2º
Domingo do Advento (Adaptado pelo Diácono Ismael)
Tema: “O Reino dos céus está próximo.” Os valores fundamentais da nossa vida dão os valores do “Reino”?
Na primeira leitura, o profeta Isaías apresenta um enviado de Jahwéh, da descendência de David, sobre quem repousa o Espírito de Deus; a sua missão será construir um reino de justiça e de paz sem fim.
No Evangelho, João Baptista anuncia que o “Reino” está próximo e convida a mudar a mentalidade, os valores, as atitudes. “Aquele que vem” (Jesus) vai propor um baptismo “no Espírito Santo e no fogo” que os tornará “filhos de Deus”.
A segunda leitura dirige-se àqueles que receberam de Jesus a proposta do “Reino”: sendo o
rosto visível de Cristo no meio dos homens, eles devem dar testemunho de união,
de amor, de partilha, de harmonia entre si, acolhendo e ajudando os irmãos mais
débeis, a exemplo de Jesus.
PRIMEIRA
LEITURA (Is 11,1-10) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Naqueles dias, nascerá uma haste do tronco de
Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; sobre ele repousará o
espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho
e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; no temor do Senhor encontra
ele seu prazer. Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente
por ouvir dizer; mas trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os
homens pacíficos; fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o
mau com o sopro dos lábios. Cingirá a cintura com a correia da justiça e as
costas com a faixa da fidelidade. O lobo e o cordeiro viverão juntos e o
leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos e
até mesmo uma criança poderá tangê-los. A vaca e o urso pastarão lado a lado,
enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; a criança
de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado
não temerá por a mão na toca da serpente. Não haverá danos nem mortes por todo
o meu santo monte: a terra estará tão repleta do saber do Senhor quanto as
águas que cobrem o mar. Naquele dia, a raiz de Jessé se erguerá como um sinal
entre os povos; hão de buscá-la as nações, e gloriosa será a sua morada.
AMBIENTE - A
primeira leitura apresenta-nos um poema que alimenta o sonho do regresso a essa
época ideal do reinado de David e que dá fôlego à corrente messiânica. Este
poema (e outros semelhantes) surge na fase final da atividade profética de
Isaías… Quando o rei Ezequias atingiu a maioridade e começou a dirigir os
destinos de Judá (por volta de 714 a.C.), preocupou-se em consolidar uma frente
anti-assírica. Isaías condenou essas iniciativas… Elas significavam um colocar
a confiança e a esperança no poder de exércitos estrangeiros, negligenciando o
poder de Jahwéh: eram, portanto, um grave sinal de infidelidade ao Deus de
Judá. De fato, as previsões funestas de Isaías realizaram-se quando Senaquerib
invadiu Judá, cercou Jerusalém e obrigou Ezequias a submeter-se ao poderio
assírio (701 a.C.). Por essa altura, desiludido com a política dos reis de
Judá, o profeta teria começado a sonhar com um tempo novo, sem armas e sem
guerras, de justiça e de paz sem fim. Tal “reino” só poderia surgir da
iniciativa de Jahwéh (os reis humanos há muito que se haviam revelado incapazes
de conduzir o Povo em direção a um futuro de paz); e o instrumento de Jahwéh na
implementação desse “reino” seria, na opinião do profeta, um descendente de
David.
