quinta-feira, 31 de julho de 2014

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2014, XVIII Domingo do tempo comum, A Multiplicação dos pães.

18º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2014

Tema: A Multiplicação dos Pães.  Deus nos oferece o que sacia a fome de vida, de felicidade, de eternidade.

Primeira leitura: Deus convida a deixar a terra da escravidão e a dirigir-se à terra da liberdade e felicidade sem fim.
Evangelho: Jesus é o novo Moisés que mostra que é preciso acolher o pão que Deus oferece e reparti-lo.
A segunda leitura explica porque Deus enviou ao mundo o seu próprio Filho; nos convidar ao banquete da vida .

6. PRIMEIRA LEITURA (Is 55,1-3) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Assim diz o Senhor: “Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai- vos, vinde e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga. Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção e alimentai-vos bem, para deleite e revigoramento do vosso corpo. Inclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida; farei convosco um pacto eterno, manterei fielmente as graças concedidas a Davi”.

AMBIENTE - Em 597 a.C., no reinado de Joaquin, os babilónios deportaram para a Babilônia uma primeira leva de exilados de Judá. Em 586 a.C. Jerusalém foi de novo conquistada pelos babilônios e completamente arrasada… Os tempos do Exílio foram tempos de sofrimento… Surgiram dúvidas religiosas: Jahwéh será o Deus libertador? O Exílio prolongou-se até 539 a.C., quando Ciro, rei dos Persas, tomou a Babilónia e permitiu aos exilados retornarem à sua terra de origem. É no Exílio que aparece um profeta (Deutero-Isaías) anunciando-lhes a libertação iminente.

MENSAGEM - O profeta convida os exilados a um novo êxodo, dirigindo-se ao encontro da terra da liberdade. Àqueles que forem capazes de sair dos seus esquemas para abrirem o coração ao seu dom, Deus oferece a vida em abundância, a felicidade infinita. Quem aceitar esse dom que Deus oferece encontrará aí a água que mata a sua sede de vida e o alimento que sacia a sua fome de felicidade.

ATUALIZAÇÃO - • Os crentes podem estar seguros de que, à mesa desse banquete onde Deus os reúne, encontram o alimento que os sacia, a mão que os apoia, a palavra que lhes dá ânimo, o coração que os ama. A reflexão deste texto convida-nos a sermos testemunhas deste Deus no meio dos nossos irmãos: os pobres, os famintos, os desesperados têm de encontrar nos nossos gestos e palavras esse “coração” amoroso de Deus que os apoia, que lhes dá esperança, que os ajuda a recuperar a dignidade e o gosto pela vida, que lhes mata a fome e a sede de justiça, de fraternidade, de amor e de paz.
• Para acolher os dons que Deus oferece, é preciso abandonar o comodismo para os desafios que ele lança.

7. SALMO RESPONSORIAL / 144 (145)
Vós abris a vossa mão e saciais os vossos filhos.
• Misericórdia e piedade é o Senhor, / ele é amor, é paciência, é compaixão. /
O Senhor é muito bom para com todos, / sua ternura abraça toda criatura.
• Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam / e vós lhes dais no tempo certo o alimento; /
vós abris a vossa mão prodigamente / e saciais todo ser vivo com fartura.
• É justo o Senhor em seus caminhos, / é santo em toda obra que ele faz. /
Ele está perto da pessoa que o invoca, / de todo aquele que o invoca lealmente.

10. EVANGELHO (Mt 14,13-21) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas, quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. Jesus disse: “Trazei-os aqui”. Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. Todos comeram e ficaram satisfeitos e, dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

AMBIENTE - Mateus dá “instrução sobre o Reino”. Na primeira parte, Jesus apresentou em parábolas a realidade do Reino. De uma forma geral, a comunidade judaica responde negativamente ao desafio apresentado por Jesus. As multidões continuam a seguir Jesus; mas, cada vez mais, é aos discípulos que Jesus Se dirige e a quem destina a sua “instrução”. O texto que nos é proposto situa-nos no âmbito de uma refeição. O “banquete” é, para os semitas, o momento do encontro, da fraternidade. O Banquete torna-se, pois, um símbolo privilegiado desse Reino para o qual Jesus veio convidar os homens,
no qual todos se sentarão à mesa de Deus para celebrar a fraternidade, a igualdade e a felicidade sem fim.

MENSAGEM - Jesus é um novo Moisés a conduzir o povo à terra da liberdade e da vida plena. O deserto é o tempo e o espaço do encontro com Deus; O deserto é ainda o lugar e o tempo da partilha, da igualdade, em que cada membro do Povo conta com a solidariedade do resto da comunidade, onde não há egoísmo, injustiça, prepotência, em que todos dão as mãos para superar as dificuldades da caminhada (no deserto, quem é egoísta está condenado à morte).
Os dons de Deus são para ser partilhados, colocados ao serviço dos irmãos. É deste processo libertador que vai nascer a comunidade do Reino.
Jesus pede-lhes: “dai-lhes vós de comer”. Ensina-lhes a responsabilidade a esse desafio que o mundo dos pobres grita… Depois disto, nunca um discípulo de Jesus poderá dizer que não tem nada a ver com a fome, com a miséria, com as necessidades dos mais desfavorecidos. Qualquer irmão necessitado – de pão, de alegria, de apoio, de esperança – é da responsabilidade dos discípulos de Jesus. A dinâmica do Reino passa pela solidariedade que torna todos os cristãos responsáveis pelas necessidades dos pobres.
No segundo momento pedagógico, Jesus ensina como dar resposta a este desafio. Começa por pedir que façam a listagem dos bens disponíveis; depois, toma os “cinco pães e dois peixes”, recita a bênção e manda repartir por todos os presentes… E todos comeram até ficarem saciados.
A lição é clara: diante do apelo dos pobres, a comunidade do Reino tem de aprender a partilhar. “Cinco pães e dois peixes” significam totalidade (“sete”): é na partilha da totalidade do que se tem que se responde à carência dos irmãos. A comunidade do Reino é uma comunidade de coração aberto, disposta a repartir o que tem… É uma comunidade que venceu a escravidão do egoísmo, para fazer a experiência da partilha que sacia e que torna todos os homens irmãos.
No terceiro momento, Jesus dá a razão para a partilha. “Tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu e recitou a bênção”. A “bênção” é uma fórmula de ação de graças, na qual se agradece a Deus pelos seus dons. Isso significa reconhecer que algo que se possui é um dom recebido de Deus… “pronunciar a bênção” é reconhecer que determinado dom veio de Deus e que pertence a todos os filhos de Deus. Aquele que recebeu esse dom não é o seu dono; mas é apenas um administrador a quem Deus confiou determinado dom, para que o pusesse ao serviço dos irmãos com a mesma gratuidade com que o recebeu.

