34º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2016.
TEMA: JESUS CRISTO, REI
DO UNIVERSO. Jesus deixa claro que sua realeza se
exerce no amor, no serviço, no perdão, no dom da vida.
Primeira leitura: David se tornou
rei de todo o Israel, iniciou-se um tempo de felicidade e de paz, que ficou na
memória do Povo. O Povo sonhava com a volta de um reino igual; os profetas
prometeram a chegada de um descendente de David que iria realizar esse sonho.
Evangelho: Jesus é o
Messias/Rei enviado por Deus; no entanto, seu Reino não é construído sobre a
força, a violência, mas sobre o amor, o perdão, o dom da vida.
Segunda leitura: apresenta a soberania de Cristo sobre toda a criação; Ele
é a fonte de vida para o homem.
PRIMEIRA LEITURA (Sm 5,1-3) Leitura do Segundo Livro de Samuel.
Naqueles
dias, todas as tribos de Israel vieram encontrar-se com Davi em Hebron e
disseram-lhe: “Aqui estamos. Somos teus ossos e tua carne. Tempo atrás, quando
Saul era nosso rei, eras tu que dirigias os negócios de Israel. E o Senhor te
disse: ‘Tu apascentarás o meu povo Israel e serás o seu chefe’”. Vieram, pois,
todos os anciãos de Israel até o rei em Hebron. O rei Davi fez com eles uma
aliança em Hebron, na presença do Senhor, e eles o ungiram rei de Israel.
AMBIENTE - Por volta do ano 1007
a .C., o reino de Saul (tribos do norte e do centro)
sofreu um rude golpe, com a morte do rei e de Jônatas (filho e natural sucessor
de Saul) às mãos dos filisteus (1 Sm 31). David reinava sobre as tribos do sul
(2 Sm 2,1-4). Abner, chefe dos exércitos do norte, ofereceu a David a
autoridade sobre as tribos do reino de Saul (2 Sm 3,12-21). Os anciãos do
norte pediram a David que aceitasse
dirigir também os destinos das tribos do norte e do centro. É diante deste
quadro que a leitura de hoje nos coloca. David está em Hebron – a capital das
tribos do sul – e é lá que recebe os enviados das tribos norte e do centro que
lhe propõem a realeza. Estamos por volta do ano 1005 a .C..
MENSAGEM - Os anciãos propõem-lhe a
realeza sobre as tribos do norte e do centro e David aceita… É a primeira vez
que se consegue a união de todas as tribos sob a autoridade de um único rei. Os
autores deste texto preocupam-se em fazer uma leitura teológica da história…
Assim, colocam na boca dos anciãos de Israel a seguinte frase: “o Senhor
disse-te: «tu apascentarás o meu Povo de Israel, tu serás rei de Israel»”. A
realeza de David aparecerá como algo querido por Deus: o rei David será
considerado o instrumento através do qual Deus apascenta o seu Povo. O seu
reinado foi marcado – como acontece com todos os reinados “humanos” – por
conflitos internos, guerras civis, injustiças, mortes… Mas, apesar de tudo,
David manifestou-se como um homem de grande estatura política e moral. Em
termos políticos, o reinado de David fez de Israel e de Judá um reino de
grandes dimensões, que se sobrepôs aos seus inimigos tradicionais (os
filisteus, os amonitas, os moabitas) e que ficou na memória do Povo como um
tempo ideal de paz e de abundância. No futuro – sobretudo em épocas de crise –
o reinado de David vai constituir como que uma miragem ideal; o Povo de Deus
sonha com um descendente de David que venha restaurar o reino ideal.
ATUALIZAÇÃO
♦ Jesus Cristo, o Messias, Rei de Israel,
descendente de David, é considerado no Novo Testamento a resposta de Jahwéh aos
sonhos e expectativas do Povo de Deus. Ele veio para restaurar, ao jeito de
Deus e na lógica de Deus, o reino de David. Jesus é, portanto, o Rei que, à
imagem do que David fez com Israel, apascenta o novo Povo de Deus.
♦ O reinado de David é
apresentado com um tempo ideal de unidade, de paz e de felicidade; no entanto,
conheceu, também, tudo aquilo que costuma caracterizar os reinados humanos:
tronos, riquezas, exércitos, batalhas, injustiças, intrigas, lutas pelo poder,
assassínios, corrupção…
SALMO RESPONSORIAL 121 (122)
Quanta alegria e felicidade: vamos à casa do
Senhor!
• Que
alegria, quando me disseram: / “Vamos à casa do Senhor!” /
E agora
nossos pés já se detêm, / Jerusalém, em tuas portas.
• Para lá
sobem as tribos de Israel, / as tribos do Senhor.
/ Para
louvar, segundo a lei de Israel, / o nome do Senhor. /
A sede da justiça lá está / e o trono de Davi.
EVANGELHO (Lc 23,35-43) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo
Lucas.
Naquele
tempo, os chefes zombavam de Jesus dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si
mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Escolhido!” Os soldados também
caçoavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre, e diziam: “Se és o rei
dos judeus, salva-te a ti mesmo!” Acima dele havia um letreiro: “Este é o Rei
dos Judeus”. Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Tu não és o
Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” Mas o outro o repreendeu, dizendo: “Nem
sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação? Para nós, é justo,
porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”. E
acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reinado”. Jesus
lhe respondeu: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”.
