quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

4º Domingo do Tempo Comum ano A, homilias, subsídios homiléticos


4º Domingo do TC APRESENTAÇÃO DO SENHOR ano A 2020

Tema: Apresentação de Jesus no Templo
Primeira Leitura: Malaquias anuncia um enviado de Deus que irá restaurar a humanidade;
Evangelho: A “Apresentação do Senhor” no Templo de Jerusalém.
Segunda Leitura: A carta aos hebreus nos afirma que este enviado é homem e é Deus.

PRIMEIRA LEITURA (Ml 3,1-4) Leitura da Profecia de Malaquias
Assim diz o Senhor: Eis que envio meu anjo, e ele há de preparar o caminho para mim; logo chegará ao seu templo o Dominador, que tentais encontrar, e o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe, quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela do lavadeiros; e estará a postos, como para derreter e purificar a prata: assim ele purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata, e eles poderão assim fazer oferendas justas ao Senhor. Será então aceitável ao Senhor a oblação de Judá e de Jerusalém, como nos primeiros tempos e nos anos antigos.

Base: Um “mensageiro” anuncia o “Dia do Senhor” – o “dia” em que Deus vai descer ao encontro do seu Povo para criar uma nova realidade. Nesse dia, Jahwéh vai eliminar o egoísmo e o pecado, vai purificar o coração do seu Povo, vai inaugurar o tempo novo da comunhão verdadeira entre Deus e os homens.

Quem é o profeta Malaquias? (entre 480 e 450 a.C.), O nome “Malaquias” não é um nome próprio. Significa “o meu mensageiro”. Ele atua em Jerusalém do período posterior ao regresso da Babilónia, é um fervoroso defensor da tradição dos valores judaicos preocupado com a pureza dos sacerdotes e dos levitas, defensor dos sacrifícios, diante de um culto que funcionava, mas de maneira imperfeita, contrário aos matrimônios mistos (entre judeus e não judeus). Este “mensageiro de Deus” exige a conversão do Povo e a reforma da vida cultual.
A lógica deste mensageiro é construída numa base deuteronomista: se o Povo se obstinar em percorrer caminhos de infidelidade à Aliança, voltará a conhecer a morte e a infelicidade; mas se o Povo se voltar para Jahwéh e cumprir os mandamentos, voltará a gozar da vida e da felicidade que Deus oferece àqueles que seguem os seus caminhos.

Qual era a situação de Jerusalém do tempo de Malaquias? Um Povo desanimado, caído na apatia religiosa e na absoluta falta de confiança em Deus… Duvidava do amor de Deus, da sua justiça, do seu interesse por Judá. Nada pior como: perder o sentido da vida e pensar que o Senhor nos abandonou. É neste contexto que a palavra de Malaquias é dirigida ao Povo, em tempos de desânimo, mas também de perversidade. Malaquias fala do “Dia do Senhor”, em que Deus colocará cada um diante das suas responsabilidades e retribuirá a cada um conforme os seus merecimentos.

Como será a vinda do Senhor? A “vinda” do Senhor será precedida pela chegada de um mensageiro a “preparar o caminho”. Não se explica, no nosso texto, quem é esse “mensageiro”; contudo, mais à frente (cf. Mal 3,23), a figura que vai surgir para preparar o “Dia do Senhor” é claramente identificada com o profeta Elias. Só depois, chegará o Senhor para exercer o seu juízo sobre os pecadores. Não se diz explicitamente se este “Senhor” que vem é o próprio Deus, ou se é o seu “messias”… De qualquer forma, é muito provável haver aqui uma referência messiânica (até pela figura de Elias aqui envolvida, considerada uma figura precursora do messias).

Que efeitos terá a vinda do Senhor na vida dos crentes? O resultado dessa intervenção do Senhor será a purificação do Povo. A purificação do sacerdócio e do culto operada pelo Senhor será um sinal claro da chegada de um novo tempo – um tempo em que Deus estará com o seu Povo e em que um Povo de coração renovado prestará um culto sincero, verdadeiro, agradável a Deus.

Atualização:   Os batizados não podem conformar-se com uma sociedade adormecida à sombra de valores que potenciam uma cultura de morte. Mesmo enfrentando a incompreensão, são chamados a serem testemunhas proféticas da luz de Deus que ilumina e vence as sombras do mundo.
    O Deus que este “mensageiro” anuncia e propõe é um Deus cheio de amor, que está atento aos dramas humanos, que que impedem a descoberta da vida plena. Os batizados têm de ser testemunhas desse Deus que ama cada pessoa e quer oferecer-lhes essa vida plena que a sociedade nem sempre lhes assegura.
 ¨      É missão dos batizados construir e testemunhar um mundo novo, onde Deus reina, de fato.

EVANGELHO (Lc 2,22-40) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor. Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão veio ao templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparastes diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto à ti, uma espada te traspassará a alma”. Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, havia sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saia do templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para Nazaré, sua cidade. O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.
AMBIENTE - O interesse fundamental dos primeiros cristãos não se centrou na infância de Jesus, mas na sua mensagem e proposta; por isso, conservaram especialmente as recordações sobre a vida pública e a paixão do Senhor.
Só depois, houve uma certa curiosidade acerca dos primeiros anos da vida de Jesus. O chamado “Evangelho da Infância” parte de algumas indicações históricas e desenvolve uma reflexão teológica para explicar quem é Jesus.
Lucas está muito mais interessado em dizer quem é Jesus, do que em fazer uma reportagem histórica sobre a sua infância.
Lucas propõe-nos, hoje, o quadro da apresentação de Jesus no Templo. Segundo a Lei de Moisés, todos os primogênitos pertenciam a Jahwéh e deviam ser oferecidos a Jahwéh (cf. Ex 13,1-2. 11-16). O costume de oferecer aos deuses os primogênitos é um costume cananeu que, no entanto, Israel transformou no que dizia respeito aos primogênitos dos homens… Estes não deviam ser oferecidos em sacrifício, mas resgatados por um animal, imolado ao Senhor.
De acordo com Lev 12,2-8, quarenta dias após o nascimento de uma criança, esta devia ser apresentada no Templo, onde a mãe oferecia um ritual de purificação. Nessa cerimônia, devia ser oferecido um cordeiro de um ano (para as famílias mais abastadas) ou então duas pombas ou duas rolas (para as famílias de menores recursos). É neste contexto que o Evangelho de hoje nos situa.

MENSAGEM – É uma catequese, que procura dizer quem é Jesus e qual a sua missão no mundo.
Lucas sublinha a fidelidade da família de Jesus à Lei do Senhor, como se quisesse deixar claro que Jesus, desde o início da sua caminhada entre os homens, viveu na fidelidade aos mandamentos e aos projetos do Pai.
No Templo, dois personagens acolhem Jesus: Simeão e Ana. Eles representam esse Israel fiel que espera ansiosamente a sua libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o seu Povo.
De Simeão diz-se que era um homem “justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel”. As palavras e os gestos de Simeão são particularmente sugestivos… Simeão toma Jesus nos braços e apresenta-O ao mundo, definindo-O como “a salvação” que Deus quer oferecer “a todos os povos”, “luz para se revelar às nações e glória de Israel”. Jesus é, assim, reconhecido pelo Israel fiel como esse Messias libertador e salvador, a quem Deus enviou – não só ao seu povo, mas a todos os povos da terra. Aqui desponta a universalidade da salvação de Deus… As palavras que Simeão dirige a Maria (“este menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; e uma espada trespassará a tua alma”) refere-se, provavelmente, à divisão que a proposta de Jesus provocará em Israel e ao resultado dessa divisão – o drama da cruz.
Ana é também uma figura do Israel pobre e sofredor (“viúva”), que se manteve fiel a Jahwéh, que espera a salvação de Deus. Depois de reconhecer em Jesus a salvação anunciada por Deus, ela “falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”.
Jesus é, assim, apresentado por Lucas como o Messias libertador, que vai conduzir o seu Povo da escravidão para a liberdade. O texto termina com uma referência ao resto da infância de Jesus e ao crescimento do menino em “sabedoria” e “graça”. Trata-se de atributos que lhe vêm do Pai e que atestam, portanto, a sua divindade.
Em conclusão: Jesus é o Deus que vem ao encontro dos homens com uma missão que lhe foi confiada pelo Pai. O objetivo de Jesus é cumprir integralmente o projeto do Pai… E esse projeto passa por levar os homens da escravidão para a liberdade e em apresentar a proposta de salvação de Deus a todos os povos da terra.

