5º DOMINGO DA QUARESMA ano
B 2018
(Adaptado pelo
Diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema: A NOVA ALIANÇA “Se alguém me quer servir, siga-me” A Salvação está na escuta de Deus e na
ação aos irmãos.
Primeira leitura: Jahwéh apresenta uma nova Aliança que
passa pela transformação do coração.
Evangelho: Jesus é o exemplo na entrega da vida a
Deus e aos irmãos. O caminho da cruz não é um fracasso, mas é daí que brota a
vida verdadeira e eterna.
Segunda leitura: Jesus Cristo, o sumo-sacerdote da nova
Aliança, aponta o caminho da salvação. Esse caminho passa pelo diálogo com Deus
e pela descoberta das propostas aos seus projetos.
PRIMEIRA LEITURA (Jr 31,31-34) Eis que virão dias, diz o Senhor, em que concluirei... uma nova aliança; não como a aliança que fiz com seus pais, quando os tomei pela mão para retirá-los da terra do Egito...: Imprimirei minha lei ... em seu coração; serei seu Deus, e eles serão meu povo. ...
AMBIENTE – No reinado de Josias (reforma
religiosa). A mensagem de Jeremias traduz-se num apelo à conversão e à aliança.
No reinado de Joaquim é um tempo de desgraça e de pecado para o Povo e de
sofrimento para Jeremias. O profeta critica as injustiças e a infidelidade
religiosa (esperança em exércitos estrangeiros [aliança com os egípcios]).
Jeremias está convencido de que uma invasão babilônica castigará os pecados do
Povo de Deus: em 597 a .C.,
Nabucodonosor invade Judá e deporta para a Babilônia uma parte da população de
Jerusalém. No trono fica Sedecias (597-586 a .C.). A terceira fase profética de
Jeremias.
Sedecias volta a política das alianças com
o Egito. Jeremias não está de acordo que se confie em exércitos estrangeiros
mais do que em Jahwéh… Acusado de traição, o profeta é encarcerado. Em 586 a .C. Nabucodonosor
destrói Jerusalém e deporta a população para a Babilônia. Jeremias reflete
sobre uma nova Aliança que Deus oferecerá ao seu povo.
MENSAGEM - Deus tem uma nova Aliança a
oferecer. O Povo de Deus aderiu à Aliança do Sinai, mas mais com a boca do que
com o coração. Deus vai propor uma nova Aliança que se fundamente noutras base;
Em concreto, gravar as suas leis e preceitos no coração do Povo. Com um
“coração” assim transformado, cada crente poderá viver na fidelidade à Aliança
e no amor a Jahwéh. Com esse novo tipo de relação, Jahwéh não será mais um
“desconhecido” para o seu Povo. Entre Deus e Israel será possível o
estabelecimento de uma relação pessoal de proximidade, de intimidade, de
familiaridade. Na última frase do nosso texto, Deus anuncia o perdão para as
faltas do seu Povo: um perdão total e sem reservas é o primeiro resultado desta
nova relação que se vai estabelecer entre Deus e o seu Povo. Também nisto se
manifesta o “amor eterno” de Deus.
ATUALIZAÇÃO • Jahwéh propõe mudar o
coração do homem. Ao homem pede-se que acolha o dom de Deus, que se deixe
transformar por Deus para integrar a comunidade da nova Aliança. Integrar a
comunidade da nova Aliança implica renunciar a caminhos de autossuficiência
face às propostas de Deus.
• A nova Aliança não tem a ver com ritos; mas a adesão do coração
às propostas de Deus. Aliança não é o ter o nome escrito no livro de batismos,
Mas é o estar atento aos projetos de Deus, testemunhar Deus nos gestos do dia a
dia, viver em comunhão com Deus.
• O projeto de uma nova Aliança concretiza-se em Jesus: Ele veio
ao mundo para renovar os corações dos homens, oferecendo-lhes a vida de Deus.
SALMO RESPONSORIAL / Sl
50 (51)
Criai em mim um
coração que seja puro.
• Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão
de vosso amor, purificai-me! / Lavai-me todo inteiro do pecado / e apagai
completamente a minha culpa!
