quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

4º DOMINGO DO ADVENTO, Homilias, Subsídios homiléticos

4º DOMINGO DO ADVENTO ANO A 2016

Tema: “Ele será chamado de Emanuel.” Jesus é o “Deus conosco”, que veio oferecer uma vida nova.
Na primeira leitura, o profeta Isaías anuncia que Deus que não abandona o seu Povo, mas caminha com ele na história.
Evangelho: Jesus é “Deus conosco”, que vem ao nosso encontro apresentar uma proposta de salvação.
Segunda leitura: Do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho a todos e em todos os tempos.

PRIMEIRA LEITURA (Is 7,10-14) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Naqueles dias, o Senhor falou com Acaz, dizendo: “Pede ao Senhor teu Deus que te faça ver um sinal, que provenha da profundeza da terra, que venha das alturas do céu”. Mas Acaz respondeu: “Não pedirei nem tentarei o Senhor”. Disse o profeta: “Ouvi então, vós, casa de Davi; será que achais pouco incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus? Pois bem, o próprio Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel”.

AMBIENTE - Em 734 A.C., Acaz sobe ao trono de Judá (o Povo de Deus está dividido: ao norte, há um reino formado por dez tribos, com o nome de Israel; ao sul, há outro reino, formado por duas tribos, com o nome de Judá. Por esta época, Judá goza de alguma prosperidade econômica e de relativa tranquilidade política… No entanto, Pecah, rei de Israel, e Rezin, da Síria, lançam as suas tropas contra Judá. Acaz, assustado, decide pedir a ajuda dos assírios para resistir aos invasores. O profeta Isaías, no entanto, não concorda: para ele, a única esperança com que Judá deve contar é Jahwéh, o seu Deus; No entanto, Acaz insiste em pedir a ajuda da Assíria… É então que o profeta Isaías se dirige ao rei e lhe pede que, se não acredita nas suas recomendações, peça a Deus um “sinal” para decidir o que Deus quer e o que é melhor para o Povo. Acaz tem a decisão tomada e recusa pedir a Deus um “sinal”… Mas Isaías quer, mesmo assim, deixar ao rei um “sinal” de Deus…

MENSAGEM - O “sinal” de Deus é este: “a jovem conceberá e dará à luz um filho, e o seu nome será Deus conosco”. O profeta refere-se Certamente ao fato histórico da gravidez da jovem esposa do rei (Abia, filha de Zacarias) e posterior nascimento do filho Ezequias, que veio a ocupar o trono de Judá quando Acaz morreu.  O nascimento desse bebê será a garantia de que a descendência de David continuará e de que, apesar do ataque dos inimigos (Pecah de Israel e Rezin de Damasco), Judá terá um futuro. Este bebê é, portanto, um sinal de que “Deus está conosco” e que continua a cuidar do seu Povo e a oferecer-lhe um futuro de esperança. Ao abordar este texto, a versão grega dos “Setenta” utilizou o vocábulo “parthénos” (“virgem”) para traduzir o hebraico “‘almah” (“jovem”). Por isso, desde o séc. II a.C. (ou até antes), uma parte da tradição judaica viu neste nascimento excepcional uma referência ao Messias, que haveria de nascer de uma “virgem”. A tradição cristã, naturalmente, aplicou este oráculo a Jesus; e Maria, a mãe de Jesus, passou a ser essa “virgem” nomeada no texto grego de Is 7,14.

ATUALIZAÇÃO
Deus não abandona o seu Povo e será sempre o “Deus conosco”, que continua a vir ao nosso encontro…
Acaz confiava mais na segurança dos exércitos estrangeiros do que em Jahwéh… Em que é que o homem de hoje coloca a sua confiança e a sua esperança? Para evitar um holocausto nuclear, é no equilíbrio das armas que podemos confiar? Para termos uma sociedade mais justa e mais fraterna, é nos políticos que podemos confiar? Para nos sentirmos seguros e confortáveis, é no dinheiro que podemos confiar? Para iludirmos a doença ou a morte, é nos novos medicamentos ou nos progressos da medicina que podemos confiar? Onde está a nossa “rocha segura” que não falha: em Deus ou nas estruturas humanas?

SALMO RESPONSORIAL 23(24)
O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar!
• Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, / o mundo inteiro com os seres que o povoam; /
 porque ele a tornou firme sobre os mares, / e sobre as águas a mantém inabalável.
• “Quem subirá até o monte do Senhor, / quem ficará em sua santa habitação?” /
“Quem tem mãos puras e inocente coração, / quem não dirige sua mente para o crime”.
• Sobre este desce a bênção do Senhor / e a recompensa de seu Deus e Salvador”. /
 “É assim a geração dos que o procuram / e do Deus de Israel buscam a face”.

EVANGELHO (Mt 1,18-24) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco”. Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa.

