Solenidade da Ascensão. (Adaptado pelo Diácono Ismael)
SINOPSE:
TEMA: “O Senhor subiu
ao toque da trombeta!” Ascensão: a vida junto com Deus.
Evangelho, Jesus ressuscitado se despede e nos envia
em missão como testemunhas.
Primeira leitura, Jesus volta ao Pai e os discípulos são
enviados para continuar o seu projeto.
Segunda leitura convida os batizados a darem-se as mãos e
caminharem nesta esperança.
EVANGELHO (Lc 24,46-53) disse Jesus: “está
escrito: O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e, no seu
nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações. Eu
enviarei sobre vós aquele que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade,
até que sejais revestidos da força do alto”. Então Jesus levou- até perto de
Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se
deles e foi levado para o céu. Eles o adoraram. Em seguida voltaram para
Jerusalém, com grande alegria.
AMBIENTE
O Evangelho situa-nos
no dia de Páscoa: ressurreição e ascensão são formas de falar da passagem da
morte à vida definitiva junto de Deus.
MENSAGEM
Jesus se despede e os
discípulos são convocados para a missão: envia-os como testemunhas, a pregar a
conversão (“metanóia”) e o perdão dos pecados (Deus os convida a deixar o
egoísmo, o orgulho e a autossuficiência para iniciarem uma vida de Homens
Novos). Os discípulos contam com a ajuda do Espírito.
Jesus dá a bênção
aos discípulos: Eles se tornam capacitados pelo dom que vem de Deus para a
missão: a alegria é o grande sinal messiânico e escatológico, indicando que o
mundo novo já começou.
ATUALIZAÇÃO
à A
ressurreição/ascensão nos mostra que a morte não é o fim; no final de um
caminho de amor, está a vida de comunhão com Deus. Uma vida plena que é o nosso
destino final.
à A
ascensão e a convocação dos discípulos para a missão, indicam a nossa
responsabilidade na construção desse mundo novo onde habita a justiça e a paz;
temos de construir o novo céu e a nova terra.
à Os seguidores de Jesus têm de
testemunhar a esperança, no final do caminho, a vida em plenitude.
PRIMEIRA LEITURA (Atos 1,1-11) Jesus
fez e ensinou, até ao dia em que foi levado para o céu, depois de ter dado
instruções, pelo Espírito Santo, aos apóstolos. Foi a eles que Jesus se mostrou
vivo depois da sua paixão, com numerosas provas. Durante quarenta dias,
apareceu-lhes falando do Reino de Deus. Durante uma refeição, deu lhes esta
ordem: “Não vos afasteis de Jerusalém; vós sereis batizados com o Espírito
Santo, dentro de poucos dias’”. Então perguntaram: “Senhor, é agora que vais
restaurar o Reino em Israel?” Jesus respondeu: “Não vos cabe saber os tempos e
os momentos que o Pai determinou. Mas recebereis o poder do Espírito Santo para
serdes minhas testemunhas até os confins da terra”. Depois, Jesus foi levado ao
céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu. Os apóstolos continuavam olhando para
o céu. Apareceram então dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “por
que ficais aqui, parados, olhando para o céu”? “Esse Jesus virá do mesmo modo
como o vistes partir para o céu”.
AMBIENTE
Estamos na década de
80. Passou já a fase da expectativa pela vinda iminente do Cristo glorioso para
instaurar o “Reino” e há certa desilusão. Quando vai concretizar se o projeto
de Deus? Lucas avisa que o projeto de salvação que Jesus veio apresentar passou
para as mãos da Igreja, animada pelo Espírito. Os cristãos são convidados a
redescobrir o seu papel e testemunhar o projeto de Deus, na fidelidade ao
“caminho” que Jesus percorreu.
MENSAGEM "quarenta
dias" entre a ressurreição e a ascensão, Jesus falou aos discípulos. O
número quarenta é um número simbólico: é o tempo necessário para que o discípulo
possa aprender e repetir as lições do mestre.
A despedida de Jesus
sublinha dois aspectos: a vinda do Espírito e o testemunho que os discípulos
vão ser chamados a dar "até aos confins do mundo". O Espírito irá
derramar-se sobre a comunidade e dará a força para testemunhar Jesus em todo o
mundo.
O último tema é o da
ascensão. Temos, em primeiro lugar, a elevação de Jesus ao céu. Não
estamos falando de uma pessoa que decola
da terra; é teológico: é uma forma de expressar simbolicamente que a exaltação
de Jesus é total e atinge dimensões supra terrenas; é a forma literária de
descrever o culminar de uma vida vivida para Deus, que agora reentra na glória
da comunhão com o Pai.
Temos, depois, a nuvem a meio caminho entre o céu e a
terra, um símbolo para exprimir a presença e ausência do divino. Deus escondido
e presente, cujo rosto o Povo não pode ver, mas cuja presença adivinha nos
acidentes da caminhada. Céu e terra, presença e ausência, luz e sombra, divino
e humano, são dimensões aqui sugeridas a propósito de Cristo ressuscitado,
elevado à glória do Pai, mas que continua a caminhar com os discípulos.
Temos ainda os discípulos a olhar para o céu.
Significa a expectativa dessa comunidade que espera a segunda vinda de Cristo,
a fim de realizar o projeto de libertação do homem e do mundo.
