3º DOMINGO DO ADVENTO
Tema: “Ficai firmes até à vinda do Senhor.” A liturgia Diz-nos: “alegrai-vos, pois a libertação está chegando”.
Primeira leitura: anuncia
a chegada de Deus, para dar vida nova ao seu Povo e libertá-lo.
Evangelho:
O Messias é aquele que dá vista aos cegos, os coxos
recuperem o movimento, cura os leprosos, faz com que os surdos
ouçam, ressuscita os mortos, anuncia que o “Reino” da justiça e da
paz chegou. É vida nova e de esperança que Jesus nos vai oferecer.
Segunda leitura: convida-nos a não
deixar que o desespero nos envolva enquanto esperamos a vinda do Senhor;
tenhamos paciência e confiança.
PRIMEIRA
LEITURA (Is 35, 1-6a.10) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte
a solidão e floresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e louvores.
Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus
habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus. Fortalecei as
mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas
deprimidas: “Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança
que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar”. Então se
abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo
saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos. Os que o Senhor salvou,
voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria
brilhando em seus rostos: cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a
dor e o pranto.
AMBIENTE - Isaías descreve a transformação do
deserto sírio, pelo qual vão passar os israelitas que retornam do Exílio. O
profeta consola os exilados, desanimados e frustrados.
MENSAGEM - É um “hino de alegria”, que traz esperança aos exilados. Deus
vai intervir na história salvando Judá do cativeiro, para que o seu Povo possa
regressar em triunfo a Sião. O deserto é convidado a revestir-se de vida abundante.
A natureza manifestará a sua alegria pela intervenção de Jahwéh para salvar e
libertar o seu Povo. Os exilados devem unir-se à natureza nessa corrente de
alegria e de vida nova, pois a libertação chegou. O resultado será que os olhos
dos cegos se abrirão e se desimpedirão os ouvidos dos surdos… O coxo saltará
como a corsa; o mudo cantará de alegria. A ação de Deus é transformadora e
geradora de vida nova em
abundância. Será , um
novo êxodo, onde se repetirão as maravilhas operadas pelo Deus libertador; no
entanto, este segundo êxodo será ainda mais grandioso. Será uma caminhada
festiva, uma procissão solene. O resultado final será a eterna felicidade, a
alegria sem fim.
ATUALIZAÇÃO ♦ Para os otimistas, o nosso tempo é um
tempo de grandes realizações e descobertas; para os pessimistas, o nosso tempo
é um tempo de sobreaquecimento do planeta, de risco de holocausto nuclear… Para
uns e para outros, é um tempo de desafios e de risco. E para nós? É tempo de
esperança ou de desespero?
♦ “Deus aí está”: a sua
intervenção faz com que o deserto se revista de vida e do desespero brote a
flor da esperança. É com Deus que caminhamos para a vida eterna e feliz.
♦ Ele só virá, se eu estiver
disposto a acolhê-lo com a sua proposta.
♦ O profeta olha para o futuro com os olhos de Deus e vê um novo
amanhã. Ele vai gritar a esperança, fazer com que o desespero se transforme em
alegria fazendo nascer uma luta por um mundo melhor.
SALMO
RESPONSORIAL 145 (146)
Vinde, Senhor, para
salvar o vosso povo!
• O Senhor é fiel para sempre, / faz justiça aos que são oprimidos; /
ele dá alimento aos famintos, / é o Senhor quem liberta os cativos.
• O Senhor abre os olhos aos cegos, / o Senhor faz erguer-se o caído, /
o Senhor ama aquele que é justo,/ é o Senhor que protege o estrangeiro.
• Ele ampara a viúva e o órfão, / mas confunde os caminhos dos maus. /
O Senhor reinará para sempre!/ Ó Sião, o teu Deus reinará.
EVANGELHO (Mt 11,2-11) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, João estava na prisão. Quando ouviu falar
das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos, para lhe perguntarem: “És tu
aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?” Jesus respondeu-lhes: “Ide
contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os
paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos
ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza
por causa de mim!” Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às
multidões, sobre João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo
vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem
roupas finas estão nos palácios dos reis. Então, o que fostes ver? Um profeta?
Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. É dele que está
escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu
caminho diante de ti’. Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram,
nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é
maior do que ele”.
AMBIENTE - João esperava um Messias que viesse lançar fogo à terra, castigar os maus e os pecadores, dar início ao “juízo de Deus”; e, ao contrário, Jesus aproximou-Se dos pecadores, dos marginais, dos impuros, estendeu lhes a mão, mostrou-lhes o amor de Deus, ofereceu-lhes a salvação. João e os seus discípulos estão desconcertados: É provável que Mateus, ao fazer esta apresentação, queira dirigir se aos discípulos de João que ainda continuavam ativos na época em que o Evangelho foi escrito, no sentido de que eles adiram à proposta de Jesus.
MENSAGEM: 1 Jesus responde
à pergunta de João e dá a entender que Ele é o Messias;
2 A apreciação que Jesus faz da figura e da ação profética de João.
Jesus tem consciência de ser o
Messias. Jesus recorre às citações de Isaías que definem a ação do Messias
enviado de Deus: dar vida aos mortos, curar os surdos, dar vista aos cegos, dar
movimentos aos coxos, anunciar a Boa Nova aos pobres. Se realizou estas obras,
é porque Ele é o Messias, enviado por Deus para libertar os homens e para lhes
trazer o “Reino”. A sua mensagem e gestos contêm a proposta libertadora que
Deus faz aos homens.
Na segunda parte, utiliza um recurso
retórico: uma série de perguntas que convidam os ouvintes a dar uma resposta
concreta. A resposta às duas primeiras questões é, evidentemente, negativa:
João não é um pregador oportunista cuja mensagem segue as modas, nem um
elegante convencido que vive no luxo. A resposta à terceira é positiva: João é
um profeta e mais do que um profeta: é o precursor do Messias; é “Elias”,
aquele que tinha de vir antes, a fim de preparar o caminho para o Messias (cf.
