terça-feira, 20 de março de 2018

DOMINGO DE RAMOS ANO B, homilias, subsídios homiléticos


DOMINGO DE RAMOS ANO B 2018
Preparar: turíbulo, velas, asperge, cruz com ramo e ramos para o povo

Primeira forma: Com Procissão

À hora marcada, reúnem-se todos numa igreja secundária ou noutro lugar apropriado fora da igreja para a qual se dirige a procissão. Os fiéis levam ramos na mão. O sacerdote e o diácono, revestidos de paramentos vermelhos próprios da Missa, dirigem-se para o lugar onde o povo está reunido.

Anim. Queridos irmãos e irmãs, iniciamos hoje a Semana Santa, durante a qual celebramos o ponto alto da nossa fé: a plenitude do Mistério Pascal de nosso Senhor Jesus Cristo. Como os hebreus em Jerusalém, aclamemos a Jesus, o nosso Rei. Cantemos:

I – ENTRADA DO SENHOR EM JERUSALÉM.
1. CANTO DE ABERTURA
//:Hosana hei, hosana ha, hosana hei, hosana hei, hosana ha.://
1. Ele é o Santo, é o Filho de Maria, / é o Deus de Israel,
é o Filho de Davi. / Santo é seu nome, é o Senhor
Deus do Universo. / Glória a Deus de Israel, nosso
Rei e Salvador.
2. Vamos a Ele com as flores dos trigais, / com os ramos
de oliveira, com alegria e muita paz. / Santo é seu
nome, é o Senhor Deus do Universo. / Glória a Deus
de Israel, nosso Rei e Salvador.

O Presidente, ao chegar, saúda o povo na forma habitual. Depois exorta os fiéis a participarem ativa e conscientemente na celebração deste dia, dizendo estas palavras ou outras semelhantes:

2. SAUDAÇÃO
S. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
T. Amém.
S. A vós, irmãos e irmãs, paz e fé da parte de Deus, o Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
T. Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.

3. EXORTAÇÃO
S. Meus irmãos e minhas irmãs, durante as cinco semanas da Quaresma preparamos os nossos corações pela oração, pela penitência e pela caridade. Hoje aqui nos reunimos e vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador, para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida.

Seguidamente, o Presidente, de mãos juntas, diz uma das seguintes orações:

4. BÊNÇÃO DOS RAMOS                     Missal p. 221)
S. Oremos. (pausa) Ó Deus de bondade, aumentai a
fé dos que esperam em vós e ouvi as nossas preces.
Apresentando hoje ao Cristo os nossos ramos, possamos
frutificar em boas obras. P.C.N.S.
T. Amém.
(Terminada a oração, o presidente da celebração, sem nada dizer, asperge os ramos com água benta. Logo em seguida, proclama o Evangelho que segue. ((Esta proclamação é feita do modo habitual pelo diácono, ou, na falta dele, pelo presbítero.)
 ANO – A -  (ANO B; MC 11, 1-10 ou Jo 12, 12-16 / ANO C Lc 19, 28-40))

5. EVANGELHO (Mc 11,1-10)             Missal p. 222
S. O Senhor esteja convosco. T. Ele está no meio de nós.
S. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. T. Glória a vós, Senhor.
S. Naquele tempo, quando se aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo: “Ide até o povoado que está em frente e, logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui! Se alguém disser: ‘Por que fazeis isso?’, dizei: ‘O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta”. Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e o desamarraram. Alguns dos que estavam ali disseram: “O que estais fazendo, desamarrando esse jumentinho?” Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e eles permitiram. Levaram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele os seus mantos, e Jesus montou. Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. Os que iam à frente e os que vinham atrás gritavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!” Palavra da Salvação. T. Glória a vós, Senhor.

(Neste momento poderá haver breve homilia.)

Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, já no Natal nós lembramos a frase dos anjos: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade”. Hoje também, proclamamos uma frase importante: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor, paz nos Céus e glória nas alturas”. A presença de Jesus é sempre paz, embora entramos, nesta semana, na semana santa. É sempre paz. Ele derramou o seu sangue para que NINGUÉM mais precisasse derramar o sangue. Ele é o Rei, mas um rei montado em um jumentinho. Portanto, Ele não tem uma grande corte. Ele não tem nada além das pessoas, que talvez, por falta de não ter algo a oferecer, vão aclamá-lo com ramos. Ramos que podem ser pegos na natureza. Nós benzemos os ramos e, portanto, também as árvores estão bentas. Veja que Deus espera de nós coisas simples. Simplesmente Ele espera de nós disposição em ajuda-lo a dar esperança ao mundo. 
No início deste Evangelho temos uma proposta de reflexão para estes dias: “Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé. Jesus sabe, que chegando em Jerusalém, será um momento decisivo. Porque ali ele será preso, julgado, condenado e crucificado. Entretanto, Ele já tinha dito: “´É para esta hora que Eu vim”. Portanto, Ele tem clareza que deve entrar em Jerusalém. São Marcos nos lembra, que ali você tem o caminho para Betfagé e para Bethânia. Betfagé é a casa do figo. É a casa da doçura. É a casa do doce. Quem é que não quer uma vida doce? Uma vida tranquila? Por outro lado, você tem Bethânia, casa do perfume. Tanto um local quanto o outro, bastante agradável.
Jesus poderia ter mudado de idéia dizendo: eu não vou para Jerusalém, eu vou para Bethânia, eu vou para Betfagé. Mas, Ele diz: eu vou justamente para o caminho mais difícil. Isto deve nos ajudar a refletir: nem sempre o caminho mais fácil é o caminho onde realizamos a vontade de Deus. Não que Deus goste de complicar a vida das pessoas. É que o caminho mais fácil não exige compromisso. Caminho mais fácil não exige resignação. Caminho mais fácil não exige de nós abrirmos mão de certos privilégios ou conforto. Hoje, mais do que nunca, estas palavras deve ganhar um sentido muito importante, porque o mundo nos mostra e nos oferece facilidades, onde as pessoas devem conquistar a qualquer custo, mesmo que para isto precise pisar, ignorar ou mesmo eliminar o irmão. O caminho proposto por Betfagé e por Bethânia,  é o caminho onde as pessoas buscam através do dinheiro, ter tudo aquilo que é possível ser comprado. Mas, Jesus alerta: olha, a ressurreição é uma conquista, onde ninguém compra. A partir daí, decide ir para Jerusalém.
Outro aspecto que chama a nossa atenção: Ele entra montado num jumento, filho de jumenta. Para os desavisados, um jumento nem sempre precisa ser filho de uma jumenta. O filho de uma jumenta é um jumentinho pequeno e fraco. Não tem força e nem serve para velocidade; serve muito pouco. Veja agora a ironia: o Rei do Universo, o Senhor dos senhores entra na cidade de Jerusalém montado num jumentinho! Isto é um fiasco a vista daqueles que se importam com a maneira de se apresentar. Normalmente, uma pessoas importante entraria montado num cavalo puro sangue de cor branca, como as éguas do Faraó. Era assim que os grandes imperadores entravam.
Jesus entra num jumentinho, significa ridículo, onde entra para salvar a humanidade.
Ainda tem esperança: vamos aclamá-lo para ver se ele tem força e coragem para que possa desbancar o império romano. Mas, não é este o caminho de Jesus. Jesus quer mostrar, que o caminho feito por Davi, Salomão e tantos outros reis, que sempre levaram o povo à perdição. Ele tem como proposta: o “servo sofredor”. Ele tem como proposta assumir como fez Jeremias. A missão agora é ser um sinal de contradição. Que sinal é este? Ele, Rei e Senhor, será crucificado, mostrando que o caminho da salvação vai pela fraqueza, o caminho da salvação não vai pelo dinheiro, pelo prestígio, mas pela fidelidade a Deus. É assim, que Ele vai assumir, em seus últimos dias em Jerusalém. Claro, que aqueles que apostam no dinheiro, no poder como solução para tudo, ficaram indignados. É assim que teremos a reação imediata do mesmo povo que o aclamou, para agora crucifica-lo. Barrabás significa uma proposta mais imediata, uma proposta onde eu consigo enxergar, aqui e agora, uma certa vitória. Jesus é uma proposta, que quem sabe, que será longo e possível, que nem consiga ser conquistada.
Meus irmãos e irmãs, nós vivemos sempre com estas duas propostas. De um lado, temos uma proposta imediata de vitória, regada pela doçura de tudo aquilo que se pode comprar, regada pela parte simbolizada por Bethânia, pelo perfume que nos leva a sentirmos confortáveis. Por outro lado, temos a proposta de Jesus, que é aquela onde eu sou fiel a Deus, ainda que isto me custe certo sacrifício.
Qual das duas propostas leva a vitória? A de Jesus, porque Deus o resgatará da morte e Ele nos dará a ressurreição. Esta é uma proposta que eu só enxergo com os olhos da fé. Por isso, esta semana se torna para nós uma semana decisiva e ao mesmo tempo a semana central da nossa fé. Daí brotará toda a nossa caminhada, também em vista da ressurreição. Que possamos fazer desta semana, uma semana santa. A cada dia seremos convidados a comtemplar este grande mistério a partir da liturgia que nos é oferecida.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.