MENSAGEM - Na
primeira parte do poema (vers. 1-5), o profeta apresenta a personagem que será
o instrumento de Deus na realização desse “reino” de justiça e de paz… Em
primeiro lugar, o profeta anuncia que esse instrumento de Deus virá “da raiz de
Jessé”. Jessé era o pai de David; portanto, ele será da descendência de David
(o que nos liga à promessa feita por Deus a David – cf. 2 Sm 7) e, fará voltar
esse tempo ideal de bem-estar e de paz que o Povo de Deus conheceu durante o
reinado de David. Em segundo lugar, esse personagem será animado pelo Espírito
de Deus (“ruah Jahwéh”). É o mesmo Espírito que ordenou o universo na aurora da
criação (cf. Gn 1,2), que animou os heróis carismáticos de Israel (cf. Jz 3,10;
6,34; 11,29), que inspirou os profetas (cf. Nm 11,17; 1 Sm 10,6.10; 19,20; 2 Sm
23,2; 2 Re 2,9; Mi 3,8; Is 48,16; 61,1; Zac 7,12). Esse Espírito confere a esse
enviado as virtudes dos seus antepassados: sabedoria e inteligência como
Salomão, espírito de conselho e de fortaleza como David, espírito de
conhecimento e de temor de Deus como os patriarcas e profetas (aos seis dons
aqui enunciados, a tradução grega dos “Setenta” acrescentará a “piedade”: é
esta a origem da nossa lista dos sete dons do Espírito Santo).
Da plenitude dos carismas brota
da justiça e a construção de um “reino” onde os direitos dos mais pobres são
respeitados e onde os oprimidos conhecerão a liberdade e a paz. Desse “reino”
serão excluídas, a injustiça, a mentira, a opressão…
Na segunda parte do oráculo
(vers. 6-9), o profeta apresenta o quadro desse mundo novo que o “Messias” vai
instaurar. A revolta do homem contra Deus (cf. Gn 3) havia introduzido no mundo
fatores de desequilíbrio que quebraram a harmonia entre o homem e a natureza
(cf. Gn 3,17-19), entre o homem e o seu irmão (cf. Gn 4)… Mas agora o “Messias”
trará a paz e, dessa forma, cumprir-se-á o projeto inicial que Deus tinha para
o mundo e para o homem: os animais selvagens e os animais domésticos viverão em
harmonia (o lobo e o cordeiro; a pantera e o cabrito, o bezerro e o leão; a
vaca e o urso) e todos eles estarão submetidos ao homem (representado pela
criança – isto é, o homem na sua fragilidade máxima). A própria serpente (o
animal que induziu a desarmonia universal, ao estar na origem do afastamento do
homem do Deus criador) comungará desta harmonia e desta paz sem fim: é a
superação total do desequilíbrio, do conflito, da divisão que o pecado do homem
introduziu no mundo.
Destruídas as inimizades,
superadas as desarmonias, o homem viverá em paz, em comunhão total com o seu
Deus (vers. 9). No primeiro paraíso, o homem escolheu ser adversário de Deus e
escolheu viver no orgulho e na autossuficiência; agora, por ação do “Messias”,
ele regressou à comunhão com o seu criador e passou a viver no “conhecimento de
Deus”. É o regresso ao paraíso original.
ATUALIZAÇÃO • Jesus
Cristo é o “Messias” que veio tornar realidade o sonho do profeta. Ele iniciou
esse “reino” novo de justiça, de harmonia, de paz sem fim… Cheio do Espírito de
Deus, Ele convida os homens a tornarem-se “filhos de Deus” e a viverem no amor,
na partilha, no dom da vida…
• Que a realidade do “Reino” se
concretize ou não, depende também daquilo que faço ou não faço.
SALMO
RESPONSORIAL 71 (72)
Nos seus dias a justiça florirá.
• Dai ao
Rei vossos poderes, Senhor Deus, / vossa justiça ao descendente da realeza! /
Com justiça ele governe o vosso povo, / com equidade ele julgue os vossos
pobres.
• Nos
seus dias a justiça florirá / e grande paz, até que a lua perca o brilho! / De
mar a mar estenderá o seu domínio, / e desde o rio até os confins de toda a
terra!
•
Libertará o indigente que suplica, / e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. /
Terá pena do indigente e do infeliz, / e a vida dos humildes salvará.
• Seja
bendito o seu nome para sempre! / E que dure como o sol sua memória! / Todos os
povos serão nele abençoados, / todas as gentes cantarão o seu louvor!
