HOMILIA DO PE. PEDRINHO sexta feira santa
Meus irmãos e irmãs, ontem já iniciamos as leituras que nos
ajudam a aprofundarmos plenamente na paixão e morte de Jesus Cristo. Ontem falávamos
das trevas, um momento e um confronto entre Jesus, que é todo bem, que é toda
luz do mundo, contra as Trevas, que simboliza todo mal, todo pecado do mundo. Eu
chamava a atenção para que nesse confronto Jesus pudesse tomar a sua decisão
maior; ou ser livre, ou fazer a vontade do Pai, a obediência. Ele então,
sabendo que seria o único que poderia libertar o mundo do pecado e da morte. Entre
a liberdade e a obediência, ele prefere a obediência ao Pai até o fim. Hoje, a
liturgia amplia a nossa visão a partir da narrativa da paixão. Sabemos muito
bem que Jesus se reconhece como o “Servo sofredor”, a primeira Leitura. Agora,
ele então, decide beber o cálice que o Pai lhe ofereceu. Ele sabe que deverá
enfrentar o momento da solidão. É uma solidão pensada. Não é uma solidão consequência
das atitudes de Jesus. É uma solidão daquele que quer assumir para si, primeira
pessoa, a responsabilidade de tudo que vai acontecer e quer poupar os outros.
Jesus é muito interessante nesse aspecto. Ele assume a cruz por livre e
espontânea vontade, querendo ser obediente ao Pai, mas não quer que esta sua
atitude não respingue nos seus discípulos. É a partir dele, que cada um vai
decidir o que fazer da sua vida. Jesus aceita ser preso, julgado e condenado,
mas que ao outros todos sejam poupados. A atitude de Jesus não pode causar,
como consequência, a perseguição dos seus discípulos. E por que isto? Porque é
cada um que se vai colocar para servir a Deus. É cada um que vai assumir a cruz
diante de seus atos, se julgar que isto é o melhor para ser obediente ao Pai. Nenhum
mártir foi mártir chamando os outros juntos, para que na sua atitude singular,
pudessem entregar a sua vida pelos outros. É muito interessante observar isto. Jesus
disse: A quem procurais? - A Jesus de
Nazaré. – Jesus disse: Sou Eu. Se é a mim que procurais, deixe que os demais
vão se embora. Este é um gesto de consolo, é um gesto onde percebemos que Jesus
enfrentará a cruz solitário, porque ama, porque ama os seus.
Segundo momento interessante: Aos pés da cruz está Nossa
Senhora. É evidente, que ela é mãe como todas as mães, mas temos uma atitude de
Nossa Senhora; Jesus estabelece um diálogo com Nossa Senhora. Um diálogo de
filho, mas também um diálogo de Deus. Jesus diz: Mulher, este teu filho, porque
a atitude dele vai deixar Maria solitária e Ele não quer que ninguém saia
lesado com seu gesto. Então, Ele vai substituir a sua presença, pela presença
de um outro, que agora vai se tornar filho de Maria; é um João. Ao mesmo tempo,
Ele indica para João quem vai ensiná-lo; “filho, esta é a tua Mãe”. Assim como
Jesus foi educado por Nossa Senhora, a assumir para si a responsabilidade de
seus atos, João precisa aprender também. Por que eu estou dizendo isto? Porque o
próprio Evangelho diz que o discípulo que seguia com Pedro todo o julgamento, João,
como Pedro, era conhecido do Sumo Sacerdote e ele não move uma palha para
ajudar Jesus em nada. Então, ele precisa reaprender o que é ser solidário. Isto
ele vai aprender com Maria, com Nossa Senhora. Então, ao mesmo tempo que Jesus
providencia alguém que possa fazer companhia a Nossa Senhora, Ele indica, ao
mesmo tempo, que com Maria nós podemos aprender a realizar a vontade de Deus. Assim
então, Ele está tranquilo. Ele e Deus. Ainda hoje eu ouvia um comentário na
televisão, onde as pessoas não compreendem porque Jesus diz “Meu Deus, Meu
Deus, porque me abandonastes”. Seria tão bom se pudéssemos compreender de uma
vez por todas, que não é um grito de desespero, mas é um grito do vitorioso. É só
ler o salmo inteiro. Por que me abandonastes, mas só tu não me abandonas. Eu vejo
que todos me rodeiam como lobos ao redor da presa, como touros brabos, eles
esperam para que possam me atingir, mas tu és o meu escudo, és o meu amparo.
