quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Maria Mãe de Deus, Homilias, subsídios homiléticos

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS 2016

Dia da Paz

Tema: Um olhar para Maria.

Na primeira leitura, sublinha-se a presença de Deus na nossa caminhada.
Evangelho: a chegada do projeto libertador de Deus provoca alegria e felicidade. Maria é o modelo do crente que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.
Na segunda leitura:, Deus nos envia seu filho e através dele nos torna também seus filhos.

PRIMEIRA LEITURA (Nm 6,22-27) Leitura do Livro dos Números.
O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: O Senhor te abençoe e te guarde! ‘O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”.

AMBIENTE - O nosso texto situa-nos no Sinai, frente à montanha onde se celebrou a aliança entre Deus e o seu Povo… No contexto das últimas instruções de Jahwéh a Moisés, antes de Israel levantar o acampamento e iniciar a caminhada em direção à Terra Prometida, é apresentada uma fórmula de bênção, que os “filhos de Aarão” (sacerdotes) deviam pronunciar sobre a comunidade.
Provavelmente, trata-se de uma fórmula litúrgica utilizada no Templo de Jerusalém para abençoar a comunidade, no final das celebrações litúrgicas, antes de o Povo regressar a suas casas… Essa bênção é aqui apresentada como um dom de Deus, no Sinai.
A “bênção” (“beraka”) é concebida, no universo dos povos semitas, como uma comunicação de vida, real e eficaz, que atinge o “abençoado” e que lhe transmite vigor, força, êxito, felicidade. É um dom que, uma vez pronunciado, não pode ser retirado nem anulado. Aqui, essa comunicação de vida – fruto da generosidade e do amor de Deus – derrama-se sobre os membros da comunidade por intermédio dos sacerdotes (no Antigo Testamento, os intermediários entre o mundo de Jahwéh e a comunidade israelita).

MENSAGEM - Esta “bênção” apresenta-se numa tríplice fórmula, sempre em crescendo (no texto hebraico, a primeira afirmação tem três palavras; a segunda, cinco; a terceira, sete). Em cada uma das fórmulas, é pronunciado o nome de Jahwéh… Ora, pronunciar três vezes o nome do Deus da aliança é dar uma nova atualidade à aliança, às suas promessas e às suas exigências; é lembrar aos israelitas que é do Deus da aliança que recebem a vida nas suas múltiplas manifestações e que tudo é um dom de Deus.
A cada uma das invocações, correspondem dois pedidos de bênção: “que Jahwéh te abençoe (isto é, que te comunique a sua vida) e te proteja”; “que Jahwéh faça brilhar sobre ti a sua face (hebraísmo que se pode traduzir como ‘que te mostre um rosto sorridente e favorável’) e te conceda a sua graça”; que Jahwéh dirija para ti o seu olhar (hebraísmo que significa ‘olhar para ti com benevolência’, ‘acolher-te’) e te conceda a paz” (em hebraico: ‘shalom’ – no sentido de bem-estar, harmonia, felicidade plena).
Este texto lembra ao israelita que tudo é um dom do amor de Jahwéh e que o Deus da aliança está ao lado do seu Povo em cada dia do ano, oferecendo-lhe a vida plena e a felicidade em abundância.

ATUALIZAÇÃO
• Em primeiro lugar, somos convidados a tomar consciência da generosidade do nosso Deus, que nunca nos abandona, mas que continua a sua tarefa criadora derramando sobre nós, continuamente, a vida em plenitude.

• É de Deus que tudo recebemos: vida, saúde, força, amor e aquelas mil e uma pequeninas coisas que enchem a nossa vida e que nos dão instantes plenos. Tendo consciência dessa presença contínua de Deus ao nosso lado, do seu amor e do seu cuidado, somos gratos por isso? No nosso diálogo com Ele, sentimos a necessidade de O louvar e de Lhe agradecer por tudo o que Ele nos oferece? Agradecemos todos os dons que Ele derramou sobre nós no ano que acaba de terminar?
• É preciso ter consciência de que a “bênção” de Deus não cai do céu como uma chuva mágica que nos molha, quer queiramos, quer não (magia e Deus não combinam); mas a vida de Deus, derramada sobre nós continuamente, tem de ser acolhida com amor e gratidão e, depois, transformada em gestos concretos de amor e de paz. É preciso que o nosso coração diga “sim”, para que a vida de Deus nos atinja e nos transforme.

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 66 (67)
Que Deus nos dê a sua graça e a sua benção.
• Que Deus nos dê a sua graça e a sua benção, /
e sua face resplandeça sobre nós! /
Que na terra se conheça o seu caminho / e a sua salvação por entre os povos.
• Exulte de alegria a terra inteira, /
pois julgais o universo com justiça; /
os povos governais com retidão /
e guiais, em toda a terra, as nações.
• Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, /
que todas as nações vos glorifiquem! /
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, /
e o respeitem os confins de toda a terra

EVANGELHO (Lc 2,16-21) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.

AMBIENTE - O texto do Evangelho de hoje é a continuação daquele que foi lido na noite de Natal: após o anúncio do “anjo do Senhor”, os pastores (destinatários desse anúncio) dirigiram-se a Belém e encontraram o menino, deitado numa manjedoura de uma gruta de animais. Mais uma vez, Lucas não está interessado em fazer a reportagem do nascimento de Jesus, ou a crónica social das “visitas” que, então, o menino de Belém recebeu; mas está, sobretudo, interessado em apresentar uma catequese que dê a entender quem é esse menino e qual a missão de que ele foi investido por Deus. Nesta catequese fica bem claro que Jesus é o Messias libertador, enviado a trazer a paz; e há também uma reflexão sobre a resposta que Deus espera do homem.

MENSAGEM - Em Jesus, a proposta libertadora que Deus tinha para nos oferecer veio ao nosso encontro e materializou-se no meio dos homens; o próprio nome (“Jesus” significa “Jahwéh salva”) que foi dado ao menino por indicação do anjo que anunciou o seu nascimento aponta nesse sentido. Por outro lado, o fato dessa “boa notícia” ser dada, em primeiro lugar, aos pastores (classe marginalizada, considerada impura, pecadora e muito longe de Deus e da salvação) significa que a proposta de Jesus se destina, de forma especial, aos pobres e marginalizados, àqueles que a teologia oficial excluía e condenava. Diz-lhes que Deus os ama, que conta com eles e que os convoca para fazer parte da sua família.
Definida a questão essencial, atentemos nas atitudes dos intervenientes e na forma como eles respondem à chegada de Jesus…
Em primeiro lugar, repare-se como os pastores, depois de escutarem a “boa nova” do nascimento do libertador, se dirigem “apressadamente” ao encontro do menino. A palavra “apressadamente” sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados esperam a ação libertadora de Deus em seu favor. Aqueles que vivem numa situação intolerável de sofrimento e de opressão reconhecem Jesus como o único salvador e apressam-se a ir ao seu encontro. É d’Ele e de mais ninguém que brota a libertação por que os oprimidos anseiam. A disponibilidade de coração para acolher a sua proposta é a primeira coisa que Deus pede.
Em segundo lugar, repare-se como os pastores reagem ao encontro com Jesus… Começam por glorificar e louvar a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se converte em ação de graças ao Deus libertador. Depois, esse louvor torna-se testemunho: quem faz a experiência do encontro com Deus libertador tem obrigatoriamente de dar testemunho, a fim de que os outros homens possam participar da mesma experiência gratificante.
Finalmente, atentemos na atitude de Maria: ela “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. É a atitude de quem é capaz de abismar-se com as ações do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e ter a sabedoria da fé para saber lê-los à luz do plano de Deus. É precisamente isso que faziam os profetas.
A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude “missionária” dos pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus. Estas duas atitudes definem duas coordenadas essenciais daquilo que deve ser a existência do crente.

ATUALIZAÇÃO
• No Evangelho que nos é, hoje, proposto, fica claro o fio condutor da história da salvação: Deus ama-nos, quer a nossa plena felicidade e, por isso, tem um projeto de salvação para levar-nos a superar a nossa fragilidade e debilidade; e esse projeto foi-nos apresentado na pessoa, nas palavras e nos gestos de Jesus. Temos consciência de que a verdadeira libertação está na proposta que Deus nos apresentou em Jesus e não nas ideologias, ou no poder do dinheiro, ou na posição que ocupamos na escala social? Porque é que tantos dos nossos irmãos vivem afogados no desespero e na frustração? Porque é que tanta gente procura “salvar-se” em programas de televisão que lhes dê uns minutos de fama, ou num consumismo alienante? Não será porque não fomos capazes de lhes apresentar a proposta libertadora de Jesus?

• Diante da “boa nova” da libertação, reagimos – como os pastores – com o louvor e a ação de graças? Sabemos ser gratos ao nosso Deus pelo seu amor e pelo seu empenho em nos libertar da escravidão?

• Os pastores, após terem tomado contato com o projeto libertador de Deus, fizeram-se “testemunhas” desse projeto. Sentimos também o imperativo do testemunho? Temos consciência de que a experiência da libertação é para ser passada aos nossos irmãos que ainda a desconhecem?

• Maria “conservava todas estas palavras e meditava-as no seu coração”. Quer dizer: ela era capaz de perceber os sinais do Deus libertador no acontecer da vida. Temos, como ela, a sensibilidade de estar atentos à vida e de perceber a presença – discreta, mas significativa, atuante e transformadora – de Deus, nos acontecimentos mais ou menos banais do nosso dia a dia?

SEGUNDA LEITURA (Gl 4,4-7) Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas.
Irmãos, quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai! Assim, já não és escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus. 