EVANGELHO (Mt
3,1-12) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele
dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: “Convertei-vos,
porque o Reino dos Céus está próximo”. João foi anunciado pelo profeta Isaías,
que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do
Senhor, endireitai suas veredas!” João usava uma roupa feita de pelos de camelo
e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo. Os
moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio
Jordão vinham ao encontro de João. Confessavam os seus pecados e João os
batizava no rio Jordão. Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o
batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir
da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão. Não penseis
que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas
pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão. O machado já está na raiz das
árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo. Eu
vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais
forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará
com o Espírito Santo e com fogo. Ele está com a pá na mão; ele vai limpar sua
eira e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que
não se apaga”.
AMBIENTE - Depois do
Evangelho da Infância (cf. Mt 1-2), Mateus apresenta a figura que prepara os
homens para acolher Jesus: João Batista. João anunciava a proximidade do juízo
de Deus. Vivia no deserto de Judá, nas margens do rio Jordão. A sua mensagem
estava centrada na urgência da conversão (pois o “juízo de Deus” estava
iminente); incluía um rito de purificação pela água – um rito muito frequente,
aliás, entre alguns grupos judeus da época.
Os primeiros cristãos
identificaram João com o mensageiro anunciado em Is 40,3 e com Elias (2 Re 1,8)
que, segundo a tradição judaica, anunciaria a chegada do Messias (Mt 11,14;
17,11; Mal 3,23-24 ou, noutras versões, 4,5-6). Nesta interpretação, João seria
o precursor que vem preparar o caminho e Jesus o Messias, enviado por Deus para
anunciar o reinado de Jahwéh.
MENSAGEM - Nesta
primeira apresentação do Batista, há vários fatores que nos interessa pôr em
relevo: a figura, a mensagem, as reações ao anúncio e a comparação entre o
batismo de João e o batismo de Jesus.
A figura do Batista é uma figura
que, por si só, nos questiona e interpela. João aparece ligado ao deserto (o
lugar das privações, mas também o lugar tradicional do encontro entre Jahwéh e
Israel) e não ao Templo onde se reúne a sociedade seleta de Jerusalém; usa “uma
veste tecida com pelos de camelo e uma cintura de cabedal à volta dos rins” (é
dessa forma que se vestia, também, Elias – cf. 2 Re 1,8), não as roupas finas,
com pregas cuidadosamente estudadas, como as dos sacerdotes; a sua alimentação
frugal (de “gafanhotos e mel silvestre”) está em profundo contraste com as
iguarias finas que enchem as mesas da classe dirigente… João é, portanto, um
homem que – não só com palavras, mas também com a sua própria pessoa –
questiona o jeito de viver, voltado para as coisas, para os bens materiais,
para o “ter”. Convida a uma conversão, a uma mudança de valores, a esquecer do
supérfluo, para dar atenção ao essencial.
O que é que João prega? “Convertei-vos
(“metanoeite”), porque está perto o Reino dos céus” (vers. 2). O verbo grego
(metanoéo) aqui utilizado tem, normalmente, o sentido de “mudar de
mentalidade”; mas, aqui, deve ser visto na perspectiva do Antigo Testamento –
isto é, como um apelo a um retorno incondicional ao Deus da Aliança.
Porque é que esta “conversão” é
tão urgente? Porque o “Reino dos céus” está perto. Muito provavelmente, João
ligava a vinda iminente do “Reino” ao “juízo de Deus”, que iria destruir os
maus e inaugurar, com os bons, um mundo novo (por isso, fala da “cólera que
esta para vir” – vers. 7; e acrescenta: “o machado já está posto à raiz das
árvores. Por isso, toda a árvore que não dá fruto será cortada e lançada ao fogo”
– vers. 10). A conversão era urgente, na perspectiva de João, pois
aproximava-se a intervenção justiceira de Deus na história humana; quem não
estivesse do lado de Deus seria aniquilado… É uma perspectiva muito em voga em
certos ambientes apocalípticos da época, nomeadamente na teologia dos essênios
de Qûmran.
