28º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2016
Tema: “Agora estou convencido de que não há outro Deus, senão o que há
em Israel!”.
Deus tem um projeto de salvação para oferecer a todos os homens.
A primeira leitura apresenta-nos a
história de um leproso (o sírio Naamã). Jahwéh oferece ao homem a vida e a
salvação; ao homem resta acolher o dom de Deus, reconhecê-lo como o único
salvador e manifestar-Lhe gratidão.
O Evangelho apresenta-nos um
grupo de leprosos que se encontram com Jesus e descobrem a misericórdia e o
amor de Deus: todos os que experimentam a salvação que Deus oferece devem
manifestar a Deus a sua gratidão.
A segunda leitura define a
existência cristã como identificação com Cristo. Quem acolhe o dom de Deus
torna-se discípulo: identifica-se com Cristo, vive no amor e na entrega aos
irmãos e chega à vida nova da ressurreição.
PRIMEIRA LEITURA (2Rs 5,14-17) Leitura
do Segundo Livro dos Reis.
Naqueles
dias, Naamã, o sírio, desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem
de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e
ele ficou purificado. Em seguida, voltou com toda a sua comitiva para junto do
homem de Deus. Ao chegar, apresentou-se diante dele e disse: “Agora estou
convencido de que não há outro Deus em toda a terra, senão o que há em Israel!
Por favor, aceita um presente de mim, teu servo”. Eliseu respondeu: “Pela vida
do Senhor, a quem sirvo, nada aceitarei”. E, por mais que Naamã insistisse,
ficou firme na recusa. Naamã disse então: “Seja como queres. Mas permite que
teu servo leve daqui a terra que dois jumentos podem carregar. Pois teu servo
já não oferecerá holocausto ou sacrifício a outros deuses, mas somente ao
Senhor”.
AMBIENTE - A primeira
leitura situa-nos no reino do Norte (Israel), durante o reinado de Jorão
(853-842 a.C.). Os reis de Israel mantêm um intercâmbio com os povos da
redondeza. Em termos religiosos, essa política traduz-se numa invasão de
deuses, de cultos e de valores estrangeiros, que ameaçam a integridade da fé
jahwista. É uma época em que os deuses cananeus assumem um grande protagonismo
e Baal substitui Jahwéh no na vida de muitos israelitas.
O profeta Eliseu assume-se como defensor da fé jahwista continuando,
aliás, a obra do seu antecessor Elias.
O general sírio Naamã, considerado um dos heróis da Síria, era leproso;
mas, informado por uma serva de que em Israel havia um profeta que podia
curá-lo do seu mal, veio ao encontro de Eliseu, carregado de presentes. Eliseu
mandou, apenas, que Naamã se banhasse sete vezes no rio Jordão (cf. 2 Re
5,1-13).
MENSAGEM - Em primeiro lugar, os catequistas de
Israel quiseram deixar claro que Jahwéh é o Senhor da vida e que só Ele pode
salvar aquele que parece condenado à morte; é preciso que os israelitas
reconheçam isto, como o sírio Naamã o reconheceu.
Em segundo lugar, os catequistas de Israel quiseram mostrar que a intervenção salvadora
de Jahwéh não é uma ação meramente circunstancial, mas é uma ação que
transforma a vida do homem… Naamã não ficou só curado de uma doença física, mas
fez do sírio Naamã um homem novo e o levou a deixar os ídolos para servir o
verdadeiro e único Deus…
Em terceiro lugar, a história deixa claro que Deus não faz distinção de pessoas e oferece
a todos, sem exceção, a sua graça. O que é decisivo é o acolher o dom de Deus e
aceitar deixar-se transformar por Ele.
Em quarto lugar, a catequese deuteronomista sublinha a “gratidão” de Naamã. Liberto dos
males que o apoquentavam, ele quis agradecer a sua cura cumulando Eliseu de
presentes; mas depressa percebeu (por ação de Eliseu, que o ajudou a ver claro)
que não era a um homem que tinha de agradecer o dom da vida, mas sim a Deus… E
a sua gratidão manifestou-se numa adesão total a Jahwéh. Os catequistas de
Israel sugerem que é essa a resposta que Deus espera do homem.
