27º Domingo do Tempo
Comum (Diácono Ismael)
TEMA: A nossa fé se
pauta na misericórdia de Deus ou achamos que Deus é um contador que
anota ações boas e más e depois tira uma média para nos salvar?
Primeira leitura: Habacuc interpela Deus para
pôr fim à injustiça … Deus confirma a sua intenção de atuar no mundo, mas só o
fará quando for o momento oportuno.
Evangelho: Jesus convida
os discípulos a aderirem ao projeto de vida que Deus veio oferecer. Essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a
instauração do “Reino” no mundo. Os discípulos são, apenas, instrumentos
através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o seu papel com
humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.
II leitura: O
autor exorta os animadores cristãos para que conduzam com fortaleza, equilíbrio
e amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam a verdade do
Evangelho.
PRIMEIRA LEITURA (Hab 1,2-3; 2,2-4) Leitura da Profecia de Habacuc.
Senhor, até quando clamarei, sem me atenderes? Até
quando devo gritar a ti: “Violência!”, sem me socorreres? Por que me fazes ver
iniquidades, quando tu mesmo vês a maldade? Destruições e prepotências estão à
minha
frente; reina a discussão, surge a discórdia.
Respondeu me o Senhor, dizendo: “Escreve esta visão, estende seus dizeres sobre
tábuas, para que possa ser lida com facilidade. A visão refere-se a um prazo
definido, mas tende para um desfecho, e não falhará; se demorar, espera, pois
ela virá com certeza e não tardará. Quem não é correto vai morrer, mas o justo
viverá por sua fé”.
AMBIENTE - Habacuc finais do séc. VII a.C.… O rei
de Judá é Joaquim (609-598 a .C.),
que explora o povo, aumenta as injustiças e desenvolve alianças com as
potências da época… Tem simpatias pró-egípcias, sente o peso do imperialismo
babilônio e vê-se obrigado a pagar um pesado tributo a Nabucodonosor.
Prepara-se a queda de Jerusalém nas mãos dos babilônios, a morte de
Joaquim, e a deportação para o exílio de
uma parte da classe dirigente de Judá (597 a .C.).
MENSAGEM - Habacuc grita na sua impaciência,
questionando a atitude complacente de Deus para com o pecado. O profeta não se
limita a escutar a Palavra de Jahwéh e a transmiti-la; mas ele próprio toma a
iniciativa, pergunta a Deus, exige respostas. Finalmente, Deus digna-se
responder. A mensagem é de esperança, pois a resposta de Deus deixa claro que
Ele não fica indiferente diante do mal e que o momento da ação divina está para
chegar; o orgulhoso e o prepotente receberão o castigo e o justo triunfará. Em
conclusão: diante da injustiça e da opressão, Jahwéh parece indiferente e
ausente; mas, de acordo com o seu plano, Ele encontrará o momento ideal para
intervir, contra o imperialismo, o orgulho, a injustiça e a opressão.
ATUALIZAÇÃO Com frequência pessoas nos questionam
acerca da relação entre Deus, a sua justiça e a situação do mundo: se Deus
existe, como é que Ele pode pactuar com a injustiça e a opressão? Por que há
crianças morrendo de doença ou de fome? Por que os bons sofrem? A nossa
resposta tem de ser o reconhecimento humilde que nós nunca conseguiremos
explicar os esquemas de Deus…
Os caminhos de Deus não são iguais aos nossos. Do ponto de vista
de Deus, as coisas integram-se num “todo” que nós, na nossa pequenez, não
podemos abarcar.
Deus é um Pai que nos ama como filhos e que tudo fará para nos
oferecer vida e felicidade.
Mesmo sem entender, a nossa missão é continuar a dar testemunho…
Deus chama-nos a denunciar tudo o que impede a realização plena do projeto de
felicidade que Ele tem para o homem; mas quanto ao tempo de Deus na ação no
mundo e na história pessoal de cada um, isso só a Deus diz respeito.
