3º
DOMINGO DA QUARESMA 2019 (Adaptado pelo diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema: “Mas
se vós não vos converterdes, ireis morrer” Somos chamados a repensar a
nossa existência. Deus propõe-nos a transformação em pessoas novas.
Primeira leitura:
Deus quer que nos despojemos do orgulho, egoísmo e autossuficiência.
O Evangelho
é um convite a uma transformação de mentalidade de forma que Deus seja o centro.
A segunda leitura
avisa-nos que só o rito externo não basta; tem que ser de coração.
PRIMEIRA LEITURA (Ex 3,1-8a.13-15) Moisés chegou ao Horeb. Apareceu lhe o anjo do Senhor
numa chama de fogo, do meio de uma sarça. O Senhor chamou-o dizendo: “Moisés! “Não te aproximes!
Tira as sandálias dos pés: “Eu sou o Deus de teus pais. Moisés cobriu o rosto.
E o Senhor lhe disse: “Eu vi a aflição do meu povo. Desci para libertá-los para
uma terra boa”. “Eu sou aquele que sou”: “Assim dirás aos filhos de Israel: ‘O
Senhor, o Deus de vossos pais, enviou-me a vós’. “Este é o meu nome para sempre
e assim serei lembrado de geração em geração”
AMBIENTE - Jahwéh
escutou os hebreus e teve compaixão. Moisés é convidado a ser o rosto visível
da libertação
MENSAGEM - Deus
manifesta-Se a Moisés e faz dele
instrumento da libertação. O chamamento é iniciativa do Deus libertador. Deus
age através de homens que aceitam os seus desafios.
Na
segunda parte, a revelação do nome de Deus: “Eu sou ‘aquele que sou”. Para a fé
de Israel, Jahwéh iniciou um processo de intervenção na história que se
traduziu em libertação e vida para um povo. Jahwéh está vivo e atuante na história,
agindo na vida de todos os que lutam para tornar este mundo melhor. Sempre que
alguém luta para ser livre e feliz, Deus está com essa pessoa e age nela. Na
libertação do Egito, os israelitas descobriram o Deus salvador e libertador.
ATUALIZAÇÃO •
A humanidade geme em libertação política, cultural e económica: os povos lutam contra
ditaduras; os pobres lutam contra a miséria, a ignorância, a doença, das
estruturas injustas; os marginalizados lutam pelo direito à integração na
sociedade; os operários lutam pela defesa dos seus direitos; as mulheres lutam
pela defesa da sua dignidade; os estudantes lutam por ensino melhor… onde alguém
está lutando por um mundo mais justo e
mais fraterno, aí está Deus.
•
Deus age na nossa vida através de homens, que aceitam serem seus instrumentos
na libertação do mundo.
SALMO RESPONSORIAL (Sl 102 [103])
O Senhor é bondoso e compassivo.
•
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / e todo o meu ser, seu santo nome! /
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / não te esqueças de nenhum de seus favores!
•
Pois ele te perdoa toda culpa / e cura toda a tua enfermidade; / da sepultura
ele salva a tua vida / e te cerca de carinho e compaixão.
•
O Senhor é indulgente, é favorável, / é paciente, é bondoso e compassivo. /
Quanto os céus por sobre a terra se elevam, / tanto é grande o seu amor aos que
o temem.
EVANGELHO (Lc 13,1-9) Notícias
que Pilatos tinha matado judeus [ ] . Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que
esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem
sofrido tal coisa? Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis
morrer todos do mesmo modo. E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de
Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros
moradores de Jerusalém? Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes,
ireis morrer todos do mesmo modo”. E contou esta parábola: “Certo homem tinha
uma figueira. Foi procurar figos e não encontrou. Então disse ao vinhateiro:
‘Já faz três anos que venho procurando figos e nada encontro. Corta-a! [ ] Ele
respondeu: ‘Senhor deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e
colocar adubo. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a
cortarás’”.
AMBIENTE - Jesus
prepara os discípulos para os valores do Reino, para continuar a obra de Jesus
e para levar a sua proposta libertadora a toda a terra. É um convite à
conversão.