Em quinto lugar, Eliseu nunca manifestou qualquer vontade de se aproveitar da
intervenção de Deus em favor de Naamã para benefício próprio. Ao recusar
aceitar qualquer presente das mãos de Naamã, Eliseu dá a entender que não é a
ele mas a Jahwéh que o general sírio deve agradecer a cura.
ATUALIZAÇÃO • É em Deus que eu coloco a minha
esperança de vida plena, ou há outros deuses que me seduzem, que dirigem a
minha vida e que são a minha esperança de realização e de felicidade? - o
dinheiro, o poder, a moda, o comodismo, o êxito, a casa com piscina, uma
Ferrari?
• A proposta de salvação
que Deus faz se destina a todos os homens e mulheres, sem exceção. Daqui
resultam duas coisas importantes: a primeira é que não basta ser batizado e a
segunda é que não podemos marginalizar ou excluir qualquer irmão nosso.
• Estou consciente de que
é de Deus que recebo tudo e manifesto-Lhe a minha gratidão pela sua presença,
pelos seus dons, pelo seu amor?
• Aqueles que recebem de
Deus carismas para pôr ao serviço dos irmãos: sentem-se apenas instrumentos de
Deus, ou estão preocupados em sublinhar os seus méritos e em concentrar em si
próprios a gratidão que brota dos corações daqueles a quem servem?
SALMO RESPONSORIAL 97 (98)
O Senhor fez conhecer a salvação e às
nações revelou sua justiça.
• Cantai ao Senhor Deus
um canto novo, / porque Ele
fez prodígios! / Sua mão e o seu braço forte e santo /
alcançaram-lhe a vitória.
• O Senhor fez conhecer
a salvação, / e às nações, sua
justiça; / recordou o seu amor sempre fiel / pela casa
de Israel.
• Os confins do universo
contemplaram / a salvação do
nosso Deus. / Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira,
/ alegrai-vos e exultai!
EVANGELHO (Lc 17,11-19) Evangelho de Jesus Cristo segundo
Lucas.
Aconteceu
que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galileia.
Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram ao seu encontro.
Pararam à distância e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” Ao
vê-los, disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”. Enquanto caminhavam, aconteceu
que ficaram curados. Um deles, ao perceber que estava curado, voltou
glorificando a Deus em alta voz; atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por
terra e lhe agradeceu. E este era um samaritano. Então Jesus lhe perguntou:
“Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem
voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” E disse-lhe:
“Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.
AMBIENTE - O leproso é,
no tempo de Jesus, o protótipo do marginalizado… Além de causar naturalmente
repugnância pela sua aparência e de infundir medo de contágio, o leproso é um
impuro ritual (cf. Lev 13-14), a quem a teologia oficial atribuía pecados
especialmente graves (a lepra era o castigo de Deus para esses pecados); por
isso, o leproso não podia sequer entrar na cidade de Jerusalém, a cidade santa.
Devia afastar-se de qualquer convívio humano para que não contaminasse os
outros com a sua impureza física e religiosa. Em caso de cura, devia
apresentar-se diante de um sacerdote, a fim de que ele comprovasse a cura e lhe
permitisse a reintegração na vida normal (cf. Lev 14). Podia, então, voltar a
participar nas celebrações do culto.
Um dos leprosos é samaritano. Os samaritanos eram desprezados pelos
judeus de Jerusalém, por causa do seu sincretismo religioso. A desconfiança
religiosa dos judeus em relação aos samaritanos começou quando, em 721 a.C.
(após a queda do reino do Norte), os colonos assírios invadiram a Samaria e
começaram a misturar-se com a população local. Para os judeus, os habitantes da
Samaria começaram, então, a paganizar-se… Após o regresso do exílio da
Babilónia, os habitantes de Jerusalém recusaram qualquer ajuda dos samaritanos
na reconstrução do Templo e evitaram os contatos com esses hereges, “raça
misturada com pagãos”. A construção de um santuário samaritano no monte Garizim
consumou a separação e, na perspectiva judaica, lançou definitivamente os
samaritanos nos caminhos da infidelidade a Jahwéh. Algumas picardias mútuas nos
séculos seguintes consolidaram a inimizade entre judeus e samaritanos. Na época
de Jesus, a relação entre as duas comunidades era marcada por uma grande
hostilidade.