AMBIENTE - Entre as comunidades cristãs do norte da Galácia manifestou-se, pelos anos 55/56, uma grave crise… À região gálata chegaram pregadores cristãos de origem judaica, que punham em causa a validade e a legitimidade do Evangelho anunciado por Paulo. Este era acusado de pregar um Evangelho mutilado, distante do Evangelho pregado pelos apóstolos de Jerusalém… Para estes pregadores (“judaizantes”), a fé em Cristo devia ser complementada pelo cumprimento rigoroso da Lei de Moisés, nomeadamente pelo rito da circuncisão.
Paulo foi avisado da situação quando estava em Éfeso. Não o preocupava que a sua pessoa fosse posta em causa; preocupava-o o dano que este tipo de discurso podia trazer às comunidades cristãs… Paulo estava convencido que o movimento religioso iniciado por Jesus de Nazaré, não era uma religião formalista e ritual, uma religião de práticas exteriores, como o judaísmo farisaico do seu tempo, que se preocupava com questões formais e secundárias; além disso, estava convencido de que a salvação não tinha a ver com conquistas humanas (como se a salvação fosse conseguida à custa dos atos heróicos do homem), mas era um dom de Deus.
Alarmado pela gravidade da situação, Paulo escreveu aos gálatas. Com alguma dureza (justificada pela gravidade do problema), Paulo diz aos gálatas que o cristianismo é liberdade e que a ação de Cristo libertou os homens da escravidão da Lei… Os gálatas devem, portanto, fazer a sua escolha: pela escravidão, ou pela liberdade; no entanto – não deixa de observar Paulo – é uma estupidez ter experimentado a liberdade e querer voltar à escravidão…
No texto que nos é proposto, Paulo recorda aos gálatas a incarnação de Cristo e o objetivo da sua vinda ao mundo: fazer dos que a Ele aderem “filhos de Deus” livres.

MENSAGEM - Paulo recorda aqui aos gálatas algo de fundamental: Cristo veio a este mundo para libertá-los, definitivamente, do jugo da Lei; a consequência da ação redentora de Cristo é que os homens deixaram de ser escravos e passaram a ser “filhos” que partilham a vida de Deus.
A palavra-chave é, aqui, a palavra “filho”, aplicada tanto a Cristo como aos cristãos. Cristo, o “Filho”, foi enviado ao mundo pelo Pai com uma missão concreta: libertar os homens de uma religião de ritos estéreis e inúteis, que não potenciava o encontro entre Deus e os homens; e Cristo, identificando os homens com Ele, levou-os a um novo tipo de relacionamento com Deus e fê-los “filhos” de Deus. Por ação de Cristo, os homens deixaram de ser escravos (que cumprem obrigatoriamente regras e leis) e passaram a relacionar-se com Deus como “filhos” livres e amados, herdeiros com Cristo da vida eterna. Depois desta “promoção”, fará algum sentido querer voltar a ser escravo da religião das leis e dos ritos?
A nova situação dos homens dá-lhes o direito de chamar a Deus “abbá” (“papá”). Paulo utiliza esta palavra aqui (bem como na Carta aos Romanos), apesar de os judeus nunca designarem Deus desta forma. Ela expressa uma relação muito próxima, muito íntima, do género daquela que uma criança tem com o seu pai: exprime a confiança absoluta, a entrega total, o amor sem limites. A insistência de Paulo nesta palavra deve ter a ver com o Jesus histórico: Jesus adoptou a para expressar a sua confiança filial em Deus e a sua entrega total à sua causa. Ora, é este tipo de relação que os cristãos, identificados com Cristo, são convidados a estabelecer com Deus.
Gal 4,4 é o único lugar em que Paulo se refere à mãe de Jesus (“Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”); no entanto, Paulo não parece interessado, aqui, em falar de Nossa Senhora, mas em sublinhar a solidariedade de Cristo com o gênero humano.

ATUALIZAÇÃO
• A experiência cristã é fundamentalmente uma experiência de encontro com um Deus que é “abbá” – isto é, que é um “papá” muito próximo, com quem nos identificamos, a quem amamos, a quem nos entregamos e em quem confiamos plenamente. É esta proximidade libertadora e confiante que temos com o nosso Deus?
• A nossa experiência cristã leva-nos a sentirmo-nos “filhos” amados, ou ao cumprimento de regras e de obrigações? Na Igreja não se põe, às vezes, a ênfase em cumprir leis e ritos externos, esquecendo o essencial – a experiência de “filhos” livres e amados de Deus?
• A importante constatação de que somos “filhos” de Deus leva-nos a uma descoberta fundamental: estamos unidos a todos os outros homens – “filhos” de Deus como nós – por laços fraternos. É a mesma vida de Deus que circula em todos nós… O que é que esta constatação implica, em termos concretos? A que é que ela nos obriga? Faz algum sentido marginalizar alguém por causa da sua raça ou estatuto social? Aquilo que acontece aos outros – de bom e de mau – não nos diz respeito?

Fonte: Dehonianos
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Os pastores encontraram Maria e José,
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Hoje, primeiro dia do ano, além de ser o Dia Mundial da Paz, nós celebramos a solenidade da Santa Mãe de Deus; Maria. O Evangelho narra a visita dos pastores ao Menino Jesus.
“Os pastores encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura.”
Maria Santíssima é Mãe de Jesus. Jesus é Deus, portanto ela é Mãe de Deus. Não Mãe da divindade, evidentemente, mas Mãe de Jesus que é Deus. É um mistério muito grande. Cabe a nós ter a mesma atitude de Maria: Guardar todos esses fatos e meditar sobre eles em nosso coração. Meditar para descobrir o que eles nos ensinam, pois, como Maria e José, nós também queremos fazer a vontade de Deus.
Aí está o segredo da santidade: Ouvir ou ler a Palavra de Deus, meditar sobre ela e trazê-la para a nossa vida do dia-a-dia. A Palavra de Deus entra em nós pelos olhos ou pelos ouvidos, mas precisa ir para o nosso coração e depois sair pelas mãos, pés, palavras e atos, produzindo frutos e enchendo o mundo de alegria.
Em seguida, o Evangelho fala: “Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo...” Tudo em obediência a Deus. O casal cumpria direitinho seus deveres religiosos. Verdadeiro modelo para nós.
“Se alguém guarda a minha palavra, nunca verá a morte” (Jo 8,51). Quer dizer, viverá eternamente com Deus.
“O meu ensinamento não vem de mim mesmo, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer-lhe a vontade, saberá se meu ensinamento é de Deus ou se falo por mim mesmo” (Jo 7,16-17). Em outras palavras, Jesus está dizendo que quem faz a vontade de Deus, entende os seus ensinamentos; quem não faz, não entende.
Que a Santa Mãe de Deus Maria nos ajude a imitá-la, fazendo em tudo a vontade de Deus.
 
Certa vez, em um mosteiro, um noviço procurou o padre mestre e lhe disse: “Sr. Padre, estou preocupado. Minha memória é muito fraca. Eu não consigo guardar o que o senhor fala nas palestras e não guardo nem as leituras bíblicas que faço. Esqueço tudo. Esforço-me ao máximo para guardar as coisas, mas logo esqueço. Este é o meu grande problema”.
O mestre tinha em seu quarto dois cântaros vazios, que estavam no chão em um canto do quarto. Ele disse ao noviço: “Pegue um desses cântaros, vá ao riacho e lave-o. Depois de limpo, enxugue-o bem e traga aqui”.
O noviço fez tudo direitinho. Ao trazer, o mestre lhe disse: “Coloque o cântaro novamente ao lado do outro.” Ele o fez.
E o mestre perguntou: “Qual dos dois cântaros está mais limpo?” “É este que eu lavei”, respondeu o jovem. Então o padre explicou: “No entanto, meu caro, nós não estamos vendo a água que o lavou. Também aquele que lê ou ouve alguma coisa boa, o importante é estar com o coração aberto, porque assim, mesmo que não se recorde das palavras, o ensinamento vai para o coração e o transforma. O importante é que o seu coração esteja tão puro, tão limpo como este cântaro!”
A lição é clara, e vale para todos nós. Em relação aos mistérios de Deus, o importante é fazer como Maria: Guardá-los no coração, meditar sobre eles e colocá-los em prática.

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Maria, Mãe de Deus

Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas.
Celebra-se a Solenidade de Santa Maria, MÃE DE DEUS:  Somos convidados a contemplar a figura de Maria,  aquela mulher que, com o seu "sim" ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Celebra-se também o DIA MUNDIAL DA PAZ: em 1968, o Papa Paulo VI propôs que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo.
Celebra-se ainda o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama e que todo o dia nos oferece a sua bênção e a vida em plenitude.

As leituras nos propõem esses temas:

A 1ª Leitura, sublinha a presença contínua de Deus em nossa caminhada e recorda que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude. (Nm 6,22-27)

Era uma fórmula de Bênção usada no Templo de Jerusalém para abençoar a comunidade, no final das celebrações litúrgicas, antes de o Povo regressar a suas casas:
"O Senhor te abençoe e te guarde!
O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti!
O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a Paz".
* A Bênção de Deus sempre é uma garantia de sua presença e uma fonte de paz.
   Fortalecidos pela nova luz que provêm da fé, queremos iniciar o novo Ano.

A 2ª Leitura evoca outra vez o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus "filhos".
É nessa situação privilegiada de "filhos" livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe 'abbá" ("papai").
Cristo se "humaniza" para divinizar o homem. (Gl 4,4-7)

O Evangelho apresenta Maria, recebendo feliz a visita dos PASTORES... e meditando em seu coração tudo o que falavam do Messias. (Lc 2,16-21)

O texto não é uma reportagem do nascimento de Jesus;
Mais uma catequese sobre quem é esse menino e qual a sua missão: Jesus é o Messias libertador, enviado a trazer a paz.

- Quem são os Destinatários do anúncio?
Os Pastores, classe marginalizada, considerada impura, pecadora e muito longe de Deus e da Salvação.

* A proposta de Jesus se destina de modo especial àqueles que a teologia oficial excluía e condenava.
Deus os ama, conta com eles e os convoca para fazer parte da sua família..
- Como reagem? 
Depois de escutarem a "boa nova" do nascimento do libertador, dirigem-se "apressadamente" ao encontro do menino.
Sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados esperam a ação libertadora de Deus e apressam-se para ir ao seu encontro.
A disponibilidade de coração é a primeira coisa que Deus pede.
- Glorificam e louvam a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se converte em ação de graças.
Depois, vão correndo anunciar aos outros a sua grande alegria e todos os que os escutam também ficam admirados...

- A Atitude de Maria:
Ela "conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração".
É a atitude de quem é capaz de abismar-se com a ação do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens.
A Maternidade de Maria não termina em Belém, prolonga-se até a Cruz e a toda a Igreja.
- A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude "missionária" dos pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus.
Estas duas atitudes são essenciais na existência de quem crê.

