30º Domingo do Tempo Comum ano C
(SINOPSE)
TEMA – A HUMILDADE - “Deus escuta a oração dos humildes!”
Primeira leitura: Deus ama os humildes e escuta as suas súplicas.
Evangelho: Jesus conta a parábola do publicado e
do fariseu quando oram no templo.
Segunda leitura: Paulo convida a viver com entusiasmo e confiança na
misericórdia de Deus.
PRIMEIRA LEITURA (Eclo 35, 15b-17.20-22a) Leitura do
Livro do Eclesiástico.
O Senhor é um juiz que não faz discriminação de pessoas.
Ele não é parcial em prejuízo do pobre, mas escuta, sim, as súplicas dos
oprimidos; jamais despreza a súplica do órfão, nem da viúva, quando desabafa
suas mágoas. Quem serve a Deus como ele o quer, será bem acolhido, e suas
súplicas subirão até as nuvens. A prece do humilde atravessa as nuvens:
enquanto não chegar não terá repouso; e não descansará até que o Altíssimo
intervenha, faça justiça aos justos e execute o julgamento.
AMBIENTE - O livro de Ben Sira (Eclesiástico) foi escrito nos inícios do séc.
II a.C., quando os selêucidas dominavam a Palestina e a cultura helênica
colocava em risco a cultura, a fé e os valores judaicos. O autor defende o
patrimônio cultural e religioso do judaísmo.
MENSAGEM - Jesus Ben Sira insiste em que Deus escuta sempre as preces dos débeis e que
está atento aos gritos de revolta daqueles que são vítimas da injustiça. Assim,
os humildes que sofrem a opressão e a prepotência dos poderosos são convidados
a apresentar a Deus as suas queixas, até que Ele restabeleça o direito e a
justiça.
ATUALIZAÇÃO ♦ a “verdadeira religião” não passa pelos ritos,
mas pelo amor aos irmãos. Não é
verdadeira a religião daqueles que aos domingos pagam o dízimo, mas não
respeitam a dignidade e a liberdade dos outros. Uma religião desligada da vida
é uma religião falsa.
♦ Deus não deixa passar em
claro qualquer injustiça cometida contra o pobre.
♦ A oração do pobre chega sempre aos ouvidos de Deus…
SALMO RESPONSORIAL 33 (34)
O pobre clama a
Deus e ele escuta; o Senhor liberta a vida dos seus servos.
• Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo, / seu louvor
estará sempre em minha boca. / Minha alma se gloria no Senhor; / que ouçam os
humildes e se alegrem!
• Mas Ele volta a sua face contra os maus, / para da terra
apagar sua lembrança. / Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta / e de
todas as angústias os liberta.
• Do coração atribulado ele está perto / e conforta os de
espírito abatido. / Mas o Senhor liberta a vida dos seus servos, / e castigado
não será quem nele espera.
EVANGELHO (Lc
18, 9-14) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele
tempo, Jesus contou esta parábola para alguns que confiavam na sua própria
justiça e desprezavam os outros: “Dois homens subiram ao templo para rezar: um
era fariseu; o outro, cobrador de impostos. O fariseu, de pé, rezava assim em
seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens,
ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos. Eu jejuo
duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda’. O cobrador de
impostos, porém, ficou à distância e nem se atrevia a levantar os olhos para o
céu; mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, que sou
pecador!’ Eu vos digo: este último voltou para casa justificado; o outro, não.
Pois quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”.
AMBIENTE - Jesus fala aos que se consideravam justos e desprezavam os
outros”. Os “fariseus” eram os defensores intransigentes da “Torah”; no dia a
dia, procuravam cumprir escrupulosamente a Lei: só assim – pensavam eles – o
Povo chegaria a ser santo. Os “publicanos” estavam ligados à cobrança dos
impostos romanos. estavam afetados de impureza e não podiam fazer penitência.
Quem exercia tal ofício, estava privado de certos direitos cívicos, políticos e
religiosos; por exemplo, não podia ser juiz nem prestar testemunho em tribunal.