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HOMILIA
Durante 40 dias nos preparamos para entrarmos com Jesus em Jerusalém. Devemos segui-lo com ramos nas mãos. Hoje, com esta solene liturgia, damos inicio a Semana Santa, centro do grande acontecimento de nossa fé: o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, o Cristo que, a preço de sangue, nos resgata para o Pai: morrendo, vence a morte e, com sua ressurreição, nos dá a vida. Como cristãos temos a liberdade de participar deste mistério... Entremos triunfantes com Jesus em Jerusalém.
Nos reunimo-nos para ir ao encontro de Cristo que vem. Não se trata de uma celebração em que recordamos um acontecimento. Fazemos memória, isto é, vivemos o mesmo mistério na celebração. Acolhemos Cristo. Nas celebrações da Semana Santa não há diferença entre o que ocorreu no momento histórico e o que vivemos na fé. Por isso, digamos levantando os ramos espirituais: “Bendito o que vem em nome do Senhor”. TODOS: “Bendito o que vem em nome do Senhor”.

Em todas as Celebrações nós repetimos estas palavras para significar que Ele sempre vem ao nosso encontro e nós O acolhemos com alegria.
A liturgia do dia tem dois momentos: o alegre e festivo da procissão e o doloroso da narrativa da Paixão. Pela Paixão chegamos à glória. Jesus entra em Jerusalém como o rei prometido e o povo O identifica. Jesus entra em confronto com os fariseus que dizem: Mestre, repreende teus discípulos!. Ao que responde: Se eles se calarem as pedras gritarão.
A Semana Santa é um tempo forte de reflexão para conhecer Jesus. Jesus é o exemplo de humildade e obediência. Jesus era aberto ao Pai. O sentido da humildade é o entendimento da Paixão. Ele se rebaixou ao extremo humilhando-se até à morte de Cruz. Ele passa pelo abandono total. Sua morte é um serviço que leva à glorificação.
A entrada de Jesus em Jerusalém ilumina a Paixão que não é o fim, mas o meio de chegar à glorificação. No mundo há oposição a Jesus. Não podemos perder de vista que Cristo venceu e tudo será submetido a seu domínio. Que a contemplação da morte de Jesus nos torne sensíveis às injustiças que, ainda hoje, se cometem contra tantos inocentes.