+  Hoje também é o 48º DIA MUNDIAL DA PAZ  dedicado ao tema: "Não mais escravos, mas irmãos".
Durante as festas de Natal, ouvimos com frequência a palavra "Paz".
Maria é apresentada como aquela que gerou o "Principe da Paz".
A Igreja quer nos lembrar desde o primeiro dia do ano, que a paz anunciada pelos anjos em Belém, é possível...
O Papa, na Mensagem para o dia de hoje, aborda uma questão urgente: "A luta contra a escravidão no mundo contemporâneo."
A escravidão não é algo do passado, mas um flagelo social muito presente. "A escravidão tem muitos rostos abomináveis: o tráfico de seres humanos, o tráfico    de imigrantes e a prostituição, a escravidão no trabalho, a exploração do homem pelo homem... Os indivíduos e os grupos especulam sobre esta escravidão, beneficiando-se dos conflitos no mundo, do contexto de crise econômica e da corrupção"...
+  Mais um ano... que começa...
Desejo que o novo ano seja para todos vocês, cheio de Paz e Prosperidade,
com todas as bênçãos de Deus...
Aproveitemos essa celebração para agradecer a DEUS pelo dom da Vida, pela sua Graça, pela sua Força...
Peçamos Perdão pelas vezes que falhamos e façamos uma Prece, para que Deus nos acompanhe sempre nesse ano que estamos iniciando.

                                           Pe. Antônio Geraldo


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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, esta nossa festa de Natal leva oito dias. Hoje é o oitavo dia em que estamos celebrando o Natal do Senhor. Jesus é, de fato, a pedra fundamental, dentro deste mistério que envolve o amor de Deus para com a humanidade. Isto podemos ver de maneira muito clara e objetiva, a partir da primeira leitura: “O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: O Senhor te abençoe e te guarde! ‘O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face”. Como é possível brilhar a sua face sobre nós, se Ele não tem imagem? É evidente, que o Livro dos números já acena a possibilidade de Deus se revelar com um rosto, com uma face. Esta face de Deus, só podemos ver na manjedoura.
Lucas, com muita delicadeza declara que os pastores vão até a gruta e lá encontram o Menino, conforme os anjos tinham anunciado. É este o belíssimo mistério que estamos celebrando há oito dias: Deus, na sua solidariedade para com a humanidade, acaba se reduzindo numa manjedoura. Deus se revela gente, para valorizar as pessoas e ao mesmo tempo, dizendo uma palavra técnica, se inculturar; Ele assume a cultura do ser humano. Ele assume a realidade do comer, do beber, do dormir, ele assume toda situação que o ser humano traz consigo. Assume também as partes alegres e as dores, assume os desafios. Este nosso Deus não mede esforços para revelar-se próximo do ser humano. Como dizia o Papa Bento XVI: “Não é possível celebrar toda esta maravilha, se não abrirmos um momento de reflexão para contemplarmos Nossa Senhora”. De fato, o gesto dela foi tão normal, que se tornou fundamental. Qual é o gesto de Maria? Aceitar ser mãe. Este é um gesto normal, um gesto corriqueiro, porque todas as mulheres, em princípio, pode aceitar de ser mãe. Qual é a grandeza do gesto de Maria? É que ela abre mão de viver a vida própria, para viver em função do seu Filho. Isto se torna um ato de muita confiança, no caso de Maria. Ela, de fato, vai ter que enfrentar muitas barreiras, incompreensões e muitas dificuldades. É por conta disso, que concluímos estes oito dias de celebração do natal, dizendo a Nossa Senhora o nosso “muito obrigado”, porque ao dar à luz, ela possibilitou que Deus se fizesse presente em nosso meio. Este menino traz em seu rosto os sinais da paz. Este é um tema que nenhuma religião contesta sobre Jesus. Mesmo quem não crê em Jesus, aprova que Jesus é o Príncipe da paz. Ele soube nos ensinar o caminho para a paz. Por que vivemos pedindo a paz? A sociedade não gosta de dizer que Jesus é a pedra fundamental. Ora, como é possível paz sem Jesus? O dia em que a humanidade descobrir, será então o Reino de Deus. O problema é que se entende por paz aquilo que eu penso, a minha opinião. Haverá paz quando acontecer tudo o que eu quero. Quando você quer fazer alguma coisa que eu não quero, aí já é rebelião. Então, eu tenho que sufocar, para garantir a paz. Isto é um absurdo. Como já dizia o velho Simeão, Ele será um sinal de contradição. Se cada vez que se pedisse a paz eu dissesse: 3então, você quer Jesus? As pessoas parariam para pensar um pouco mais. Não é possível paz sem justiça. A justiça parte das necessidades das pessoas. Portanto, ninguém pode garantir a paz, a não ser Jesus Cristo. Porque Ele Deus feito homem, é a ponte entre o céu e a terra. Ele, enquanto Deus, compreende e sabe a necessidade de cada ser humano. Enquanto homem, Ele sabe que isto deve ser construído. Portanto, como ser humano, Ele nos ajuda a construir a paz. Aí vai ser toda a vida de Jesus. Enquanto Deus, indicar as necessidades para garantir esta paz, que é garantir a Justiça.
Que Maria nos ajude na missão de anunciar Jesus para que o irmão ou irmã possa conhecer a conhecer Deus através de nós, porque na medida em que Ele faça sua face brilhar sobre nós, nós nos tornamos sua imagem e semelhança.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
 

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Homilias de D. Henrique Soares
(Maria Mãe de Deus)

Hoje é a Oitava do Santo Natal, Primeiro do Ano. Nesta Eucaristia, é necessário que tenhamos em vista alguns aspectos importantes.

     Primeiro. No Oriente, era costume, no dia seguinte ao parto, cumprimentar uma mulher que houvesse dado à luz. Por isso, nossos irmãos orientais, desde o século IV, no dia seguinte ao Natal, celebram a Festa da Congratulação da Mãe de Deus – uma homenagem, um parabém Àquela que deu à luz o Salvador. No Ocidente, a congratulação da Virgem é hoje, oito dias após o santo Natal. A Igreja, com os pastores, vai ao encontro do Menino e o encontra com sua Mãe; e proclama que este Menino é o Deus verdadeiro. Ele não é somente a criancinha frágil; mas o Deus forte, feito pequeno por nós! Por isso, o povo de Deus saúda, hoje, a Virgem, com o título antiqüíssimo de Mãe de Deus, isto é, Mãe de Deus Filho! “Bendita sejais, Virgem Maria! Trouxestes no ventre quem fez o universo! Vós destes à luz a quem vos criou e permaneceis Virgem para sempre!” Este Menino, o Deus verdadeiro, fez-se realmente um de nós, nascido realmente de uma Virgem. Ele não é a mãe de Deus Pai - isto seria uma blasfêmia! Também não é mãe do Espírito Santo - isto seria loucura! Não se pode tampouco dizer que ela é mãe da natureza divina - isto seria heresia! O que a Igreja crê, professa, testemunha e ensina com todo acerto e toda piedade é que a sempre Virgem Maria é Mãe santíssima do Deus Filho feito homem! Tudo quanto o Filho é na sua humanidade, ele o recebeu de Maria! O Filho não somente nasceu através de Maria, mas de Maria!
     Mais ainda: os Orientais gostam de invocar Jesus exclamando: Deus nascido da Virgem, salvai-nos! Estejamos atentos! Não somente Deus concebido de Maria, a Virgem, mas também Deus nascido de modo inefável, miraculoso, misterioso, da Virgem: Deus nascido da Virgem! Admirada com um nascimento assim, tão divino, tão único, a Igreja exclama: “Como a sarça, que Moisés viu arder sem se consumir, assim intacta é a vossa admirável virgindade. Virgem Maria, Mãe de Deus, por nós intercedei”. Deste modo, a Solenidade de hoje nos recorda não somente que a Virgem é verdadeiramente Mãe de Deus, mas que ela é sempre virgem: antes, durante e depois do parto! O Cristo nosso Deus não somente foi concebido da Virgem Maria, mas o Credo diz que ele nasceu da Virgem Maria! Nasceu sem destruir a virgindade da Mãe! Para o nosso mundo atual, que supervaloriza o sexo e faz com que os jovens tenham até mesmo vergonha de admitir que são virgens, proclamar a virgindade perpétua de Maria, recorda-nos que a castidade é uma preciosa e cara virtude cristã e a virgindade deve ser vista por nós como um valor e um ideal a ser buscado! Em Maria, a Virgem, o permanecer na virgindade exprime que ela sempre foi toda de Deus, absolutamente de Deus, em corpo e alma, em todo o seu ser, de modo constante e absoluto!
             Não é por acaso que, segundo o Evangelho de São Mateus, os magos encontraram o Menino com Maria, sua Mãe (cf. 2,11). É assim que Aquele que nos nasceu é sempre encontrado, pois o Deus que de nada necessita, contou com o “sim” da Virgem e dela, como de uma terra nova e virgem, gerou segundo a natureza humana o seu Filho para nossa salvação. É este mistério que a Igreja hoje celebra: este Menino é o Deus verdadeiro e sua Mãe faz parte do plano da salvação, pois “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma Mulher... a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei”. Na nossa salvação, esteve, está e estará sempre presente a Mulher, a Virgem Maria. Alegremo-nos, portanto, com a Virgem Maria e, com toda Igreja, digamos: “Virgem Santa e Imaculada, eu não sei com que louvores poderei engrandecer-vos! Pois Aquele a quem os céus não puderam abranger, repousou em vosso seio. Sois bendita entre as mulheres e bendito é o fruto que nasceu do vosso ventre!” 
            Há um segundo aspecto deste hoje. O Primeiro do ano e dia da confraternização universal, início do ano civil. A pedido do Papa Paulo VI, a ONU transformou esta data em dia festivo para todas as nações. É dia da paz, dia da confraternização entre os povos, nações, culturas... Ora, nós cristãos sabemos que a paz não é uma idéia, um sonho, um desejo; a paz é uma pessoa. São Leão Magno dizia, no século V: “O Natal do Senhor é o Natal da Paz. Cristo é a nossa paz!” Não foi a respeito dele que o profeta afirmou: “Ele será chamado Admirável, Deus, Príncipe da Paz, Pai do mundo novo”? (Is 9,2-6) Não foi ele mesmo quem disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos sou; não vo-la dou como o mundo a dá?” (Jo 14,27). Que tenhamos cada vez mais sólida esta convicção: a paz que almejamos, a paz tão sonhada, a paz para o mundo e para a nossa vida, somente no Cristo poderá ser encontrada de modo definitivo e pleno! Nele, nem as tristezas, nem as desilusões, nem as angústias, nem as provações, poderão nos fazer perder a paz! Cristo, nossa Paz! 
            Finalmente, hoje, também, é dia da circuncisão do Menino. Como descendente de Abraão, ele foi circuncidado, passando a fazer parte do Povo da antiga Aliança, e recebeu o nome de Jesus, isto é, Deus salva! Que nome belo, que nome eloqüente, que nome bendito a nos encher de certa esperança para os dias de 2004 que chegou! Jesus, nome acima de todo nome, único nome no qual podemos encontrar salvação no céu e na terra. Jesus, doce lembrança do nosso coração, doce alívio nas dores, forte certeza nos momentos difíceis. Jesus, amigo certo de todas as horas, única certeza e apoio de nossa existência! Por isso mesmo, a primeira leitura da Missa de hoje, faz-nos ouvir a bênção de Aarão, que, por três vezes, invoca o nome do Senhor sobre o povo! Para os cristãos, o Senhor é Jesus, e não há outro! Pois é neste nome bendito que todos e cada um queremos iniciar o novo ano civil: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu olhar e te dê a paz!” Que o Cristo Jesus, Príncipe da Paz, esteja  conosco no novo ano e sempre. Amém.
                                                             +++++

