quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Celebração na Noite de Natal

Celebração na Noite de Natal

SINOPSE:
Tema: Deus envia “um menino” para ser “a luz” para todos os povos.
A primeira leitura: “um menino”, da descendência de David, eliminará a guerra, o ódio, o sofrimento e inaugurará uma era de alegria, de felicidade e de paz sem fim.
O Evangelho: Jesus, o “menino de Belém”, é o Deus que vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a salvação.
A segunda: Deus nos ama e este mundo não é permanente; comprometidos e identificados com Cristo, realizaremos as obras d’Ele na construção do Reino.

LEITURA I – Is 9,1-6
O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; ...Vós quebrastes o jugo que pesava sobre o povo... Todo o calçado ruidoso da guerra tornar-se-ão pasto das chamas. Porque um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado «Conselheiro Admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz». O seu poder será engrandecido numa paz sem fim,

AMBIENTE - Estamos na época do rei Ezequias, no final do séc. VIII a.C.; o rei faz acordos com Egito, Fenícia e Babilônia, contra a Assíria. Senaquerib volta-se contra Judá, devasta o país (701 a.C.). Ezequias tem de pagar tributos. Desiludido o profeta  sonha com um tempo novo onde reinam a justiça, o direito e o “temor de Deus”.
MENSAGEM - um “povo nas trevas” e “nas sombras da morte”; Parece não haver saída, Mas, de repente, aparece uma “luz”. Porque a opressão foi quebrada e a paz uma realidade; mas ninguém duvida que tudo isso é ação do Deus libertador.
Deus instaurou essa nova ordem através de “um menino”, enviado para reinar no direito e na justiça. O quádruplo nome desse “menino” evoca qualidades divinas
(“conselheiro maravilhoso”;
Deus forte” é um nome do próprio Jahwéh;
príncipe da paz” aquele que é “a paz”.
Pai eterno”, é um título do rei – cf. 1 Sm 24,12 – e é um título dado ao faraó nas cartas de Tell el-Amarna).
ATUALIZAÇÃO • É Jesus, o “menino de Belém”, que dá sentido pleno a esta profecia messiânica de Isaías. Veio de Deus para vencer as trevas e instaurar o mundo novo da justiça, da paz e da felicidade. esta noite este “Reino” chegou.
• Acolher Jesus é aceitar esse projeto de justiça e de paz.
• O “jeito” de Deus: Não pela força; mas é através de um “menino” – símbolo máximo da fragilidade – É na simplicidade e na humildade que Deus age no mundo.

EVANGELHO – Lc 2,1-14
... José subiu da Galiléia à Judéia, à cidade de David, Belém, a fim de se recensear com Maria. chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogênito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; Disse-lhes o Anjo: vos anuncio uma grande alegria: nasceu-vos hoje,  um Salvador, que é Cristo Senhor. Juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».

AMBIENTE -Para Lucas o acontecimento tem época e num espaço concreto… não é fato lendário.
Lucas não está escrevendo história, mas uma catequese sobre Jesus, o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.

MENSAGEM - Jesus é o Messias, da descendência de David:
É na pobreza, na simplicidade, na fragilidade, que Deus se manifesta aos homens e lhes oferece a salvação.
“testemunhas” do nascimento: os pastores.
É para estes pecadores e marginalizados que Jesus vem; por isso, a chegada de um tal “salvador” é uma “boa notícia”: a partir de agora, os pobres, os débeis, os marginalizados, os pecadores, são convidados a integrar a comunidade dos filhos amados de Deus. São convidados a integrar a comunidade da nova aliança, a comunidade do “Reino”: Ele é “o salvador, Cristo Senhor”.

ATUALIZAÇÃO - • O menino de Belém apresenta aos homens um projeto de salvação/libertação.
• O presépio apresenta-nos a lógica de Deus numa gruta de pastores onde brilha a fragilidade, a dependência, a ternura, a simplicidade de um bebe recém-nascido.
• A uma “boa notícia” que enche de felicidade os pobres, os marginalizados que Deus os ama e quer oferecer-lhes a salvação.
• Jesus – o Jesus da justiça, do amor, da fraternidade e da paz – já nasceu, de forma efetiva, na vida de cada um de nós, nas nossas comunidades cristãs?

LEITURA II –manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos.
AMBIENTE - recorda os fundamentos da fé e exorta a uma vida comprometida.
MENSAGEM - A primeira é o amor (“kharis”) de Deus, transformador e renovador.
A segunda é a esperança que a terra não é a sua pátria definitiva; A terceira é a obra redentora de Cristo para nos salvar do pecado e para fazer de nós homens novos. Ligados a Ele pelo batismo, tornamo-nos um com Ele e recebemos vida d’Ele…
ATUALIZAÇÃO • a encarnação de Jesus é o sinal desse amor por nós.
• valores efêmeros (dinheiro, poder, êxito profissional, “status” como felicidade.

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Natal - Missa da Noite
TEMA: Deus que ama os homens, envia “um menino” para lhes apresentar uma proposta de vida e de liberdade. Esse “menino será “a luz” para “o povo que andava nas trevas”.
Primeira leitura: anuncia a chegada de “um menino”, da descendência de David, dom de Deus; esse “menino” inaugurará uma era de alegria, de felicidade e de paz sem fim.
Evangelho: Jesus, o “menino de Belém”, é o Deus que vem ao encontro dos homens para lhes oferecer a salvação.
Segunda leitura: Deus nos ama verdadeiramente; porque este mundo não é a nossa morada permanente e os valores deste mundo são passageiros; identificados com Cristo, devemos realizar as obras do Pai.

