17º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A
2014
Tema “O tesouro que vale a pena!”
Primeira leitura: Salomão é o protótipo do homem “sábio”, que escolhe o
que é importante.
Evangelho: Jesus recomenda que façam do Reino de Deus a sua
prioridade fundamental.
A segunda: convida-nos a seguir a proposta de Jesus. Esse é o
valor que sobrepõe-se a todos os outros valores.
6. PRIMEIRA LEITURA (1Rs 3,5.7-12) Leitura do Primeiro Livro dos Reis.
Naqueles
dias, em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, durante a noite, e
disse: “Pede o que desejas, e eu te darei”. E Salomão disse: “Senhor meu Deus,
tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um
adolescente, que não sabe ainda como governar. Além disso, teu servo está no
meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular.
Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e
de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este povo
tão numeroso?” Esta oração de Salomão agradou o Senhor. E Deus disse a Salomão:
“Já que pediste esses dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem
riquezas nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a
justiça, vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente,
como nunca houve outro igual antes de ti, nem haverá depois de ti”.
AMBIENTE - O grande rei David morreu em 972 a.C., após um reinado longo e fecundo, ocupado a expandir as fronteiras do reino, a consolidar a união entre as tribos do norte e do sul e a conquistar a paz e a tranquilidade para o Povo de Deus. Sucedeu-lhe no trono o filho, Salomão.
Salomão desenvolveu um trabalho meritório na estruturação do reino que o
pai lhe legou. Organizou a divisão administrativa do território que herdou,
dotou-o de grandes construções (Templo de Jerusalém), fortificou as cidades
mais importantes, potenciou o intercâmbio cultural e comercial com os países da
zona, incentivou e apoiou a cultura e as artes. Salomão recrutou “sábios”
estrangeiros (sobretudo egípcios) para a sua corte e rodeou-se de homens que se
distinguiam pelo seu “saber”, pela sua justiça e prudência. A corte de Salomão
tornou-se, assim, um “viveiro” de “sabedoria”. Os “sábios” de Salomão coligiram
provérbios, redigiram “máximas” de carácter sapiencial, deram “instruções”
(sobre as virtudes que deviam ser cultivadas para ter êxito e para ser feliz).
Nesta fase, também redigiram-se crônicas sobre os reinados anteriores e
publicaram-se textos sobre as tradições dos antepassados (provavelmente, é
nesta época que a “escola jahwista” dá à luz algumas das tradições que irão
ocupar um lugar fundamental no Pentateuco). Não admira, portanto, que Salomão
tenha ficado na memória histórica de Israel como o protótipo do rei sábio,
“cuja sabedoria excedia a todos os orientais e egípcios” (1 Re 4,30).
Os teólogos de Israel vão, pois, esforçar-se por sacralizar o poder de
Salomão e demonstrar que, se Salomão chegou a governar o Povo de Deus, não foi
apenas por um direito hereditário, mas pela vontade de Deus.
O texto que hoje nos é proposto supõe todo este enquadramento. O chamado
“sonho de Gabaon” (cf. 1 Re 3,5) é uma ficção literária montada pelos teólogos
deuteronomistas (esse grupo que reflete a vida e a história na linha das
grandes ideias teológicas apresentadas no Livro do Deuteronômio) com uma dupla
finalidade: apresentar Salomão como o escolhido de Jahwéh e justificar a sua
proverbial “sabedoria”.
MENSAGEM - No Antigo Testamento, o “sonho” aparece como uma forma privilegiada de Deus comunicar com os homens e de lhes indicar os seus caminhos. No nosso texto, aparece-nos também um sonho: os catequistas deuteronomistas vão utilizar este recurso literário para apresentar Salomão como “o escolhido” de Deus, a quem Jahwéh comunica os seus projetos e a quem confia a condução do seu Povo.