                                           Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus - II
Lc 2,16-21
                Hoje é a Oitava do Santo Natal. É um antiquíssimo costume da Igreja de Roma, voltar seu coração e sua mente, neste dia, para Aquela de quem nasceu o Salvador do mundo. O Evangelho de São Mateus afirma que os magos, ao entrarem onde estava a Sagrada Família, “viram o Menino com Maria, sua Mãe e, prostrando-se, o homenagearam” (2,11). Trata-se da homenagem solene e ritual prestada aos reis orientais. E, no Oriente, a Mãe do rei, chamada gebirah, exercia um papel importantíssimo. Pois, eis aqui, na cena do Evangelho, o Rei dos judeus, o Rei-Messias, o Rei que é Deus, e sua Rainha-Mãe, sua gebirah, a Virgem Maria! Agradecida pelo seu “sim” ao plano de Deus, a Igreja chama-a, desde os primórdios da fé cristã, de “Mãe de Deus”, isto é, “Mãe de Deus Filho feito homem”! Com isto, nós confessamos que o Menino nascido da Virgem é Deus verdadeiro e perfeito, uma Pessoa divina com a natureza divina completa e uma verdadeira natureza humana. Ele, Filho do eterno Pai, fez-se realmente, como homem, filho de Maria Virgem, sem deixar de ser Deus! Na Virgem Santíssima, que trouxe em seu seio a segunda Pessoa da Trindade Santa, o divino e o humano se encontraram para sempre, os céus e a terra se abraçaram para nunca mais se deixarem!
                Ao recordar a Maternidade Divina de Nossa Senhora, a Igreja recorda também as condições maravilhosas dessa maternidade: ela aconteceu de modo virginal! Com efeito, a Mãe do Senhor concebeu virginalmente, virginalmente deu à luz e virgem permaneceu para sempre! A Virgem não somente concebeu, mas também virginalmente deu à luz um filho – eis a profecia de Isaías (cf. 7,14). A Igreja canta esse mistério com palavras admiráveis: “Na sarça que Moisés via arder sem se consumir, admiramos o sinal da vossa incomparável virgindade, ó Mãe de Deus!” e ainda, pensando na porta selada, pela qual somente o Senhor passaria, como profetizou Ezequiel (cf. 44,2), a Igreja exclama: “A porta eterna do Templo eternamente fechado feliz e pronta se abre somente ao Rei esperado!”. Aqui silencia a imaginação humana, pois que pertence ao segredo de Deus o modo como, Virgem, Nossa Senhora concebeu e ainda como, virginalmente, deu à luz! Uma coisa é certa: sua virgindade perpétua quer nos mostrar o quanto esse Menino todo vindo de Deus é um novo começo, um novo início para toda a criação e toda a humanidade! Além do mais, revela o quanto Maria Virgem foi integralmente de Deus, de corpo e alma. Num mundo que endeusa o sexo e exalta de modo abusivo a sensualidade, a Santíssima Virgem nos aponta outros valores e revela a beleza da virgindade e da castidade como expressão do ser humano vivendo livre, debaixo do senhorio de Cristo, no seu corpo, no seu afeto e na sua alma! Quanto mais alguém vive totalmente para o Senhor, mais fecundo se torna em sua vida e mais traz Jesus ao mundo, como testemunha do Reino dos céus. Por isso a saudação que a Igreja hoje dirige à Virgem Maria: “Salve, ó Santa Mãe de Deus, vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos!”
                Hoje também, oitavo dia do nascimento do Fruto do ventre da Virgem, a Igreja recorda a circuncisão do Menino. Ele, circuncidado, passou a fazer parte do Povo de Israel. Assim, cumpriu-se a promessa que Deus fizera a Abraão, nosso Pai. Da sua descendência o Senhor fizera surgir um Salvador para todas as nações: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu filho, nascido de uma Mulher, nascido sob a Lei!”. Circuncidado, o Menino recebeu o nome de Jesus, que significa “o Senhor salva”. Seu nome revela sua identidade, sua missão e a causa da nossa alegria! Ele é a salvação que Deus nos concede, ele é a nossa Paz, pois nos reconcilia com Deus e nos abre as portas dos céus. Por isso mesmo, os cristãos hoje, juntamente com toda a humanidade, celebram o Dia da Paz. Para nós, essa Paz tem um nome, tem um rosto, tem um sorriso. Podemos encontrar tudo isso naquele que veio de Maria, a Virgem! Somente abrindo-se para ele, o mundo encontrará a verdadeira paz!
                Confiemos, pois, os dias do novo Ano civil que está começando, a este Menino, o Príncipe da Paz. Que o seu nome repouse sobre nós, como uma bênção! Certamente, neste 2005 choraremos e sorriremos, venceremos e fracassaremos, cairemos e nos ergueremos... Não importa! Importa, sim, que estejamos com o Senhor, ele, que estará sempre conosco. Ele foi apelidado – não esqueçamos – de Emanuel, Deus-conosco! Que este ano seja, como se colocavam nos antigos documentos, “Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo!”
                Estamos iniciando o Ano Novo profundamente feridos e perplexos com a tragédia da Ásia. Escapa-nos o porquê de tanta dor, sofrimento e morte. Mas, teimamos em acreditar que há um Deus no céu, que, em Cristo, esse Deus fez-se presente como amor, como companhia, como ternura e consolo para toda a humanidade. Cremos que, neste Menino que nasceu e cresceu e chorou e sofreu e morreu, Deus faz-se, para sempre, solidário conosco. Queremos recordar cada morto e cada sobrevivente dessa tragédia; queremos recordar aqueles montes de cadáveres em decomposição, sem tempo para uma sepultura digna; queremos dizer que tudo isso é muito triste, é absurdamente incompreensível! Mas, queremos também colocar tudo isso nas mãos desse Menininho; também ele pobre, também ele perseguido, também ele sem abrigo, também ele sofredor até a morte de cruz, até o silêncio da sepultura, para dar sentido às nossas dores e vencer a nossa morte. Nesse Menino crucificado, a dor humana não se explica, mas encontra consolo; nesse Emanuel, nós sabemos que Deus está conosco, mesmo quando parece se calar ante uma tragédia como a que estamos assistindo!
                Coloquemos, pois, os dias de nossa vida nas mãos do Salvador. E, como penhor de que nossas preces serão ouvidas, supliquemos à Mãe de Deus toda Santa: “À vossa proteção recorremos, ó Santa Mãe de Deus! Protegei os pobres, ajudai os fracos, consolai os tristes, rogai pela Igreja, protegei o clero, ajudai-nos todos, sede nossa salvação! Santa Maria, sois a Mãe dos homens, sois a Mãe do Cristo que nos fez irmãos! Rogai pela Igreja, pela humanidade e fazei que, enfim, tenhamos paz e salvação!”
                                                                        +++++
                               Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus - III

           Caríssimos em Cristo, certamente o pensamento mais presente neste hoje é o do início do Ano da graça de 2006, que iniciamos. Precisamente por este motivo, a primeira leitura da Missa invocou a bênção e a paz sobre nós: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” Três vezes foi pronunciado o nome do Senhor! Começamos bem o ano de 2006! Mas, nunca esqueçamos quem é este Senhor: é o Menino que nos nasceu, o Filho que nos foi dado e que, precisamente, hoje, oito dias após o seu admirável nascimento, recebeu o nome de Jesus, que significa Deus salva! Eis: em Jesus, Deus nos salva com a verdadeira paz, paz que brota da comunhão com o Senhor! Que ele inunde com sua doce paz os dias do novo Ano, criança como o Menino de Belém!
           Mas, hoje, é também a Oitava do Santo Natal, dia no qual a Igreja volta-se para a Virgem que gerou em seu seio e deu à luz o verdadeiro Deus feito homem. Chegou a plenitude dos tempos e “Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”, aquela mesma que os pastores encontraram velando o “recém-nascido deitado na manjedoura”. Somos gratos à Virgem Santa e, contemplando o seu filhinho, reconhecemos nele o Deus perfeito e a proclamamos verdadeiramente Mãe de Deus: “Salve, ó Santa Mãe de Deus! Vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos!’ – assim canta a Igreja hoje, saudando a Toda Santa Virgem Maria. Nossos irmãos orientais, de rito bizantino, no Natal, cantam assim: “Ó Cristo, que podemos oferecer-vos como dom por vos terdes manifestado sobre a terra na nossa humanidade? Com efeito, cada uma das vossas criaturas exprime a sua ação de graças, e a vós traz: os Anjos, o seu cântico; o céu, uma estrela; os Magos, os seus dons; os Pastores, a admiração; a terra, uma gruta; o deserto, uma manjedoura; e nós, uma Virgem Mãe!” Eis, pois, caríssimos irmãos, nossa presente ao Salvador: a mais bela flor de nossa raça, o mais belo membro da Igreja, a Virgem Maria!
          Comprometamo-nos, então, a viver os dias do Novo Ano com as mesmas atitudes de Nossa Senhora! Primeiro, uma atitude de fé: ela escutou a Palavra, ela creu de todo o coração. Foi mulher totalmente aberta ao seu Senhor. Que neste 2006, saibamos, também nós, viver de fé; mesmo quando tudo parecer escuro, mesmo nos dias difíceis, mesmos nos momentos de pranto e nossa inteligência não conseguir compreender nem nossa vista conseguir enxergar os passos do Senhor. Em segundo lugar, uma atitude de disponibilidade à missão. Nossa Senhor não se furtou ao convite do Senhor, não se acomodou numa vida centrada nos seus próprios interesses: fez-se serva, fez-se disponível, fez-se ministra do plano salvífico do Senhor em nosso favor. Do mesmo modo, saibamos nós discernir o que o Senhor nos vai pedir e, sem medo, sem mesquinho fechamento, digamos-lhe “sim”, mesmo quando tal resposta for difícil e sofrida! Mas, tudo isso será impossível sem uma terceira atitude que devemos aprender da Mãe de Deus: aquela de escuta silenciosa e contemplativa. O Evangelho nos dá conta que Maria “guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração!” Eis! A Virgem rezava, a Virgem pensava nos acontecimentos à luz de Deus, na presença silenciosa do Senhor, procurando entender o sentido profundo das coisas. Somente quem faz assim pode ver sempre Deus em todas as coisas e em todas as circunstâncias...
           Caríssimos, certamente, haveremos de sorrir e chorar nestes dias do novo ano. Que lágrimas e sorrisos, vitórias e derrotas, abraços e separações, sejam vividos na luz do Senhor, do Menino que brilhou como luz nas nossas trevas e que, nele, encontremos sempre a paz. Para tanto, valha-nos, cada dia deste 2006, as preces da Toda Santa Mãe de Deus! Amém.