Temos, finalmente, os dois homens vestidos de branco. O
branco sugere o mundo de Deus, o testemunho vem de Deus. Eles convidam os
discípulos a continuar no mundo, animados pelo Espírito, a obra libertadora de
Jesus.
O sentido da ascensão
não é que fiquemos a admirar a elevação de Jesus; mas é convidar-nos a seguir o
"caminho" de Jesus, olhando para o futuro e entregando-nos à
realização do seu projeto de salvação no meio do mundo.
ATUALIZAÇÃO à
A ressurreição/ascensão de Jesus garante-nos que uma vida vivida na fidelidade
aos projetos do Pai é uma vida destinada à glorificação, à comunhão definitiva
com Deus. Quem percorre o mesmo "caminho" de Jesus subirá, como Ele,
à vida plena.
à
A ascensão recorda-nos que Ele foi elevado para o Pai e nos encarregou do seu
projeto libertador.
SEGUNDA LEITURA (Efésios 1,17-23) O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo vos dê um
espírito de sabedoria e abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a
esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na
vossa herança com os santos, e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que
cremos. Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o
fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de toda autoridade, poder,
potência. Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo,
a Cabeça da Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a
plenitude universal.
AMBIENTE - Estamos por volta dos
anos 58/60. Paulo agradece a
Deus pela fé dos efésios e pela caridade que eles manifestam para com todos os
irmãos na fé.
MENSAGEM - A prova de que o Pai
tem poder para realizar essa "esperança" é o que Ele fez com Jesus
Cristo: ressuscitou-o e sentou-o à sua direita, exaltou-o e deu-Lhe a soberania
sobre todos os poderes angélicos. Essa soberania estende-se à Igreja - o
"corpo" do qual Cristo é a "cabeça". O mais significativo é
a ideia de que a comunidade cristã é um "corpo" - o "corpo de
Cristo". Dizer que Cristo é
a "cabeça" da Igreja significa que os dois formam uma comunidade
indissolúvel e que há entre os dois uma comunhão total de vida e de destino;
significa também que Cristo é o centro à volta do qual o "corpo" se
articula, a partir do qual e em direção ao qual o "corpo" cresce, se
orienta e constrói, a origem e o fim desse "corpo"; significa ainda
que a Igreja/corpo está submetida à obediência a Cristo/cabeça: só de Cristo a
Igreja depende e só a Ele deve obediência.
Dizer que a Igreja é a
"plenitude" ("pleroma") de Cristo significa dizer que nela Ele
se torna presente no mundo e continua a realizar o seu projeto de salvação em
favor dos homens.
ATUALIZAÇÃO + A
ressurreição/ascensão/glorificação de Jesus é a garantia da nossa própria
glorificação. Formamos com Ele um "corpo" destinado à vida plena.
+ Dizer que fazemos
parte do "corpo de Cristo" significa que devemos viver numa comunhão
total com Ele e com todos os nossos irmãos, membros do mesmo "corpo",
alimentados pela mesma vida.
+ Dizer que a Igreja é
o "pleroma" de Cristo significa que temos a obrigação de testemunhar
Cristo, de torná-lo presente no mundo, de levar à plenitude o projeto de
libertação que Ele começou em favor dos homens.
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A ASCENSÃO:- É o TÉRMINO da missão terrena de JESUS, e o
INÍCIO da missão da IGREJA...
"Subiu não para se afastar
da nossa humildade, mas para nos dar a esperança de que um dia iremos ao seu
encontro, onde ele nos precedeu". (Prefácio)
- A
Ascensão de Jesus é o preparo da nossa Ascensão: "Vou preparar um lugar para vocês...", disse Jesus aos
Apóstolos. Jesus preparou esse lugar,
voltando para o Pai... Compete agora a
nós conquistar esse lugar...
+ Esperando a vinda do Espírito Santo pela
Oração. "Permanecei na cidade, até que sejais
revestidos da força do alto". Assim a Vida da Igreja não começa com a AÇÃO,
mas com a ORAÇÃO, junto com Maria, a Mãe de Jesus...
A festa de hoje: - nos fortalece
a esperança pelo destino que nos aguarda...
- mas também nos lembra que a
nossa missão hoje é continuar o projeto de Jesus.
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Sugestão:
1-
Quando alguém
nasce, qual a nossa certeza? -
MORRE.
2-
E AÍ? O QUE
VEM DEPOIS DA MORTE? – UM HOMEM
RESSUSCITA E VAI PARA DEUS
3-
TODOS IRÃO PARA
DEUS? – OS QUE OUVEM JESUS E O SEGUEM.
4-
TODOS GUARDAM O
MANDAMENTO, o mundo é santo? – ALGUNS
NÃO CONHECEM.
5-
QUEM VAI
ENSINAR OS MANDAMENTOS? – OS DISCÍPULOS. Os batizados.
6-
OS DISCÍPULOS
SERÃO CAPAZES? – COM A
AJUDA DO ESPÍRITO SANTO. Primeiro oro depois vou agir.
7-
O QUE EU
TENHO A VER COM O OUTRO? – FORMAMOS UM
CORPO E CRISTO É A CABEÇA.
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Ascensão: Cristo recebeu do Pai, como verdadeiro
homem, todo o poder no céu e na terra.