MENSAGEM - Na
primeira parte, o assassinato de alguns
judeus e a queda de uma torre de Siloé. A conclusão que Jesus tira é clara:
aqueles que morreram não eram piores do que os que sobreviveram. Refuta a
doutrina da retribuição segundo a qual o que era atingido por alguma desgraça
era culpado por algum pecado grave. Para Jesus, todos os homens precisam de se
converter. A última frase (“se não vos arrependerdes perecereis todos do mesmo
modo”) deve ser entendida como um convite à mudança de vida; se ela não
ocorrer, quem vencerá é o egoísmo que conduz à morte.
Na
segunda parte, temos a parábola da figueira. As oportunidades que Deus concede
para a conversão. Deus espera que Israel (a figueira) dê frutos, isto é, aceite
converter-se à proposta de salvação feita em Jesus; dá-lhe, até, algum tempo.
Deus revela a sua bondade e a sua paciência; no entanto, não está disposto a
esperar indefinidamente.
ATUALIZAÇÃO •
A proposta que Jesus trata-se de um convite à mudança radical, à reformulação
total da vida, da mentalidade, das atitudes, de forma que Deus e os seus
valores passem a estar em primeiro lugar. É este caminho a que somos chamados a
percorrer neste tempo, a fim de renascermos, com Jesus, para a vida nova do
Homem Novo.
•
Essa transformação não pode ser adiada indefinidamente. Nosso tempo é curto.
Está em jogo a nossa felicidade…
•
Dizer que as coisas boas são a recompensa de Deus para o nosso bom comportamento
e que as coisas más são o castigo para o nosso pecado, equivale a acreditar num
deus mercantilista e chantagista.
SEGUNDA LEITURA (1Cor 10,1-6.10-12)
Irmãos,[ ] : os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram
pelo mar; todos foram batizados em Moisés, sob a nuvem e pelo mar; e todos
comeram do mesmo alimento espiritual e todos beberam da mesma bebida
espiritual; de fato, bebiam de um rochedo espiritual que os acompanhava – e
esse rochedo era Cristo –. No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus,
pois morreram e ficaram no deserto. Esses fatos são exemplos para nós, a fim de
que não desejemos coisas más, como fizeram aqueles no deserto. Não murmureis,
como alguns deles murmuraram, e, por isso, foram mortos pelo anjo exterminador.
Portanto, quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.
AMBIENTE – Comprar
ou não as carnes oferecidas aos deuses? Paulo
responde: dado que os ídolos não são nada, comer dessa carne é indiferente.
Contudo, deve-se evitar escandalizar os mais fracos: o importante é não voltar
a cair na idolatria e nos vícios anteriores; o importante é esforçar-se por
viver em comunhão com Deus.
MENSAGEM – Como
exemplo, Paulo apresenta a história do Povo de Deus do Antigo Testamento. Os
israelitas foram todos conduzidos por Deus (a nuvem), passaram todos pela água
libertadora do Mar Vermelho, alimentaram-se todos do mesmo maná e da mesma água
do rochedo “que era Cristo”; mas isso não evitou que a maior parte deles
ficasse no deserto, pois cederam à tentação dos ídolos. Assim também os que tenham
recebido o Batismo e participado da Eucaristia, não têm a salvação garantida: não
bastam os ritos, o cumprimento das regras, os sacramentos não são mágicos:
não realizam nada se não houver uma adesão verdadeira à vontade de Deus. Aos
“fortes” e “autossuficientes”, Paulo recorda: o fundamental, não é comer ou não
carne imolada aos ídolos; mas é levar uma vida coerente com as exigências de
Deus e viver em verdadeira comunhão com Deus.
ATUALIZAÇÃO •
O essencial é uma vida de comunhão com Deus, vivida com coerência e verdade,
que depois se transforma em gestos de amor e de partilha com os nossos irmãos.
•
Os sacramentos não são ritos mágicos que transformam o homem em pessoa nova.
Eles são a manifestação dessa vida de Deus que nos é gratuitamente oferecida,
que nós acolhemos como um dom, que nos transforma e que nos torna “filhos de
Deus”.