ATUALIZAÇÃO • Deus convida a todos para o “banquete” do Reino…
• Nenhum cristão pode “lavar as mãos” quando se gastam em armas e extravagâncias recursos que deviam estar ao serviço da saúde, da educação, da habitação, da construção de redes de saneamento básico…
• É preciso criarmos a consciência de que os bens criados por Deus pertencem a todos os homens e não a um grupo restrito de privilegiados.
• O problema da fome no mundo não se resolve recorrendo a programas de assistência social, mas a lógica de partilha, do amor. Sem isto, nenhuma mudança social criará, de verdade, um mundo mais justo e mais fraterno.

8. SEGUNDA LEITURA (Rm 8,35.37-39) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos: Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Em tudo isso, somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou! Tenho a certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os poderes celestiais, nem o presente nem o futuro, nem as forças cósmicas, nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer, será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor.
AMBIENTE -: toda a humanidade vive mergulhada numa realidade de pecado; mas Deus oferece, de forma gratuita, a salvação que chega através de Jesus Cristo.
Acolher a salvação, identificar-se com Jesus na entrega aos irmãos, não é um caminho fácil.

MENSAGEM - “Se Deus é por nós, quem será contra nós”? Deus nos ama e reserva a felicidade total com Ele. Pode, como Jesus, lutar contra o egoísmo, a injustiça, a opressão, o pecado; sem temer o fracasso; E, no final do caminho, espera-o essa vida plena de felicidade sem fim, que Deus oferece àqueles que aceitam a sua proposta de amor e caminham nela.

ATUALIZAÇÃO • Deus ama-nos com um amor profundo. Esse amor veio ao nosso encontro em Jesus Cristo, capacitando-nos para a vida eterna. Nos momentos de crise, de desilusão, de perseguição, a Palavra de Deus grita: “não tenhais medo; Deus ama-vos”.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

==========-------------===========

O Pão Partilhado

Ao redor de uma mesa, acontecem fatos importantes na vida das pessoas, das famílias e dos povos...
É momento de encontro, de fraternidade, de comunhão...
Comunica-se a alegria de um nascimento ou de um casamento; fortalece-se a amizade, estabelecem-se contatos de trabalho e celebram-se ritos oficiais.

A Liturgia nos convida a sentar à mesa, que o próprio Deus preparou, e onde nos oferece gratuitamente o alimento, que sacia a nossa fome de vida, de felicidade, de eternidade.

Na 1ª leitura, Deus convida a uma MESA farta e gratuita
o povo faminto e sofredor, que estava no exílio.
"Venham matar a sede e comprar sem ter dinheiro comer sem pagar, beber vinho e leite à vontade". (Is 55,1-3)

Era o apelo do profeta para que o Povo se animasse a voltar à terra de origem, para recomeçar uma vida nova.
Seria o banquete da vida em liberdade, da terra repartida, da moradia garantida, da saúde, da paz e bem estar.

A 2ª Leitura é um Hino ao amor de Deus, que enviou ao mundo o seu próprio Filho, para nos convidar ao BANQUETE da vida eterna. (Rm 8,35.37-39)

No Evangelho, Cristo realiza a profecia da primeira leitura, alimentando o povo com a Multiplicação dos Pães. (Mt 14,13-21)
Seguido por uma imensa multidão, Jesus, como um novo Moisés, vai ao deserto (novo Êxodo), onde repete o milagre do Maná. Doa o seu pão ao Povo e convida os discípulos a distribuí-lo...

O DESERTO, para Israel, era o lugar do encontro com Deus. Ali, Israel aprendeu a despir-se das suas seguranças humanas e descobrir em cada passo a maravilhosa proteção do Senhor.
O deserto é o lugar e o tempo da partilha, em que todos contam com a solidariedade da Comunidade.

+ PASSOS de Jesus para resolver o problema da fome:,

1.       VÊ a "fome" e busca na comunidade a solução do problema.
Quando os discípulos buscam a solução mais fácil, despedindo o povo, Jesus lhes ordena: "Dai-lhes vós mesmos de comer". Quantos "famintos" de pão, de alegria, de apoio, de esperança!...
                                    
2. Ensina COMO dar resposta a este desafio: PARTILHANDO.
Recolhe os "cinco pães e dois peixes", recita a bênção e manda partilhar...
Todos comeram, ficaram saciados e ... até sobrou.

3. Dá a RAZÃO para a partilha: Deus é o DONO de tudo.
"Tomou os 5 pães e os 2 peixes, ergueu os olhos ao céu e recitou a Bênção".
A "BÊNÇÃO" é uma fórmula de ação de graças, pela qual se agradece a Deus pelos dons recebidos.
Isso significa reconhecer que o dom veio de Deus e que pertence a todos os filhos de Deus. Não somos donos...