SALMO RESPONSORIAL / 94
(95)
Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
• Vinde, exultemos de alegria no Senhor, / aclamemos o
Rochedo que nos salva! / Ao seu encontro caminhemos
com louvores / e com cantos de alegria o celebremos!
• Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, / e nos
ajoelhemos ante o Deus que nos criou! / Porque ele é
o nosso Deus, nosso Pastor, / e nós somos o seu povo
e seu rebanho, / as ovelhas que conduz com sua mão.
• Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: / “Não fecheis os
corações como em Meriba, / como em Massa, no
deserto, aquele dia, / em que outrora vossos pais me
provocaram, / apesar de terem visto as minhas obras”.
EVANGELHO (Lc 17,5-10) Evangelho de Jesus Cristo segundo
Lucas.
Naquele
tempo, os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O Senhor
respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda,
poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela
vos obedeceria. Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida
dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa
para a mesa?’ Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepare-me o jantar,
cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e
beber?’ Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia
mandado? Assim também vós: quando tiverdes feito tudo que vos mandaram, dizei:
‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”.
AMBIENTE - Jesus fala sobre a fé e a humildade. Nas
“etapas” anteriores, Jesus tinha avisado da dificuldade de percorrer o “caminho
do Reino” (“porta estreita” – Lc 13,24; convidou-os à humildade e à gratuidade
– Lc 14,7-14; avisou-os de que é preciso amar mais o “Reino” do que a própria
família, interesses ou os bens – Lc 14,26-33; exigiu-lhes o perdão como atitude
permanente – Lc 17,5-6); agora, são os discípulos que, preocupados com a
exigência do “Reino”, pedem mais “fé”.
MENSAGEM - Depois das exigências que Jesus apresentou,
a resposta só pode ser: “aumenta-nos a fé”. O que é que a fé tem a ver com a
exigência do “Reino”? A fé não é a
adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstratas sobre Deus; mas é a
adesão a Jesus, à sua proposta, ao seu projeto – ou seja, ao projeto do
“Reino”. Pedir a Jesus que lhes aumente a fé significa pedir lhe que lhes
aumente a coragem de optar pelo “Reino”; Jesus aproveita para recordar aos
discípulos o resultado da “fé”. A imagem utilizada por Jesus (pela fé arrancar
“amoreira”) mostra que, com a “fé” tudo é possível. Aderir ao “Reino” é ter na
mão a chave para mudar a história. O discípulo que adere ao “Reino” com coragem
e determinação é capaz de “milagres”: quantas vezes a coragem dos discípulos
transformam a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em
liberdade! Na segunda parte, Lucas descreve a atitude que o homem deve
assumir diante de Deus. Os fariseus estavam convencidos de que bastava cumprir
os mandamentos da Torah para alcançar a salvação: se o homem cumprisse as
regras, Deus não teria outro remédio senão salvá-lo… A salvação dependia, de
acordo com esta perspectiva, dos méritos do homem. Deus seria, assim, apenas um
contabilista, empenhado em fazer contas para ver se o homem tinha ou não
direito à salvação… Jesus coloca as coisas numa dimensão diferente. A atitude
do discípulo que faz as “obras do Reino”– frente a Deus não deve ser a atitude
de quem sente que fez tudo muito bem feito e que, por isso, Deus lhe deve algo;
mas deve ser a atitude de quem cumpre o seu papel com humildade, sentindo-se um
servo que apenas fez o que lhe competia. O que Jesus nos pede no Evangelho de
hoje é que percorramos, com coragem e empenho, o “caminho do Reino”. Quando o
discípulo aceita percorrer esse caminho, é capaz de operar coisas espantosas,
milagres que transformam o mundo… E, cumprida a sua missão, resta ao discípulo
sentir-se servo humilde de Deus, agradecer-lhe pelos seus dons, entregar-se
confiada e humildemente nas suas mãos.
ATUALIZAÇÃO A “fé” é, antes de mais, a adesão à
pessoa de Jesus Cristo e ao seu projeto. Jesus é o eixo central à volta do qual
se constrói a minha existência.