Mal 3,23-24)… No entanto, aqueles que entraram no “Reino” através do seguimento
de Jesus são mais do que Ele.
ATUALIZAÇÃO ♦ Neste tempo de espera, com a certeza de que
Deus não nos abandonou, mas continua a vir ao nosso encontro e a oferecer-nos a
salvação.
♦ Os “sinais” que Jesus realizou, continua a acontecer na história;
agora, são os discípulos de que continuam a sua missão libertadora de Deus. Os
que vivem amarrados na doença encontram em nós um sinal vivo do Cristo
libertador. Os “surdos”, sem comunicação e sem diálogo, encontram em nós a
Palavra viva de Deus para a comunhão e para o amor. Os “cegos”, do egoísmo ou
da violência, encontram em nós o caminho para à luz. Os “coxos”, privados
liberdade, encontram em nós a Boa Nova da liberdade. Os “pobres”,
marginalizados, sem voz nem dignidade, sentem em nós o amor de Deus?
♦ João não é um pregador da
moda, cujas ideias variam conforme a opinião pública ou os interesses dos
poderosos; nem é um charlatão bem vestido, que prega para ganhar dinheiro, ou para ter uma vida cômoda. Mas é um
profeta, que recebeu de Deus uma missão e que procura cumpri-la, com fidelidade
e sem medo.
♦ A “dúvida” de João é sinal de honestidade. Devemos ter mais medo
daqueles que têm certezas inamovíveis, do que daqueles que procuram as
respostas. Sou um fundamentalista, que nunca se engana, ou ouço os irmãos, e
que procura, com eles, descobrir o caminho?
SEGUNDA
LEITURA (Tg 5,7-10) Leitura da Carta de São
Tiago.
Irmãos, ficai firmes até à vinda do Senhor. Vede o
agricultor: ele espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva
do outono ou da primavera. Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos
corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns
aos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está às portas.
Irmãos, tomai por modelo de sofrimento e firmeza os profetas, que falaram em
nome do Senhor.
AMBIENTE - A carta exorta a todos a que não percam os valores cristãos,
sublinhando a importância das obras. O nosso texto apresenta indicações
destinadas a favorecer uma vida cristã autêntica.
MENSAGEM - O autor da carta dirige-se aos pobres e convida-os a esperar com
paciência a vinda do Senhor (como o agricultor). A questão é esta: os pobres
vivem numa situação intolerável de exploração e de injustiça, devem confiar no
Senhor e não embarcar no mesmo esquema injusto e violento dos opressores… O
acento é posto na esperança que deve alumiar o coração de quem sofre: a
libertação está a chegar.
ATUALIZAÇÃO:
♦ Tiago diz: “apesar do
sofrimento, Deus não vos abandonou nem esqueceu, mas vai libertar-vos.
Esperai-O com esperança e confiança”.
♦ Deus não pode chegar ao
coração dominado pelo ódio, rancor e pelo desejo de vingança.
♦ Nós, Igreja de Jesus, temos de anunciar o projeto libertador de
Deus aos oprimidos e não deixar que a luz da esperança se apague… A salvação
chega ao mundo através do nosso testemunho.
Dehonianos
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+ A Liturgia de hoje é um convite forte à
alegria:
O mundo vive carente de alegria. A depressão tornou-se a
doença dos tempos modernos.
Muitos, na ânsia de ter alegria, agarram-se a momentos
fugazes de prazer.
A Boa Nova trazida no Natal é mensagem de alegria... Gabriel
na anunciação “Alegra-te, cheia de graça...
Isabel na visitação E o Batista saltará
de alegria no seio de Isabel, ante a proximidade do Messias.... Maria no
Magnificat... Os Anjos aos pastores... A alegria é ter Jesus, a tristeza é perdê-lo.
O cristão deve ser um homem alegre. É a alegria
de Cristo, que traz a justiça e a paz, e que só Ele pode dar e conservar,
porque o mundo não possui o seu segredo.
A alegria do mundo é pobre e passageira. A
alegria do cristão é profunda e capaz de subsistir no meio das dificuldades. É
compatível com a dor, com a doença, com o fracasso e as contradições. “Eu vos
darei uma alegria que ninguém vos poderá tirar” (Jo 16, 22), prometeu o Senhor.
O profeta Isaías (35, 1-10) convida o povo a
alegrar-se com a vinda do Senhor: “Alegre-se a Terra que era deserta e
intransitável…” (Is 35, 1). “Dizei às pessoas deprimidas: criai ânimo, não
tenhais medo! Vede, é vosso Deus; é Ele que vem para vos salvar” (Is 35, 3-4).
Ele virá para lhes infundir coragem, para amparar os fracos, para curar as feridas
do pecado e dar a todos a salvação.
Intensifiquemos a nossa oração! E aí
encontraremos a fonte da alegria.
A tristeza nasce do egoísmo. Quem anda
excessivamente preocupado consigo próprio dificilmente encontrará a alegria da
abertura para Deus e para os outros. Em contrapartida, com o cumprimento alegre
dos nossos deveres, podemos fazer muito bem à nossa volta, pois essa alegria
leva a Deus.
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Alegrai-vos no Senhor
O mundo vive carente de alegria.
Na exortação apostólica "A ALEGRIA DO EVANGELHO",
o Papa Francisco nos lembra que "a alegria do Evangelho enche o
coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus.
Os que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado,
da tristeza, do vazio interior, do isolamento.
Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria". (Francisco)
As Leituras bíblicas são um convite muito forte para a
ALEGRIA, porque o Senhor, que esperamos, já está conosco e com ele preparamos o
Advento do seu Reino.
Por isso, o 3º domingo do Advento é chamado "Domingo
da alegria".
A 1ª Leitura
é um Hino à ALEGRIA. (Is 35,1-6a.10)
O profeta deseja despertar e fortalecer a esperança dos
exilados.
O povo atravessava um dos piores períodos de sua história:
Jerusalém e o templo destruídos, o povo deportado na
Babilônia.