Nos ritos comuns, eram os pais que apresentavam os filhos a Deus em sinal de oferta e de pertença; neste rito é Deus que apresenta o seu Filho aos homens. Fá-lo pela boca do velho Simeão e da profetisa Ana. Simeão apresenta-O ao mundo como salvação para todos os povos, como luz que iluminará as gentes, mas também como sinal de contradição.

Segundo a Lei de Moisés, todos os primogénitos, tanto dos homens como dos animais, pertenciam a Jahwéh e deviam ser oferecidos a Jahwéh (cf. Ex 13,1-2. 11-16). O costume de oferecer os primogênitos aos deuses é um costume cananeu. No entanto, Israel transformou-o no que dizia respeito aos primogênitos dos homens… Estes não deviam ser oferecidos em sacrifício, mas resgatados por um animal, imolado ao Senhor.
Nessa cerimônia, devia ser oferecido um cordeiro de um ano (para as famílias mais abastadas) ou então duas pombas ou duas rolas (para as famílias de menores recursos), tradição a que o nosso texto faz referência. Ao sublinhar repetidamente a fidelidade da família de Jesus à Lei do Senhor, Lucas quer deixar claro que Jesus, desde o início entre os homens, viveu na fidelidade aos mandamentos e aos projetos do Pai.

Simeão e Ana As duas personagens, Simeão e Ana, representam o Israel fiel que esperava a sua libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o seu Povo.
De Simeão diz-se que era um homem “justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel”. As palavras e os gestos de Simeão são particularmente sugestivos… Simeão toma Jesus nos braços e apresenta-O ao mundo, definindo-O como “a salvação” que Deus quer oferecer “a todos os povos”, “luz para se revelar às nações e glória de Israel”.
Jesus é, assim, reconhecido pelo Israel fiel como esse Messias libertador e salvador, a quem Deus enviou – não só ao seu povo, mas a todos os povos da terra.
As palavras que Simeão dirige a aludem à divisão que a proposta de Jesus provocará em Israel e ao resultado dessa divisão – o drama da cruz.

Ana é também uma figura do Israel pobre e sofredor (“viúva”), que se manteve fiel a Jahwéh, que espera a salvação de Deus. Depois de reconhecer em Jesus a salvação anunciada por Deus, ela “falava do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém”.

O Menino que crescia: sabedoria e graça estavam com ele. Trata-se de atributos que lhe vêm do Pai e que atestam, portanto, a sua divindade. Jesus é o Deus que vem ao encontro dos homens com uma missão que lhe foi confiada pelo Pai. O objetivo de Jesus é cumprir integralmente o projeto do Pai…

ATUALIZAÇÃO
• Lucas apresenta-nos uma família que se empenha em cumprir os preceitos do Senhor.
• Jesus é apresentado no Templo e consagrado ao Senhor. Os pais cristãos preocupam-se em transmitir aos filhos os valores do Evangelho?
• Simeão e Ana são pessoas voltadas para o futuro, atentas ao Deus libertador que vem ao seu encontro.

SEGUNDA LEITURA (Hb 2,14-18) Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos: Visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição, para assim destruir, com a sua morte, aquele que tinha o poder a morte, isto é, o diabo, e libertar os que, por medo da morte, estavam a vida toda sujeitos à escravidão. Pois, afinal, não veio ocupar-se com os anjos, mas com a descendência de Abraão. Por isso devia fazer-se em tudo semelhante aos irmãos, para se tornar sumo-sacerdote misericordioso e digno de confiança nas coisas referentes a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. Pois, tendo ele próprio sofrido ao ser tentado, é capaz de socorrer os que agora sofrem a tentação.

 Jesus nasce, mas ele é a plenitude e a finalidade, levada as últimas consequências de Deus. Por isso ele é o próprio Deus e pode Nascer. João teve esta compreensão, tanto que Jesus não morre, mas entrega o espírito - João 19,30.

Jesus está como aquele que é o inatingível, é o próprio Deus entre nós. Nela vemos que Jesus é superior aos anjos e é o Sumo Sacerdote e o Rei misericordioso.

A Carta aos Hebreus é um escrito de autor anônimo, aparecido antes do ano 70. O objetivo do autor é estimular a vivência do compromisso cristão e levar os crentes a crescer na fé, se quisermos, a reviver o tal fervor inicial a que antes se acenava. Para isso, ele expõe o mistério de Cristo, apresentado, sobretudo, como “o sacerdote” da Nova Aliança, que faz a mediação entre Deus e os homens. Nesta linha, o autor apresenta os crentes na sua condição cristã, que deriva da missão sacerdotal de Cristo. Porque estão em relação com o Pai, por meio do Sumo Sacerdote que é Cristo, eles são inseridos nesse dinamismo e são o Povo sacerdotal. O sacerdote é, no contexto do Antigo Testamento, aquele que oferece os sacrifícios pelo Povo. Se Cristo é o Sumo Sacerdote, é Ele que oferece; mas inseridos neste dinamismo, todos os crentes são chamados a fazer da sua vida um contínuo sacrifício de louvor, de ação de graças e de amor.

Uma reflexão - Jesus Cristo nasceu no meio de nós, vestiu a nossa carne mortal, solidarizou-Se com a nossa humanidade, conheceu as nossas limitações e fragilidades (a morte que acaba por ser vencida no seu mistério pascal de morte e ressurreição). Tornando-Se homem, Ele fez-Se nosso irmão; tornando-Se nosso irmão, inseriu-nos na família divina e promoveu-nos à categoria de “filhos de Deus”.

O Sumo-Sacerdócio de Jesus. Ao fazer-Se homem, Jesus tornou-Se “um sumo sacerdote misericordioso e fiel”. A função do sumo sacerdote é servir de ponte entre os homens e Deus. Como sumo sacerdote, Ele realizou também a expiação dos pecados do povo, isto é, Ele introduziu na nossa natureza humana dinamismos de superação dos nossos limites e falhas, dinamismos de vida nova, de vida verdadeira e eterna, de vida divina.

Desafios: A condição de “filhos de Deus” exige a superação de tudo aquilo que em nós é frágil, débil, corruptível…
Jesus trouxe essa mensagem de esperança, ao vencer o maior inimigo do homem, a morte. . Por isso, para nos tornar “filhos de Deus”, Jesus tinha de vencer a morte. E mostrou que, numa vida de serviço e de entrega aos irmãos, coroada na morte que não é o último capítulo da sua história, Ele fez-nos ver que é possível acreditar na vida…

Interpelações para nós, hoje

    Se Deus nos ama a ponto assumir a nossa carne, nossa humanidade, a nossa história só poderá ter um final feliz. Aqueles que seguem Jesus Cristo são alimentados, ao longo do seu percurso e têm por missão dar testemunho da radicalidade do amor de Deus.

   A cruz “apresenta a lógica do amor de Deus, que é um amor total, ilimitado e incondicional”…

   Contemplar a cruz de Jesus significa assumir a mesma atitude de Jesus e solidarizar-se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade…
Olhar a cruz significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor…


Apresentação do Senhor

Há aproximadamente 40 dias do Natal, a Liturgia de hoje nos convida a celebrar um acontecimento da vida do menino Jesus: a Apresentação ao Senhor.

Na Bíblia, o número 40 é um número sagrado...
(Dilúvio, Moisés, Elias, deserto de Jesus).