AS LEITURAS NOS LEMBRAM TRÊS VERDADES:

+ Deus convida todos para o "Banquete" do Reino
Os que vivem à margem da vida e da história,
os que têm fome de amor e de justiça,
os que vivem atolados no desespero,
os que o mundo condena e marginaliza,
os que não têm pão na mesa, nem paz no coração,
também são convidados para a Mesa do Reino.

+ Jesus nos compromete com a "fome" do mundo.
- A fome é companheira  cruel de milhões de filhos de Deus... Quase dois terços da humanidade passa fome...
- Os APÓSTOLOS encontram a solução mais fácil: "Despede as multidões": "Mande-os para casa".
- JESUS não fica na mera "compaixão": cura os doentes, ilumina o povo com a sua palavra, partilha com eles o pão,
  entrega-se pessoalmente a eles como o Pão da Vida...
  * Quando os Apóstolos falam em "comprar", Jesus manda "dar": "Dai-lhe vós mesmos de comer..."
- NÓS também somos responsáveis pela fome no mundo...
  Nenhum cristão pode ficar alheio a essa triste realidade!...
  E o problema da fome no mundo também não se resolve apenas com programas de assistência social, mas com a partilha, com o amor.

O milagre da partilha pode acontecer na medida em que todos oferecem na medida do pouco que tem. Não se trata de quantidade, mas da generosidade que permite a realização do milagre.
E o milagre da partilha não se fecha nas coisas materiais.
Muitos necessitam um pouco do nosso tempo, de um olhar,  de um abraço, de uma visita...

+ Jesus nos convida a sentar à MESA e receber o Pão que ele oferece.

A narração tem um contexto eucarístico (ver palavras da consagração...)
Sentar-se à mesa com Jesus é comprometer-se com a dinâmica do Reino e é assumir a lógica da partilha, do amor, do serviço. Celebrar a Eucaristia obriga-nos a lutar contra as desigualdades, os sistemas de exploração, os esbanjamentos… (recolheu as sobras...)
Quando celebramos a Eucaristia, tornamos Jesus presente no mundo, fazendo com que o seu Reino se torne uma realidade viva na história.
                                Pe. Antônio Geraldo

============-------------=============

Homilia de D. Henrique Soares - Mt 14,13-21

Hoje o Evangelho nos apresenta Jesus como a plenitude da compaixão de Deus no nosso meio. Multiplicando os pães, ele realiza de modo pleno aquilo que Moisés e Elias, os mesmos personagens da Transfiguração, representantes da Lei e dos Profetas, já haviam realizado: Moisés deu de comer ao povo no deserto; Elias sustentou com alimento a viúva de Sarepta durante todo o tempo da seca em
Israel. Ora, Jesus é aquele que nos alimenta em plenitude, é o Messias prometido a Israel e à humanidade. Como o Bom Pastor, de que fala o Salmo, ele faz seu rebanho descansar na relva mais fresca e lhe prepara uma mesa. Seu alimento não se reduz ao pão. Primeiro nos alimenta porque sente compaixão de nós, de nossa pobreza e indigência: “Viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes”. Mais do que de pão, é de amor, de ternura e compaixão que o Senhor nos alimenta! Alimenta-nos também com sua Palavra de vida eterna: vê a multidão cansada e abatida como ovelhas sem pastor e ensina-lhe, fala do Reino até o entardecer... Olhando o nosso Salvador, vemos cumprir-se nele o convite tão terno, tão comovente do Deus de Israel: “Ó vós todos que estais com sede, vinda às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, cinde comprar sem dinheiro, e alimentai-vos bem, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga!’
 Que belo convite! Num mundo no qual tudo é pago, tudo gira em torno do lucro, tudo tem a preocupação do retorno econômico e do interesse (até nas seitas por aí a fora, o dízimo é a chave de entrada no céu), o Senhor se revela graciosamente! Quem dera, o mundo compreendesse esse amor apaixonado de Deus que se manifesta em Jesus! Quem dera se reconhecesse faminto e sedento! Quem dera se deixasse interpelar: “Por que gastar dinheiro com outra coisa que não o pão, desperdiçar o salário senão com satisfação completa? Ouvi-me com atenção e alimentai-vos bem! Inclinai vosso ouvido e vinde a mim, ouvi e tereis vida!” Infelizmente, o nosso é um mundo cansado, mas também auto-suficiente, prepotente, que pensa poder sozinho, do seu modo se saciar e viver de verdade! Também nós, nas nossas pobrezas, tanta vez fugimos do Senhor, ao invés de correr para ele, nosso Poço, nossa Água, nosso Pão, nosso Refrigério!
Mas, nós, cristãos, sabemos que em Cristo Jesus encontra-se a vida, encontra-se o verdadeiro caminho, a verdadeira vida do mundo! É isso que São Paulo exprime com palavras comoventes: “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação? Angústia? Perseguição? Fome? Nudez? Perigo? Espada? Em tudo isso somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou!” É por essa experiência do amor tão terno e presente de Jesus na nossa vida que somos cristãos! Deixemo-nos saciar pelo Senhor e experimentaremos que “nem a morte, nem a vida, nem o presente nem o futuro, nem outra criatura qualquer, será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor!”
Caríssimos, a verdadeira Boa-Nova para o mundo atual é esta: o amor terno e próximo de Deus, manifestado em Jesus Cristo! Mas, atenção: somente poderemos ser testemunhas de tal amor se nós mesmos nos deixarmos tocar e envolver pela ternura do Cristo! Atendamos, portanto, ao seu convite de ir gratuitamente a ele, apesar de nossas pobrezas! Deixemos que ele nos alimenta e sacie de vida e de paz!
Não esqueçamos também que, sobretudo na Eucaristia essa vida, essa alimento, essa paz vêm a nós! Neste Ano Eucarístico, sintamo-nos convidados pela Igreja a recobrar nossa devoção e piedade eucarísticas. Primeiro pela participação consciente e piedosa da Santa Missa todos os domingos. Mas, também pela adoração ao Santíssimo Sacramento. Aí o Senhor Jesus nos espera para nos falar ao coração e encher-nos da sua paz. Estejamos atentos a alguns aspectos desse carinho pela presença eucarística de Cristo. Eis alguns pontos para nossa meditação: (1) como está minha participação na Missa? (2) Tenho consciência do que é a Missa? Compreendo que ela é o sacrifício de Cristo tornado presente no Altar para vida nossa e do mundo inteiro? (3) Tenho respeito pela presença de Cristo na Eucaristia? Quando entro na Igreja, dobro meu joelho ante o Santíssimo? Detenho-me em adoração ou fico conversando e disperso? (4) Tenho reservado alguns minutos durante a semana para uma visita ao Santíssimo Sacramento, para falar-lhe em espírito e verdade, como um amigo ao outro amigo?
Eis, meus caros! Procuramos vida e realização em tantas bobagens! A Vida, a Realização, é Jesus que se dá a nós no Altar e por nós espera no sacrário! Saibamos valorizar esse Dom tão grande: “Ó vós todos que estais com sede, vinda às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vinde e comei, cinde comprar sem dinheiro, e alimentai-vos bem, tomar vinho e leite, sem nenhuma paga!’ Que o Senhor nos dê a graça de aceitar seu convite! Amém.
D. Henrique Soares.