Mesmo assim, o profeta prevê a ALEGRIA dos tempos messiânicos: fala do deserto que vai florir, da
tristeza que vai dar lugar à alegria, Ele libertará os cegos, os coxos, os
mudos de suas doenças...
* São SINAIS que indicam a chegada de um mundo novo, onde
não haverá mais lugar para a doença, a dor e o pranto..
Na 2ª
Leitura, Tiago convida à espera com PACIÊNCIA. (Tg 5,7-10)
No Evangelho, Jesus mostra que o mundo novo anunciado pelo
Profeta já chegou.
O texto tem 3 partes: (Mt
11,2-11)
1. A PERGUNTA de João Batista:
João Batista estava preso... por Herodes... por reprovar o
seu comportamento...
No cárcere, ouve falar das obras de Cristo, tão diferente do
que se esperava:
Ele anunciara um juiz severo que castigaria os pecadores...
Ao invés, defronta-se com alguém que se aproxima dos
pecadores.
Perplexo, envia a Jesus dois discípulos com uma pergunta bem
concreta:
"És tu aquele que há de vir, ou devemos
esperar por outro"?
2. A
RESPOSTA de Jesus:
Jesus responde apontando seis sinais concretos de
libertação, já anunciados por Isaías há muito tempo:
"Ide contar a João o que estais ouvindo
e vendo:
cegos... paralíticos... leprosos...
surdos... mortos... pobres evangelizados..."
E acrescenta: "Feliz
quem não se escandalizar de mim..."
* Jesus mostra a João que as suas obras comprovam a era
messiânica, mas sob a forma de atos de
salvação, não de violência e castigo.
3. O
TESTEMUNHO de Jesus sobre João:
- João Batista não é um CANIÇO que verga conforme o
vento: não é um pregador oportunista que
se adapta conforme a situação.
- Não é um CORRUPTO que vive na fortuna e no luxo...
- É muito mais que um PROFETA... "É o maior
dos nascidos de mulher".
= Mas, com surpresa, acrescenta: "No entanto, o menor no
Reino dos céus é maior do que ele".
* Os que já pertencem ao Reino transcendem àqueles que o
precederam e prepararam.
Declaração
implícita da superioridade do Novo sobre o Antigo Testamento; da Igreja sobre a
Sinagoga; da Lei de Cristo sobre a Lei de Moisés.
+ A Ação libertadora de Deus deve continuar na História através de gestos concretos dos seguidores de
Cristo.
A resposta de Jesus a João Batista foi clara: "Ide
contar a João o que estais OUVINDO e VENDO..."
Pelos "sinais", que podiam ver e ouvir, Jesus
comprovava a presença salvadora e libertadora de Deus no meio dos homens.
Para perpetuar no mundo a ação salvadora e libertadora de
Deus, os "Sinais", que Jesus realizava então, devem continuar
acontecendo agora, através dos seus seguidores.
- Em nossa vida e nossas comunidades há gestos de salvação e
libertação que são sinais que o Reino de Deus já chegou?
- Os "surdos",
fechados num mundo sem comunicação e sem diálogo, encontram em nós a Palavra
viva de Deus
que os desperta para a comunhão e para o amor?
- Os "cegos",
encerrados nas trevas do egoísmo ou da violência, encontram em nós o desafio
que Deus lhes apresenta de abrir os olhos à luz?
- Os "coxos",
privados de movimento e de liberdade, escondidos atrás das grades em que a
sociedade os encerra,
encontram em nós a Boa Nova da liberdade?
- Os "pobres",
sem voz nem dignidade, sentem em nós o amor de Deus?
* O que significa
hoje recuperar a vista aos cegos, a capacidade de andar aos coxos, a audição
aos surdos, a ressurreição aos mortos?
+ A Liturgia de hoje é um convite forte à
alegria:
"Alegrai-vos sempre no Senhor, de novo
vos digo: alegrai-vos: o Senhor está
perto". (Ant. de Entrada)
A Boa Nova trazida no Natal é mensagem de alegria... Gabriel
na anunciação... Isabel na visitação... Maria no Magnificat... os Anjos aos
pastores...
A ALEGRIA é uma
característica de nossas Comunidades?
Somos semeadores de
alegria ou motivo de dor e tristeza?
Pe.
Antônio Geraldo
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Pe. Paulo refletindo a Palavra
No
Advento a Palavra se faz Carne e vem habitar no meio de nós. É o domingo da
alegria. No entanto, o Evangelho não parece origem de tanta alegria. Ele fala
de uma decepção. A pessoa decepcionada é João Batista. É o grande profeta que
Batizou Jesus, mas agora ele foi aprisionado por Herodes na prisão de “Maqueronte”.
João Batista tinha pregado com toda clareza a vinda do Messias. O Messias, como
está abundantemente atestado no Antigo Testamento: um messias que viria na
GLÓRIA. Onde encontramos como na figura do Filho do Homem em Daniel, que vem
glorioso sobre as nuvens e vem para JULGAR, conforme o capítulo 66 de Isaías.
Se formos
olhar o capítulo 66 de Isaías e a pregação de João Batista, no início do
Evangelho de Mateus, capítulo 3, iremos ver que são pregações paralelas. João
Batista anuncia exatamente o que o profeta Isaías anunciou no capítulo 66: O
Filho do Homem, o Messias, vem para julgar e vem com uma pá na mão para limpar
sua eira e vem com fogo para queimar a palha. Então, trata-se de um Messias
glorioso e juiz. O problema é que João Batista ouviu falar da atuação de Jesus
e a forma como Jesus se comportava, não batia, absolutamente. Não estava em
sintonia com esta descrição, que João Batista estava esperando. Por isso, a
pergunta que João Batista faz, é toda pertinente: “És tu o Messias ou devemos
esperar um outro”?