MENSAGEM - O fariseu é o modelo de um homem irrepreensível face à Lei, que
cumpre todas as regras. O problema do fariseu é que pensa ganhar a salvação com
o seu próprio esforço. Para ele, a salvação não é um dom de Deus, mas uma conquista
do homem; se o homem levar uma vida irrepreensível, Deus não terá outro remédio
senão salvá-lo. Essa auto-suficiência leva-o, também, ao desprezo por aqueles
que não são como ele … O publicano, ao contrário, apoia-se apenas em Deus e não
nos seus méritos. Ele apresenta-se diante de Deus de mãos vazias e sem
quaisquer pretensões … E Deus “justifica-o” – isto é, derrama sobre ele a sua
graça e o salva.
ATUALIZAÇÃO ♦ Deus não é um contabilista,
mas é o Deus da bondade, do amor, da misericórdia, sempre disposto a derramar
sobre o homem a salvação como puro dom.
♦ A certeza de possuir qualidades e méritos em abundância, acaba por
gerar o desprezo pelos irmãos. Então, criam-se barreiras de separação e
exclusão…
SEGUNDA LEITURA
(2Tm 4, 6-8.16-18) Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo,
quanto a mim eu já estou para ser oferecido em sacrifício; aproxima-se o
momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a
fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça, que o Senhor, justo juiz,
me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que esperam com
amor a sua manifestação gloriosa. Na minha primeira defesa, ninguém me
assistiu; todos me abandonaram. Oxalá que não lhes seja levado em conta. Mas o
Senhor esteve a meu lado e me deu forças; ele fez com que a mensagem fosse
anunciada por mim integralmente e ouvida por todas as nações; e eu fui
libertado da boca do leão. O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para
o seu Reino celeste. A ele a glória, pelos séculos dos séculos! Amém.
AMBIENTE - É uma época de perseguições, de divisões, de heresias e, portanto,
de confusão e de desânimo. Nesse contexto, um cristão anônimo, usando o nome de
Paulo, escreveu a pedir aos seus irmãos na fé que se mantivessem fiéis à missão
que Deus lhes confiou. O seu objetivo era revitalizar a fé e o entusiasmo dos
crentes.
MENSAGEM - A vida de Paulo foi, desde o seu encontro com Cristo ressuscitado
na estrada de Damasco, uma resposta generosa ao chamamento e um compromisso
total com o Evangelho. Por Cristo e pelo Evangelho, Paulo lutou, sofreu, gastou
a sua vida, para que a salvação chegasse a todos os povos da terra. Resta-lhe
receber essa coroa de glória, reservada aos atletas vencedores. Há duas
maneiras de dar a vida por Cristo: uma é gastá-la dia a dia na tarefa de levar
a libertação que Cristo veio propor; outra é derramar, de uma vez, o sangue por
causa da fé e do testemunho de Cristo… Paulo conheceu as duas modalidades. Daí
o louvor com que Paulo termina: “glória a Ele pelos séculos sem fim. Amem”. É
esta a atitude que o autor da carta pede aos seus irmãos: apesar do
desânimo, do sofrimento, da tribulação, descubram a presença de Deus, confiem
na sua força, mantenham-se fiéis ao Evangelho: assim recebereis, sem
dúvida, a salvação definitiva que Deus reserva a quem combateu o bom combate da
fé.
ATUALIZAÇÃO
♦ Paulo é um modelo e um testemunho que deve interpelar, desafiar e
inspirar cada crente.
♦ Aquele que escolhe Cristo
não está só, ainda que tenha sido abandonado e traído por amigos e conhecidos;
o Senhor está a seu lado, dá-lhe força, anima-o e livra-o de todo o mal.
Santo Agostinho
dizia que “a fé não é para os soberbos, mas para os humildes”. Somente aquele que se sabe pequeno e
frágil, imperfeito e limitado diante de Deus reza de verdade. Por isso o
Eclesiástico afirma que “a prece do humilde atravessa as nuvens”.
É este o verdadeiro crente: aquele que sabe
bendizer a Deus em todo o tempo – seja no tempo bom, seja no mau. “Seu
louvor estará sempre em minha boca!”
O fariseu está
de pé, dá graças pelo que faz, mostra-se satisfeito. Compara-se com os outros e
considera-se mais justo, melhor cumpridor da Lei. Na oração, ao invés de louvar
a Deus, louva-se a si mesmo…
A falta de
conhecimento próprio é causa de muitos erros na nossa vida. Pensamos que somos
o que não somos e não consideramos o que realmente somos. A falta de
conhecimento próprio pode levar-nos tanto à baixa estima quanto à vanglória.