Quem são os destinatários desta
mensagem? Aparentemente, é uma mensagem destinada a todos. Mateus fala da
“gente que acorria de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região do Jordão”
e que era batizada “por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados” (vers.
5-6). No entanto, Mateus faz uma referência especial aos fariseus e saduceus,
para quem João tem palavras duríssimas: “raça de víboras, quem vos ensinou a
fugir da ira que está para vir? Praticai ações que se conformem ao
arrependimento que manifestais. Não penseis que basta dizer: «Abraão é nosso
pai»…” (vers. 7-9). Trata-se de pessoas que “à cautela” ou por curiosidade, vêm
ao encontro de João; no entanto, sentem que o “juízo de Deus” não os atingirá
porque eles são filhos de Abraão, são membros privilegiados do Povo eleito e
estão do lado dos bons: Deus não terá outro remédio senão salvá-los, quando
vier para julgar o mundo e condenar os maus. João avisa que não há salvação
assegurada a quem tem o nome inscrito nos registos do Povo eleito: é preciso
viver em contínua conversão e fazer as obras de Deus: “toda a árvore que não dá
fruto, será cortada e lançada ao fogo” (vers. 10).
Neste texto aparece também, em
relevo, um rito praticado por João. Consistia na imersão na água do rio Jordão
das pessoas que aderiam a esse apelo à conversão. Era, aliás, um rito praticado
em certos ambientes judaicos para significar a purificação do coração (nos
ambiente essênios, os banhos quotidianos expressavam o esforço em direção a uma
vida pura e a aspiração à graça purificadora)… O batismo de João significava
o arrependimento, o perdão dos pecados e a agregação ao “resto de Israel”,
subtraído à ira de Deus.
No entanto, João avisa: “aquele
que vem depois de mim (…) batizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo” (vers.
11). De fato, o batismo de Jesus vai muito além do batismo de João: confere
a quem o recebe a vida de Deus (Espírito) e torna-o “filho de Deus”;
implica, além disso, uma incorporação na Igreja (a comunidade dos que aderiram
à proposta de salvação que Cristo trouxe) e a participação ativa na missão da
Igreja (cf. At 2,1-4). Não significa, apenas, o arrependimento e o perdão dos
pecados; significa um quadro de vida completamente novo, uma relação de filiação
com Deus e de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados.
ATUALIZAÇÃO • A
questão dominante que o Evangelho de hoje nos apresenta é a da conversão. Não é
possível acolher “aquele que vem” se o nosso coração estiver cheio de egoísmo,
de orgulho, de autossuficiência, de preocupação com os bens materiais… É
preciso, portanto, uma mudança da nossa mentalidade, dos nossos valores, dos
nossos comportamentos, das nossas atitudes, das nossas palavras; é preciso um
despojamento de tudo o que rouba espaço ao “Senhor que vem”.
• A figura de João Batista
obriga-nos a questionar as nossas prioridades e valores fundamentais. Ora, o
“Reino” é despojamento, simplicidade, amor total, partilha, dom da vida… São
esses valores que ele procura anunciar, com palavras e com atitudes?
• João deixa claro que receber o
batismo de Jesus é receber o batismo do Espírito… Equivale a aceitar ser “filho
de Deus”, a viver em comunhão com Deus, no amor e na partilha com os irmãos que
caminham ao nosso lado.