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Homilia de D. Henrique Soares
 “Dizei à filha de Sião: ‘Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta!” – Assim, caríssimos irmãos, o nosso Jesus entra hoje em Jerusalém para sofrer sua paixão e fazer sua Páscoa deste mundo para o Pai.
  Jerusalém é a cidade do Messias; nele deveria manifestar-se o Reino de Deus. O Senhor Jesus, ao entrar nela de modo solene, realiza a esperança de Israel. Por isso o povo grita: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!” Hoje, com nossos ramos levados em procissão, fazemos solene memória desse acontecimento e proclamamos com nossos cânticos que Jesus é o Messias prometido! Também nós cantaremos daqui a pouco: Hosana ao Filho de Davi!
 Mas, atenção! Este Messias não vem como rei potente, num majestoso cavalo de guerra, símbolo de força e poder! Ele vem num burrico, usado pelos servos nos seus duros trabalhos. Ele vem como manso e humilde servo! Eis o escândalo que Israel não suporta! Esperava-se um Messias que fosse Rei potente e Deus envia um servo humilde e frágil! Que lógica, a de Deus! E, misteriosamente, Israel não consegue compreendê-la e refutará Jesus! Mas, e nós, compreendemos de verdade essa lógica? Hoje, seguir o Cristo em procissão é estar dispostos a aceita-lo como Messias que tem como trono a cruz e como coroa os espinhos! Segui-lo pela rua é comprometer-se a segui-lo pela vida! Caso contrário, nossa liturgia não passará de um teatro vazio...
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Após a homilia:
Presidente: - Vamos com Jesus! Aclamemos Jesus! E quando na vida, a cruz vier, a dor vier, os espinhos vierem, tomemos nas mãos os ramos que levaremos hoje para nossas casas e recordemos que nos comprometemos a seguir o Cristo até a morte e morte de cruz, para chegarmos à Páscoa da Ressurreição!
- Imitemos a multidão que aclamava Jesus na cidade santa de Jerusalém, e caminhemos em paz.

À frente vai o turiferário com o turíbulo aceso (com incenso); depois, no meio de dois ministros com velas acesas, o cruciferário com a cruz ornamentada; segue-se o presidente da Celebração com os ministros: finalmente, os fiéis com os ramos na mão.

7. CANTO DA PROCISSÃO
Os filhos dos hebreus, com ramos de palmeiras, /
correram ao encontro de Jesus, nosso Senhor, / cantando
e gritando: “Hosana, ó Salvador” / Cantando e gritando:
“Hosana, ó Salvador!”
1. O mundo e tudo o que tem nele é de Deus, / a terra
e os que aí vivem, todos seus! / Foi Deus que a terra
construiu por sobre os mares, / no fundo do oceano, seus pilares!
2. Quem vai morar no Templo de sua cidade? / Quem
pensa e vive longe da vaidade! / Pois Deus, o Salvador,
o abençoará, / no julgamento o defenderá!
3. Assim, são todos os que prestam culto a Deus, / que
adoram o Senhor, Deus dos hebreus! / Portões antigos,
se escancarem; vai chegar. / Alerta! O Rei da glória vai entrar!
4. Quem é, quem é, então, quem é o Rei da glória? / O
Deus, forte Senhor da nossa história! / Portões antigos,
se escancarem; vai chegar. / Alerta! O Rei da glória vai
entrar!
5. Quem é, quem é, então, quem é o Rei da glória? / O
Deus que tudo pode é o Rei da glória! / Aos Três: ao
Pai, ao Filho e ao Consolador / da Igreja que caminha, o louvor!

Ao chegar ao altar, o presidente faz-lhe a devida reverência e, conforme as circunstâncias, incensa-o (se o presidente for um bispo ou presbítero ). Seguidamente, dirige-se para a sua cadeira (depõe o pluvial e veste a casula ou se for diácono a dalmática) e, diz a oração coleta. Terminada esta oração, a celebraçãocontinua na forma habitual.

8. ORAÇÃO do dia
S. Oremos: (pausa) Deus eterno e todo-poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da sua paixão e ressuscitar com ele em sua glória. P.N.S.J.C.
T. Amém.

LITURGIA DA PALAVRA

Animador: O Servo do Senhor recebe de Deus a força necessária para cumprir sua missão de maneira obediente, sem perder o ânimo. Meditemos sobre a Paixão do Senhor, conscientes de que a morte de Jesus foi fruto das escolhas que fez pelo Reino de seu Pai. Ouçamos:

PRIMEIRA LEITURA (Is 50,4-7) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado. Palavra do Senhor.

AMBIENTE - Quem é este profeta? É Jeremias, o paradigma do profeta que sofre por causa da Palavra? É o próprio Deutero-Isaías, chamado a dar testemunho da Palavra no ambiente hostil do Exílio? É um profeta desconhecido? É uma figura coletiva, que representa o Povo exilado, humilhado, esmagado, mas que continua a dar testemunho de Deus, no meio das outras nações? Não sabemos; no entanto, a figura apresentada nesses poemas vai receber uma outra iluminação à luz de Jesus Cristo, da sua vida, do seu destino.