O jovem rei pede a Deus que lhe dê um coração “sábio” para governar com
justiça. A prece do rei é atendida e Deus concede a Salomão uma “sabedoria”
inigualável (na continuação – Deus acrescenta ainda outros três dons: a
riqueza, a glória e a longa vida – cf. 1 Re 3,13-14).
Em termos religiosos, o nosso texto deixa claro que, em Israel, o rei é o
“instrumento de Deus”. É através do rei que Deus governa, que intervém na vida
do seu Povo. Depois, o texto mostra que Salomão não concebeu o seu papel como
um privilégio pessoal que podia ser usado em benefício próprio, mas sim como um
ministério que lhe foi confiado por Deus. Salomão tinha consciência de que a
autoridade é um serviço que deve ser exercido com “sabedoria” e que o objetivo
final desse serviço é a realização do bem comum.
Finalmente, os autores deuteronomistas sublinham a “qualidade” da
resposta de Salomão: ele não pede riqueza nem glória, mas pede as aptidões
necessárias e a capacidade para cumprir bem a missão que Deus lhe confiou.
Salomão aparece aqui como o modelo do homem que sabe escolher as coisas
importantes e que não se deixa distrair por valores efémeros. Dizer que a
súplica de Salomão “agradou ao Senhor” é propor aos israelitas que optem pelos
valores eternos, duradouros e essenciais.
ATUALIZAÇÃO - • O “sábio” é aquele que consegue perceber o que efetivamente o realiza e lhe permite levar a cabo, dentro da comunidade, a missão que lhe foi confiada.
• A figura de Salomão questiona todos aqueles que detêm
responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos
religiosos). Convida-os a uma atitude de serviço: o seu objetivo não deve nunca
ser a realização dos próprios esquemas pessoais, mas sim o benefício de toda a
comunidade, a concretização do bem comum.
7. SALMO RESPONSORIAL / SI 117 (118).
Como eu
amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra!
• É esta a parte que escolhi por
minha herança: / observar
vossas
palavras, ó Senhor! / A lei de vossa boca, para
mim, / vale
mais do que milhões em ouro e prata.
• Vosso amor seja um consolo para
mim, / conforme a
vosso servo
prometeste. / Venha a mim o vosso amor
e viverei,
/ porque tenho em vossa lei o meu prazer!
• Por isso amo os mandamentos que
nos destes, / mais
que o ouro,
muito mais que o ouro fino! / Por isso
eu sigo bem
direito as vossas leis, / detesto todos os
caminhos da
mentira.
• Maravilhosos são os vossos
testemunhos, / eis porque
meu coração
os observa! / Vossa palavra, ao revelar-se,
me ilumina,
ela dá sabedoria aos pequeninos.
10. EVANGELHO (Mt 13,44-52) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “O Reino dos Céus é como um tesouro
escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria,
ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O Reino dos Céus
também é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma
pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela
pérola. O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha
peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a
praia, sentam-se e recolhem peixes bons em cestos e jogam fora os que não
prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os
homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí
haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isso?” Eles responderam:
“Sim”. Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo o mestre da Lei, que se
torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu
tesouro coisas novas e velhas”.
AMBIENTE - Jesus apresenta o mundo novo que Ele veio propor aos homens e ao qual Ele chama Reino de Deus.
Estamos no final do primeiro século (anos oitenta). Passaram-se mais de
trinta anos após a morte de Jesus. O entusiasmo inicial deu lugar à monotonia,
a uma vivência “morna”, pouco exigente e pouco comprometida. No horizonte
perfilam-se tempos difíceis de perseguição e os cristãos parecem pouco
preparados para enfrentar as dificuldades. Mateus sente que é preciso renovar o
compromisso cristão e chamar a atenção para o Reino, para as suas exigências e
para os seus valores. As parábolas do Reino de hoje estão neste contexto.