Na ressurreição, contemplamos o Cristo glorificado
pelo Pai. Toda a sua natureza humana, corpo e alma, foi divinizada. Jesus,
agora, é um homem totalmente novo, totalmente “espiritualizado”, totalmente
glorificado, divinizado na sua humanidade. É este o mistério da ressurreição.
Mas, há mais: ao ser glorificado, ele, que é uma pessoa divina, é entronizado
com todo o poder no céu e na terra: ele, ressuscitado, é constituído Senhor do
universo, Senhor da história, Senhor da nossa vida. É isto que a Escritura e a
Tradição querem dizer ao afirmar que ele está “sentado à direita de Deus Pai”:
ele tem o mesmo poder do Pai, ele recebeu o senhorio sobre tudo. Mas, não já o
tinha antes? Não! Tinha como Verbo eterno e divino; mas, agora, é o Verbo como
Filho feito homem que recebe tal poder! É este o significado da ascensão. Um de
nossa raça está dentro da Trindade, um de nossa raça é Senhor do céu e da
terra, um de nossa raça é Senhor dos anjos, um de nossa raça está no topo de
todas as coisas.
O “subir”, aqui, tem um sentido
qualitativo: subiu para uma vida superior, para uma plenitude que não é deste
mundo. Ele, agora, está totalmente imerso no mundo de Deus. É este o
significado da nuvem que o encobre. Ela é símbolo do Espírito que,
divinizando-o, coloca-o no âmbito de Deus Pai. Por isso já não podemos mais
vê-lo com os olhos. Mas, a partida de Jesus não é um afastamento de nós. Ele
estará presente no coração da Igreja e de cada fiel através da potência do seu
Espírito Santo. É o mistério que celebraremos. Na glória, sentado à direita do
Pai, ele agirá sempre como “Cabeça da Igreja, que é seu corpo”,
vivificando-a, sustentando-a, e conduzindo-a sempre mais a ele, até que venha
“do mesmo modo como o vistes partir”.
Para nós, a solenidade tem dois
aspectos importantes. O primeiro, a certeza que há um Senhor no céu, há o
Cristo, que tudo tem em suas mãos. Não há o que temer, cristão: teu Senhor é
aquele que tudo dirige, tudo conduz e tudo plenifica. Finalmente, ao olhar para
o céu, contemplamos, glorioso, aquele que é nossa Cabeça, aquele de cujo Corpo
somos membros. Pois bem, a sua glória é antecipação e garantia da nossa.
Sustentados pelo Espírito Santo e com
os olhos da fé, temos a certeza que nossa vida tem um sentido e é conduzida
pelo Crucificado que foi glorificado à direita do Pai. Senhor nos convida a voltar
cheios de alegria, como os apóstolos, e sermos testemunhas suas em toda a
terra.
A esperança, segundo São Leão Magno,
“tiraram tanto proveito da Ascensão do Senhor que tudo quanto antes lhes
causava medo, depois se converteu em alegria”.
Jesus parte, mas permanece muito
perto de cada um. Nós fomos feitos por Deus e para Deus, levamos dentro de nós
essa marca de eternidade que nos faz desejar a felicidade. Cada ser humano tem
dentro de si uma espécie de saudade do paraíso, um desejo de ser feliz para
sempre, uma ânsia de eternidade que faz sentir certa náusea de viver para
sempre numa situação incompleta e cheia de perigos. Aquela frase de Santo
Agostinho, “Fizeste-nos, Senhor, para ti e o nosso coração está inquieto
enquanto não descansar em ti”, continua atual.
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Do céu desceu, para o céu subiu - Santo
Agostinho.
Hoje nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também com ele o
nosso coração.
Ouçamos as palavras do Apóstolo: “Se ressuscitastes com Cristo,
esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo sentado à
direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl.
3,1-2). E assim como ele subiu sem se afastar de nós, também nós
subimos com ele, embora ainda não tenha se realizado em nosso corpo o que nos
está prometido.
Cristo já foi elevado ao mais alto dos céus; contudo, continua sofrendo
na terra através das tribulações que nós experimentamos como seus
membros. Deu testemunho desta verdade quando se fez ouvir lá do céu:
Saulo, Saulo por que me persegues? (At. 9,4). E ainda: Eu estava com fome
e me deste de comer (Mt. 25,35).
Cristo está no céu., mas também está conosco; e nós, permanecendo na
terra, estamos também com ele. Por sua divindade, por seu poder e por seu
amor ele está conosco.
= diz o Apóstolo: Como o corpo é um só, embora tenha muitos
membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos,
formam um só corpo, assim também acontece com Cristo (1Cor. 12,12) Cristo
é um só, formado por muitos membros.
Desceu do céu por sua misericórdia e ninguém mais subiu senão
ele; mas nele pela graça, também nós subimos. Portanto, ninguém
mais desceu senão Cristo e ninguém mais subiu além de Cristo.
Isto não quer dizer que a dignidade da cabeça se confunde com a do corpo,
mas que a unidade do corpo não se separa da cabeça. Liturgia das Horas
II, p.828-830
- frei Almir Ribeiro Guimarães
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A Missão
Celebramos hoje a festa da
Ascensão do Senhor...
Os últimos momentos de Jesus
junto aos apóstolos e a volta de Cristo ao Pai...