PRIMEIRA LEITURA (Is 9,1-6) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos. Pois o jugo que oprimia o povo - a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais - tu os abateste como na jornada de Madiã. Botas de tropa de assalto, trajes manchados de sangue, tudo será queimado e devorado pelas chamas. Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz. Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá consolidar e confirmar em justiça e santidade, a partir de agora e para todo o sempre. O amor zeloso do Senhor dos exércitos há de realizar essas coisas.
AMBIENTE - No Livro do profeta Isaías aparece um conjunto de oráculos ditos “messiânicos”, que falam desse mundo de justiça e de paz que Deus vai oferecer ao seu Povo. Estamos na época do rei Ezequias, no final do séc. VIII a.C.; o rei, desdenhando as indicações do profeta (para quem as alianças políticas são sintoma de grave infidelidade para com Jahwéh, pois significam colocar a confiança e a esperança nos homens), envia embaixadas ao Egito, à Fenícia e à Babilônia, procurando consolidar uma frente contra a grande potência da época – a Assíria. A resposta de Senaquerib, rei da Assíria, não tarda: tendo vencido, sucessivamente, os membros da coligação, volta-se contra Judá, devasta o país e põe cerco a Jerusalém (701 a.C.). Ezequias tem de submeter-se e fica a pagar um pesado tributo aos assírios. Desiludido com os reis e com a política, o profeta teria, então, começado a sonhar com um tempo novo, sem guerra nem armas, onde reinam a justiça, o direito e o “temor de Deus”. Este texto pode ser dessa época. O “menino” aqui referenciado, da descendência de David, pode também estar relacionado com o “Emanuel” de Is 7,14-17. Trata-se, em qualquer caso, de um texto que vai alimentar a esperança messiânica e que vai potenciar o sonho de um futuro novo, de paz e de felicidade para o Povo de Deus.

MENSAGEM - O profeta fala de um “povo que andava nas trevas” e que habitava “nas sombras da morte”. O panorama é sombrio e parece não haver saída, pois os reis de Judá já provaram ser incapazes de conduzir o seu Povo em direção à felicidade e à paz. Mas, de repente, aparece uma “luz”. Essa luz acende a esperança e provoca uma explosão de alegria. Para descrever essa alegria, o profeta utiliza duas imagens extremamente sugestivas: é como quando, no fim das colheitas, toda a gente dança feliz celebrando a abundância dos alimentos; é como quando, após a caçada, os caçadores dividem a presa abundante. Mas por que essa alegria e essa felicidade? Porque o jugo da opressão sobre o Povo foi quebrado e a paz se tornará uma realidade. No quadro que representa a vitória da paz, vemos os símbolos da guerra (o pesado calçado dos guerreiros e as roupas ensanguentadas) a serem destruídos pelo fogo. Quem é que provocou a alegria do Povo,  venceu a guerra, restaurou a paz? Como foi que Deus instaurou essa nova ordem? Foi através de “um menino”, enviado para restaurar o trono de David e para reinar no direito e na justiça. O quádruplo nome desse “menino” evoca títulos de Deus ( “conselheiro maravilhoso”– cf. Is 25,1; 28,29; “Deus forte” é um nome do próprio Jahwéh – cf. Dt 10,17; Jr 32,18; Sl 24,8; “príncipe da paz” leva, também, a Jahwéh, aquele que é “a paz” – cf. Is 11,6-9; Mi 5,4; Zac 9,10; Sl 72,3.7). Quanto ao título “Pai eterno”, é um título do rei – cf. 1 Sm 24,12 – e é um título dado ao faraó). Fica, assim, claro que esse “menino” é um dom de Deus ao seu Povo e que, com ele, Deus residirá no meio do seu Povo, oferecendo-lhe a justiça, o direito e a paz.

ATUALIZAÇÃO ¨ É Jesus, o “menino de Belém”, que dá sentido pleno a esta profecia messiânica de Isaías. Ele é “aquele que veio de Deus” para vencer as trevas e as sombras da morte que ocultavam a esperança e instaurar o mundo novo da justiça, da paz e da felicidade. O nascimento de Jesus que celebramos esta noite significa que este “Reino” chegou.
¨ Acolher Jesus é aceitar esse projeto de justiça e de paz que Ele veio trazer.
¨ Em que ou em quem coloco a minha esperança e a minha segurança? Nos políticos? No dinheiro? Isaías diz que só podemos confiar em Deus e nesse “menino” que Ele mandou ao nosso encontro, se quisermos encontrar a “luz” e a paz.
¨ Deus não se serve da força e do poder para intervir na história e para mudar o mundo; mas é através de um “menino” – símbolo da fragilidade. É na simplicidade e na humildade que Deus age no mundo.

EVANGELHO (Lc 2,1-14) S. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Aconteceu que, naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra. Esse primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal. Por ser da família e descendência de Davi, José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judeia, para registrar se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria. Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. O anjo, porém, disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da corte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados”.