MENSAGEM - Na primeira parte, temos duas parábolas – a parábola do tesouro escondido no campo e a parábola da pérola preciosa. A questão principal abordada é a da descoberta do valor e da importância do Reino. Quer a parábola do tesouro escondido, quer a parábola da pérola preciosa, sugerem que o Reino proposto por Jesus (esse mundo de paz, de amor, de fraternidade que Jesus veio anunciar e oferecer) é um “tesouro” precioso, que os seguidores de Jesus devem abraçar, antes de qualquer outro valor. Os cristãos são aqueles que encontraram algo de único, de fundamental, de decisivo: o Reino. Ora, quando alguém encontra um “tesouro” como esse, deve elegê-lo como a riqueza mais preciosa, o fim último da própria existência, o valor fundamental pelo qual se renuncia a tudo o resto e pelo qual se está disposto a pagar qualquer preço. Mateus está sugerindo que é preciso redescobrir e optar por esse valor mais alto, que deve dar sentido às suas vidas – o Reino. O cristão é confrontado com muitos valores e opções; mas deve aperceber-se de que o Reino é o valor mais importante.
Na segunda parte, Mateus apresenta o Reino na imagem de uma rede que,
lançada ao mar, apanha diversos tipos de peixes. Na versão apresentada por
Mateus, a parábola apresenta um ensinamento semelhante ao da parábola do trigo
e do joio (domingo passado): o Reino não é um condomínio fechado, onde só há
gente escolhida e santa, mas é uma realidade onde o mal e o bem crescem
simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a
morte do pecador; por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para
amadurecer as suas opções e para fazer as suas escolhas. A referência que
Mateus faz (mais uma vez) ao juízo final é uma forma de exortar os irmãos da
sua comunidade no sentido de escolherem decididamente o Reino e porem em
prática as propostas de Jesus.
Na terceira parte, Mateus apresenta um breve diálogo entre Jesus e os
discípulos. Neste diálogo temos uma espécie de conclusão de todo o capítulo.
Mateus sugere que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que “compreende”.
Ora, “compreender”, na teologia mateana, significa “prestar atenção” e
comprometer-se com o ensinamento proposto. Os cristãos são, pois, convidados a
descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a
comprometerem-se com os seus valores. A referência ao “escriba” que “tira do
seu tesouro coisas novas e velhas” pode referir-se aos judeus, conhecedores
profundos do Antigo Testamento (o “velho”), convidados agora a refletirem essas
velhas promessas à luz das propostas de Jesus (o “novo”). É nessa dialética
sempre exigente e questionante que o verdadeiro discípulo encontra o caminho
para o Reino; e, depois de encontrar esse caminho, deve comprometer-se com ele
de forma decisiva, exigente, empenhada.
ATUALIZAÇÃO • A mais importante questão neste texto é a das nossas prioridades. Para Mateus, não há qualquer dúvida: ser cristão é ter como prioridade o Reino. O cristão vive desafiado pelos esquemas e valores do mundo; mas não pode deixar que a procura dos bens seja o objetivo número um da sua vida, pois o Reino é partilha. O cristão está mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objetivo fundamental, porque o Reino é serviço. O cristão é todos os dias convencido de que o êxito profissional, a fama a qualquer preço são condições essenciais para triunfar e para deixar a sua marca na história; mas ele não pode deixar-se seduzir por esses esquemas, pois a realidade do Reino vive-se na humildade e na simplicidade. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a autossuficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade.
• Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho.
• O Evangelho convida-nos a admirar os métodos de Deus, que não tem pressa em condenar e destruir, mas dá tempo ao homem para amadurecer as suas opções e fazer as suas opções.
8. SEGUNDA LEITURA (Rm 8, 28-30) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos:
sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados para a salvação, de acordo com o projeto de Deus. Pois aqueles que
Deus contemplou com o seu amor desde sempre, a esses ele predestinou a serem
conforme a imagem do seu Filho, para que este seja primogênito numa multidão de
irmãos. E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que chamou,
também os tornou justos; e aos que tornou justos, também os glorificou.