===========-------------------========

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: louvor e glória a vós, ó pai de bondade!
à Pai, Nós Vos damos graças, Vos agradecemos, pelos alimentos que saciam a nossa fome. Nós Vos pedimos por todos os que tem fome e por todas as formas de pobreza: os mendigos de pão, de atenção, de ternura, de justiça e de paz. Que saibamos repartir o conhecimento, a alegria, o pão, o trabalho, a dignidade, o direito e a justiça.
T: louvor e glória a vós, ó pai de bondade!
à Pai, nós Vos bendizemos pelo amor que manifestastes nos enviando Vosso Filho. Dai-nos força e coragem para que sejamos mais amor diante dos irmãos.
T: louvor e glória a vós, ó pai de bondade!
à Pai, Vos bendizemos pelo pão de vida que nos ofereceis. Nós Vos pedimos que nunca nos falte amor para dar e alegria para manifestarmos vosso Reino. Que vossa benção esteja sempre conosco.
T: louvor e glória a vós, ó pai de bondade!
- Pai Nosso... A  Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...


quinta-feira, 24 de julho de 2014

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2014, XVII Domingo do Tempo Comum, O tesouro encontrado, a pérola encontrada, a rede do pescador

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2014

Tema “O tesouro que vale a pena!”
Primeira leitura: Salomão é o protótipo do homem “sábio”, que escolhe o que é importante.
Evangelho: Jesus recomenda que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental.
A segunda: convida-nos a seguir a proposta de Jesus. Esse é o valor que sobrepõe-se a todos os outros valores.

6. PRIMEIRA LEITURA (1Rs 3,5.7-12) Leitura do Primeiro Livro dos Reis.
Naqueles dias, em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, durante a noite, e disse: “Pede o que desejas, e eu te darei”. E Salomão disse: “Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda como governar. Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este povo tão numeroso?” Esta oração de Salomão agradou o Senhor. E Deus disse a Salomão: “Já que pediste esses dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti, nem haverá depois de ti”.

AMBIENTE - O grande rei David morreu em 972 a.C., após um reinado longo e fecundo, ocupado a expandir as fronteiras do reino, a consolidar a união entre as tribos do norte e do sul e a conquistar a paz e a tranquilidade para o Povo de Deus. Sucedeu-lhe no trono o filho, Salomão.
Salomão desenvolveu um trabalho meritório na estruturação do reino que o pai lhe legou. Organizou a divisão administrativa do território que herdou, dotou-o de grandes construções (Templo de Jerusalém), fortificou as cidades mais importantes, potenciou o intercâmbio cultural e comercial com os países da zona, incentivou e apoiou a cultura e as artes. Salomão recrutou “sábios” estrangeiros (sobretudo egípcios) para a sua corte e rodeou-se de homens que se distinguiam pelo seu “saber”, pela sua justiça e prudência. A corte de Salomão tornou-se, assim, um “viveiro” de “sabedoria”. Os “sábios” de Salomão coligiram provérbios, redigiram “máximas” de carácter sapiencial, deram “instruções” (sobre as virtudes que deviam ser cultivadas para ter êxito e para ser feliz). Nesta fase, também redigiram-se crônicas sobre os reinados anteriores e publicaram-se textos sobre as tradições dos antepassados (provavelmente, é nesta época que a “escola jahwista” dá à luz algumas das tradições que irão ocupar um lugar fundamental no Pentateuco). Não admira, portanto, que Salomão tenha ficado na memória histórica de Israel como o protótipo do rei sábio, “cuja sabedoria excedia a todos os orientais e egípcios” (1 Re 4,30).
Os teólogos de Israel vão, pois, esforçar-se por sacralizar o poder de Salomão e demonstrar que, se Salomão chegou a governar o Povo de Deus, não foi apenas por um direito hereditário, mas pela vontade de Deus.
O texto que hoje nos é proposto supõe todo este enquadramento. O chamado “sonho de Gabaon” (cf. 1 Re 3,5) é uma ficção literária montada pelos teólogos deuteronomistas (esse grupo que reflete a vida e a história na linha das grandes ideias teológicas apresentadas no Livro do Deuteronômio) com uma dupla finalidade: apresentar Salomão como o escolhido de Jahwéh e justificar a sua proverbial “sabedoria”.