AMBIENTE - O Evangelho situa-nos diante de uma cruz. É o final da “caminhada”
terrena de Jesus ao serviço da construção do “Reino”. As bases do “Reino” estão
lançadas e Jesus é apresentado como “o Rei” desse “Reino”. “Malfeitores e os
chefes dos judeus “zombavam de Jesus. Por cima da cruz de Jesus, havia uma
inscrição: “este é o rei dos judeus”.
MENSAGEM - Lucas nos apresenta o
tema da realeza de Jesus. Dominando a sena, está a inscrição que define Jesus
como “rei dos judeus”. É uma indicação que parece irônica: Ele não está sentado
num trono, mas pregado numa cruz; não aparece rodeado de súditos fiéis, mas dos
chefes dos judeus que O insultam e dos soldados que O escarnecem; Ele não
exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado
numa cruz, indefeso, condenado a uma morte infame… Não há aqui qualquer sinal
que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena. Contudo,
a inscrição da cruz descreve com precisão a situação de Jesus, na perspectiva
de Deus: Ele é o “rei” que preside, da cruz, a um “Reino” de serviço, de
amor, de entrega, de dom da vida. Neste quadro, explica-se a lógica desse
“Reino de Deus” que Jesus veio propor aos homens. Ao lado de Jesus estão dois
“malfeitores”, crucificados como Ele. Enquanto um O insulta, o outro pede:
“Jesus, lembra-Te de mim quando vieres com a tua realeza”. A resposta de Jesus
a este pedido é: “hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Jesus é o Rei que
apresenta aos homens uma proposta de salvação e que, da cruz, oferece a vida.
O “estar hoje no paraíso” não expressa um dado cronológico, mas indica que a
salvação definitiva (o “Reino”) começa a fazer-se realidade a partir da cruz.
Na cruz manifesta se plenamente a realeza de Jesus que é perdão, renovação do
homem, vida plena; e essa realeza abarca todos os homens – mesmo os condenados
– que acolhem a salvação. Toda a vida de Jesus foi dominada pelo tema do
“Reino”. Ele começou o seu ministério anunciando que “o Reino chegou” (Mc 1,15;
Mt 4,17). As suas palavras e os seus gestos sempre mostraram que Ele tinha
consciência de ter sido enviado pelo Pai para anunciar o “Reino” e para trazer
aos homens uma era nova de felicidade e de paz. Os discípulos perceberam que
Jesus era o “Messias” (Mc 8,29; Mt 16,16; Lc 9,20) – um título que O ligava às
promessas proféticas e a esse reino ideal de David com que o Povo sonhava.
Contudo, Jesus nunca assumiu com clareza o título de “Messias”, a fim de evitar
equívocos: numa Palestina em ebulição, o título de “Messias” tinha algo de
ambíguo, por estar ligado a perspectivas nacionalistas e a sonhos de luta
política contra o ocupante romano. Jesus não quis deitar mais lenha para a
fogueira da esperança messiânica, pois o seu messianismo não passava por um
trono, nem por esquemas de autoridade, de poder, de violência. Jesus é o
Messias/rei, sim; mas é rei na lógica de Deus – isto é, veio para presidir
a um “Reino” cuja lei é o serviço, o amor, o dom da vida. A afirmação da sua
dignidade real passa pelo sofrimento, pela morte, pela entrega de Si próprio. O
seu trono é a cruz, expressão máxima de uma vida feita amor e entrega. É neste
sentido que o Evangelho de hoje nos convida a entender a realeza de Jesus.
ATUALIZAÇÃO
♦ Celebrar a Festa de
Cristo Rei do Universo não é celebrar um Deus forte, dominador que Se impõe aos
homens do alto da sua onipotência com gestos espetaculares; mas é celebrar um
Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força do amor. A cruz
– ponto de chegada de uma vida gasta a construir o “Reino de Deus” – é o trono
de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração dos homens
através do amor e do dom da vida.
♦ A Festa de Cristo Rei convida-nos a repensar a
nossa existência e os nossos valores. Diante deste “rei” despojado de tudo e
pregado numa cruz, não nos parecem ridículas as nossas pretensões de honras, de
glórias, de aplausos, de reconhecimentos?
SEGUNDA LEITURA (Cl 1,12-20) Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.
Irmãos:
Com alegria dai graças ao Pai, que vos tornou capazes de participar da luz, que
é a herança dos santos. Ele nos libertou do poder das trevas e nos recebeu no
reino de seu Filho amado, por quem temos a redenção, o perdão dos pecados. Ele
é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação, pois por causa
dele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, as visíveis e as
invisíveis, tronos e dominações, soberanias e poderes. Tudo foi criado por meio
dele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas e todas têm nele a sua
consistência. Ele é a cabeça do corpo, isto é, da Igreja. Ele é o Princípio, o
Primogênito dentre os mortos; de sorte que em tudo ele tem a primazia, porque
Deus quis habitar nele com toda a sua plenitude e por ele reconciliar consigo
todos os seres, os que estão na terra e no céu, realizando a paz pelo sangue da
sua cruz.
