quinta-feira, 10 de novembro de 2016

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C, Homilias, subsídios homiléticos

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2016


TEMA: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” Deus nos conduz a nova terra da felicidade plena e da vida definitiva. Somos cidadãos da Terra e também do Céu; sempre alegres, compreensivos com todos, trabalhadores e bons amigos.

Primeira leitura:, O profeta anuncia que Deus não abandona seu Povo. O Deus libertador vai intervir no mundo e vai fazer com que nasça esse “sol da justiça” que traz a salvação.
Evangelho: A Igreja tem um caminho a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão é a transformação do mundo para que nasça o Reino. Esse “caminho” será de dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus.
Segunda leitura: enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar o nosso contributo na construção do Reino.

PRIMEIRA LEITURA (Ml 3,19-20a) Leitura da Profecia de Malaquias.
Eis que virá o dia, abrasador como fornalha, em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los, diz o Senhor dos exércitos, tal que não lhes deixará raiz nem ramo. Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas.

AMBIENTE -  “Malaquias” significa “o meu mensageiro”. É um profeta pós-exílio. Metade do séc. V a.C. O Templo já havia sido reconstruído. No entanto, o entusiasmo estava apagado; Duvidava do amor de Deus, da sua justiça, do seu interesse por Judá. Este “mensageiro de Deus” reage contra a situação. Exige a conversão do Povo e a reforma da vida cultual.

MENSAGEM - O nosso texto refere-se ao “dia do julgamento”, - e não ao fim do mundo– Jahwéh vai oferecer ao seu Povo a salvação definitiva… O profeta está – utilizando uma linguagem e imagens proféticas para que não desanimem, pois Deus vai intervir no mundo para fazer aparecer um mundo novo. Trata-se de um apelo à esperança: “apesar da situação caótica em que estamos, não desanimemos, mantenhamo-nos fiéis a Jahwéh, pois Deus vai fazer aparecer um mundo novo, de vida e de felicidade para todos”. Para os cristãos, esta profecia compreende-se à luz da intervenção libertadora de Jesus: Ele é o “sol de justiça” que brilha no mundo e que insere os homens na dinâmica de um mundo novo – a dinâmica do “Reino”.

ATUALIZAÇÃO Muitas vezes temos a sensação de que o nosso mundo caminha para o abismo e que nada o pode deter. A questão é: a esperança ainda faz sentido? Este mundo tem saída? Um profeta anônimo de há 2450 anos dá voz à esperança e garante-nos: Deus não nos abandonou; Ele vai intervir – Ele está sempre a intervir – no mundo…
É preciso ter consciência de que a intervenção libertadora de Deus acontece a cada instante; e nós devemos estar numa espera vigilante e ativa, a fim de sabermos reconhecer e acolher de braços abertos a intervenção libertadora de Deus na nossa história e na nossa vida.
Muitas vezes esta profecia e outras semelhantes são usadas para incutir medo: “quem não ganhar juízo, irá sofrer castigos pavorosos e ser atirado para o inferno”… Interpretar estes textos desta forma é distorcer a Palavra de Deus: eles não pretendem amedrontar-nos, mas fortalecer a nossa esperança no Deus libertador e dar-nos a coragem necessária para enfrentar os dramas da vida e da história.

SALMO RESPONSORIAL 97 (98)
O Senhor virá julgar a terra inteira; / com justiça julgará.
• Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa / e da cítara
suave! / Aclamai, com os clarins e as trombetas,/ ao
Senhor, o nosso Rei!
• Aplauda o mar com todo ser que nele vive, / o mundo
inteiro e toda gente! / As montanhas e os rios batam
palmas / e exultem de alegria.
• Exultem na presença do Senhor, pois ele vem, / vem
julgar a terra inteira. / Julgará o universo com justiça
/ e as nações com equidade

EVANGELHO (Lc 21,5-19) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, algumas pessoas comentavam a respeito do Templo, que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”.
Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isso? E qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares;
acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu. Antes, porém, que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. Todos vos odiarão por causa do meu nome. Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”.

AMBIENTE - Lucas conclui a pregação de Jesus com um discurso escatológico onde se misturam referências à queda de Jerusalém e ao “fim dos tempos”.