D. Henrique Soares

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Para a Celebração da Palavra (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):


LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM JESUS PRESENTE ENTRE NÓS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, que a Mãe de Vosso Filho interceda por nós.
- Senhor, nós vos louvamos, pois sois bondoso e fiel. Desde o começo do mundo vos revelastes como Deus de amor e por meio dos profetas alimentastes nossa esperança de nos enviar o Salvador. Senhor, obrigado por nos dar Maria como nossa mãe e nossa intercessora.
T: Pai, que a Mãe de Vosso Filho interceda por nós.
Senhor, nosso Deus e Pai, bendito seja o Vosso nome sobre em todo o universo. Grande é vosso amor nos enviando vosso Filho para nos guiar ao Vosso Reino. Pai, agradecemos pela nossa vida, pelo nosso batismo e pela esperança da vida eterna.
T: Pai, que a Mãe de Vosso Filho interceda por nós.
Pai, enviai o Espírito Santo sobre nós, para que nos transformemos e tenhamos coragem de levar vosso nome a todos os nossos irmãos que não vos conhecem ou que vos abandonaram. Que a Virgem Maria, nossa mãe, seja a nossa força na obediência aos vosso projetos e seja a nossa defensora em nossas dificuldades.
T: Pai, que a Mãe de Vosso Filho interceda por nós.
- PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...








sábado, 24 de dezembro de 2016

Celebração do dia de Natal, Homilias, Subsídios homiléticos

Celebração do Natal Dia 25/12/2016 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)

Sinopse:

TEMA: O amor de Deus, manifestado na incarnação de Jesus; Ele é a Palavra que se fez Pessoa no meio de nós, dando-nos dignidade de “filhos de Deus”;
Primeira leitura: anuncia a chegada do Deus libertador. O profeta convida a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.
Evangelho: apresenta a “Palavra” viva de Deus, tornada pessoa em Jesus e criando condições para que nasça o Homem Novo..
Segunda leitura: apresenta o plano de Deus que os homens devem escutar e acolher.

PRIMEIRA LEITURA (Is 52,7-10) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Como são belos... os pés de quem anuncia e prega a paz, de quem anuncia o bem, prega a salvação e diz a Sião: “Reina teu Deus!” Ouve-se a voz de teus vigias, eles levantam a voz, estão  exultantes de alegria, sabem que verão com os próprios olhos o Senhor voltar a Sião. Alegrai-vos e exultai ao mesmo tempo, ó ruínas de Jerusalém, o Senhor consolou seu povo e resgatou Jerusalém. O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão de ver a salvação que vem do nosso Deus.
AMBIENTE
Entre 586 e 539 a.C., o Povo no Exílio na Babilônia. Sem perspectivas de futuro, Judá não vê saída. No final do Exílio, as vitórias de Ciro, rei dos Persas, os exilados começam a ver uma pequena luz ao fundo do túnel; É aí que aparece o Deutero-Isaías (cf. Is 40-55); diz que a libertação está próxima e é obra de Jahwéh. É neste ambiente que podemos situar a primeira leitura de hoje.
MENSAGEM
Para revitalizar a esperança ele anuncia “a paz” (“shalom”: paz, bem-estar, harmonia, felicidade), proclama a “salvação” e promete o “reinado de Deus”. A questão é esta: Deus assume se como “rei” de Judá… Ele não reinará à maneira desses reis que conduziram o Povo por caminhos de egoísmo e de morte até à catástrofe final do Exílio; mas Jahwéh exercerá a realeza de forma a proporcionar a “salvação” ao seu Povo – inaugurando uma era de paz, de bem-estar, de felicidade sem fim. Com Deus, Jerusalém voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa, cheia de alegria e de festa.
ATUALIZAÇÃO
¨ A alegria pela libertação do cativeiro anuncia essa outra libertação, plena e total, que Deus vai oferecer ao seu Povo através de Jesus. É isso que celebramos hoje: o nascimento de Jesus significa que chegou a paz definitiva, que o “reinado de Deus” alcançou a nossa história.
¨ As sentinelas identificam a chegada do Deus libertador, convidam-nos a ler, os sinais de Deus no mundo e a anunciar a todos que Deus aí está, para reinar sobre nós e dar a salvação e a paz.

EVANGELHO (Jo 1,1-18) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. ...Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez.... Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá la. ...João... veio como testemunha... da luz... Ele não era a luz... A Palavra estava no mundo ...mas o mundo não quis conhecê-la. ...Mas, a todos que a receberam, deu-lhes capacidade de se tomarem filhos de Deus... E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, ...Dele, João dá testemunho...: “...O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”.... A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-la deu a conhecer.
AMBIENTE
O hino expressa a fé da comunidade joanina em Cristo, Palavra de Deus, eterna, divina, a sua influência no mundo e na história, possibilitando aos homens tornar-se “filhos de Deus”.
MENSAGEM
A expressão “no princípio”: lembra o relato da criação (Gn 1,1: em Jesus vai acontecer a intervenção de Deus para dar vida ao homem … Jesus fará nascer um homem novo; a “Palavra” (“Lógos”) é anterior ao céu e à terra. Esta “Palavra” não só estava junto de Deus, mas “era Deus”. Essa “Palavra” é geradora de vida para o homem, concretizando o projeto de Deus. Essa “Palavra” fez-se “carne” (pessoa). Essa “Palavra” “montou a sua tenda no meio de nós”. A função dessa “Palavra” está ligada ao binômio “vida/luz”, a luz que ilumina o caminho do homem para a vida plena. Jesus Cristo vai deparar-se com a oposição à “vida/luz” que Ele traz. Os dirigentes judeus que enfrentam Jesus e o condenam à morte são o rosto visível dessa Lei. Recusar a “vida/luz” significa preferir caminhar nas trevas (mentira, escravidão, opressão), independentemente de Deus; significa recusar chegar a ser homem pleno, livre, criação acabada e elevada à sua máxima potencialidade. Mas o acolhimento da “Palavra” implica a participação na vida de Deus. Acolher a “Palavra” significa tornar-se “filho de Deus”: Deus dá vida em plenitude ao homem. Isto é uma “nova criação”, um novo nascimento, que não provém da carne e do sangue, mas sim de Deus. A incarnação de Jesus significa, portanto, que Deus oferece à humanidade a vida em plenitude. Toda a obra de Jesus consistirá em capacitar o homem para a vida nova, para a vida  plena, a fim de que Ele possa realizar em si mesmo o projeto de Deus: a semelhança com o Pai.
ATUALIZAÇÃO
¨ A transformação da “Palavra” em “carne” é o amor sem limite manifestado por nossa salvação.  ¨ Acolher a “Palavra” é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena como  “filhos de Deus”.