AMBIENTE - Mateus centra o seu relato do nascimento de Jesus na figura de S. José (S. Lucas na de Maria), com uma clara intencionalidade teológica de apresentar Jesus como o Messias, anunciado como descendente de David.
O Evangelho que acabamos de ouvir refere a concepção de Maria, Mãe de Jesus, aceitação por José e o nascimento do Salvador. Desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe do seu Filho uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, Virgem que era noiva de um homem da casa de David
Os textos do “Evangelho da Infância” pertencem a um gênero literário, chamado homologese. Este gênero não pretende ser um relato jornalístico e histórico de acontecimentos; mas é, sobretudo, uma catequese (que Jesus é o Messias, que Ele vem de Deus, que Ele é o “Deus conosco”). A homologese utiliza e mistura tipologias (fatos e pessoas do Antigo Testamento, encontram a sua correspondência em fatos e pessoas do Novo Testamento) e aparições apocalípticas (anjos, aparições, sonhos) para fazer avançar a narração e para explicitar determinada catequese sobre Jesus. O Evangelho de hoje deve ser entendido a esta luz: não interessa, pois, estar aqui à procura de fatos históricos. Há ainda outra questão que importa: a situação de Maria e José. O casamento hebraico considerava o compromisso matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se prometiam um ao outro (os “esponsais”); só numa segunda fase surgia o compromisso definitivo (as cerimônias do matrimônio propriamente dito)… Entre os “esponsais” e o rito do matrimônio, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Durante os “esponsais”, os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já um caráter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (cf. Dt 22,23-27)… E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver se com a fórmula jurídica do divórcio. Ora, segundo o texto que nos é proposto, José e Maria estavam na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, mas já tinham celebrado os “esponsais”.
A concepção virginal antes de ser explicada e justificada pelo cumprimento das Escrituras (vv. 18-25), é logo anunciada na genealogia, que precede imediatamente a leitura de hoje, pois para todos os seus elos se diz «gerou», quando para o último elo não se diz que «gerou», mas: «José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus» (v. 16, à letra «da qual foi gerado – entenda-se, por Deus – Jesus»).
O que devia ser para José uma grande alegria tornou-se o mais cruel tormento. Em circunstâncias idênticas, qualquer outro homem teria denunciando a noiva ao tribunal como adúltera. Mas José era um santo, «justo», por isso, não condenava ninguém sem ter as provas evidentes da culpa. E aqui não as tinha e, conhecendo a santidade singular de Maria, não admite a mais leve suspeita, mas pressente que está perante o sobrenatural, já sentido por Isabel… (ou não teria tido alguma iluminação divina acerca da profecia de Isaías 7, 14). Então só lhe restava deixar Maria, para não se intrometer num mistério em que julga não lhe competir ter parte alguma. É assim que «resolveu repudiá-la em segredo», evitando, assim, «difamá-la» (colocá-la numa situação infamante) ou simplesmente «tornar público» («deigmatísai») o mistério messiânico. Mas podemos perguntar: porque não interrogava antes Maria para ser ela a esclarecer o assunto? É que pedir uma explicação já seria mostrar dúvida, ofendendo Maria; a sua delicadeza extrema levá-lo-ia a não a humilhar ou deixar embaraçada. E porque razão é que Maria não falou, se José tinha direito de saber do sucedido? Mas como é que Maria podia falar de coisas tão colossalmente extraordinárias e inauditas?! Como podia provar a José a Anunciação do Anjo? Maria calava, sofria e punha nas mãos de Deus a sua honra e as angústias por que José iria passar por sua causa; e Deus, que tinha revelado já a Isabel o mistério da sua concepção, podia igualmente vir a revelá-lo a José. De tudo isto fica para nós o exemplo de Maria e de José: não admitir suspeitas temerárias e confiar sempre em Deus.
«Não temas receber Maria, tua esposa». O Anjo não diz: «não desconfies», mas: «não temas». Segundo a explicação anterior, José deveria andar amedrontado com algo de divino e misterioso que pressentia: julga-se indigno de Maria e decide não se imiscuir num mistério que o transcende. Como explica S. Bernardo, S. José «foi tomado dum assombro sagrado perante a novidade de tão grande milagre, perante a proximidade de tão grande mistério, que a quis deixar ocultamente… José tinha-se, por indigno…». Assim, o Anjo não só elucida José, como também lhe diz que ele tem uma missão a cumprir no mistério da Incarnação, a missão e a dignidade de pai do Salvador.
Eis, a propósito, o maravilhoso comentário de S. João Crisóstomo, apresentando Deus a falar a José: «Não penses que, por ser a concepção de Cristo obra do Espírito Santo, tu és alheio ao serviço desta divina economia; porque, se é certo que não tens nenhuma parte na geração e a Virgem permanece intacta, não obstante, tudo o que pertence ao ofício de pai, sem atentar contra a dignidade da virgindade, tudo to entrego a ti, o pôr o nome ao filho. (…) Tu lhe farás as vezes de pai, por isso, começando pela imposição do nome, Eu te uno intimamente com Aquele que vai nascer» (Homil. in Mt, 4).
MENSAGEM - Segundo a narração de Mateus, José apercebeu que Maria estava grávida, durante a fase dos esponsais… Como sabia não ser o pai do bebê que estava para chegar, resolveu abandonar Maria, em segredo; mas um anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos e esclareceu o mistério: “Aquele que vai nascer é fruto do Espírito Santo”. O que é que temos aqui? Reportagem de acontecimentos históricos? O anúncio do anjo a José segue o esquema dos relatos do Antigo Testamento, em que se anuncia o nascimento de uma personagem importante (Jz 13): a) o anúncio está rodeado de sinais divinos (o “anjo do Senhor”, o sonho); b) que provocam medo e espanto; c) o mensageiro divino anuncia qual será o nome e a missão da criança que vai nascer; d) dá-se um sinal que confirma o anúncio (o cumprimento das Escrituras). A função destes anúncios é vincular a personagem, desde o seu nascimento, com o projeto divino. Este mesmo esquema estereotipado é, aliás, usado por Lucas para descrever o nascimento de João Batista (cf. Lc 1,5- 25). Neste episódio temos, portanto, não uma descrição de fatos históricos, mas uma catequese sobre Jesus (que é apresentada recorrendo a esquemas literários, conhecidos dos escritores bíblicos). Então, o que é que esta catequese procura ensinar? Fundamentalmente, procura-se mostrar que Jesus vem de Deus, que a sua origem é divina (Maria encontra-se grávida por virtude do Espírito Santo). Procura se, ainda, ensinar qual será a missão de Jesus: o nome que Lhe é atribuído mostra que Ele vem de Deus com uma proposta de salvação para os homens (“Jesus” significa “Jahwéh salva”). Também se diz, de forma clara, que Ele é o Messias de Deus, da descendência de David, que os profetas anunciaram (a referência ao seu nascimento de uma “virgem” não deve ser vista como a afirmação do dogma da virgindade de Maria, mas como a afirmação de que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas – nomeadamente pelo texto de Is 7,14 – enviado por Deus para restaurar o reino de David). De qualquer forma, a figura de José desempenha aqui um papel muito interessante… O anjo dirige-se a ele como “filho de David” e pede-lhe que receba Maria e que ponha um nome à criança. A imposição do nome é o rito através do qual um pai recebe uma criança como filho. Assim, Jesus passa a fazer parte da família de David e a ser, naturalmente, a esperança para a restauração desse reino ideal de paz e de felicidade pelo qual todo o Povo ansiava. Pela obediência de José, realizam-se os planos e as promessas de Deus ao seu Povo.