AMBIENTE - Lucas é preocupado com as referências históricas. Ele apresenta algumas indicações que pretendem situar o acontecimento numa época e num espaço concreto. Dessa forma, dá a entender que não estamos diante de um fato lendário, mas de algo integrado na história. Há um problema… Lucas é de origem grega, que não conhece a Palestina e que tem noções muito básicas da história do Povo de Deus. Por isso, as suas indicações históricas e geográficas são, com alguma frequência, imprecisas e inexatas. É duvidoso que Quirino, como governador, tenha ordenado um recenseamento na época em que Jesus nasceu (só por volta do ano 6 d.C. é que ele se tornou governador da Síria, embora possa ter sido “legado” romano na Síria entre 12 e 8 a.C.… Pode, realmente, nessa altura, ter ordenado um recenseamento que teve efeitos práticos na Palestina por volta de 6/7 a.C., altura do nascimento de Jesus). De qualquer forma, convém ter em conta que Lucas não está escrevendo história, mas fazendo teologia e apresentando uma catequese sobre Jesus, o Filho de Deus que veio apresentar uma proposta de salvação.

MENSAGEM - A referência a Belém como o lugar do nascimento de Jesus é uma indicação mais teológica do que geográfica: o objetivo do autor é sugerir que este Jesus é o Messias, da descendência de David (a família de David era natural de Belém), anunciado pelos profetas (cf. Miq 5,1). Fica, desta forma, claro que o nascimento de Jesus se integra no plano de salvação que Deus tem para os homens – plano que os profetas anunciaram e cuja realização o Povo de Deus aguardava ansiosamente.  -Uma segunda indicação importante resulta do “quadro” do nascimento. Lucas descreve com algum pormenor a pobreza e a simplicidade que rodeiam a vinda ao mundo do libertador dos homens: a falta de lugar na hospedaria, a manjedoura dos animais a fazer de berço, os panos improvisados que envolvem o bebê, a visita dos pastores… É na pobreza, na simplicidade, na fragilidade, que Deus se manifesta aos homens e lhes oferece a salvação. Os esquemas de Deus não se impõem pela força das armas, pelo poder do dinheiro ou pela eficácia de uma boa campanha publicitária; mas Deus escolhe vir ao encontro dos homens na simplicidade, na fraqueza, na ternura de um menino nascido no meio de animais, na absoluta pobreza. É assim que Deus entra na nossa história… É assim a lógica de Deus. Uma terceira indicação é dada pela referência às “testemunhas” do nascimento: os pastores. Trata-se de gente considerada rude, violenta, marginal, que invadiam com os rebanhos as propriedades alheias e que tinham fama de se apropriar da lã, do leite e das crias do rebanho em benefício próprio. Eram, com frequência, colocados ao lado dos publicanos e dos cobradores de impostos pela rígida moral dos fariseus: uns e outros eram pecadores públicos, incapazes de reparar o mal que tinham feito, tantas eram as pessoas a quem tinham prejudicado. Ora, Lucas coloca, precisamente, esses marginais como as “testemunhas” que acolhem Jesus. O evangelista sugere, desta forma, que é para estes pecadores e marginalizados que Jesus vem; por isso, a chegada de um tal “salvador” é uma “boa notícia”: a partir de agora, os pobres, os débeis, os marginalizados, os pecadores, são convidados a integrar a comunidade dos filhos amados de Deus. Eles vêm ao encontro dessa salvação que Deus lhes oferece em Jesus e são convidados a integrar a comunidade da nova aliança, a comunidade do “Reino”. Uma quarta indicação aparece nos títulos dados a Jesus pelos anjos que anunciam o nascimento: Ele é “o salvador, Cristo Senhor”. O título “salvador” era usado, na época de Lucas, para designar o imperador ou os deuses pagãos; Lucas, ao chamar Jesus desta forma, apresenta-O como a única alternativa possível a todos os absolutos que o homem cria… O título “Cristo” equivale a “Messias”: aplicava-se, no judaísmo palestinense do séc. I, a um rei da descendência de David, que viria restaurar o reino ideal de justiça e de paz da época davídica; dessa forma, Lucas sugere que o “menino de Belém” é esse rei esperado. O título “Senhor” expressa o caráter transcendente da pessoa de Jesus e o seu domínio sobre a humanidade. Com estes três títulos, a catequese lucana apresenta Jesus aos homens e define o seu papel e a sua missão.

ATUALIZAÇÃO ¨ O menino de Belém leva-nos a contemplar o incrível amor de um Deus que se preocupa com a vida e a felicidade dos homens e que envia o próprio Filho para apresentar um projeto de salvação/libertação. Nesse menino de Belém, Deus grita-nos a radicalidade do seu amor por nós.
¨ O presépio apresenta-nos a lógica de Deus que não é igual à lógica dos homens: a salvação de Deus não se manifesta onde os donos do mundo decidem o destino dos homens, mas numa gruta de pastores onde brilha a fragilidade, a dependência, a ternura, a simplicidade de um bebê recém-nascido.
¨ A presença libertadora de Jesus é uma “boa notícia” que devia encher de felicidade os pobres, os débeis, os marginalizados e dizer-lhes que Deus os ama, que quer caminhar com eles e que quer oferecer-lhes a salvação. É essa proposta que nós passamos ao mundo? o anúncio libertador aos pobres?