• Criai em mim um coração que seja puro, / dai-me de novo
um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, / nem retireis
de mim o vosso Santo Espírito!
• Dai-me de novo a alegria de ser salvo / e confirmai me
com espírito generoso! / Ensinarei vosso caminho aos pecadores, / e para vós se
voltarão os transviados.
EVANGELHO (Jo 12,20-33). ... havia alguns gregos entre os que tinham subido a
Jerusalém... Aproximaram-se de Filipe, ... e disseram: “Senhor, gostaríamos de
ver Jesus”. Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. Jesus
respondeu-lhes: “Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em
verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre,
ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto. Quem
se apega à sua vida perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo,
conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu
estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Agora,
sinto-me angustiado. E que direi? Pai, livra-me desta hora? Mas foi
precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!”. Então,
veio uma voz do céu: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo”. A multidão,
que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. ... Jesus respondeu e
disse: “Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. É
agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso e eu,
quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Jesus falava assim para
indicar de que morte iria de morrer.
AMBIENTE - As multidões “que
tinham chegado para a Festa” haviam aclamado Jesus como o rei/messias, “o que
vem em nome do Senhor”. Acolhendo Jesus com ramos, é um gesto do folclore
judaico que Celebravam a festa das tendas, tempo em que os israelitas viveram
em tendas, ao longo da caminhada pelo deserto. O autor do Quarto Evangelho
sugere, assim, que está chegando o processo de libertação definitiva do Povo de
Deus... Os “gregos” dirigem-se a Filipe, Filipe vai falar com André e
apresentam o caso a Jesus. A história dos “gregos” que querem “ver Jesus” vai
servir de pretexto a João para uma catequese sobre o que significa “ver Jesus”.
MENSAGEM - Os
“gregos” vieram a Jerusalém “adorar” a Deus no Templo; mas quiseram
encontrar-se com Jesus, conhecer Jesus e o seu projeto. Com isto, o autor do
Quarto Evangelho sugere que o Templo e o culto antigo já não são mais os
lugares onde o homem encontra Deus e a salvação; agora, quem estiver
interessado em encontrar a verdadeira libertação deve dirigir-se ao próprio
Jesus. A salvação/libertação que Jesus veio trazer tem um alcance universal. Jesus estava no interior do Templo,
chamado Pátio de Israel. Ali, nenhum pagão podia entrar, sob pena de morte.
Dois gregos, dois pagãos, aproximaram-se de Filipe, que estava na parte mais
externa, no chamado Pátio dos Gentios, até onde qualquer pessoa podia chegar.
Eles não podiam entrar no Templo, não poderiam ver Jesus, a não ser que este
saísse e viesse aonde eles estavam. Filipe, então, foi a Jesus e lhe relatou o
pedido dos gregos. Jesus disse: “Chegou a hora em que o Filho do Homem
vai ser glorificado!” - “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele
continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz fruto”. Jesus
entregará ao Pai a sua vida, para frutificar em salvação para nós, para que
possamos vê-lo, contemplá-lo e experimentá-lo como nossa Luz e nossa Vida!
O fato de Filipe falar primeiro com André
e só depois os dois irem a Jesus reflete a dificuldade das primeiras
comunidades para a evangelização dos pagãos. A decisão de integrar os pagãos
não é uma decisão individual, mas comunitária.
Quem vai ao encontro de Jesus tem no
horizonte apenas a cruz. Jesus está consciente de que vai sofrer
uma morte violenta, mas nessa cruz se manifestará a “glória”. A morte de Jesus
é o culminar sua existência terrena. Jesus procurou, em cada palavra e gesto,
tornar o homem livre de todas as opressões e dar-lhe vida em plenitude.
Destronou o ódio do sistema opressor, interessado em manter o homem escravo.
Sem se assustar com a perspectiva da morte, Jesus levou avante a sua luta pela
libertação da humanidade. A sua morte é a consequência do seu confronto com as
forças da morte que dominavam o mundo.