A Lei mosaica prescrevia que todo filho primogênito do sexo masculino, 40 dias depois do seu nascimento, devia ser levado ao templo, para ser oferecido a Deus. E a mãe devia nesse dia apresentar-se para receber a purificação legal, conforme a mentalidade da época…

Na 1ª Leitura, Malaquias apresenta o mensageiro da Aliança, que entra no templo para estabelecer um pacto renovador e oferecer a oferenda devida. (Ml 3,1-4)

A 2ª Leitura afirma que Jesus é o Pontífice, que estende sua mão salvífica aos homens e expia com sua morte seus pecados. (Hb 2,14-18)

No Evangelho Jesus entra pela primeira vez no templo para ser apresentado a Deus. (Lc 2,22-40)

O texto salienta 4 aspectos que vamos aprofundar:

+ Os pais Maria e José, com o filho Jesus, vão ao templo de Jerusalém para cumprir a dupla prescrição da lei mosaica: apresentação do menino e a purificação da mãe aos 40 dias depois do parto.
Assim Jesus desde os primeiros dias de sua vida cumpre a vontade do Pai.

* Esse episódio tem um ensinamento muito importante para nós e nossas famílias.
Os pais, geralmente, se preocupam em proporcionar educação, instrução, trabalho e boa posição social para os seus filhos, mas isso não é suficiente.
Devem consagrar seus filhos ao Senhor desde o início de suas vidas.
Devem educá-los para uma vida cristã fiel e coerente com tudo aquilo que está escrito no evangelho.
Muitos pais se satisfazem em mandar os filhos à igreja ou à catequese.
Essa imposição externa não basta se não for sustentada por uma convicção mais profunda. Educar na fé é muito mais que ensinar práticas religiosas.

Sabemos que as crianças aprendem muito mais com os olhos do que com os ouvidos.
A vida cristã dos pais é o melhor método de ensinar catequese aos filhos.
- Se os pais rezam em casa, os filhos aprendem a rezar com eles;
- Se os pais lêem a Bíblia, os filhos aprendem a procurar a luz de sua vida na Palavra de Deus;
- Se os pais participam fielmente na comunidade cristã, os filhos seguem-nos e tornam-se cristãos empenhados.
- Se os pais praticam o amor, o perdão, a generosidade para com os irmãos, os filhos imitam.
É assim que os pais cristãos da atualidade são chamados a "consagrar" seus filhos ao Senhor.

+ Simeão toma o menino nos braços e o oferece a todos os homens...
Num mundo em que o número dos idosos aumenta (...) , Simeão nos é apresentado como um idoso exemplar:
"Justo e piedoso", que compreendeu o sentido de sua existência.
Seus dias estão chegando ao fim, mas está feliz e pede ao Senhor que o acolha na sua paz.
Não chora os anos da juventude, não vive se queixando da vida; conversa com Deus e olha para frente.

* Os nossos idosos comunicam aos jovens a mesma alegria, o mesmo otimismo, a mesma esperança num futuro melhor?  Cultivam o mesmo diálogo constante com Deus?

+ A Profetisa Ana: outra pessoa idosa, de 84 anos...
Ela não se afasta do templo do Senhor. Não anda à procura de amantes, não tem tempo para perder,
Não vai de casa em casa para conversas inúteis, para falar mal dos outros.
Ela sabe que os dias de sua vida são preciosos e devem ser vividos na intimidade com o Senhor e a serviço da comunidade. Apesar de seus 84 anos, com renovado ardor missionário, ela fala do menino a todas as pessoas com quem se encontra...

* As pessoas idosas não se sentem inúteis quando vivem na expectativa da vinda do Senhor, a serviço dos irmãos e falando de Jesus a todos aqueles que estão à procura de sentido para própria vida.

+ A Família voltou a Nazaré: "E o menino crescia em idade, sabedoria e graça...diante de Deus e dos homens..."

* Oxalá a Família de Nazaré possa ser um modelo para todas as famílias... onde os filhos encontram um apoio para realmente crescer, em idade, em sabedoria, em graça, diante de Deus e dos homens...
E assim ser aquela família que Deus quer...

+ "Luz das Nações"
 A profecia de Simeão transformou hoje uma grande festa da Luz:
 Daí a bênção das velas… as procissões… e o compromisso de ser no mundo de hoje um reflexo da luz de Cristo,
para que ninguém caminhe nas trevas…
                                                                     AGeDaC

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O Menino no Templo -  Homilia - Mons. José Maria

A Igreja celebra, 40 dias, após o Natal, a festa da Apresentação do Senhor. Trata-se do dia em que Jesus foi apresentado ao Templo, por Maria e José, como mandava a lei judaica. Só Simeão e Ana, movidos pelo Espírito Santo, reconhecem o Messias naquele Menino.
O encontro de Jesus com Simeão e Ana no templo de Jerusalém, aparece como o símbolo de uma realidade muito maior e universal: a humanidade encontra seu Deus na Igreja. Ouvimos do Profeta Malaquias ( Ml 3, 1-4) que prenunciava esse encontro:” Eis que envio meu anjo, e ele há de preparar o caminho para mim; logo chegará ao seu Templo o Senhor que buscais, o anjo da aliança que desejais.” No Templo, Simeão reconheceu como Messias esperado a Jesus e o proclamou Salvador e luz do mundo. Compreendeu que, doravante,o destino de cada homem se decidia de acordo com a atitude assumida em relação a ele; Jesus será causa ou de ruína ou de ressurreição.
Nossa Senhora preparou o seu coração, como só Ela o podia fazer, para apresentar o seu Filho a Deus Pai e oferecer-se Ela mesma com Ele. Ao fazê-lo, renovava o seu faça-se (SIM) e punha uma vez mais a sua vida nas mãos de Deus. Jesus foi apresentado ao Pai pelas mãos de Maria. Nunca se fez nem se tornaria a fazer uma oblação semelhante naquele Templo.
A festa de hoje convida-nos a entregar ao Senhor, uma vez mais, a nossa vida, pensamentos, obras…, todo o nosso ser. E podemos fazê-lo de muitas maneiras.
A liturgia desta festa quer manifestar, com efeito, que a vida do cristão é como uma oferenda ao Senhor, traduzida na procissão dos círios acesos que se consomem  pouco a pouco, enquanto iluminam. Cristo é profetizado como a Luz que tira da escuridão o mundo sumido em trevas.
Seus pais maravilharam-se do que se dizia dEle. Maria, que guardava no seu coração a mensagem do Anjo e dos pastores, escuta novamente admirada a profecia de Simeão  sobre a missão universal do seu  Filho: a criança que sustenta nos seus braços é a Luiz enviada por Deus Pai para iluminar todas as nações: é a glória do seu povo.
É um mistério ligado à oferenda feita no Templo e que nos recorda que a nossa participação na missão de Cristo, que nos foi conferida no batismo, está estritamente ligada à nossa entrega pessoal. A festa da Apresentação do Senhor é um convite a darmo-nos sem medida, a “arder diante de Deus, como essa luz que se coloca sobre o candelabro para iluminar os homens que andam em trevas; como essas lamparinas que se queimam junto do altar, e se consomem alumiando até se gastarem”. (São Josemaría Escrivá, Forja, 44). Meu Deus, dizemos hoje ao Senhor, a minha vida é para Ti; não a quero se não for para gastá-la junto de Ti. Para que outra coisa haveria de querê-la?
São Bernardo recorda-nos que “está proibido apresentar-se ao senhor de mãos vazias.” Simeão abençoou os pais do Menino e disse a Maria, a mãe de Jesus : Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” ( Lc 2, 34-35).
Jesus traz a salvação a todos os homens; no entanto, para alguns será sinal de contradição, porque se obstinam em rejeitá-Lo.
O Evangelista São Lucas narra também que Simeão, depois de se referir ao Menino, se dirigiu inesperadamente a Maria, vinculando de certo modo a profecia relativa ao Filho com outra que se relacionava com a mãe: “ uma espada atravessará a tua alma”. Com estas palavras do ancião, o nosso olhar desloca-se do Filho para a Mãe, de Jesus para Maria. É admirável o mistério deste vínculo pelo qual Ela se uniu a Cristo, àquele Cristo que é sinal de contradição.
Estas palavras dirigidas à Virgem anunciavam que Ela estaria intimamente unida à obra redentora do seu Filho. A espada a que Simeão se refere expressa a participação de Maria nos sofrimentos do Filho; é uma dor indescritível, que atravessa a sua alma. O Senhor sofreu na Cruz pelos nossos pecados; e esses mesmos pecados de cada um de nós forjaram a espada de dor da nossa Mãe.
Podemos servir-nos das palavras de Santo Afonso Maria de Ligório, invocando Maria como intercessora: “Minha Rainha, seguindo o vosso exemplo, também eu queria oferecer hoje a Deus o meu pobre coração… Oferecei-me como coisa vossa ao Pai Eterno, em união com Jesus, e pedi-lhe que, pelos méritos do seu Filho, e em vossa graça, me aceite e me tome por seu”.
Por meio de Maria, o Senhor acolherá uma vez mais a entrega que lhe fizermos de tudo o que somos e temos.
  Mons. José Maria Pereira