MENSAGEM - O episódio
dos dez leprosos (que é exclusivo de Lucas) insere-se na ótica teológica de
apresentar Jesus como o Deus que Se fez pessoa para trazer, com gestos
concretos, a salvação/libertação a todos os homens, particularmente aos
oprimidos e marginalizados.
Lucas mostra que Deus tem uma proposta de vida nova e de libertação para
oferecer a todos os homens. O número dez tem, certamente, um significado
simbólico: significa “totalidade” (o judaísmo considerava necessário que pelo
menos dez homens estivessem presentes, a fim de que a oração comunitária
pudesse ter lugar, porque o “dez” representa a totalidade da comunidade). A
presença de um samaritano no grupo indica que essa salvação oferecida por Deus,
em Jesus, não se destina apenas à comunidade do “Povo eleito”, mas se destina a
todos os homens.
Contudo, dos dez leprosos curados, só um voltou para agradecer a Jesus e
era um samaritano. Lucas está interessado em mostrar que quem recebe a salvação
deve reconhecer o dom de Deus e deve estar agradecido… E avisa que, com
frequência, são os desprezados, aqueles que a teologia oficial considera à
margem da salvação, que estão mais atentos aos dons de Deus.
ATUALIZAÇÃO • Lucas garante que Deus tem um projeto
de salvação para todos os homens, sem exceção; e que é em Jesus e através de
Jesus que esse projeto atinge todos os que se sentem “leprosos” e os faz
encontrar a vida plena, a reintegração total na família de Deus e na comunidade
humana.
• Às vezes, aqueles que
lidam diariamente com o mundo do sagrado estão demasiado cheios de autossuficiência
e de orgulho para acolherem com humildade e simplicidade os dons de Deus, para
manifestarem gratidão e para aceitarem ser transformados pela graça…
• Curiosamente, os dez
“leprosos” não são curados imediatamente por Jesus, mas a “lepra” desaparece
“no caminho”, quando iam mostrar-se aos sacerdotes. Isto sugere que a ação
libertadora de Jesus não é uma ação mágica, caída repentinamente do céu, mas um
processo progressivo (o “caminho” define, neste contexto, a caminhada cristã),
no qual o crente vai descobrindo e interiorizando os valores de Jesus, até à
adesão plena às suas propostas e à efetiva transformação do coração. Assim, a nossa “cura” não é um momento
mágico que acontece quando somos batizados, ou fazemos a primeira comunhão ou
nos crismamos; mas é uma caminhada progressiva, durante a qual descobrimos
Cristo e nascemos para a vida nova.
SEGUNDA LEITURA (2Tm 2,8-13) Leitura
da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo.
Caríssimo:
Lembra-te de Jesus Cristo, da descendência de Davi, ressuscitado dentre os
mortos, segundo o meu
evangelho.
Por ele eu estou sofrendo até às algemas, como se eu fosse um malfeitor; mas a
palavra de Deus não está algemada. Por isso suporto qualquer coisa pelos
eleitos, para que eles também alcancem a salvação, que está em Cristo Jesus,
com a glória eterna. Merece fé esta palavra: se com ele morremos, com ele
viveremos. Se com ele ficamos firmes, com ele reinaremos. Se nós o negamos,
também ele nos negará. Se lhe somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode
negar-se a si mesmo.
AMBIENTE O autor exorta
Timóteo (e, na pessoa de Timóteo, todos os crentes, em geral) a perseverar na
fé, a conservar a sã doutrina recebida de Jesus e a dedicar-se totalmente ao
serviço do Evangelho.