A Intenção responder à
expectativa da comunidade cristã primitiva, que esperava a segunda vinda de
Cristo.
A 1ª Leitura
sublinha a Vinda do Espírito Santo e o Testemunho dos discípulos "até os
confins do mundo". (At 1,1-11)
A Ascensão não é: - Uma espécie de viagem de astronauta ao
Universo. O "Céu" não é
um lugar... É estar com Deus...
A Ascensão não é: - Uma festa para olhar o céu, nosso destino,
desligados dos problemas da vida...
A Ascensão não é: - Um fato isolado. Faz parte do Mistério
Pascal. (Paixão... Ressurreição... Ascensão... e Pentecostes...)
A Ascensão não é: - Não é um fato acontecido 40 dias após a
Ressurreição: O número é simbólico.
É o tempo que prepara os apóstolos para a Missão...
* A ASCENSÃO É:
- Um convite para seguir o
caminho de Jesus, olhando para o futuro e entregando-nos à realização do
projeto de salvação e libertação, que Ele veio apresentar e passou para as mãos
da Igreja, animada pelo Espírito Santo.
A 2ª Leitura anuncia
o sentido profundo e atual que tem a ASCENSÃO do Senhor para a Igreja e para
cada cristão. (Ef 1,17-23)
O Evangelho de Lucas termina com o episódio da ASCENSÃO. (Lc 24,46-53)
Na despedida, Jesus define a
MISSÃO dos discípulos no mundo.
Ao contrário dos
"Atos", Ressurreição, Aparições e Ascensão são colocados, aqui, em
Betânia, no mesmo dia da Páscoa, o que parece mais correto do ponto de vista
teológico:
Ressurreição e Ascensão são
apenas formas humanas de falar da passagem da morte à vida definitiva junto de
Deus.
A ASCENSÃO:
- É
o TÉRMINO da missão terrena de JESUS,
embora continue sua atuação mediante o Espírito Santo...
- É
o INÍCIO da missão da IGREJA:
Ela deve continuar o que Ele começou...
- Fortalece
nossa ESPERANÇA. Nós saímos de Deus para um dia voltarmos a ele...
É a fascinante vocação do homem, elevar-se, emigrar para um mundo
novo...
É um movimento para o alto, um impulso para o infinito...
uma procura da vida que não tem fim...
E Jesus, que se eleva, nos convida para esta aventura maravilhosa.
"Subiu não para se afastar
da nossa humildade, mas para nos dar a esperança de que um dia iremos ao seu
encontro, onde ele nos precedeu". (Prefácio)
- A
Ascensão de Jesus é o preparo da nossa Ascensão: "Vou preparar um lugar para vocês...", disse Jesus aos
Apóstolos.
Jesus preparou esse lugar, voltando para o Pai... Compete agora a nós conquistar esse lugar...
E nós enquanto aguardamos a nossa
Ascensão, não podemos ficar de braços cruzados, apenas olhando para o céu. Pelo
contrário, devemos cumprir a ordem deixada por Cristo: "Vocês serão as minhas testemunhas..."
Qual o caminho ?
+ Não nos apegando às coisas da terra.... Nossa Pátria definitiva não é a terra... é
o céu...
+ Sendo "testemunhas" de Cristo... pregando o evangelho e administrando os
sacramentos...
"Ide... pregai...
batizando..."
+ Esperando a vinda do Espírito Santo pela
Oração.
"Permanecei na cidade, até
que sejais revestidos da força do alto".
Assim a Vida da Igreja não começa com a AÇÃO, mas com a ORAÇÃO, junto
com Maria, a Mãe de Jesus...
+ Rezando pela Unidade das Igrejas cristãs...
É tradição nessa semana, várias Igrejas cristãs rezarem pela
unidade... pedindo ajuda do E. S.,
nesse esforço de diálogo e compreensão recíproca...
A festa de hoje:
- nos fortalece a esperança pelo
destino que nos aguarda...
- mas também nos lembra que a
nossa missão hoje é continuar o projeto de Jesus.
Será que não poderíamos também
ser advertidos pelos anjos de Deus: "Por
que ficais aí parados, de braços cruzados, olhando para o céu ?" Não é
o momento de olhar ao nosso redor e... iniciar a Missão?
P. Geraldo
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Homilia do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs,
começando pelas crianças da catequese, eu pergunto: quando eu digo: “eu estou
no céu”, o que eu estou dizendo? – (que estou com Deus?) - (estou num lugar
muito bom?) - (estou me sentindo muito bem?) - (significa que eu morri?) – não
é para ir. É o mais certo de todos. Ninguém vai para o céu se não morrer.
Continue: - (estou feliz?) – Olhe, existe felicidade maior, quando vivo em
comunhão com Deus? E, agora, comunhão Plena? Tem que ser depois da morte, mas
comunhão plena? É uma felicidade. Tem felicidade maior saber, que eu não corro
mais o risco de ser desviado do caminho? Quem é que a morte incomoda? Quem tem
a consciência pesada, porque acha que não está fazendo o bem, que deveria
fazer. Aí é que está. No tempo de Jesus, tinha um grupo chamado saduceus, que
não acreditavam na ressurreição. Por que? Porque eles viviam totalmente
contrário do que era a vontade de Deus. Para quem vive de maneira contrária à
vontade de Deus, tem um pouco de medo da morte ou tem muito medo da morte.