O “Reino” é uma realidade sempre “a fazer-se” (Reino já e ainda
não); mas apresentam-se situações de injustiça, de violência, de egoísmo, de
sofrimento, de morte, que impedem a concretização do “Reino”. A minha “fé” em
Jesus conduz-me a lutar contra tudo o que impede a concretização do “Reino”?
Quais são os “milagres” que a minha “fé” pode fazer?
Nós construímos um deus que não é mais do que um contabilista,
que escreve nos seus livros os nossos créditos e os nossos débitos, a fim de
nos pagar religiosamente, de acordo com os nossos merecimentos… Na realidade –
diz-nos o Evangelho de hoje – não podemos exigir nada de Deus: existimos para
cumprir, humildemente, o papel que Ele nos confia, para acolher os seus dons e
para O louvar pelo seu amor. É nesta atitude que o discípulo de Jesus deve
estar sempre.
SEGUNDA LEITURA (2Tm
1,6-8.13-14) Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo:
Exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das
minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de
amor e sobriedade. Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor nem de mim,
seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de
Deus. Usa um compêndio das palavras sadias que de mim ouviste em matéria de fé
e de amor em Cristo Jesus. Guarda o precioso depósito, com a ajuda do Espírito
Santo que habita em nós.
AMBIENTE - A segunda Carta a Timóteo contém, como a
primeira, conselhos pastorais de Paulo a seu sucessor na animação das Igrejas
da Ásia. Quem escreve a carta (se apresenta como Paulo) diz encontrar-se na
prisão e pressentir a proximidade da morte. Exorta Timóteo a perseverar no
ministério e a conservar a sã doutrina.
MENSAGEM - As desilusões, os fracassos, a
monotonia, a fragilidade humana esfriam o entusiasmo original; e é necessário,
a cada instante, redescobrir o sentido das opções que, um dia, o discípulo fez.
São recordadas a Timóteo três qualidades fundamentais: a fortaleza
frente às dificuldades, o amor que o impulsionará para uma entrega total
a Cristo e aos homens e a prudência (ou moderação) necessária para a
animação e orientação da comunidade. Timóteo é exortado a conservar-se fiel à
sã doutrina recebida de Paulo. Estamos numa época em que as heresias começam a
infiltrar-se na comunidade cristã e a confundir os cristãos. O animador da
comunidade tem o dever de ensinar a doutrina verdadeira e de defender a
comunidade de tudo que a afasta da verdade do Evangelho, fielmente transmitido
pelo testemunho apostólico.
ATUALIZAÇÃO - A Carta a Timóteo dirige-se a todos que
um dia aceitaram o batismo e optaram por Cristo… Na verdade, o mundo que nos
rodeia apresenta imensos desafios que, muitas vezes, nos desmobilizam do serviço
do Evangelho e dos valores de Jesus. É por isso que é preciso redescobrir os
fundamentos do nosso compromisso.
O texto Convida-nos a redescobrir, cada
dia, esse entusiasmo que lhes enchia o coração no dia em que optaram pela
entrega da própria vida a Cristo e aos irmãos. O que me impulsiona é o amor, ou
são interesses próprios e egoístas?
Dehonianos
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Temos Fé?
Na 1a Leitura, o Profeta
HABACUC diante da violência e corrupção no meio do povo, ele se queixa impaciente:
"Até
quando, Senhor?" E o Senhor o exorta a não desanimar. Ele
intervirá no momento oportuno:
"O
justo viverá por sua fé". (Hab
1,2-3.2,2-4)
* Quantas vezes também nós não conseguimos
entender
porque Deus permite tantas coisas
"absurdas"...
A fé é o único caminho para compreender
o Mistério da História e
superar todas as dificuldades. Devemos
confiar em Deus, mesmo quando ele "parece" ausente da história. Um
dia veremos a intervenção salvadora e libertadora de Deus.
Na
2a Leitura:
SÃO PAULO convida a reavivar a chama da nossa fé, anunciando-a de todas as formas, em todos
os lugares e culturas.