MENSAGEM - No discurso escatológico de Lucas aparecem três momentos da história da salvação: a destruição de Jerusalém, o tempo da missão da Igreja e a vinda do Filho do Homem (que porá fim ao “tempo da Igreja” e trará a plenitude do “Reino de Deus”. Na perspectiva profética, Jerusalém é o lugar onde deve irromper a salvação de Deus e para onde convergirão todos os povos empenhados em ter acesso a essa salvação. No entanto, Jerusalém recusou a oferta de salvação que Jesus veio trazer. A destruição da cidade e do Templo significa que Jerusalém deixou de ser o lugar exclusivo e definitivo da salvação. A Boa Nova de Jesus vai, portanto, deixar Jerusalém e partir ao encontro de todos os povos.

Começa, assim, uma outra fase da história da salvação: começa o  “tempo da Igreja” – o tempo em que a comunidade dos discípulos testemunhará a salvação a todos os povos da terra. Vem, depois, uma reflexão sobre o “tempo da Igreja”, que culminará com a segunda vinda de Jesus. Como será esse tempo? Em primeiro lugar, Lucas sugere que, após a destruição de Jerusalém, surgirão falsos messias e visionários que anunciarão o fim. Lucas avisa: “não sigais atrás deles”; e esclarece: “não será logo o fim”. A destruição de Jerusalém no ano 70 pelas tropas de Tito deve ter parecido aos cristãos o prenúncio da segunda vinda de Jesus e alguns pregadores populares deviam alimentar essas ilusões… Mas Lucas (que escreve durante os anos 80) está apostado em eliminar essa febre escatológica que crescia em certos setores cristãos: em lugar de viverem obcecados com o fim, os cristãos devem preocupar-se em viver uma vida cristã cada vez mais comprometida com a transformação “deste” mundo.
Em segundo lugar, paulatinamente, irá surgindo um mundo novo. Para dizer isto, Lucas recorre a imagens apocalípticas (“povo contra povo e reino contra reino”; “terremotos e, fome e epidemias; grandes sinais no céu”), muito usadas para falar da queda do mundo velho – o mundo do pecado, do egoísmo, da exploração – e do surgimento de um mundo novo… A questão é esta: no tempo que medeia entre a queda de Jerusalém e a segunda vinda de Jesus, o “Reino de Deus” ir-se-á manifestando; o mundo velho desaparecerá e nascerá um mundo novo (recordemos que os discípulos devem empenhar-se na sua construção). É claro que a libertação plena e definitiva só acontecerá com a segunda vinda de Jesus.
Em terceiro lugar, Lucas põe os cristãos de sobreaviso para as dificuldades e perseguições que marcarão a caminhada, até à segunda vinda de Jesus. Lucas lembra-lhes que não estarão sós, pois Deus estará sempre presente; será com a força de Deus que eles enfrentarão os adversários e que resistirão à tortura, à prisão e à morte; O discurso escatológico define, portanto, a missão da Igreja na história (até à segunda vinda de Jesus): dar testemunho da Boa Nova e construir o Reino. Os discípulos nada deverão temer: haverá dificuldades, mas eles terão sempre a ajuda e a força de Deus.


ATUALIZAÇÃO O fundamental não é o discurso sobre o “fim do mundo”, mas sim o discurso sobre o percurso que devemos percorrer, até chegarmos à plenitude da história humana… Trata-se de uma caminhada que não nos leva ao aniquilamento, à destruição absoluta, mas à vida nova, à vida plena; por isso, deve ser uma caminhada que devemos percorrer de cabeça levantada, cheios de alegria e de esperança.
É uma caminhada de dificuldades, de lutas, onde o bem e o mal se confrontarão sem cessar; mas é um percurso onde o mundo novo irá surgindo  e onde a semente do “Reino” irá germinando. Aos crentes pede-se que reconheçam os “sinais” do “Reino”, que se alegrem porque o “Reino” está presente e que se esforcem, todos os dias, por tornar possível essa nova realidade. A nossa vida não pode ser um ficar de braços cruzados a olhar para o céu, mas um compromisso sério, de forma que floresça o mundo da justiça, do amor e da paz.
 Os crentes não estão sós, mas Deus vai com eles… É essa presença de Deus que lhes permitirá enfrentar as forças da morte; permitirá aos discípulos vencer o desânimo, a adversidade, o medo.
Alguns sinais são, apenas, sinais de que estamos a nascer para algo novo e melhor. Todos sabemos que é impossível construir algo mais bonito, sem a destruição do que é velho.