A
palavra: “aquele que há de vir” em grego é “her
rômenos”. Esta palavra, her rômenos, martela
constantemente no apocalipse de São João, que fala na segunda vinda gloriosa de
Jesus, que virá no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos. É
importante nós entendermos aqui: não é que João Batista errou, que começou a
pregar um Messias que não era Jesus, como se João Batista tivesse se equivocado
na interpretação das Escrituras e tivesse apresentado um falso Messias. Alguns
pregadores fazem este tipo de contraposição: eles dizem: “João Batista estava ligado no Antigo
Testamente e só via um Messias justiceiro”, “ mas Jesus quando se manifesta se
manifesta como um Deus misericordioso”. Esta visão não é exata. Para sermos
mais corretos, nós temos que ver, que a confusão de João Batista está no fato
de que ele não sabe da novidade que Jesus veio trazer. Qual novidade? O fato do
Messias previsto, no Antigo Testamento, não terá uma única vinda, mas terá duas
vindas. Ou seja, são duas vindas diferentes. Uma na humildade, na misericórdia,
para anunciar um tempo de misericórdia e compaixão e uma outra, na glória, para
julgar. Não é que João Batista está anunciando um messias do passado, que
sintoniza com a visão do Antigo Testamento, ultrapassado. Não. É que João
Batista começou a anunciar o julgamento antes do tempo, por assim dizer. Ou
seja, João Batista está adiantado no cronograma. Ele está anunciando o Messias
na sua vinda gloriosa de juiz, mas esta vinda gloriosa de juiz será no último
dia, ou seja, no fim dos tempos, conforme o próprio São Mateus irá nos
descrever no capítulo 25, Jesus como o juiz, que vem para julgar as pessoas. Então,
não se trata de negar aquilo que João Batista pregou, mas trata-se de adiarmos,
colocarmos um freio. João Batista está correto: o Messias virá glorioso, virá
para julgar, mas ainda não. Ou seja, estamos vivendo ainda a primeira vinda,
que é na humildade e na misericórdia. Para provar, que de fato, é aquele que há
de vir, ou seja, o “her rômenos”, Jesus
recorda a João Batista, que não existe apenas o capítulo 66 de Isaías, que fala
do Messias que vem para Julgar, mas existe também o capítulo 35 do Deutero
Isaías, que é exatamente a nossa primeira Leitura de hoje, que fala do consolo
que vem de Deus. Por que? Porque os sinais do Messias são estes: Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os
ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos
mudos. Os que o Senhor salvou, voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando
louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos: cheios de gozo e
contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto. Esta
profecia de Isaías nos mostra que o Messias, ao vir, vem com estes sinais,
sinais de alegria para um povo que saíra de um cativeiro da Babilônia, encontra
no Messias a sua liberdade de um povo de Deus.
Jesus
está lembrando a João, que havia também este aspecto, que ele não está se
lembrando.
Até aqui
tudo bem, é uma bela explicação exegética. Mas, pensemos bem, nos colocando no
lugar de João Batista, para entendermos com profundidade este Evangelho. João
Batista está preso na fortaleza de “Maqueronte”, debaixo do querer de um rei
esquizofrênico, um rei que tem medo de João, mas gosta de ouvi-lo, um rei que
parece gostar das coisas de Deus, mas não quer mudar de vida, João Batista, que
tinha pregado claramente a vinda de Deus que viria fazer justiça, poderia estar
tranquilo esperando esta libertação, ou seja, João Batista está num drama
existencial. Ele se sente apodrecendo na prisão, ele esperava que Jesus viesse
fazer justiça, mas a justiça não vem e Contam-lhe o quanto Jesus é manso e humilde.
João Batista começa a ter, podemos dizer, uma experiência de noite escura. Ele,
que tanto se entregou ao serviço da Palavra de Deus, agora só escuta o
silêncio. Deus parece se esconder, se retrair e negar todo tipo de consolação.
João Batista está cheio de dúvidas; será que preguei errado? Será que coloquei
a minha esperança onde não deveria? Será que construí minha casa sobre areias e
não na rocha? É aí, que Jesus responde a este drama existencial de João
Batista, para lhe dar ALEGRIA. A situação de João Batista é uma situação
idêntica a do povo exilado no Antigo Testamento. O profeta Isaías, quando o
povo estava exilado na Babilônia, o Deutero Isaías, começa a consolar o povo.
Consolando o povo, dá uma alegria que vem da esperança. A esperança, que é uma
das virtudes que mais devemos cultivar neste tempo de advento. Sem a esperança
esta vida se torna uma realidade obscura. Santo Agostinho dizia: “Esta vida sem
esperança é como a superfície de um lago num dia de nuvens escuras. A
superfície do lago só refrete o cinzento e o lago parece feito de metal, de um
cinza triste, sem esperança. Mas, se temos esperança, a nossa vida é como o
mesmo lago num dia ensolarado. Ou seja, a superfície refrete as cores das
árvores, do céu azul, das nuvens brancas. A superfície do lago torna-se um
festival caleidoscópico, cheio de alegria e felicidade”. Então, a esperança tem
este poder de transformar a nossa vida e transformar completamente a visão que
temos da vida. O mesmo lago pode espelhar a tristeza, o cinza ou a alegria e
beleza da criação. João Batista ao receber a mensagem dos discípulos que
enviara, está recebendo a esperança. Está nascendo, ali, a verdadeira esperança
cristã. Jesus está dizendo a João Batista o que o Deutero Isaías disse ao povo
exilado na Babilônia: “Eu sei que você está exilado nesta prisão, mas erga sua
cabeça; virá a salvação. Não da forma que você espera, mas virá. Criai ânimo e
não tenhais medo. Deus vem para salvar”. Jesus, começa, nos seus milagres, a
dar seus sinais de que Ele é o Salvador. É um salvador diferente. O que João
Batista precisa aprender é que se fazendo pequenino na cruz que Deus irá nos
salvar. Esta é a novidade.
João
Batista é um grande profeta. O próprio Jesus disse: “de todos os nascidos,
nenhum é maior que João Batista. No
entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”. Quem é o menor? É o
próprio Jesus. Jesus se fez ínfimo na manjedoura, ínfimo na cruz.
