana, ouço a Palavra, me reanimo, tomo o alimento, que é
a Eucaristia, me reforço e saio para realizar esta missão. Até quando? Até o
dia da morte. E, agente morre, quando termina a nossa missão. É nisto que nós
cremos. De fato, queremos conduzir as pessoas a Deus, mas também queremos nos
encontrar com Deus. Diante de tanta
coisa a fazer, a tentação é dizer como Pedro: eu sou muito pequeno. Não tenho
condições de realizar isto. Não! Somos equivocados. Nós somos pequenos, mas não
sou eu que faço. Eu me disponho a levar a graça. Deus é quem faz. Aquilo que eu
não conseguir fazer, outros farão. Se outros não fizerem, Deus fará, porque é a
sua graça que realiza. Então, agradecer a Deus e dizer: eis me aqui, Senhor.
Envia-me.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe.
Pedrinho Diocese de Santo André, SP
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Homilia de D. Henrique Soares
Caros Irmãos, sigamos de
perto este Evangelho de hoje, V Domingo Comum. Jesus aparece à margem do Mar da
Galileia – ou Mar de Tiberíades, ou Lago de Genesaré. Trata-se daquele lago
formado pelas águas do Jordão. Aí Jesus pregou e viveu a maior parte do seu
ministério, aí fez seus milagres, aí contou aquelas parábolas tão bonitas, que
encantam ainda hoje o nosso coração peregrino.
O Senhor está às margens
desse lago e a multidão se apinha na praia para escutá-lo. Diz o Evangelho
deste hoje que todos queriam “ouvir a Palavra de Deus”. É o que
tanto atrai em Jesus: ele fala do Infinito, ele traz o Céu, traz Deus para este
mundo cansado, para o coração humano tão sedento, tão vazio, tão ferido... Mais
ainda: o nosso bendito e santo Salvador não somente traz a Palavra, mas ele
próprio é essa Palavra: “No princípio era a Palavra, o Verbo, e o Verbo estava
com Deus e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós
vimos a sua glória!” (Jo 1,1.14). Pensai bem meus caros, porque ainda hoje é assim:
a humanidade tem sede dessa Palavra e a Igreja somente atrairá o mundo quando
anuncia esta Palavra bendita, que é Jesus. Não se trata de inventar tantos
programas de pastoral, de aparecer com tantas novidades e muito menos d e se
adequar aos modos e modas do mundo, mas de ser transparência viva de Jesus, de
sua encantadora Pessoa e da Palavra que ele anuncia!
E o Senhor entra na barca de
Pedro – recordai que no Evangelho, a barca é imagem da Igreja. É na Igreja de
Pedro, na Igreja de Bento XVI que Jesus se encontra e aí, pela voz da Igreja,
da Mãe católica, ele ainda hoje nos faz ouvir a sua voz, que é luz, que é
doçura que inebria o nosso coração! Que cena tão comovente: a barca a uns
poucos metros da praia, Jesus nela sentado ensinando, o povo sentado à margem
do lago, e o vento, trazendo aos ouvidos da multidão as palavras de vida
eterna, a bendita mensagem que vem do infinito para o nosso mundo sofrido e
cansado...
E ao terminar, Jesus diz a
Pedro – e diz a nós, a cada um e à sua inteira Igreja: “Avança para as
águas mais profundas, conduz o barco para o mar alto, e lançai vossas redes
para a pesca!” O mar do mundo, o mar da vida, o mar do dia-a-dia, o
mar das mil dificuldades e desafios do mundo atual – eia onde o Senhor nos
envia! E Pedro, cansado e desiludido, pois que passara a noite num mar que não
estava para peixe, diz a Jesus o que nós deveremos sempre dizer: “Mestre,
nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Estamos cansados e
desiludidos, sentimo-nos sem forças, sem motivação... Mas, porque tu mandas, na
tua palavra, lançarei as redes!” Ah, queridos irmãos meus,
companheiros de caminho neste mundo, companheiros na barca de Pedro, que é a
Igreja, por que temos medo? Jesus é quem está na barca, Jesus é quem comanda a
pesca! Não somos nós, não são as nossas f orças, não é a esperteza dos nossos
planos de pastoral: é ele quem nos sustenta, é ele quem nos inspira o que
dizer, é ele quem pode tocar os corações! Vamos, pois, ao alto mar desse mundo,
e lancemos as redes do Evangelho! E o milagre acontece, e os peixes são tantos,
que se faz necessária a ajuda dos companheiros de Pedro!