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A fornalha do amor de Deus
Já estava profetizado pelo profeta Malaquias que “virá ao seu templo o Senhor que buscais” (Ml 3,1). O que fará o Senhor quando chegar ao Templo? Ele nos purificará “como se refinam o ouro e a prata” (Ml 3,3). Como se refinam o ouro e a prata? Submetendo-os a altíssima temperatura. De maneira semelhante, o Espírito Santo permitirá que saiam todas as nossas impurezas e que pese o ouro preciso da graça de Deus em nossas vidas. O que acontecerá depois desse processo: os cristãos “serão para o Senhor aqueles que apresentarão as ofertas como convêm” (Ml 3,3). Nós somos um povo consagrado ao louvor de Deus e para fazer as obras de Deus: não nos esqueçamos de que Deus nos quis para si e para os outros!
Passar pelo fogo purificador do Espírito Santo fará com que passemos bem longe do fogo do inferno. Na prática, como Deus trabalha a nossa purificação? Através das tribulações, dos sofrimentos, da cruz. Imitamos o Senhor Jesus: “por ter ele mesmo suportado tribulações está em condição de vir em auxílio dos que são atribulados” (Hb 2,18). Lembremo-nos que as tribulações nos fazem pensar, aprofundar e aprender; são lições de vida que doem no momento, mas, depois, quando tivermos a perspectiva necessária para julgar, veremos que Deus nos educou bem: como filhos, não como bastardos!
Esses elementos aparecem no Evangelho da festa da Apresentação do Senhor: Jesus é levado ao Templo para ser apresentado, mas lá já o esperavam duas pessoas purificadas pelo fogo do Espírito Santo: Simeão e Ana reconheceram o Senhor porque se encontravam inseridos na fornalha do amor de Deus. De Simeão, o texto diz que o “o Espírito Santo estava nele” (Lc 2,25). Quanto à Ana, “não se apartava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações” (Lc 2,37). Pois bem, o Pai sai ao encontro do seu Filho e o manifesta através desses dois membros do Povo de Israel e que eram verdadeiramente tementes ao Senhor. Maria e José foram apresentar o Menino Jesus no Templo, mas, no fundo, é o Pai que se adianta e apresenta o seu Filho ao mundo.
Mas, lembremo-nos: quem são os instrumentos? Duas pessoas guiadas pelo Espírito Santo, duas que testemunhas dos refinamentos que Deus vai fazendo na alma. Jesus é “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32), mas essa luz chega aos outros através de nós. Que Deus nos purifique constantemente para que estejamos, durante toda a nossa vida, no fogo do Espírito Santo. Dessa maneira, “abrasados” pelo amor de Deus, Jesus Cristo iluminará a todos: nossos amigos, familiares, companheiros de profissão.
Apresentemo-nos com Cristo para que Deus se manifeste através das nossas vidas. Deixemos que Deus nos coloque na fornalha do seu amor, que ele nos purifique cada vez mais. Que nunca nos acostumemos a viver na escória do pecado. Com o ouro pesa mais que as impurezas que se incrustam nele, quando é colocado em alta temperatura, o ouro desce para o cadinho (forninho) e as escórias ficam na superfície, à vista. O problema de tudo isso é que talvez tenhamos medo de ver nossos pecados, escórias, imundícies. Que não seja assim: o que Deus quer é que nós, pecadores convencido de que o somos, lutemos contra tudo aquilo que nos afasta dele; que nos apresentamos a ele, no seu Templo.
Em efeito, quando nos apresentamos no Templo do Senhor, então começam a aparecer as escórias e vemos, juntamente com as coisas boas, as coisas que não são tão boas: vamos nos conhecendo mais e percebemos que não somos tanto quanto nos achávamos. É missão da Igreja, Templo do Senhor, colocar as pessoas em contato com Deus para que elas, em alta temperatura, deixem suas impurezas na superfície e acolham a graça de Deus no cadinho de seus corações. Se a Igreja não ajudasse mais as pessoas a verem o que está errado em suas vidas, para que consertem, então estaria falhando na sua missão evangelizadora. Nós, nessa família dos filhos de Deus, não somos como alguns psicólogos modernos que têm medo enorme de traumatizar as pessoas. À Igreja se vem para escutar a verdade, para formar o pensamento segundo Deus, para ir adquirindo os mesmos sentimentos de Jesus Cristo. Enfim, que Deus nos purifique cada vez mais, nos ilumine e nos una a si!
Pe. Françoá Costa

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Homilia D. Henrique Soares

Caros Irmãos, na disciplina litúrgica da Igreja, o Domingo, memória solene da Ressurreição do Senhor nosso Jesus Cristo, tem precedência sobreas festas dos santos. Mas, quando uma festa do Senhor ocorre no Domingo, ela é celebrada. É o caso deste hoje: 2 de fevereiro é Festa da Apresentação do Senhor no Templo. Exatos quarenta dias após o santo Natal, a Igreja, nova Jerusalém, faz memória solene da vinda do Salvador ao seu encontro. A liturgia de hoje prevê uma procissão com velas, recordando a Igreja que, como virgem prudente, recebe o seu Esposo, Luz para iluminar as nações. Como diz a própria Liturgia, “hoje chegou o dia em que Jesus foi apresentado ao Templo por Maria e José. Conformava-Se à Lei do Antigo Testamento, mas na realidade, vinha ao encontro do Seu povo fiel”. É este povo, a Igreja santa, que hoje, com lâmpadas, acolhe o seu Senhor, que é Luz, e chega nos braços da Senhora da Luz, Senhora das Candeias, Senhora da Candelária, Senhora da Purificação... São os títulos que a devoção popular dá, com razão, à Virgem Santíssima pelo mistério da Festa de hoje.

Notai, caríssimos em Cristo, que se trata de uma celebração ainda ligada ao Natal – na verdade é a última das festas ligadas ao ciclo do Tempo do Natal, ainda que ocorra no início do Tempo Comum. Mas, o que celebramos, precisamente?
Primeiramente, o Encontro – Festa do Encontro, a de hoje! – do Messias Filho de Davi com a Sua Cidade Santa e o Seu Templo. Quantas vezes os profetas haviam anunciado que Jerusalém haveria de alegrar-se pela vinda do Enviado Salvador: “Dança de alegria, filha de Sião, dá vivas, filha de Jerusalém, pois agora o teu rei está chegando, justo e vitorioso” (Zc 9,9); “Grita de alegria, filha de Sião! Canta, Israel! Filha de Jerusalém fica contente, de todo o coração, dá gritos de alegria! O Senhor aboliu a sentença contra ti, afastou teus inimigos. O rei de Israel é o Senhor, que está em teu meio; não precisarás mais ter medo de alguma desgraça. Naquele dia, Deus dirá a Jerusalém: ‘Não tenhas medo, Sião! Não te acovardes!’” (Sf 3,14-16).