Santo Inácio de
Loyola afirma: “Nós nos salvamos, salvando”. Estamos todos na mesma videira,
como ramos; como peixes no mesmo mar; como iluminados à luz do mesmo sol, como
disse Jesus: “Sede perfeitos como o Pai do céu”, que deixa o sol iluminar a todos
e deixa chover sobre justos e injustos. Sejamos missionários; “Eis que eu os
envio; quem vos recebe, a mim recebe”. Este é o mês das missões.
=========----------=========
Fariseu ou Publicano?
No domingo passado, refletimos sobre a necessidade da Oração perseverante:
Um apelo muito atual ao homem moderno, tão ocupado e
preocupado com tantas coisas,
que quase não sobra tempo para si mesmo. E o tempo que sobra
gasta na TV ou outras diversões. Mas não basta rezar, precisa rezar bem...
- E qual é o espírito que deve animar a nossa oração para que seja agradável a Deus e proveitosa
para nós?
Na 1ª Leitura, Deus afirma que
escuta as sua súplicas dos HUMILDES:
"A oração do humilde penetra as nuvens..." (Eclo 35,15a-17.20-22a)
* A nossa oração só tem
valor e é acolhida por Deus,
quando parte de um coração pobre, humilde e
justo
e é solidária com todos os oprimidos e
empobrecidos.
Na 2ª Leitura, Paulo, velho,
preso, condenado à morte,
medita e reza sobre a sua VIDA... (1Tm 4,6-8.16-18)
"Combati o bom
combate, terminei a minha carreira, guardei a fé..."
* É o testamento de alguém que está com a consciência do
dever cumprido
e aguarda com
humildade e confiança a recompensa de
Deus.
No Evangelho, Jesus mostra a ORAÇÃO HUMILDE de um pecador,
que se apresenta diante de Deus de mãos vazias,
mas disposto a acolher o Dom de Deus. (Lc 18,9-14)
- Os destinatários da Parábola do Fariseu "santo"
e do Publicano "pecador"
são: "alguns que se consideravam justos e
desprezavam os outros".
- Os dois rezam no Templo: um espera a recompensa e o outro
a misericórdia...
O modo de rezar dos
dois é bem diferente:
O Fariseu pelo
caminho do orgulho, o Publicano pelo caminho da humildade.
+ O FARISEU:
na frente... "de pé"... reza satisfeito pelo que é e pelo que faz:
- Sua oração é longa: é uma arrogante exaltação de si.
Agradece a Deus por
não ser como os demais, nos quais só vê erros e pecados.
- É auto-suficiente: não precisa de Deus e despreza os
irmãos. A sua salvação é uma conquista pelas suas boas obras e não misericórdia
e dom de Deus.
+ O PUBLICANO:
no fundo... de cabeça baixa... batendo no peito...
Reconhece com
humildade a soberania de Deus e a própria pequenez...
Ele precisa de Deus
e aceita a salvação que Deus lhe oferece.
- Sua oração é
breve: resume-se em pedir perdão:
"Meu Deus, tem piedade de mim, que
sou um pecador..."
+ À primeira vista, daria a impressão que o fariseu era mau
e o publicano bom. No entanto, o fariseu era "bom praticante" e o
publicano praticava injustiças. Mas, quem se comportava bem foi condenado e o
pecador voltou "justificado".
O fariseu ofereceu suas obras, o publicano sua miséria e
seus pecados...
- E Jesus conclui:
"Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será
exaltado".
A Parábola nos fala de DOIS TIPOS de Pessoas:
+ O Fariseu é modelo do homem
"justo", cumpridor de todas as leis,
que leva uma vida impecável. Ninguém o pode acusar de ações
contra Deus,
nem contra os irmãos. Está contente por não ser como os
outros.
Vai à missa todos os domingos... Paga o dízimo... Confessa
de vez em quando... Mas
na confissão "não tem pecados". Só tem boas obras a declarar...
Na Oração, ao invés de louvar a Deus, louva-se a si mesmo...