AMBIENTE - Na perspectiva de Paulo, todo o homem que chega a este mundo mergulha num contexto de pecado que o marca e condiciona (cf. Rom 1,18-3,20); no entanto, Deus, na sua bondade, oferece gratuitamente ao homem pecador a sua graça e dá-lhe a possibilidade de chegar à salvação (cf. Rom 3,21-4,25); e é em Jesus Cristo que esse dom de Deus se comunica ao homem (cf. Rom 5,1-7,25). É o Espírito Santo que permite ao homem acolher esse dom e viver na fidelidade à graça que Deus oferece (cf. Rom 8,1-39). Depois de assegurar aos cristãos que o Espírito “vem em auxílio da nossa fraqueza” e “intercede por nós” (cf. Rom 8,26-27), Paulo relembra que Deus tem um projeto de amor que se traduz no oferecimento da salvação ao homem.
MENSAGEM - Aos que aderem a esse projeto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo e do pecado e fá-los, com Jesus, chegar à vida nova e plena (justificação).
Neste contexto, Paulo fala “daqueles” que Deus “conheceu” de antemão,
que “predestinou” para viverem à imagem de Jesus, que “chamou”, que
“justificou” e que “glorificou”. No entanto, estes versículos não devem ser
entendidos no sentido de que a salvação que Deus oferece se destine apenas a um
grupo de predestinados, que Deus escolheu de entre os homens de acordo com
critérios que nos escapam… A teologia paulina é clara a este respeito: o
projeto salvador de Deus está aberto a todos aqueles que querem acolhê-lo. O
que Paulo sublinha aqui é que se trata de um dom gratuito de Deus e que esse
dom está previsto desde toda a eternidade.
ATUALIZAÇÃO - • Em todas as cartas de Paulo transparece o espanto que o apóstolo sente diante do amor de Deus pelo homem. Este tema está, contudo, especialmente presente na Carta aos Romanos. O nosso texto convida-nos a dar conta – outra vez – desse fato extraordinário que é o amor de Deus (amor que o homem não merece, mas que Deus, com ternura, insiste em oferecer, de forma gratuita e incondicional), traduzido num projeto de salvação preparado desde sempre, e que leva Deus a enviar ao mundo o seu próprio Filho para conduzir todos os homens e mulheres a uma nova condição. Numa época marcada por uma certa indiferença face a Deus, este texto convida-nos a tomar consciência de que Deus nos ama, vem continuamente ao nosso encontro, aponta-nos o caminho da vida plena e verdadeira, desafia-nos à identificação com Jesus, convida-nos a integrar a sua família. Nós, os crentes, somos convidados a testemunhar, com palavras, com ações, com a vida, no meio dos irmãos o caminho da vida, o amor e o projeto de salvação que Deus tem.
• Diante da oferta de Deus, a vida plena está no acolhimento desse “valor mais alto” que é o seguimento de Jesus e a identificação com Ele.
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe.
Carvalho
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Pe. Antônio Geraldo - O Tesouro
A Liturgia deste domingo nos convida a refletir nos valores
sobre os quais fundamentamos a nossa existência.
As leituras nos ajudam a escolher esses
valores...
Na 1ª Leitura, o rei
Salomão escolhe o seu tesouro: a SABEDORIA. (1Rs 3,5.7-12)
- No início de seu reinado, o jovem rei vai a Gabaon, onde
se achava o Tabernáculo sagrado, construído por Moisés, a fim de oferecer
sacrifícios ao Senhor.
- Em sonho, o Senhor manifesta o seu agrado por este gesto e
convida-o a pedir o que quisesse.
- O rei não se deixou seduzir e
alienar por valores efêmeros (poder, riquezas, prestígio político).
Pelo contrário,
escolhe o mais importante: um coração "sábio" para governar seu povo
com justiça e retidão.