Pois bem, ei-Lo agora, realizando a promessa do Senhor Deus e a esperança de Israel. Jesus-Messias vem à Cidade Santa e ao Templo, cumprindo quanto Israel tanto sonhou: “Assim diz o Senhor: ‘Logo chegará ao Seu templo o Dominador, que tentais encontrar, e o Anjo da Aliança, que desejais. Ei-Lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; e quem poderá fazer-Lhe frente, no dia de Sua chegada? E quem poderá resistir-Lhe, quando Ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; e estará a postos, como para fazer derreter e purificar a prata: assim Ele purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata, e eles poderão assim fazer oferendas justas ao Senhor. Será então aceitável ao Senhor a oblação de Judá e de Jerusalém, como nos primeiros tempos e nos anos antigos’” (Ml 3,1-4). Por isso as palavras emocionadas, exultantes, agradecidas do Velho Simeão, que representa hoje todo o Antigo Israel:“Agora, Senhor, conforme a Tua promessa, podes deixar Teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do Teu povo Israel” (Lc 2,29-32).

Um segundo sentido, Irmãos, nascido das próprias palavras de Simeão, que profetizou pensando no Servo Sofredor do Livro de Isaías: esse Menino é glória para o Antigo Israel e Luz para iluminar todas as nações da terra! Sim, Ele é o Servo Sofredor, humilde e pobre, anunciado por Isaías Profeta: “Ele disse: ‘É bem pouco seres o Meu servo só para restaurar as tribos de Jacó, só para trazer de volta os israelitas que escaparam, quero fazer de Ti uma luz para as nações, para que a Minha salvação chegue até os confins do mundo’” (Is 49,6). Eis por que nós, Novo Israel, Igreja de Cristo, Jerusalém do Alto, Cidade dos cristãos, devemos fazer nossas as esperanças e as alegrias do Antigo Israel e exultar hoje com a vinda do santo Messias! Que Ele encontre sempre Sua Igreja e o coração de cada um de nós abertos para reconhecê-Lo e acolhê-Lo! Conforme as palavras de Simeão, Ele é Luz para iluminar as nações. Por isso, a Missa começa com uma procissão com velas: eis o Menino-Luz que veio iluminar o mundo inteiro!

Há ainda um terceiro aspecto nesta Festa de hoje: As velas acesas que trazemos nas mãos na procissão que introduz a Missa têm ainda um ulterior significado: a Igreja, Jerusalém da Nova Aliança, recebe como Virgem fiel o seu Esposo-Luz, que é Jesus. Como as virgens prudentes da parábola, a Igreja mantém a luz da sua fé, do seu amor e da sua esperança em meio às trevas deste mundo, das tantas lutas, combates e incertezas! “Eis o Noivo que chega! Saiamos ao encontro de Cristo!” Ele vem vindo sempre e nós devemos saber reconhecê-Lo e acolhê-Lo! Para isso, é essencial vigiar nas noites da vida!

Devemos ainda estar atentos a um último mistério desta Festa: a Virgem Maria. Ela traz nos seus braços seus filho único, seu Menino que é Luz. Vem para ofertá-lo ao Senhor. Como a pobre viúva, ela dá tudo a Deus – esse tudo, que é seu único e amado filhinho! Ela é a Virgem oferente, mais que nosso pai Abraão, que ofereceu Isaac. Por que se pode afirmar isto? Porque Deus poupou o filho de Abraão, o Isaac que seria oferecido em sacrifício; mas não poupou o filho de Maria! Simeão a previne: “A oferta foi aceita! Uma espada, Virgem Maria, traspassará teu coração! Chegará a hora da cruz e tu estarás lá, consumando a oferenda do teu único filho, Daquele que é tudo para ti! Maria aqui, torna-se modelo de total entrega ao Senhor Deus, de total pobreza e desapego! Mais ainda: observe que Simeão anuncia  dor da Virgem como participação na obra da nossa salvação! Para que fôssemos salvos, para que o universo chegasse à plenitude, para que fôssemos salvos da morte eterna, o filho da Virgem teve que Se tornar sinal de contradição, até à cruz... E isto envolveu uma espada duramente traspassada no coração materno da Toda Santa! O ensinamento da Escritura é claro: não se pode pensar a salvação sem contemplar o papel singularíssimo que a Virgem nela ocupa! 


Irmãos, vamos nós também, com a lâmpada da fé, do amor e da esperança, ao encontro do Esposo que vem! Vamos ao encontro do Santo Messias nascido todo para nós com o mesmo ânimo de José e Maria, que apresentando seu filhinho ao Senhor Deus de Israel, deu-Lhe o que tinham de mais valioso! Que o  Senhor aceite a nossa oferta, unida ao pão e ao vinho eucarísticos, que são o próprio Jesus oferecido em sacrifício e recebido em comunhão!




LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, nosso Deus...
- Por JESUS, com Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Nós Vos louvamos e Vos agradecemos pelo envio do salvador !
- Senhor, nosso Deus e Pai! bendito sejais por vosso imenso amor, nos enviando Vosso Filho para nos salvar. Alegres recebemos o nosso salvador e vos damos graças. Pai, que Vosso nome seja proclamado por toda a terra!
T: Nós Vos louvamos e Vos agradecemos pelo envio do salvador !
- Senhor, nosso Pai! Com Jesus caminhamos rumo ao Vosso Reino, pois Ele é o caminho que nos conduz à plenitude da vida. Dái-nos Sabedoria para entender os vossos projetos de vida. Dái-nos a força para não desanimar com as dificuldades e perseverarmos na rumo ao vosso Reino.
T: Nós Vos louvamos e Vos agradecemos pelo envio do salvador !
- Senhor, Deus de amor e bondade! Nós vos agradecemos pela vida, pelo batismo e pela vida eterna. Enviai-nos o Espírito Santo para que sejamos transformados.
T: Nós Vos louvamos e Vos agradecemos pelo envio do salvador !
- Pai nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...


quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

3º Domingo do Tempo Comum ano A, homilias, subsídios homiléticos


3º Domingo do Tempo Comum ano A 2020

Tema: O projeto do “Reino”. Jesus é a grande luz do mundo.
Primeira leitura: Isaías anuncia uma luz que irá brilhar e será o fim das trevas, da morte, da injustiça, do sofrimento.
Evangelho: Jesus é a luz que começa a brilhar e propõe a todos a Boa Nova da chegada do “Reino”.
II leitura: Paulo exorta as comunidades a redescobrir os fundamentos da fé e dos compromissos do batismo.

PRIMEIRA LEITURA (Is 8, 23b-9,3) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
No tempo passado o Senhor humilhou a terra de Zabulon e a terra de Neftali; mas recentemente cobriu de glória o caminho do mar, do além-Jordão e da Galileia das nações. O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos. Pois o jugo que oprimia o povo, - a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais - tu os abateste como na jornada de Madiã.

AMBIENTE: O profeta Isaías alimenta a esperança do Povo nesse mundo de justiça e paz que um dia Deus fará acontecer.. Estamos no final do séc. VIII a.C.. Os assírios (que em 721 a.C. conquistaram Samaria) oprimem as tribos na região norte do país (Zabulon e Neftali); as trevas da desolação e da morte cobrem toda a região setentrional da Palestina.
No sul, em Jerusalém, reina Ezequias. O rei, desprezando as indicações do profeta (alianças políticas com os povos estrangeiros são sintoma de infidelidade para com Jahwéh, pois significam colocar a confiança e a esperança nos homens), envia embaixadas ao Egito, à Fenícia e à Babilônia, procurando consolidar uma frente contra a maior potência da época – a Assíria. Senaquerib, rei da Assíria, tendo vencido sucessivamente os membros da coligação, volta-se contra Judá, devasta o país e põe cerco a Jerusalém (701 a.C.). Ezequias tem de submeter-se e pagar um pesado tributo aos assírios.
Por essa época, desiludido com os reis e com a política, o profeta teria começado a sonhar com uma intervenção de Deus para oferecer ao seu Povo um mundo novo, de liberdade e de paz sem fim.