Agora, uma coisa é ter medo da morte, outra coisa é ter medo de morrer, porque
agente não sabe o que acontece quando está morrendo. Vamos saber um dia, mas
agora não sabemos. Só que Jesus disse: eu vou dar um recado: o Filho do homem
deve morrer e ressuscitar. Então, Ele já deu uma dica, uma orientação; fica
tranquilo, agente não fica morto, Agente ressuscita. Então, o que nos resta é aguardar o momento e
até lá, aproveitar do tempo de maneira muito eficiente, muito boa. Uma das
maneiras é sendo mãe. Sabe por que? Bom, agente está falando daquilo é mais ou
menos comum para todos: “É um céu estar na casa da mãe”. Agente vai visitar a
mãe ou vive com a mãe, agente se sente feliz, protegido, amparado. Então, o que
acontece? Ir na casa da mãe é um céu. Quer fazer uma experiência? Basta ir em
Aparecida, na casa da mãe. Agente se sente bem, muito a vontade. Então, a mãe
pode nos ajudar na celebração de hoje. Hoje, comemoramos Jesus que foi para o
céu, a ascensão do Senhor. Uma maneira simbólica, que apagamos o Círio durante
o hino de louvor. Círio que é a presença de Cristo ressuscitado. Agora, ele não
está entre nós com este corpo que temos, mas com o seu corpo Místico; ele a
cabeça e todos nós os membros: Ele foi para o céu. Então, veja; não ficou na
morte e sofrimento. Ele foi para um lugar de paz, de alegria, um lugar de
tranquilidade. Agora, como bem diz o nosso irmão, Ele passou pela morte. Então,
veja, que a mãe pode nos ajudar a entender o que é o céu.
É claro, que pode ser,
que a mãe ou nós, porque não precisa ser só a mãe para isso, confunde ser amigo
com ser colega. A mãe pode nos ensinar a participar do céu sendo amiga, mas não
colega. É isto, que às vezes, nós filhos não entendemos bem. Queremos da mãe
uma colega. Não. A mãe é um sinal de Jesus. Jesus sempre amou a todos, mas
puxava a orelha na hora certa. Não precisa puxar. É modo de dizer. Chamava a
atenção: chamava um de satanás, falou para o outro: vocês não tem fé? Falou
para outro: você é pavio curto. Enfim, Jesus chamou a atenção na hora que
precisou, mas também abençoou; O Evangelho de hoje. Quanto estamos praticando a
benção? Jesus abençoou. Um convite às mães: ajude a criar o hábito de pedir
benção. Ah, mas vão rir de mim em casa. Riram de Jesus também. Mas, é um sinal
do céu. É um sinal de que estamos no céu quando recebemos a benção. Mas, só a
mãe pode me levar para o céu? Não. Todo aquele ou aquela que trabalha para o
irmão, para que este se sinta amado, este nos leva para o céu. Qualquer
trabalho onde eu promovo a pessoa, no sentido dela se sentir amada, eu estou
levando para o céu, porque o céu é o amor, por isso, Jesus está no céu, porque
Ele é o amor em plenitude. Veja uma coisa. Isto é muito importante: as vezes,
nós nos preocupamos em dar coisas, quando na realidade, é dar amor. Afinal,
somos filhos nascidos do alto: Os valores a cultivar são os do alto. Olha, como
é interessante: a mãe nos garante a vida; ela se torna mãe por isso! Mas, ela
se torna nossa garantia, mesmo antes do nascimento. Ela, que de fato, nos dá
proteção, nos acolhe, nos nutre e mesmo depois que nasce, até o filho viver em
condições de caminhar sozinho, a mãe vai cuidando desse filho. Olha como é
parecido com a Igreja: porque também nós nascemos do batismo. A placenta que a
mãe trás com o líquido, é parecido com a água do batismo. Nascer, nascer para a
vida. É claro, que agente vai cuidando; catequese e tudo mais, até ela poder
caminhar sozinha. Aí, é de se esperar, que ela utilize daquilo que aprendeu.
Então, a mãe e a Igreja são, assim, muito próximos. Então, a Igreja também nos
leva para o céu e com todos aqueles que trabalham na igreja para garantir isto.
Também os trabalhos sociais, muitas iniciativas na sociedade, exatamente para a
pessoa se sentir mais amado, sobretudo, com aqueles que não têm com quem
contar. A celebração da ascensão do Senhor é a esperança de um dia todos
estarem no céu, dentro das compreensões que aqui foram faladas. Quando será
isto? É a pergunta dos discípulos para
Jesus, na primeira leitura de hoje. Ninguém sabe. Depende o quando o mundo
apostar no amor. Até lá, somos chamados a ajudar as pessoas a descobrir este
amor.
Concluindo, é muito bom
observarmos o que temos na carta aos efésios: Éfeso é a cidade onde Nossa
Senhora viveu, depois da morte de Jesus, por conta, que acompanhou São João.
Então, vamos pedir a Nossa Senhora, que anime as mães e que ao mesmo tempo
acolha todas as mães junto de Jesus, aquelas que já estão no céu. Se alguém não
se sentir amado pela mãe, tenha a certeza de que Maria ama a todos.