MENSAGEM - No Antigo Testamento, o “sonho” aparece como uma forma privilegiada de Deus comunicar com os homens e de lhes indicar os seus caminhos. No nosso texto, aparece-nos também um sonho: os catequistas deuteronomistas vão utilizar este recurso literário para apresentar Salomão como “o escolhido” de Deus, a quem Jahwéh comunica os seus projetos e a quem confia a condução do seu Povo.
O jovem rei pede a Deus que lhe dê um coração “sábio” para governar com justiça. A prece do rei é atendida e Deus concede a Salomão uma “sabedoria” inigualável (na continuação – Deus acrescenta ainda outros três dons: a riqueza, a glória e a longa vida – cf. 1 Re 3,13-14).
Em termos religiosos, o nosso texto deixa claro que, em Israel, o rei é o “instrumento de Deus”. É através do rei que Deus governa, que intervém na vida do seu Povo. Depois, o texto mostra que Salomão não concebeu o seu papel como um privilégio pessoal que podia ser usado em benefício próprio, mas sim como um ministério que lhe foi confiado por Deus. Salomão tinha consciência de que a autoridade é um serviço que deve ser exercido com “sabedoria” e que o objetivo final desse serviço é a realização do bem comum.
Finalmente, os autores deuteronomistas sublinham a “qualidade” da resposta de Salomão: ele não pede riqueza nem glória, mas pede as aptidões necessárias e a capacidade para cumprir bem a missão que Deus lhe confiou. Salomão aparece aqui como o modelo do homem que sabe escolher as coisas importantes e que não se deixa distrair por valores efémeros. Dizer que a súplica de Salomão “agradou ao Senhor” é propor aos israelitas que optem pelos valores eternos, duradouros e essenciais.

ATUALIZAÇÃO - • O “sábio” é aquele que consegue perceber o que efetivamente o realiza e lhe permite levar a cabo, dentro da comunidade, a missão que lhe foi confiada.
• A figura de Salomão questiona todos aqueles que detêm responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos religiosos). Convida-os a uma atitude de serviço: o seu objetivo não deve nunca ser a realização dos próprios esquemas pessoais, mas sim o benefício de toda a comunidade, a concretização do bem comum.

7. SALMO RESPONSORIAL / SI 117 (118).
Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!
•              É esta a parte que escolhi por minha herança: / observar
vossas palavras, ó Senhor! / A lei de vossa boca, para
mim, / vale mais do que milhões em ouro e prata.
•              Vosso amor seja um consolo para mim, / conforme a
vosso servo prometeste. / Venha a mim o vosso amor
e viverei, / porque tenho em vossa lei o meu prazer!
•              Por isso amo os mandamentos que nos destes, / mais
que o ouro, muito mais que o ouro fino! / Por isso
eu sigo bem direito as vossas leis, / detesto todos os
caminhos da mentira.
•              Maravilhosos são os vossos testemunhos, / eis porque
meu coração os observa! / Vossa palavra, ao revelar-se,
me ilumina, ela dá sabedoria aos pequeninos.

10. EVANGELHO (Mt 13,44-52) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola. O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.

AMBIENTE - Jesus apresenta o mundo novo que Ele veio propor aos homens e ao qual Ele chama Reino de Deus.
Estamos no final do primeiro século (anos oitenta). Passaram-se mais de trinta anos após a morte de Jesus. O entusiasmo inicial deu lugar à monotonia, a uma vivência “morna”, pouco exigente e pouco comprometida. No horizonte perfilam-se tempos difíceis de perseguição e os cristãos parecem pouco preparados para enfrentar as dificuldades. Mateus sente que é preciso renovar o compromisso cristão e chamar a atenção para o Reino, para as suas exigências e para os seus valores. As parábolas do Reino de hoje estão neste contexto.

MENSAGEM - Na primeira parte, temos duas parábolas – a parábola do tesouro escondido no campo e a parábola da pérola preciosa. A questão principal abordada é a da descoberta do valor e da importância do Reino. Quer a parábola do tesouro escondido, quer a parábola da pérola preciosa, sugerem que o Reino proposto por Jesus (esse mundo de paz, de amor, de fraternidade que Jesus veio anunciar e oferecer) é um “tesouro” precioso, que os seguidores de Jesus devem abraçar, antes de qualquer outro valor. Os cristãos são aqueles que encontraram algo de único, de fundamental, de decisivo: o Reino. Ora, quando alguém encontra um “tesouro” como esse, deve elegê-lo como a riqueza mais preciosa, o fim último da própria existência, o valor fundamental pelo qual se renuncia a tudo o resto e pelo qual se está disposto a pagar qualquer preço. Mateus está sugerindo que é preciso redescobrir e optar por esse valor mais alto, que deve dar sentido às suas vidas – o Reino. O cristão é confrontado com muitos valores e opções; mas deve aperceber-se de que o Reino é o valor mais importante.
Na segunda parte, Mateus apresenta o Reino na imagem de uma rede que, lançada ao mar, apanha diversos tipos de peixes. Na versão apresentada por Mateus, a parábola apresenta um ensinamento semelhante ao da parábola do trigo e do joio (domingo passado): o Reino não é um condomínio fechado, onde só há gente escolhida e santa, mas é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador; por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e para fazer as suas escolhas. A referência que Mateus faz (mais uma vez) ao juízo final é uma forma de exortar os irmãos da sua comunidade no sentido de escolherem decididamente o Reino e porem em prática as propostas de Jesus.
Na terceira parte, Mateus apresenta um breve diálogo entre Jesus e os discípulos. Neste diálogo temos uma espécie de conclusão de todo o capítulo. Mateus sugere que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que “compreende”. Ora, “compreender”, na teologia mateana, significa “prestar atenção” e comprometer-se com o ensinamento proposto. Os cristãos são, pois, convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a comprometerem-se com os seus valores. A referência ao “escriba” que “tira do seu tesouro coisas novas e velhas” pode referir-se aos judeus, conhecedores profundos do Antigo Testamento (o “velho”), convidados agora a refletirem essas velhas promessas à luz das propostas de Jesus (o “novo”). É nessa dialética sempre exigente e questionante que o verdadeiro discípulo encontra o caminho para o Reino; e, depois de encontrar esse caminho, deve comprometer-se com ele de forma decisiva, exigente, empenhada.