SEGUNDA LEITURA (2Ts 3,7-12) Leitura da 2ª Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos, bem sabeis como deveis seguir o nosso exemplo, pois não temos vivido entre vós na ociosidade. De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém. Não que não tivéssemos o direito de fazê-lo, mas queríamos apresentar-nos como exemplo a ser imitado. Com efeito, quando estávamos entre vós, demos esta regra: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer”. Ora, ouvimos dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada. Em nome do Senhor Jesus Cristo, ordenamos e exortamos a estas pessoas que, trabalhando, comam na tranquilidade o seu próprio pão.

AMBIENTE - Nesta carta percebe-se, claramente, que alguns cristãos de Tessalônica, persuadidos de que a vinda do Senhor estava muito próxima, viviam “nas nuvens”, negligenciando os seus deveres de todos os dias.

MENSAGEM - O autor da Carta rejeita a atitude daqueles que  vivem ocupados com futilidades e não fazem nada de útil. Dá como exemplo o próprio Paulo: ele nunca escolheu a ociosidade, nem viveu à custa de quem quer que fosse. Onde houver parasitas que vivem à custa dos demais, rapidamente a comunidade chegará a uma situação insustentável: surgirão os conflitos, as acusações, as divisões e a fraternidade será uma miragem. Viver em comunidade exige a repartição equitativa dos recursos a que a comunidade tem acesso; mas exige, também, a responsabilização de todos os membros, a fim de que todos ponham ao serviço dos irmãos os próprios dons e contribuam para a construção, para o equilíbrio e para a harmonia comunitárias.

ATUALIZAÇÃO  O “Reino de Deus” é uma realidade que atingirá o ponto culminante na vida futura; mas começa a construir-se aqui e agora e exige o esforço e o empenho de todos.
♦   É preciso cuidado para não nos tornarmos parasitas da sociedade: a nossa missão é tornarmo-nos “sinais” que anunciam o mundo novo e trabalhar para que esse mundo novo seja uma realidade.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
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"Levantai a cabeça"

A meta final, para onde Deus nos conduz, faz nascer em nós a esperança e a coragem
para enfrentar as adversidades e lutar pelo Advento do Reino.

Na 1a leitura: Malaquias descreve o "Dia do Senhor". (Mal 4,1-2)

- O Povo de Israel tinha voltado do exílio com muitas promessas de um futuro maravilhoso, um reino de paz, de bem estar e de justiça.
Mas, o que ele vê é o contrário. Por isso, começa a manifestar a desilusão.
- Malaquias, numa linguagem profética, dirige palavras de conforto e esperança.
Deus não abandona o seu povo. Vai intervir na história, destruindo o mal e fazendo triunfar o Bem, a Justiça e a Verdade.

* O texto não pretende incutir medo, falando do "fim do mundo", mas fortalecer a ESPERANÇA no Deus libertador para enfrentar os dramas da Vida e da História.
Esperança que devemos ter ainda hoje, apesar do que vemos...

A 2a Leitura fala da comunidade de Tessalônica, perturbada por fanáticos que pregavam estar próximo o fim do mundo. Por isso, não valia mais a pena continuar trabalhando.
Paulo apresenta o exemplo de trabalho de sua vida e acrescenta:
"Quem não quer trabalhar, também não deve comer..." (2Ts 3,7-12)

*  O TRABALHO é o melhor jeito de se preparar para a vinda do Senhor.

No Evangelho, temos o Discurso Escatológico, em que aparecem três momentos da História da Salvação:
A destruição de Jerusalém, o tempo da Missão da Igreja e a Vinda do Filho do Homem. (Lc 21,5-19)

- Lucas escreveu o evangelho uns 50 anos depois da morte de Cristo (pelos anos 80).
  Durante esse tempo, aconteceram fatos terríveis:   guerras, revoluções, a destruição do Templo de Jerusalém, a perseguição dos cristãos por parte dos judeus e dos romanos.

- Para muitos eram sinais do fim do mundo...
  Lucas, com palavras do próprio Mestre, indica duas atitudes:
     . Não se deixar enganar por falsos profetas.
     . Não perder a esperança, Deus está conosco.