MENSAGEM - Em primeiro lugar, a missão que este “profeta” recebe de Deus tem claramente a ver com o anúncio da Palavra. O profeta é o homem da Palavra, através de quem Deus fala. O profeta é modelado por Deus; mas tem de estar, continuamente, numa atitude de escuta de Deus, para que possa apresentar – com fidelidade – essa Palavra de Deus para os homens.
Em segundo lugar, a missão profética concretiza-se no sofrimento: o anúncio das propostas de Deus provoca resistências que, para o profeta, se consubstanciam, quase sempre, em dor e perseguição. No entanto, o profeta não se demite: a paixão pela Palavra sobrepõe-se ao sofrimento.
Em terceiro lugar, o Senhor não abandona aqueles a quem chama. A certeza de que não está só, mas de que tem a força de Deus, torna o profeta mais forte do que a dor, o sofrimento, a perseguição. Por isso, o profeta “não será confundido”.

ATUALIZAÇÃO • Jesus, o “servo” sofredor, que faz da sua vida um dom por amor, mostra aos seus seguidores o caminho: a vida, quando é posta ao serviço da libertação dos pobres e dos oprimidos, não é perdida mesmo que pareça, em termos humanos, fracassada e sem sentido.

SALMO RESPONSORIAL / SI 21 (22).
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
• Riem de mim todos aqueles que me veem, / torcem os
lábios e sacodem a cabeça: / “Ao Senhor se confiou, ele
o liberte / e agora o salve, se é verdade que ele o ama!”
• Cães numerosos me rodeiam furiosos, / e por um
bando de malvados fui cercado. / Transpassaram
minhas mãos e os meus pés / e eu posso contar todos os meus ossos.
• Eles repartem entre si as minhas vestes / e sorteiam entre
si a minha túnica. / Vós, porém, ó meu Senhor, não fiqueis
longe; / ó minha força, vinde logo em meu socorro!
• Anunciarei o vosso nome a meus irmãos / e no meio da
assembleia hei de louvar-vos! / Vós que temeis ao Senhor
Deus, dai-lhe louvores; glorificai-o, descendentes de
Jacó, / e respeitai-o, toda a raça de Israel!

SEGUNDA LEITURA (Fl 2,6-11) Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses.
Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor” para a glória de Deus Pai.

AMBIENTE - A comunidade cristã, fundada por Paulo, era uma comunidade entusiasta, generosa, comprometida, sempre atenta às necessidades de Paulo e do resto da Igreja. Apesar destes sinais positivos, não era, no entanto, uma comunidade perfeita… O desprendimento, a humildade e a simplicidade não eram valores apreciados entre os altivos patrícios que compunham a comunidade.
Paulo convida os Filipenses a encarnar os valores de Cristo.

MENSAGEM - Adão (o homem que reivindicou ser como Deus e Lhe desobedeceu) e Cristo (o Homem Novo que, ao orgulho e revolta de Adão responde com a humildade e a obediência ao Pai). A atitude de Adão trouxe fracasso e morte; a atitude de Jesus trouxe exaltação e vida.
Cristo: Ele não afirmou com arrogância e orgulho a sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai. Não deixou de ser Deus; mas aceitou descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova para os homens. Jesus aceitou uma morte infamante – a morte de cruz – para nos ensinar a suprema lição do serviço, do amor radical, da entrega total da vida.
No entanto, essa entrega completa ao plano do Pai não foi uma perda nem um fracasso: a obediência e entrega de Cristo aos projetos do Pai resultaram em ressurreição e glória.
O cristão deve ter como exemplo esse Cristo, servo sofredor e humilde, que fez da sua vida um dom a todos. Esse caminho não levará ao aniquilamento, mas à glória.

ATUALIZAÇÃO • Também a nós é pedido, nestes últimos dias antes da Páscoa, um passo em frente neste difícil caminho da humildade, do serviço, do amor.
• O  caminho do dom da vida não é um caminho de “perdedores” e fracassados: o caminho do dom da vida conduz ao sepulcro vazio da manhã de Páscoa, à ressurreição. É um caminho que garante a vitória e a vida plena.

12. ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO
Salve, ó Cristo obediente! / Salve, amor onipotente, / que te entregou à cruz / e te recebeu na luz!
1. O Cristo obedeceu até a morte, / humilhou-se e obedeceu o bom Jesus, / humilhou-se e obedeceu, sereno e forte, / humilhou-se e obedeceu até a cruz.

EVANGELHO (Mc 15,1-39 - forma breve)
[N.: Narrador / T.: Todos / L.: Leitor / J.: Jesus]

S. Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo Marcos [não se diz o “Glória a vós...]

N.: Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os mestres da Lei e todo o Sinédrio, reuniram se e tomaram uma decisão. Levaram Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos. E Pilatos o interrogou:
 L.: “Tu és o rei dos judeus?”
N.: Jesus respondeu:
J.: “Tu o dizes”.
N.: E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus. Pilatos o interrogou novamente:
L.: “Nada tens a responder? Vê de quanta coisa te acusam!”
N.: Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos ficou admirado. Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem. Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa revolta, tinha cometido um assassinato. A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir que ele fizesse como era costume. Pilatos perguntou:
L.: “Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?”
N.: Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja. Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que Pilatos lhes soltasse Barrabás. Pilatos perguntou de novo:
L.: “Que quereis então que eu faça com o rei dos Judeus?”
N.: Mas eles tornaram a gritar:
T.: “Crucifica-o!”
N.: Pilatos perguntou:
L.: “Mas, que mal ele fez?”
N.: Eles, porém, gritaram com mais força:
T.: “Crucifica-o!”
N.: Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. Então os soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram toda a tropa. Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça. E começaram a saudá-lo:
T.: “Salve, rei dos judeus!”
N.: Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo. Os soldados obrigaram um certo Simão de Cirene, pai de Alexandre de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Calvário”. Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou. Então o crucificaram e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um. Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. E ali estava uma inscrição com o motivo de sua condenação: “O Rei dos Judeus”. Com Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. Os que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo:
T.: “Ah! Tu que destróis o Templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”
N.: Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da Lei, zombavam entre si, dizendo:
T.: “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! Messias, o rei de Israel... que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!”
N.: Os que foram crucificados com ele também o insultavam. Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra até às três horas da tarde. Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte:
J.: “Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”,
N.: que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram:
L.: “Vejam, ele está chamando Elias!”
N.: Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo:
L.: “Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”.
N.: Então Jesus deu um forte grito e expirou.
(Aqui todos se ajoelham e faz-se uma pausa.)