- A ESCOLHA agradou plenamente a Deus:
E Deus lhe concedeu uma sabedoria inigualável e acrescentou
ainda outros três valores não solicitados: riqueza, glória e vida longa. Salomão
soube escolher o melhor: SABEDORIA
* O texto queria também apresentar Salomão como o escolhido
do Senhor e justificar a sua proverbial sabedoria.
A 2ª Leitura apresenta etapas
do caminho que conduz à Salvação.
Precisamos da Sabedoria de Deus, para discernir o desígnio
de Deus, que nos "predestinou" para sermos conformes à imagem do seu
Filho. (Rm 8,28-30)
No Evangelho, Jesus apresenta o seu tesouro: o REINO DE DEUS.
É a conclusão do 3º Discurso de Jesus, com as últimas três
"Parábolas": o Tesouro, a Pérola e a Rede. (Mt 13,44-52)
+ O Reino de Deus é um TESOURO escondido...
uma PÉROLA que se procura...
A DESCOBERTA desse tesouro e dessa pérola provoca, em quem
os encontrou, duas atitudes: Renúncia e Alegria.
1. RENÚNCIA a tudo para
adquiri-los...
O Reino proposto por Jesus é um
"tesouro" precioso pelo qual se renuncia a tudo e pelo qual os
seguidores de Cristo devem estar dispostos a pagar qualquer preço.
* Desde que descobrimos Cristo, o que mudou em nossa vida?
O que nós já
renunciamos por esse tesouro?
Onde gastamos mais
tempo em nossa vida diária?
A serviço da
comunidade, em leituras sérias, na Oração, ou no futebol, na TV, no dinheiro,
no bate-papo com os amigos?
2. ALEGRIA muito grande pelo bem
encontrado...
Todo comerciante que realizou um bom negócio sente-se
feliz... mesmo tendo de se desfazer de muitos bens...
O Reino de Deus é um tesouro pelo qual compensa a renúncia
de todos os bens deste mundo.
* Demonstramos alegria e felicidade por termos achado o
nosso tesouro?
Se temos
consciência desse tesouro, como podemos permanecer acabrunhados, tristes e
desanimados?
+ Mas ficam ainda umas perguntas
inquietantes:
Se o Reino de Deus é tão precioso,
- Por que há tantos
homens que o ignoram ou até o desprezam?
- Por que vemos
tantos males entre os bons?
- Será que, no
final, todos teremos a mesma sorte?
+ Na 3a
Parábola, Jesus nos dá a resposta: O Reino de Deus é uma REDE:
A Igreja é comparada a uma rede de arrastão, lançada ao
lago, que apanha peixes de todos os tipos e qualidades... O Pescador, depois de
ter puxado lentamente a rede à terra, recolhe os peixes, separando os bons e os
maus, os aproveitáveis e os inúteis.
Recolhe os bons e joga fora os maus...
Deus não tem pressa em condenar e destruir... sabe
esperar...
- Qual a nossa situação: dentro da Igreja, diante do divino
Pescador?
Somos um membro vivo, atuante, útil à vida da Igreja, ou um
peixe inútil, desprezado pelo próprio Deus?
Tudo depende de nossa escolha, devemos SABER ESCOLHER...
+ E Jesus conclui o Discurso
com um breve diálogo com os discípulos, no qual afirma que o verdadeiro
discípulo é aquele que descobre o Tesouro do Reino e se compromete
com ele.
Só a Sabedoria divina poderá nos iluminar para compreendê-lo
e assim anunciar a todos com alegria a nossa descoberta.
Como Salomão,
peçamos a Deus
- muita SABEDORIA... para saber escolher
sempre o verdadeiro Tesouro e
- muito ENTUSIASMO... para nos pôr com
alegria na sua conquista...