Jesus não clama de desespero, mas Jesus estabelece um
diálogo com aquele que lhe faz companhia. Jesus sabe muito bem, que conseguiu
realizar a sua missão, porque venceu o mal. Ele diz: “Tudo está consumado”. Entrega
o seu espírito. Não lhe tira o seu espírito. Ele é que entrega, porque a sua
entrega é total. A entrega de seu corpo e de seu sangue para a humanidade, a
entrega do espírito para o Pai, do qual Ele veio. Portanto, Ele terminado a sua
missão, agora ocupa a direita ao lado do Pai.
Terceiro ponto e aí concluo, senão fica muito longo: nós
temos um momento, onde aparentemente, na pessoa de Jesus, Deus se cala. No momento
em que Ele entrega o seu espírito, não profere nenhuma palavra. Na realidade,
não é bem Deus que se cala; aqui vale um pensamento, conforme disse o Bispo Dom
Claudio; “Dentro da mata você só ouve os animais, quando você fizer silêncio”. Enquanto houver ruído, os animais ficam todos
quietos, com medo de serem apanhados. No momento que você fizer silêncio, o
passarinho começa a cantar, outro animal começa a se movimentar e você começa a
ouvir a mata. Ora, vale este exemplo; não é Deus que se cala, mas é o ser
humano que querendo não ficar quieto, não consegue ouvir Deus. Ora, diante da
cruz sou chamado a ser como Maria; contemplar a cruz e ela vai me falar sobre
tudo. Ela vai me falar sobre o amor, ela vai me falar sobre as injustiças
cometidas contra os inocentes, ela vai
me falar sobre todas as formas de mortes e violências por causa do pecado. Mas é
preciso contemplar a cruz, mas nem sempre estamos dispostos a contemplar a
cruz. Porque a cruz nos mete medo. É sinal que não confiamos totalmente em
Deus. Porque senão, o gesto de Jesus seria o nosso gesto. Ninguém precisa se
culpar por isto. Nós estamos num processo e numa caminhada. Porque, se ainda
tenho medo de enfrentar a cruz e o sofrimento, é sinal de que eu ainda não
conheço plenamente o Pai. E se eu não conheço a Deus plenamente, é sinal que
também pra mim está sendo indicado Antônio, Maria, Joana, José, Pedro; “Eis a
tua mãe”. E nossa Senhora certamente vai
nos ajudar como fazer a vontade de Deus até o fim, a exemplo de Jesus.
Continuemos nossa reflexão e meditação que não para na
morte. Nós sabemos muito bem que para quando encontrarmos Deus na ressurreição.
Portanto, continuaremos também amanhã a
nossa reflexão, celebrando a vitória de Jesus Cristo sobre o pecado e a morte.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.
PE. PEDRINHO.
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Mons. João
Scognamiglio Clá Dias, EP
Afirma
São Tomás que “o último na ação é o primeiro na intenção”. Pelos derradeiros
atos e disposições de alma de quem transpõe os umbrais da eternidade, chegamos
a compreender bem qual foi o rumo que norteou sua existência.
No
caso de Jesus, não só na morte de cruz, mas também, de forma especial, em suas
últimas palavras, vemos o sentido mais profundo de sua Encarnação. Nelas
encontramos uma rutilante síntese de sua vida: constante e elevada oração ao
Pai, apostolado através da pregação, conduta exemplar, milagres e perdão.
A
cruz foi o divino pedestal eleito por Jesus para proclamar suas últimas
súplicas e decretos. No alto do Calvário se esclareceram todos os seus gestos,
atitudes e pregações. Maria também compreendeu ali, com profundidade, sua
missão de mãe.
Jesus
é a Caridade. A perfeição dessa virtude, nós a encontramos nas “Sete Palavras”.
As três primeiras têm em vista os outros (inimigos, amigos e familiares); as
demais, a Si próprio.