MENSAGEM: O profeta fala de “uma luz” que irá começar a brilhar por cima dos montes da Galileia e que irá iluminar toda a terra. Essa luz eliminará “as trevas” que mantinham o Povo oprimido e sem esperança e inaugurará o dia novo da alegria e da paz sem fim. O jugo da opressão que pesava sobre o Povo será, então, quebrado e a paz deixará de ser uma miragem para se tornar uma realidade. Para descrever esta alegria, o profeta utiliza duas imagens: no fim das colheitas, toda a gente dança feliz, celebrando a abundância dos alimentos; após a caçada, os caçadores dividem a presa abundante. Será Deus quem quebrará a vara do opressor, quem levantará o jugo que oprime o Povo de Deus. O mundo novo de alegria e de paz sem fim é um dom de Deus. Na sequência, Isaías ainda fala num “menino”, enviado por Deus para restaurar o trono de David e para reinar no direito e na justiça (cf. Is 9,5-6). É a promessa messiânica em todo o seu esplendor.

ATUALIZAÇÃO • É Jesus, a luz que dá sentido pleno a esta profecia. Ele é “Aquele que veio de Deus” para vencer as trevas e as sombras da morte que ocultavam a esperança e instaurar o mundo novo da justiça, da paz, da felicidade.
• Acolher Jesus é aceitar esse projeto de justiça e de paz que Ele veio propor aos homens. Como lidamos com as situações de injustiça, de opressão, de conflito, de violência: com a indiferença de quem sente que não tem nada a ver com isso, ou com a inquietação de quem se sente responsável pela instauração do “Reino de Deus” entre os homens?
• Em que, ou em quem, coloco a minha esperança e segurança: nos políticos, No dinheiro? Isaías sugere que só podemos confiar em Deus e na sua proposta de vida e de paz.

SALMO RESPONSORIAL / 26 (27)
O Senhor é a minha luz e salvação. O Senhor é a proteção da minha vida.
• O Senhor é a minha luz e salvação; / de quem eu terei medo? /
O Senhor é a proteção da minha vida; / perante quem eu tremerei?
• Ao Senhor eu peço apenas uma coisa, / e é só isto que eu desejo: /
habitar no santuário do Senhor / por toda a minha vida; / saborear a suavidade do Senhor
/ e contemplá-la no seu templo.
• Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. /
Espera no Senhor e tem coragem, / espera no Senhor!

EVANGELHO (Mt 4,12-23) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Ao saber que João tinha sido preso, Jesus voltou para a Galileia. Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, que fica às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e Neftali, para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região do outro lado do rio Jordão, Galileia dos pagãos! O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz e, para os que viviam na região escura da morte, brilhou uma luz”. Daí em diante Jesus começou a pregar dizendo: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”. Quando Jesus andava à beira do mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André. Estavam lançando a rede ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse a eles: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. Eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. Caminhando um pouco mais, Jesus viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João. Estavam na barca com seu pai Zebedeu consertando as redes. Jesus os chamou. Eles imediatamente deixaram a barca e o pai, e o seguiram. Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo.

AMBIENTE: O texto do Evangelho encerra a etapa da preparação de Jesus para a missão e lança a etapa do anúncio do Reino. O texto situa-nos na Galileia, zona de população mesclada e ponto de encontro de muitos povos.

MENSAGEM: Mateus refere como Jesus abandona Nazaré e se transfere para Cafarnaum. Mateus descobre nesse fato um significado profundo, à luz de Is 8,23-9,1: a “luz” que havia de eliminar as trevas e as sombras da morte de que fala Isaías é, para Mateus, o próprio Jesus. Na terra humilhada de Zabulão e Neftali, vai começar a brilhar a luz da libertação; e essa libertação vai atingir, também, os pagãos que acolherem o anúncio do Reino. O anúncio libertador de Jesus apresenta, desde logo, uma dimensão universal.
Na segunda parte (cf. Mt 4,17-23), Mateus apresenta o lançamento da missão de Jesus: define-se o conteúdo básico da pregação que se inicia, mostra-se o “Reino” como realidade viva atuante, apresentam-se os primeiros discípulos que acolhem o apelo do “Reino” e que vão acompanhar Jesus na missão. Jesus veio trazer “o Reino”. A expressão “Reino de Deus” (ou “Reino dos céus) refere-se, no Antigo Testamento e na época de Jesus, ao exercício do poder soberano de Deus sobre os homens e sobre o mundo. Decepcionado com a forma como os reis humanos exerceram a realeza, o Povo de Deus começa a sonhar com um tempo novo, em que o próprio Deus vai reinar sobre o seu Povo; esse reinado será marcado pela justiça, pela misericórdia, pela preocupação de Deus em relação aos pobres e marginalizados, pela abundância e fecundidade, pela paz sem fim. Jesus tem consciência de que a chegada do “Reino” está ligada à sua pessoa. O seu primeiro anúncio resume-se, para Mateus, no seguinte slogan: “arrependei-vos ('metanoeite') porque o Reino dos céus está a chegar”. O convite à conversão (“metanóia”) é um convite a uma mudança radical na mentalidade, nos valores, na postura vital. Corresponde a um reorientar a vida para Deus de modo a que Deus e os seus valores passem a estar no centro da existência do homem; só quando o homem aceita que Deus ocupe o lugar que lhe compete, está preparado para aceitar a realeza de Deus… Então, o “Reino” pode nascer e tornar-se realidade no mundo e nos corações.
Na sequência, Mateus apresenta Jesus construindo o “Reino”: as suas palavras anunciam essa nova realidade e os seus gestos (os milagres, as curas, as vitórias sobre tudo o que rouba a vida e a felicidade do homem) são sinais evidentes de que Deus começou já a reinar e a transformar a escravidão em vida e liberdade.
Finalmente, Mateus descreve o chamamento dos primeiros discípulos (vers. 18-22). Não se trata de um relato jornalístico de acontecimentos, mas de uma catequese sobre o chamamento e a adesão ao projeto do “Reino”. Através da resposta pronta de Pedro e André, Tiago e João, propõe-se um exemplo da conversão radical ao “Reino” e de adesão às suas exigências.
O relato sublinha uma diferença entre os chamados por Jesus e os discípulos que se juntavam à volta dos mestres do judaísmo: não são os discípulos que escolhem o mestre e pedem para entrar no seu grupo, como acontecia com os discípulos dos “rabbis”; mas a iniciativa é de Jesus, que chama os discípulos que Ele próprio escolheu, que os convida a segui-lo e lhes propõe uma missão. A resposta dos quatro discípulos ao chamamento é paradigmática: renunciam à família, ao seu trabalho, às seguranças instituídas e seguem Jesus sem condições. Esta ruptura (que significa não só uma ruptura afetiva com pessoas, mas também a ruptura com um quadro de referências sociais e de segurança econômica) indicia uma opção radical pelo “Reino” e pelas suas exigências.
Uma palavra para a missão que é proposta aos discípulos que aceitam o desafio do “Reino”: eles serão pescadores de homens. O mar é, na cultura judaica, o lugar dos demônios, das forças da morte que se opõem à vida e à felicidade dos homens; a tarefa dos discípulos que aceitam integrar o “Reino” será, portanto, libertar os homens dessa realidade de morte e de escravidão em que eles estão mergulhados, conduzindo-os à liberdade e à realização plenas.
Estes quatro discípulos representam todo o grupo dos discípulos, de todos os tempos e lugares… Eles devem responder positivamente ao chamamento, optar pelo “Reino” e pelas suas exigências e tornarem-se testemunhas da vida e da salvação de Deus no meio dos homens e do mundo.