Umas práticas religiosas bem observadas lhe dão a segurança
da salvação.
* CRISTO quer uma religião em espírito
e verdade, com o mandamento do amor.
E ele a reduz a umas obrigações,
para estar em dia com Deus...
+ O
Publicano é modelo do homem humilde, que se
reconhece pecador.
Sente necessidade de Deus, confia nele e lhe oferece seu
pobre coração abatido.
* Aceita com humildade os meios da Confissão, da Missa e da
Comunhão.
Não se considera
melhor do que os outros... Nem os julga...
+ Os novos Fariseus...
O FARISAÍSMO é uma atitude religiosa que nos impede de
ver-nos como somos
e deturpa nossa relação com Deus e com os irmãos.
Ninguém está isento da contaminação dessa perene soberba
humana.
PUBLICANOS são todos aqueles que tomam consciência de seus
erros
e pedem perdão.
- Quais são os sentimentos que animam o nosso coração na
Oração?
Missão e Partilha...
Nesse DIA MUNDIAL DAS MISSÕES, o papa nos lembra que... "é
uma ocasião para renovar o compromisso de anunciar o Evangelho
e conferir às
atividades pastorais ampla conotação missionária...
'Queremos ver Jesus' é um apelo atual... Os
homens de nosso tempo
pedem aos fiéis que
não apenas "falem" de Jesus, mas "apresentem",
fazendo resplandecer o
seu rosto, em todos os cantos da terra...
A Eucaristia é fonte e
ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua Missão. Uma Igreja
autenticamente eucarística é uma igreja missionária:
'O que vimos e
ouvimos, nós agora o anunciamos a vocês,
para que vocês estejam
em comunhão conosco' (1Jo 1,3)...
O impulso missionário
sempre foi sinal de vitalidade para as nossas Igrejas e a sua cooperação é testemunho
singular de unidade, fraternidade e solidariedade, que torna críveis os
anunciadores do Amor que salva".
Pe. Antônio Geraldo
==========----------------==========
PISTAS: 1)
No domingo anterior vimos a constância na oração; hoje contemplamos como a
sinceridade e humildade conquistam o favor divino. Não basta qualquer oração; é
necessário que saia do fundo da indigência humana para provocar a ação divina.
O fariseu busca um Deus que aprove sua vida e nada pede. Nada necessita: é a
oração do auto-suficiente. Deus nada tem a fazer diante de semelhante atitude.
2) Devemos
modificar nossa maneira de julgar nossos semelhantes. Geralmente fixamos nossa
atenção nos seus defeitos, nos seus pecados, nos seus vícios. Por que não olhar
neles as coisas boas, as excelências, as virtudes? Sem dúvida que seremos mais
justos e teremos uma visão mais otimista do mundo.
3) No mal,
no pecado, achamos a miséria humana, a derrota, a impotência, quando não a
ignorância, nunca a grandeza. É a mesma miséria que encontramos na doença, no
sofrimento, na morte. Se esta última nos oferece uma palavra de compaixão e de
desculpa, por que não desculpamos e perdoamos a pessoa que comete esse mal,
que, por outra parte, tão absolutamente reprovamos?
4) O
perdão é o maior dom que podemos receber de Deus. A humildade, o reconhecimento
de nossa insignificância, é a mais excelente disposição para recebê-lo. E todos
necessitamos desse perdão.
=========---------------==========
Homilia de Dom Henrique Soares da
Costa
No Domingo passado, a Palavra de Deus nos falava
da oração. Vimos, naquela ocasião, que rezar nos coloca diante de Deus com toda
a nossa vida: a oração é a atitude fundamental do homem de fé. Quem não reza é
ateu, fechado em si, na sua auto-suficiência. Para quem não reza – ou não reza
de verdade, com espírito de orante -, Deus não passa de um objeto. Neste
sentido, Santo Agostinho dizia que “a fé
não é para os soberbos, mas para os humildes”. Somente aquele que se sabe pequeno e frágil, imperfeito e limitado
diante de Deus reza de verdade. Por isso o Eclesiástico afirma que “a
prece do humilde atravessa as nuvens”. E aqui não se trata
simplesmente de uma oração de momento, mas de uma atitude de vida: atravessa as
nuvens os desejos do coração daquele que vive a vida diante de Deus e não
fechado em si mesmo: “Bendirei o Senhor Deus em todo tempo, seu louvor
estará sempre em minha boca!” – Vejam: é este o verdadeiro orante, porque
é este o verdadeiro crente: aquele que
sabe bendizer a Deus em todo o tempo – seja no tempo bom, seja no mau. “Seu
louvor estará sempre em minha boca!”