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Nota:
E quando Moisés pergunta pelo seu nome,
Deus revela-o de dois modos: como o “o Deus de teus pais, o Deus de
Abraão, de Isaac e de Jacó” – isto é, o Deus fiel, o Deus que
não esqueceu seus amigos do passado e agora vem em socorro de seus
descendentes. Depois, Deus revela o seu nome: “Eu sou aquele que sou ou será”;
quer dizer: “Eu sou o que tu verás quando eu agir! Tu verás quem eu sou à
medida que caminhares comigo! Eu sou o que estará sempre contigo!” – O Deus que
foi fiel a Abraão, a Isaac e a Jacó é confiável: Moisés e o povo de Israel
haverão de ver! E viram, em tantos momentos da travessia do deserto.
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Tira
as sandálias..."
A Liturgia desse terceiro
domingo de Quaresma é um forte APELO À
CONVERSÃO.
Esta se concretiza quando apresentamos frutos de amor,
paz e justiça.
Conversão é um longo processo de renovação, em que devemos nos
desfazer de uma porção de coisas, para tornar possível em nós a
"libertação".
Devemos tirar as cômodas sandálias que calçamos, para
pisar com mais segurança os caminhos sagrados do Senhor...
A 1a
Leitura narra a Conversão de MOISÉS. (Ex 3,1-8.13-15)
- Inicialmente, Deus se manifesta na sarça ardente e
manda tirar as sandálias.
Deve pisar o pó de onde veio. Sua grandeza vem de Deus
e não de si mesmo.
- Depois, confia a Moisés a missão de libertar o seu
povo.
Assim começa a longa marcha dos hebreus através do
deserto. O Deserto
foi o tempo e o local de uma longa Quaresma, onde Deus purificou o seu povo dos
costumes pagãos e o conduziu a uma religião mais pura e à posse da Terra
Prometida...
* O Êxodo do
Povo de Deus é figura do caminho de conversão, que o cristão é chamado a
realizar, de modo especial na Quaresma.
O Deus
libertador exige de nós uma luta permanente contra tudo aquilo que nos
escraviza e que impede a manifestação da vida plena.
Na 2a
Leitura, Paulo recorda os fatos extraordinários realizados por Deus
no deserto em favor do seu povo...
e faz uma
advertência contra a falsa segurança religiosa deles:
" Todos
comeram o mesmo pão espiritual (o maná)...
beberam todos a mesma bebida espiritual (água do rochedo)...
Mas nem todos
assumiram a Aliança. Por isso “foram sepultados no deserto, não entraram na
Terra prometida”. (1Cor 10, 1-6.1-12)
O Apóstolo alerta os cristãos para não cair no mesmo
perigo.
A verdadeira vivência cristã não é apenas a
participação regular nos sacramentos, mas uma vida de comunhão com Deus, que se
transforma em gestos de amor e partilha com os irmãos.
O Evangelho é um forte apelo à CONVERSÃO. (Lc 13,1-9)
O Texto fala de dois acontecimentos trágicos daqueles
dias:
a matança de Pilatos... e a queda da torre de Siloé:
18 mortos.
- Jesus não concorda que a desgraça é sinal do
castigo de Deus, pelo contrário, é um
apelo de conversão aos sobreviventes:
"Vocês pensam que eles eram mais pecadores do que vocês?"
"Se vocês não se converterem,
morrerão todos do mesmo modo..."
Rejeitar
a ação salvadora de Deus, oferecida em Jesus é pior que um desastre.
+ E com a parábola da FIGUEIRA ESTÉRIL, Jesus ilustra a resistência de Israel à
conversão e a bondade e a paciência de Deus, disposto a esperar, mas não
indefinidamente:
"Senhor, deixa ainda esse ano.
Vou cavar em volta dela e colocar adubo... Talvez depois disso, venha a
dar frutos..."
Esse Servo é JESUS, que pede uma nova chance para seu
povo, sabendo que o Pai é bondoso e cheio de amor.
* Conversão não é apenas uma
penitência externa, ou um simples
arrependimento dos pecados, é um convite à mudança de vida, de mentalidade, de
atitudes, de forma que Deus e os seus valores passem a estar em primeiro lugar.