SEGUNDA LEITURA (Hb 1,1-6) Leitura da Carta aos Hebreus.
Muitas vezes e de muitos modos falou Deus pelos profetas; nestes dias... nos falou por meio do Filho... e pelo qual também ele criou o universo. Este é o esplendor da glória do Pai, a expressão do seu ser. Ele sustenta o universo com o poder de sua palavra. Tendo feito a purificação dos pecados, ele sentou-se à direita da majestade divina, nas alturas. Ele foi colocado tanto acima dos anjos quanto o nome que ele herdou supera o nome deles. De fato, a qual dos anjos Deus disse alguma vez: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei?” Ou ainda: “Eu serei para ele um Pai e ele será para mim um filho?” Mas, quando faz entrar o Primogênito no mundo, Deus diz: “Todos os anjos devem adorá-lo!”
AMBIENTE
A Carta aos Hebreus é um escrito anônimo. O objetivo é estimular a vivência do compromisso cristão e levar os crentes a crescer na fé. Para isso, expõe o mistério de Cristo ( “o sacerdote” da Nova Aliança) e recorda a fé tradicional da Igreja.
MENSAGEM
Deus é o protagonista dessa história. Esse projeto manifestou-se, numa primeira fase, através dos porta-vozes de Deus – os profetas; eles transmitiram aos homens a proposta salvadora e libertadora de Deus. Veio, depois, uma segunda etapa da história da salvação: “nestes dias”, Deus manifestou-se através do próprio “Filho” – Jesus Cristo, o “menino de Belém”, a Palavra plena, definitiva, perfeita, através da qual Deus vem ao nosso encontro para nos “dizer” o caminho da salvação e da vida nova. O nosso texto reflete sobre a relação de Jesus com o Pai, com os homens e com os anjos (comunidade que dava importância excessiva ao culto dos “anjos”). Para o autor, Jesus, o “Filho”, identifica-Se plenamente com o Pai. Ele é o esplendor da glória do Pai, a imagem do ser do Pai, a reprodução exata e perfeita da substância do Pai: desta forma, o autor da carta afirma que Jesus procede do Pai e é igual ao Pai. N’Ele manifesta-se o Pai; quem olha para Ele, encontra o Pai. Definida a relação de Jesus com Deus, o autor reflete sobre a relação de Jesus com o mundo… O Filho está na origem do universo (e, portanto, também do homem); por isso, Ele tem um senhorio pleno sobre toda a criação. Essa soberania expressa-se, inclusive, na incarnação e redenção: Ele veio ao encontro do homem e purificou-o do pecado: dessa forma, Ele completou a obra começada pela Palavra criadora, no início. É como “o Senhor” – que possui soberania sobre os homens e sobre o mundo, que cria e que salva – que os homens o devem ver e acolher. A igualdade fundamental do “Filho” com o Pai o faz muito superior aos anjos: os anjos não são “filhos”; mas Jesus é “o Filho” e o próprio Deus proclamou essa relação de filiação plena, real, perfeita. Não são os anjos que salvam, mas sim “o Filho”. Ele deve ser escutado como o caminho mais seguro para a vida nova que o Pai propõe.
ATUALIZAÇÃO
¨ Celebrar o nascimento de Jesus é contemplar o amor de um Deus que enviou o próprio Filho para conduzir o homem ao encontro da vida definitiva, da salvação plena.
¨ Jesus Cristo é a Palavra viva de Deus, que revela aos homens o verdadeiro caminho para chegar à salvação. Celebrar o seu nascimento é acolher essa Palavra viva de Deus… “Escutar” essa Palavra é fazer dele a nossa referência, o critério que orienta as nossas atitudes e as nossas opções.
Vitória. Perdão. Vida. Tudo isso nos é dado porque “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, A vitória vem pela Cruz! Mas o despojamento da Cruz já se prefigura em Belém.
Mas, quem é este Menino? Quem é este Filho? Agora, com o sol já claro e alto, podemos enxergar melhor o Mistério: Ele não veio para julgar ninguém. Não nasceu para condenar. Por isso ele apareceu como criancinha e não como um rei; pode ser encontrado na manjedoura, não no trono.! São Jerônimo medita sobre este mistério: “O Cristo não encontra lugar no Santo dos Santos, onde o ouro, as pedras preciosas, a seda e a prata reluziam: não, ele não nasce entre o ouro e as riquezas, mas nasce num estábulo, na lama dos nossos pecados. Ele nasce num estábulo para reerguer os que jazem no meio do estrume: ‘Ele retira o pobre do estrume’. o paganismo merece prata e ouro. A fé cristã merece o estábulo de palha. salmista: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça. Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!”
 “Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação e diz a Sião: o teu Deus reina! O Senhor consolou o seu povo! O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão dever a salvação que vem do nosso Deus”. Sejamos mensageiros dessa paz, dessa boa nova, sejamos testemunhas do Menino, irradiemos a graça do Santo Natal! Amém.
Fonte: Dehonianos

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Deus feito Palavra

Prezados amigos, é Natal mais uma vez!...
Uma alegria contagiante domina o coração de todos nós.
Cristo nasceu, ele está entre nós.
Montou sua casa entre os homens.

A liturgia deste dia nos convida a contemplar o amor de Deus,
manifestado em Jesus, que se faz a "PALAVRA" (Verbo) de Deus,
e vem habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude
e nos elevar à dignidade de "filhos de Deus".

Na 1ª Leitura, ISAIAS anuncia a chegada do Deus libertador. (Is 52,7-10)

Para vitalizar a esperança dos exilados, o profeta imagina um quadro
em que um mensageiro chega à Jerusalém destruída com uma grande notícia:
Ele anuncia a "Paz", proclama a "Salvação" e promete o "Reinado de Deus".
Em seguida, as sentinelas vêem o próprio Javé de volta para Sião.
Seus gritos de alerta se transformam em gritos de alegria e festa.
O profeta convida até as ruínas da cidade deserta
a cantar em alegre coro, porque a libertação chegou.

* Alegria provocada em Jerusalém pela volta dos exilados,
é imagem da alegria de todos os homens
que hoje celebram o começo de um mundo novo.
E nós devemos ser as SENTINELAS atentas
que descobrem os sinais do Senhor e o anunciam a todos.

A 2ª Leitura apresenta, em resumo, o Plano salvador de Deus. (Hb 1,1-6)

Deus revelou-se aos homens de muitos modos...
Na plenitude dos tempos, enviou-nos o próprio Filho,
a sua imagem perfeita, a sua "Palavra", o seu "Verbo".
* Jesus é a revelação mais perfeita do Pai, que devemos escutar e acolher.

O Evangelho ressalta: "O Verbo que se fez carne e habitou entre nós".
A Encarnação do "Verbo" foi a maior das revelações de Deus.
Na face de Cristo brilha em plenitude a glória do Pai. (Jo 1,1-18)

É um hino cristológico, pelo qual a comunidade cristã
expressava a sua fé em Cristo enquanto Palavra viva de Deus,
a sua origem divina, a sua influência no mundo e na história,
possibilitando aos homens que o acolhem e escutam
tornarem-se  "filhos de Deus".

- "Verbo" significa Palavra: é o meio através do qual
comunicamos o que guardamos na mente e no coração.
- O "Verbo" veio como "Luz" no meio das trevas.
   Numa humanidade afundada no pecado, surgiu um homem novo.
   É o "Princípio" de uma nova Criação.
   * E nós devemos encarnar de tal modo em nós Cristo-Palavra do Pai,
      que nos tornemos sua Palavra para o mundo.

* A transformação da "Palavra" em "carne" (na criança de Belém)
   é a espantosa aventura de um Deus que ama até ao inimaginável e
   que, por amor, aceita revestir-se da nossa fragilidade,
   a fim de nos dar vida em plenitude.
   - Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração,
     esse incrível passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.

* Acolher a "Palavra" é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena,
   a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, "filhos de Deus".
   - O Presépio que hoje contemplamos é, apenas, um quadro bonito e terno,
     ou um convite a acolher a "Palavra", para nos tornar um homem novo?

NATAL...

É o Nascimento de Cristo... em Belém
que relembramos e revivemos hoje... Cristo nasceu... e está entre nós.
- Algo de NOVO, nasceu dentro de nós?

É um convite à Alegria:
"Eu vos anuncio uma grande alegria... porque nasceu um Salvador"...
- Qual é o motivo de nossa alegria?

É uma lição de Humildade e Pobreza:
Deus feito criança... numa gruta... num lugar perdido no tempo...
- Deus se fez pequeno... E nós?

É um apelo de Amor e Paz:
- DEUS "tendo amado os seus enviou-nos o seu próprio filho":     
   CRISTO: fruto do amor de Deus para com os homens...
- ANJOS: "Glória a Deus... e PAZ na terra..."
  Podemos nos incluir entre os de boa vontade que promovem a Paz?

+ Olhando para o PRESÉPIO, sentimos emoções forte e nobres.
   Uma criança sempre toca o nosso coração...
- Que dirá de um Deus feito criança?

Desejo-lhes um FELIZ NATAL, com muita alegria, muito amor, muita paz...
que é possível no humilde presépio de nossas casas,
que é possível na pobre manjedoura de nosso coração...


FELIZ NATAL A TODOS !...

                                                   Pe. Antônio Geraldo

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Homilia no dia do NATAL PE. PEDRINHO

Meus irmãos e irmãs, estamos a mais de cinquenta anos do Concílio Vaticano II. Tem um documento da Igreja é um documento dogmático, chamado Dei Verbum. Que traduzido é A PALAVRA DE DEUS. A Dei Verbum quis ajudar a Igreja e ajuda-nos até hoje, a compreendermos o que é a Revelação de Deus. A Palavra de João nos diz que a Deus ninguém jamais viu, exceto aquele que veio de junto de Deus. Portanto, Jesus viu o Pai. quando Felipe disse: mostra-nos o Pai e isto nos basta, Ele vai dizer: Felipe, quem me viu, quem me vê, vê o Pai. Portanto, se eu quero ver a Deus, sou chamado a ver Jesus. Jesus é a revelação plena do Pai. Diz o Evangelho de João: Ele veio para os que eram seus, mas os seus não acreditaram.  Diante de Jesus eu sou chamado a tomar posição; creio ou não creio. Ah, eu espero mais alguma coisa que possa me ajudar e me convencer, de que vale a pena crer em Jesus. Aí, este documento chamado Dei Verbum, vai começar com as palavras da segunda leitura de hoje. Diz: muitas vezes e de muitos modos falou Deus. Outrora, pelos nossos pais, os profetas. Nestes dias, que são os últimos, Ele nos falou por meio do Filho. Portanto, a carta aos hebreus nos ajuda a compreender que não se pode, não se deve, e ninguém vai perder tempo de esperar mais alguma novidade, porque a plenitude de tudo o que o Pai tinha para revelar, se deu em Jesus. E, agora estamos nos últimos dias. É muito interessante, que os mormos pegaram daí um título, que é próprio dos cristãos: “testemunha dos últimos dias”. Por que testemunhas dos últimos dias? Porque agora, só resta concluir o Reino de Deus. Para que a nossa compreensão se abra plenamente – falei errado – que a nossa inteligência se abra plenamente para compreendermos na totalidade quem é Jesus. Alguns vão dizer: é complicado isso. Por que Jesus já não se apresentou na glória Divina? E não como um recém-nascido numa manjedoura? Como entender Deus em uma manjedoura? – porque Deus jamais impôs a sua vontade. Se nós olhássemos para a manjedoura e víssemos Deus Pleno ali, seríamos obrigado a aceita-lo e nos tornaríamos escravos, porque, quando eu sou obrigado a alguma coisa, eu estou subjugado a esta coisa. Não! Quem quer crer em Jesus menino Deus, é convidado a fazer o mesmo percurso deste menino: é crescer na fé, é caminhar a partir de sua realidade histórica, é buscar servir os irmãos. Lá, é o Senhor de todas as coisas. É assumir a morte como ato de confiança naquele em que depositamos nossa esperança. É buscar a justiça, a paz, a solidariedade, o amor e todos os valores apresentados por Jesus. Quem quiser, poderá ver Nele Deus. Quem não quiser, Deus não vai perder nada com isto. É a pessoa que acabará perdendo a possibilidade de felicidade Plena. Porque a felicidade plena inclui nós superarmos a morte e termos vida eterna.
Então, aí, o profeta Isaías já havia dito, São João Batista compreendeu Jesus quando ser humano e nós somos chamados a compreender a mesma coisa. “Como são belos os pés do mensageiro”. Vale a pena apostar a sua vida nesse Menino, porque Ele não vai decepcionar ninguém.
A Carta aos hebreus, o próprio nome já diz, é uma carta que foi escrita para quem tinha fé. Mas, tinha fé num Deus distante. O que não está errado. Deus que está nas alturas, já refletimos isto, e não é possível atingi-lo. Um Deus que conseguia caminhar com seu povo através da lei. Um Deus que de muitos modos, através dos profetas, através da libertação do povo e de tantas maneiras, quis mostrar o seu amor pela humanidade. Ora, Deus, com sua paciência histórica, decide vir pessoalmente se comunicar com a humanidade. É a partir daí, que vamos perceber que agora não há mais necessidade da lei. Jeremias 31, 30... vai dizer: Eu vou escrever a minha lei no seu coração. Ninguém vai precisar estudar a lei, porque vai vive-la espontaneamente e Eu farei, com vocês, uma nova e eterna Aliança. Veja, então, que Jesus é a realização das promessas do Pai.
São João Evangelista, o que escreveu o Evangelho que acabamos de proclamar, ele procura, nestes dezoito versículos, resumir toda a grandeza do nascimento de Jesus, dizendo que Ele é eterno, dizendo que Ele, o Pai com o Espírito Santo, criaram todas as coisas e dizendo algo que nós precisamos compreender direitinho: a Palavra tem força. Quando nós dizemos isto, temos que tomar cuidado. Porque para muitas pessoas você diz: por este caminho você não vai... “tá amarrado”. Não. Não é assim. Não é que a palavra tem força e eu posso decidir o seu destino rogando uma praga ou não. Não é neste sentido. Mas, que a Palavra tem força para a Criação. A palavra é comunicação. A palavra é o que eu realizo. A Palavra é o Verbo. A palavra é toda a ação que eu faço para construir. Deus disse: “faça-se a luz”: Deus disse: “haja os arbustos”. Deus disse na sua Palavra que Ele cria. Então, a Palavra tem força quando eu mostro qual é a vontade de Deus. Ora, dizer que Jesus é a Palavra, estamos dizendo que Ele é a força, porque é Ele que nos ajuda a entender o quanto Deus é próximo do homem. Ele é o espelho no qual devo contemplar-me, para ver se estou próximo ou distante de Jesus. E, por fim, Ele é aquele que veio para habitar entre nós. Então, Celebrar o Natal é celebrar o ponto máximo que a humanidade pode chegar. Qual é o ponto máximo que a humanidade chegou? Deus se fazer homem. Deus poderia se fazer planta, fazer gato, Deus poderia se fazer passarinho. Ele decidiu ser humano, para dizer: você é a obra da minha criação mais importante. Ora, se Deus nos respeita assim, não é possível nós nos desrespeitarmos. Por isso, Jesus é aquele que trás a paz, a harmonia, é aquele, que de fato, se torna toda razão de ser do homem e da mulher.
Que Deus continue nos ajudando a compreender todo este grande mistério.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.