ATUALIZAÇÃO
A festa do Natal deve ser o encontro com este Deus; e só será possível se tivermos o coração disponível para O acolher e para abraçar a proposta que Ele nos veio fazer.
♦ Maria é uma figura que está sempre disponível para escutar os apelos de Deus e que lhes responde com um “sim” de disponibilidade total… Estou na mesma atitude de disponibilidade aos desafios de Deus?
José é o homem a quem Deus envolve nos seus planos, mas que tudo aceita, numa obediência total a Deus. Sou capaz de acolher os projetos de Deus – mesmo quando eles desorganizam os meus projetos pessoais – com a mesma disponibilidade de José, na obediência total aos esquemas de Deus?

SEGUNDA LEITURA (Rm 1,1-7) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Eu, Paulo, servo de Jesus Cristo, apóstolo por vocação, escolhido para o Evangelho de Deus, que pelos profetas havia prometido, nas Sagradas Escrituras, e que diz respeito a seu Filho, descendente de Davi segundo a carne, autenticado como Filho de Deus com poder, pelo Espírito de Santidade que o ressuscitou dos mortos, Jesus Cristo, Nosso Senhor. É por ele que recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos pagãos, para a glória de seu nome. Entre esses povos estais também vós, chamados a ser discípulos de Jesus Cristo. A vós todos que morais em Roma, amados de Deus e santos por vocação, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de Nosso Senhor, Jesus Cristo.

AMBIENTE - Estamos no ano 57 ou 58. Paulo está preocupado com o futuro da Igreja, pois manifestam- se algumas dificuldades de relacionamento entre judeu-cristãos e pagão-cristãos, fruto das diferenças sociais, culturais e religiosas subjacentes aos dois grupos. Nesta situação, Paulo escreve para sublinhar aquilo que a todos une – judeus e não judeus – fazem parte do mesmo Povo de Deus e devem viver no amor e na fraternidade.

MENSAGEM - Num começo solene, Paulo define-se a si: ele é servo, apóstolo e eleito para anunciar o Evangelho. Dizer que é “servo de Jesus Cristo” significa que ele pôs a sua vida, ao serviço de Jesus Cristo. A designação “servo” deve ser entendida como entrega amorosa a Cristo. Dizer que é “apóstolo por chamamento divino” equivale a dizer que ele é uma testemunha fiel de Jesus e da sua mensagem. Dizer que é “escolhido para o Evangelho” quer dizer que Paulo tem consciência de ser, desde sempre, eleito por Deus para a tarefa de levar a Boa Nova da libertação aos homens de toda a terra. Ele nasceu para anunciar o Evangelho e para ser testemunha do projeto de salvação que Deus quer oferecer aos homens.
Na perspectiva de Paulo, o “Evangelho” é a proposta libertadora de Deus, que se tornou viva e presente no mundo através da pessoa de Jesus Cristo, o Messias, e que se destina à salvação de todos. Não se trata de uma coleção de textos mortos; mas trata-se de uma proclamação viva, ativa, transformadora, capaz de gerar vida nova e liberdade plena naqueles que a escutam e a acolhem. Paulo sente que toda a sua vida está ao serviço desse projeto.

ATUALIZAÇÃO
Jesus Cristo veio ao mundo para apresentar um projeto de salvação; esse projeto é o caminho seguro para deixarmos cair as cadeias que nos oprimem e para chegarmos à vida plena que Deus nos quer oferecer.
♦Ser cristão é testemunhar essa proposta de vida nova e de liberdade.
Para Paulo, o anúncio do Evangelho é uma missão que Deus confia àqueles que elege e que deve ser cumprida com amor e com espírito de serviço.
                                               Fonte: Dehonianos
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Maria e José


Na 1aLeitura, ISAÍAS anuncia uma Virgem, que conceberá o "Deus conosco". Is 7,10-14)

O Rei Acaz confia mais no poder do exército dos assírios, do que na força e na proteção de Deus e sofre um estrondoso fracasso.
Apesar da infidelidade de Acaz, Isaías confirma a fidelidade de Deus e revela um sinal de esperança: "Uma Virgem conceberá e dará à luz um filho (Ezequias), e lhe porá o nome de EMANUEL, que quer dizer Deus-Conosco".