É voltar-se para Deus de todo o coração
+
Quem é essa figueira?
Somos todos nós, a nossa família, a Igreja, a
sociedade.
Os frutos são as boas ações, que devemos realizar.
- Há cristãos que foram educados na fé do
evangelho. Receberam dos pais, da escola
e da comunidade uma boa educação na fé.
E depois... nenhum fruto...
- Há famílias que têm tudo para ser fermento no meio
de outras famílias, para atuar na Igreja
e na sociedade, pois receberam muitos talentos.
Mas onde estão os frutos?
- Há grupos de cristãos, movimentos e comunidades, que
há anos são privilegiados com encontros, celebrações, missas, cursos... e nada
de frutos...
- Há cristãos que até participam assiduamente na igreja,
mas nunca se comprometem com pastorais, com grupos de reflexão e outros
serviços da comunidade...
São figueiras estéreis que estão tomando o lugar de
outras...
Resumindo: A Liturgia de hoje é:
- Um forte
apelo à conversão, que se manifesta através de boas obras, que
correspondem ao amor generoso do Pai.
- Uma
advertência: Deus é paciente e generoso em esperar, mas a espera de
Deus tem um limite...
à
Será que não estamos já esgotando a paciência de Deus?
à
Quais são as sandálias que devemos tirar de nossos pés, para ser possível esse caminho sagrado da
Conversão e assim produzir os frutos
esperados por Deus?
Pe. Antônio
Geraldo
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Homilia
do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, estamos em plena
quaresma.
Na primeira leitura vemos que Moisés é
filho do Faraó, portanto, é a pessoa mais importante no mundo, quando seu pai
morrer. Mas, ele não contenta em ver, quando os hebreus são escravizados. No
seu ímpeto por justiça, ele faz o que vê o pai fazer; ele mata o egípcio, que
está oprimindo os hebreus. É assim, que os reis faziam; se alguém não está
fazendo o que eu quero, vou lá e mato. Depois, ele viu dois hebreus brigando e
quis interferir. Aí, percebe que não é bem vindo, porque ele vem como aquele
que é o senhor da verdade: “acaso, você quer nos matar como fez com o egípcio?
Moisés vê que a situação complicou. Aí, ele foge para o deserto. No deserto ele
encontra um grupo de homens, que vão se prevalecer de umas pastoras, porque
elas cuidam do rebanho. E, aí, naquele ímpeto de justiça, ele luta com estes
homens e defende todas elas. E, por conta disto, Jetro vai oferecer-lhe uma
delas em casamento. Ainda, ele não é feliz. Por que? Porque no palácio ele era
filho da filha do Faraó. Agora, ele não é o filho da filha do Faraó, mas genro
de Jetro. Ele ainda não é ele. Quando nós somos nós? Quando nós descobrimos
qual é a nossa missão no mundo. Por isso, tem pessoas que até hoje não se
encontraram, porque não lhe deram a oportunidade de elas descobrirem qual era a
missão delas. É na montanha que Deus vai dizer: Moisés. Não é mais o filho da
filha do Faraó, não é mais o genro de Jetro, mas agora é Moisés. “Você tem uma
missão: libertar o meu povo”. O que
significa vocação? Quando eu descubro qual é a minha missão. Qual é a missão de
cada um de nós? Alguns se casaram por falta de proposta. Ora, se todo mundo
casa, eu vou me casar também. É o sonho dos pais verem os filhos casados. E, às
vezes, não é feliz no casamento, porque não era essa a sua missão e faz muita
gente sofrer depois, inclusive a si mesmo. Outros não vão, sequer, ter coragem
de dar um passo e vão procurar, de tempo em tempo, uma resposta que possa
realizar a sua vida. O chamado de Deus é muito claro: é para que sejamos um
sinal de Deus no mundo e para que nos sintamos realizados. Se quisermos, de
verdade, ajudar os nossos jovens, para que eles se realizem, possam colaborar
para um mundo melhor, temos que orientá-los.