Louvado seja Nosso Senhor
Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho – Diocese de
Santo André – SP.
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HOMILIA DE D. HENRIQUE SOARES DA COSTA
Ascensão: Cristo não somente foi ressuscitado pelo
Pai, que derramou sobre ele o Espírito Santo, Senhor que dá
a vida, mas também, neste mesmo Espírito, recebeu do Pai, como verdadeiro
homem, todo o poder no céu e na terra. É este o sentido da festa de hoje. Mas,
vejamo-lo por partes.
Cristo Jesus, ao ressuscitar, saiu da
morte e entrou na glória do Pai. A ressurreição e a ascensão são dois momentos,
dois aspectos de um único acontecimento: a glorificação do Cristo feito homem e
entregue à morte. Jesus não ressuscita, passa quarenta dias aqui na terra e,
somente depois, vai para o Pai. Não. Ele já ressuscita no Pai, sua páscoa é
passar deste mundo, atravessando o vale da morte, para entrar no Pai, saindo da
morte. O que os Atos dos Apóstolos narram na primeira leitura de hoje, não é a ida
de Jesus ao Pai, mas a despedida solene de Jesus, o fim daquele período de
encontros do Ressuscitado, glorificado com o Pai, com os seus logo após a
ressurreição.
Então, qual a diferença entre a ressurreição e a
ascensão? Na ressurreição, contemplamos o Cristo totalmente glorificado pelo
Pai na força do Espírito. Toda a sua natureza humana, corpo e alma, foi
divinizada, impregnada pela vida divina, que é o Espírito Santo. Jesus, agora,
é um homem totalmente novo, totalmente “espiritualizado”, totalmente glorificado,
divinizado na sua humanidade. É este o mistério da ressurreição. Mas, há mais:
ao ser glorificado, ele, que é uma pessoa divina, é entronizado com todo o
poder no céu e na terra: ele, ressuscitado, é constituído Senhor do universo,
Senhor da história, Senhor da nossa vida. É isto que a Escritura e a Tradição
querem dizer ao afirmar que ele está “sentado à direita de Deus Pai”: ele tem o
mesmo poder do Pai, ele recebeu o senhorio sobre tudo. Mas, não já o tinha
antes? Não! Tinha como Verbo eterno e divino; mas, agora, é o Verbo como Filho
feito homem que recebe tal poder! É este o significado da ascensão. Um de nossa
raça está dentro da Trindade, um de nossa raça é Senhor do céu e da terra, um
de nossa raça é Senhor dos anjos, um de nossa raça está no topo de todas as
coisas. É o que dirá a oração após a comunhão da Missa de hoje: “Deus eterno e
todo-poderoso... fazei que nossos corações se voltem para o alto, onde está
junto de vós a nossa humanidade”.
São Lucas exprime esta realidade, nos Atos dos
Apóstolos, afirmando que Jesus “foi elevado ao céu” e “uma
nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo”. Não
pensemos aqui numa subida espacial, como se o Senhor Jesus fosse fazer uma
viagem pelo espaço sideral, de um lugar para o outro. O “subir”, aqui, tem um
sentido qualitativo: subiu para uma vida superior, para uma plenitude que não é
deste mundo. Ele, agora, está totalmente imerso no mundo de Deus. É este o
significado da nuvem que o encobre. Ela é símbolo do Espírito que, divinizando-o
completamente, coloca-o diretamente no âmbito de Deus Pai. Por isso já não
podemos mais vê-lo com os olhos da carne.
Mas, a partida de Jesus não é um afastamento de
nós. Ele estará, para sempre, interior e realmente, presente no coração da
Igreja e de cada fiel através da potência do seu Espírito Santo. É o mistério
que celebraremos no domingo próximo. Na glória, sentado à direita do Pai, ele
agirá sempre como “Cabeça da Igreja, que é seu corpo”, vivificando-a,
sustentando-a, e conduzindo-a sempre mais a ele, até que venha “do mesmo modo
como o vistes partir”.
Para nós, a solenidade hodierna tem dois aspectos
muito importantes. O primeiro, a certeza que, por mais incerta e sem sentido
que muitas vezes a realidade e a nossa vida apareçam, há um Senhor no céu, há o
Cristo, que tudo tem, amorosa e poderosamente, em suas mãos. Recordemos o que
diz a segunda leitura: o Pai “manifestou sua força em Cristo, quando o
ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, bem acima de
toda a autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa
mencionar não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro”. Não há o que
temer, cristão: teu Senhor é aquele que tudo dirige, tudo conduz e tudo
plenifica. Tu e o mundo em que vives, tu e a história em que caminhas, estão
nas mãos daquele que se senta no trono, à direita do Pai. Finalmente, ao olhar
para o céu, contemplamos, glorioso, aquele que é nossa Cabeça, aquele de cujo
Corpo somos membros. Pois bem, a sua glória é antecipação e garantia da nossa,
como dizia a oração inicial da Missa: “membros do seu Corpo, somos
chamados a participar da sua glória”.