- Os Discípulos mostram a Jesus com orgulho a grandiosidade do TEMPLO...
- Jesus não se entusiasma com essa estrutura, para ele já superada, e anuncia o fim desse modelo de sociedade e o surgimento de outra:
   "Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra... Tudo será destruído."
  - Diante disso, curiosos, querem saber mais informações:
    "Quando acontecerá isso? Qual vai ser o sinal?"
  - Jesus responde numa linguagem apocalíptica, misturando referências à queda de Jerusalém e ao fim do mundo:
    "Haverá grandes terremotos... fome e peste...
     aparecerão fenômenos espantosos no céu...

+ Jesus alerta sobre os falsos profetas: Não se deixar enganar:
   "Cuidado para não serdes enganados,  porque muitos virão em meu nome... Não sigais essa gente".

* Ainda hoje muitas pessoas falam em nome de Jesus, dando respostas fantasiosas produzidas por motivações pessoais. Não é prudente acreditar em tudo o que se diz em nome de Jesus. 

+ Jesus exorta à esperança: Não ter medo...
   Esses sinais de desagregação do mundo velho não devem assustar, pelo contrário são anúncio de alegria e esperança, de que um mundo novo está para surgir.
  "Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se, ERGAM A CABEÇA, porque a Libertação está próxima". (Lc21,28)

* Jerusalém deixa de ser o lugar exclusivo e definitivo da salvação; começa o tempo da Igreja, em que a Comunidade dos discípulos testemunharão a Salvação a todos os povos da terra.

+ As catástrofes continuam ainda hoje...
   Guerras, revoluções, terrorismo infernizam por toda parte...
   Muita gente morre de fome, o aquecimento global é ameaçador; ciclones, terremotos e maremotos se multiplicam. Parece mesmo o fim de tudo.
   Os discípulos não devem temer: Haverá dificuldades, mas eles terão sempre a ajuda e a força de Deus.
   No Discurso escatológico, Jesus define a missão da Igreja na História:
   Dar testemunho da Boa nova e construir o Reino.


 à Cristo nos garante:      "Coragem, LEVANTAI A CABEÇA, porque se aproxima a libertação".

 