SEGUNDA LEITURA (Tt 2,11-14) - Leitura da Carta de São Paulo a Tito.
Caríssimo: A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele se entregou por nós, para nos resgatar de toda maldade e purificar para si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem.

AMBIENTE - Tito, o destinatário desta carta, é um cristão convertido por Paulo, que acompanhou o apóstolo em algumas missões. Estamos numa época em que os cristãos perderam o entusiasmo inicial. Neste contexto, a preocupação fundamental do autor desta carta será apresentar uma série de conselhos práticos que ajudem os cristãos a viver, com coerência e com verdade, a sua fé no meio do mundo.

MENSAGEM - O autor tenta dar aos cristãos razões válidas para viver uma vida cristã autêntica e comprometida. Quais são essas razões? A primeira é o amor (“kharis”) de Deus, que foi oferecido a todos os homens. É esse amor que possibilita a renúncia à impiedade e aos desejos deste mundo e a vivência da temperança, da justiça e da piedade; sendo os destinatários desse amor transformador e renovador, temos de viver uma vida nova e comprometida com o Evangelho. A segunda é a esperança na manifestação gloriosa de Cristo, que convida os homens a perceber que a terra não é a sua pátria definitiva; quem espera a segunda vinda de Cristo, percebe que só faz sentido olhar para os bens essenciais; consequentemente, desprezará os bens materiais, que só interessam a este mundo. A terceira é a obra redentora levada a cabo por Cristo. Cristo entregou-Se totalmente, até à morte, para nos salvar do egoísmo, do orgulho, do pecado e para fazer de nós homens novos. Ligados a Ele pelo batismo, tornamo-nos um com Ele e recebemos vida d’Ele… Se estamos ligados a Cristo e se recebemos d’Ele vida, essa vida tem de manifestar-se na nossa existência.

ATUALIZAÇÃO ¨  Sendo os destinatários de um tal amor, amamos Deus da mesma maneira? A nossa vida é um compromisso autêntico com Deus e com os seus valores?
¨ A nossa civilização sacralizou valores efêmeros (dinheiro, poder, êxito profissional, “status” social, bens de consumo…) para os apresentar como a chave da verdadeira felicidade. No entanto, esses valores estão em absoluta contradição com os valores do Evangelho. Aprendemos, com Jesus, a ter um olhar crítico sobre os valores que o mundo nos propõe e a confrontar a nossa vida com os valores do Evangelho? -                               

Dehoninanos
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Homilia (adaptada)
Irmãos e Irmãs, Deus nos revela em Jesus o seu grande Projeto.

Vivemos nesta noite santa o mistério da encarnação. A liturgia nos demonstra que o centro da celebração desta noite é o anúncio do nascimento do Salvador.

Lucas esboça a situação histórica: ocupação romana, recenseamento, viagem de José e Maria para sua cidade de origem – Belém, cidade de Davi, em circunstâncias dificílimas. A criança é colocada numa manjedoura, por não haver lugar na hospedaria da cidade. A salvação, a partir do relato, manifesta-se lá, naquele lugar pobre, numa manjedoura.

Os olhos do mundo não poderiam acreditar: naquele lugar pobre é o Deus forte e invencível quem se faz humilde como os humildes, pobre como os pobres, anunciando a salvação e a redenção pela encarnação.

As testemunhas da encarnação foram como que escolhidas a dedo pelo anjo do Senhor: os que viviam à margem da sociedade, os que não eram socialmente identificados: pobres pastores, devem procurar o Salvador, cujo sinal é sua pobreza, que o identifica com eles; envolto em panos, numa manjedoura. Para dar sinal de veracidade da salvação, os coros celestes juntam sua voz à do arauto e entoam o hino: “Glória a Deus nas alturas e paz aos homens de boa vontade”.

Meus irmãos, Nesta noite santa, relembramos a promessa ao povo do antigo testamento que esperava o nascimento do Messias, aquele que, finalmente, faria valer os interesses de Deus, cuidando do bem-estar do povo, dando-lhes paz e segurança, fazendo justiça. Aqui está a síntese dos anseios do povo eleito que esperava o Messias para que se cumprissem as escrituras.

Noite do nascimento do Salvador é noite de pobreza, de contemplar o homem e a mulher que sofrem e padecem da fome de comida e da fome de dignidade. O Natal é o momento em que a luz brilha na escuridão, anunciando o Salvador.

A Boa Nova é para os pobres e para todo o povo. Os pastores representam os que acreditavam nas promessas de Deus. Eles recebem a notícia e logo se põem a caminho para verem aquilo que lhes foi comunicado.

Meus irmãos, Um Menino pobre que nos torna rico é o maior presente que recebemos nesta noite santa.

Jesus nasceu e renasce para os pobres, estropiados, prostitutas, cativos, desempregados, sem teto, sem dignidade, doentes, marginalizados, aidéticos, homossexuais, leprosos, todos aqueles e aquelas que se encontram à margem da sociedade.

Jesus nasce nesta noite, pobre no meio dos pobres, sem o direito de nascer em um local digno. Nasceu “sem teto”, não teve berço e suas primeiras visitas foram os pastores, a classe dos excluídos.

Irmãos amados, Celebramos nesta noite venturosa, como os pastores, o nascimento da Luz admirável que é o Cristo Senhor.