Com a morte de Jesus na cruz, os
discípulos aprendem sobre o amor extremo aos projetos de Deus e à libertação
dos irmãos. Deste “dom” de Jesus nasce uma nova humanidade. E é uma humanidade
que venceu o egoísmo e que aprendeu que a vida é para ser dada, sem limites,
por amor. “Queremos
ver Jesus!” Mas onde
encontrá-Lo? O Documento de Aparecida diz:
1 Na fé recebida e vivida na igreja,
2 Na Escritura lida em comunidade e vivida,
3 Na Sagrada Liturgia, onde a Eucaristia é
o lugar privilegiado do encontro do Discípulo com Jesus Cristo”,
4 Na Reconciliação (Confissão),
5 No pobre,
6 No enfermo e
7 Na oração.
O caminho para ver Jesus é a
Cruz: “Quando Eu for elevado da terra (na Cruz), atrairei todos a Mim”. A Cruz
é reveladora tanto da grandeza de Deus quanto da feiúra do pecado. “Cristo foi crucificado e, do alto da Cruz,
redimiu o mundo, restabelecendo a paz entre Deus e os homens”.Na cruz de Jesus manifesta o amor sem limites de Deus para os homens.
A vida nasce do amor que se dá até às últimas consequências. Quem ama a si mesmo e se fecha num egoísmo estéril, perde a oportunidade de chegar à vida verdadeira, à salvação. O egoísmo levará ao medo de agir perante a injustiça. Quem esquece seus próprios interesses, se compromete com a luta pela justiça, esse dará frutos de vida e viverá uma vida plena. Jesus viveu por amor, sem medo de enfrentar o “mundo”. Jesus está livre desse medo e está livre para amar totalmente. Àqueles que querem “ver Jesus” e conhecer o seu projeto, Ele propõe o mesmo caminho – o caminho do amor e da entrega total. Ser discípulo é colaborar com Jesus na libertação dos homens, mesmo que isso signifique enfrentar as forças de opressão do “mundo”; é tomar a cruz e seguir o exemplo de Jesus. Quem aceitar esta proposta entra na comunidade de Deus. Poderá ser desprezado pelo “mundo”; mas será honrado por Deus e acolhido como filho.
É na morte de Cristo que judeus e gentios entrarão para a nova e eterna Aliança no sangue do Senhor! São Pedro exclamará: “Sabeis que não foi com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo” (1Pd 1,18).
Como dizia o Papa Bento XVI: Sua cruz é o critério do julgamento
do mundo: tudo aquilo que fugir da lógica da cruz, é palha para ser queimada! É
o amor manifestado e derramado na cruz que vence a morte e nos dá a vida plena.
Na cruz, de braços abertos, o Salvador nosso une judeus e pagãos num só povo, o
novo Povo, a Igreja, sua amada esposa una, santa, católica e apostólica!
ATUALIZAÇÃO • O Evangelho responde
como chegar a este homem novo: é olhando para Jesus, aprendendo com Ele,
seguindo-O no caminho do amor.
• O caminho de Jesus pode parecer um
caminho de fracasso… No entanto, Jesus garante-nos: a vida plena e definitiva
nasce do dom de si mesmo, do serviço simples e humilde prestado aos irmãos.
•
Jesus rejeita o egoísmo e os valores passageiros. Quem vive só para si, na
realização pessoal, tem vida infecunda e não chega à realização plena, à vida
verdadeira, à salvação.
• É através da comunidade que os homens
“vêem Jesus”, descobrem o seu projeto, encontram esse caminho de amor e de
doação que conduz à vida nova do Homem Novo, à salvação.
SEGUNDA LEITURA (Hb 5,7-9) Cristo ... dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, Àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
AMBIENTE - A Carta aos Hebreus
expõe o mistério de Cristo e recorda a fé tradicional da Igreja.
MENSAGEM – O Filho de Deus viveu entre os homens e experimentou a fragilidade dos homens. Sofreu, chorou, sentiu angústia e medo diante da morte. Por isso, Jesus é o sumo-sacerdote, capaz de compreender as fraquezas dos homens. A partir dessa compreensão, Ele será também capaz de dar-lhes remédio. O sacerdócio de Jesus realizou-se num permanente diálogo com o Pai. Mesmo nos momentos mais difíceis, Ele escutou o Pai, e se dispôs cumprir o projeto de salvação que o Pai queria oferecer aos homens. Converteu sua existência numa oferenda ao Pai, num “sacrifício” de doação ao Pai. Ele realizou a comunhão entre Deus e os homens. Com a sua obediência, Ele ensinou a cumprir os projetos de Deus e a amar os irmãos até ao dom total da vida. Sendo o modelo de Homem Novo, Ele tornou-se “fonte de salvação eterna”. Jesus Cristo é o sumo-sacerdote da nova Aliança. Ele conhece as fragilidades dos homens e está apto a oferecer-lhes a ajuda para a salvação.