- O filho de Acaz, concebido de uma virgem, foi um bom rei, consolidou a dinastia de Davi e se tornou sinal da presença de Deus no meio do povo.   Mas criou-se a expectativa de um outro rei, um filho de Davi, que cumprisse plenamente a profecia e fosse realmente "Deus conosco".
- Desde o início da era cristã, os cristãos viram na figura dessa "virgem" a imagem de Maria, mãe de Jesus;  e no "Emanuel" o próprio Jesus, o verdadeiro "Deus-conosco".

A 2ª Leitura, Paulo lembra que Jesus é a boa-nova de Deus há tempos anunciada pelos profetas, nas Sagradas Escrituras, um judeu de nascimento, da família de Davi. (Rm 1,1-7)

No Evangelho, vemos a plena realização da promessa:
Jesus é o "Deus-conosco" que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de Salvação.
Ele nascerá de MARIA, esposa de um homem bom, justo e honrado chamado JOSÉ, descendente de Davi. (Mt 1,18-24)

A narrativa da situação de Maria e José não deve ser vista como uma descrição de fatos históricos, mas uma CATEQUESE sobre Jesus

- Jesus vem de Deus: sua origem é divina. Maria encontra-se grávida por obra do Espírito Santo.

- Missão de Jesus: o nome  "Jesus" significa "Javé salva". Ele mostra que vem de Deus com uma proposta de salvação.

- O seu Nascimento de uma "Virgem" afirma que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas, enviado por Deus para restaurar o reino de Davi.

- José desempenha um papel importante: Pela sua obediência silenciosa, realizam-se os Planos de Deus. Confiando na palavra de Deus, se incorpora, com plena disponibilidade, no plano salvador de Deus.

- A Virgem Maria nos convida a admirar o que o Senhor operou nela e a acreditar na vitória da vida onde nós só enxergamos sinais de morte.

* No Natal, Deus vem ao encontro dos homens para oferecer a Salvação. Esse encontro só será possível se tivermos o coração disponível para o acolher e para abraçar a sua proposta.

+ O Evangelho nos apresenta DOIS MODELOS de disponibilidade:

- MARIA está sempre atenta aos apelos de Deus e responde com um "sim" generoso de total disponibilidade... Esse "sim" torna possível a presença salvadora de Deus no mundo.

- JOSÉ é um homem a quem Deus envolve nos seus planos misteriosos, mas que tudo aceita, numa obediência total a Deus.

                                            Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, estamos nos aproximando do aniversário de Jesus, o dia do Natal. É evidente, que não é um aniversário igual a qualquer outro. Este aniversário, Natal, é carregado de significado. Ao celebrarmos o Natal do Senhor, celebramos a graça de Deus, que habita entre nós.  Para compreendermos melhor, é bom lembrar daquilo que o antigo Testamento nos apresenta. Ele diz que Deus está nas alturas. E, de fato, o próprio Pai Nosso vai nos falar isto: “Pai nosso que estais no Céu”. De fato também, nós vamos professar a nossa fé, onde nosso creio vai dizer: “Desceu do Céu e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem”. Na realidade, o ser humano no Antigo Testamento precisava se dirigir aos Céus para entrar em comunicação com Deus. Deus é o inatingível, aquele, que por mais que eu queira, não consigo tocar. De maneira, que sempre havia um distanciamento entre o ser humano e Deus. Natal é Deus que toma a iniciativa de vir ao ser humano. É graça de Deus. É Deus que volta o seu olhar para o ser humano. O Antigo Testamento no livro do Êxodo vai dizer: “Eu vi e eu ouvi e desci para salvar o meu povo”. É Deus que gratuitamente volta o seu olhar para a humanidade. Isto é graça. O profeta Miquéias vai dizer que isto acontecerá e Ele virá de Belém. Belém significa casa do pão. Ora, não é atoa, que Jesus vai tomar um pão, partir e dizer: “Tomai e comei. Isto é o meu corpo”. Jesus vai realizar esta profecia de Miquéias, trazendo para nós a Eucaristia. Na sua graça Ele, Deus, vai se tornar um de nós no Natal e vai permanecer conosco para sempre. Ao mesmo tempo que Celebramos sua volta para o Céu, na ascensão, celebramos sua presença no meio de nós. A graça de Deus chega ao máximo, no ápice, se esvaziando de si mesmo e se tornando homem. É o grande mistério de Deus.
Mistério não é o que eu não posso entender. Muita gente aprendeu assim e eu também na catequese: o que é Mistério? “Mistério é o que eu não posso entender”. Não é verdade. Mistério é aquilo que eu compreendo, mas não consigo compreender na sua totalidade. Toda vez, que eu voltar e procurar me aprofundar, vou descobrir algo novo, algo que eu nunca percebi. O mistério tem a ver com Deus. Tudo que vem de Deus, é muito grande para nossa compreensão. Não cabe na nossa cabeça a totalidade do que Deus nos transmite. Não por má vontade nossa, mas por limitação. Nós somos seres humanos e Deus não é um ser humano. É aí que começa o mistério. Se Ele não é ser humano, como é que vamos celebrar o seu nascimento? Ou então, algo mais complicado: como é que DEUS pode nascer de uma mulher? Ou pior ainda: como é que Deus pode Nascer, se Deus é eterno? Aí é que está. Então, este é um GRANDE MISTÉRIO, que nós vamos compreendendo, na medida em que podemos contemplar a fidelidade de Deus. Já o Antigo Testamento dizia:  “Eu vi e eu ouvi e desci para salvar o meu povo. Serei para ele um Pai e ele será para mim um filho”. Esta é a fidelidade de Deus, a Aliança de Deus. Deus decide adotar a humanidade como seus filhos e apresenta Davi como sendo SINAL de seus filhos. Nós sabemos, que Davi não serviu, de forma alguma, como exemplo de filho de Deus, mas eu digo por mim. Eu não tenho moral de criticar e julgar Davi. Talvez eu muito menos que Davi, sou digno de ser chamado filho de Deus. Davi se torna sinal de toda a humanidade, que Deus acolhe como sendo seus filhos, muito embora Deus não seja, muitas vezes, reconhecido como Pai.  Deus, na sua fidelidade, não vai medir esforços para que sua presença seja percebida, experimentada e vivida no dia a dia das pessoas. Deus quer ser, de fato, solidário. Ele quer ser o nosso ponto de apoio, onde podemos nos ancorar, nos amparar, para podermos ter coragem para podermos viver.