                               Pe.  Antônio Geraldo
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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa –
Estamos no penúltimo domingo do ano litúrgico. Domingo próximo celebraremos Cristo-Rei e, daqui a precisos quinze dias estaremos entrando no santo tempo do Advento, que nos prepara para o Natal do Senhor. Pois bem, o final de um período sempre nos faz recordar que o tempo corre e a vida passa veloz. Isto deve fazer-nos pensar no fim de todas as coisas e da nossa vida. “Fim” não somente como final, mas “fim” também como finalidade… É diante desta realidade que a Palavra de Deus nos quer colocar nestes últimos dias do ano litúrgico de 2004.
No Evangelho, Jesus nos recorda que nossa existência é breve, tão fugaz. Àqueles que se encantavam com o aspecto majestoso do Templo, o Senhor recordou que tudo passa. Isso vale ainda hoje: para a nossa casa bonita, para o nosso carro, para o nosso dinheiro, nossa profissão, as pessoas às quais amamos, os projetos que temos, a nossa própria vida: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído!” Aqui, o Senhor não deseja ser um desmancha-prazer, não nos quer arrancar o gosto de viver; deseja tão somente recordar que nossa vida deve ser vivida na perspectiva da eternidade, daquilo que é definitivo. Haverá um momento final, haverá um juízo do Senhor sobre a história humana e sobre a história de cada um de nós, quando, então, ficará claro o que serviu e o que não serviu, o que teve valor ante os olhos de Deus e o que não passou de ilusão e falsidade. Nunca esqueçamos disso: nossa vida caminha para esse momento final, o mais importante de todo nosso caminho existencial. Haverá, sim, um juízo de Deus: “Eis que virá o dia, abrasador como fornalha em que todos os soberbos e ímpios serão como palha; e esse dia vindouro haverá de queimá-los… Para vós, que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo salvação em suas asas”. Este juízo, portanto, será discriminatório: pode significar vida ou morte, salvação ou condenação!
Ante esta realidade, os discípulos perguntam a Jesus: “Mestre, quando acontecerá isso? Qual vai ser o sinal de que estas coisas estão para acontecer?” A curiosidade de ontem é a mesma de hoje… A resposta de Jesus contém dois significados. Primeiro: observemos que o Senhor dá sinais que se referem à natureza (“Haverá grandes terremotos… acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos nos céus.”), sinais que se referem à história humana (“Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país”) e sinais referentes à própria vida dos discípulos – vale dizer, à nossa vida (“Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ ou ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente”). Isto quer dizer que a manifestação final do Senhor vai marcar tudo: a história, a criação e a vida de cada um de nós; nada ficará fora do juízo de Deus que haverá de se manifestar em Cristo! Tudo será confrontado com o amor manifestado na cruz do Senhor. A história humana será passada a limpo e o que foi pecado, desamor, maldade será destruído; a criação será transfigurada: passará a figura deste mundo como é agora e, no Espírito do Cristo, haverá um novo céu e uma nova terra; os discípulos serão examinados pelo Senhor de acordo com sua perseverança na fé verdadeira, sem se deixarem levar pelas novidades religiosas, pura falsificação, como as que estamos vendo hoje em dia…
Há ainda um segundo significado: observemos que os sinais que Jesus dá, acontecem em todas as épocas: sempre houve e haverá convulsões na natureza, guerras e revoluções na história humana, hereges e falsos profetas, falsos pregadores e falsos pastores no caminho da Igreja. Tem sido assim desde o início… Então, por que o Senhor apontou esses sinais? Para deixar claro que cada geração deve estar vigilante, cada geração deve recordar sempre que haverá de estar, um dia, diante do Senhor e, portanto, deve levar a sério sua fé e sua adesão a Jesus. Sobretudo num mundo como o atual, que nos quer fazer perder de vista o essencial e nos quer fazer esquecer que caminhamos para o encontro com Cristo como um rio corre para o mar. Vale-nos, então, o conselho de São Paulo, a que vivamos decentemente, trabalhando pelo pão cotidiano, sem viver à toa, mas construindo a vida com a dignidade de cristãos. O Senhor nos previne que não é fácil: o mundo não nos amará, porque seus pensamentos não são os do Cristo – e isto mais que nunca é claro hoje, numa sociedade consumista, paganizada, amante do conforto e da imoralidade, onde cada um vive do seu modo, como se Deus não existisse… Ouçamos a advertência tão sincera e franca de Cristo: “Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. Todos vos odiarão (= vos amarão menos, não vos terão entre seus amigos) por causa do meu nome… É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”
Eis aqui! Vivamos fielmente a nossa vocação cristã, não tenhamos medo de ser fiéis e de dar o bom testemunho de Cristo, para que possamos ser aprovados ante o tribunal de Cristo. Nossa vida neste mundo é semente de eternidade; nossas escolhas e atitudes terão conseqüências eternas. Que o Senhor nos conceda a graça da perseverança que nos fará ganhar a vida. Amém.
Dom Henrique Soares da Costa

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Homilia do Padre Françoá Costa –