Jesus nasce para nos salvar de nossos pecados e para inaugurar um novo tempo, tempo de graça, tempo de salvação, tempo de santidade e tempo de evangelização, exercendo o papel de missionários e evangelizadores que pelo Batismo nos foi conferido. Doravante estaremos assegurando a edificação de uma sociedade cristã, em que “justiça e paz se abraçarão”.

Esta noite é a noite da opção preferencial pelos pobres e pelos excluídos. Deus Menino, que nasce assume a nossa humanidade e redime esta humanidade.

Esta noite é à noite da misericórdia. Noite que significa “ter o coração aberto ao miserável, ao necessitado”. Os necessitados somos nós, pecadores, todos, sem exceção.

Nesta noite de Natal Deus abre o seu coração, rico de misericórdia (Ef 2,4) e derrama sobre nós o seu amor, dando-nos a plenitude dos bens, seu Filho, encarnação da misericórdia divina, é para nós perdão e graça, santificação e vida.

É a noite da Alegria. Nesta noite não há espaço para tristeza, porque nasceu vida, uma vida que destrói o medo da morte e traz a felicidade da comunhão com Deus.

Exulta de alegria o santo e o pecador, porque Deus oferece a facilidade do perdão na ternura de uma criança.

Esta é a noite da fraternidade. O Filho de Deus se fez nosso irmão e nós nos tornamos filhos do mesmo Pai, irmãos e irmãs em Cristo (Mt 23,8-9).  Por isso, cantamos com Maria: “A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque grandes coisas fez o Todo poderoso” (Lc 1,46-47).

Que esta noite santa seja a noite da Paz em que, no presépio, reúne pastores e reis, animais e plantas, a terra e as estrelas, num silêncio reverente, e adorem todos a Paz que veio a este mundo!

Nesta noite venturosa nasceu o salvador, assumiu nossa humanidade, venceu o pecado e anunciou a paz e o amor!
(Diácono Ismael)

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Homilia do Pe. Pedrinho

 

Meus irmãos e irmãs, Celebramos hoje o nascimento de Jesus, o seu aniversário. Hoje queremos homenagear o Senhor, voltando o nosso olhar para o presépio. É interessante observar, que o nascimento de Jesus acontece como muitos outros nascimentos; completam-se os dias da gestação e é a hora do parto. Eles estão em Belém por conta de José ser descendente da linhagem de Davi e agora precisa fazer o seu recadastramento, seu recenciamento. Certamente, na época, queriam também cobrar mais impostos. Então, tem que fazer uma recontagem para saber o quanto vai se angariar.

No caso de Jesus, nós que somos Cristãos, somos convidados a olhar com mais profundidade este acontecimento. Somos convidados a olhar para Jesus com os olhos da fé. Quando olhamos com os olhos da fé, tudo fica, literalmente, mais claro. Vamos nos dar conta de que este Jesus é a luz verdadeira, que veio para iluminar os povos. A partir de Jesus, ninguém pode dizer que anda na escuridão, que anda nas trevas; mesmo quem não enxerga. Mesmo quem não enxerga tem uma luz que pode guiá-lo. Mesmo quem não distingue bem as luzes, esta Luz se realça; ela se sobressai a todas as outras. Basta lembrar, que São Paulo no deserto, ao meio dia, vai encontrar-se com esta luz. Imagine-se no deserto: ao meio dia o sol está com todo o seu brilho, com toda sua intensidade e uma luz vai chamar a atenção de Paulo. Então, esta é uma luz que vai além do brilho do sol e é uma luz que nos acompanha.

Hoje temos várias pessoas que estão celebrando a morte de seus entes queridos. Aí, as pessoas dizem: que época triste para celebrar os mortos. Quando é que é época alegre para celebrar os mortos? Nunca. Quando algum de nós perde um ente querido, seja que tempo for, sofre e sofre muito. Entretanto, a leitura de hoje diz, que este Menino que nasceu, é para iluminar as nações, para iluminar os que estavam no jazigo de morte. É para iluminar também os mortos. A vantagem deles sobre nós é que eles estão comemorando pessoalmente este Aniversário. Eles foram convidados mais de maneira oficial. Nós ainda estamos celebrando através dos sinais, através dos olhos da fé. Eles o contemplam face a face. Portanto, embora tristes, com o sentimento humano, mas hoje é uma noite especial onde reavivamos a chama da esperança. A esperança é um sentimento humano e Deus é tudo em todos. Ele não tem ontem nem amanhã: é sempre hoje. De tal maneira, que Deus não tem esperança. Nós é que temos a esperança. Ter esperança em que? Ter esperança nesse Menino que nasce. A esperança nos abre um imenso panorama. São tantas as pessoas que andam temerosas. Não tenhais medo, diz o anjo, nasceu o Salvador. Alguém me chamou a atenção para um aspecto importante: Nossa Senhora. Claro, Ela é quem é graças a Jesus. Nossa Senhora acolhe, hoje, no seu colo cada um de nós, por causa da Palavra de Jesus. Ele disse: o que fizestes ao menor de meus irmãos, a mim o fizestes. Quando deu um copo com água, quando visitou um enfermo e aí, tem toda uma lista, onde cada um de nós é adotado. Cada um de nós tem um lugar nesta manjedoura. Nossa Senhora oferece o seu colo para quem está precisando de um carinho, de uma atenção, para quem está necessitado, assim, de um afago, para quem precisa de um manto para enxugar as lágrimas. Para quem está com medo, pois o filho sempre corre para os braços da mãe ou do pai quando está com medo. Mas, também para celebrar, pois o encontro com a mãe é sempre festa. Poderíamos também nos lembrar de São José. São José simboliza todo homem que tem amor. José coloca todas as suas forças ao serviço de Deus para que seu Mistério seja revelado ao mundo. Temos, de fato, uma luz que é revelada pelo anjo. Quantas pessoas estão sem luz! Quem dera pudéssemos também ser um anjo anunciando esta boa notícia, pois nasceu o Salvador para o mundo.