Como Ele faz para ser solidário? Primeiro, faz a experiência de ser criança. Como nós gostamos de criança! As crianças têm muitas etapas a serem conquistadas. As crianças têm muitos problemas para serem vencidos. A criança é incompreendida! A criança não é levada a sério! A criança tem de aprender tudo! Tudo! Alguém poderia dizer: é injusto Deus criar uma pessoa nesta condição! Então, Ele diz: Vou mostrar que ser criança é a maneira básica para poder CONFIAR NO PAI, o que é confiar no amor da mãe. Aí, Ele se submete a esta situação, mostrando que Ele vai confiar não somente no Pai que está no céu, mas também naquele que o acolheu como filho e vai também confiar na sua mãe.

Depois vem a fase da adolescência. O adolescente sofre demais! Ele quer ser tratado como adulto, mas lhe dizem: você não tem responsabilidade! Ele quer ainda ser agradado como criança e as pessoas dizem: você já é um adulto! É a situação onde vemos Jesus com doze anos de idade. Jesus é o Deus que experimenta a realidade do adolescente, onde sua mãe vem e lhe diz: você não deveria ter feito isto conosco! Ele poderia dizer: Eu sou Deus! Eu faço o que eu quiser! Mas, diz o texto que Ele lhes foi submisso. Crescia em Sabedoria e estatura diante  de Deus e dos homens. Vemos depois aquele jovem que se torna aventureiro. Deixa a casa e vai andar pelo mundo! Qual  mãe aceitaria que o filho deixando a casa e saindo para o mundo? Ainda com um bando que gente pobre! Ignorantes e sem dinheiro! “Não foi para isto que eu te criei!” “Eu espera tanto de você!” Aí vem Jesus mostrando esta realidade. Agora, o que é pior de tudo; Entre aqueles que escolheu como amigo, experimentar um traidor! Como é que Deus pode permitir que alguém possa trair os meus ou como Deus faz isto comigo? Depositei tanta confiança nos meus amigos! Ele mostra que estas limitações faz parte da vida. Por fim, Ele decide entregar sua vida por todos.
Se formos observar, este é um Deus tão solidário, que em qualquer situação de nossa vida, Ele se mostra fiel. Ele se mostra presente, próximo. Claro, é força de expressão: me diga um momento da vida de alguém, que Jesus não tivesse experimentado. Este é o grande mistério de Celebrar o Deus conosco. O nosso Deus não é distante, mas também não é alguém que coloco debaixo do braço. Ele está ali para eu pensar: Ele também viveu isto. Também Ele experimentou, também Ele enfrentou esta situação. A partir daí, poder pedir ajuda.
Podemos ver a atitude de Davi de duas maneiras. Primeiro: como posso ter uma boa casa e Deus nenhuma. É um gesto bonito da parte de Davi! Mas, ao mesmo tempo, podemos interpretar como alguém que sugere, que dá a entender, que Deus está dependendo dele. Muitas vezes isto acontece conosco também. Claro, que não vamos oferecer uma casa para Deus! Primeiro tenho que pensar e dinheiro. No tempo de Davi isto não era problema. Muitas vezes amamos a Deus, confiamos em Deus, mas eu é que tenho de dizer o que Ele deve fazer. Ele depende de mim para acertar, naquilo que eu preciso. Então, eu vou dizendo a Deus o que Ele  precisa fazer. É a mesma atitude de Davi. Entretanto, Deus responde de uma maneira belíssima! Você vai fazer uma casa para mim? Olha, eu pensei que o universo fosse meu. Ao mesmo tempo em que este Deus se apresenta como ser humano, Ele se mostra totalmente poderoso e pleno, onde Ele é o Senhor do Universo. Aqui está este mistério! Este é o grande mistério que nós agora entramos nesta semana Celebrando. Não dá para explicar como um Deus eterno e todo poderoso pode nascer, como não dá para explicar como o ser humano é deus, a não ser quando contemplamos o rosto de amor de Deus. O amor de Deus não é um sentimento, mas o amor de Deus é uma escolha. O amor de Deus não é algo de momento, mas é para sempre. Por isso, o  Amor de Deus se revela em tudo que é feito. Na criação, que todo dia ganha novo vigor e tudo aquilo que é feito para o próximo, a maneira como Deus trata a cada um de nós.  Se quisermos ser imagem e semelhança de Deus, somos chamados a amar, somos chamados a sermos fiéis a nossa missão, somos chamados a estabelecer uma aliança com Deus e com quem está ao nosso redor. Que possamos garantir a presença de Deus em nossa vida, sobretudo nestes dias que é o Natal.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Homilia do Padre Françoá Costa