ATUALIZAÇÃO • Não estamos sozinhos, frente
a frente com a nossa fragilidade; Cristo entende-nos, caminha à nossa frente,
nos pega no colo quando não conseguimos caminhar.
• O caminho da doação total ao Pai não é um caminho impossível para nós; mas é um caminho que os homens podem percorrer, apesar das suas fragilidades. É esse caminho que Jesus, o homem como nós, nos aponta. Pela Oração, Ele encontrou forças para concretizar os projetos do Pai.
• O caminho da doação total ao Pai não é um caminho impossível para nós; mas é um caminho que os homens podem percorrer, apesar das suas fragilidades. É esse caminho que Jesus, o homem como nós, nos aponta. Pela Oração, Ele encontrou forças para concretizar os projetos do Pai.
Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho
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HOMILIA
DO PE. PEDRINHO
Estamos
nos aproximando da semana santa. Domingo que vem já é domingo de ramos. A
liturgia, através das leituras, nos lembra da paixão, morte e ressurreição de
Jesus. Hoje, a afirmação de Jesus é
muito clara e direta: Eu atrairei a todos quando for elevado. Nós
sabemos bem e o próprio evangelista nos chama a atenção para isto. Jesus vai
atrair quando ele for elevado, e aí ele
já está antecipando, mostrando, a maneira como ele será morto. Ele será
levantado no madeiro. Jesus diz de maneira muito clara: Eu estou angustiado por
esta hora. Aqui, fazer um esclarecimento entre angustia e preocupação.
Angustia
na medida em que preciso me preparar para uma missão difícil, seja qual for a
missão. Então, eu procuro forças, procuro estar muito bem DISPOSTO para
concluir a missão que me foi confiada.
Preocupação
é tentar controlar o futuro. É muito importante nos dar conta disso. Nós não
controlamos o futuro. É uma ilusão achar
que temos o domínio em nossas mãos. Não sabemos se terminamos vivos esta
Celebração. Entretanto, as pessoas procuram se PRÉ-OCUPAR, preocupar antes do
momento que às vezes nem consegue realizar. Então, angustia é algo normal de
alguém que está consciente e disposto a levar a bom termo a missão. Preocupação
é gastar um tempo de maneira desnecessária com aquilo que ainda não chegou.
Ora,
por que Jesus tem clareza dessa missão? É
porque sabendo que é difícil, sabe que é necessária. Porque o profeta
Jeremias, capítulo 31, primeira leitura de hoje, ele tinha emprestado sua voz
para Deus, afirma: “Eis que dias virão em que eu estabelecerei uma nova aliança
com meu povo e a minha vontade, o meu desejo estará escrito no coração das
pessoas. Ninguém mais vai precisar transmitir de um para o outro qual é o meu
desejo e a minha vontade, mas todos saberão bem como se comportar”.
É
evidente que Jesus não só viveu, mas aplicou e revelou a realização dessa
profecia. Com seus gestos, com palavras ninguém mais pode dizer que não sabe
qual é a vontade de Deus. Como ninguém poderá dizer que não conhece os
mandamentos de Deus. Porque Jesus resume em dois: ame a Deus e ame ao próximo
como a si mesmo. De tal maneira que isto é o obvio.
O
Papa Bento XVI dizia: há uma esquizofrenia entre a moral individual e a
moral social. Para mim eu quero tudo e para a sociedade eu não quero nada. Isto
é uma esquizofrenia, pois há duas posturas para a mesma realidade. Tudo o que
eu quero para mim, é evidente que também deveria ser para todos. E a base dessa
moral está no mandamento de Jesus. Quando Jesus pega o cálice com vinho na
última ceia e diz: Este é o cálice do meu sangue, aí Ele acrescenta algo da
profecia de Jeremias: o Sangue da nova e eterna aliança. Ele acrescenta
o eterno. Exatamente porque a partir de Jesus, que garante vida eterna, que nós
temos uma proposta para este mundo e para quando estivermos na vida eterna.