MENSAGEM - O exemplo de
Cristo, que chegou à glória da ressurreição pelo caminho da cruz e do dom da
vida… O próprio Paulo seguiu esse duro caminho e é por isso que está preso; mas
não está preocupado, pois o essencial é que a Palavra de Deus continue a
transformar o mundo. Aliás, é preciso que alguns entreguem a própria vida para
que a proposta libertadora de Jesus chegue a todos os homens… Vale a pena
sofrer, a fim de que este objetivo se concretize.
O cristão é chamado a identificar-se com Cristo na entrega da vida e no
serviço aos irmãos; essa entrega não termina no fracasso e no sem sentido, mas
– a exemplo de Cristo – na ressurreição, na vida nova. O cristão não pode é
recusar fazer da sua vida um dom de amor, se quiser identificar-se com Cristo.
ATUALIZAÇÃO - • O autor da Segunda Carta a Timóteo
recorda, aqui, algo de central para a experiência cristã: a essência do
cristianismo é a identificação de cada crente com Cristo. Isto traduz-se,
concretamente, no entregar a própria vida em favor dos irmãos, se necessário
até ao dom total.
Dehonianos
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"Obrigado, Senhor"
Na 1ª Leitura: O
Profeta Eliseu cura o leproso Naaman. (2Rs
5,14-17)
O general sírio apresenta-se ao
Profeta para ser curado... Eliseu, sem acolhê-lo, manda lavar-se sete vezes no
Rio Jordão. O General obedece e fica
curado...
Reconhecido, proclama sua fé no
Deus de Israel e, como sinal de sua gratidão, leva consigo de Israel um pouco
de terra, a fim de cultuar na própria terra o Deus verdadeiro.
Na 2ª Leitura, São
Paulo em meio aos sofrimentos e privações da prisão, agradece a Deus pelos
favores recebidos, chegando a afirmar: "Estou algemado como um
prisioneiro, mas a palavra de Deus não
pode ser algemada". (2Tm 2,8-13)
* Mesmo nos acontecimentos
desagradáveis da vida, encontra motivos de alegria, de esperança e de gratidão.
No Evangelho, Jesus
cura 10 leprosos. (Lc 17,11-19)
Os leprosos deviam morar fora
do povoado, longe do convívio humano para não contaminarem os outros com a sua
impureza física e religiosa.
- Eles gritam de longe: "Jesus, mestre, tem compaixão de
nós..."
- Jesus se
"compadece" e os manda se apresentarem aos sacerdotes, que eram os
responsáveis para comprovar a cura e liberar a reintegração na Comunidade.
- Os dez obedecem e "no
caminho" se vêem curados. Mas só um volta para agradecer... - Cristo questiona: "Não foram 10 os curados? Onde estão os outros nove?"
E acrescenta: "Levanta-te e vai. TUA FÉ te salvou".
A fé se concretiza "a
caminho" na obediência à Palavra de Jesus.
Pormenores significativos da
narrativa do milagre:
- "A Lepra"
representa o mal que atinge toda a humanidade, gerando exclusão, opressão e injustiça
(número 10 significa "totalidade").
- A Lepra desaparece "no
caminho":
A Ação libertadora de Jesus é
um processo progressivo, no qual o crente vai descobrindo e interiorizando os
valores de Jesus, até à adesão plena às suas propostas e à efetiva
transformação do coração.
- Só um volta para agradecer:
O Leproso curado volta "glorificando a Deus em alta voz".
Agradece e acredita, por isso recebe mais: "Vai a tua fé de salvou".
- "E é um Samaritano"
(estrangeiro)
* A graça de Deus é mais
valorizada por quem não pertence à Comunidade...
- O que nos diz esse fato?
Nem todos sabem agradecer.
(Nem obrigado recebi!)
- Não basta na hora da
necessidade gritar: "Senhor, tem
piedade de mim!".
É preciso também manifestar a
nossa gratidão pela libertação que faz acontecer em nós, comprometendo-nos com
ele.
- "Obrigado" é uma
palavra tão simples, mas tão esquecida por muitos.
+ EUCARISTIA quer dizer:
"ação de graças".