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Homilia II no dia do NATAL -  PE. PEDRINHO -

Como são belos os pés dos mensageiros que anunciam a paz. Esta é realmente a nossa missão, ainda que andemos pelos caminhos, pelas fábricas, nos lares, visitando aos enfermos, etc., este é um compromisso de todo cristão, anunciar a paz, para que todos se sintam amados. Por que isso? A segunda leitura nos fala que de muitos modos e de muitas maneiras nos falou o Senhor Deus a nossos pais. Nestes dias, que são os últimos, nos falou através do Filho. Nós, por graça de Deus, fomos chamados e acolhemos Deus na pessoa de Jesus e nos sentimos tão felizes por isso. Ele nos dá tanta esperança e presença na vida, que seria um egoísmo não anunciar aos outros.  É evidente que eu não preciso deixar tudo que faço para ir anunciar Jesus. Eu anuncio Jesus naquilo que eu faço. Este, talvez, seja um detalhe que muitos acabem não compreendendo. Eu não preciso deixar a minha vida para anunciar o evangelho, mas eu posso anunciar o Evangelho através de minha vida. Através de tudo o que eu faço, de tudo o que eu participo. É esta a grande maravilha. O Evangelho de hoje é um dos trechos mais belos que existe. Muitos o acham difícil de ser compreendido. Ele é chamado de prólogo de João. Ou seja, ele foi escrito como a conclusão de todo o Evangelho. Para quem não sabe bem, o prólogo nos dá uma introdução de tudo o que vai falar. É evidente que ele é escrito por último, porque ele pretende percorrer de maneira bem resumida aquilo que todo o Evangelho vai dizer. Temos aqui uma síntese de todo o Evangelho de São João.
É importante nós compreendermos algo. O Evangelho de Marcos foi o primeiro a ser escrito. Capitulo 1, versículo 1 diz: princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Pra são Marcos isto era o suficiente. Depois outros começaram a se perguntar; “quem era esse Jesus, Filho de Deus?” então, Mateus foi responder isso. Aí, Temos Mateus, capítulo um, versículo 1 a 17; “Jesus Cristo, Filho de Deus, Filho de Abraão. Abraão gerou Isac, Isac gerou Jacó, Jacó gerou José... e aí traz toda uma genealogia, pra dizer que Jesus pertence ao povo de Deus. Então os não eram judeus disserem; “e nós? Ele é exclusivo do povo judeu? Nós não temos participação?”
Então Lucas disse: Tem sim. No capítulo 3, versículo 23... conforme se supunha, Jesus tinha 30 anos quando  começa seu ministério. Então começa a sua genealogia. Ao contrário de Mateus, ele começa do fim para o começo; Jesus, filho de José, filho de Jacó... e vai do fim para o começo, até que diz filho de Adão, ou seja, se é filho de Adão, Jesus é filho de toda a humanidade, Filho de Deus. Voltaram no ponto inicial de Marcos. Para João isto não é suficiente. Jesus não é somente um Filho de Deus. Isto todos nós somos. É evidente que se eu olhar para ele na manjedoura só como Filho de Deus, eu vou reduzir, pois Ele é mais do que isso. E aí ele começa; Jesus é a Palavra de Deus. No princípio era a Palavra, a Palavra estava em Deus, até que ele diz que a Palavra era Deus.  Então é João que nos ajudou a compreender que Jesus é Deus feito homem. Então, ele olhando da terra para o céu, Jesus é um homem que atinge a Divindade. Olhando do céu para a terra, Deus é tão bom, que assume a humanidade. De tal maneira que daqui para cima e de cima para baixo, Deus é o mesmo homem e Deus. O único ser com duas naturezas. Esta é a beleza da nossa fé e já são dois mil anos que contemplamos este mistério, e cada vez ele é mais rico e mais completo.  Então, é João que nos ensina que Jesus é Deus. Ora, mas então eu posso acreditar e quem não consegue acreditar, deve pedir a ajuda de Deus. Quem de fato acredita, recebe uma grande graça.
Hoje é muito difícil crer na palavra, porque as pessoas não honram muito a palavra. Estou generalizando, evidentemente. No caso do Evangelho, esta é uma palavra que já foi colocada no cadinho, colocada a prova por dois mil anos e permanece firme. Alguns perguntaram; como é que Jesus pode ser Deus, se também Ele foi criado, se também Ele nasceu. Então a Igreja responde já lá pelos anos trezentos, que Jesus foi gerado e não criado. É o que nós vamos falar daqui a pouco. É o que nós vamos professar daqui a pouco; gerado, não criado, consubstancial ao Pai, da mesma natureza do Pai. Quando nós comtemplamos o Pai, vemos Jesus e quando comtemplamos Jesus, vemos o Pai.
Por isso, não é suficiente celebrar o natal, é necessário compreender o natal, porque quando celebro o natal, celebro a generosidade de Deus, onde Jesus se apresenta como um irmão nosso.

PE. PEDRINHO.