É muito interessante observar aquilo que
a segunda leitura de hoje diz: “quem está de pé, cuide para não cair”. Nós
temos a falsa ilusão, de que podemos planejar a vida dos jovens, das crianças,
até quando eles forem avôs e avós. Depois cai uma pilastra na cabeça, a pessoa
se vai e vemos quanto tempo esta pessoa perdeu com coisas que não eram
importantes. Vamos pegar a boate, lá de Santa Maria, que é um exemplo muito
claro. Aí alguns vão dizer: eles morreram porque estavam no pecado. Aí vem a
resposta de Jesus: vocês pensam que aqueles que morreram, porque caiu a torre
de Siloé que matou dezoito e eles eram mais pecadores do que os outros? Vocês
pensam que aqueles que Pilatos matou foram mais pecadores do que os outros?
Não. Mas, não diz porque morreram. A morte é um mistério, mas que nos ajuda a
perceber que não somos donos da vida. Se fossemos donos da vida, iríamos querer
que este morre, aquele vive. Só os nossos iriam viver, até que nos
importunassem, aí iríamos querer sua morte. Não. A morte é para dizer: a vida é
um dom de Deus e fazer que agente se realize e ajude o outro. Esta é, de fato,
a razão de nossa vida.
Jesus vai contar uma parábola, que é
muito importante: dentro da vinha, vinha é o povo de Deus. Foi plantado uma
figueira. Figueira é o símbolo do templo. Em determinado momento, ele diz aos
vinhateiros: vai lá, buscar figos. E, a figueira não tinha figos. Ora, uma
figueira que não produz frutos, ela merece ser cortada, ela está ocupando
espaço. Uma vida que não produz frutos, ela não tem razão de ser. É parábola, é
uma história que Jesus está contando. Ele diz: corta a figueira. O vinhateiro
diz: não. Espera mais um pouco, dá mais uma chance. Bom, vamos dar mais uma
chance. Esta chance é o que a quaresma nos oferece cada ano. Para pensar: estou
dando frutos? Louvado seja Deus. Esta é a razão da minha vida. Não estou dando
frutos? Tem mais um ano de chance para poder dar frutos.
Por fim, o que fazer para ajudar os
jovens, as crianças ou quem de mim precisa? O segredo está no próprio Deus: “Eu
sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, Eu sou Deus de teus pais. EU SOU e este será o meu nome” e “deve ser conhecido
de geração em geração”. O que, então, precisa fazer? Ajudar a criança ou o
jovem a conhecer a Deus, porque é de geração em geração que Ele é conhecido. Ah,
mas eu não tenho condições para fazer isto. São Paulo vai dizer: tem sim. Já
eles eram alimentados pela torrente do deserto, eles já eram alimentados pelo
maná do deserto. E, nós, não só somos alimentados pela Eucaristia, como
passamos pelas águas do Batismo. Temos todas as condições. É que, muitas vezes,
interessado em oferecer tantas coisas, nós esquecemos de oferecer o essencial:
a nossa fé. Sem fé ninguém tem esperança, ninguém se sente realizado e ninguém
decide a sua vida com convicção. Mas, se eu achar que fé é bobagem, aí então eu
perdi o plumo, perdi a direção. Porque, qualquer caminhada sem a fé em Deus,
não é uma caminhada que vai muito longe. Grande apelo, sobretudo para os pais,
transmitir a sua fé aos outros, principalmente aos filhos e os filhos
transmitir para os netos e assim por diante.
Concluindo: padre, eu faço isto, mas
meus filhos não querem me ouvir. Continue fazendo, mesmo que não te ouçam. Um
dia vão se lembrar e, aí, você atingiu o objetivo. Eles vão se lembrar que já ouviram
falar de Deus e quem lhes falou foram seus pais. Aí, fica na responsabilidade
deles transmitirem isto para frente. A fé de geração em geração é a nossa
grande missão de transmitir e ajudar as pessoas a conhecer a Deus. Ele é
Bondoso, compassivo, misericordioso, me cura da enfermidade, salva a minha
vida, é paciente, mas precisa ser conhecido. Este é o apelo durante a quaresma.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho
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Homilia
de D. Henrique Soares
O tempo da Quaresma recorda muitas vezes o tempo da travessia do deserto
por parte de Israel: tempo de peregrinação, de provação e de purificação. O
livro do Deuteronômio recorda isto com palavras muito fortes: “Lembra-te de todo o caminho que o Senhor teu Deus te fez
percorrer durante quarenta anos no deserto, a fim de humilhar-te, tentar-te e
conhecer o que tinhas no coração. Portanto, reconhece hoje no teu coração que o
Senhor teu Deus te educava, como um homem educa seu filho” (Dt 8,2.5).