AMBIENTE - Paulo estava na prisão (em Roma?) quando recebeu a visita do seu
amigo Epafras. Epafras contou a Paulo que a Igreja de Colossos estava em crise,
pois alguns “doutores” cristãos ensinavam que a adesão a Jesus devia ser
completada por outras práticas religiosas, fundamentais para a salvação. Esses
“doutores” exigiam dos crentes de Colossos o cumprimento de práticas ascéticas,
de certos ritos legalistas, de algumas prescrições sobre os alimentos; exigiam,
também, a observância de determinadas festas e a crença nos anjos e nos seus
poderes. É possível que este quadro tivesse a ver com doutrinas orientais que
iriam, mais tarde, desembocar no movimento “gnóstico”. Contra esta confusão
religiosa, Paulo afirma a absoluta suficiência de Cristo: a adesão a Cristo é o
fundamental para quem quer ter acesso à proposta de salvação; tudo o resto é
dispensável e não deve ser imposto aos cristãos.
MENSAGEM - O texto começa com um
convite à ação de graças, porque Deus livrou os colossenses “do poder das
trevas” e transferiu-os “para o Reino do seu filho muito amado”; em seguida,
Paulo apresenta um hino no qual celebra a supremacia absoluta de Cristo na
criação e na redenção. É nas duas estrofes deste hino que está a mensagem
fundamental que nos interessa refletir. A primeira estrofe do hino (vers.
15-17) afirma e celebra a soberania de Cristo sobre toda a criação. Cristo é a “imagem
de Deus invisível”. Dizer que é “imagem” significa dizer que Ele é, em
tudo, igual ao Pai, no ser e no agir, e que n’Ele reside a plenitude da
divindade. Significa que Deus, espiritual e transcendente, revela-Se aos homens
e faz-Se visível através da humanidade de Cristo. A segunda afirma que Ele é “o
primogênito de toda a criatura”. No contexto familiar judaico, o
“primogênito” era o herdeiro principal, que tinha a primazia em dignidade e em
autoridade sobre os seus irmãos. Aplicado a Cristo, significa que Ele tem a
supremacia e a autoridade sobre toda a criação. A terceira assegura que “n’Ele,
por Ele e para Ele foram criadas todas as coisas”. Tal significa que todas
as coisas têm n’Ele o seu centro supremo de unidade, de coesão, de harmonia
(“n’Ele”); que é Ele que comunica a vida do Pai (“por Ele”); e que Cristo é o
termo e a finalidade de toda a criação (“para Ele”). Ao mencionar expressamente
que os “tronos, dominações, principados e potestades” estão incluídos na
soberania de Cristo, Paulo desmonta as especulações dos “doutores” de Colossos
acerca dos poderes angélicos, considerados em paralelo com o poder de Cristo. A
segunda estrofe (vers. 18-20) afirma e celebra a soberania e o poder de Cristo
na redenção. Também aqui temos três afirmações fundamentais… A primeira diz que
Cristo é a “cabeça da Igreja, que é o seu corpo”. A expressão significa,
em primeiro lugar, que Cristo tem a primazia e a soberania sobre a comunidade
cristã; mas significa, também, que é Ele quem comunica a vida aos membros do
corpo e que os une num conjunto vital e harmônico. A segunda afirma que Cristo
é o “princípio, o primogênito de entre os mortos”. Significa, não só que
Ele foi o primeiro a ressuscitar, mas também que Ele é a fonte de vida que vai
provocar a nossa própria ressurreição. A terceira assegura que em Cristo reside
“toda a plenitude”. Significa que n’Ele e só n’Ele habita, efetiva e
essencialmente, a divindade: tudo o que Deus nos quer comunicar, a fim de nos
inserir na sua família, está em
Cristo. Por isso, o autor do hino pode concluir que, por
Cristo, foram reconciliadas com Deus todas as criaturas na terra e nos céus:
por Cristo, a criação inteira, marcada pelo pecado, recebeu a oferta da
salvação e pôde voltar a inserir-se na família de Deus.
ATUALIZAÇÃO
♦ A festa de Cristo Rei
revela que Ele tem a supremacia e autoridade sobre todos os seres criados; que
Ele é o centro de todo o universo e que tudo tende e converge para Ele…
♦ A Igreja é um corpo, do qual Cristo é a
cabeça; é Cristo que reúne os vários membros numa comunidade de irmãos que
vivem no amor; é Cristo que a todos alimenta e dá vida; é Cristo o termo dessa
caminhada que os crentes fazem ao encontro da vida em plenitude. Cristo
é o centro da Igreja. Não damos, às vezes, mais importância, tantas vezes, a
“santos”, que assumem um valor exagerado na vivência de certos cristãos, e que
ocultam o essencial?
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
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O Nosso Rei
Com a solenidade de Cristo, REI DO UNIVERSO, encerramos o Ano
Litúrgico.
A Palavra deixa claro, que uma realeza se
exerce no amor, no serviço, no dom da vida.
Na 1ª Leitura Davi é ungido REI de todo o Povo de Israel. (2Sm 5,1-3)
O seu reino tornou-se símbolo do Reino de
paz e de justiça, que um dia Deus teria instaurado na terra.
Os Profetas prometeram a chegada de um
descendente de Davi, que iria realizar esse sonho.
Israel esperou durante muitos séculos essa
Vinda.
O Evangelho: o NOSSO REI
preside esse Reino no Trono da CRUZ.
(Lc 23,35-43)
Cristo não aparece sentado num trono de
ouro, mas pregado numa cruz, com uma horrível coroa de espinhos na cabeça, com
uma irônica inscrição pregada na cruz: "Jesus Nazareno REI dos Judeus".
Nada o identifica com poder, com
autoridade, com realeza terrena.
- Ao lado de Jesus estão dois malfeitores,
crucificados com ele.