O fim do mundo

Não é raro ver escrito por aí que o mundo vai se acabar em 2012, isso segundo uma previsão do calendário maia. Mas não é a primeira vez que se prevê o fim do mundo. Graças a Deus, até o momento todas tem falhado! Nostradamus, astrólogo francês do século XVI, parece ter previsto que a terceira guerra mundial eclodiria em 1999. Essa guerra poderia ser semelhante a um fim de mundo devido ao arsenal bélico em mão de alguns países. Não houve guerra! Ainda bem!
31 de dezembro de 1980 também foi data do fim do mundo, segundo um presságio árabe. Naquela noite Júpiter e Saturno ficaram a 9 graus, mas o mundo não se acabou, como é evidente. 1874, 1914 e 1975 foram as três datas previstas pelas Testemunhas de Jeová para o fim do mundo. Falharam todas! Também o fundador da igreja Millerita, William Miller, previu o fim do mundo: 1843 seria o fim. Não foi! Não obstante, e apesar das falhas do “profeta”, o movimento dos milleritas está presente em várias igrejas, entre elas a Adventista do Sétimo Dia. Emmanuel Swendenberg, consultando a alguns anjos, disse que o mundo se acabaria em 1757. Falhou! João de Toledo, à sua vez, disse que no dia 23 de setembro (ufa, dia do meu aniversário!) de 1186 todos os planetas estariam alinhados em Libra e o mundo se acabaria. Os planetas se alinharam, mas o mundo persistiu na sua existência. Por último, para que não nos cansemos, Bernardo da Turingia em 960 afirmou que o mundo se acabaria em 992. E já estamos em 2010!
É algo verdadeiramente humano e nobre: ninguém quer morrer, ninguém quer ser enganado. E porque tantas pessoas se empenharam tanto em saber a data do fim do mundo? A curiosidade também é algo assaz humana. Viver e conhecer a verdade são dois grandes desejos que estão no coração de cada ser humano. Nisso se pode ver que o céu será a realização de tudo isso: viveremos para sempre conhecendo e amando a Verdade, que é Deus. Quando? Para cada um, logo após a sua morte haverá um juízo na qual já se decidirá a sua sorte eterna (cfr. Hb 9,27). Para todos, na consumação dos tempos, haverá um juízo universal que reafirmará a sentença do juízo particular tendo em conta as consequências das nossas ações (cfr. Mt 25,31-46). Ambos os eventos são desconhecidos quanto à sua realização.
De todas as maneiras, e em contra de qualquer teoria que pretenda saber mais que os desígnios do Altíssimo, no Evangelho da Missa de hoje, Jesus nos deixa de sobreaviso: “vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e ainda: O tempo está próximo. Não sigais após eles” (Lc 21,8). É verdade: Jesus voltará, ressuscitaremos com os nossos corpos, seremos julgados, há prêmio (céu) e castigo (inferno), haverá um novo céu e uma nova terra. Essas são verdades da nossa fé. Mas, quando acontecerá? Em primeiro lugar, o Senhor nos diz que tenhamos cuidado para não sermos enganados e depois nos diz que não sigamos os falsificadores da verdade. Em outra passagem lemos: “vigiai, pois, porque não sabeis a hora em virá o Senhor. (…) Por isso, estai também vós de preparados porque o Filho do homem virá numa hora em que menos pensardes” (Mt 24,42-44). O importante é vigiar e estar preparado sempre, isto é, em graça de Deus e praticando as obras da fé.
Quanto aos “presságios” do Novo Testamento sobre o fim – difusão do Evangelho, anticristo, conversão dos judeus –, parece que é preciso entendê-los como sinais enigmáticos presentes na história entre a primeira e a segunda vinda de Cristo que ajudam os cristãos a manter-se em estado de vigilância continua e a desejar a vinda do Senhor. Há uma presença permanente de Cristo na história que se culminará com a sua Parusia gloriosa na consumação desses últimos tempos que estamos vivendo. Em efeito, já estamos nos últimos tempos desde a Encarnação do Filho de Deus: “Quando veio plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei” (Gl 4,4).
Tampouco se pode afirmar que o fim do mundo será uma aniquilação da criação material. Mas esse assunto ficará para uma reflexão posterior.
Pe. Françoá Costa



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Homilia do Mons. José Maria – XXXIII Domingo do Tempo Comum (Ano C)