Pensando nisso, meditemos na parábola de Jesus,
sobre a atitude dos dois homens que sobem ao Templo para rezar… Por que Jesus a
contou? Contou-a “para alguns que confiavam na sua própria justiça, isto
é, na sua própria retidão, nos seus próprios méritos, na sua própria
santidade e desprezavam os outros”. Como reza o fariseu? Santo
Agostinho explica que ele nem sequer reza: “Procura nas suas palavras o que ele
pediu. Não encontras nada! Foi para rezar, mas não rezou a Deus; só louvou a si
próprio! Mais ainda: não lhe bastou não rezar, não lhe bastou louvar a si
próprio e ainda insultou aquele que rezava de verdade!” O fariseu, na verdade,
é incapaz de uma verdadeira comunhão com Deus: ele somente tem a si próprio
ante seus olhos, ele é o seu próprio Deus, a sua própria satisfação e, quando
se mede com os outros, é para insultar e desprezar interiormente… Bem diferente
de Jesus, que tinha tudo para nos acusar e, no entanto, quando nos olha, é para
ter compaixão, para perdoar, para nos estender a mão.
E o publicano? Qual a sua atitude? “Ficou
à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu; mas batia no
peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador!”’ De modo
poético, diz Santo Agostinho que “o
remorso o afastava, mas a piedade o aproximava; o remorso o rebaixava; mas a
esperança o elevava”. Eis a atitude do homem aberto para Deus, daquele que
se vê na luz do Senhor: tem consciência do seu nada, da sua miséria, do seu
pecado, mas sabe que é amado por Deus; sabe que o que de bom possui e faz é dom
da graça do Senhor! E porque assim vive e assim procede, esse pobre pecador
experimenta a misericórdia de Deus, daquele que, como diz o Salmo, “volta
sua face contra os maus, para da terra apagar sua lembrança. Do coração
atribulado ele está perto e conforta os de espírito abatido” . Como
termina a parábola? Deixem-me ainda citar Santo Agostinho: “Escutaste o
contraste entre o fariseu e o publicano; escuta agora a sentença. Escutaste o
soberbo acusador e o réu humilde. Escuta, agora, o Juiz: ‘Em verdade
eu vos digo: aquele publicano saiu do templo justificado, não o fariseu’. Senhor,
dize-nos o motivo! Perguntas o por quê? Eis: ‘ Porque quem se exalta,
será humilhado, e quem se humilha, será exaltado’. Ouviste a sentença;
guarda-te bem de caíres no motivo; ouviste a sentença; preserva-te da soberba!”
Meus caros, não é esta a nossa grande tentação?
Achar que somos bons, que somos justos diante de Deus, que mereceríamos um
prêmio de honra ao mérito. E, ainda mais: do alto da nossa auto-suficiência,
quantas e quantas vezes julgamos, condenamos e executamos os outros! No
entanto, se nos recordássemos os nossos pecados com sinceridade, como o
publicano, não nos acharíamos grandes diante de Deus e não julgaríamos nem
condenaríamos, como o fariseu. Pensemos nos tantos benefícios que do Senhor
recebemos, pensemos nos nossos pecados e na nossa preguiça para amá-lo como ele
deve ser amado, pensemos nas nossas incoerências e infidelidades, pensemos nas
nossas fraquezas… Se assim o fizermos, não teremos a pretensão de merecer nada
diante de Deus, seremos humildes e também mais compreensivos com as fraquezas
dos irmãos. Nunca percamos de vista o seguinte: aquele que se acha merecedor
diante do Senhor, merece, na verdade somente a sua repreensão, pois ainda não
compreendeu de fato que Deus nos amou primeiro e não só nos chamou à vida, como
também deu-nos o seu Filho quando ainda estávamos nos nossos pecados! Estejamos
atentos ao exemplo de São Paulo, na segunda leitura de hoje. Ele, que tinha
tanto de se gloriar, porque combateu o bom combate, com toda humildade esperou
do Senhor o prêmio da coroa da justiça. Que diferença do fariseu! Este,
confiava na sua própria justiça; o Apóstolo esperou na justiça do Senhor. Por isso,
na fraqueza experimentou a força do Senhor e, na tribulação, experimentou que o
Senhor lutou por ele…
Que este mesmo Senhor nos dê a graça de um
coração humilde, que coloque somente nele a confiança, o repouso e a esperança
da salvação. Assim, seremos livres da soberba e justos diante de Deus. Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
============--------------============
Homilia
do Mons. José Maria
Oração: Autêntica ou Falsa?