Enquanto um o insulta, o outro reconhece a
realeza de Jesus e pede um lugar nele.
* A cruz é a expressão máxima de uma vida
feita Amor e Entrega;
Na 2ª leitura Paulo apresenta
Cristo como o CENTRO da vida e da história. (Cl 1,12-20)
+ Lendo o Evangelho, vemos que:
- A Missão de Cristo nessa terra
foi inaugurar o Reino de Deus...
- A Missão da Igreja é continuar
na História o anúncio do Reino de Deus.
+ Celebrar a festa de Cristo Rei
- Não é celebrar um Deus forte, dominador,
mas é celebrar um Deus que serve com a força do amor.
- Diante deste "rei" que se dá
sem guardar nada para si, não nos sentimos convidados a fazer da vida um dom?
Certamente nos sentimos felizes em sermos
cidadãos desse Reino.
Por isso, alegremo-nos dessa dignidade e façamos com que ele
tenha um lugar sempre maior dentro de nosso coração...
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe.
Pedrinho
Meus
irmãos e irmãs, eu tenho uma pergunta para o pessoal da primeira Comunhão: Eu
quero saber; o que significa dominar? Se estiver errado, não tem problema.
(tomar posse). Tomar posse. Isso que os portugueses fizeram no Brasil. O que
mais além de tomar posse? (tomar conta). Tomar conta já é diferente de tomar
posse. É bem diferente. Dominar é tomar conta ou tomar posse? É bem o tema de
hoje. Nós temos aí, duas posturas diferentes. As duas, infelizmente, estão
corretas, dependendo como agente enxerga as coisas. Se eu dominar como estamos
acostumados a ver, um país entra dominando o outro, o rei entra dominando os
subalternos, ou o político derruba o outro, toma o poder e quer dominar todo
mundo, dignifica tomar posse. Quando Deus disse no capítulo 1 e 2 do Gênesis:
“Crescei, multiplicai e dominai a terra”, não é tomar posse, mas é tomar conta, como se fosse o próprio
Deus cuidando. Então, você é chamado a dominar a terra, ou seja, cuidar da
terra como se fosse o próprio Deus cuidando. Domus, domini é Senhor, do Senhor.
Cuidar da terra como sendo senhor; eu sou chamado a cuidar da terra como sendo
o próprio Deus cuidando.
Todos
nós já temos um chamado de partida. Qual é? Se Deus lhe deu a vida é para você
cuidar da sua vida, como se fosse Deus cuidando. Só que, tem pessoas que
dependem de outros para cuidar da vida. É aí que chamamos RESPONSÁVEIS. Normalmente
na casa, quem são os responsáveis? Normalmente o pai e a mãe, mas pode
inverter. Quando o pai e a mãe já tem certa idade, aí os filhos que devem
cuidar, como se fosse o próprio Deus cuidando. Então, os pais e os filhos como
se fosse o próprio Deus, cada um cuidando a seu tempo como se fosse o próprio
Deus. Assim, o patrão, o chefe, o presbítero, devem cuidar do seu pessoal como
se fosse o próprio Deus. Assim também o prefeito cuidar da cidade, o governador
cuidar do Estado e o presidente como se fosse o próprio Deus. Mas, fomos longe,
desde os pais, os filhos, o presbítero, o prefeito, o governador e o
presidente, abandonamos esta ordem de cuidar como se fosse o próprio Deus. Uns por
limitação do próprio pecado. Outros, por ganância. Outros por vontade, ao invés
de cuidar, de serem cuidados. Ao invés de servirem, querem ser servidos e então
se servem do povo, se servem abusivamente da natureza e querem apenas tomar
posse de tudo e de todos.
Em
determinado momento Deus falou: vou mandar algumas pessoas para cuidar do meu
povo. Alguém se lembra de algum nome de rei que aparece na Bíblia? (Rei Davi). Davi.
Aliás, é o mais admirado de todos até hoje, porque Davi é a imagem do rei. Ele foi
perfeito em tudo que ele fez? Não. Ele cobrou
tanto imposto do povo, que parecia os dia de hoje. Só que não devolvia para o
povo. Foi contraindo muitas riquezas. Quis até construir um Santuário. Deus
disse: agora chega. Quem decide onde moro sou eu. Teu filho vai construir um santuário.
Você não! Assim, temos Salomão, que vai construir o Santuário. Salomão foi
perfeito? Imagina! Na hora que ele morre o povo diz para seu filho: teu pai nos
açoitava com dura escravidão. Deixa o povo um pouco mais livre. Seu filho disse:
meu pai pesava em vocês com um dedo. Eu vou pesar a mão inteira.
Todos
os reis falharam. Sabe por que? Tiveram oportunidade e aí entra a tentação. O que
eu faço? Eu sirvo o povo ou eu ME sirvo do povo? Entre tomar conta e tomar
posse, a maioria prefere tomar posse. Bom, disse Deus: vou eu mesmo dominar, e
mostrar como é que dominar é servir, cuidar, como eu gostaria que fosse. Então,
Deus se faz carne, se faz humano e mostra o seu domínio, não como o servo
glorioso como foram os reis, mas como o servo sofredor; assim temos os exemplos
de Jesus.