SEGUNDA LEITURA
(Rm 15,4-9) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Irmãos,
tudo o que outrora foi escrito foi escrito para nossa instrução, para que, pela
nossa constância e pelo conforto espiritual das Escrituras, tenhamos firme
esperança. O Deus que dá constância e conforto vos dê a graça da harmonia e
concórdia, uns com os outros, como ensina Cristo Jesus. Assim, tendo como que
um só coração e uma só voz, glorificareis o Deus e Pai do Senhor nosso, Jesus
Cristo. Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu,
para a glória de Deus. Pois eu digo: Cristo tornou-se servo dos que praticam a
circuncisão, para honrar a veracidade de Deus, confirmando as promessas feitas
aos pais. Quanto aos pagãos, eles glorificam a Deus, em razão de sua
misericórdia, como está escrito: “Por isso, eu vos glorificarei entre os pagãos
e cantarei louvores ao vosso nome”
AMBIENTE - A Carta
aos Romanos – já o dissemos no passado domingo – é uma carta de reconciliação,
endereçada aos romanos, mas dirigida a toda a Igreja fundada por Jesus.
Pretende – numa altura em que fundos culturais diversos e sensibilidades
diferentes dividiam os cristãos vindos do judaísmo e os cristãos vindos do
paganismo – afastar o perigo da divisão da Igreja e levar todos os crentes (judeu-cristãos
e pagão-cristãos) a redescobrir a unidade da fé e a igualdade fundamental de
todos diante de Deus. Desde que optaram por Cristo e receberam o batismo, todos
receberam o dom de Deus, tiveram acesso à salvação e tornaram-se irmãos,
chamados a viver no amor.
O texto que nos é proposto
pertence à segunda parte da carta. Nessa parte (que vai de Rm 12,1 a 15,13),
Paulo exorta os cristãos a viver no amor; em concreto, dá aos cristãos algumas
indicações de caráter prático acerca do comportamento que devem assumir para
com os irmãos.
MENSAGEM - O mais
importante: a comunidade deve viver em harmonia, acolhendo e ajudando os mais
fracos, sem discriminar nem excluir ninguém, no amor e na partilha. Cristo é o
exemplo que os membros da comunidade devem ter sempre diante dos olhos… Convém
também não esquecer que o ser capaz de viver deste jeito é um dom de Deus – dom
que os crentes devem pedir em todos os momentos ao Pai.
ATUALIZAÇÃO • A
comunidade cristã tem de ser o lugar do amor, da partilha fraterna, da
harmonia, do acolhimento.
• Convém não esquecer que a
conversão à harmonia, à partilha com os mais pobres, ao amor fraterno, ao dom
da vida, é algo exigente, que não pode ser feito contando apenas com a boa
vontade do homem; mas é algo que só pode ser feito com a força e com a ajuda de
Deus…
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"Convertei-vos"
Em nossa caminhada para o Natal, a Liturgia desse domingo nos
convida a nos despir dos valores efêmeros e egoístas que muitas vezes nos
fascinam, para dar lugar em nós aos valores do Reino de Deus.
As Leituras bíblicas apresentam duas figuras típicas do
ADVENTO:
ISAÍAS e JOÃO BATISTA
Na 1ª Leitura, ISAÍAS
apresenta um Enviado de Javé, descendente de Davi, com a missão de
construir um Reino de Justiça e Paz. (Is
11,1-10)
É uma das maiores profecias do Antigo Testamento referentes
ao Messias, com que o profeta reaviva a
esperança do seu povo, diante das ameaças do imperialismo dos assírios.
O Poema dá as características:
- Será descendente de DAVI:
(Jessé é Pai de Davi)
"Naqueles dias, do tronco de Jessé
sairá um ramo e um broto de sua raiz".
- Será animado pelo ESPÍRITO de Deus:
(Como na Criação)
Sobre ele pousará o Espírito do Senhor:
Espírito de sabedoria e inteligência, de
conselho e de fortaleza, de conhecimento
e de temor de Deus,(de piedade).
* É esta a origem da nossa lista dos 7
dons do Espírito Santo.
- Será portador da JUSTIÇA e da PAZ: "Trará justiça para
os humildes..."
Haverá a reconciliação da Criação:
voltará a harmonia perdida entre o homem e a natureza, entre os animais
selvagens e domésticos....