Caríssimos, não tenhamos medo! Ainda
que com os olhos da carne não possamos contemplar aquele que é o nosso Senhor e
reina sobre tudo, sustentados pelo Espírito Santo e com os olhos da fé, temos a
certeza que este mundo e nossa vida têm um sentido e são conduzidos pelo
Crucificado que foi glorificado à direita do Pai. Renovemos o nosso ânimo e
recordemos que o Senhor nos convida a voltar cheios de alegria, como os
apóstolos, e sermos testemunhas suas em toda a terra. Sejamos
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Os relatos
da ascensão do Senhor não querem indicar o afastamento de Jesus deste mundo.
Querem, sim, revelar plenamente quem é Jesus, conforme já anunciado nas
Sagradas Escrituras: o Messias sofredor que é glorificado. Revelam também que a
missão de Jesus deve ser continuada pelos seus discípulos. Em nome dele, a boa
notícia do perdão dos pecados, mediante o arrependimento, deverá ser proclamada
a todas as nações. O Espírito Santo, promessa de Deus, é a força do alto que
revestirá os discípulos missionários. Sem essa força, prevalecem os interesses
próprios e as ambições de poder. Confessar a fé em Jesus que morreu,
ressuscitou e subiu ao céu é voltar o olhar para a realidade deste mundo e
comprometer-se com sua transformação (evangelho e Atos). Sejam dadas honra e
glória a Deus, pois nos ama de maneira humilde e criativa. Sua grandeza e seu
amor revelam-se plenamente em Jesus Cristo. O seu Espírito abre a nossa mente
para que possamos conhecê-lo verdadeiramente. E nos chama a participar do Corpo
Místico, a Igreja, cuja cabeça é Cristo, o qual está acima de todo poder (II
leitura). Esta unidade precisa ser conservada e cultivada em cada comunidade e
também entre as Igrejas cristãs, pois as divisões entre os membros do mesmo
corpo impedem a vida digna e saudável.
Evangelho
(Lc. 24,46-53): a bênção de Jesus
O Evangelho
de Lucas e os Atos dos Apóstolos são dois volumes da mesma obra. Tanto no final
do Evangelho como no começo do livro de Atos consta o relato da ascensão de
Jesus, de formas diferentes. Originalmente, como muitos estudiosos defendem,
não havia dois volumes, mas, sim, uma unidade, com apenas um relato da ascensão
(o que se encontra em Atos). O que importa aqui, porém, é o sentido teológico
dos dois relatos, assim como se encontram na Bíblia.
No
Evangelho de Lucas, percebemos que todos os fatos acontecidos após a morte de
Jesus se realizam no mesmo dia. Em Atos, Jesus ressuscitado permanece 40 dias
entre seus discípulos, ensinando-lhes coisas referentes ao reino de Deus.
Teologicamente, o tempo de um dia ou de 40 dias tem o mesmo significado: é o
tempo propício concedido aos discípulos para serem testemunhas qualificadas de
Jesus Cristo ressuscitado. Esse testemunho inaugura um novo tempo e deverá ser
irradiado para o mundo inteiro. Para essa missão eles precisam ser preparados.
É por isso,
então, que Lucas enfatiza a preocupação de Jesus em “abrir a mente” (v. 45) dos
discípulos a fim de que entendam as Escrituras. Aprofunda a tarefa catequética
de Jesus, já demonstrada no episódio dos dois discípulos a caminho de Emaús
(24,13-35). Parece insistir na necessidade de uma retomada dos textos do
Primeiro Testamento à luz do evento Jesus de Nazaré. Assim, tudo ficará
esclarecido a respeito do Messias, o Salvador.
De fato,
entre os apóstolos, bem como entre as comunidades cristãs, o processo de
entendimento da pessoa de Jesus e de adesão profunda ao seu projeto não foi tão
tranquilo como se pode pensar à primeira vista. É o que se percebe pelas
reações dos discípulos diante das aparições de Jesus ressuscitado: os de Emaús
caminham um longo trecho sem reconhecê-lo, pois eram “lentos de coração para
crer no que os profetas anunciaram” (24,25); ao apresentar-se aos onze,
desejando-lhes a paz, eles ficaram “tomados de espanto e temor, imaginando que
fosse um espírito”, além de “perturbados e cheios de dúvidas em seus corações”,
a ponto de Jesus insistir para que o apalpassem e entendessem... (cf. 24,36-40).
Diante
dessas dificuldades, Jesus lhes anuncia o que o Pai prometeu: a força do alto.
Enquanto isso não acontece, pede-lhes que permaneçam em Jerusalém, que, para
Lucas, tem uma importância teológica muito especial, pois aí se deu o
acontecimento salvador mediante a morte e ressurreição de Jesus. A partir desse
espaço, a proclamação do arrependimento e da remissão dos pecados atingirá o
mundo inteiro: é a boa notícia da salvação oferecida a toda a humanidade.
Lucas,
porém, distingue a Jerusalém teológica da cidade em seu sentido
político-econômico, com suas instituições opressoras. Não é por acaso que Jesus
os tira desta cidade e os leva a Betânia. Isso lembra o êxodo do povo de
Israel, tirado da escravidão do Egito. É em Betânia que ele os abençoa enquanto
se eleva ao céu. As pessoas aí abençoadas tornar-se-ão portadoras da bênção
divina a todos os povos.