Jesus
é Rei? Nós cremos que sim. Qual é a coroa que Jesus trás consigo? Coroa de
espinhos. Qual é o seu trono? A Cruz. Qual é a sua veste de Rei? Ele é
totalmente despido para ser crucificado. Ele é um tipo de rei, que nenhum rei
quer ser. Pergunta se alguém quer ser crucificado para salvar o povo? Não. Normalmente
eles põem o povo para salvar o rei. Fazem a guerra e quem morre é o povo. Eles não
vão para a guerra, mas mandam os outros.
Jesus
se torna Rei e este tipo de reinado incomoda as pessoas. Incomoda todo mundo e
talvez incomoda a nós mesmos. É difícil ver alguém que esteja disposto a se
colocar a serviço do povo cem por cento, mas Jesus fez isto. Ele é o servo
fiel. Ele fez tudo o que é de se esperar de um representante de Deus na terra. Tão
perfeito e tão plena a sua realização, que Ele mostra a própria imagem de Deus.
Ele não é um representante, um embaixador, mas o próprio Deus feito homem. Aí é
que está. Como Ele venceu o pecado, enquanto os outros foram vencidos por ele, Ele
destruiu a morte, nos dando vida eterna.
Durante
o ano celebramos vários mistérios. Um dos mistérios é este: Jesus vai voltar
para tomar posse, dominar, cuidar do seu povo. Vai reinar, pois o Reino é dele.
Ele pode tomar posse. Olha que eu estou dizendo tomar posse. Pode porque Ele
ensinou que quem quiser ser o maior, seja o servo de todos. Então, ser
subalterno de Jesus é a maior liberdade que poderíamos ter, porque Ele não
precisa de nada de nosso serviço. De nada. Nós cremos que Ele irá voltar. É isso
que celebramos hoje: Jesus é o Senhor, o Rei do Universo e tomará posse de obra
do Criador.
Hoje
é o último dia do ano litúrgico. O ano litúrgico não segue o ano civil. O ano litúrgico
termina do trigésimo quarto domingo do tempo comum. Domingo que vem já
começamos o advento, que é a preparação para a vinda do Senhor.
Louvado
seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
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Homilia
do Padre Françoá Costa – Solenidade de Cristo Rei (Ano C)
Relativismo
e verdade
A
festa de hoje foi instituída no Ano Jubilar de 1925 pelo Papa Pio XI com a
Carta Encíclica “Quas Primas” (QP), com o qual coincidiu o 16º centenário do
Concílio de Nicéia, que proclamara a divindade do Filho de Deus; este Concílio
inseriu também em sua fórmula de fé as palavras: “cujo reino não terá fim”,
afirmando assim a dignidade real de Cristo (cf. QP 2).
Jesus
Cristo, sendo a Verdade, é também o rei da verdade, isto é, verdade é o que ele
diz. O ser humano sempre mantem essa sadia curiosidade por conhecer a verdade.
No filme “A Paixão de Cristo” de M. Gibson há um momento em que Pilatos pergunta a
Jesus: Quid est veritas? – O que é a verdade? Tanto no filme como na Escritura
se pode ver que “falando isso, saiu de novo” (Jo 18,38). Dá a impressão de que
no fundo ele não queria saber a resposta. E, no entanto, o ser humano sempre
tem o desejo de conhecer a resposta para os seus interrogantes, ainda que seja
verdade que às vezes tente abafar esse desejo.
No
Evangelho de hoje, se percebe esse desejo a través da conjunção “se”: “se é o
Cristo, o escolhido de Deus!” – manifestam os príncipes dos sacerdotes; “se és
o rei dos judeus” – dizem os soldados; “se és o Cristo” – diz um dos
malfeitores crucificados com Jesus. Parece existir uma dúvida que no fundo é um
“grito silencioso” que poderia ser traduzido dessa maneira: “Por favor, Senhor,
se manifesta; por favor, me diz quem é você. Não aconteça que pela minha
ignorância, venha eu a perecer. Se você é o Cristo, me salva”. Frequentemente,
diante da aparente indiferença em relação à escuta do Evangelho, devemos
escutar esse apelo oculto, silencioso, um grito suplantado.
O
chamado “bom ladrão” teve coragem de expressar nitidamente o desejo do seu
coração: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!” Não
devemos temer as revoltas humanas contra Deus. Temos a esperança de que, um
dia, essas pessoas possam dizer como esse pecador que, como era um bom ladrão,
soube “roubar” o céu nos últimos minutos de vida. Tenhamos por certo: a verdade
de Cristo é que o que todos os homens e mulheres desejam, sabendo ou não.
A
verdade, na Sagrada Escritura, não é somente uma luz na inteligência evidente
para o sujeito, mas principalmente um apoio para toda a vida. O símbolo da
verdade na Escritura é a rocha, a solidez da pedra. Na verdade de Deus nós
podemos apoiar-nos para levar uma vida justa e bela, humana e sobrenaturalmente.
Joseph
Ratzinger, um dia antes da sua eleição como Sucessor de Pedro, afirmava que nós
“não devemos permanecer crianças na fé, em estado de menoridade. E em que é que
consiste ser crianças na fé? Responde São Paulo: significa ser batidos pelas
ondas e levados ao sabor de qualquer vento de doutrina… (Ef 4, 14). Uma
descrição muito atual! Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos
decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamento (…). Todos
os dias nascem novas seitas e cumpre-se assim o que São Paulo disse sobre o
engano dos homens, sobre a astúcia que tende a induzir ao erro (cf. Ef 4, 14).
Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é frequentemente catalogado como
fundamentalismo, ao passo que o relativismo, isto é, o deixar-se levar ao sabor
de qualquer vento de doutrina, aparece como a única atitude à altura dos tempos
atuais. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada
como definitivo e que usa como critério último apenas o próprio “eu” e os seus
apetites. Nós, pelo contrário, temos um outro critério: o Filho de Deus, o
verdadeiro homem. É Ele a medida do verdadeiro humanismo. Não é “adulta” uma fé
que segue as ondas da moda e a última novidade; adulta e madura é antes uma fé
profundamente enraizada na amizade com Cristo. (…). Devemos amadurecer essa fé
adulta (…). Em contraste com as contínuas peripécias daqueles que são como
crianças batidas pelas ondas, São Paulo oferece-nos a este propósito uma bela
palavra: praticar a verdade na caridade, como fórmula fundamental da existência
cristã. Em Cristo, verdade e caridade coincidem. Na medida em que nos
aproximamos de Cristo, assim também na nossa vida, verdade e caridade se
fundem. A caridade sem a verdade seria cega; a verdade sem a caridade seria
como um címbalo que tine (1 Cor 13, 1)”.
Cristo
é o rei da verdade, mas é custoso deixar que essa verdade penetre até o mais
profundo do nosso ser para ser nosso apoio, guia e modelo. Queremos conhecer a
verdade, mas temos medo de comprometer-nos com ela, tememos que a verdade
conhecida nos arranque do nosso habitual comodismo e das nossas costumeiras
tradições. Quando Cristo bate à porta do nosso coração nos sentimos alegres,
mas também – à medida que ele vai pedindo um maior espaço – percebemos como nos
incomoda. No entanto, graças a Deus, somos conscientes de que a felicidade
desejada só se encontrada nessa verdade abraçada.
Pe. Françoá Costa
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Homilia do Mons.
José Maria – Solenidade de Cristo Rei (Ano C)
Com
a Solenidade de Cristo, Rei do Universo, encerramos o Ano Litúrgico. No próximo
domingo, dia 28, será o primeiro domingo do Advento, um novo Ano Litúrgico,
início da preparação para o Natal. Ainda que as festas da Epifania, Páscoa e
Ascensão sejam também festas de Cristo Rei e Senhor de todas as coisas criadas,
a festa de hoje foi especialmente instituída para nos mostrar Jesus como único
soberano de uma sociedade que parece querer viver de costas para Deus.
Jesus
veio ao mundo para buscar e salvar o que estava perdido; veio em busca dos
homens dispersos e afastados de Deus pelo pecado. E como estavam feridos e
doentes, curou-os e vendou-lhes as feridas. Tanto os amou que deu a vida por
eles. Como Rei, vem para revelar o amor de Deus, para ser o Mediador da Nova
Aliança, o Redentor do homem. No Prefácio da Missa fala-se de Jesus que
ofereceu ao Pai “um reino de verdade e de vida, de santidade e de graça, de
justiça, de amor e de paz”.
Assim
é o Reino de Cristo, do qual somos chamados a participar e que somos convidados
a dilatar mediante um apostolado fecundo. O Senhor deve estar presente nos
nossos familiares, amigos, vizinhos companheiros de trabalho… “Perante os que
reduzem a religião a um cúmulo de negações, ou se conformam com um catolicismo
de meias-tintas; perante os que querem por o Senhor de cara contra a parede, ou
colocá-Lo num canto da alma…, temos de afirmar, com as nossas palavras e com as
nossas obras, que aspiramos a fazer de Cristo um autêntico Rei de todos os
corações…, também dos deles” (São Josemaria Escrivá, Sulco, nº 608).
Disse
o Papa João Paulo II: “A Igreja tem necessidade sobretudo de grandes correntes,
movimentos e testemunhos de santidade entre os fiéis, porque é da santidade que
nasce toda a autêntica renovação da Igreja, todo o enriquecimento da fé e do
seguimento cristão, uma re-atualização vital e fecunda do cristianismo com as
necessidades dos homens, uma renovada forma de presença no coração da
existência humana e da cultura das nações”.
A
atitude do cristão não pode ser de mera passividade em relação ai reinado de
Cristo no mundo. Nós desejamos ardentemente esse reinado. É necessário que
Cristo reine em primeiro lugar na nossa inteligência, mediante o conhecimento
da sua doutrina e o acatamento amoroso dessas verdades reveladas. É necessário
que reine na nossa vontade, para que se identifique cada vez mais plenamente
com a vontade divina. É necessário que reine no nosso coração, para que nenhum
amor se anteponha ao amor de Deus. É necessário que reine no nosso corpo,
templo do Espírito Santo; no nosso trabalho profissional, caminho de santidade…
Convém que Ele reine!”(Papa Pio XI).
Cristo
é um Rei que recebeu todo o poder no Céu e na terra, e governa sendo manso e
humilde de coração, servindo a todos, porque não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida para a redenção de muitos.
O
Evangelho (Lc 23, 35-43) apresenta o Rei no trono da Cruz; Cristo não aparece
sentado num trono de ouro, mas pregado numa cruz, com uma coroa de espinhos na
cabeça, com uma irônica inscrição pregada na cruz: “Jesus Nazareno Rei dos
Judeus”.
A
cruz é o trono, em que se manifesta plenamente a realeza de Jesus, que é perdão
e vida plena para todos. A cruz é a expressão máxima de uma vida feita Amor e
Entrega.