Como o Evangelho da Infância segundo São Mateus é escrito desde a perspectiva de José – diferente de Lucas, escrito desde a perspectiva de Maria – vamos pensar hoje, na presença de Deus e à luz do texto evangélico, na figura desse grande homem, São José, no Tempo do Advento.
Uma das primeiras coisas que chama a nossa atenção na vida de José é o grande privilégio que ele teve: morar com Jesus e com Maria, cuidar deles, sustentá-los e ensinar-lhes muitas coisas. De fato, o nome “José” significa “Deus acrescentará”. E como acrescentou! Nós também pedimos a Deus que ele acrescente em nossas vidas a companhia de Jesus e de Maria, e de José. Nunca andemos sozinhos podendo estar tão bem acompanhados.
José é um homem justo (cfr. Mt 1, 19): convencido da inocência de Maria, ele sabe que não pode proceder ao rigoroso cumprimento da lei, que consistia em apedrejar os culpados (cfr. Dt 22,20ss). Maria não era culpada. Por outro lado, como proteger uma criança sob o próprio nome quando não se sabe quem é o pai? Se José fosse um legalista, não pensaria duas vezes: cumprimento da lei  tal qual. Mas S. José não ficou somente na letra da Lei. Desde a sua infância meditava a Lei de Deus e a tinha gravada no coração, tinha atingido o espírito da Lei e procurava conhecer realmente a vontade de Deus em cada circunstância concreta. A justiça de José não é “justiça de José”, mas de Deus. Essa justiça está, ademais, banhada pela prudência, pela bondade e por um grande desejo de conhecer e praticar a vontade de Deus, que é bom.
Grande privilégio de S. José: é ele quem dá nome e sobrenome a Jesus. O anjo já tinha dito a José que colocasse o nome de Jesus no menino que nasceria. Além do mais, José, fazendo tudo o que o anjo lhe disse, assumiu Jesus como seu filho adotivo e lhe deu também o sobrenome real: da casa de Davi. Por causa de José, Jesus pode ser chamado também “filho de Davi” e dessa maneira se cumpriu a promessa de que viria um Messias da casa de Davi.
Uma das varias virtudes de S. José foi a disponibilidade. O Espírito Santo deixou escrito que “despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado” ( Mt 1,24). Deus nos ajude a ser generosos, especialmente nesses últimos dias que faltam para que contemplemos, através da liturgia da Igreja, o nascimento do Senhor. Talvez, um dos aspectos que deveríamos pensar mais nesses dias que faltam para o Natal seja a disponibilidade do nosso tempo para Deus e para os demais. Quanto tempo nós dedicamos à oração? Jesus é uma pessoa. Daí a importância de marcar alguns horários para estar com ele. Pensemos juntos: se tivéssemos que encontrar-nos com um personagem importante – um homem de estado, por exemplo – estaríamos lá no local combinado não só pontualmente, mas talvez até uns minutinhos antes para não correr o perigo de perder o esperado encontro. Por que não usamos semelhante critério para com Deus? É preciso que tenhamos os nossos horários diários de oração e sejamos pontuais. Jesus está nos esperando! Não podemos ser descorteses com o personagem mais importante da história da humanidade e da nossa vida. Além desses horários fixos durante o dia para ler um pouco a Sagrada Escritura, para conversar com Deus meditando os mistérios da vida de Jesus Cristo, para rezar o terço, para participar da Santa Missa, para fazer uma visita a Jesus-Eucaristia, tenhamos presente durante todo o dia ao Deus uno e trino: basta o desejo de estar com o Senhor, uma pequena oração, uma elevação da mente às coisas divinas, pensar em Deus ao passar diante duma igreja, rezar mentalmente pelas pessoas que vamos encontrando pelas ruas, etc. Sejamos criativos à hora de buscar e viver a presença de Deus!
Somos generosos na nossa formação fazendo boas leituras e participando de palestras e conferências que nos ajudam a adquirir cultura católica? Ajudamos os demais a aproximarem-se Deus? Somos generosos no tempo que utilizamos para o apostolado, para a evangelização? Fora todo egoísmo! Dar coisas pode ser importante, mas o mais importante é que nos demos a nós mesmos num serviço alegre e generoso a Deus e, por amor a Deus, aos outros.
Pe. Françoá Costa
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Homilia do Mons. José Maria