1ª
Palavra: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34)
Pai — É o mais suave título de Deus. Nessa hora
extrema, Jesus bem poderia invocá-Lo chamando-O Deus. Percebe-se, entretanto,
claramente a intenção do Redentor: quis afastar, dos fautores daquele crime, a
divina severidade do Juiz Supremo, interpondo a misericórdia de sua
paternalidade. Chega-se a entrever a força de seu argumento: se o Filho, vítima
do crime, perdoa, por que não o fazeis também Vós?
É
a primeira “palavra” que os divinos lábios d’Ele pronunciam na cruz, e
nela já encontramos o perdão. Perdão pelos que Lhe infligiram diretamente seu
martírio. Perdão que abarca também todos os outros culpados: os pecadores.
Nesse momento, portanto, Jesus pediu ao Pai também por mim.
Embora não houvesse fundamento para
escusar o desvario e ingratidão do povo, a sanha dos algozes, a inveja e ódio
dos príncipes e dos sacerdotes, etc., tão infinita foi a Caridade de Jesus que
Ele argumenta com o Pai: “porque não sabem o que fazem”.
A
ausência absoluta de ressentimento faz descer do alto da cruz a luminosidade
harmoniosa e até afetuosa do amor ao próximo como a si mesmo. Ouvindo essa
súplica, chegamos a entender quanta isenção de ânimo havia em Jesus, na ocasião
em que expulsou os vendilhões do Templo: era, de fato, o puro zelo pela casa de
seu Pai.
2ª
Palavra: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43)
A cena não podia ser mais pungente.
Jesus se encontra entre dois ladrões. Um deles faz jus à afirmação da
Escritura: “Um abismo atrai outro abismo” (Sl
41, 8). Blasfema contra Jesus, dizendo: “Se és o Cristo, salva-te a ti
mesmo, e salva-nos a nós” (Lc 23, 39).
Enquanto esse ladrão ofende, o outro
louva Jesus e admoesta seu companheiro, dizendo: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para
nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez
mal algum” (Lc 23, 40-41).
São palavras inspiradas, nas quais
transparecem a santa correção fraterna, o reconhecimento da inocência de
Cristo, a confissão arrependida dos crimes cometidos. São virtudes que lhe
preparam a alma para uma ousada súplica: “Senhor, lembra-te de mim,
quando tiveres entrado no teu Reino!” (Lc 23, 42).
Ao referir-se a Jesus enquanto “Senhor”, o bom ladrão professa sua condição de
escravo e reconhece-O como Redentor. O “lembra-te de mim” é
afirmativo, não tem nenhum sentido condicional, pois sua confiança é plena e
inabalável. Compreende a superioridade da vida eterna sobre a terrena, por isso
não pede aquilo que, para o mau ladrão, constitui um delírio: o afastamento da
morte, a recuperação da saúde e da integridade.
O bom ladrão confessa publicamente a
Nosso Senhor Jesus Cristo, ao contrário até mesmo de São Pedro, que havia três
vezes negado o Senhor. Tal gesto lhe fez merecer de Jesus este prêmio: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso” (Lc
23, 43).
Jesus torna solene a primeira
canonização da história: “Em verdade…”
A promessa é categórica até quanto à
data: hoje. São Cipriano e Santo Agostinho chegam a
afirmar ter recebido o bom ladrão a palma do martírio, pelo fato de, por livre
e espontânea vontade, haver confessado publicamente a Nosso Senhor Jesus
Cristo.
3ª
Palavra: “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe,
Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto
dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois
disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’. E dessa hora em diante o discípulo a
levou para a sua casa” (Jo 19, 25-27).
Com
essas palavras, Jesus finaliza sua comunicação oficial com os homens antes da
morte (as quatro outras serão de sua intimidade com Deus). Quem as ouve são
Maria Madalena, representando a via da penitência; Maria, mulher de Cleófas, a
dos que vão progredindo na vida espiritual; Maria Santíssima e São João, a da
perfeição.
Consideremos um breve comentário de
Santo Ambrósio sobre este trecho: “São João escreveu o que os
outros calaram: [pouco depois de] conceder o reino dos céus ao bom ladrão,
Jesus, cravado na cruz, considerado vencedor da morte, chamou sua Mãe e
tributou a Ela a reverência de seu amor filial. E, se perdoar o ladrão é um ato
de piedade, muito mais é homenagear a Mãe com tanto carinho… Cristo, do alto da
cruz, fazia seu testamento, distribuindo entre sua Mãe e seu discípulo os
deveres de seu carinho” (in S. Tomás de
Aquino, Catena Aurea).
