quinta-feira, 6 de outubro de 2016

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C, Homilias, subsídios homilicais

28º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2016

 Tema: “Agora estou convencido de que não há outro Deus, senão o que há em Israel!”.

Deus tem um projeto de salvação para oferecer a todos os homens.
A primeira leitura apresenta-nos a história de um leproso (o sírio Naamã). Jahwéh oferece ao homem a vida e a salvação; ao homem resta acolher o dom de Deus, reconhecê-lo como o único salvador e manifestar-Lhe gratidão.
O Evangelho apresenta-nos um grupo de leprosos que se encontram com Jesus e descobrem a misericórdia e o amor de Deus: todos os que experimentam a salvação que Deus oferece devem manifestar a Deus a sua gratidão.
A segunda leitura define a existência cristã como identificação com Cristo. Quem acolhe o dom de Deus torna-se discípulo: identifica-se com Cristo, vive no amor e na entrega aos irmãos e chega à vida nova da ressurreição.

 PRIMEIRA LEITURA (2Rs 5,14-17) Leitura do Segundo Livro dos Reis.
Naqueles dias, Naamã, o sírio, desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado. Em seguida, voltou com toda a sua comitiva para junto do homem de Deus. Ao chegar, apresentou-se diante dele e disse: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel! Por favor, aceita um presente de mim, teu servo”. Eliseu respondeu: “Pela vida do Senhor, a quem sirvo, nada aceitarei”. E, por mais que Naamã insistisse, ficou firme na recusa. Naamã disse então: “Seja como queres. Mas permite que teu servo leve daqui a terra que dois jumentos podem carregar. Pois teu servo já não oferecerá holocausto ou sacrifício a outros deuses, mas somente ao Senhor”.

 AMBIENTE -  A primeira leitura situa-nos no reino do Norte (Israel), durante o reinado de Jorão (853-842 a.C.). Os reis de Israel mantêm um intercâmbio com os povos da redondeza. Em termos religiosos, essa política traduz-se numa invasão de deuses, de cultos e de valores estrangeiros, que ameaçam a integridade da fé jahwista. É uma época em que os deuses cananeus assumem um grande protagonismo e Baal substitui Jahwéh no na vida de muitos israelitas.
O profeta Eliseu assume-se como defensor da fé jahwista continuando, aliás, a obra do seu antecessor Elias.
O general sírio Naamã, considerado um dos heróis da Síria, era leproso; mas, informado por uma serva de que em Israel havia um profeta que podia curá-lo do seu mal, veio ao encontro de Eliseu, carregado de presentes. Eliseu mandou, apenas, que Naamã se banhasse sete vezes no rio Jordão (cf. 2 Re 5,1-13).

MENSAGEM -  Em primeiro lugar, os catequistas de Israel quiseram deixar claro que Jahwéh é o Senhor da vida e que só Ele pode salvar aquele que parece condenado à morte; é preciso que os israelitas reconheçam isto, como o sírio Naamã o reconheceu.
Em segundo lugar, os catequistas de Israel quiseram mostrar que a intervenção salvadora de Jahwéh não é uma ação meramente circunstancial, mas é uma ação que transforma a vida do homem… Naamã não ficou só curado de uma doença física, mas fez do sírio Naamã um homem novo e o levou a deixar os ídolos para servir o verdadeiro e único Deus…
Em terceiro lugar, a história deixa claro que Deus não faz distinção de pessoas e oferece a todos, sem exceção, a sua graça. O que é decisivo é o acolher o dom de Deus e aceitar deixar-se transformar por Ele.
Em quarto lugar, a catequese deuteronomista sublinha a “gratidão” de Naamã. Liberto dos males que o apoquentavam, ele quis agradecer a sua cura cumulando Eliseu de presentes; mas depressa percebeu (por ação de Eliseu, que o ajudou a ver claro) que não era a um homem que tinha de agradecer o dom da vida, mas sim a Deus… E a sua gratidão manifestou-se numa adesão total a Jahwéh. Os catequistas de Israel sugerem que é essa a resposta que Deus espera do homem.
Em quinto lugar, Eliseu nunca manifestou qualquer vontade de se aproveitar da intervenção de Deus em favor de Naamã para benefício próprio. Ao recusar aceitar qualquer presente das mãos de Naamã, Eliseu dá a entender que não é a ele mas a Jahwéh que o general sírio deve agradecer a cura.

ATUALIZAÇÃO •          É em Deus que eu coloco a minha esperança de vida plena, ou há outros deuses que me seduzem, que dirigem a minha vida e que são a minha esperança de realização e de felicidade? - o dinheiro, o poder, a moda, o comodismo, o êxito, a casa com piscina, uma Ferrari?