* Jesus é o "messias" que veio tornar realidade o sonho do profeta.
Ele iniciou esse
"Reino" novo de justiça, de harmonia, de paz sem fim...
Cheio do Espírito
de Deus, ele passou pelo mundo convidando os homens a se tornarem "filhos de Deus" e a
viverem no amor e na partilha.
- Mas a profecia
está longe de sua completa realização.
O Reino novo
trazido por Jesus só poderá se estabelecer a partir de nossa conversão pessoal,
familiar e comunitária.
Na 2ª Leitura, Paulo exorta os
cristãos de Roma a viverem no amor, dando testemunho de união, de amor, de
partilha, de harmonia, a fim de que louvem a Deus, com um só coração e uma só
alma. (Rm 15,4-9)
No Evangelho, JOÃO BASTISTA
anuncia que esse Reino está próximo, mas para que se torne realidade precisa
CONVERTER-SE. (Mt 3,1-12):
- Personalidade: É uma figura
impressionante, que fascina o povo;
Tem um estilo de
vida austera: no vestir, no comer, no falar, no morar...
Vive no "DESERTO", lugar das privações, do
despojamento, mas também lugar tradicional dos encontros entre Deus e Israel.
- Mensagem: É um Apelo à CONVERSÃO
"Convertei-vos, porque o Reino dos céus
está próximo..."
"Preparai o caminho do Senhor:
endireitai as veredas para ele."
- Reação ao Anúncio:
- O Povo simples:
reconhece seus erros e pede o Batismo...
- Os Fariseus e
Saduceus: vão ao encontro de João por curiosidade apenas...
e são
desmascarados: "Raça de cobras
venenosas...
produzam frutos que a conversão exige e não se iludam a si mesmos, dizendo: ‘Abraão é
nosso Pai' ".
- O Batismo de João: consistia
na imersão na água do rio Jordão para as pessoas que aderiam a esse apelo de
conversão.
Significava o
arrependimento, o perdão dos pecados e a agregação ao povo fiel.
Mas ele avisa, que
aquele que vem depois dele "batizará
no ESPÍRITO SANTO e no fogo..."
- Portanto o Batismo
de Jesus vai muito além do batismo de João:
Confere, a quem o
recebe, a vida de Deus e torna-o filho de Deus; incorpora-o à Igreja e torna-o
participante da missão da Igreja no mundo...
- É um quadro de vida completamente novo, uma relação de
filiação com Deus e de fraternidade com Jesus e com todos os outros batizados.
É um SACRAMENTO.
+ A Voz de João Batista continua convidando à CONVERSÃO...
Não é possível
acolher "aquele que vem" se
o nosso coração estiver cheio de egoísmo, de orgulho, de autossuficiência, de
preocupação com os bens materiais.
Se quisermos
celebrar a vinda do Senhor e participar do seu Reino, devemos preparar o
caminho, mudar o nosso coração.
Nesse itinerário,
não há espaço para a hipocrisia.
Não bastam as
aparências, apenas dizer que somos cristãos porque recebemos o batismo.
A Conversão deve ser
comprovada pela ação.
+ Os Frutos de conversão comprovam a autenticidade da nossa
conversão:
Não bastam alguns sentimentos religiosos... ou algumas
práticas piedosas...
Precisamos apresentar frutos de conversão: Paz,
Fraternidade, Justiça...
- Quais os caminhos
tortos, que devemos endireitar?
- Quais os frutos de
conversão que Deus está esperando de nós, neste Advento, em preparação ao
Natal ?
- Estamos convencidos de que, se não dermos esse passo, nunca
será Natal em nós, nem mesmo no dia 25 de dezembro?
Deus espera que
tenhamos a coragem de dar esse passo!...
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia de Dom Henrique Soares
A liturgia do Tempo do Advento não somente nos faz recordar as promessas
de Deus sobre o Messias, mas também nos vai mostrando os traços da missão desse
Salvador tão prometido e tão esperado.