No Quarto Domingo do Advento entra em cena Maria. Seu Filho é o Deus conosco e já se faz presente, ainda de modo velado, mas real, no seio da Virgem, que concebeu por obra do Espírito Santo (cf. Mt 1, 18 – 24).
Ao descrever a genealogia de Jesus, Mateus demonstra que é verdadeiro homem, filho de Davi, filho de Abraão; ao narrar o Seu nascimento de Maria Virgem, que foi mãe por virtude do Espírito Santo, afirma que é verdadeiro Deus; e, finalmente, ao citar o profeta Isaias, declara que Ele é o Salvador prometido pelos profetas, o Emanuel, o Deus conosco.
Nossa Senhora fomenta na alma a alegria, porque, quando procuramos a sua intimidade, leva-nos a Cristo. Ela é Mestra de esperança. Maria proclama que a chamarão bem-aventurada todas as gerações (Lc. 1, 18).
Dentro de poucos dias veremos Jesus reclinado numa manjedoura, o que é uma prova de misericórdia e do amor de Deus. Poderemos dizer: “Nesta noite de Natal, tudo para dentro de mim. Estar diante dele; não há nada mais do que Ele na branca imensidão. Não diz nada, mas está aí… Ele é o Deus amando-me. E se Deus se faz homem e me ama, como não procurá-Lo? Como perder a esperança de encontrá-Lo, se é Ele que me procura? Afastemos todo o possível desalento; as dificuldades exteriores e a nossa miséria pessoal não podem nada diante da alegria do Natal que se aproxima.
Faltam poucos dias para que vejamos no presépio Aquele que os profetas predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou estar próximo e depois mostrou presente entre os homens.
Desde o presépio de Belém até o momento da sua Ascensão aos céus, Jesus Cristo proclama uma mensagem de esperança. Ele é a garantia plena de que alcançaremos os bens prometidos. Olhamos para a gruta de Belém, em vigilante espera, e compreendemos que somente com Ele poderemos aproximar-nos confiadamente de Deus Pai.
Nas festas que celebramos por ocasião do Natal, lutemos com todas as nossas forças, agora e sempre, contra o desânimo na vida espiritual, o consumismo exagerado, e a preocupação quase exclusiva pelos bens materiais. Na medida em que o mundo se cansar da sua esperança cristã, a alternativa que lhe há de restar será o materialismo, do tipo que já conhecemos; isso e nada mais. Por isso, nenhuma nova palavra terá atrativo para nós se não nos devolver à gruta de Belém, para que ali possamos humilhar o nosso orgulho, aumentar a nossa caridade e dilatar o nosso sentimento de reverência com a visão de uma pureza deslumbrante.
O Espírito do Advento consiste em boa parte em vivermos unidos à Virgem Maria neste tempo em que Ela traz Jesus em seu seio.
A devoção a Nossa Senhora é a maior garantia de que não nos faltarão os meios necessários para alcançarmos a felicidade eterna a que fomos destinados. Maria é verdadeiramente “porto dos que naufragam, consolo do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos” (Santo Afonso M. de Ligório). Nestes dias que precedem o Natal e sempre, peçamos-Lhe a graça de saber permanecer, cheios de fé, à espera do seu Filho Jesus Cristo, o Messias anunciado pelos Profetas.
Mons. José Maria Pereira
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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa
Estamos às portas do Santo Natal. Eis o que vamos contemplar nos ritos, palavras e gestos da sagrada liturgia: o Verbo eterno do Pai, o Filho imenso, infinito, existente antes dos séculos, fez-se homem, fez-se criatura, fez-se pequeno e veio habitar entre nós. Sua vinda ao mundo salvou o mundo, elevou toda a natureza, toda a criação. A sua bendita Encarnação lavou o pecado do mundo e deu vida divina a todo o universo! Mas, atenção: este acontecimento imenso, fundamental para a humanidade e para toda a criação, a Palavra de Deus hoje nos diz que passou pela vida simples e humilde de um jovem carpinteiro e de uma pobre menina moça prometida em casamento numa aldeia perdida das montanhas da Galiléia. O Deus infinito dobrou-se, inclinou-se amorosamente sobre a pequena e pobre realidade humana para aí fazer irromper o seu plano de amor. Acompanhemos piedosamente o Evangelho deste Quarto Domingo do Advento.
São Mateus diz que a Mãe de Jesus “estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo”. As palavras usadas pelo Evangelista são simples, mas escondem uma realidade imensa, misteriosa, inaudita. Pensemos em José e Maria, ainda jovens. Eles certamente se amavam; como todo casal piedoso daquela época pensavam em ter filhos – os filhos eram considerados uma bênção de Deus. Mas, eis que antes de viverem juntos, a Virgem se acha grávida por obra do Espírito Santo! Deus entra silenciosamente na vida daquele casalzinho. Nós sabemos, pelo Evangelho de São Lucas, que Maria disse “sim”, que Maria acreditou, que Maria deixou que Deus fosse Deus em sua vida: “Eu sou a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38) De repente, eis que uma vida de família, que tinha tudo para ser pacata e serena, viu-se agitada por uma tempestade. Por um lado, a Virgem diz “sim” a Deus e, sem saber o que explicar ou como explicar ao noivo, cala-se, abandonando-se confiantemente nas mãos do Senhor. Por outro lado, José sabe que o aquele filho não é seu; não compreende como Maria poderia ter feito tal coisa com ele: ter-lhe-ia sido infiel? E, no entanto, não ousa difamar a noiva. Resolve deixá-la secretamente. Quanta dor, quanta dúvida, quanto silêncio: silêncio de Maria, que não tem o que dizer nem como explicar; silêncio de José que, na dor, não sabe o que perguntar à noiva; silêncio de Deus que, pacientemente, vai tecendo a sua história de salvação na nossa pobre história humana. E, então, como fizera antes com a Virgem, Deus agora dirige sua palavra a José: “José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados”. Atenção aos detalhes! O Anjo chama José de “filho de Davi”. É pelo humilde carpinteiro que Jesus será descendente de Davi. Se José dissesse “não”, Jesus não poderia ser o Messias, Filho de Davi! Note-se que é José quem deve dar o nome ao Menino, reconhecendo-o como seu filho. Note-se ainda o nome do Menino: Jesus, isto é, “o Senhor salva”! Deus, humildemente, revela seu plano a José e, depois de pedir o “sim” de Maria, suplica e espera o “sim” de José. E, como Maria, José crê, José se abre para Deus em sua vida, José mostra-se disposto a abandonar seus planos para abraçar os de Deus, José diz “sim”: “Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa!”
Eis! Adeus, para aquele casal, o sonho de uma vida tranqüila! Adeus filhos nascidos da união dos dois! Agora, iriam viver somente para aquele Presente que o Senhor lhes havia dado, para a Missão que lhes tinha confiado… O plano de Deus passa pela vida humilde daquele casal. Para que São Paulo pudesse dizer hoje na Epístola aos Romanos que é “apóstolo por vocação, escolhido para o Evangelho… que diz respeito ao Filho de Deus, descendente de Davi segundo a carne”, foi necessária a coragem generosa da Virgem Maria e o sim pobre e cheio de solicitude do jovem José. Para que a profecia de Isaías, que ouvimos na primeira leitura, fosse concretizada, foi necessário que aquele jovem casal enxergasse Deus e seu plano de amor nas vicissitudes de sua vida humilde e pobre!
Também conosco é assim! O Senhor está presente no mundo. Aquele que veio pela sua bendita Encarnação, nunca mais nos deixou. Na potência do seu Espírito Santo, ele se faz presente nos irmãos, nos acontecimentos, na sua Palavra e, sobretudo nos sacramentos. Sabemos reconhecê-lo? Abrimo-nos aos seus apelos? E na nossa vida? Essa vida miúda, como a de José e Maria, será que reconhecemos que ela é cheia da presença e dos apelos do Senhor? No Advento, a Igreja não se cansa de repetir o apelo de Isaías profeta: “Céus, deixai cair o orvalho; nuvens, chovei o Justo; abra-se a terra e brote a Salvador!” (Is 45,8). É interessante este apelo: a salvação choverá do céu, vem de Deus, é dom, é graça… mas, por outro lado, ela brota da terra, da terra deste mundo ferido e cansado, da terra da nossa vida.
Supliquemos à Virgem Maria e a São José que intercedam por nós, para que sejamos atentos em reconhecer o Senhor nas estradas de nossa existência e generosos em corresponder aos seus apelos, como o sagrado Casal de Nazaré. Assim fazendo e assim vivendo, experimentaremos aquilo que o Carpinteiro e sua santa Esposa experimentaram: a presença terna e suave de Jesus no dia-a-dia humilde de nossa vida.
Dom Henrique Soares da Costa