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia
de D. Henrique Soares Mt
13,44-52
Continuamos a escutar Jesus falando-nos do Reino
dos Céus. Saído do barco à beira-mar, chegado em casa, ele nos conta ainda três
parábolas: o Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo; um homem o
encontra e, cheio de alegria, vende tudo e o adquire! O Reino dos Céus é como
uma pérola de grande valor; o homem vende tudo e, fascinado
por sua beleza, vende tudo e a adquire...
Observem, irmãos, que Jesus nos
quer fazer compreender que quem encontra o Reino, sai de si! Encontra o sentido
da vida, encontra aquilo por que vale a pena viver. Quem de verdade encontra o
Reino, quem o experimenta, muda para sempre sua existência: vai ligeiro, vende
tudo, fica cheio de alegria!
Encontrar o Reino é encontrar
Jesus, e encontrar Jesus de verdade é encontrar a razão de viver, o sentido da
existência... é encontrar-se consigo mesmo! Quem encontra o Reino assim, se
encontra, parte de si mesmo e vai viver de verdade! Quantos cristãos
experimentaram isso, quantos fizeram-se loucos, pareceram loucos, por amor de
Cristo! Quantos jogaram fora amores, família, projetos, bens materiais... O que
os levou a isso? O que aconteceu com Santo Antão, que vendeu todos os bens e
deu aos pobres e foi viver no deserto, sozinho? O que aconteceu com Francisco
de Assis? O que aconteceu com a Beata Madre Teresa de Calcutá ou com a Ir.
Dulce? O que aconteceu com aquele moço que largou tudo e foi ser religioso, com
aquela moça sem juízo que entrou numa comunidade de vida? O que aconteceu com
aquele casal, que mudou seu modo de viver, seu círculo de amizade, que deixou
suas badalações? O que aconteceu com São Maximiliano Kolbe, que entregou a vida
no lugar de um pai de família? Com o Bem-aventurado Anchieta, que deixou sua
pátria e se embrenhou no Brasil selvagem para anunciar Cristo aos índios? O que
aconteceu com todos esses? Eles descobriram o tesouro, eles encontraram uma
pérola de valor imensurável, eles experimentaram a paz, a doçura, a verdade do
Reino dos Céus!
Meus caros, estejamos atentos! Quem é mole
nas coisas de Deus, quem é pouco generoso no seguimento de Cristo, quem sente
como um fardo os apelos do Senhor, não experimentou ainda, não encontrou o tesouro,
não viu a pérola de grande valor, não descobriu de verdade o Reino dos Céus!
Cristãos cansados, cristãos sem entusiasmo, cristãos pouco generosos, cristãos
com uma lógica igual à do mundo são cristãos que nunca – nunca! –
experimentaram a paz do Reino, a beleza do Reino, a doçura do Reino, a
plenitude do Reino que Jesus nos mostra e nos dá! Atentos, irmãos: pode-se ser
cristão e nunca ter experimentado o Reino! Pode-se ser padre ou religioso sem
nunca ter descoberto o Reino... Aí, já não há alegria, já não há entusiasmo, já
não se corre, se arrasta, se rasteja! O Reino tem pressa, o Reino faz vibrar, o
Reino nos impele porque descobrir o Reino e experimentar o amor de Deus em
Jesus Cristo! Quantos de nós se entusiasmam com tantas coisas e são tão lerdos
quando se trata do Senhor e do seu Reino... Não seríamos nós um desses?
E, no entanto, o sonho de Deus é que todos possam
encontrar o seu Reino; para isso ele nos criou, para isso nos destinou.