Quem nos garante esta eternidade é o próprio Jesus através de seu sacrifício.
Porque é um sacrifício novo para uma nova aliança, uma aliança que agora
será eterna. É claro, que depois de Jesus não podemos esperar mais nada, porque
nele se realiza toda a vontade de Deus.
Ora,
outro aspecto importante que Jesus nos ajuda a compreender: “Se o grão de trigo
não cai na terra e não morre, ele permanece um grão de trigo. Se ele morre,
ele dá frutos”. É importante aí
compreendermos todo o ciclo da vida. Para muitas pessoas, a morte é um castigo.
Jesus mostra: Não, na medida que eu semeio, jogo a semente na terra, se ela não
apodrecer, se ela não morrer, não brota vida. Assim também somos nós quando
somos sepultados. Também nós, se de fato não morremos, não gera vida.
Eu
dizia para as crianças: você planta um milho amarelo e nasce uma planta verde.
São Paulo usa esta analogia: Nós semeamos um corpo corruptível e aí nasce um
corpo incorruptível. Mas que corpo é este? Não sabemos. E aí ele utiliza a
imagem da semente. Eu gosto de lembrar que o milho amarelo, aparentemente parece nada a ver com o pé de milho que é verde.
Então, não podemos imaginar o corpo ressuscitado de cada um de nós. Então vale
a proposta de Jesus: Para que possamos dar frutos é necessário que passemos por
este processo. Então, Jesus diz: Eu venho, realizo a minha missão, eu abro mão
de meus interesses em prol de um projeto muito maior: Eu garanto vida eterna
a todos. Por que? Porque eu sou a ressurreição e a vida. Agora, este
é o ponto mais desafiador: a segunda leitura diz que Jesus foi atendido no seu
pedido diante do Pai. Vale a pena recordar: “Cristo na sua vida terrestre
dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de
salvá-lo da morte e foi atendido”. E aí
parece um absurdo, porque nós sabemos que Jesus morreu na cruz. Como é que Ele
foi atendido nas suas súplicas? Aqui, então, vamos compreender o início de
nossa caminhada quaresmal; a transfiguração. Temos que ir além da figura.
De fato, aos olhos humanos, Jesus não foi atendido nada, foi abandonado na
cruz, morreu. Mas, aos olhos da fé, esta não foi a última palavra. A última
palavra foi a ressurreição. Também,
quando vemos alguém, aparentemente está
morto, mas ali, no caixão, não é a última palavra; a ultima palavra é a
ressurreição. Então, Deus sempre atende os pedidos das pessoas. Sempre, a seu
modo. Às vezes, para nós, um absurdo!
Muito
bem. Aqui então está um ponto muito importante: Jesus nos mostra que a última
palavra é vida e vida eterna e convida para quem quiser, que esteja junto com
Ele: “Aquele que me serve, onde eu estiver, ele estará também”. Esta é a
promessa. O que parece muito curioso é que muitas pessoas acham que é uma perda
de tempo acompanhar Jesus, servir, buscar fazer a sua vontade, mas ao mesmo
tempo vive em busca de algo que lhe dê segurança. Ao ponto de viver preocupado
porque se sente inseguro. Esta é uma grande contradição, pois o único que pode
nos dar segurança é Jesus Cristo, porque Ele tem proposta para esta vida e para
a vida eterna também.
Meus
irmãos e irmãs, aí o grande convite: eu quero, ou não, viver em comunhão com
Jesus? Se quero, devo pedir isto a Ele.
Concluindo
a reflexão, nós partimos do Salmo para afirmar isto. O Salmo 50 é um pedido de
perdão a Deus. Agora, será que eu preciso pedir perdão a Deus? Será que Ele não
conhece o meu arrependimento? Ele conhece, mas só vai nos perdoar na medida que
pedirmos, porque ele nos respeita. Isto, às vezes, as pessoas tem dificuldade
de compreender. Se eu não disser; Senhor, perdoe os meus pecados, Ele não vai
me perdoar. Não que não possa perdoar, mas porque respeita a minha iniciativa.