ATUALIZAÇÃO • Jesus é o Deus que vem ao nosso encontro para realizar os nossos sonhos de felicidade e de paz sem fim. N’Ele e através d’Ele, o “Reino” aproximou-se dos homens, para se tornar numa realidade em construção no mundo. Jesus é a incrível história de amor, protagonizada por um Deus que não cessa de nos oferecer oportunidades de realização e de vida plena. Sobretudo, enche de júbilo o coração dos pobres e humilhados. Para eles, ouvir dizer que “o Reino chegou” significa que Deus quer oferecer-lhes essa vida plena e feliz que os grandes e poderosos insistem em negar-lhes.
• Para que o “Reino” seja possível, Jesus pede a “conversão”. Para que Deus ocupe o primeiro lugar na vida do homem, Implica despir-se do egoísmo; implica a renúncia ao comodismo, que impede o compromisso com os valores do Evangelho.
• A história do compromisso de Pedro e André, Tiago e João com Jesus e com o “Reino” é uma história que define os traços da caminhada de qualquer discípulo… É preciso ter consciência de que é Jesus que chama e que propõe o Reino; em segundo lugar, é preciso ter a coragem de aceitar o chamamento e fazer do “Reino” a prioridade essencial; em terceiro lugar, é preciso acolher a missão que Jesus confia e comprometer-se corajosamente na construção do “Reino” no mundo.
• A missão dos que escutaram o apelo do “Reino” passa por testemunhar a salvação que Deus tem para oferecer a todos os homens. Nós, discípulos de Jesus, comprometidos com a construção do “Reino”, somos testemunhas da libertação. Aqueles que vivem condenados à marginalização já receberam, através do nosso testemunho, a Boa Nova do “Reino”?
• A lógica do “Reino” não é uma lógica de violência, de vingança, de destruição; mas é uma lógica de amor, de doação da vida, de comunhão fraterna, de tolerância, de respeito pelos outros. A tentação da violência é uma tentação diabólica, que só gera sofrimento e escravidão: aí, o “Reino” não está.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 1,10-13.17) Primeira Carta de Paulo aos Coríntios.
Irmãos, eu vos exorto, pelo nome do Senhor nosso, Jesus Cristo, a que sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no pensar e no falar. Com efeito, pessoas da família de Cloé informaram-me a vosso respeito, meus irmãos, que está havendo contendas entre vós. Digo isso, porque cada um de vós afirma: “Eu sou de Paulo”; ou: “Eu sou de Apolo”; ou: “Eu sou de Cefas”; ou “Eu sou de Cristo!” Será que Cristo está dividido? Acaso Paulo é que foi crucificado por amor de vós? Ou é no nome de Paulo que fostes batizados? De fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar a boa nova da salvação, sem me valer dos recursos da oratória, para não privar a cruz de Cristo da sua força própria.

AMBIENTE: Paulo estava em Éfeso, Quando escreveu a primeira carta aos Coríntios. Após a partida de Paulo, tinha aparecido na cidade um pregador cristão – um tal Apolo, judeu de Antioquia, convertido ao cristianismo. Era mais eloquente do que Paulo. Formaram-se partidos na comunidade: uns admiravam Paulo, outros Cefas (Pedro), outros Apolo (cf. 1 Cor 1,12). A situação preocupou Paulo: além dos conflitos que a divisão provocava, estava em causa a essência da fé. O cristianismo corria o perigo de se tornar mais uma escola de sabedoria, cuja validade dependia do brilho dos mestres do seu poder de convicção.

MENSAGEM: Para Paulo, o cristianismo não era uma filosofia de vida, mas era a adesão a Jesus Cristo, o único e verdadeiro mestre. É Cristo e só Cristo a única fonte de salvação. Ser batizado é fazer parte do corpo de Cristo e participar no acontecimento salvador do qual Cristo é o único mediador. Dizer que se é de Paulo, ou de Cefas, ou de Pedro é, portanto, desvirtuar a essência da fé cristã.
Deve ficar bem claro que o importante não é quem batizou ou quem anunciou o Evangelho: o importante é Cristo, do qual Paulo, Cefas e Apolo são simples instrumentos. Os coríntios são, portanto, intimados a não fixar a sua atenção em mestres humanos e a redescobrir Cristo, morto na cruz para dar vida a todos. Dessa forma, a comunidade será uma verdadeira família de irmãos, que recebe vida de Cristo, que vive em unidade e comunhão.

ATUALIZAÇÃO • A experiência cristã é um encontro com Cristo; é d’Ele e só d’Ele que brota a salvação. A nossa fé não pode depender do carisma da pessoa tal, ou estar ligada à personalidade brilhante deste ou daquele indivíduo que preside à comunidade. É à volta d’Ele e da sua proposta de vida que a minha experiência de fé se constrói? Em concreto: que sentido é que faz, neste contexto, dizer que só se vai à missa se for tal padre a presidir? Que sentido é que faz afastar-se da comunidade porque não gostamos da atitude ou do jeito de ser deste ou daquele animador? E o Presidente da Celebração ou os ministros ou o animador, chamam a atenção para a sua bela postura, belas palavras, ou fazem despertar, pelo seu trabalho de servir a comunidade, maior amor a Jesus Crucificado?
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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Anúncio do Reino

Nesses primeiros domingos do Tempo comum, a Liturgia nos apresenta o início da vida pública de Jesus, com o ANÚNCIO DO REINO e o CHAMADO dos primeiros discípulos

Na 1ª Leitura, Isaías fala de uma LUZ, que irá brilhar na Galiléia e que irá iluminar toda a terra. Essa luz eliminará as trevas da opressão e inaugurará o dia novo da alegria e da paz sem fim. Compara à alegria no final das colheitas e caças abundantes. (Is 98, 23b-9,3)

* Jesus é a Luz que ilumina o mundo com uma aurora de esperança e    dá sentido pleno à esta profecia messiânica de Isaías.

Na 2ª Leitura, Paulo exorta os coríntios a superar as rivalidades e divisões.
O Batismo não significou uma adesão a Paulo, a Apolo ou a Pedro... CRISTO é a única fonte de Salvação para todos. (1Cor 1,10-13.17)

* Com freqüência, em nossas comunidades, as pessoas procuram conduzir o olhar e o coração dos fiéis para a sua "brilhante" personalidade ao invés de levar as pessoas a descobrir o Cristo.

O Evangelho apresenta a realização da profecia de Isaías:
"O Povo que vivia nas trevas viu uma grande luz". (Mt 4,12-23)

* Jesus é a luz, que começa a brilhar na Galiléia e propõe a todos os homens a Boa Nova da chegada do Reino.
   Os discípulos serão os primeiros destinatários da proposta e as testemunhas encarregadas de levar o "Reino"  a toda a terra.

+ Jesus COMEÇOU sua atividade  numa região pobre e oprimida, no interior do país,    longe do centro econômico, político e religioso do seu país.
   Uma região desprezada pelos judeus como "Galiléia dos pagãos".
   Jesus deixa Nazaré e dirige-se para Cafarnaum, à margem do Lago, que se tornará o centro de sua atividade apostólica.
   Começa com o mesmo anúncio de João Batista:    "Convertei-vos, porque o Reino de Deus está próximo".  As suas Palavras anunciam essa nova realidade e os seus gestos são sinais evidentes de que Deus começou a sua obra.

+ Seus primeiros COLABORADORES, são pescadores, gente simples, rude, sem estudo...    Mas que sabiam o que é lutar pela vida.
- E quando ouviram o apelo de Cristo, deixaram tudo e o seguiram:  "Venham e sigam-me e farei de vocês pescadores de homens.  Eles deixaram as redes e o seguiram".