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Homilia de D. Henrique Soares
 “Um Menino nasceu para nós: um Filho nos foi dado! O poder repousa nos seus ombros. Ele será chamado ‘Mensageiro do Conselho de Deus’”. Estas palavras, lidas na leitura da Missa da Noite, dão bem o sentido da presente celebração. Nasceu para nós um Menino; foi-nos dado um Filho! Vamos encontrá-lo pobrezinho e frágil, deitado na manjedoura, alimentado por uma Virgem Mãe, guardado por um pobre carpinteiro. Mas, quem é este Menino? Quem é este Filho? Agora, com o sol já claro e alto, podemos enxergar melhor o Mistério: meditemos bem sobre o que celebramos na noite de ontem para hoje, no que professamos neste dia tão santo!
Este menininho, a Escritura nos diz que ele é a Palavra eterna do Pai: esta Palavra “no princípio estava com Deus… e a Palavra era Deus”. Esta Palavra, que dorme agora no presépio, depois de ter mamado, é aquela Palavra poderosa pela qual tudo que existe foi feito, “e sem ela nada se fez de tudo que foi feito”. Esta Palavra tão potente, feita tão frágil, esta Palavra que sempre existiu e que nasceu na madrugada de hoje, esta Palavra que é Deus, feita agora recém-nascido, é a própria Vida, e esta Vida é a nossa luz, é a luz de toda humanidade. Fora dela, só há treva confusa e densa! Sim, fora do Deus feito homem, do Emanuel, não há vida verdadeira! O Autor da Carta aos Hebreus, na segunda leitura, diz que, após ter falado aos nossos pais de tantos modos, Deus, agora, falou-nos pessoalmente no seu Filho, “a quem ele constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo”; somente a ele, o Pai disse: “tu és o meu Filho, eu hoje te gerei!” Por isso, somente eles nos dá o dom da vida do próprio Deus!
Eis o mistério da festa de hoje: nesta criancinha nascida para nós, Deus visitou o seu povo, Deus entrou na humanidade. Que mistério tão profundo: ele, sem deixar de ser Deus, tornou-se homem verdadeiramente. Deus se humanizou! Veio desposar a nossa condição humana, veio caminhar pelos nossos caminhos, veio experimentar a dor e a alegria de viver humanamente: amou com um coração humano, sonhou sonhos humanos, chorou lágrimas humanas, sentiu a angústia humana… Ele, Filho eterno do Pai, tornou-se filho dos homens para salvar toda a humanidade, “tornou-se de tal modo um de nós, que nós nos tornamos eternos!”
Ó criatura humana, por que temes com a vinda do Senhor? Ele não veio para julgar ninguém. Não nasceu para condenar. Por isso ele apareceu como criancinha e não como um rei potente; pode ser encontrado na manjedoura, não no trono. Seu chorinho é doce, não afugenta ninguém. Sua mãe enfeixou seus bracinhos frágeis: por que ainda temes? Ele não veio armado para punir. Ele está aí franzino para ficar junto de nós e nos libertar! Celebra, pois, a chegada do teu maior Amigo! Canta Aquele que foi sempre, no sono e na vigília, esperado e ansiado, o guarda de Israel, o consolo da humanidade, o alento do nosso coração. Ele chegou, finalmente! Chegou para nunca mais nos deixar, porque desposou para sempre a nossa pobre humanidade! São Jerônimo, com palavras cheias de ternura, medita sobre este mistério: “O Cristo não encontra lugar no Santo dos Santos, onde o ouro, as pedras preciosas, a seda e a prata reluziam: não, ele não nasce entre o ouro e as riquezas, mas nasce num estábulo, na lama dos nossos pecados. Ele nasce num estábulo para reerguer os que jazem no meio do estrume: ‘Ele retira o pobre do estrume’. Que todos os pobres encontrem nisso consolo! Não havia outro lugar para o nascimento do Senhor, a não ser um estábulo; um estábulo onde se achavam amarrados bois e burros! Ah! Se me fosse dado ver este estábulo onde Deus repousou! Na realidade, pensamos honrar o Cristo retirando o presépio de palha e substituindo-o por um de prata… Para mim tem mais valor justamente o que foi retirado: o paganismo merece prata e ouro. A fé cristã merece o estábulo de palha. Pois bem! Ouvimos a criança choramingar no estábulo: adoremo-la, todos nós, no dia de hoje. Ergamo-la em nossos braços, adoremos o Filho de Deus. Um Deus poderoso, que por longo tempo, bradou alto dos céus e não salvou ninguém: agora choramingou e salvou. A elevação jamais salva; o que salva é a humildade! O Filho de Deus estava no céu, e não era adorado; desce à terra e passa a ser adorado. Mantinha sob seu domínio o sol, a lua, os anjos, e não era adorado; nasce na terra, homem, homem completo, integralmente homem, a fim de curar a terra inteira. Tudo o que não assumisse de humano, também não salvaria…”
É este o mistério do Santo Natal! Tenhamos o cuidado de não parar nas aparências, de não ficarmos somente na meiga cena do Menino, com a Virgem e são José! Este Menino é o Emanuel, o Deus-conosco! Este Menino veio como sinal de contradição, pois diante dele ninguém pode ser indiferente: ou se o acolhe, ou se o rejeita: “A Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por meio dela, mas o mundo não quis conhece-la. Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. Mas, a todos os que a acolheram, deram a capacidade de se tornarem filhos de Deus…” Pois bem: acolhamo-la, a Palavra que se fez Menino, Filho que nos foi dado! Se o acolhermos de verdade, na pobreza do dia-a-dia, no esforço de uma vida santa, então poderemos cantar com o salmista: “Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça. Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!”
Vamos todos! Sejamos testemunhas da graça deste dia, da novidade desta festa. E cumpram-se em nós as palavras da Escritura na leitura da missa de hoje: “Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, de quem anuncia o bem e prega a salvação e diz a Sião: o teu Deus reina! O Senhor consolou o seu povo! O Senhor desnudou seu santo braço aos olhos de todas as nações; todos os confins da terra hão dever a salvação que vem do nosso Deus”. Sejamos mensageiros dessa paz, dessa boa nova, sejamos testemunhas do Menino, irradiemos a graça do Santo Natal! Amém.

Dom Henrique Soares da Costa

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Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A tão familiar narração lucana do nascimento de Jesus na cidade de Belém, proclamada na solene liturgia da noite de Natal, pode parecer-nos um belíssimo quadro bucólico (do grego boukolikos: pastoril, rústico; o bucolismo é um gênero literário poético em que os autores exaltam a vida no campo, a simplicidade e ingenuidade dos costumes, a tranquilidade e riqueza do contato com a natureza, e os hábitos peculiares dos pastores). Por conseguinte, o presépio não seria nada mais do que uma paisagem romântica e fonte de muitas inspirações líricas. Contudo, a deliberada e consciente introdução que o próprio evangelista faz antes de pintar a sua (talvez) cena bucólica: “Naqueles dias apareceu um edito (grego: dogma) de César Augusto ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado”; dá ao seu quadro uma série de elementos que o transformam de aparente obra pitoresca em proclamação profética e provocadora cujo alcance chega até nós hoje. É anúncio-convocação para a luta contra aquela cultura de morte liderada por poderes políticos e econômicos de todos os tempos e lugares, que ao longo da história da humanidade fazem seus decretos, suas leis e emendas para permanecerem no poder ainda que seja preciso tirar a vida, a liberdade e a dignidade de pessoas, povos e nações. 
O decreto do imperador confirmava o seu domínio político e econômico sobre todo “o mundo habitado”, pois com o recenseamento fazia-se o controle de pessoas e de seus respectivos bens. A exploração através de tributos e impostos sobre tudo e todos provia o aparato de sustentação do poder dominante. Quanto mais impostos, mais mordomias, mais possibilidades de corrupção e desmando do poder público. Com efeito, o decreto imperial favorecia às autoridades, mas não garantia o bem comum. Em confronto com essa ordem imperial, temos a palavra do Anjo do Senhor aos pastores: “Não tenhais medo! Eis que eu vos anuncio” (grego: euangelizomai: evangelizar); ao invés de um decreto autoritário que ordena, faz-se a proclamação da chegada de um novo tempo: “hoje nasceu para vós um Salvador”; marcando profundamente este novo início com uma alegria indizível não apenas para um pequeno grupo, mas “para todo o povo”. Se o imperador decretou que todo o mundo deveria estar sob o seu controle e domínio, agora a boa-notícia, também ela de caráter universal, proclama quem verdadeiramente é Senhor, isto é, o Salvador, que foi enviado (Cristo) de Deus e que não depende de nenhuma investidura e reconhecimento do poder do imperador. Nascendo em Belém, nas periferias do centro de poder religioso (Jerusalém) e distante do poder político (Roma), este recém-nascido é, na verdade, o herdeiro do seu pai Davi, o qual fora escolhido para ser rei por ser, antes de tudo, um pastor: “Escolheu a Davi, seu servo, tirou-o do aprisco das ovelhas; da companhia das ovelhas fê-lo vir para apascentar Jacó, seu povo, e Israel, sua herança” (Sl 78,70-71).
Se o dogma do imperador tornava o povo apenas uma cifra numérica, fácil de manipular e explorar, a proclamação da Palavra do Cristo-Senhor, a Boa-nova, será dirigida a pessoas concretas, com suas caraterísticas, necessidades e condições reais: “Porque Ele me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, libertar os oprimidos e proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19; Is 61,1-2). É Boa-nova que se contrapõe ao dogma imperial, pois denuncia a palavra oficial do imperador que torna os pobres cada vez mais pobres, com altos tributos e impostos, que reforça as cadeias dos presos, símbolo da incompetência de quem governa sem se comprometer com a edificação da fraternidade, mas apenas com os seus interesses espúrios, favorecendo somente condições para a marginalização e a criminalidade. 
Porém, é o recém-nascido que terá a Palavra misericordiosa capaz de libertar, no hoje de Deus, os presos de suas piores amarras, pois tem autoridade de afirmar: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43). O decreto autoritário de César Augusto não produz nenhuma realidade de bem verdadeiro (Shalom) para o povo, pois mantém os dominados sob um forte aparato policial a fim de impedir toda e qualquer manifestação contrária à sua ordem estabelecida (Pax Romanae). Mas é a Palavra do recém-nascido que indicará o caminho para a verdadeira paz, a qual se constrói com atitudes concretas de compromisso com o Reino de Deus, e não com discursos evasivos e estéreis.
A paz trazida pelo recém-nascido reclinado na manjedoura não se confunde com a paz da ideologia do império, pois não é sentimentalismo alienante, mas fogo trazido à terra, resultado de um batismo que recebeu, a sua morte na cruz (Lc 12,49-50). Paz como resultado de um conflito assumido, enfrentado e, portanto, vencido, mesmo que provoque divisão e separação: “Pois pensais que vim estabelecer a paz sobre a terra? Não, eu vos digo, mas uma divisão (Lc 12,51). Destarte, o louvor dos anjos na noite de Belém: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens que ele ama”, não é expressão sentimental diante de uma cena romântica, mas anúncio profético de que Deus realizará o seu projeto plenamente quando o recém-nascido, envolto em faixas e reclinado na manjedoura, tiver sido “envolto num lençol e colocado numa tumba talhada em pedra” (Lc 23,53) e, vencendo a morte, Ele mesmo proclamará: “A paz esteja convosco” (Lc 24,36). Anúncio que não é um dogma de poderosos mundanos, mas manifestação da Glória do Onipotente das Alturas, que enviou o seu Filho, nascido entre nós, motivo e razão de grande alegria e que nos faz vencer todo medo. ALEGRAI-VOS. NÃO TEMAIS. É NATAL!!!





Para a Celebração da Palavra (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):




LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR, O NOSSO...
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.
- Deus Nosso Pai, pela vinda do Vosso  Filho Jesus ao nosso mundo, fizestes-nos descobrir a Luz que dissipa as trevas, que ultrapassa o ódio e a discórdia. Nós vos confiamos as nossas posses e a nossa vida. Que a Boa Nova de Natal nos inspire acolher Jesus e nos transformarmos...
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.
- Senhor, através no Vosso Filho encarnado no meio de nós,
     manifestastes todo o vosso amor pela humanidade.
     Que saibamos acolher e seguir o vosso Filho rumo ao Vosso Reino.
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.
- Senhor, através de Vosso Filho reconciliastes toda a humanidade.
     Ele é o nosso caminho e a nossa salvação.
     Dai-nos força para que nos transformemos em novas pessoas.
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.
- Senhor Deus, bendito sejais, porque iluminastes a humanidade
   com a presença de vosso Filho. Eis o nosso Salvador, eis o menino de Belém. Que o Espírito Santo nos Santifique e nos conduza.
T: Pai, grande é vosso amor, nos enviando o vosso Filho.

-   -   PAI NOSSO...   A PAZ DE CRISTO...   EIS O CORDEIRO...