•           A proposta de salvação que Deus faz se destina a todos os homens e mulheres, sem exceção. Daqui resultam duas coisas importantes: a primeira é que não basta ser batizado e a segunda é que não podemos marginalizar ou excluir qualquer irmão nosso.

•           Estou consciente de que é de Deus que recebo tudo e manifesto-Lhe a minha gratidão pela sua presença, pelos seus dons, pelo seu amor?

•           Aqueles que recebem de Deus carismas para pôr ao serviço dos irmãos: sentem-se apenas instrumentos de Deus, ou estão preocupados em sublinhar os seus méritos e em concentrar em si próprios a gratidão que brota dos corações daqueles a quem servem?


SALMO RESPONSORIAL 97 (98)
O Senhor fez conhecer a salvação e às nações revelou sua justiça.
•           Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / porque Ele
fez prodígios! / Sua mão e o seu braço forte e santo /
alcançaram-lhe a vitória.
•           O Senhor fez conhecer a salvação, / e às nações, sua
justiça; / recordou o seu amor sempre fiel / pela casa
de Israel.
•           Os confins do universo contemplaram / a salvação do
nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
/ alegrai-vos e exultai!

EVANGELHO (Lc 17,11-19) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia. Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro. Pararam à distância e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” Ao vê-los, disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”. Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra e lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.

AMBIENTE -   O leproso é, no tempo de Jesus, o protótipo do marginalizado… Além de causar naturalmente repugnância pela sua aparência e de infundir medo de contágio, o leproso é um impuro ritual (cf. Lev 13-14), a quem a teologia oficial atribuía pecados especialmente graves (a lepra era o castigo de Deus para esses pecados); por isso, o leproso não podia sequer entrar na cidade de Jerusalém, a cidade santa. Devia afastar-se de qualquer convívio humano para que não contaminasse os outros com a sua impureza física e religiosa. Em caso de cura, devia apresentar-se diante de um sacerdote, a fim de que ele comprovasse a cura e lhe permitisse a reintegração na vida normal (cf. Lev 14). Podia, então, voltar a participar nas celebrações do culto.
Um dos leprosos é samaritano. Os samaritanos eram desprezados pelos judeus de Jerusalém, por causa do seu sincretismo religioso. A desconfiança religiosa dos judeus em relação aos samaritanos começou quando, em 721 a.C. (após a queda do reino do Norte), os colonos assírios invadiram a Samaria e começaram a misturar-se com a população local. Para os judeus, os habitantes da Samaria começaram, então, a paganizar-se… Após o regresso do exílio da Babilónia, os habitantes de Jerusalém recusaram qualquer ajuda dos samaritanos na reconstrução do Templo e evitaram os contatos com esses hereges, “raça misturada com pagãos”. A construção de um santuário samaritano no monte Garizim consumou a separação e, na perspectiva judaica, lançou definitivamente os samaritanos nos caminhos da infidelidade a Jahwéh. Algumas picardias mútuas nos séculos seguintes consolidaram a inimizade entre judeus e samaritanos. Na época de Jesus, a relação entre as duas comunidades era marcada por uma grande hostilidade.

MENSAGEM -  O episódio dos dez leprosos (que é exclusivo de Lucas) insere-se na ótica teológica de apresentar Jesus como o Deus que Se fez pessoa para trazer, com gestos concretos, a salvação/libertação a todos os homens, particularmente aos oprimidos e marginalizados.
Lucas mostra que Deus tem uma proposta de vida nova e de libertação para oferecer a todos os homens. O número dez tem, certamente, um significado simbólico: significa “totalidade” (o judaísmo considerava necessário que pelo menos dez homens estivessem presentes, a fim de que a oração comunitária pudesse ter lugar, porque o “dez” representa a totalidade da comunidade). A presença de um samaritano no grupo indica que essa salvação oferecida por Deus, em Jesus, não se destina apenas à comunidade do “Povo eleito”, mas se destina a todos os homens.
Contudo, dos dez leprosos curados, só um voltou para agradecer a Jesus e era um samaritano. Lucas está interessado em mostrar que quem recebe a salvação deve reconhecer o dom de Deus e deve estar agradecido… E avisa que, com frequência, são os desprezados, aqueles que a teologia oficial considera à margem da salvação, que estão mais atentos aos dons de Deus.

ATUALIZAÇÃO  •         Lucas garante que Deus tem um projeto de salvação para todos os homens, sem exceção; e que é em Jesus e através de Jesus que esse projeto atinge todos os que se sentem “leprosos” e os faz encontrar a vida plena, a reintegração total na família de Deus e na comunidade humana.