ATUALIZAÇÃO • A mais importante questão neste texto é a das nossas prioridades. Para Mateus, não há qualquer dúvida: ser cristão é ter como prioridade o Reino. O cristão vive desafiado pelos esquemas e valores do mundo; mas não pode deixar que a procura dos bens seja o objetivo número um da sua vida, pois o Reino é partilha. O cristão está mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o Reino é serviço. O cristão é todos os dias convencido de que o êxito profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar e para deixar a sua marca na história; mas ele não pode deixar-se seduzir por esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e na simplicidade. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a autossuficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade.

• Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho.

• O Evangelho convida-nos a admirar os métodos de Deus, que não tem pressa em condenar e destruir, mas dá tempo ao homem para amadurecer as suas opções e fazer as suas opções.

8. SEGUNDA LEITURA (Rm 8, 28-30) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos: sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. Pois aqueles que Deus contemplou com o seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem conforme a imagem do seu Filho, para que este seja primogênito numa multidão de irmãos. E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou, também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou.

AMBIENTE - Na perspectiva de Paulo, todo o homem que chega a este mundo mergulha num contexto de pecado que o marca e condiciona (cf. Rom 1,18-3,20); no entanto, Deus, na sua bondade, oferece gratuitamente ao homem pecador a sua graça e dá-lhe a possibilidade de chegar à salvação (cf. Rom 3,21-4,25); e é em Jesus Cristo que esse dom de Deus se comunica ao homem (cf. Rom 5,1-7,25). É o Espírito Santo que permite ao homem acolher esse dom e viver na fidelidade à graça que Deus oferece (cf. Rom 8,1-39). Depois de assegurar aos cristãos que o Espírito “vem em auxílio da nossa fraqueza” e “intercede por nós” (cf. Rom 8,26-27), Paulo relembra que Deus tem um projeto de amor que se traduz no oferecimento da salvação ao homem.

MENSAGEM - Aos que aderem a esse projeto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo e do pecado e fá-los, com Jesus, chegar à vida nova e plena (justificação).
Neste contexto, Paulo fala “daqueles” que Deus “conheceu” de antemão, que “predestinou” para viverem à imagem de Jesus, que “chamou”, que “justificou” e que “glorificou”. No entanto, estes versículos não devem ser entendidos no sentido de que a salvação que Deus oferece se destine apenas a um grupo de predestinados, que Deus escolheu de entre os homens de acordo com critérios que nos escapam… A teologia paulina é clara a este respeito: o projeto salvador de Deus está aberto a todos aqueles que querem acolhê-lo. O que Paulo sublinha aqui é que se trata de um dom gratuito de Deus e que esse dom está previsto desde toda a eternidade.

ATUALIZAÇÃO - • Em todas as cartas de Paulo transparece o espanto que o apóstolo sente diante do amor de Deus pelo homem. Este tema está, contudo, especialmente presente na Carta aos Romanos. O nosso texto convida-nos a dar conta – outra vez – desse fato extraordinário que é o amor de Deus (amor que o homem não merece, mas que Deus, com ternura, insiste em oferecer, de forma gratuita e incondicional), traduzido num projeto de salvação preparado desde sempre, e que leva Deus a enviar ao mundo o seu próprio Filho para conduzir todos os homens e mulheres a uma nova condição. Numa época marcada por uma certa indiferença face a Deus, este texto convida-nos a tomar consciência de que Deus nos ama, vem continuamente ao nosso encontro, aponta-nos o caminho da vida plena e verdadeira, desafia-nos à identificação com Jesus, convida-nos a integrar a sua família. Nós, os crentes, somos convidados a testemunhar, com palavras, com ações, com a vida, no meio dos irmãos o caminho da vida, o amor e o projeto de salvação que Deus tem.

• Diante da oferta de Deus, a vida plena está no acolhimento desse “valor mais alto” que é o seguimento de Jesus e a identificação com Ele.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

=========----------------==========

Pe. Antônio Geraldo - O Tesouro

A Liturgia deste domingo nos convida a refletir nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência.

 As leituras nos ajudam a escolher esses valores...

Na 1ª Leitura, o rei Salomão escolhe o seu tesouro: a SABEDORIA. (1Rs 3,5.7-12)

- No início de seu reinado, o jovem rei vai a Gabaon, onde se achava o Tabernáculo sagrado, construído por Moisés, a fim de oferecer sacrifícios ao Senhor.
- Em sonho, o Senhor manifesta o seu agrado por este gesto e convida-o a pedir o que quisesse.
- O rei não se deixou seduzir e alienar por valores efêmeros (poder, riquezas, prestígio político).
  Pelo contrário, escolhe o mais importante: um coração "sábio" para governar seu povo com justiça e retidão.
- A ESCOLHA agradou plenamente a Deus:
E Deus lhe concedeu uma sabedoria inigualável e acrescentou ainda outros três valores não solicitados: riqueza, glória e vida longa.  Salomão soube escolher o melhor: SABEDORIA

* O texto queria também apresentar Salomão como o escolhido do Senhor e justificar a sua proverbial sabedoria.