“A oração do humilde atravessa as nuvens”, diz
Eclo 35, 21: sobe até Deus e desce cheia de frutos.
Em Lc 18, 9 – 14 Jesus põe em confronto a oração
do soberbo e do humilde, contando-nos a parábola do fariseu e do publicano.
Antes de narrar a parábola, São Lucas preocupa-se
em mencionar que Jesus falava a uns que confiavam em si mesmos, como se fossem
justos, e desprezavam os outros. O Senhor fala de dois personagens bem
conhecidos de todos os ouvintes: Subiram dois homens ao Templo para orar: um
fariseu e outro publicano. Percebeu-se logo que, embora ambos tenham ido ao Templo com a mesma finalidade, um deles não fez
oração. Não falou com Deus num diálogo amoroso, mas consigo próprio. Na sua
oração, não há amor como também não há humildade. Está de pé, dá graças pelo que faz, mostra-se satisfeito. Compara-se
com os outros e considera-se mais justo, melhor cumpridor da Lei. Parece não
necessitar de Deus. Na oração, ao invés de louvar a Deus, louva-se a si mesmo…
Sua oração é longa: é uma arrogante exaltação de si. Sua Salvação não é dom de
Deus, mas conquista de suas “boas obras”.
O publicano “ficou de longe, e por isso Deus
aproximou-se dele mais facilmente. Não atrevendo a levantar os olhos ao céu,
tinha já consigo Aquele que fez os céus… Que o Senhor esteja longe ou não,
depende de ti. Ama e se aproximará” (Santo Agostinho). O publicano conquistou a
Deus pela sua humildade, pois “Ele resiste aos soberbos e dá a sua graça aos
humildes” (Tg 4, 6). Não se considera melhor do que os outros… Nem os julga…
Sua oração é breve: resume-se em pedir perdão.
Efetivamente, a humildade é o fundamento do nosso
trato com Deus.
“Deus gosta – ensina Santo Afonso Maria de
Ligório – de que trateis familiarmente com Ele. Tratai com Ele dos vossos
assuntos, dos vossos projetos, dos vossos trabalhos, dos vossos temores e de
tudo o que vos interesse. Fazei-o com confiança e com o coração aberto, porque
Deus não costuma falar à alma que não lhe fala.” Mas falemos-Lhe com a
simplicidade da humildade.
Jesus começa a parábola do fariseu e o publicano
(Lc 18, 1) insistindo em que é preciso orar sempre! O Mestre quer dizer-nos de
muitas maneiras que a oração é absolutamente necessária para segui-Lo e para
empreender qualquer tarefa cujo valor permaneça para além desta vida
passageira.
Nos começos do seu Pontificado, o Papa João Paulo
II declarava: “A oração é para mim a primeira tarefa e como que o primeiro
anúncio; é a primeira condição do meu serviço à Igreja e ao mundo.” E
acrescentava: “Todos os fiéis devem considerar sempre a oração como a obra
essencial e insubstituível da sua vocação… Sabemos bem que a fidelidade à
oração ou o seu abandono são a prova da vitalidade ou da decadência da vida
religiosa, do apostolado, da fidelidade cristã.” Sem oração, não poderíamos
seguir o Senhor no meio do mundo. A oração é tão indispensável como o alimento
ou a respiração para a vida do corpo.
Façamos um exame, uma reflexão, sobre como
estamos rezando! Examinemos hoje se a nossa oração, o nosso trato diário com
Jesus, vivifica o nosso trabalho, a vida familiar, a amizade, o apostolado…
Sabemos que tudo é diferente quando primeiro falamos com o Mestre. É na oração que o Senhor dá luzes para
entender as verdades.