LOUVOR PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e Ministros extraordinários da Palavra):




LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):                                  Mt 1, 18-24
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- Pai, nós vos louvamos por realizar a promessa de nos enviar o Salvador, que é o Vosso Filho Jesus Cristo. Nós Vos agradecemos pela vossa bondade.
T: Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- Pai, damos graças pela esperança da ressurreição que nos é dada através de Vosso Filho. Que o Vosso nome seja louvado e honrado por todos os povos.
T: Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- Pai, hoje Paulo nos ensina que devemos ser testemunhas de vosso amor. Dai-nos coragem para sermos exemplos de perdão, amor e misericórdia.
T: Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- Pai, que sejamos amor na família e possamos dizer como Maria; “eis aqui a serva do Senhor”. Que sejamos como José que aceita cumprir o seu papel de pai acolhendo a todos como vossos filhos.
T: Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- Pai, através de nosso batismo, somos vossos filhos. Que o Espírito Santo nos transforme para que possamos espelhar tão grande amor.
T: Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- PAI NOSSO...   A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO...






IV Domingo do Advento - A vela dos anjos: o amor. (vela branca)

As três primeiras velas já devem estar acesas na Coroa.
Segue-se tudo normal até a saudação inicial feita pelo presidente da
celebração: A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo...... Antes do Ato
penitencial segue-se o rito para acender a quarta vela


Animador: Hoje celebramos o quarto Domingo do Advento, preparação próxima para o Santo Natal. Maria é figura central nesta preparação. Ela, grávida de Deus, está para dar à luz o Amor que ela havia acolhido no seu seio por obra do Espírito Santo no anúncio do anjo. Ela representa toda a humanidade chamada a conceber e dar à luz Jesus Cristo, o Filho de Deus. Vamos acender a Quarta vela, a vela dos anjos, que trouxeram a notícia de que Deus quer bem a todos os seres humanos e vem a eles no seu imenso amor.

(Alguém entra com uma vela acesa e acende a vela branca da Coroa do Advento. Nesse momento pode-se cantar um canto que fale de esperança ou apenas dedilhar o violão ou o teclado).

Oração
Pres. Ó Deus, vós sois o amor, fonte de vida e da felicidade.
Por amor enviastes o vosso Filho Jesus Cristo ao mundo.
Enviai a vossa luz aos nossos corações.
Fazei que preparemos os nossos corações para acolher o Menino Deus que nasce, para que assim possamos estar preparados no grande dia da vossa vinda. Nós vos pedimos que na caminhada de nossa vida possamos estar sempre atentos para acolher as mensagens dos vossos anjos e tornar-nos mensageiros do vosso amor. Ajudai-nos a transformar toda a nossa vida em amor a vós e a nossos irmãos e irmãs. Também vos pedimos por todos os homens e mulheres que vivem longe do vosso amor, pelas crianças, pelos enfermos, pelos infelizes, para que no vosso amor encontrem força e conforto. Nós vo-lo pedimos pelo vosso Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Amor manifestado ao mundo, na força do Espírito Santo.
T. Amém.



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