Aproveitemos esse momento
privilegiado para agradecer a Deus de todos os favores recebidos em nossa vida,
e partamos daqui dispostos a reconhecer agradecidos
também os inúmeros favores
recebidos de nossos irmãos...
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa
A gratidão pela ação benéfica de Deus na nossa
vida. Gratidão e ingratidão. Primeiro, a gratidão de Naamã, um pagão, inimigo
de Israel, que sabe ser agradecido a Deus; levou terra de Israel para Damasco,
para, sobre essa terra, adorar a Deus. Também a gratidão de outro pagão, o
leproso samaritano que voltou a Jesus “para dar glória a Deus”.
Mas também, hoje, aparece a ingratidão. Nove leprosos, filhos do povo de Israel,
que curados, não retornam para agradecer o dom…
Estejamos atentos! Hoje, temos tudo… Vamos nos
tornando insensíveis para perceber a vida como dom, como graça, como presente.
É impressionante como o mundo nos vai tornando dormentes, insensíveis mesmo, para
Deus! Se a vida já não mais é percebida como um dom, também não brota mais a
ação de graças. Somente quando abrimos o coração e os olhos da fé, podemos
perceber que tudo é graça, imenso dom de um Amor. Poderemos ouvir a palavra de
Jesus: “Levanta-te e vai! A tua fé te salvou! Salvou-te de uma
vida mesquinha, fechada, incapaz de olhar as estrelas, incapaz de comunhão com
o Pai do céu, incapaz de dizer “Pai nosso” e de reconhecer nos outros
teus irmãos…” Mas, para isso – nunca esqueçamos – é necessário um coração de
pobre, um coração humilde, que reconheça que tudo quanto possuímos foi recebido
de Deus.
Vale a advertência de São Paulo, na segunda
leitura de hoje: “Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os
mortos!”. Lembrar-se de Jesus é nunca esquecer que Deus está conosco,
amando-nos, perdoando-nos e acolhendo-nos como Deus providente e
misericordioso. Lembrar-se de Jesus morto e ressuscitado é nunca duvidar da
misericórdia de Deus e de seu compromisso na nossa existência e na existência
do mundo. “Lembra-te de Jesus Cristo ressuscitado! Se nós o
renegarmos, também ele nos negará.” Aqui está o motivo último; vale a pena
morrer com ele para, nele, viver uma vida nova; vale a pena sofrer com ele
para, nele, reinarmos: a ingratidão de negá-lo em nossa vida, de fechar-se de
tal modo para ele, que já não mais deixemos que ele seja o Senhor de nossa
existência, que já não mais percebamos que tudo é graça, tudo é presente de
amor, se o negarmos então tudo estará perdido.
Dom Henrique Soares da Costa
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Homilia do Mons. José Maria
A vida humana transformou-se num grande
comércio onde tudo se compra e tudo se paga… É a época do descartável! Diante
dessa realidade, muitos perderam o valor da gratuidade e da gratidão.
“Obrigado” é uma palavra tão simples, mas tão
esquecida por muitos! Jesus cura dez leprosos, mas apenas um volta para
agradecer.
Jesus se compadece e os manda se apresentarem
aos sacerdotes, para comprovar a cura e liberar a reintegração na Comunidade.
No caminho se vêem curados; mas só um volta
para agradecer… e era um samaritano, considerado estrangeiro e desprezado pelos
judeus… Onde estão os outros nove? E acrescenta: Levanta-te e vai. TUA FÉ te
salvou.”
Estes leprosos ensinam-nos a pedir: recorrem à
misericórdia divina, que é fonte de todas as graças. E mostra-nos o caminho da
cura, seja qual for a lepra que tenhamos na alma: em nome do Mestre, nos
indicam o que devemos fazer.
Imaginemos o samaritano correndo, glorificando
a Deus em voz alta; e foi prostrar-se aos pés do Mestre, dando-lhe graças.