Na
oração do Pai Nosso Jesus no ensina a pedir: “Venha a nós o vosso Reino”.
Jesus
nos convida a fazer parte desse Reino e a trabalhar para que esse Reino chegue
ao coração de todos. Por isso celebramos hoje o DIA DO LEIGO cuja missão é a de
ser “protagonista da Evangelização” (Santo Domingo). O leigo, ou seja, todo
aquele que tendo sido regenerado na água batismal como fermento no mundo,
através de suas ações dá sabor divino às realidades terrenas. São “homens e
mulheres no coração do mundo, e mulheres e homens do mundo no coração da
Igreja” (Aparecida, 209). Por isto, se queremos transformar o mundo com a
presença santificadora do Evangelho de Jesus Cristo, precisamos trabalhar, cada
vez mais, em nossas comunidades para viver a doutrina cristã e os valores
evangélicos, para que assim, como discípulos missionários, unido a Cristo Rei
do Universo se coloque à serviço da comunidade, partilhando seus dons,
tornando-se uma oferenda agradável a Deus Pai.
Que
Maria, a Mãe santa do nosso Rei, Rainha do nosso coração, cuide de nós como só
Ela o sabe fazer.
Mons. José Maria Pereira
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Homilia
de Dom Henrique Soares da Costa –
Solenidade de Cristo Rei (Ano C)
É
este o último Domingo do Ano da Igreja. Na corrida, na fiada de dias iniciada
no Advento do ano passado, contemplamos o Cristo que se fez homem por nós, por
nós anunciou e tornou presente o Reino do Pai e, para nos dar esse Reino de
modo definitivo, por nós entregou-se na cruz, morreu e ressuscitou, dando-nos
de modo definitivo o seu Espírito Santo. Pois bem: depois de termos contemplado
todo este mistério, chegamos ao fim e proclamamos o Senhor Jesus como Reino do
Universo. Como afirma o Apocalipse,
“Jesus Cristo fez de nós um reino e sacerdotes para Deus, seu Pai. A ele a
glória e o poder pelos séculos dos séculos!”
Mas,
que significa afirmar esta realeza de Cristo Jesus? Pensando bem, é um título
problemático, esse dado ao Senhor… Ele é Rei mesmo? Rei do quê? Rei num mundo
que o rejeita, Rei de um Ocidente que cada vez mais lhe volta as costas? Rei de
uma humanidade de coração fechado para o seu senhorio? Não seria mais lógico,
mais realista afirmar que os reis de hoje são os Ronaldinhos, o Paulo Coelho, o
Bush e os heróis de plantão? Será que celebrar o Senhor Jesus com este título
portentoso, “Rei do Universo”, não é mais uma prova de que os cristãos estão
delirando, apegados a um passado glorioso, quando a sociedade era cristã e a
Igreja tinha poder?
Quando
os cristãos confessamos que Cristo é Rei, de que reinado estamos falando? A que
Reino estamos nos referindo? Nós realmente acreditamos com todo o coração e
confessamos com toda convicção que Jesus Cristo – e só ele! – é Rei: Rei do
universo, Rei da história, Rei da humanidade, Rei da vida de cada pessoa
humana, cristã ou não-cristã. Ele é Rei porque é Deus feito homem, é, como
diz a Escritura, aquele “através
de quem e para quem todas as coisas foram criadas, no céu e na terra… Tudo foi
criado através dele e para ele… Ele é o Primogênito dentre os mortos” (Cl
1,1518).
No
entanto, é necessário compreender a natureza do reinado de Jesus. A Liturgia de
hoje coloca como antífona de entrada do Missal romano uma frase do Apocalipse
que é surpreendente: “O
Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria,
a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos!”
Frase surpreendente, sim! Quem é Aquele que proclamamos Rei? O Cordeiro; e
Cordeiro imolado. Cordeiro evoca mansidão, paz, fragilidade… Nosso Rei não é
aquele que faz e acontece, aquele que passa por cima feito trator… Nosso Rei é
o Cordeiro que foi esmagado na cruz, Aquele que foi imolado pelo Pecado do
mundo. O mundo passou e passa por cima do nosso Rei, refuta seu Evangelho,
desdenha de sua Palavra, ridiculariza seus preceitos, calunia sua Igreja… Esse
Rei é Aquele que foi crucificado, que foi derrotado e terminou sozinho, é o
homem de dores prenunciado por Isaías. No Evangelho escutamos que zombaram e
zombam dele: “A
outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se de fato é o Cristo de Deus, o
Escolhido! Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!” (Lc 23,35.39)
Não!
Decididamente, Jesus não é Rei nos moldes dos reis da terra. Não podemos
imaginar os reis, presidentes e manda-chuvas deste mundo, para depois enquadrar
Cristo nesses modelos. O reinado de Cristo somente pode ser compreendido a
partir da lógica do próprio Cristo: “O
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em
resgate por muitos” (Mc 10,45). Eis o modo que Cristo tem de
reinar: servindo, dando vida e entregando a própria vida. Tão diferente dos
reis da terra, dos políticos e líderes de ontem de hoje: “Sabeis que aqueles que vemos
governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vos não
será assim…” (Mc 10,42s). Cristo é Rei porque se fez solidário
conosco ao fazer-se um de nós, é Rei porque tomou nossa vida sobre seus ombros,
é Rei porque passou entre nós servindo, até o maior serviço: entregar-se
totalmente na cruz. É rei porque, agora, no céu, Deus e homem verdadeiro, é
Cabeça e Princípio de uma nova criação, de uma nova humanidade, de uma nova
história, que se consumará na plenitude final. A festa de Cristo Rei
recorda-nos uma outra: a do Domingo de Ramos, quando, com palmas nas mãos,
cantamos o reinado de Cristo, que entrava em Jerusalém num burrico – animal de
carga de serviço – para ser coroado de espinhos, morrer e ressuscitar.