•           Às vezes, aqueles que lidam diariamente com o mundo do sagrado estão demasiado cheios de autossuficiência e de orgulho para acolherem com humildade e simplicidade os dons de Deus, para manifestarem gratidão e para aceitarem ser transformados pela graça…

•           Curiosamente, os dez “leprosos” não são curados imediatamente por Jesus, mas a “lepra” desaparece “no caminho”, quando iam mostrar-se aos sacerdotes. Isto sugere que a ação libertadora de Jesus não é uma ação mágica, caída repentinamente do céu, mas um processo progressivo (o “caminho” define, neste contexto, a caminhada cristã), no qual o crente vai descobrindo e interiorizando os valores de Jesus, até à adesão plena às suas propostas e à efetiva transformação do coração. Assim, a nossa “cura” não é um momento mágico que acontece quando somos batizados, ou fazemos a primeira comunhão ou nos crismamos; mas é uma caminhada progressiva, durante a qual descobrimos Cristo e nascemos para a vida nova.

SEGUNDA LEITURA (2Tm 2,8-13) Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo: Lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os mortos, segundo o meu
evangelho. Por ele eu estou sofrendo até às algemas, como se eu fosse um malfeitor; mas a palavra de Deus não está algemada. Por isso suporto qualquer coisa pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação, que está em Cristo Jesus, com a glória eterna. Merece fé esta palavra: se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos, também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo. 

AMBIENTE O autor exorta Timóteo (e, na pessoa de Timóteo, todos os crentes, em geral) a perseverar na fé, a conservar a sã doutrina recebida de Jesus e a dedicar-se totalmente ao serviço do Evangelho.

MENSAGEM -  O exemplo de Cristo, que chegou à glória da ressurreição pelo caminho da cruz e do dom da vida… O próprio Paulo seguiu esse duro caminho e é por isso que está preso; mas não está preocupado, pois o essencial é que a Palavra de Deus continue a transformar o mundo. Aliás, é preciso que alguns entreguem a própria vida para que a proposta libertadora de Jesus chegue a todos os homens… Vale a pena sofrer, a fim de que este objetivo se concretize.
O cristão é chamado a identificar-se com Cristo na entrega da vida e no serviço aos irmãos; essa entrega não termina no fracasso e no sem sentido, mas – a exemplo de Cristo – na ressurreição, na vida nova. O cristão não pode é recusar fazer da sua vida um dom de amor, se quiser identificar-se com Cristo.

ATUALIZAÇÃO -  •       O autor da Segunda Carta a Timóteo recorda, aqui, algo de central para a experiência cristã: a essência do cristianismo é a identificação de cada crente com Cristo. Isto traduz-se, concretamente, no entregar a própria vida em favor dos irmãos, se necessário até ao dom total.


Dehonianos
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"Obrigado, Senhor"

Na 1ª Leitura: O Profeta Eliseu cura o leproso Naaman. (2Rs 5,14-17)

O general sírio apresenta-se ao Profeta para ser curado... Eliseu, sem acolhê-lo, manda lavar-se sete vezes no Rio Jordão. O General  obedece e fica curado...
Reconhecido, proclama sua fé no Deus de Israel e, como sinal de sua gratidão, leva consigo de Israel um pouco de terra, a fim de cultuar na própria terra o Deus verdadeiro.

Na 2ª Leitura, São Paulo em meio aos sofrimentos e privações da prisão, agradece a Deus pelos favores recebidos, chegando a afirmar: "Estou algemado como um prisioneiro,  mas a palavra de Deus não pode ser algemada". (2Tm 2,8-13)

* Mesmo nos acontecimentos desagradáveis da vida, encontra motivos de alegria, de esperança e de gratidão.

No Evangelho, Jesus cura 10 leprosos. (Lc 17,11-19)

Os leprosos deviam morar fora do povoado, longe do convívio humano para não contaminarem os outros com a sua impureza física e religiosa.
- Eles gritam de longe: "Jesus, mestre, tem compaixão de nós..."
- Jesus se "compadece" e os manda se apresentarem aos sacerdotes, que eram os responsáveis para comprovar a cura e liberar a reintegração na Comunidade.
- Os dez obedecem e "no caminho" se vêem curados. Mas só um volta para agradecer...  - Cristo questiona: "Não foram 10 os curados? Onde estão os outros nove?"
  E acrescenta: "Levanta-te e vai. TUA FÉ te salvou".

A fé se concretiza "a caminho" na obediência à Palavra de Jesus.