O profeta
Isaías usa uma imagem impressionante: do velho tronco de Jessé, isto é, da
dinastia já antiga de Davi, nascerá uma hastesinha, modesta, frágil, pequena:
um rebento! Querem coisa mais frágil, mais débil? Qualquer criancinha pode,
travessa, quebrar, estiolar uma haste… E, no entanto, sobre este rebento tão
frágil repousará o Espírito do Senhor. Esta haste é o ungido pelo Espírito, é o
Messias, o Cristo de Deus, brotado da Casa de Davi! João, o Batista, dirá no
Evangelho de hoje que “ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo”, isto é, com o fogo do Espírito! Só ele
pode fazer isso, porque somente ele é pleno do Espírito: “Espírito de sabedoria e discernimento, Espírito de conselho e fortaleza,
Espírito de ciência e temor de Deus”. Como é Santo o Messias
prometido pela boca dos profetas! Porque pleno do Espírito, ele é justo: ele
não julgará pelas aparências nem decidirá somente por ouvir dizer, mas trará a
justiça para os humildes e uma ordem justa para os pacíficos”. Eis: ele vem
para quem tem um coração pobre, para os que têm consciência que, sozinhos, não
poderão nunca levar o peso da vida. Somente os pobres poderão acolhê-lo,
reconhecê-lo, alegrar-se com sua chegada: sua justiça é justiça para quem
chorou, para quem sentiu fraqueza física, moral, psíquica, econômica ou
existencial… “Com justiça ele governe o vosso povo; com
equidade ele julgue os vossos pobres. No seus dias a justiça florirá e grande
paz até que a lua perca o brilho! Libertará o indigente que suplica, e o pobre
ao qual ninguém quer ajudar. Terá pena do humilde e do infeliz, e a vida dos
humildes salvará. Todos os povos serão nele abençoados, todas as gentes
cantarão o seu louvor!” Que Rei bendito! Que santo Messias! Que
esperança para o nosso coração cansado, para o nosso mundo desiludido! Porque
ele vem curar os corações, vem trazer o perdão de Deus, aqueles que o acolherem
conhecerão a paz verdadeira: “O lobo e o cordeiro viverão
juntos e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão
juntos e até mesmo uma criança poderá tangê-los. A vaca e o urso pastarão lado
a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; a
criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino
desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente. Não haverá danos nem
mortes… porque a terra estará repleta da ciência do senhor quanto as águas que
cobrem o mar…” Que sonho: uma humanidade reconciliada, um mundo
de paz, um homem uma criação em harmonia… Eis o sonho do Messias, eis o dom que
ele traz! São Paulo diz, na Carta aos Romanos, que Cristo realiza este sonho
prometido. A primeira reconciliação que ele trouxe foi unir num só povo, numa
só humanidade, o que antes era dividido: judeus e pagãos. Quem o acolhe agora é
parte de um novo povo – a Igreja!
Mas, esta paz precisa ainda aparecer claramente no mundo! E aqui, não
nos iludamos: o mundo não conhecerá a paz de verdade, o coração humano não
conhecerá o sossego enquanto não acolher de verdade o Cristo do Pai, o Senhor
Jesus! O sonho que Deus sonhou para nós e para toda a humanidade ao enviar
Jesus, não poderá ser sonhado e realizado sem o nosso “sim”. E o trágico é que
o mundo vai dizendo “não”. Este Natal encontrará o mundo mais pagão que o do
ano passado… Que pena!
Nós,
cristãos, temos, no entanto, uma missão neste mundo, nesta situação atual.