O QUE É O REINO DE DEUS?
Jesus compara o Reino ao tesouro e à pérola preciosa, diante dos quais tudo o mais perde seu valor. Compara o Reino com a semente, o grão de mostarda, o fermento. Jesus quer dizer que já está presente, mas ainda longe sua realização definitiva. É um Reino aberto a todos os homens.

O Reino de Deus é
- É um apelo para os homens formarem comunhão com o Pai e entre si.
- É uma presença de Deus nos homens e no mundo.
- É um convite para ser plenamente feliz, mas no projeto de Deus.
O Reino tem exigências:

+ Conversão: - É ajustar a nossa vida aos planos de Deus, é fazer com que Deus ocupe o primeiro lugar em nossa vida.
   - É despojar-se do homem velho para se revestir do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e na santidade.
   - É assumir a mentalidade do Evangelho e ver o mundo com os olhos de Deus. É uma atitude contínua... permanente...
+ : É entregar-se nas mãos de Deus ... e fazer a sua vontade.
+ Humildade: O Reino só é possível aos humildes. Deus detesta os orgulhosos e ama aqueles que sabem precisar de Deus,
    e se põem sem interesses a serviço dos irmãos.

+ PESCADORES DE HOMENS
CRISTO inaugurou o seu Reino e continua convidando todos nós...
Todos nós somos chamados a deixar tudo para seguir Jesus, anunciar a Boa nova e fazer gestos de salvação.

CRISTO conta conosco... para que nesse mundo de trevas e violência, possa brilhar uma luz,
para que esse REINO possa chegar ao coração de todos os homens.

Ele aguarda a resposta, o nosso SIM generoso ao seu CHAMADO.

                                           Pe. Antônio Geraldo
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Homilia de D. Henrique Soares da Costa –
A primeira leitura da Missa de hoje é, em parte, a mesma da Noite do Natal: “O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu! Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade! Todos se regozijam em tua presença”. Irmãos, esta luz que ilumina as trevas, que dissipa as sombras da morte, que traz a felicidade, é Jesus. O texto do Evangelho que escutamos nos confirma: Jesus é a bendita luz de Deus que brilhou neste mundo! Ele mesmo afirmou: “Eu sou a luz do mundo! Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida!” (Jo 8,12). Já escutamos tanto tais afirmações, que corremos o risco de não perceber o quanto são revolucionárias, o quanto nos comprometem, o quanto são capazes de transformar a nossa vida!
A Palavra de Deus nos ensina que o mundo é marcado pelas trevas: trevas na natureza (tais como a tragédia do tsunami), trevas na história, trevas no coração da humanidade e de cada um de nós. Olhemos em volta! O mundo não é bonzinho: há forças destrutivas, caóticas, desagregadoras, forças diabólicas, que destroem a alegria de viver e ameaçam devorar o sentido da nossa existência… Hoje, tantos e tantos julgam que podem passar sem Deus, que a religião é uma bobagem e uma humilhação para o homem… Há tantos que zombam de Deus, do Cristo Jesus, da Igreja… O que vale no mundo atual? O que é importante? O sucesso, os bens materiais, o prazer e a curtição da vida ao máximo, sem limites … Será que não nos damos conta ainda que vivemos num mundo pagão, bárbaro, entregue ao seu próprio pensar tenebroso? Será que não percebemos que o que vemos e lemos e ouvimos dos meios de comunicação é a defesa de uma humanidade sem Deus e sem fé, de uma humanidade que tenha somente a si própria como deus? Num mundo assim, Jesus nos diz: “Eu sou a Luz!” A luz não está nas universidades, a luz não está nos famosos deste mundo, a luz não está nos que têm o poder político, econômico ou social! A Luz é Cristo! Só ele nos ilumina, só ele nos revela o sentido da existência, só ele nos mostra o caminho por onde caminhar! Ser cristão é crer nisso, é viver disso!
Pois, esse Jesus, hoje, no Evangelho, nos convida a convertermo-nos a ele, a segui-lo de verdade, a colocar os passos de nossa vida no seu caminho: “Convertei-vos! O Reino dos céus está próximo!” Eis o apelo que Jesus nos faz – far-nos-á sempre! Converter-se significa mudar totalmente o rumo de nossa existência, alicerçando-a nele e não em nós, abraçando o seu modo de pensar e deixando o nosso, seguindo sua Palavra e não nossa razão, nossas idéias, nossa cabeça dura, nosso entendimento curto! Quem vai arriscar? Quem vai caminhar com ele? Quem vai abraçar sua Palavra, tão diferente do que o mundo quer, do que o mundo prega, do que o mundo valoriza? “Convertei-vos!” Jesus nos exorta porque sabe que também nós andamos em trevas, também nós, simplesmente entregues à nossa vontade e aos nossos pensamentos, jamais poderemos acolher o Reino dos céus! Não nos iludamos! Não pensemos que somos sábios, centrados e imunes! Somos, nós também, cegos, curtos de entendimento, pecadores duros e teimosos! Nosso coração é embotado por tantas paixões e por tantas cegueiras! “Convertei-vos!” O Governo, neste carnaval, vai convidar tantos e tantos brasileiros a vestir-se de camisinha; o Senhor pede a todos que se vistam dele: “Revesti-vos de Cristo e não satisfareis os desejos da carne!” (Rm 13,14) Compreendem, irmãos e irmãs? O mundo vai para um lado; Jesus nos convida a ir para o outro! Converter-se é pensar diferente de nós mesmos e do mundo; é andar na contramão para caminhar com Cristo! Converter-se é deixar-se, como Pedro e André, Tiago e João que, “imediatamente deixaram as redes… deixaram a barca e o pai” e seguiram o Senhor!
Caríssimos, como não recordar a exortação do Apóstolo? “Não andeis como andam os pagãos, na futilidade de seus pensamentos, com entendimento entenebrecido, alienados da vida de Deus!” (Ef 4,17) Quando aceitamos esse desafio, esse convite, o sentido de nossa existência muda, porque começamos a enxergar e avaliar as coisas de um modo novo, um modo diferente: o modo de Cristo Jesus! Aí se realiza em nós a palavra da Escritura:  “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor! Andai como filhos da luz!” (Ef 5,8).
Caríssimos, deixar-se iluminar pelo Senhor, permitir que ele dissipe nossas trevas, é um trabalho, um processo que dura todo o nosso caminho neste mundo. Jamais estaremos totalmente convertidos, totalmente iluminados. Na segunda leitura, Paulo convidava os cristãos de Corinto à conversão para uma vida de união e de amor. É assim: a Igreja toda inteira e cada um de nós pessoalmente, seremos sempre chamados a essa mudança, a esse deixar que a luz de Cristo invada a nossa existência tenebrosa! Nunca esqueçais, caríssimos, porque é verdade: “Outrora, sem Cristo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor! Andai, pois, como filhos da luz!” Seja esse o nosso trabalho, seja essa a nossa identidade, seja essa a nossa herança, seja essa a nossa recompensa! E que o Senhor nos socorra com a força da sua graça, ele que é fiel e bendito para sempre! Amém.
D. Henrique Soares da Costa
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS...
- COM JESUS, EM JESUS E POR JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Deus de luz e de glória, nós Vos damos graças pela vossa presença no meio de nós. Vós sois a nossa Luz. Nós Vos pedimos pelos nossos irmãos que estão nas trevas; iluminai a todos com a vossa Luz.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Deus nosso Pai, nós Vos bendizemos pelo Espírito de unidade que revelais às Vossas Igrejas em todo o tempo e lugar.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Deus, nosso Pai, nós Vos louvamos pelo Reino dos céus, do qual manifestastes a presença no meio de nós, e pelo apelo que dirigis a cada um de nós. Nós Vos pedimos: Convertei os nossos corações à Vossa presença nas nossas vidas.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Pelo Batismo, vós nos enviais também como pescadores de homens. Fortalecei a nossa fé em Vós, para que sejamos vossos instrumentos a irradiar a vossa luz a toda a humanidade.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!

- Pai nosso... a paz de cristo... eis o cordeiro...