Tudo
isto nos coloca em crise, pois este Rei-Messias olha para nós, cristãos, seus
discípulos, e nos convida a segui-lo por esse caminho: não o da glória, mas da
humildade; não o do sucesso a qualquer custo, mas da fidelidade a todo preço;
não o das honras, mas do serviço; não o da imposição, mas da proposta humilde.
Quantas vezes os cristãos pensaram o reinado de Cristo de modo demasiado
humano, quantas vezes a Igreja pensou que o Reino do Senhor estava mais presente
quando ela era honrada, reverenciada, presente nos corredores dos palácios ou
nos palanques dos grandes do mundo… Quantas vezes vemos o reinado do Senhor
quando tudo sai bem para nós… Ilusão; tentação diabólica! Nosso verdadeiro
reinado, nossa real serviço, nossa inalienável dignidade é unir-se a Cristo no
seu caminho de humilde serviço ao Evangelho, seguindo os passos do nosso
Senhor: “Fiel é esta
palavra: Se com ele morremos, com ele viveremos. Se com ele sofremos, com
ele reinaremos” (2Tm 2,11). Todas as vezes que esquecemos isso,
fomos infiéis e indignos de reinar com Cristo. Houve tempos gloriosos na nossa
história de Igreja de Cristo: já fomos perseguidos pelos romanos, já fomos
perseguidos em tantos lugares da terra: já nos mataram, torturaram, pisaram,
discriminaram… Houve tempos tristes: quando perseguimos, torturamos e
discriminamos… pensando, assim, manifestar o Reino de Cristo! Que engano! Que
ilusão!
Hoje,
temos uma nova chance. Nos países muçulmanos e budistas, somos cidadãos de
segunda classe, perseguidos e mortos (ninguém divulga isso!), na China, somos
colocados na prisão e nossos Bispos são condenados a trabalhos forçados e,
aqui, no nosso Brasil, somos chamados de reacionários, medievais,
obscurantistas, anacrônicos, contrários à ciência e ao progresso… porque não
aceitamos o aborto, a eutanásia, o assassinato de deficientes, a dissolução da
família… É, mais uma vez, a chance de testemunhar o reinado de Cristo, de
permanecermos firmes no combate, com a humildade que é capaz de dialogar e
ouvir, mas também com a firmeza que não arreda o pé da fidelidade ao
Senhor: “Vós sois os
que permanecestes constantemente comigo em minhas tribulações; também eu
disponho para vós o Reino, como meu Pai o dispôs para mim, a fim de que comais
e bebais à minha mesa em meu
Reino ” (Lc 22,28-30). Que missão, que chance, que
desafio, que graça! Com serenidade e firmeza, na palavra, na vida e na morte,
testemunhemos: Jesus Cristo é Rei e Senhor, Princípio e Fim de todas as coisas.
Humildemente,
elevemos, cheios de confiança, o nosso olhar para ele, e como o Bom Ladrão,
supliquemos: “Jesus,
lembra-te de mim, lembra-te de nós, quando entrares no teu Reino!”
Só a ti a glória, pelos séculos dos séculos. Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
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Para a celebração da Palavra: (Diáconos
e Ministros da Palavra):
LOUVOR:
(QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O Senhor esteja com todos vocês...
Demos graças ao Senhor o nosso...
- Com Jesus, Por Jesus e em Jesus, na
força do Esp. Santo, louvemos ao Pai:
T:
Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
- Senhor, nosso Deus e Pai, grande é o vosso amor nos enviando
vosso Filho para nos salvar!
T:
Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
- Nós vos damos graças pelo nosso batismo e por nos acolher como
filhos prediletos vossos!
T:
Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
- Pai, hoje aclamamos Jesus como nosso Rei e nosso Pastor.
Guiai-nos para as águas da vida eterna!
T:
Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
- Ajudai-nos a ver nos irmãos e irmãs a vossa imagem e semelhança,
para que saibamos perdoar e agirmos como filhos do mesmo Pai!..
T:
Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
- Senhor, encerramos neste domingo o ano litúrgico. Paulo nos
ensinou que Jesus Cristo é o Rei do Universo. Ele é o nosso exemplo na
caminhada para o Reino. Pai, neste ano que se inicia, queremos nos preparar
para a chegada do menino Jesus que sempre renasce em nosso coração todo ano.
Nos ajude a sermos humildes e desapegados das coisas que passam. Que sejamos
simples como o menino de Belém. Que aprendamos a seguir os passos de vosso
Filho.
T:
Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
- PAI NOSSO... A PAZ...
(Depois
da paz): Jesus é o nosso Rei e somos o seu povo!
Reafirmamos o nosso Batismo!!! Queremos ser discípulos missionários! Queremos
anunciar a boa nova de Jesus!
(Elevando
o Pão consagrado);
-
Eu digo “Jesus Cristo”, vocês respondem: É o Nosso Rei!:
-
Jesus Cristo! (T: É O NOSSO REI). (3x).
...Eis
o Cordeiro de Deus...
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