No deserto, portanto, Deus usou as provas pelas quais Israel passou, para
revelar ao seu povo aquilo que estava escondido no seu próprio coração, isto é,
seu pecado, sua fraqueza, sua infidelidade. Mas, também no deserto, Deus cercou
seu povo de carinho e proteção, alimentou-o com o maná e saciou-o com a água do
rochedo, guiou-o pela nuvem luminosa de noite e protetora contra o sol de dia…
Tempo de noivado e de amor entre Deus e o seu povo, foi o tempo do deserto! Por
isso, pensar nessa travessia pelo deserto serve tanto para a nossa preparação
para a Páscoa.
Mas, vejamos. Como começou o caminho de Israel deserto a dentro? Começou
com a “descida” de Deus para juntinho do seu povo que gemia debaixo de
humilhante escravidão: “Eu vi a aflição do meu povo
que está no Egito e ouvi o seu clamor por causa da dureza de seus opressores.
Sim, conheço os seus sofrimentos. Desci para libertá-lo e fazê-los sair…” Que
coisa impressionante: um Deus tão grande, tão santo, o Deus de Israel e, no
entanto, é capaz de ver a aflição, ouvir o clamor, conhecer o sofrimento do seu
povo, que era ninguém, que não passava de um punhado de escravos! “Eu desci para libertá-lo!”.
Nosso Deus é um Deus que desce, que vem para junto do pobre,
que se encontra no monturo! Nosso Deus é um Deus que liberta e salva! E quando
Moisés pergunta pelo seu nome, Deus revela-o de dois modos: primeiro
apresenta-se como o “o Deus de teus pais, o Deus de
Abraão, de Isaac e de Jacó” – isto é, o Deus fiel, o Deus que
não esqueceu seus amigos do passado, Abraão, Isaac e Jacó e agora vem em
socorro de seus descendentes. Depois, Deus revela o seu nome: “Eu sou aquele que será”. Segundo bons exegetas, assim
deve-se traduzir o nome de Deus. Isto é, Deus não revela o seu nome a Moisés!
Seu “nome”, na verdade, é um desafio, um convite; quer dizer: “Eu sou o que tu
verás quando eu agir! Tu verás quem eu sou à medida que caminhares comigo! Eu
sou o que estará sempre contigo!” – O Deus que foi fiel a Abraão, a Isaac e a
Jacó é confiável, pode-se apostar a vida nele: Moisés e o povo de Israel
haverão de ver! E viram, em tantos momentos da travessia do deserto. Na segunda
leitura, São Paulo recorda vários destes acontecimentos: a nuvem e o mar
(imagens do Espírito e da água do Batismo), o maná (imagem da Eucaristia), a água
que brotou da rocha (imagem do Cristo, de cujo lado traspassado brotou o
Espírito). Deus fora todo carinho, todo proteção, todo compaixão e paciência…
E, no entanto, Israel tantas vezes duvidou, revoltou-se, murmurou, foi de
cerviz dura e infiel!
São Paulo nos previne: “Esses fatos aconteceram para
servir de exemplo para nós, a fim de que não desejemos coisas más, como fizeram
aqueles no deserto. Não murmureis, como alguns deles murmuraram… Portanto, quem
está de pé tome cuidado para não cair”. Nós somos o povo de
Deus da Nova Aliança. Como Israel, atravessamos um longo deserto rumo à Terra
Prometida, que é a Pátria celeste; e também nós somos sujeitos a tantas
tentações, como Israel. O grande pecado do povo de Deus da Antiga Aliança era
descrer e murmurar contra Deus. De cabeça dura, Israel teimava em caminhar do
seu modo, em fazer do seu jeito, em contar com suas forças e sua lógica.