Pormenores significativos da narrativa do milagre:

- "A Lepra" representa o mal que atinge toda a humanidade,   gerando exclusão, opressão e injustiça (número 10 significa "totalidade").
 
- A Lepra desaparece "no caminho":
  A Ação libertadora de Jesus é um processo progressivo, no qual o crente vai descobrindo e interiorizando os valores de Jesus, até à adesão plena às suas propostas e à efetiva transformação do coração.

- Só um volta para agradecer:
  O Leproso curado volta "glorificando a Deus em alta voz".
  Agradece e acredita, por isso recebe mais: "Vai a tua fé de salvou".
 
- "E é um Samaritano" (estrangeiro)
* A graça de Deus é mais valorizada por quem não pertence à Comunidade...
   - O que nos diz esse fato?

Nem todos sabem agradecer. (Nem obrigado recebi!)
- Não basta na hora da necessidade gritar: "Senhor, tem piedade de mim!".
É preciso também manifestar a nossa gratidão pela libertação que faz acontecer em nós, comprometendo-nos com ele.


- "Obrigado" é uma palavra tão simples, mas tão esquecida por muitos.
  
+ EUCARISTIA quer dizer: "ação de graças".
Aproveitemos esse momento privilegiado para agradecer a Deus de todos os favores recebidos em nossa vida, e partamos daqui dispostos a reconhecer agradecidos
também os inúmeros favores recebidos de nossos irmãos...

                                        Pe. Antônio Geraldo
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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa

A gratidão pela ação benéfica de Deus na nossa vida. Gratidão e ingratidão. Primeiro, a gratidão de Naamã, um pagão, inimigo de Israel, que sabe ser agradecido a Deus; levou terra de Israel para Damasco, para, sobre essa terra, adorar a Deus. Também a gratidão de outro pagão, o leproso samaritano que voltou a Jesus “para dar glória a Deus”. Mas também, hoje, aparece a ingratidão. Nove leprosos, filhos do povo de Israel, que curados, não retornam para agradecer o dom…
Estejamos atentos! Hoje, temos tudo… Vamos nos tornando insensíveis para perceber a vida como dom, como graça, como presente. É impressionante como o mundo nos vai tornando dormentes, insensíveis mesmo, para Deus! Se a vida já não mais é percebida como um dom, também não brota mais a ação de graças. Somente quando abrimos o coração e os olhos da fé, podemos perceber que tudo é graça, imenso dom de um Amor. Poderemos ouvir a palavra de Jesus: “Levanta-te e vai! A tua fé te salvou! Salvou-te de uma vida mesquinha, fechada, incapaz de olhar as estrelas, incapaz de comunhão com o Pai do céu, incapaz de dizer “Pai nosso”  e de reconhecer nos outros teus irmãos…” Mas, para isso – nunca esqueçamos – é necessário um coração de pobre, um coração humilde, que reconheça que tudo quanto possuímos foi recebido de Deus.
Vale a advertência de São Paulo, na segunda leitura de hoje: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos!”. Lembrar-se de Jesus é nunca esquecer que Deus está conosco, amando-nos, perdoando-nos e acolhendo-nos como Deus providente e misericordioso. Lembrar-se de Jesus morto e ressuscitado é nunca duvidar da misericórdia de Deus e de seu compromisso na nossa existência e na existência do mundo. “Lembra-te de Jesus Cristo ressuscitado! Se nós o renegarmos, também ele nos negará.” Aqui está o motivo último; vale a pena morrer com ele para, nele, viver uma vida nova; vale a pena sofrer com ele para, nele, reinarmos: a ingratidão de negá-lo em nossa vida, de fechar-se de tal modo para ele, que já não mais deixemos que ele seja o Senhor de nossa existência, que já não mais percebamos que tudo é graça, tudo é presente de amor, se o negarmos então tudo estará perdido.
Dom Henrique Soares da Costa
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Homilia do Mons. José Maria
A vida humana transformou-se num grande comércio onde tudo se compra e tudo se paga… É a época do descartável! Diante dessa realidade, muitos perderam o valor da gratuidade e da gratidão.
“Obrigado” é uma palavra tão simples, mas tão esquecida por muitos! Jesus cura dez leprosos, mas apenas um volta para agradecer.
Jesus se compadece e os manda se apresentarem aos sacerdotes, para comprovar a cura e liberar a reintegração na Comunidade.
No caminho se vêem curados; mas só um volta para agradecer… e era um samaritano, considerado estrangeiro e desprezado pelos judeus… Onde estão os outros nove? E acrescenta: Levanta-te e vai. TUA FÉ te salvou.”
Estes leprosos ensinam-nos a pedir: recorrem à misericórdia divina, que é fonte de todas as graças. E mostra-nos o caminho da cura, seja qual for a lepra que tenhamos na alma: em nome do Mestre, nos indicam o que devemos fazer.
Imaginemos o samaritano correndo, glorificando a Deus em voz alta; e foi prostrar-se aos pés do Mestre, dando-lhe graças.
Foi uma ação profundamente humana e cheia de beleza. Dizia Santo Agostinho: “Que coisa melhor podemos trazer no coração, pronunciar estas palavras: “graças a Deus”? A gratidão é uma das virtudes que enobrecem a pessoa humana. Desde criança, fomos educados a agradecer os favores recebidos. A gratidão é uma atitude que brota do coração de quem se sente amado pelo amor de Deus…
“Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão?” Quantas vezes Jesus não terá perguntado por nós, depois de tantas graças!
Com frequência, temos melhor memória para as nossas necessidades e carências do que para os nossos bens. Vivemos pendentes daquilo que nos falta, e reparamos pouco naquilo que temos, e talvez seja por isso que ficamos aquém no nosso agradecimento. Pensamos que temos pleno direito ao que possuímos e esquecemo-nos do que diz Santo Agostinho: “Nada é nosso, a não ser o pecado que possuímos. Pois que tens tu que não tenhas recebido? (1Cor 4, 7).”
Toda a nossa vida deve ser uma contínua ação de graças. Lembrai-vos das maravilhas que Ele fez, exorta o salmista. O samaritano, através do seu mal, pôde conhecer Jesus Cristo e por ser agradecido conquistou a sua amizade e o incomparável dom da fé: …Tua fé te salvou.
Saibamos agradecer a tantas pessoas que tornaram nossa vida mais feliz: nossos pais, nossos professores, o padre, o médico, o catequista, os colegas de estudo, de trabalho, de esporte e de tantos outros.
Também é significativo que fosse um estrangeiro quem voltasse para agradecer. Isso recorda-nos que, por vezes, não sabemos dar importância às delicadezas e atenções que recebemos dos mais próximos.
Não existe um só dia em que Deus não nos conceda alguma graça particular e extraordinária! Em todos os momentos saibamos dizer: “Obrigado, Senhor, por tudo.”
Não podemos esquecer-nos de que na vida das criaturas humanas tudo é dom de Deus, tudo é graça, tudo é benção de Deus.
Ensina São Paulo: “Em todas as circunstâncias dai graças…” (1Ts 5, 18). Já dizia Sêneca: “Só os espíritos bem formados são capazes de cultivar a gratidão.” Importantíssimo é educar-nos para esta atitude de ação de graças.
Mons. José Maria Pereira