O FIM do Mundo


Estamos no penúltimo domingo do Ano Litúrgico. A Palavra de Deus convida-nos a meditar no fim último do homem, no seu destino além da morte. A meta final, para onde Deus nos conduz, faz nascer em nós a esperança e a coragem para enfrentar as adversidades e lutar pelo Advento do Reino.
O Profeta Malaquias fala do juízo final, com acentos fortes: “Eis que virá o dia, abrasador como fornalha…” (Ml 3, 19)
O texto não pretende incutir medo, falando do “fim do mundo”, mas fortalecer a esperança em Deus para enfrentar os dramas da vida e da história; esperança que devemos ter ainda hoje, apesar do que vemos…
São Paulo (2Ts 3, 7-12) fala da comunidade de Tessalônica, perturbada por fanáticos que pregavam estar próximo o fim do mundo. Por isso não valia a pena continuar trabalhando. Paulo diz: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer…” (2Ts 3, 10).
A vida é realmente muito curta e o encontro com Jesus está próximo. Isto ajuda-nos a despreender-nos dos bens que temos de utilizar e aproveitar o tempo; mas não nos exime de maneira nenhuma de dedicar-nos plenamente à nossa profissão no seio da sociedade. Mais ainda: é com os nossos afazeres terrenos, ajudados pela graça, que temos de ganhar o Céu.
Para imitar Cristo, que trabalhou como artesão a maior parte de sua vida, longe de descuidar as tarefas temporais, os cristãos “estão mais obrigados a cumpri-los, por causa da própria fé, de acordo com a vocação a que cada um foi chamado (GS, 43)”.
O trabalho é o meio ordinário de subsistência e o campo privilegiado para o desenvolvimento das virtudes humanas: a rijeza, a constância, o otimismo por cima das dificuldades… A fé cristã impele-nos além disso a comporta-nos como filhos de Deus com os filhos de Deus, a viver um espírito de caridade, de convivência, de compreensão, a tirar da vida o apego à nossa comodidade, a tentação do egoísmo, a tendência para a exaltação pessoal, a mostrar a caridade de Cristo e os seus resultados concretos de amizade, de compreensão, de afeto humano, de paz. Pelo contrário, a preguiça, a ociosidade, o trabalho mal acabado trazem graves conseqüências. “A ociosidade ensina muitas maldades” (Eclo 33, 29), pois impede a perfeição humana e sobrenatural do homem, debilita-lhe o caráter e abre as portas à concupiscência e a muitas tentações.
Durante séculos, muitos pensavam que, para serem bons cristãos, bastava-lhes uma vida de piedade sem conexão alguma com as suas ocupações profissionais no escritório, na fábrica, no campo, na Universidade… Muitos tinham, além disso, a convicção de que os afazeres temporais, os assuntos profanos em que o homem está imerso de uma forma ou de outra eram um obstáculo para o encontro com Deus e para uma vida plenamente cristã. A vida oculta de Jesus veio ensinar-nos o valor do trabalho, da unidade de vida, pois com o seu trabalho diário o Senhor estava também redimindo o mundo.
O fiel cristão não deve esquecer que, além de ser cidadão da Terra, também o é do Céu, e por isso deve comportar-se entre os outros de uma maneira digna da vocação a que foi chamado, sempre alegre, irrepreensível e simples, compreensivo com todos, bom trabalhador e bom amigo, aberto a todas as realidades autenticamente humanas (cf. Fl. 1, 27; 2, 3-4; 2, 15; 4,4).
Jesus (Lc, 21, 5-19) alerta sobre os falsos profetas: “Cuidado para não serdes enganados…” (Lc 21, 8). Diante das catástrofes Jesus exorta à esperança: não ter medo… Esses sinais de desagregação do mundo velho não devem assustar, pelo contrário são anúncio de alegria e esperança, de que um mundo novo está por surgir. “Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se, ergam a cabeça, porque a libertação está próxima” (Lc 21, 28).
“É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida” (Lc 21, 19). Aproveitemos o tempo!… Diante das dificuldades não nos deixemos levar pelo desânimo! Acreditemos na Vitória final do Reino de Cristo.
Na nossa vida cotidiana, no exercício da nossa profissão, encontraremos naturalmente, sem assumir ares de mestres, inúmeras ocasiões de dar a conhecer a doutrina de Cristo: numa conversa amigável, no comentário a uma notícia que está na boca de todos, ao escutarmos a confidência de um problema pessoal ou familiar… O Anjo da Guarda, a quem tantas vezes recorremos, porá na nossa boca a palavra certa que anime, que ajude e facilite, talvez com o tempo, a aproximação mais direta de Cristo das pessoas que trabalham conosco.
Cristo nos garante: “Coragem, levantai a cabeça, porque se aproxima a libertação”.
Mons. José Maria Pereira

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Louvor (quando o Pão consagrado estiver sobre o altar)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO ...
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI!
Todos: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Pai, hoje aprendemos que nunca estamos sós. Vós sois o sol de justiça e nos acompanhais em todos os momentos. Se passamos por dificuldades ou sofrimentos, estais junto de nós. Obrigado, Pai!! Dai-nos fé e esperança para que nunca desanimemos e sempre tenhamos esperança.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Pai querido, Paulo nos alerta que devemos trabalhar na construção do Reino. Vosso Reino já está no meio de nós, e, como discípulos de Jesus, sabemos que Ele está conosco e temos que fazê-lo manifestado, mas também sabemos que a plenitude só virá depois que passarmos pela morte e ressuscitarmos com Cristo. Pai, dai-nos coragem para o trabalho comunitário e que saibamos valorizar o esforço de nossos irmãos de comunidade.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- Pai, muitas vezes esquecemos das riquezas eternas. Muitos chegam a dizer que não têm tempo para a vossa Igreja. Pai, abri nossos olhos para as verdades que vosso Filho nos ensinou. Que saibamos valorizar os bens que duram para a eternidade e que cada um se valorize como templo de Vossa Glória, pois somos a vossa imagem e semelhança.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!!!
- PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO...



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