Peçamos ao Senhor a graça de termos zelo, amor,
pelos tempos de oração, que defendamos os tempos dedicados à oração, “estando a sós com quem sabemos que nos
ama” (Santa Teresa), pois dela tiramos forças para santificar os nossos
afazeres diários, para converter em graça as contrariedades e para vencer todas
as dificuldades. A nossa fortaleza está na proporção do nosso trato com o
Senhor.
Não deixemos nunca a oração! Escreve Santa
Teresa: “Outra coisa não me parece perder o caminho senão abandonar a oração.”
Não devemos ficar preocupados se algumas vezes a oração se torna árida, não
experimentamos nenhum sentimento especial enquanto tentamos rezar. No tratado
sobre a oração, ensina São Pedro de Alcântara: “Para quem se empenha seriamente
em fazer oração, virão tempos em que lhe parecerá vaguear por um deserto e,
apesar de todos os esforços, não sentir nada de Deus. Deve saber que essas
provas não são poupadas a ninguém que tome a oração a sério [...]. Nesses
períodos, deve esforçar-se firmemente por manter a oração, que ainda que possa
dar-lhe a impressão de um certo artificialismo, é na realidade algo
completamente distinto: é precisamente nessa altura que a oração constitui uma
expressão de sua fidelidade a Deus, na presença do qual quer permanecer mesmo
que não seja recompensado por nenhuma consolação subjetiva.”
“É a presença silenciosa de Deus na base do nosso
pensamento, da nossa reflexão e do nosso ser, que impregna toda a nossa
consciência.” (Bento XVI)
A oração ajudará a ser “Discípulos-Missionários”
Mons. José Maria Pereira
==========-----------------============
Homilia do Padre
Françoá Costa
Conhecimento próprio
A falta de
conhecimento próprio é causa de muitos erros na nossa vida. Pensamos que somos
o que não somos e não consideramos o que realmente somos. Frequentemente
sofremos à toa, simplesmente porque não nos conhecemos. O desconhecimento de
quem somos pode levar-nos inclusive à depressão quando vemos a nossa imagem
desfigurada por alguém. O que acontece é que essa imagem que formamos de nós
mesmos não é a nossa verdadeira imagem, mas uma mera caricatura. Não serve para
nada! Qual é a nossa verdadeira imagem, então?
A falta de
conhecimento próprio pode levar-nos tanto à baixa estima quanto à vanglória.
Alguns “se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros” (Lc
18,9). Vangloriamo-nos, isto é, temos uma glória vã, porque não nos conhecemos.
Uma das consequências é a falta de critério em relação às nossas ações e às dos
outros: excessivo rigor para com os outros, extrema misericórdia para conosco
mesmos. São Josemaría Escrivá deixou escrito: “Nunca queres esgotar a verdade”.
– Umas vezes, por correção. Outras – a maioria-, para não passares um mau bocado.
Algumas, para evitá-lo aos outros. E, sempre, por covardia. Assim, com esse
medo de aprofundar, jamais serás homem de critério” (Caminho 33).
Não adianta! Enganar-nos a nós mesmos não é o
caminho. Conta-se que Dionísio I de Siracusa pensava de si mesmo que era um
poeta excelente, tanto era assim que um belo dia se alegrou de ler os seus
versos diante de Filoxeno, um autêntico poeta. Ao terminar, o poeta criticou os
versos de Dionísio. Este, como um verdadeiro tirano e sem respeito à opinião
dos outros, mandou prender a Filoxeno sem maiores explicações. Mas, depois de
alguns dias, compôs outros versos e tanta foi a sua curiosidade em saber a
opinião de Filoxeno que o mandou trazer da prisão e leu novamente as rimas que
compusera. O poeta, depois de escutar, disse aos guardas que o tinha conduzido
à presença do rei: “Devolvei-me à prisão”.