A 2ª Leitura apresenta etapas do caminho que conduz à Salvação.
Precisamos da Sabedoria de Deus, para discernir o desígnio de Deus, que nos "predestinou" para sermos conformes à imagem do seu Filho. (Rm 8,28-30)

No Evangelho, Jesus apresenta o seu tesouro: o REINO DE DEUS.
É a conclusão do 3º Discurso de Jesus, com as últimas três "Parábolas": o Tesouro, a Pérola e a Rede. (Mt 13,44-52)

+ O Reino de Deus é um TESOURO escondido...  uma PÉROLA que se procura...

A DESCOBERTA desse tesouro e dessa pérola provoca, em quem os encontrou, duas atitudes: Renúncia e Alegria.

1. RENÚNCIA a tudo para adquiri-los...
    O Reino proposto por Jesus é um "tesouro" precioso pelo qual se renuncia a tudo e pelo qual os seguidores de Cristo devem estar dispostos a pagar qualquer preço.

* Desde que descobrimos Cristo, o que mudou em nossa vida?
   O que nós já renunciamos por esse tesouro?
   Onde gastamos mais tempo em nossa vida diária?
   A serviço da comunidade, em leituras sérias, na Oração, ou no futebol, na TV, no dinheiro, no bate-papo com os amigos?
2. ALEGRIA muito grande pelo bem encontrado...
Todo comerciante que realizou um bom negócio sente-se feliz... mesmo tendo de se desfazer de muitos bens...
O Reino de Deus é um tesouro pelo qual compensa a renúncia de todos os bens deste mundo.

* Demonstramos alegria e felicidade por termos achado o nosso tesouro?
   Se temos consciência desse tesouro, como podemos permanecer acabrunhados, tristes e desanimados?

+ Mas ficam ainda umas perguntas inquietantes:

Se o Reino de Deus é tão precioso,
  - Por que há tantos homens que o ignoram ou até o desprezam?
  - Por que vemos tantos males entre os bons?
  - Será que, no final, todos teremos a mesma sorte?
 
+ Na 3a Parábola, Jesus nos dá a resposta: O Reino de Deus é uma REDE:

A Igreja é comparada a uma rede de arrastão, lançada ao lago, que apanha peixes de todos os tipos e qualidades... O Pescador, depois de ter puxado lentamente a rede à terra, recolhe os peixes, separando os bons e os maus, os aproveitáveis e os inúteis.
Recolhe os bons e joga fora os maus...
Deus não tem pressa em condenar e destruir... sabe esperar...

- Qual a nossa situação: dentro da Igreja, diante do divino Pescador?
Somos um membro vivo, atuante, útil à vida da Igreja, ou um peixe inútil, desprezado pelo próprio Deus?
Tudo depende de nossa escolha, devemos SABER ESCOLHER...

+ E Jesus conclui o Discurso com um breve diálogo com os discípulos, no qual afirma que o verdadeiro discípulo é aquele que descobre o Tesouro do Reino e se compromete com ele.

Só a Sabedoria divina poderá nos iluminar para compreendê-lo e assim anunciar a todos com alegria a nossa descoberta.

Como Salomão, peçamos a Deus
- muita SABEDORIA... para saber escolher sempre o verdadeiro Tesouro e
- muito ENTUSIASMO... para nos pôr com alegria na sua conquista...