Jesus
está mostrando, que na sua primeira vinda, na sua humildade, existe ali um
reino glorioso, porém escondido. Esta vitória de Deus na manjedoura e na cruz,
deveria trazer ESPERANÇA para todos. João Batista e nós temos que aprender a
verdade, que São Pedro nos ensina em sua carta: “A demora de Deus, a paciência
de Deus é fonte de salvação para nós”. Se estamos vivendo num mundo de miséria,
de injustiça que desanimam, se Deus viesse logo, com a pá e com o fogo para
limpar a sua eira, poucos se salvariam. Deus nos dá uma esperança, chamada
misericórdia. Estamos no tempo da MISERICÓRDIA. A demora de Deus em fazer
justiça deve ser considerada por nós como fonte de salvação. Se formos ficar
clamando por justiça, a justiça virá. Mas virá não só contra os nossos
adversários e inimigos que nos oprimem, mas virá também para nós. Muitos clamam
por justiça, mas se esquecem de que a justiça virá para todos. A demora de Deus
em fazer justiça é fonte de esperança e de alegria. Se Ele não está fazendo
justiça contra os ímpios é porque está no tempo da MISERICÓRDIA.
Jesus
disse a Santa Faustina, que Ele terá a eternidade inteira para fazer justiça.
Agora é tempo da misericórdia. É tempo de aproveitarmos esta misericórdia de
Deus.
Nos
acontecimentos trágicos que vivemos, em grandes dificuldades, muitas vezes
parece-nos que combatemos um combate inócuo, inútil. Como se tivéssemos
tentando impedir o desmoronamento de um dique de uma represa e a água começa a
vazar por todos os lados, nós que estamos batalhando lá no congresso nacional
visando a lei da mordaça gay, trabalhando contra um plano nacional de educação,
que abraça a ideologia de gênero, batalhando contra um código penal, que aprove
o aborto, nós que estamos nesta luta, nos sentimos um tanto desanimados.
Desanimados porque o inimigo parece mais astuto e Deus parece que não está com
vontade de fazer justiça e só nós que vamos recebendo as bordoadas.
Mas, o
Advento nos lembra duas coisas: Primeiro, a ESPERANÇA. Esperança do Deus, que
na sua misericórdia, pode discretamente, como pequenino que Ele é e que nós
deveríamos ser, pode fazer uma grande diferença, pode mudar o ruma da história,
como de fato aquela pequena criança nascida em Belém mudou de fato toda a
história.
A segunda
coisa que o Advento nos ensina e que podemos fazer grandes coisas com nossa
pequenez. Com nossas pequenas obras e até mesmo sofrimentos, podemos completar
a grande obra que falta em Cristo, como nos diz São Paulo. Por isso, ALEGRIA. Alegria por sermos chamados a
amar. Este duelo entre a vida e a morte, bem sabemos que a vida vencerá. Nós
não estamos perguntando quem irá vencer. Deus irá vencer. A pergunta é: de que
lado nos estaremos quando Deus vencer. Por isso, com alegria trabalhemos cheios
de esperança.
Neste
domingo todos nós somos João Batista preso e desesperançados em “Maqueronte”.
Recebamos a Boa Notícia, o Evangelho de Cristo, de que Ele vem, mas ainda não
para julgar, mas para nos trazer misericórdia e felicidade. É o TEMPO DA
MISERICÓRDIA e há tempo para nos entregarmos a esta misericórdia. É tempo de
alegria, pois a libertação está próxima.
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Homilia do Mons.
José Maria - A Fonte da Felicidade
Alegremo-nos todos no Senhor, pois Ele está
próximo! O Advento nos pede uma preparação digna, plena de motivações, para
esse acontecimento tão significativo. A Palavra de Deus exorta-nos a expressar
nossa alegria, pois o Senhor está para chegar! “Alegra-te, cheia de graça, porque o Senhor está contigo” (Lc 1, 28),
diz o Anjo a Maria. A causa da alegria na Virgem é a proximidade de Deus.
E o Batista, ainda não nascido, saltará
de alegria no seio de Isabel, ante a proximidade do Messias. A alegria é ter Jesus, a tristeza é
perdê-lo.
Podemos
estar alegres se o Senhor estiver verdadeiramente presente na nossa vida,
se não O tivermos perdido, se não tivermos os olhos turvados pela tibieza ou
pela falta de generosidade. Quando, para encontrar a felicidade, se
experimentam outros caminhos fora dAquele que leva a Deus, no fim só se acha
infelicidade e tristeza. A experiência de todos os que, de uma forma ou de
outra, voltaram o rosto para outro lado (onde Deus não estava), foi sempre a
mesma: verificaram que fora de Deus não há alegria verdadeira. Encontrar
Cristo, ou tornar a encontrá-Lo, é fonte de uma alegria profunda e sempre nova.
O cristão
deve ser um homem essencialmente alegre. Mas a sua alegria não é uma
alegria qualquer, é a alegria de Cristo,
que traz a justiça e a paz, e que só Ele pode dar e conservar, porque o mundo
não possui o seu segredo.
A alegria do mundo procede de coisas
exteriores: nasce precisamente quando o homem consegue escapar de si próprio,
quando olha para fora, quando consegue desviar o olhar de seu mundo interior,
que produz solidão porque é olhar para o vazio. O cristão leva a alegria dentro
de si, porque encontra a Deus na sua alma em graça. Esta é a fonte
da sua alegria. A alegria do mundo é
pobre e passageira. A alegria do cristão é profunda e capaz de subsistir no
meio das dificuldades. É compatível
com a dor, com a doença, com o fracasso e as contradições. “Eu vos darei uma
alegria que ninguém vos poderá tirar” (Jo 16, 22), prometeu o Senhor.
A nossa alegria deve ter um fundamento sólido.
Não se pode apoiar exclusivamente em coisas passageiras: notícias agradáveis,
saúde, tranqüilidade, situação econômica boa, etc., coisas que em si são boas
se não estiverem desligadas de Deus, mas que por si mesmas são insuficientes
para nos proporcionarem a verdadeira alegria.