A partir de Jesus formamos uma única família; portanto, ninguém deve se sentir abandonado, porque quem tem uma comunidade nunca está só. Quem tem comunidade deve contar com esta comunidade para o seu apoio. Quanto alimento e brinquedos pudemos distribuir para famílias necessitadas, contornando a situação de injustiças, onde muitos passam necessidades básicas. A família cristã é uma única família. Olhe, não tem preço que pague o sorriso de uma criança. É esta criança que estamos celebrando hoje; é o natal. É no nascimento de Jesus que duas mensagem claras são manifestadas: uma, eu tenho um presente. É a mensagem da criança. Outra, eu posso contar com pessoas que me ajude. Isto é muito bom. A pior coisa é não ter pessoas com quem contar.

Hoje estamos em festa porque pudemos ser um sinal de esperança e temos ainda grande desafio: nos colocarmos diante da manjedoura e ter um presente para Jesus, a exemplo dos magos. Qual é este presente? A nossa disposição para continuar a sermos luz para as pessoas, para continuar anunciando o Evangelho, cada um a seu modo, cada um na sua realidade, mas sempre defendendo a dignidade da vida e sobretudo a vida dos indefesos.

Feliz Natal a todos e que Deus abençoe a todos. Que possamos fazer desta Eucaristia o ponto máximo de nosso Natal.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

 

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa

 “Hoje, a Paz verdadeira desceu-nos do céu; hoje, os céus e a terra espalham doçura; hoje, raiou o dia do novo resgate de eterna alegria, há muito esperado!” – Estas palavras, a Igreja as reza por toda a terra no Ofício das Vigílias desta Noite santa. Mas, por que tanta exultação? Por que tanta luz? Por que tanta doçura, tanta ternura, tanta paz?
Hoje, cumpriu-se as Escrituras: o Dia tão esperado brilhou no meio da noite. Hoje, “o povo, que andava na treva”, a humanidade perdida e confusa, “viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte”, para nós, que temos sempre de lutar contra tantas e tantas mortes, “uma luz resplandeceu!”. Nesta Noite, podemos comemorar, alegrarmo-nos como os que colhem depois do trabalho e do suor do plantio, porque algo inacreditável, algo que parece um sonho, um conto de fadas, nos aconteceu! Escutai, escutai: “Nasceu para nós um Menino, foi-nos dado um Filho; ele traz nos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro Admirável, Deus Forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim… a partir de agora e por todo sempre!” Eis a graça, a glória, o mistério desta Noite! Por isso a alegria: o Deus fiel cumpriu o que prometera e ultrapassou toda promessa. Nesta Noite tão santa, tão única, tão cheia de frescor, como são comoventes as palavras do Apóstolo na segunda leitura. Olhem o presépio, e escutem, olhem a manjedoura e prestem atenção: “A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade”. Olhem o presépio! Olhem o presépio: a graça de Deus é uma Criança, o Menino que nos foi dado! A graça de Deus está “envolvida em faixas e deitada numa manjedoura”. Que graça pequeninha; que graça tão grande! Que graça tão frágil; que graça tão forte! Quem é tão duro de coração, que não se comova? Quem é tão desumano, que não se emocione? Quem é tão pecador, que não queira aproximar-se de Deus? Quem é tão insensível, que não sinta, nesta Noite, o desejo de amar, o desejo de ser bom, o desejo de paz, o desejo de se deixar abraçar por Deus? “Não tenhais medo!” Quem quer que sejas tu: não temas! Não tenhas receio pelos teus pecados, não te afastes da graça desta Noite por causa das tuas infidelidades! Compreende: hoje, teu Deus vem a ti! Vem a ti a Paz, vem a ti o Perdão, vem a ti a Misericórdia, vem a ti a Plenitude do teu coração e o sonho da tua vida! Hoje nasceu para ti, para nós, um Salvador!
Presta bem atenção: porque tu és fraco, ele veio sustentar-te; porque tu és inconstante, ele veio permanecer contigo; porque tu muitas vezes não sabes o caminho, ele se vez visível na nossa carne; porque tu vives em trevas, ele apareceu como luz; porque tu não podes subir a Deus, ele desceu para te elevar! Que amor tão grande, que caridade sem medida! Nesta Noite a Virgem deu à luz o próprio Deus na nossa humanidade mortal!
Por isso a alegria da Igreja, por isso, a exultação! Abramos nosso coração, abramos nossa vida, nossos afetos, nossos sentimentos, nossos projetos para o mistério desta Noite. No século V, são Leão Magno, Papa de Roma, dizia ao povo na noite de hoje: “Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos! Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida!”
Mas, estejamos atentos: porque Aquele que vem como luz no meio da noite, vem pobre, humilde, pequeno, frágil… e somente poderá ser reconhecido se estivermos atentos: atentos aos seus sinais, atentos às coisas pequenas, atentos aos irmãos mais frágeis, atentos ao que no mundo parece a toa, sem valor, sem importância, sem poder… O Menino somente pôde ser encontrado e reconhecido pela pobre Virgem Maria, pelo humilde José, pelos desprezados pastores… Os soberbos, os prepotentes, os esbanjadores, os orgulhosos jamais receberão a graça desta Noite!
Então, ouçamos ainda as palavras do Papa são Leão; tomemos o seu apelo para esta Noite: “Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade! Não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra de que cabeça e de que corpo és membro. Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos; e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne!”
Por tudo isso, concluamos como iniciamos, com as palavras da Liturgia da Igreja: “Hoje, a Paz verdadeira desceu-nos do céu; hoje, os céus e a terra espalham doçura; hoje, raiou o dia do novo resgate de eterna alegria, há muito esperado! Cantai ao Senhor Deus um canto novo; cantai ao Senhor Deus ó terra inteira… na presença do Senhor, pois ele vem!
Feliz Natal a todos! Que reine no coração de todos a graça desta noite! Amém.
Dom Henrique Soares da Costa