E Simão, diante da
manifestação da santidade de Jesus – não é ele o Deus Santo que Isaías viu no
Templo, na primeira leitura de hoje? Não é ele, Jesus, aquele a quem
proclamamos a cada Domingo: “Só vós sois o Santo, só vós o Senhor, só vos o
Altíssimo”? Não é ele, a quem os anjos aclamam no céu dizendo: “Santo, Santo,
Santo, Senhor Deus dos exércitos”? Pedro prostra-se ante Jesus e confessa
humildemente ser apenas um pecador, como Isaías na primeira leitura: Ai de mim!
Afasta-te de mim, Senhor: sou apenas um homem impuro que vive no meio de um
povo impuro! Sou apenas um pobre pecador: não sirvo para o teu santo serviço!”
- eis o que deveríamos pensar, eis o que deveríamos dizer! E o mesmo Deus que
tocou os lábios de Isaías e o purificou, toca o coração de Pedro – toca o meu e
o teu coração – e afirma, misericordioso: “Não tenhas medo! De hoje em
diante tu deras pescador de homens!” Pescador não por nossos méritos, mas
pela misericórdia do Senhor, como São Paulo, que hoje humildemente reconhece: “
Eu sou o menor dos apóstolos, eu nem mereço o nome de apóstolo! É pela graça de
Deus que sou o que sou. Sua graça para comigo não foi estéril!” Também nós não
somos nem dignos de ser cristãos; nem merecemos testemunhar e anunciar Jesus!
E, no entanto, ele nos escolheu, nos chamou, ele nos enviou, a cada um de nós,
seus discípulos – apesar de nossa fraqueza e de nossas mil infidelidades!
Cristão, tu não és melhor que ninguém, não és pior que ninguém; mas és
diferente: és de Cristo, és por ele escolhido, consagrado e enviado ao alto mar
do mundo para aí testemunhares o seu santo nome!
E este testemunho,
caríssimos, não pode ser outro que aquele de Paulo, da Igreja dos Apóstolos e
de todos os tempos: o anúncio de Jesus tal qual é conservado e proclamado de
modo íntegro pela nossa Mãe católica: “Cristo, o único Salvador, morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” – Buda não salva, Maomé
não salva, os orixás não salvam e sequer existem! Somente Cristo morto por nós
é o Salvador! Ele “foi sepultado e ao terceiro dia ressuscitou, segundo
as Escrituras”. Nele, caríssimos, a morte foi vencida! Ele está vivo e
apareceu primeiro a Simão-Cefas, aquele mesmo que foi feito pescador de homens,
aquele de quem Bento XVI é legítimo Sucessor; e apareceu aos Doze, aqueles
mesmos que têm como sucessores os Bispos católicos. Apareceu a Tiago e também a
mais de quinhentos irmãos, a maioria dos quais ainda vivia na época de Paulo
Apóstolo. Por último apareceu a Paulo – e o próprio Apóstolo hoje dá testemunho
de que viu o Senhor vivo, ressuscitado, vitorioso!
Queridos irmãos, se o Senhor
está vivo, se o Senhor é aquele proclamado no Evangelho tal como conservado
pela santa Igreja católica, por que ter medo? Por que a falta de convicção? Por
que a covardia em dizer aos quatro ventos dos quatro mares que Jesus é o
Senhor, único Salvador?
Jesus, vivo para sempre!