O profeta
Isaías (35, 1-10) convida o povo a alegrar-se com a vinda do Senhor: “Alegre-se
a Terra que era deserta e intransitável…” (Is 35, 1). “Dizei às pessoas deprimidas: criai ânimo, não tenhais
medo! Vede, é vosso Deus; é Ele que vem para vos salvar” (Is 35, 3-4).
Estas palavras de Isaías, proclamadas para confortar os desterrados de Israel,
podem muito bem aplicar-se a todos os homens que, ansiosos de conversão mais
profunda a Deus, se sentem incapazes de se libertarem do pecado, da
mediocridade e das vaidades terrenas; e anima-nos a confiar no Salvador. Ele virá para lhes infundir coragem, para
amparar os fracos, para curar as feridas do pecado e dar a todos a salvação.
Dentro de pouco tempo, de muito pouco, Aquele que vem, chegará e não tardará, e
com Ele chegarão a paz e a alegria; em Jesus encontraremos o sentido da nossa
vida.
Intensifiquemos
a nossa oração! Será necessário que nos dirijamos ao Senhor num diálogo
íntimo e profundo diante do Sacrário, e
que lhe abramos a nossa alma com toda a confiança. E aí encontraremos a fonte
da alegria.
Uma alma triste está à mercê de muitas tentações.
Quantos pecados se têm cometido à sombra da tristeza! Por outro lado, quando a
alma está alegre, abre-se e é estímulo para os outros; quando está triste,
obscurece o ambiente e faz mal aos que têm à sua volta.
A tristeza
nasce do egoísmo, de pensarmos em nós mesmos, esquecendo os outros. Quem anda
excessivamente preocupado consigo próprio dificilmente encontrará a alegria da
abertura para Deus e para os outros. Em contrapartida, com o cumprimento alegre
dos nossos deveres, podemos fazer muito bem à nossa volta, pois essa alegria
leva a Deus.
A Boa Nova trazida no Natal é mensagem da
alegria…
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Homilia I - D. Henrique
Soares:
Este terceiro domingo do Advento tem
um tema predominante: a alegria provocada pela vinda do Senhor. Por isso, a cor
rosa, que pode ser usada como um roxo atenuado. Alegrai-vos (Gaudete!) –
convida-nos a liturgia, inspirando-se nas palavras do Apóstolo: “Alegrai-vos
sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl
4,4s).
Mas, pensando bem: há motivos
para alegria verdadeira, profunda, responsável? Ante as lutas e fardos da vida,
podemos realmente alegrar-nos? Antes as feridas e machucaduras do nosso coração,
é possível uma alegria duradoura e verdadeira? Ante as desacertos e desvios do
mundo, é realmente possível este gáudio a que nos convida a Igreja, com as
palavras de São Paulo? E, no entanto, o convite é insistente: Alegrai-vos!
Contudo, antes do convite à
alegria, ao júbilo, à exultação, permiti-me um outro convite: pensemos na vida
de frente, como ela é, para cada um de nós e para os outros. Faço este convite
porque somente assim nossa alegria poderá ser realista e verdadeira. Não
esqueçamos que há também uma alegria boba, tola, tonta, irresponsável, que
brota da superficialidade ou da ilusão... Não é dessa que falamos aqui...
Pois bem! A nossa vida – a
minha, a sua! - gostaríamos que ela fosse como quiséramos, gostaríamos de
controlá-la, de garantir que tudo saísse bem para nós e para os nossos, para os
nossos e para todos... E, no entanto, constatamos com pesar que não temos em
nossas mãos a nossa existência. Que duras as palavras de Jeremias
profeta: “Eu sei, Senhor, que não pertence ao homem o seu caminho, que
não é dado ao homem, que caminha, dirigir os seus passos” (10,23). O mundo
não é como gostaríamos, os nossos caros não são e não vivem como esperávamos e
nós mesmos tampouco vivemos a vida que sonhamos... Nosso mundo anda estressado,
as pessoas sentem-se sozinhas, meio como que perdidas, ante uma crise
generalizada de valores e de sentido... Que caminho seguir? Que rumo tomar? Que
valores são valores realmente ou, ao invés, mera ilusão? Conservamos ou
destruímos o sentido sagrado do matrimônio e da família? Castidade,
honestidade, respeito pela vida, moralidade, são ainda valores? A vida é,
deveras, estressante... E o Senhor nos exorta: Alegrai-vos! E neste Domingo de
Advento, a Igreja insiste: Alegrai-vos! Alegrai-vos no Senhor! O cristão não
tem direito ao desânimo, ao desespero, ao derrotismo... Alegrai-vos! E
alegrai-vos sempre! Mas, alegrai-vos no Senhor! E por quê? Porque ele está
perto! Não nos deixa nunca: ele vem sempre como Emanuel- Deus conosco!
Pensemos nas palavras tão
consoladoras das leituras deste hoje! São para a terra deserta do coração do
mundo e para o nosso: “Alegre-se a terra que era deserta e intransitável,
exulte a solidão e cresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e
louvores! Seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus!” Que
cristão, que homem ou mulher de boa vontade não lamentam a situação atual da
humanidade? Quem não sente na vida a tentação de fraquejar, e a mordida do
desencanto? Quem, às vezes, não pergunta onde Deus está, que parece tão
distante e ausente? Escutai: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai
os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais
medo! Vede, é o vosso Deus: ele vem para vos salvar!’” É esta a
esperança do santo Advento: a esperança num Deus que não nos esquece, não nos
desilude, não nos deixa sozinhos... Um Deus que vem ao nosso encontro no Santo
Messias esperado! O profeta Isaías promete: “Então se abrirão os olhos dos
cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se
desatará a língua dos mudos”. E o que o profeta promete, o Senhor
Jesus vem realizar: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os
cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os
surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobre são evangelizados!’ Eis
aqui o motivo da nossa alegria: a certeza da fé em Jesus Cristo: ele é a
presença pessoal de Deus entre nós, ele é aquele que cura nossas feridas,
sustenta-nos na fraqueza, enche de doce presença o nosso coração solitário!