Escutemos o profeta: “Convertei-vos, porque o Reino
dos Céus está próximo! Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira que v
ai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão! O machado está na raiz
da árvore e toda aquela que não produzir fruto será cortada e lançada ao fogo!” Caros
irmãos, o Advento, tempo de alegre expectativa, é também tempo de juízo. O
mundo precisa do nosso testemunho, da nossa palavra de esperança, do nosso modo
de viver inspirado no Evangelho! Chega de um bando de cristãos vivendo como
todo mundo vive, pecando como todo mundo peca, medíocres como todo mundo é
medíocre! Se não dermos frutos, seremos cortados! Vivemos num mundo que não
somente é descrente como também zomba da fé: as porcarias das novelas, a
corrupção dos governantes, a imoralidade sexual, e dissolução das famílias, a
imoralidade da ciência prepotente que se julga senhora do bem e do mal, as calúnias
e mentiras contra a Igreja, o modo de viver de quem não tem esperança… E muitos
de nós, que nos dizemos crentes, não notamos isso, vivemos numa boa entre os
pagãos e como os pagãos… E ainda nos dizemos cristãos!
O roxo desse
tempo convida-nos à vigilância, a compreendermos que Aquele que vem com amor,
que vem como Salvador, nós o podemos perder para sempre se não nos abrirmos
para ele no aqui e no agora de nossa existência. Não brinquemos com a vida que
temos: ela poderá ser plenificada pelo Santo Messias com a glória do céu; ou
poderá ser perdida para sempre, longe do Cristo de Deus, num total absurdo, a
que chamamos inferno! Não esqueçamos: o sonho de Deus é lindo: é de salvação e
de paz! Levemo-lo a sério, vivamo-lo e sejamos suas testemunhas no mundo de
hoje! Não relaxemos, não desanimemos, não nos cansemos de esperar. Como diz a
profecia de Isaías, numa de suas passagens mais misteriosas: “Sentinela, que resta da noite? Sentinela, que resta da noite? A
sentinela responde: ‘A manhã vem chagando, mas ainda é noite’. Se quereis
perguntar, perguntai! Vinde de novo!” (Is 21,11s). Quanto restará da
noite deste mundo? Não sabemos! Mas, a manhã, a aurora radiosa do dia do
Messias virá! Nós somos as sentinelas que o Senhor colocou na noite deste
mundo. Vigiemos! Ainda que tantas vezes nos perguntemos: Meu Deus, “quanto
resta de noite?” O Senhor não nos impede de perguntar: “se quereis perguntar,
perguntai…” Mas – atenção! – ele não aceita que percamos a esperança, que
deixemos nosso posto de vigia: “Vinde de novo!” eis, novamente, o convite que
ele nos faz: Vinde de novo! Recomeçai, retomai a esperança, vigiai: ainda é
noite, mas a manhã luminosa vem chegando! Vem, Senhor Jesus! Vem, ó Santo
Messias! Tem piedade de nós! Amém.
Dom Henrique Soares
da Costa
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Para a Celebração
da Palavra (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER
SOBRE O ALTAR):
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS
GRAÇAS AO SENHOR...
-
COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, com alegria aguardamos o nosso Salvador.
- Bendito sejais, Senhor, por nos enviar
o vosso Filho Jesus Cristo. Ajudai-nos para que aprendamos com Ele a vossa
sabedoria e os vossos caminhos.
T: Pai, com alegria aguardamos o nosso Salvador.
- Senhor, nós vos louvamos pelo vosso
imenso amor. Ajudai-nos que vivamos como irmãos e irmãs, que saibamos perdoar e
amar.
T: Pai, com alegria aguardamos o nosso Salvador.
- Senhor, convertei-nos e transformai-nos
para que possamos acolher o Reino que Jesus nos propõe. Que nosso coração se
abra ao amor para que construamos a vossa Paz.
T: Pai, com alegria aguardamos o nosso Salvador.
- Senhor, nós vos bendizemos pelo nosso
batismo, onde nos tornastes vossos filhos e filhas prediletos. Que esta graça
cresça em nós e produza frutos de justiça, amor, amizades, alegrias e paz.
T: Pai, com alegria aguardamos o nosso Salvador.
PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO...
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