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PARA A CELEBRAÇAO DA PALAVRA (Diáconos e Ministros da Palavra):


Louvor: (quando o Pão sagrado estiver sobre o altar)
à Com Jesus, por Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, Louvemos ao Pai:
-T: Bendito sejais, ó Deus de bondade.
à Ó Deus, nosso Pai, sois nosso Deus e somos vosso povo. Hoje nos ensinastes que todas as pessoas são filhos e filhas vossas. A cura da salvação é para todos que vos procuram. O sírio Naamam foi curado e reconheceu o bem que lhe fizeste. Nós vos agradecemos por tudo que nos tem dado. Agradecemos pela vida, pelo batismo, pela família que nos criou, pelos amigos e parentes. Agradecemos pela saúde, pelos nossos alimentos, pela fé, pelos ensinamentos, pela casa e pelos bens que nos destes.
T: Bendito sejais, ó Deus de bondade.
à Ó Pai, nos ensinastes através de Paulo que temos que carregar as nossas cruzes, que devemos seguir o exemplo de Vosso Filho no amor a todos os irmãos. Que Vosso Espírito Santo nos fortaleça para que sejamos servos fiéis aos vossos ensinamentos, porque somos vossos filhos e através de Jesus se manifestou a vossa bondade para com todos. Pai, ajudai-nos a sermos melhores.
T: Bendito sejais, ó Deus de bondade.
àSenhor, obrigado por nos enviar vosso Filho, nos dar a salvação e nos enviar o Espírito Santo para nos iluminar e nos fortalecer. Pai, temos as nossas cruzes e as nossas dificuldades que bem o sabeis. Dai-nos força e coragem para perseverarmos em nossa fé.
T: Bendito sejais, ó Deus de bondade.
- Rito da comunhão:  - Pai nosso... A Paz... Eis o Cordeiro...


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