O
que de fato é o inferno? O inferno é eu estar convivendo com algo que eu não
suporto. Se alguém não suportou Jesus Cristo ao longo de sua vida, seria um
inferno viver em comunhão com Ele. Então, Ele não garante vida eterna para
quem não pedir, para que não quiser, para quem não falar: “Senhor, eu quero
viver em comunhão contigo”. Exatamente
porque nos ama e quer respeitar a nossa vontade. Por isso, ao longo da quaresma
procuramos rever a nossa caminhada. Certamente aqui ou ali descobrimos alguma
coisa que não está bem, seria momento de pedir perdão a Deus, porque Ele pode
nos perdoar. Ele aguarda o nosso pedido de perdão. A exemplo de Davi, que
diante de seu pecado pediu perdão, nós também pedimos perdão a Deus. E ainda
falarmos: “Eu quero viver em comunhão contigo, embora muitas vezes não
consigo”. A partir daí, é Deus que nos
conduz, porque na medida em que eu quero viver com Ele, Ele não me rejeitará de
maneira alguma.
Semana
que vem realizamos o nosso grande retiro, a semana Santa, que tem este
significado. E possamos estar prontos e experimentar esta renovação e a
ressurreição do Senhor.
Louvado
seja nosso Senhor Jesus Cristo.
PE.
PEDRINHO
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"Queremos
ver Jesus"
A Liturgia desse domingo
deseja preparar para os acontecimentos da Páscoa, que se aproxima:
a Paixão, Morte e
Ressurreição de Cristo.
Na 1a Leitura
Deus propõe uma NOVA ALIANÇA. (Jr 31, 31-34)
Deus tinha feito uma ALIANÇA
no Sinai. O povo aderiu à aliança, contudo mais com a boca, do que com o
coração. Por isso, o profeta Jeremias anunciou uma NOVA ALIANÇA, cujos
mandamentos serão gravados no coração: A Aliança é renovada pelo Senhor, que
perdoa e restaura.
* Nós também somos Povo da
Nova Aliança, cujos mandamentos devem estar inscritos em nosso coração. A
Quaresma é o tempo de renovação da Aliança, iniciada no Batismo e rompida
tantas vezes pela nossa fraqueza e infidelidade.
A 2ª Leitura afirma
que essa nova Aliança, plena e definitiva, se realiza em Jesus Cristo, em
perfeita obediência ao Pai. (Hb 5,7-9)
O Evangelho nos
convida a olhar Jesus, que selou a Nova Aliança com o próprio
sangue na Cruz. (Jo 12,20-33)
- Um grupo de gregos, pedem: "Queremos
ver Jesus!". Não se dirigem
diretamente a Jesus, mas aos discípulos. Servem-se dos mediadores: Felipe e
André
- Jesus SE
FAZ VER através de uma imagem:
o GRÃO de TRIGO.
A sua "glória" passa pela
experiência do grão: "Se o grão, que cai na terra, morre,
produzirá muito fruto".
A fecundidade da vida se manifesta na morte.
Jesus vai morrer e nascerá a Igreja universal...
Para conhecer Jesus:
- Devem MORRER as seguranças
humanas, o apego à própria vida e à sabedoria humana (que os gregos valorizavam
tanto)...
- Deve MORRER tudo o que nos
afasta do projeto de Jesus, que veio
para que todos tenham vida em abundância.
- E aponta
o caminho para vê-lo: a CRUZ.
"Quando eu for elevado da terra (na
cruz), atrairei todos a mim."
+ "Queremos ver Jesus"
Esse pedido dos gregos é
anseio de todos nós.
Mas onde, quando, como encontrá-lo?
- "O encontro com Cristo
realiza-se na fé recebida e vivida na IGREJA".
- Encontramos Jesus na SAGRADA ESCRITURA, lida na Igreja...
É indispensável o
conhecimento e a vivencia da Palavra de Deus".
-Encontramos Jesus Cristo na SAGRADA LITURGIA... a Eucaristia é
o lugar privilegiado do
encontro do Discípulo com Jesus Cristo".