No Evangelho, Jesus afirma que a
fé remove os obstáculos. (Lc 17,5-10)
Diante da caminhada difícil proposta por
Cristo, os Apóstolos sentem-se tentados a voltar atrás, como já tinham feito
muitos discípulos. Então, preocupados, pedem ao Senhor: "Senhor, aumentai a nossa fé".
- Jesus responde: "SE TIVÉSSEIS FÉ como um GRÃO DE
MOSTARDA, poderíeis dizer a essa
amoreira, arranca-te daqui e planta-te no mar,
e ela vos obedeceria".
*
A FÉ consegue
realizar aquilo que aos olhos dos homens parece impossível.
A fé autêntica, mesmo pequena, poderá
superar os maiores obstáculos.
O QUE É A FÉ?
- Um DOM GRATUITO DE DEUS, que
tudo ilumina e fortalece na vida e ela exige UMA RESPOSTA VIVA E ATUANTE:
"A fé sem obras é morta". (Tg 2,17)
A fé, mesmo que pequena, cresce e se torna forte pelo cultivo da
oração, da participação ativa na
comunidade, pela prática da caridade, da justiça, pela vivência fraterna e solidária.
- É, antes, uma ADESÃO DE VIDA ao
Projeto de Deus.
- É uma ENTREGA TOTAL E GRATUITA... sem esperar direitos e privilégios.
Não é ter Deus a nosso serviço, mas nos colocar à disposição de Deus,
confiando nele.
DUAS
TENTAÇÕES:
1. O Desânimo:
Sentimo-nos pequenos, incapazes, inúteis...
Por isso, muitas vezes pensamos até em largar tudo...
2. Considerar-nos "Necessários" ou "Merecedores"...
Muitas vezes, imaginamos Deus como um
Contador que contabiliza cuidadosamente num livro nossos créditos e débitos, a
fim de pagar religiosamente, de acordo com os nossos "merecimentos".
Para apagar essa imagem de Deus e
eliminar a "Religião dos
merecimentos" (comum aos judeus e a nós), Jesus contou uma PARÁBOLA: O Servo que volta da roça: "Quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: somos servos inúteis, fizemos o que devíamos
fazer".
Por isso, não fiquemos desanimados ou
preocupados, façamos nosso o pedido dos Apóstolos: "Senhor, aumentai a nossa fé
..." -
Pe. Antônio Geraldo.
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Homilia de Dom
Henrique Soares da Costa
Hoje, a Palavra de
Deus nos coloca diante de um tema inquietante, o tema da fé. E o coloca com
toda a dureza, nas palavras do profeta Habacuc. Ele viveu no final do século
VII A.C. Reinava em Judá a injustiça, a imoralidade, a violência. Diante desta
situação o profeta entra em crise e apresenta o seu protesto: “Senhor, até
quando clamarei, sem me atenderes?”. “Senhor, tu poderias resolver tudo!
Crer não é
compreender tudo. O profeta, que fala em nome de Deus, nem mesmo ele compreende
totalmente o agir de Deus, e se angustia, e pergunta, e chora: “Senhor, por que
ages assim? Por que teus caminhos nos escapam deste modo?” A verdade é que a fé
não é uma realidade quieta e pacífica! O próprio Jesus adverte que somente os
violentos conquistam o Reino dos céus (cf. Mt 11,12s); somente aqueles que
lutam, que teimam em acreditar! A fé é uma realidade que sangra, sangra na dor
de tantas perguntas sem resposta, sangra pelo sofrimento do inocente, pela
vitória dos maus, pelo mal presente em tantas dimensões da nossa vida… E Deus
parece calar-se! Um filósofo ateu do século passado chegou a dizer,
escandalizado com o sofrimento no mundo: “Se Deus existe, o mundo é sua reserva
de caça!” Jó, usou palavras parecidas: “Também hoje minha queixa é uma
revolta, porque sua mão agrava os meus gemidos. Ele cobriu-me o rosto com a
escuridão” (23,2.17). E, pesaroso, se queixa de Deus: “Clamo por ti, e
não me respondes; insisto, e não te importas comigo. Tu te tornaste o meu
carrasco e me atacas com teu braço musculoso!” (30,20s). Por que, Senhor?