Confiemos ao Senhor o mundo, a nossa vida, os nossos problemas, as coisas que
nos preocupam. Lutemos e confiemos; lutemos e enchamos o coração de esperança
no Senhor! A salvação que ele trouxe haverá de se manifestar um dia: “A
Vinda do Senhor esta próxima” – diz-nos São Tiago!
As grandes tentações para o
cristão de hoje são a falta de entusiasmo e de esperança, um cansaço ante a
paganização do mundo e a teimosia humana... A conseqüência, é a falta de uma
alegria verdadeira. Procuram-se cristãos alegres, cristãos convictos, cristãos
radicais! Precisam-se urgentemente de cristãos apaixonados, cristãos de
verdade, cristãos que creiam no que acreditam! Afinal, somente há alegria duradoura e profunda somente quando se encontra o
sentido da existência, e este sentido nos é oferecido pelo Cristo;
unicamente em Cristo! Esperemos nele: na sua palavra, no seu juízo, na sua graça!
Ele não nos esqueceu, ele não está ausente do mundo e da nossa vida! Recordemos
a forte exortação de São Tiago: “Ficai firmes até à Vinda do Senhor!
Ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a Vinda do Senhor está
próxima! Irmãos, tomai como modelo de sofrimento e firmeza os profetas que
falaram em nome do Senhor!”
O Advento não somente nos
prepara para a celebração da primeira vinda do Senhor no Natal, mas nos convida
a reconhecer suas vindas na nossa vida e a esperar com ânsia e compromisso sua
Vinda final! Caminhemos, caríssimos, na alegria de quem espera com
certeza: “Alegra-vos sempre no Senhor! O Senhor está perto!”
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Homilia II - D.
Henrique Soares
Caríssimos no Senhor,
Este terceiro Domingo do Advento é
conhecido como Domingo Gaudete, isto é, Domingo “Alegrai-vos”. Com
efeito, são as palavras do Apóstolo São Paulo (Fl 4,4s), colocadas no Missal
para o início da Missa de hoje: “Alegrai-vos sempre no Senhor; o Senhor está
perto!” Alegrar-se, mesmo nas lutas da vida e nas incertezas da
existência, alegrar-se mesmo no duro combate deste mundo... Mas, alegrar-se não
por uma alegria qualquer! Alegra-se verdadeiramente, alegra-se com a alegria
que dura e edifica a vida, aquele que se alegra no Senhor! Ele sim, é a fonte
da perfeita alegria, porque é o Deus que nunca nos abandona, Deus fiel, que nos
ama e permanece conosco!
Dessa alegria fala o Profeta Isaías
na primeira leitura de hoje: “Alegre-se a terra que era deserta e
intransitável, exulte a solidão. Germine de alegria e louvores!” Que
terra é essa, que deserto, que solidão? São o nosso mundo, o nosso coração, a
nossa vida. Alegre-se o homem, espere cheio de esperança o nosso coração!
Fortaleçamos nossas mãos enfraquecidas e nossos joelhos debilitados pelo duro
caminho deste mundo! E por quê? Vivemos uma vida tão estressante, a luta pela
sobrevivência é tão pesada, os conflitos nas nossas relações são tão presentes,
o que vemos de desafios e loucuras no mundo atual é tão assustador, a impiedade
da humanidade é sempre tão surpreendente! Temos mesmo motivos para nos alegrar,
para esperar, para fortalecer nossas mãos e continuar lutando, firmar nossos
joelhos e prosseguir caminhando? Sim, temos: “Vede! É vosso Deus, é a vingança
que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para nos salvar!” Eis, meus
caros! O Senhor vem para salvar, vem para vingar-se do pecado - e sua vingança
é o amor que salva, o amor que liberta, e dá vida...
Mesmo que pareça o contrário, o
mundo não é uma realidade sem sentido e sem rumo, a existência humana não é o
um pesado fruto do acaso cego... Há um Senhor, há um Deus de Amor que tudo toma
em suas mãos e tudo dirige; um Deus que não está distante, mas nos conhece pelo
nome e inclina-se sobre cada um de nós! Há um Deus que não é frio e
indiferente, mas nos visitou pessoalmente no Filho Jesus! Neste Jesus bendito,
um dia o Senhor Deus tudo julgará, tudo colocará às claras, tudo vingará, tudo
purificará, tudo salvará! É importante não esquecermos isso, pois um dos
grandes motivos do esfriamento da fé por parte de tantos na Igreja é a perda da
consciência de que o Senhor Jesus nos julgará e julgará toda a história humana:
ele virá, ele julgará, ele consolará, ele colocará às claras, ele salvará! Seu
juízo terá como critério o amor, amor a ele e, nele e por ele, amor e profundo
respeito pelos irmãos... Portanto, “ficai firmes até a vinda do Senhor! Façamos
como o agricultor que espera (espera porque cultivou!) e fica firme! Deve
encher-nos de consolo a exortação de São Tiago Apóstolo: “Ficai firmes
e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Tomai por
modelo de sofrimento e firmeza os profetas que falaram em nome do Senhor!” Vede
bem, meus caros: São Tiago nos exorta a permanecer firmes, nos avisa que o
Senhor está próximo – e estará sempre próximo, desde quando partiu para o céu,
nunca deixou de estar próximo... Mas, também nos convida a recordar que os que
servem a Deus não estão livres dos combates e sofrimentos da vida. Pelo contrário,
devem suportar combates exteriores e interiores! Combates não nos devem
desanimar; dificuldades não nos devem esfriar a fé, decepções não nos devem
fazer duvidar da providente presença de Deus na nossa vida e na vida do mundo!