A celebração eucarística dominical é uma necessidade
interior do cristão, da família cristã e da comunidade paroquial".
- O sacramento da Reconciliação é o encontro com o Cristo
que perdoa.
- A ORAÇÃO pessoal e comunitária cultiva a amizade com Cristo.
- "Jesus está presente
em meio a uma COMUNIDADE viva na fé
e no amor fraterno".
- Também o encontramos nos pobres, aflitos e enfermos... .
Pe. Antônio
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Homilia
de D. Henrique SoaresCaríssimos, às portas da Semana Santa, concentremos, neste Domingo, todo o nosso olhar no Senhor nosso, Jesus Cristo, e na sua missão salvadora. Para isto, comecemos pelo belíssimo evangelho deste hoje. Contemplemos o Senhor! Contemplemo-lo com os olhos, contemplemo-lo com a fé, contemplemo-lo com o coração!
Jesus estava no interior do Templo de Jerusalém, no pátio interno, chamado Pátio de Israel. Ali, nenhum pagão podia entrar, sob pena de morte. Pois bem, dois gregos, dois pagãos, aproximaram-se de Filipe, que certamente estava na parte mais externa, no chamado Pátio dos Gentios, até onde qualquer pessoa podia chegar. Dois gentios, que procuravam com fervor o Deus de Israel, tanto que “tinham subido a Jerusalém para adorar durante a festa”. Com humildade, eles pedem: “Gostaríamos de ver Jesus!” Eles não podiam entrar no Templo, não poderiam ver Jesus, a não ser que este saísse e viesse aonde eles estavam. Filipe, então, foi a Jesus e lhe relatou o pedido dos gregos. Jesus, então, afirmou, de modo misterioso: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado!” Que mistério, caríssimos: para que os pagãos vejam Jesus, isto é, para que o contemplem com os olhos da fé, para que nele creiam e nele tenham a vida, é necessário que Jesus seja glorificado pela cruz e pela ressurreição! É necessário que Jesus, grão de trigo, que se faz Eucaristia, morra de dê fruto – e este fruto é toda a humanidade, judeus e gentios que nele acreditarão e nele terão a vida eterna: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz fruto”. Jesus entregará ao Pai a sua vida, para frutificar em salvação para nós, para que possamos vê-lo, contemplá-lo e experimentá-lo como nossa Luz e nossa Vida!
Mas, não foi fácil a sua missão! A vida de Nosso Senhor foi toda ela uma entrega de amor, que culminou com a entrega mais absoluta na cruz. E isso custou! Como não nos impressionar com as misteriosas palavras da Epístola aos Hebreus? “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem!” Que mistério tão grande, tão adorável! O Filho foi se consumindo durante toda a vida, fazendo-se, por nós, obediente ao Pai, até a morte e morte de cruz. O Filho amado, durante toda a sua existência humana foi, humildemente, buscando a vontade do Pai e a ela se entregando, mesmo quando foi percebendo que a vontade do Pai querido apontava para a cruz! Assim, tornou-se causa de salvação para todos nós, para os judeus e para os pagãos! Quanto tudo isso custou: “Agora sinto-me angustiado. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora?’ Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!” Em Cristo, caríssimos, vai cumprir-se a promessa que o Senhor fizera pelo Profeta Jeremias: “Eis que virão dias em que concluirei com a casa de Israel e a casa de Judá uma nova aliança: imprimirei minha lei em suas entranhas e hei de inscrevê-la em seu coração. Todos me reconhecerão, pois perdoarei sua maldade e não mais lembrarei o seu pecado”. Eis, irmãos e irmãs: é na morte de Cristo que judeus e gentios entrarão para a nova e eterna Aliança no sangue do Senhor! Quanto somos valiosos, quanto custamos em dores e sacrifício, em doação e trabalhos ao Senhor! Quanto deveríamos amar àquele que nos amou até a morte e morte de cruz! Por isso mesmo São Pedro exclamará: “Sabeis que não foi com coisas perecíveis, com prata ou com ouro, que fostes resgatados da vida fútil que herdastes dos vossos pais, mas pelo sangue precioso de Cristo” (1Pd 1,18).