Por que te calas? Por que teus caminhos nos são escondidos? Por que parece que
não te importas conosco? – Eis a dor que sangra das feridas dos crentes! A
resposta de Deus a Habacuc não explica, mas convida a crer novamente, a
abandonar-se novamente, a teimar na perseverança: “Quem não é correto, vai
morrer, mas o justo viverá por sua fé!” Deus é assim: nunca nos explica,
mas nos convida sempre à confiança renovada, ao abandono nas suas mãos. Quem
não é correto, quem não se entrega nas mãos do Senhor, perderá a fé, morrerá na
sua amizade com Deus… mas o justo, o amigo de Deus, viverá, permanecerá firme
pela sua fé total e confiante. O justo vive da fé! É isto que é tão difícil
para o homem de hoje, que tudo deseja enquadrar na sua razão e, quando não
enquadra, se revolta e dá as costas a Deus e, assim, termina morrendo… porque
viver sem Deus é a pior das mortes, o maior dos absurdos! O justo vive da fé,
vive na fé, vive abandonado nas mãos do Senhor, como dizem as palavras da
Antífona de Entrada, que o missal coloca para a liturgia de hoje: “Senhor,
tudo está em vosso poder, e ninguém pode resistir à vossa vontade. Vós fizestes
todas as coisas: o céu, a terra, e tudo o que eles contêm; sois o Deus do
universo!” (Est 13,9.10-11).
Nunca esqueçamos:
Deus não nos explica seu modo de agir! Se o compreendêssemos, compreenderíamos
o próprio Deus e, aí, já não seria o Deus verdadeiro, mas apenas um idolozinho!
Contudo, isso não significa que Deus não liga para nossa dor e para o nosso
destino. Pelo contrário! Ele veio a nós, fez-se um de nós, viveu nossa vida,
suportou nossas dores, experimentou nossa morte! Deus próximo, Deus de amor,
Deus solidário! Por isso, podemos olhar para ele e, suplicantes, estender-lhe
as mãos, como os discípulos do Evangelho, que pediam: “Aumenta a nossa fé!”
E Jesus responde – a eles e a nós – “Se vós tivésseis fé (em mim),
mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira:
‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’ e ela vos obedeceria”. Ou seja: se
crermos de verdade naquele amor que se manifestou até a cruz, se crermos –
aconteça o que acontecer – que Deus nos ama a ponto de entregar o seu Filho,
teremos a força de enfrentar todas as noites com a sua luz, todos os pecados
com a sua graça, todas as mortes com a sua vida! Mas, se não crermos, pereceremos…
O que o Senhor espera dos seus servos é esta fé total, incondicional, pobre e
amorosa! É o que o Senhor espera de nós. Mas, o que fazemos? Queremos
recompensas, provas, certezas lógicas! E, os mais cultos, vamos atrás de
filosofias e sabedorias humanas… e os mais incultos e tolos, vamos atrás de
seitas, de descarregos, de exorcismos feitos por missionários de araques e
pastores de si próprios, falsos profetas de um deus falso, feito de dízimos,
moedas e gritarias…
O justo vive da
fé! Como nos exorta a segunda leitura, reavivemos a chama do dom de Deus que
recebemos! “Deus não nos deu um espírito de timidez, de frouxidão, de
covardia e incerteza, mas de fortaleza, de amor e sobriedade”. Não nos
envergonhemos do testemunho de nosso Senhor! Guardemos aquilo que aprendemos de
nossos antepassados, conservemos o “preciosos depósito” da nossa fé
católica e apostólica, “com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós”.
Não corramos atrás das ilusões, fruto das invenções humanas! É isto que o
Senhor espera de nós, é este o nosso dever, é esta a nossa vocação, é esta a
nossa glória. E, após termos agido assim, não achemos que temos algum direito
diante de Deus. Humildemente, digamos: “Somos servos inúteis; fizemos o que
devíamos fazer”.