Como conhecer-nos a nós mesmos? Em primeiro
lugar, dispondo-nos a obter esse conhecimento com humildade para aceitar-nos
como somos. Deus nos ama não apesar de sermos dessa ou daquela maneira, mas com
tudo o que somos e temos. É diante de Deus que alcançaremos o verdadeiro
conhecimento sobre nós mesmos, pois nos conhece melhor que nós mesmos. Em
segundo lugar é muito importante perder o medo de chamar as coisas pelo nome:
soberba, preguiça, gula, luxúria, etc. Nada de eufemismos como: autoafirmação
do eu, falta de disposição, apetite abundante para a mesa ou para a cama etc.
Quando não tivermos medo de saber quem somos, isto é, sem assustar-nos e quando
saibamos conviver pacificamente conosco mesmos, lutando por ser melhores, o
nosso conhecimento próprio irá de progresso em progresso.
É interessante que às vezes não dizemos algumas
verdades às pessoas porque sabemos que vão se ofender ou que ficarão brabas, ou
ainda, que deixarão de falar conosco. Será que Deus não nos dá um maior
conhecimento sobre nós mesmos porque sabe que ficaríamos irritados, não nos
aceitaríamos ou, ainda, colocaríamos a culpa nele? Como é importante dizer ao
Senhor: “Pode me mostrar, Senhor, quem sou eu. Por favor, me mostra pouco a
pouco, à medida que me prepares, mas, não deixe de fazer com que eu progrida
nesse conhecimento”. A sinceridade com Deus é muito importante, e o mesmo se
diga da sinceridade para com os demais. Dessa maneira, seremos homens e
mulheres de critério, de personalidade, firmes.
Os santos se consideravam tão pouca coisa e, ao
mesmo tempo, era muito conscientes da sua dignidade de filhos de Deus, a tal
ponto de ignorar as ofensas pessoais que os outros pudessem dirigir-lhes. Sabiam
que qualquer coisa que os outros pudessem dizer deles ainda era pouco diante
daquele conhecimento que Deus lhes ia concedendo. E, no entanto, esse
conhecimento os mantinha em paz porque estava fundamentado no fato de
sentirem-se filhos muito amados de Deus e na humildade cada vez maior que Deus
lhes concedia.
Ao conhecermo-nos a nós mesmos, tampouco iremos
por aí alardeado: pobre de mim! Eu sou tão pequeno, tão humilde, não sei fazer
nada. Uma das frases mais bonitas daquele delicioso romance de Dickens, David
Cooperfield, é a seguinte: “estou convencido que o homem que sabe o que vale
não deixa de ser modesto”, com autêntica modéstia e com otimismo.
Para ajudar no nosso conhecimento próprio, um
propósito que poderíamos fazer nesse domingo é o de realizar, diariamente, o
nosso exame de consciência. Talvez sejam úteis essas três perguntinhas: no dia
de hoje, o que eu fiz de bom? O que eu fiz de mal? O que eu posso fazer melhor?
A cada uma dessas perguntas correspondem três atitudes, respectivamente: agradecer,
pedir perdão, pedir ajuda.
Pe. Françoá Costa
=============-----------------============
PARA
A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA
(Diáconos e Ministros da Palavra):
LOUVOR: QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER
SOBRE O ALTAR:
- O SENHOR
ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS,
por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESP. SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
-
Pai, agradecemos a nossa existência e toda a criação. Agradecemos o envio do
Vosso Filho para nos instruir e salvar. Nós vos louvamos e Vos bendizemos.
Dai-nos um coração humilde para que reconheçamos vossa bondade.
T: louvor e
glória a Vós, ó Pai de bondade!
-
Pai, hoje vimos o exemplo de Paulo que, após a sua conversão, empenhou-se por
evangelizar a todos. Gastou a vida e por fim derramou seu sangue. Que saibamos,
a seu exemplo, sermos mais dedicados a evangelizar e a construir uma sociedade
mais justa. Pai, dai-nos força e coragem.
T: louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
-
Pai, sabemos que escutais o coração arrependido, pois sois amor e misericórdia.
Enviai o Espírito Santo para que nos transformemos em testemunhas do Evangelho.
Que saibamos ser mais justos e amorosos. Dai-nos humildade e amor para sermos
bons instrumentos em vossas mãos na construção do Reino.
T: louvor e glória a Vós, ó Pai de bondade!
- PAI
NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO...
Nenhum comentário:
Postar um comentário