1º leitura
(At. 1,1-11): a exaltação de Jesus
O prólogo
de Atos dos Apóstolos faz ligação com o início do Evangelho de Lucas,
esclarecendo que se trata da continuação da obra endereçada ao mesmo
destinatário, Teófilo (etimologicamente “amigo de Deus”), o qual, no plano
simbólico, pode representar a comunidade cristã. Enquanto o primeiro volume
tratou da vida de Jesus Cristo, o segundo vai ocupar-se da vida da Igreja,
guiada pelo Espírito Santo. Ela está intimamente ligada à vida e à missão de
Jesus, bem como à história de Israel, representada pelo seu centro religioso,
Jerusalém, e pelo cumprimento da promessa anunciada na Sagrada Escritura.
O cristianismo
tem suas raízes no judaísmo. Não há ruptura entre Israel e a Igreja: há
continuidade. O testemunho dos apóstolos deverá percorrer uma trajetória sempre
mais ampla, partindo de Jerusalém até os confins do mundo (1,8). Para isso,
deverão antes mergulhar na experiência do Espírito Santo, que descerá sobre
eles no dia de Pentecostes.
Para a
narrativa da ascensão em Atos, Lucas inspira-se em passagens do Primeiro
Testamento, como o arrebatamento de Elias aos céus (2Rs 2,1-18). Eliseu,
discípulo de Elias, por testemunhar o arrebatamento do seu mestre, recebe
“dupla porção” do seu espírito e torna-se o continuador da missão profética;
como testemunhas oculares da ascensão de Jesus, seus discípulos receberão o
Espírito Santo para continuar a sua obra. Os dois homens vestidos de branco são
os mesmos de Lc 24,4, que anunciam às mulheres a ressurreição de Jesus e as
fazem recordar as palavras por ele ditas. Aqui, em Atos, eles recordam aos
discípulos a verdade da ascensão.
Ressurreição
e ascensão são dois momentos que exprimem o novo modo de ser de Jesus: aquele
que foi obediente ao Pai até a morte é glorificado e exaltado, mas permanece na
comunidade. O transcendente manifesta-se na história humana.
2º leitura
(Ef. 1,17-23): Jesus, cabeça da Igreja
A carta aos
Efésios, com muita probabilidade, é fruto da reflexão das comunidades fundadas
por Paulo. Escrita ao redor do ano 90, enfatiza o projeto de salvação de Deus
para todos os seres humanos. O texto de hoje, num estilo litúrgico, apresenta a
figura de Jesus glorioso como aquele que tem a soberania sobre toda a criação,
está acima de toda autoridade e de todo poder.
O
conhecimento de Deus dá-se por sua graça. É ele que nos concede “o espírito de
sabedoria e de revelação”; é ele que “ilumina os olhos do coração” para
compreendermos “a extraordinária grandeza do seu poder para nós” manifestada em
seu Filho, Jesus Cristo. A ressurreição e a ascensão de Jesus são aqui
lembradas como sinais que revelam a glória e a soberania de Jesus em tudo e em
todos.
O
discernimento da verdade a respeito de Jesus estende-se à verdade sobre a
Igreja: formamos o Corpo Místico, cuja cabeça é Cristo. Ao mesmo tempo em que
está sujeita à autoridade de Jesus Cristo, a Igreja vive intimamente unida a
ele. É uma união vital, pois sem a cabeça não existe corpo e não existe vida.
Pistas para
reflexão
A ascensão
de Jesus não significa que ele tenha ido embora para retornar no final dos
tempos. Na verdade, ele é exaltado, mas permanece no meio de nós. Os olhos da
fé o vêem perfeitamente e o coração dos que acreditam o acolhem com amor e
gratidão.
Jesus
Cristo e a Igreja formam um corpo. Ter essa consciência implica cuidar uns dos
outros com muito carinho e respeito. Significa responsabilizar-se pela promoção
da vida, dando prioridade aos membros que sofrem. Significa acolher os que são
diferentes, sem julgamentos superficiais, mas exercitando o diálogo e a mútua
compreensão.
Celso
Loraschi
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA
Lc 24, 46-53 à O SENHOR ESTEJA COM
TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS,
POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T:
Senhor,
fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
à Pai, que dirigis o mundo na vossa liberdade
soberana, nós vos bendizemos pela presença de Jesus, vosso filho, em nosso meio
pela palavra que nos orienta e pelo pão que nos sustenta e transforma. Abri os
nossos corações para que Vosso Espírito habite em nós e nos faça verdadeiras
testemunhas de vosso amor.
T:
Senhor,
fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
à Pai,
Vos bendizemos por nos dar Jesus Cristo como
nosso único e eterno sacerdote, No qual nos inserimos para o vosso louvor e
vossa glória. Vos louvamos pelo Cordeiro que está a Vossa direita a interceder
por nós.
T:
Senhor,
fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
à Pai, nós Vos damos graças pela obra cumprida por
Jesus, Vosso Filho, no meio de nós. Pelo batismo nos tornamos vossos filhos
adotivos e com grande esperança, aguardamos o dia de nossa ressurreição, para
habitarmos convosco para sempre.
T:
Senhor,
fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
à Pai,
fazei-nos mais assíduos em nossa missão de testemunhas de vosso amor. Que vosso
Espírito nos fortifique e nos transforme em verdadeiros anunciadores de vosso
Reino.
T:
Senhor,
fonte da vida, dai-nos a vossa salvação!
à Pai nosso... A
Paz... Eis o Cordeiro...
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