Que o Senhor nos
dê esta graça: a graça de viver e morrer na fé. Que o Senhor nos conceda a
recompensa dosa servos bons e fiéis! Amém!
Dom
Henrique Soares da Costa
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Homilia do Mons. José Maria – XXVII Domingo do Tempo Comum (Ano C)
Homilia do Mons. José Maria – XXVII Domingo do Tempo Comum (Ano C)
Aumentar
a FÉ!
No Evangelho, em
Lc 17, 5-10, surge a súplica dos Apóstolos: “Senhor, aumenta a nossa fé!” E
Jesus disse-lhes: “se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda,
poderíeis dizer a esta amoreira: arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos
obedeceria”. É uma linguagem figurada que exprime a onipotência da fé. Jesus
não pede muito; pede apenas um pouquinho de fé, como o minúsculo grão de
mostarda, bem menor do que a cabeça de um alfinete; mas, se for sincera, viva,
convicta, a fé será capaz de coisas muito maiores, inconcebíveis à compreensão
humana. Jesus quer educar os seus
discípulos numa fé sem incerteza nem vacilações, numa fé que, apoiada na força
de Deus, tudo crê, tudo espera, a tudo se atreve, e persevera invencível, mesmo
nas dificuldades mais árduas e difíceis.
Precisamos de uma
fé firme, que nos leve a alcançar metas que estão acima das nossas forças, que
aplaine os obstáculos e supere os “impossíveis” na nossa tarefa apostólica. É
esta a virtude que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e nos
permite julgar retamente todas as coisas. Só pela luz da fé e pela meditação da
palavra de Deus é que se pode sempre e por toda a parte divisar Deus “em quem
vivemos e nos movemos e somos” (At 17, 28), procurar a sua vontade em todos os
acontecimentos, ver Cristo em todos os homens, sejam próximos ou estranhos, e
julgar com retidão sobre o verdadeiro significado e valor das coisas temporais,
em si mesmas e em relação ao fim do homem.
Devemos pedir ao Senhor uma fé firme que reanime o
nosso amor e nos faça superar as nossas fraquezas, a fim de sermos testemunhas
vivas no lugar em que se desenvolve a nossa vida.
Que força comunica
a fé! Com ela superamos os obstáculos de um ambiente adverso e as dificuldades
pessoais, que com muita freqüência são mais difíceis de vencer.
Houve ocasiões em
que Jesus chamou aos Apóstolos “homens
de pouca fé” (Mt 8, 26; 6, 30), pois não se encontravam à altura das
circunstâncias. O Messias estava com eles, e no entanto tremiam de medo diante
de uma tempestade no mar (Mt 8, 26), ou preocupavam-se excessivamente com o
futuro, quando fora o próprio Cristo quem os chamara para que O seguissem. “Senhor, aumenta-nos a fé, pediram a Jesus.
O Senhor atendeu a esse pedido, pois todos eles acabaram por dar a vida em
testemunho supremo da sua firme adesão a Cristo e aos seus ensinamentos.
Nós também precisamos de mais fé! Com ela seremos valentes e leais.
A fé é um dom de
Deus que a nossa pequenez nem sempre consegue sustentar. Por vezes, é tão
pequena como um grãozinho de mostarda. Não nos surpreendamos com a nossa
debilidade, pois Deus conta com ela. Imitemos os Apóstolos quando compreenderam
que tudo aquilo que viam e ouviam excedia a sua capacidade. Peçamos a Cristo,
através de Nossa Senhora e com a humildade dos discípulos, que nos aumente a
fé, para que, como eles, possamos ser fiéis até o fim dos nossos dias e levemos
muitas pessoas até Ele, como fizeram aqueles que O seguiam de perto em todos os
tempos.
Diante das provações, dos desafios, o Senhor nos fala
pelo Profeta Habacuc: “… o justo viverá por sua fé” (Hab 2, 4). Este ensinamento tanto é para o israelita,
como para o cristão de todos os tempos; é válido em qualquer circunstância da
vida dos indivíduos, dos povos ou da Igreja. Mesmo que tudo aconteça como se
Deus não existisse ou não visse, é necessário permanecer firmes na fé. Deus não
pode demorar a Sua intervenção e intervirá, certamente, em favor dos que
acreditam nEle e nEle depositam a sua confiança. “Deus concorre em tudo para o
bem dos que O amam” (Rm 8, 28).