E, no entanto, caríssimos em Cristo, é a cruz do Senhor, é seu sacrifício amoroso ao Pai por nós, o critério do julgamento do mundo. Como dizia o Santo Padre Bento XVI, não são os grandes, os crucificadores, que salvam, mas o pobre e impotente Crucificado: “É agora o julgamento deste mundo. Agora o Chefe deste mundo vai ser expulso, e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Compreendem, meus caros, o que o Senhor está dizendo? Sua cruz é o critério do julgamento do mundo: tudo aquilo que não couber na cruz, tudo aquilo que fugir da lógica da cruz, é lixo, é palha para ser queimada! É o amor manifestado e derramado na cruz que vence Satanás, que vence o pecado, que vence a morte e nos dá a vida plena. Não é a força, o sucesso, as razões humanas, o prestígio que salvam! Eis a loucura de Deus: é Cristo elevado na cruz quem libertará os gregos que estavam do lado de fora, sem poder entrar no povo da antiga aliança. Cristo morrerá por eles, por nós, para que todos, atraídos a ele, formemos um novo povo, a Igreja, povo da Nova e Eterna Aliança, selada no sacrifico do Senhor, neste mesmo Sacrifício Eucarístico que agora estamos celebrando nos ritos da sagrada liturgia! Quanta bondade, quanta misericórdia! Que dom tão grande recebemos do Senhor! Na cruz, de braços abertos, o Salvador nosso une judeus e pagãos num só povo, o novo Povo, a Igreja, sua amada esposa una, santa, católica e apostólica!
É este, caríssimos, o mistério que a Palavra do Senhor nos convida a contemplar neste último Domingo antes do início da Grande Semana. Mas, do alto da contemplação, o Senhor nos surpreende com um convite, um desafio, quase que uma ordem inesperada: “Se alguém me quer servir, siga-me, onde eu estou estará também o meu servo”. – Nós queremos, sim, te servir, Senhor nosso! Dá-nos a força de te seguir até onde estás: estás na cruz e estás na glória. Jamais chegaremos a esta sem passar por aquela, porque quem não ama a tua cruz não verá a tua luz, a luz da tua glória! Senhor, concede-nos, como fruto da santa Quaresma, um coração generoso para ir contigo, fazendo, como tu, a vontade do Pai na nossa vida! Senhor, dá-nos a graça de unirmo-nos mais intensamente a ti nestes benditos e santos dias que se aproximam, nos quais faremos memorial nos santos mistérios, da tua Paixão, Morte e Ressurreição, pelas quais fomos salvos e libertos! “Dai-nos caminhar com alegria na mesma caridade que te levou a entregar-te à morte no teu amor pelo mundo”. A ti a glória, ó Cristo Deus, hoje e para sempre!
Amém.
D. Henrique Soares
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Para a Celebração da Palavra (Diáconos
ou Ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR:
(QUANDO O PÃO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM Cristo, POR Cristo e EM
Cristo, NA FORÇA DO ESPÍRITO S., LOUVEMOS AO PAI:
T: Ó Deus de Amor, Criai em nós um espírito novo!
- Senhor, nosso
Deus e Pai, uma nova e eterna Aliança fizestes conosco através de vosso Filho.
Somos o vosso povo e sois o nosso Deus.
T: Ó Deus de Amor, Criai em nós um espírito novo!
- Pai, Jesus, o
nosso eterno Sacerdote, nos uniu a Vós quando nos foi enviado. Senhor,
ajudai-nos a seguir os exemplos de vosso Filho.
T: Ó Deus de Amor, Criai em nós um espírito novo!
- Senhor, nosso
Deus, Jesus nos mostrou o quanto nos amais quando Ele deu a vida por nossa
Salvação. Pai, ajudai-nos a crescer no amor na justiça e na paz.
T: Ó Deus de Amor, Criai em nós um espírito novo!
- Pai, aumentai a
nossa fé e curai as feridas do nosso coração. Enviai-nos o Espírito Santo para
que sejamos fortalecidos nessa caminhada rumo ao vosso Reino.
T: Ó Deus de Amor, Criai em nós um espírito novo!
- PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO...
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