Jesus presente na tua Esposa católica, nossa Mãe amada, Jesus ajuda-nos a
sermos tuas testemunhas, apesar de nossa indignidade e fraqueza, apesar de
nossa covardia tantas vezes! Jesus, torna cheia a rede da tua Igreja, não
segundo os nossos modos e prazos, mas unicamente segundo a tua santa vontade! A
ti a glória, ó Salvador, hoje e para sempre. Amém!
D.
Henrique Soares
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Por: Pe.
André Vital Félix da Silva, SCJ
Ao concluir a celebração do Jubileu do ano 2000, São João Paulo
II dirigiu à Igreja e, naturalmente, a toda a humanidade, um urgente e determinante
apelo: “No início do novo milênio… um novo percurso de estrada se abre
para a Igreja, e ressoam no nosso coração as palavras com que um dia Jesus,
depois de ter falado às multidões a partir da barca de Simão, convidou o
Apóstolo a «fazer-se ao largo» para a pesca: «Duc in altum»” (Carta
Apostólica Novo Millennio Ineunte, n. 1).
Sem sombra de dúvida, este apelo continua ainda muito atual,
sobretudo para uma sociedade marcada pela superficialidade nas palavras e ações
e pela irreparável perda de valores. Diante dos graves perigos da ditadura do
relativismo e da leviandade de uma sociedade líquida, a Palavra do Mestre: “Avancem para as águas mais profundas” continua apontando o fundamental e
indispensável caminho que a humanidade deve percorrer para garantir a
consistente felicidade,
a real liberdade e a verdadeira vida.
Assim como naquele tempo as multidões
acorriam a Jesus para encontrar Nele uma orientação para as suas vidas, hoje
também são inúmeras as multidões que se encontram perdidas e manipuladas por
tantas ideologias e, portanto, necessitadas de uma orientação que possa indicar
caminhos construtores de verdadeira justiça e paz.
O evangelho como anúncio da pessoa de
Jesus é uma proposta muito concreta para empreender tal caminho. Por outro lado,
urge assumir maneiras mais eficazes de fazer este anúncio. Não basta apenas
espalhar ideias sobre Jesus ou mesmo multiplicar pregações teóricas sobre os
valores fundamentais da vida humana. É necessário construir uma sociedade que
não tenha medo da verdade, ainda que esta tenha um alto preço a ser pago, mas
valerá a pena.
Jesus ao subir na barca e afastando-se
um pouco da margem, usou um meio simples mas muito eficaz para se fazer ouvir.
Mantendo-se a uma distância necessária e estratégica, podia ser visto e ouvido
pela multidão. Caso contrário, permanecendo indistintamente no meio da
multidão, seria comprimido por ela e impedido de dirigir-lhe a Palavra tão
desejada. A Igreja para levar o evangelho às multidões de hoje precisa aprender
a usar meios mais eficazes, contudo não pode trair a sua missão, deve manter-se
fiel à sua identidade. Será sempre uma barca no mar muitas vezes revolto e
tempestuoso. Contudo, deixando-se guiar pelo seu Timoneiro, não naufragará.
Assim como os pescadores se encontraram desencorajados diante do
insucesso do árduo trabalho, apesar de terem usado as melhores técnicas do
tempo (pesca noturna), em muitos setores da Igreja hoje há muito desânimo,
descontentamento e frustração. Pescadores exaustos por excesso de ativismo
pastoral, com suas redes esvaziadas pois esgotaram-se as suas criatividades.
Por outro lado, constata-se a tentação de atrair muitos peixes a todo custo,
capturando-os com as redes do sentimentalismo religioso ou mesmo na armadilha
da fé infantilizada pela compulsiva e ilusória busca da prosperidade. Tal
pescaria, fácil de realizar nas margens do mar, não serve para o Reino, pois
não é fruto da obediência ao Mestre: “Porque disseste, lançarei as
redes”, mas se enraíza na autorreferencialidade e orgulho de quem
se pensa dono da barca.