É
arrebatador constatar como Jesus, numa atitude de grandioso afeto e nobreza,
encerrou oficialmente seu relacionamento com a humanidade, na qual se encarnara
para redimi-la. Do auge da dor, expressou o carinho de um Deus por sua Mãe
Santíssima, e concedeu o prêmio para o discípulo que abandonara seus próprios
pais para segui-Lo: o cêntuplo nesta terra (Mt 19, 29).
É perfeita e exemplar a presteza com
que São João assume a herança deixada pelo Divino Mestre: “E dessa hora em diante, o discípulo a levou para a sua casa” (Jo
19, 27). São João desce do Calvário protegendo, mas sobretudo protegido pela
Rainha do céu e da terra. É o prêmio de quem procura adorar Jesus no extremo de
seu martírio.
4ª
Palavra: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 45)
Jesus
clama em alta voz. Seu brado fende não somente os ares daquele instante, mas os
céus da história. Nossos ouvidos são duros, era indispensável falar com força.
Jesus não profere uma queixa, nem faz uma acusação. Deseja, por amor a nós,
fazer-nos entender a terrível atrocidade de seus tormentos. Assim mais
facilmente adquiriremos clara noção de quanto pesam nossos pecados e de quanto
devemos ser agradecidos pela Redenção.
Como
entender esse abandono? Não rompeu-se — e é impossível — a união natural e
eterna entre as pessoas do Pai e do Filho. Nem sequer separaram-se as naturezas
humana e divina. Jamais se interrompeu a união entre a graça e a vontade de
Jesus. Tampouco perdeu sua alma a visão beatífica.
Perdeu Jesus, isto sim, e
temporariamente, a união de proteção à qual Ele faz menção no Evangelho: “Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho” (Jo
8, 29). O Pai bem poderia protegê-Lo nessa hora (cfr. Mc 14, 36; Mt 26, 53; Lc
22, 43). O próprio Filho poderia proteger seu Corpo (Jo 10, 18; 18, 6), ou
conferir-lhe o dom de incorruptibilidade e de impassibilidade, uma vez que sua
alma estava na visão beatífica.
Mas assim determinou a Santíssima
Trindade: a debilidade da natureza humana em Jesus deveria prevalecer por um
certo período, a fim de que se cumprisse o que estava escrito. Por isso Jesus
não se dirige ao Pai como em geral procedia, mas usa da invocação “meu Deus”.
A ordem do universo criado é coesa
com a ordem moral. Ambas procedem de uma mesma e única causa. Se a primeira não
se levanta para se vingar daqueles que dilaceram os princípios morais por meio
de seus pecados, é porque Deus lhe retém o ímpeto natural. Se assim não fosse,
os céus, os mares e os ventos se ergueriam contra toda e qualquer ofensa feita
a Deus. Mas como frear a natureza diante do deicídio? Por isso, na hora daquele
crime supremo, “cobriu-se toda a terra de trevas”…
(Mt 27, 45).
5ª
Palavra: “Tenho sede.” (Jo 19, 28)
Assinala o evangelista que Jesus
dissera tais palavras por saber “que tudo estava consumado,
para se cumprir plenamente a Escritura”. Vendo um vaso cheio de
vinagre que havia por ali, os soldados embeberam uma esponja, “e fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca” (Jo
19, 28-29).
Cumpria-se assim o versículo 22 do
salmo 68: “Puseram fel no meu alimento; na minha sede
deram-me vinagre para beber”.
Qual
a razão mais profunda desse episódio? É um verdadeiro mistério.
Jesus
derramara boa quantidade de seu preciosíssimo Sangue durante a flagelação. As chagas,
em via de cicatrização, foram reabertas ao longo do caminho e ainda mais quando
Lhe arrancaram as roupas para crucificá-Lo. O pouco sangue que Lhe restava
escorria pelo sagrado lenho. Por isso, a sede tornou-se ardentíssima. Além
desse sentido físico, a sede de Jesus significava algo mais: o Divino Redentor
tinha sede da glória de Deus e da salvação das almas.