Foi uma ação profundamente humana e cheia de
beleza. Dizia Santo Agostinho: “Que coisa melhor podemos trazer no coração,
pronunciar estas palavras: “graças a Deus”? A gratidão é uma das virtudes que
enobrecem a pessoa humana. Desde criança, fomos educados a agradecer os favores
recebidos. A gratidão é uma atitude que brota do coração de quem se sente amado
pelo amor de Deus…
“Não foram dez os curados? E os outros nove,
onde estão?” Quantas vezes Jesus não terá perguntado por nós, depois de tantas
graças!
Com frequência, temos melhor memória para as
nossas necessidades e carências do que para os nossos bens. Vivemos pendentes
daquilo que nos falta, e reparamos pouco naquilo que temos, e talvez seja por
isso que ficamos aquém no nosso agradecimento. Pensamos que temos pleno direito
ao que possuímos e esquecemo-nos do que diz Santo Agostinho: “Nada é nosso, a
não ser o pecado que possuímos. Pois que tens tu que não tenhas recebido? (1Cor
4, 7).”
Toda a nossa vida deve ser uma contínua ação de
graças. Lembrai-vos das maravilhas que Ele fez, exorta o salmista. O
samaritano, através do seu mal, pôde conhecer Jesus Cristo e por ser agradecido
conquistou a sua amizade e o incomparável dom da fé: …Tua fé te salvou.
Saibamos agradecer a tantas pessoas que
tornaram nossa vida mais feliz: nossos pais, nossos professores, o padre, o
médico, o catequista, os colegas de estudo, de trabalho, de esporte e de tantos
outros.
Também é significativo que fosse um estrangeiro
quem voltasse para agradecer. Isso recorda-nos que, por vezes, não sabemos dar
importância às delicadezas e atenções que recebemos dos mais próximos.
Não existe um só dia em que Deus não nos conceda
alguma graça particular e extraordinária! Em todos os momentos saibamos dizer:
“Obrigado, Senhor, por tudo.”
Não podemos esquecer-nos de que na vida das
criaturas humanas tudo é dom de Deus, tudo é graça, tudo é benção de Deus.
Ensina São Paulo: “Em todas as circunstâncias
dai graças…” (1Ts 5, 18). Já dizia Sêneca: “Só os espíritos bem formados são
capazes de cultivar a gratidão.” Importantíssimo é educar-nos para esta atitude
de ação de graças.
Mons. José Maria Pereira
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PARA A CELEBRAÇAO DA PALAVRA
(Diáconos e Ministros da Palavra):
Louvor:
(quando o Pão sagrado estiver sobre
o altar)
à
Com Jesus, por Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, Louvemos ao Pai:
-T: Bendito
sejais, ó Deus de bondade.
à Ó
Deus, nosso Pai, sois nosso Deus e somos vosso povo. Hoje
nos ensinastes que todas as pessoas são filhos e filhas vossas. A cura da
salvação é para todos que vos procuram. O sírio Naamam foi curado e reconheceu
o bem que lhe fizeste. Nós vos agradecemos por tudo
que nos tem dado. Agradecemos pela vida, pelo batismo, pela família que nos
criou, pelos amigos e parentes. Agradecemos pela saúde, pelos nossos alimentos,
pela fé, pelos ensinamentos, pela casa e pelos bens que nos destes.
T: Bendito sejais, ó Deus de
bondade.
à
Ó Pai, nos ensinastes através de Paulo que
temos que carregar as nossas cruzes, que devemos seguir o exemplo de Vosso
Filho no amor a todos os irmãos. Que Vosso Espírito Santo nos fortaleça para
que sejamos servos fiéis aos vossos ensinamentos,
porque somos vossos filhos e através de Jesus se manifestou a vossa bondade
para com todos. Pai, ajudai-nos a sermos melhores.
T: Bendito sejais, ó Deus de
bondade.
àSenhor,
obrigado por nos enviar vosso Filho, nos dar a salvação e nos enviar o Espírito
Santo para nos iluminar e nos fortalecer. Pai, temos as nossas cruzes e as
nossas dificuldades que bem o sabeis. Dai-nos força e coragem para
perseverarmos em nossa fé.
T: Bendito sejais, ó Deus de
bondade.
- Rito da
comunhão: - Pai
nosso... A Paz... Eis o Cordeiro...
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