Mons. José
Maria Pereira
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Por: Pe. André Vital Félix da Silva,
SCJ
Diante do pedido dos discípulos: “Aumenta a nossa fé”,
a resposta de Jesus, mesmo parecendo um tanto dura, pois pode ser interpretada
como uma correção, é um verdadeiro ensinamento sobre a autêntica fé. Ele não dá
explicações teóricas sobre a fé, nem muito menos alimenta a ingenuidade dos
discípulos que pensam a fé em termos de quantidade. Mas com uma linguagem viva
e comparações bastante conhecidas, como o adágio da semente de mostarda ou a
prática dos servos que não devem exigir nenhum louvor a mais por causa da
natural obrigação do seu trabalho, Jesus adverte os seus discípulos que não é a
fé que deve crescer, mas aquele que crê é que deve estar disposto ao
compromisso do crescimento, cujo sinal evidente é a sua capacidade para o
serviço humilde.
Observando a construção sintática do texto grego, poder-se-ia propor
outras maneiras de traduzir esta frase (grego “Prosthes hemin pistis”:
faz crescer em nós fé, coloca em nós fé, concede-nos fé, fortalece a nossa fé),
cada uma dessas possibilidades apresenta um aspecto que enriquece e completa o
significado profundo desse pedido-oração dos discípulos, os quais se dirigindo
a Jerusalém, começam a sentir as consequências e exigências do seguimento do
Mestre Jesus. Portanto, diante do futuro que os aguarda, quando o Senhor
consumar a sua missão na cruz, e entregar-lhes a missão após a sua
ressurreição, só a fé autêntica poderá sustentá-los, como o próprio Jesus irá
afirmar: “pela perseverança é que manterão as suas vidas” (Lc
21,19).
Esclarecendo os seus discípulos, o Senhor afirma que a fé não se mede,
mas é possível verificar a sua existência pelos frutos que ela produz.
Certamente ela não cresce ou diminui, pois é dom de Deus. Mas, a fé, uma vez
acolhida com generosidade e confiança, faz crescer naquele que crê a capacidade
de assumir atitudes de serviço, que se caracteriza pela humildade e não pela
cobrança de reconhecimento e privilégios.
Ao comparar a fé com um grão de mostarda, Jesus ensina que não há uma fé
grande ou pequena, mas que há apenas momentos diferentes de percebê-la. Assim
acontece com o próprio ser humano, ele começa a existir pequeno, mas quando vai
crescendo essencialmente não deixa de ser aquilo que sempre foi. Apesar de a
semente de mostarda ser considerada a menor, quando ela desabrocha, torna-se
uma planta de tamanho inversamente proporcional.
Jesus relaciona ao tema da fé dois outros temas intimamente
relacionados: o Reino de Deus e o serviço humilde. Anteriormente, Lucas já
havia registrado o ensinamento de Jesus sobre o Reino de Deus, através das
comparações, e entre elas se destaca a parábola do grão de mostarda (Lc 12,18).
Jesus afirma que o Reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda que um
homem recebe (grego: lambano, tomar,
receber) e joga (grego: ballo¸joga, lança)
na sua horta. O Senhor evidencia duas ações do homem que são fundamentais para
que o pequeno grão se torne grande árvore. Destarte, destacam-se as duas
dimensões primordiais da autêntica fé: a gratuidade do dom (a semente) e
o serviço de lançar na terra, o que exige disposição para preparar a terra e,
ao mesmo tempo, cuidado constante para que a semente lançada encontre as condições
necessárias para germinar, crescer e produzir frutos.