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Fala de Bento XVI

Amados irmãos e irmãs!
Acabamos de ouvir no Evangelho a palavra que os Anjos, na Noite santa, disseram aos pastores e que agora a Igreja grita para nós: «Nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2,11ss). Nada de maravilhoso, nada de extraordinário, nada de magnífico é dado como sinal aos pastores. Verão só um menino envolto em panos que, como todos os meninos, precisa dos cuidados maternos; um menino que nasceu num estábulo e, por isso, não está deitado num berço, mas numa manjedoura. O sinal de Deus é o menino carente de ajuda e pobre. Os pastores, somente com o coração, poderão ver que neste menino tornou-se realidade a promessa do profeta Isaías, que escutamos na primeira leitura: «Um Menino nasceu para nós, um filho nos foi concedido. Tem o poder sobre os ombros» (Is 9,5). A nós também não e nos dado um sinal distinto. O anjo de Deus, mediante a mensagem do Evangelho, nos convida também a encaminhar-nos com o coração para ver o menino que jaz na manjedoura.
O sinal de Deus é a simplicidade. O sinal de Deus é o menino. O sinal de Deus é que Ele faz-se pequeno por nós. Este é o seu modo de reinar. Ele não vem com poder e grandiosidades externas. Ele vem como menino – inerme e necessitado da nossa ajuda. Não nos quer dominar com a força. Tira-nos o medo da sua grandeza. Ele pede o nosso amor: por isto faz-se menino. Nada mais quer de nós senão o nosso amor, mediante o qual aprendemos espontaneamente a entrar nos seus sentimentos, no seu pensamento e na sua vontade – aprendemos a viver com Ele e a praticar com Ele a humildade da renúncia que faz parte da essência do amor. Deus fez-se pequeno a fim de que nós pudéssemos compreendê-Lo, acolhê-Lo, amá-Lo. Os Padres da Igreja, na sua tradução grega do Antigo Testamento, encontravam uma palavra do profeta Isaías que Paulo também cita para mostrar como os novos caminhos de Deus já fossem anunciados no Antigo Testamento. Assim se lia: «Deus tornou breve a sua Palavra, Ele abreviou-a» (Is 10,23; Rom 9,28). Os Padres interpretavam num duplo sentido. O mesmo Filho é a Palavra, o Logos; a Palavra eterna fez-se pequena – tão pequena a ponto de caber numa manjedoura. Fez-se menino, para que a Palavra possa ser compreendida por nós. Assim, Deus nos ensina a amar os pequeninos. Assim nos ensina a amar os frágeis. Deste modo, nos ensina a respeitar as crianças. O menino de Belém dirige o nosso olhar a todas as crianças que sofrem e são abusadas no mundo, os nascidos como não nascidos. Dirige-o a crianças que, como soldados, são introduzidas num mundo de violência; a crianças que são obrigadas a mendigar; a crianças que sofrem a miséria e a fome; a crianças que não experimentam sequer amor. Nelas todas é o menino de Belém que nos interpela; interpela-nos o Deus que se fez pequeno. Rezemos nesta noite, para que o esplendor do amor de Deus acaricie todas estas crianças, e peçamos-lhe que nos ajude a fazer o que podamos para que seja respeitada a dignidade das crianças; para que desponte a luz do amor da qual mais precisa o homem, e não das coisas materiais necessárias para viver.
Com isto chegamos ao segundo significado que os Padres encontraram na frase: «Ele abreviou-a». A Palavra que Deus nos comunica nos livros da Sagrada Escritura, ao longo dos tempos, tornou-se extensa. Extensa e complicada não só para as pessoas simples e analfabetas, mas inclusive muito mais para os entendidos de Sagrada Escritura, para os doutos que, claramente, perdiam-se nas particularidades e nos respectivos problemas, sem quase conseguir mais encontrar uma visão de conjunto. Jesus «abreviou» a Palavra – fez-nos rever a sua mais profunda simplicidade e unidade. Tudo aquilo que nos ensina a Lei e os profetas está resumido – Ele diz – na palavra: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente [...] Amarás a teu próximo como a ti mesmo» (Mt 22,37-40). Está tudo aí – toda a fé se resolve neste único ato de amor que abraça Deus e os homens. Logo a seguir, porém, surgem as perguntas: como podemos amar Deus com toda a nossa mente, se nos custa encontrá-lo com a nossa capacidade metal? Como amá-Lo com todo o nosso coração e a nossa alma, se este coração consegue entrevê-Lo só de longe e contempla tantas coisas contraditórias no mundo que velam o seu rosto diante de nós? Neste ponto se encontram os dois modos com os quais Deus «abreviou» a sua Palavra. Ele não está mais longe. Não é mais