                                           Pe. Antônio Geraldo

=============-------------------------===============

Homilia de D. Henrique Soares Mt 13,44-52
Continuamos a escutar Jesus falando-nos do Reino dos Céus. Saído do barco à beira-mar, chegado em casa, ele nos conta ainda três parábolas: o Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo; um homem o encontra e, cheio de alegria, vende tudo e o adquire! O Reino dos Céus é como uma pérola de grande valor; o homem vende tudo e, fascinado por sua beleza, vende tudo e a adquire...
Observem, irmãos, que Jesus nos quer fazer compreender que quem encontra o Reino, sai de si! Encontra o sentido da vida, encontra aquilo por que vale a pena viver. Quem de verdade encontra o Reino, quem o experimenta, muda para sempre sua existência: vai ligeiro, vende tudo, fica cheio de alegria!
Encontrar o Reino é encontrar Jesus, e encontrar Jesus de verdade é encontrar a razão de viver, o sentido da existência... é encontrar-se consigo mesmo! Quem encontra o Reino assim, se encontra, parte de si mesmo e vai viver de verdade! Quantos cristãos experimentaram isso, quantos fizeram-se loucos, pareceram loucos, por amor de Cristo! Quantos jogaram fora amores, família, projetos, bens materiais... O que os levou a isso? O que aconteceu com Santo Antão, que vendeu todos os bens e deu aos pobres e foi viver no deserto, sozinho? O que aconteceu com Francisco de Assis? O que aconteceu com a Beata Madre Teresa de Calcutá ou com a Ir. Dulce? O que aconteceu com aquele moço que largou tudo e foi ser religioso, com aquela moça sem juízo que entrou numa comunidade de vida? O que aconteceu com aquele casal, que mudou seu modo de viver, seu círculo de amizade, que deixou suas badalações? O que aconteceu com São Maximiliano Kolbe, que entregou a vida no lugar de um pai de família? Com o Bem-aventurado Anchieta, que deixou sua pátria e se embrenhou no Brasil selvagem para anunciar Cristo aos índios? O que aconteceu com todos esses? Eles descobriram o tesouro, eles encontraram uma pérola de valor imensurável, eles experimentaram a paz, a doçura, a verdade do Reino dos Céus!
 Meus caros, estejamos atentos! Quem é mole nas coisas de Deus, quem é pouco generoso no seguimento de Cristo, quem sente como um fardo os apelos do Senhor, não experimentou ainda, não encontrou o tesouro, não viu a pérola de grande valor, não descobriu de verdade o Reino dos Céus! Cristãos cansados, cristãos sem entusiasmo, cristãos pouco generosos, cristãos com uma lógica igual à do mundo são cristãos que nunca – nunca! – experimentaram a paz do Reino, a beleza do Reino, a doçura do Reino, a plenitude do Reino que Jesus nos mostra e nos dá! Atentos, irmãos: pode-se ser cristão e nunca ter experimentado o Reino! Pode-se ser padre ou religioso sem nunca ter descoberto o Reino... Aí, já não há alegria, já não há entusiasmo, já não se corre, se arrasta, se rasteja! O Reino tem pressa, o Reino faz vibrar, o Reino nos impele porque descobrir o Reino e experimentar o amor de Deus em Jesus Cristo! Quantos de nós se entusiasmam com tantas coisas e são tão lerdos quando se trata do Senhor e do seu Reino... Não seríamos nós um desses?
E, no entanto, o sonho de Deus é que todos possam encontrar o seu Reino; para isso ele nos criou, para isso nos destinou. Escutemos o Apóstolo: "Pois aqueles que Deus contemplou com seu amor desde toda eternidade, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem do seu Filho... E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou também os tornou justos, e aos que tornou justos também os glorificou". Isso nos coloca diante de duas realidades, caríssimos. Primeiro: o dever que temos de anunciar o Reino a toda a humanidade! A Igreja é missionária, anunciadora do Reino dos Céus! Uma Igreja que não tenha o desejo, que não sinta a necessidade de levar Jesus aos que ainda não o conhecem, é uma Igreja morta, uma Igreja que já não experimenta a alegria de crer! Estejamos atentos: há tantos em terras distantes e tantos bem próximos de nós que não tiveram ainda a alegria do Reino dos Céus, pois que não encontraram o tesouro, na viram a pérola de grande valor! Ai de nós se não anunciarmos a esses a Boa Nova do Reino dos Céus! Nunca esqueçamos: quem encontra algo de muito bom, sente o desejo de comunicar, de partilhar, de tornar conhecido aos demais. Se em nós não há ímpeto missionário, é porque não encontramos, de verdade, a o Reino e sua alegria! Pensemos bem!
Mas, há uma segunda realidade, que precisamos levar em conta. Descobrir o Reino exige um olhar iluminado pela graça de Deus. Sozinhos, com nossas próprias forças, somos incapazes de discernir essa presença do Reino! Por isso é necessário suplicar, como Salomão, um coração para compreender: "Dá ao teu servo um coração compreensivo – um coração que escute!" No Evangelho de hoje, Jesus termina perguntando: "Compreendeste essas coisas?" – Senhor, pedimos nós, dá-nos um coração capaz de compreender! Sem vosso auxílio ninguém é forte, ninguém é santo! Mostra-nos o tesouro, que é o teu Reino! Faz-nos encontrar a pérola de grande valor, pela qual vale a pena perder tudo e todo nela encontrar! Faz-nos sentir que, pelo Reino, vale a pena deixar redes, barcos, a vida perder; deixar a família e dinheiro não ter!
Concluamos, agora, com a última, das sete parábolas: O Reino dos Céus é como uma rede jogada no mar deste mundo... Ela apanha todo tipo de peixe – apanhou a mim, a você... Olhem a Igreja, olhem a nossa comunidade: há de tudo! Todo tipo de gente, todo tipo de cristão! Mas, um dia, a rede será puxada para a margem... e os peixes bons serão recolhidos nos cestos do Senhor e os peixes ruins serão lançados fora, para o fogo queimar... Eis como Jesus termina! Prevenindo-nos que é necessário decidir-se pelo Reino, que nossa vida valerá ou não a pena, terá ou não sentido dependendo de nossa atitude em relação ao Reino que ele veio anunciar...
Irmãos, irmãs! "Compreendestes tudo isso?" Que o Senhor no-lo conceda, ele que Reina para sempre. Amém.
D. Henrique Soares.
==============---------------------==============

PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

Louvor (Quando o Pão Consagrado estiver sobre o altar)
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à Por Jesus, com Jesus e em Jesus,  na força do Espírito Santo, louvemos aos Pai:
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos!
Pai, nós Vos bendizemos pelo Vosso amor, quando nos enviais reis e mestres como Salomão para nos instruir em vossos caminhos. Como o rei Salomão, nós Vos pedimos pelos dirigentes das nações e das Igrejas: dái-lhes um coração atento, na condução dos povos e das comunidades segundo o Vosso Espírito e saibam discernir o bem do mal.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos!
Nós Vos damos graças pelo Vosso filho Jesus, que nos ensinou os caminhos do Reino. Que saibamos valorizar tão grande tesouro encontrado. Fazei que o Vosso Espírito nos transforme e que sejamos Vossa imagem de bondade, sabedoria e amor.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos!
Nós Vos bendizemos pelo vosso Reino que estabelecestes em nosso coração como um tesouro escondido e como uma pérola rara que nos dá força para que vençamos as tentações do egoísmo, da vaidade e do orgulho. Fazei-nos mais humildes, servidores e amantes da riqueza do vosso amor.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos bendizemos!
Pai nosso...   A Paz de Cristo...   Eis o Cordeiro...