Assim como a semente para crescer desafia o agricultor fazendo-o crescer
no seu empenho, exigindo dele serviço generoso e perseverante, alimentado pela
esperança dos futuros frutos, assim a fé no coração do crente não cresce
simplesmente, mas o faz crescer em convicção, confiança, generosidade e
laboriosidade em vista da implantação do Reino. Não é o nosso trabalho que
aumenta a nossa fé, mas a fé em nós acolhida com humildade é que nos faz
crescer.
A exemplificação de fé feita por Jesus: “Poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no
mar’, e ela vos obedeceria”, entendida no conjunto dos
ensinamentos e atitudes de Jesus, não quer insinuar que a fé seja uma força
mágica utilizada para gestos espetaculares ou mesmo manifestações fantásticas
próprias dos palcos do “show da fé”. O símbolo da amoreira, uma árvore que
atinge até 6 metros de altura, e, portanto, de raízes profundas, serve para
dizer que a fé não atinge apenas a superficialidade de quem crê, a fé não é
apenas retoque superficial para fazer de conta que se confia; sendo um dom de
Deus e acolhido pelo crente, produz em quem crê uma verdadeira conversão,
pois é capaz de desenraizar o ser humano até mesmo das situações mais profundas
de pecado e conduzi-lo para uma nova situação de vida, talvez impensável
segundo cálculos humanos.
Porém, a fé, acolhida como dom de Deus, exige do crente uma atitude de
humildade diante das grandes coisas que ela produzirá nele. Portanto, assumir
de forma perseverante e fiel a sua condição de servo, sem jamais ceder à
tentação de se pensar o sujeito imprescindível do crescimento da semente, ou
ter a presunção de que a qualidade da semente depende do seu esforço, isso será
a garantia do seu crescimento. Arar a terra, cuidar dos animais, em termos
comparativos, simbolizam a atitude responsável e fiel dos servos humildes, que
jamais abandonam o seu avental (“cinge-te”) pois reconhece que é só servindo
que eles nunca deixarão de crescer. A sua humildade transforma-se em alegre
convicção e, por isso, afirmam: “Somos servos inúteis, fizemos
o que devíamos fazer”. A expressão “servos inúteis” que se
tornou a tradução mais corrente, apresenta-se um tanto contraditória: um servo
que fez o que deveria fazer é inútil? Mas o evangelho, segundo a lógica humana,
é muitas vezes contraditório, porém a palavra “inúteis” em grego pode ser
também traduzida por “indignos de louvor” (grego achreioi: indignos de louvor, miseráveis, inúteis).
Assim, não há nada mais coerente para aquele que crê do que reconhecer que só
Aquele de quem recebeu a semente (fé) é digno de louvor e reconhecimento,
porque é Ele quem faz crescer o servo que crê, pois só a fé autêntica faz o
verdadeiro servo.
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LOUVOR:
(QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
Pres.: O SENHOR ESTEJA
COM TODOS VOCÊS...
Pres.: DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
Pres.: COM JESUS, NA
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T:
Senhor, ajudai-nos a fazer a vossa vontade.
Pres.: - Bendito e louvado sejais para sempre,
Senhor nosso Deus! Agradecemos nos terdes criado e nos acolher como vossos
filhos prediletos. Agradecemos nos enviar Vosso Filho para nos indicar o caminho de vosso Reino.
T:
Senhor, ajudai-nos a fazer a vossa vontade.
Pres.: - Vos louvamos, ó Deus, pela vossa
misericórdia, pois somos fracos e egoístas. Muitas vezes erramos e com a vossa
graça nos arrependemos e sempre nos perdoais. Enviai-nos o Santo Espírito para
que tenhamos mais força em nossa caminhada rumo ao vosso Reino.
T:
Senhor, ajudai-nos a fazer a vossa vontade.
Pres.: Por vossa bondade, senhor, vinde sempre
em nosso auxílio, para que no dia em nos chamar para junto de Vós, possamos
ouvir este elogio: tu cumpriste a tua obrigação entre na alegria do Teu Senhor.
T:
Senhor, ajudai-nos a fazer a vossa vontade.
Pres.: Pai nosso... A
Paz... Eis o cordeiro de Deus...
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