Escutemos o Apóstolo: "Pois aqueles que Deus contemplou com seu
amor desde toda eternidade, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem
do seu Filho... E aqueles que Deus predestinou, também os chamou. E aos que
chamou também os tornou justos, e aos que tornou justos também os
glorificou". Isso nos coloca diante de duas realidades,
caríssimos. Primeiro: o dever que temos de
anunciar o Reino a toda a humanidade! A Igreja é missionária, anunciadora do
Reino dos Céus! Uma Igreja que não tenha o desejo, que não sinta a necessidade
de levar Jesus aos que ainda não o conhecem, é uma Igreja morta, uma Igreja que
já não experimenta a alegria de crer! Estejamos atentos: há tantos em terras
distantes e tantos bem próximos de nós que não tiveram ainda a alegria do Reino
dos Céus, pois que não encontraram o tesouro, na viram a pérola de grande
valor! Ai de nós se não anunciarmos a esses a Boa Nova do Reino dos Céus! Nunca
esqueçamos: quem encontra algo de muito bom, sente o desejo de comunicar, de
partilhar, de tornar conhecido aos demais. Se em nós não há ímpeto missionário,
é porque não encontramos, de verdade, a o Reino e sua alegria! Pensemos bem!
Mas, há uma segunda
realidade, que precisamos levar em conta. Descobrir o Reino exige um olhar
iluminado pela graça de Deus. Sozinhos, com nossas próprias forças, somos
incapazes de discernir essa presença do Reino! Por isso é necessário suplicar,
como Salomão, um coração para compreender: "Dá ao teu servo um
coração compreensivo – um coração que escute!" No Evangelho de
hoje, Jesus termina perguntando: "Compreendeste essas
coisas?" – Senhor, pedimos nós, dá-nos um coração capaz de
compreender! Sem vosso auxílio ninguém é forte, ninguém é santo! Mostra-nos o
tesouro, que é o teu Reino! Faz-nos encontrar a pérola de grande valor, pela
qual vale a pena perder tudo e todo nela encontrar! Faz-nos sentir que, pelo
Reino, vale a pena deixar redes, barcos, a vida perder; deixar a família e
dinheiro não ter!
Concluamos, agora, com a última, das sete
parábolas: O Reino dos Céus é como uma rede jogada no mar deste mundo... Ela
apanha todo tipo de peixe – apanhou a mim, a você... Olhem a Igreja, olhem a
nossa comunidade: há de tudo! Todo tipo de gente, todo tipo de cristão! Mas, um
dia, a rede será puxada para a margem... e os peixes bons serão recolhidos nos
cestos do Senhor e os peixes ruins serão lançados fora, para o fogo queimar...
Eis como Jesus termina! Prevenindo-nos que é necessário decidir-se pelo Reino,
que nossa vida valerá ou não a pena, terá ou não sentido dependendo de nossa
atitude em relação ao Reino que ele veio anunciar...
Irmãos, irmãs! "Compreendestes tudo
isso?" Que o Senhor no-lo conceda, ele que Reina para sempre.
Amém.
D. Henrique Soares.
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:
Louvor
(Quando o Pão Consagrado estiver sobre o altar)
O SENHOR ESTEJA COM TODOS
VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à Por Jesus, com Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, louvemos aos Pai:
T: Senhor, nós vos louvamos e vos
bendizemos!
Pai, nós Vos bendizemos pelo Vosso amor, quando nos enviais reis e
mestres como Salomão para nos instruir em vossos caminhos. Como o rei Salomão,
nós Vos pedimos pelos dirigentes das nações e das Igrejas: dái-lhes um coração
atento, na condução dos povos e das comunidades segundo o Vosso Espírito e
saibam discernir o bem do mal.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos
bendizemos!
Nós Vos damos graças pelo Vosso filho Jesus, que nos ensinou os caminhos
do Reino. Que saibamos valorizar tão grande tesouro encontrado. Fazei que o
Vosso Espírito nos transforme e que sejamos Vossa imagem de bondade, sabedoria
e amor.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos
bendizemos!
Nós Vos bendizemos pelo vosso Reino que estabelecestes em nosso coração
como um tesouro escondido e como uma pérola rara que nos dá força para que
vençamos as tentações do egoísmo, da vaidade e do orgulho. Fazei-nos mais
humildes, servidores e amantes da riqueza do vosso amor.
T: Senhor, nós vos louvamos e vos
bendizemos!
Pai
nosso... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...
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