Um belo exemplo de combate e
fidelidade a Deus é-nos dado no evangelho de hoje. Pensai bem, meus amados no
Senhor: um profeta tão grande, tão santo, tão fiel quanto João Batista! E
aparece preso, abandonado, jogado numa masmorra, derrotado! – Senhor, por que
permites? Senhor, por que diriges o mundo deste modo? Senhor, por que não
defendes teus amigos? – João tem de suportar o combate exterior, tem de colocar
no Senhor sua esperança, esperando na perseverança! Mas, há ainda um outro
combate, pior, mais grave, mais doloroso: o combate interior. Onde aparece tal
combate no evangelho que escutamos? Recordai que João havia anunciado um
Messias forte e vingador; havia apontado Jesus como o Messias: ele viria para
peneirar o trigo, viria para queimar a palha... E agora, na prisão, o Batista
ouvira falar que Jesus era manso, misericordioso, compassivo... Jesus havia
entrado na casa dos fariseus, sentando-se à mesa com os publicanos, perdoando
mulheres pecadoras... João fica confuso: “Mas, não era bem assim que eu tinha
imaginado o Messias!”... Manda seus discípulos perguntarem ao Carpinteiro de
Nazaré: “És tu aquele que há de vir? És tu mesmo o Santo Messias tão esperado?
Ou devemos ainda esperar um outro?” Eta, meus caros, que muitas vezes também
temos vontade de fazer tais perguntas! Quando vemos os acontecimentos da vida,
as coisas do mundo, o modo como vivemos, vem uma vontade de perguntar ao
Senhor: “Mas, será que existes mesmo? Será que és fidelidade, que és amor, que
te preocupas conosco? És tu mesmo a nossa esperança e a nossa vida? És tu o
Salvador que a tudo dá sentido? Tu estás ou não no nosso meio? Tu és ou não um
Deus próximo?”
A resposta de Jesus a João é
clara e desafiadora: Ele é o Messias anunciado pelos profetas, com ele
cumprem-se as palavras da primeira leitura de hoje: “Então se abrirão
os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como
um cervo esse desatará a língua dos mudos!” Mas, ele não é um Messias
de encomenda, não um Messias como nós desejamos ou pensamos! Ele é o Messias
vindo do coração do Pai, um Messias surpreendente, um Messias que revela a
própria ternura, a própria misericórdia de Deus! Para acolhê-lo, para
compreendê-lo, para ver sua beleza é necessário converter-se a ele! Por isso,
Jesus manda dizer a João: “Feliz aquele que não se escandalizar por causa de
mim!” E João faz sua última conversão: crê em Jesus, aceita o Messias Jesus
como ele é, como o Pai o enviou, e não como ele gostaria que fosse! Por isso
João é grande, por isso é o maior dos profetas, por isso hoje se encontra na
glória e na gratidão da Igreja! Também nós, irmãos, se esperarmos o Senhor, se
acolhermos o Senhor, se não duvidarmos do Senhor, se no Senhor permanecermos
firmes, veremos a sua glória, nele nos alegraremos e dele experimentaremos a
salvação. A cor deste Domingo, além do roxo, pode ser o rosa (mistura do roxo
do Advento com o branco do Natal que se aproxima). Vamos, alegremo-nos! Que a
espera e a vigilância deste santo Tempo já se mistura hoje com a alegre
expectativa do Santo Natal! Alegrai-vos sempre no Senhor! O Senhor está
próximo! Que ele venha! Que ele nos encontre vigilantes! Que ele nos veja
abertos de coração! Amém!
==================----------------------=================
PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:
LOUVOR
(QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):
-
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
-
COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Bendito seja o Senhor, que nos
liberta e salva.
- Senhor, a nossa alegria é porque vindes até nós, como
outrora, quando pelos profetas anunciastes ao povo exilado o fim do cativeiro.
Nós Vos pedimos; vinde sempre em nosso auxílio. Sois a nossa força e o nosso
amparo.
T: Bendito seja o Senhor, que nos
liberta e salva.
- Senhor, nosso
Deus, sois bondade e amor. Dai-nos paciência como o agricultor que espera
confiante a sua colheita. Atentos e ansiosos aguardamos a chegada de nosso
Salvador que renasce a cada ano em nosso coração.
T: Bendito seja o Senhor, que nos
liberta e salva.
- Senhor, Que o Espírito Santo nos ilumine com a chegada de
Jesus que renasce em nossos corações para que, ouvindo e aprendendo as lições
de amor, possamos tornar o mundo melhor, promovendo a justiça, a paz e o amor
entre todos.
T: Bendito seja o Senhor, que nos
liberta e salva.
- - Pai nosso... A Paz.. Eis o
Cordeiro...
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lII Domingo do
Advento - A vela dos pastores: a alegria. (vela rosa)
As duas primeiras velas já devem estar
acesas na Coroa
Segue-se tudo normal até a saudação inicial
feita pelo presidente da
celebração: A graça de Nosso Senhor Jesus
Cristo......
Antes
do Ato penitencial segue-se o
rito para acender a terceira vela
Animador: Hoje é o terceiro Domingo do Advento, o Domingo do "Alegrai-vos",
o domingo da alegria pela próxima vinda do Salvador, na
celebração de sua primeira vinda ao nascer em Belém. Vamos acender a vela dos
pastores. Foram eles os primeiros a receberem a notícia do nascimento de Deus
entre os homens, notícia que os encheu de alegria.
(Alguém
entra com uma vela acesa e acende a vela rosa
da Coroa do Advento. Nesse
momento
pode-se cantar um canto que fale de esperança ou apenas dedilhar o violão).
Oração
Pres. Ó Deus da alegria, quisestes ser o Emanuel, o Deus conosco em
vosso
Filho Jesus Cristo. O vosso anjo anunciou aos pastores:
"Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo
o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo
Senhor". Vigiando no campo e cuidando das ovelhas os pastores estavam
atentos aos vossos sinais de Salvação. Tendo encontrado o Menino voltaram
glorificando a vós pelas maravilhas que realizastes, enviando-nos vosso Filho.
Fazei que, a exemplo dos pastores, ouçamos a boa-nova da manifestação da
alegria e da felicidade que Jesus, o vosso Filho amado, nos trouxe. Que
possamos todos ser causa de alegria e de felicidade para os que procuram a paz
e a felicidade, ser luz e aconchego para os pobres e sofredores. Por Cristo,
nosso Senhor.
T. Amém.
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