Significativa é a reação de Pedro diante da surpreendente pesca,
fruto não tanto das suas técnicas de pescador, mas consequência da sua atitude
humilde e obediente, deixando-se orientar pela palavra do Mestre. Depois de ter
avançado para as águas mais profundas, Pedro mergulha numa outra profundeza, a
da sua realidade de homem: “Afasta-te de mim porque sou um
homem pecador”. Sem dúvida, este foi o mergulho mais importante que
Simão Pedro realizou, consequentemente a pesca que teve maior resultado em toda
a sua existência. Um pouco antes quando obedeceu ao mandato do Mestre, e
avançou para as águas mais profundas, encheu suas redes abundantemente. Isto
foi apenas um ensaio daquilo que seria a experiência decisiva para conhecer
quem era aquele homem Jesus de Nazaré e, também, o momento de Pedro
reconhecer-se quem era: um pecador.
Se o reconhecimento de que não haviam
apanhado nada foi o passo decisivo para reverter a situação de frustração e
insucesso em abundância e fartura, agora o reconhecimento de que nada mais é do
que um pecador foi decisivo para dar o importante passo para a grande mudança,
a conversão: de pescador de peixes para pescador de homens. Se até então Pedro
e os seus companheiros pescavam para a morte (retirando os peixes da água
conduziam à morte), agora são chamados pelo Mestre para que continuem a pescar,
mas para a vida.
Se para a primeira pesca tiveram que deixar tudo aquilo que
representava a sua experiência de pescadores para obedecer à Palavra, isto é,
voltar para o mar depois de uma tentativa frustrante, e assim realizar o
inesperado, apanhando uma “multidão de peixes grandes”, agora,
tendo aprendido a lição na prática da fé, deixam tudo e seguem a Jesus para
singrar os mares da humanidade, com o grande e permanente apelo: vencer a
superficialidade estéril, e na profundidade da existência, encontrar a vida, e
a vida em plenitude.
Pe.
André Vital Félix da Silva, SCJ.
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Celebração
da Palavra ( Diáconos e
Ministros extraordinários da Palavra)
Louvor: (Quando o Pão consagrado estiver sobre o
altar)
- O
SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS...
DEMOS GRAÇAS AO SENHOR O NOSSO ...
- COM JESUS, por Jesus e em
Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO,
LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, vos agradecemos pelo vosso imenso
amor.
- “Deus Altíssimo, Rei e Senhor do universo, juntamo-nos à imensa
multidão celeste para Vos aclamar: Santo, Santo, Santo... Toda a terra está
cheia da Vossa glória! - Pai, que desejais vos fazer conhecido: enviai os
vossos mensageiros, para que o vosso Nome seja santificado em toda a terra.”
T: Senhor,
vos agradecemos pelo vosso imenso amor.
- Senhor, bendito sejais pelo
convite que dirigis a todos para que sigamos o vosso Filho Jesus Cristo.
Senhor, sabeis que somos fracos e muitas vezes nos desviamos do reto caminho.
Pai, enviai-nos o Espírito Santo para que sejamos fortalecidos e encorajados
pelas palavras de Vosso Filho que nos instrui e nos transforma.
T: Senhor,
vos agradecemos pelo vosso imenso amor.
- “Pai, nos Vos damos graças pela Boa Nova de Jesus ressuscitado, Ele que
foi manifestado aos Apóstolos e revelado a todos aqueles que vos procuram com
fé. Bendito sejas pelo testemunho dos apóstolos
transmitido de geração em geração. Senhor, salvai-nos e acolhei a todos
nós em vosso Reino.
T: Senhor,
vos agradecemos pelo vosso imenso amor.
- Senhor, abri nossos ouvidos
quando vossa Igreja nos instrui através de seus ministros. Abri o nosso coração
para que possamos acolher a vossa Palavra. Abri nossos olhos para que vejamos a
obra de vossa criação. Enviai o Espírito Santo para que tenhamos ardor
missionário de levar o vosso nome a todos os irmãos.
T: Senhor,
vos agradecemos pelo vosso imenso amor...
-
PAI NOSSO... A PAZ DO
SENHOR... CORDEIRO DE
DEUS.
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