Quantas vezes o povo fez isso! Quantas vezes nós fazemos isso!
Neste santo tempo quaresmal, somos chamados a uma sincera conversão, a
mudar nossa lógica, confiando realmente no Senhor e trilhando sinceramente seus
caminhos! Estejamos atentos à seríssima advertência que o Senhor Jesus nos faz
no Evangelho. Primeiro ele usa dois acontecimentos daqueles dias em Jerusalém
para ilustrar a necessidade de conversão urgente: os galileus que Pilatos
perversamente mandara matar e misturar seu sangue com o dos animais
sacrificados no Templo – um ato de profanação! – e as dezoito pessoas que
morreram por conta do desabamento de uma torre em Jerusalém. Jesus pergunta:
“Pensais que essas pessoas eram mais pecadoras que as outras?” Não! Os
sofrimentos da vida não são castigo pelos pecados! Mas, devem servir de
reflexão e de alerta para todos! Há uma desgraça muito pior que qualquer
acidente: morrer para Deus, ressecar o coração para o Senhor: “Se não vos converterdes, ireis morrer do mesmo modo!” Depois
Jesus ilustra o que ele quer dizer com a parábola da figueira estéril: “Há três anos venho procurando figos nesta figueira e nada
encontro!” A figueira da parábola é o povo de Israel que,
durante três anos, ouviu a pregação do Senhor e não o acolheu. Mas, e nós, há
quantos anos escutamos o Senhor? Que frutos estamos dando? Nesta Quaresma de
2004, como vai o nosso combate espiritual, o nosso caminho de conversão?
Não abusemos da paciência de Deus, não tomemos como desculpa a sua
misericórdia para retardar nossa conversão! O Eclesiástico previne
severamente: “Não digas: ‘Pequei: o que me aconteceu?’
porque o Senhor é paciente. Não sejas tão seguro do perdão para acumular pecado
sobre pecado. Não digas: ‘Sua misericórdia é grande para perdoar meus inúmeros
pecados’, porque há nele misericórdia e cólera e sua ira pousará sobre os
pecadores. Não demores em voltar para o Senhor e não adies de um dia para o
outro, porque, de repente, a cólera do Senhor virá e no dia do castigo
perecerás” (Eclo 5,4-7)
Caríssimos, eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação! Deixemo-nos
reconciliar com Deus em Cristo! Convertamo-nos!
Dom Henrique Soares da Costa
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Para a Celebração da Palavra (diáconos e ministros extraordinários da
Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR) - III dom
quaresma C
- O SENHOR
ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS,
POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor,
sois o nosso Deus e somos o vosso povo.
- Deus
de Abraão, de Isaac, de Jacob, de Moisés e do Povo no qual nos acolhestes. Nós
Vos damos graças e bendizemos o Vosso Nome que nos revelastes: “Eu sou”. Sois o Deus vivo, por todos
os séculos. Nós Vos confiamos a nossa solidariedade para com todos os povos
oprimidos, como outrora a descendência de Abraão no Egito. Nós sentimo-nos
muitas vezes tão impotentes diante da infelicidade de tantos povos.
Iluminai-nos.
T: Senhor,
sois o nosso Deus e somos o vosso povo.
- Pai,
nós Vos damos graças pelo envio de Jesus. Ele revelou-Se como o novo Moisés,
que fez brotar a fonte de água viva do batismo para nos dar vida e vida plena.
Nós Vos confiamos as pessoas que se afastaram de Vós. Iluminai-nos com o vosso
Espírito para se sejamos instrumentos para reconduzir estes nossos irmãos a
Vós.
T: Senhor,
sois o nosso Deus e somos o vosso povo.
- Deus
paciente, bendito sejais pelos sinais dos tempos através dos quais nos advertis
para que nos voltemos a Vós. Vos agradecemos, porque nos dais um tempo de
conversão. Nós vos pedimos pelas nossas comunidades e pelas nossas famílias; que
o vosso Espírito guie os nossos pensamentos, as nossas palavras e os nossos
gestos, para que produzamos os frutos que esperais.
T: Senhor,
sois o nosso Deus e somos o vosso povo.
- PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO DE DEUS...
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