desconhecido. Não é inalcançável para o nosso coração. Fez-se menino por nós e, com isto, dissolveu toda ambiguidade. Fez-se o nosso próximo, restabelecendo também deste modo a imagem do homem que, com frequência, se nos revela tão pouco amável. Deus, por nós, fez-se dom. Doou-se a si próprio. Perde tempo conosco. Ele, o Eterno que supera o tempo, assumiu o tempo, atraiu a si próprio para o alto o nosso tempo. O Natal veio a ser a festa dos dons para imitar Deus que por nós doou-se a si próprio. Deixemos que o nosso coração, a nossa alma e a nossa mente fiquem tocados por este fato! Entre os inúmeros dons que compramos e recebemos não esqueçamos o verdadeiro dom: de doarmo-nos mutuamente algo de nós próprios! De doarmo-nos mutuamente o nosso tempo. De abrir o nosso tempo para Deus. Assim desvanece-se a agitação. Deste modo brota a alegria, assim se cria a festa. E lembremos nos banquetes festivos destes dias a palavra do Senhor: «Quando deres um banquete, não convides os que, por sua vez, vão retribuir-te, mas convida os que não são convidados por ninguém e não poderão convidar-te» (cf. Lc 14,12-14). Isto também significa precisamente: Quando deres um presente de Natal não o faças só aos que, por sua vez, te fazem presentes, mas fá-lo aos que não o recebem de ninguém e que nada podem retribuir-te. Assim mesmo fez o Senhor: Ele nos convida ao seu banquete de bodas que não podemos retribuir, que só podemos receber com alegria. Imitemo-lo! Amemos a Deus e, por Ele, também ao homem, para depois redescobrir a Deus, a partir dos homens, de um novo modo!
Surge, enfim, ainda um terceiro significado da afirmação sobre a Palavra feita «breve» e «pequena». Aos pastores foi dito que teriam encontrado o menino numa manjedoura para animais, que eram os verdadeiros habitantes do estábulo. Lendo Isaías (1,3) os Padres deduziram que junto à manjedoura de Belém estavam um boi e um asno. Interpretaram assim o texto no sentido de que haveria um símbolo dos judeus e dos pagãos – portanto, de toda a humanidade – que, uns e outros, necessitam, ao seu modo, de um salvador: daquele Deus que se fez menino. O homem, para viver, precisa de pão, do fruto da terra e do seu trabalho. Mas não vive só de pão. Precisa de alimento para a sua alma: precisa de um sentido que encha a sua vida. Por isto, segundo os Padres, a manjedoura dos animais veio a ser o símbolo do altar, sobre o qual jaz o Pão que é o mesmo Cristo: o verdadeiro alimento para os nossos corações. Uma vez mais vemos como Ele se fez pequeno: na humilde aparência da hóstia, de um pedacinho de pão, Ele se nos doa si próprio.
De tudo isto nos diz o sinal que foi dado aos pastores e que nos vem dado: o menino nos foi dado; o menino no qual Deus se fez pequeno por nós. Rezemos ao Senhor para que nos dê a graça de ver nesta noite o presépio com a simplicidade dos pastores, para receber assim a alegria com a qual eles voltam para casa (cf. Lc 2,20). Peçamos que nos dê a humildade e a fé com a qual São José contemplou o menino que Maria tinha concebido pelo Espírito Santo. Peçamos que nos ajude a vê-Lo com aquele amor com que Maria o contemplava. E, assim, peçamos por que a luz que viram os pastores, também nos ilumine e que se cumpra em todo o mundo aquilo que os anjos cantaram naquela noite: «Glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra aos homens por Ele amados». Amém.
Bento XVI, Vaticano, 24 de Dezembro de 2006

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LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Eis o nosso Salvador; Bendito seja o nosso Deus.
- Pai, Nós vos louvamos e vos bendizemos por nos enviar o Vosso Filho. Ele é a luz de nossas trevas. É o príncipe da paz e o conselheiro admirável que nos guia nos caminhos da vida.
T: Eis o nosso Salvador; Bendito seja o nosso Deus.
- Bendito sejais, Deus Nosso Pai, porque em Jesus, Vosso  Filho, a Vossa  graça tornou-se visível para a salvação de toda a humanidade.
T: Eis o nosso Salvador; Bendito seja o nosso Deus.
- Pai, enviastes o Messias tornando-nos filhos vossos. Este menino que hoje renasce em nossos corações é a nossa salvação.
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
T: Eis o nosso Salvador; Bendito seja o nosso Deus.
- Pai, que o  Espírito Santo faça de nós portadores de Luz, de Paz e de Alegria.
T: Eis o nosso Salvador; Bendito seja o nosso Deus.
- PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO...





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