E
o que lhe oferecem? Um soldado lhe apresenta, na ponta de uma vara, uma esponja
empapada de vinagre. Era a bebida dos condenados.
Podemos
de alguma maneira aliviar pelo menos esse tormento de Jesus? Sim! Antes de
tudo, compadecendo-nos d’Ele com amor e verdadeira piedade, e apresentando-Lhe
um coração arrependido e humilhado.
Devemos
querer ter parte nessa sede de Cristo, almejando acima de tudo à nossa própria
santificação e salvação, com redobrado esforço, de modo a não pensar, desejar
ou praticar algo que a Ele não nos conduza. Para Ele será uma água fresca e
cristalina nossa fuga vigilante das ocasiões próximas de pecado.
Compadeçamo-nos também dos que vivem no pecado ou nele caem, e trabalhemos por
sua salvação. Em suma, apliquemo-nos com ânimo na tarefa de apressar o triunfo
do Imaculado Coração de Maria.
O Salvador clama a nós do alto da
cruz que defendamos, mais ainda que o bom ladrão, a honra de Deus, procurando
conduzir a opinião pública para a verdadeira Igreja. É nosso dever buscar
entusiasmadamente a glória de Cristo, “que nos amou e por nós se
entregou a Deus como oferenda e sacrifício de agradável odor.” (Ef
5, 2).
6ª
Palavra: “Tudo está consumado.” (Jo 19, 30)
A
Sagrada Paixão terminara e, com ela, a pregação. Todas as profecias haviam se
cumprido, conforme interpreta Santo Agostinho: a concepção virginal (Is 7, 14);
o nascimento em Belém (Mq 5, 1); a adoração dos Reis (Sl 71, 10); a pregação e
os milagres (Is 61, 1; 35, 5-6); a gloriosa entrada em Jerusalém no dia de
Ramos (Zc 9,9) e toda a Paixão (Isaías e Jeremias).
Na Cruz foi vencida a guerra contra o
demônio: “Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe
deste mundo” (Jo 12, 31). No paraíso terrestre, o demônio
adquirira de modo fraudulento a posse deste mundo, com o pecado de nossos
primeiros pais. Jesus a recuperou como legítimo herdeiro.
Consumado
também estava o edifício da Igreja. Este iniciou-se com o batismo no Jordão,
onde foi ouvida a voz do Pai indicando seu Filho muito amado, e se concluiu na
cruz, na qual Jesus comprou todas as graças que serão distribuídas até o fim do
mundo através dos sacramentos.
Para
que o preciosíssimo Sangue do Salvador ponha fim ao império do demônio em
nossas almas, é preciso que crucifiquemos nossa carne com seus caprichos e
delírios, combatendo também o respeito humano e a soberba. Jesus nos abriu um
caminho que, aliás, todos os santos trilharam.
7ª
Palavra: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lc 23, 46)
Estabeleceu-se
na Igreja, desde os primórdios, o costume de encomendar as almas dos fiéis
defuntos, a fim de que a luz perpétua os ilumine.
Jesus, porém, não tinha necessidade
de encomendar sua alma ao Pai, pois ela havia sido criada no pleno gozo da
visão beatífica. Desde o primeiro instante de sua existência, encontrava-se
unida à natureza divina na pessoa do Verbo. Portanto, ao abandonar o corpo
sagrado, sairia vitoriosa e triunfante. “Meu espírito”, e
não alma, provavelmente aqui significaria a vida corporal de Jesus.
Mas
Jesus aguardava sua ressurreição para logo. Ao entregar ao Pai a vida que d’Ele
recebera, sabia que ela Lhe seria restituída no tempo devido.
Com
reverência tomou o Pai Eterno em suas mãos a vida de seu Filho unigênito, e com
infinito comprazimento a devolveu, no ato da ressurreição, a um corpo imortal,
impassível e glorioso. Abriu-se, assim, o caminho para a nossa ressurreição,
ficando-nos a lição de que ela não pode ser atingida senão pelo calvário e pela
cruz.
AVE CRUX, SPES UNICA.
Publicado em Bíblia, Catecismo, Liturgia, Mons. João S. Clá Dias
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