N.: Nesse momento a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse:
L.: “Na verdade, este homem era Filho de Deus!”
S. Palavra da Salvação.
T. Glória a vós, Senhor.
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A leitura que hoje nos é proposta é o relato da paixão de Jesus.  Não é uma simples reportagem; mas é uma catequese destinada a apresentar Jesus como o Filho de Deus que aceita cumprir o projeto do Pai, mesmo quando esse projeto passa por um destino de cruz. Marcos pretende que os crentes concluam, como o centurião romano que testemunha a paixão e morte de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39).
MENSAGEM
A morte de Jesus tem de ser entendida no contexto daquilo que foi a sua vida. Desde cedo, Jesus apercebeu-Se de que o Pai O chamava a uma missão: anunciar esse mundo novo, de justiça, de paz e de amor para todos os homens. Para concretizar este projeto, Jesus passou pelos caminhos da Palestina “fazendo o bem” e anunciando a proximidade de um mundo novo, de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos. Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem mesmo os pecadores; ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus; ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o “Reino”; e avisou os “ricos” (os poderosos, os instalados) de que o egoísmo, o orgulho, a auto-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.
O projeto libertador de Jesus entrou em choque com o egoísmo que dominava o mundo. As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus: não estavam dispostas a renunciar a esses mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios; não estavam dispostas a aceitar a conversão proposta por Jesus. Por isso, prenderam Jesus, julgaram-no, condenaram-no e pregaram-no numa cruz.
A morte de Jesus é a consequência lógica do anúncio do “Reino”: resultou das tensões e resistências que a proposta do “Reino” provocou entre os que dominavam o mundo.
Podemos, também, dizer que a morte de Jesus é o culminar da sua vida; é a afirmação última, porém mais radical e mais verdadeira (porque marcada com sangue), daquilo que Jesus pregou com palavras e com gestos: o amor, o dom total, o serviço.
Na cruz, vemos aparecer o Homem Novo, o protótipo do homem que ama radicalmente e que faz da sua vida um dom para todos. Porque ama, este Homem Novo vai assumir como missão a luta contra o pecado – isto é, contra todas as causas objetivas que geram medo, injustiça, sofrimento, exploração e morte. Assim, a cruz mantém o dinamismo de um mundo novo – o dinamismo do “Reino”.
No relato da Paixão na versão de Marcos, não difere substancialmente das versões de Mateus e de Lucas; no entanto, há algumas coordenadas que Marcos sublinha especialmente. De entre elas, destacamos:
1. Ao longo de todo o processo, Jesus manifesta uma grande serenidade, uma grande dignidade e uma total conformação com aquilo que se está passando. Não se trata de passividade, mas de aceitação de um caminho que Ele sabe que passa pela cruz. Marcos sugere que Jesus está conformado com o projeto do Pai sem objeções. Esta “dignidade” de Jesus é atestada em várias cenas:
Ä Mateus e Lucas põem Jesus a interpelar diretamente Judas, quando este o entrega no monte das Oliveiras (cf. Mt 26,50; Lc 22,48); mas na narração de Marcos, Jesus mantém-se silencioso e cheio de dignidade diante da traição do discípulo (cf. Mc 14,45-46), sem observações ou recriminações.
Ä Mateus põe Jesus a desautorizar Pedro quando este fere um servo do sumo-sacerdote cortando lhe uma orelha (cf. Mt 26,52) e, na narração de Lucas, Jesus pede aos discípulos que deixem atuar os seus sequestradores (cf. Lc 22,51); mas Marcos não apresenta, no mesmo episódio, qualquer reação de Jesus (cf. Mc 14,47). Marcos apenas acrescenta que a prisão de Jesus acontece para que se cumpram as Escrituras (cf. Mc 14,49).
Ä No tribunal judaico, quando interrogado pelo sumo-sacerdote acerca das acusações que lhe eram feitas, Jesus manteve um silêncio solene e digno (cf. Mc 14,61a), recusando defender-Se das acusações dos seus detratores.
2. Uma das teses fundamentais do Evangelho de Marcos é que Jesus é o Filho de Deus (cf. Mc 1,1). Esta ideia também está bem presente no relato da Paixão:
Ä No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, Jesus dirige-Se a Deus (cf. Mc 14,36) e chama-Lhe “Abba” (“paizinho”, “papá”). Esta apalavra expressava a grande proximidade entre um filho e o seu pai. Para a psicologia judaica, teria sido um sinal de irreverência usar uma palavra tão familiar para se dirigir a Deus. O fato de Jesus usar esta palavra, revela a comunhão que havia entre Jesus e o Pai.
Ä Apesar do silêncio digno de Jesus durante o interrogatório no palácio do sumo-sacerdote, há um momento em que Jesus não hesita em esclarecer as coisas e em deixar clara a sua divindade. Quando o sumo-sacerdote Lhe perguntou se Ele era “o Messias, o Filho de Deus bendito” (Mc 14,61b), Jesus respondeu: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-poderoso e vir sobre as nuvens do céu” (Mc 14,62). A expressão “eu sou” (“egô eimi”) leva-nos ao nome de Deus no Antigo Testamento (“eu sou aquele que sou” – Ex 3,14)… É, na perspectiva do nosso evangelista, a afirmação inequívoca da dignidade divina de Jesus. A referência ao “sentar-se à direita do Todo-poderoso” e ao “vir sobre as nuvens” sublinha, também, a dignidade divina de Jesus, que um dia aparecerá no lugar de Deus, como juiz soberano da humanidade inteira. O sumo-sacerdote percebe perfeitamente o alcance da afirmação de Jesus (Ele está a arrogar-Se a condição de Filho de Deus e a prerrogativa divina por excelência – a de juiz universal); por isso, manifesta a sua indignação rasgando as vestes e condenando Jesus como blasfemo.
Ä Marcos põe um centurião romano a dizer, junto da cruz de Jesus: “na verdade, este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39). Mais do que uma afirmação histórica, esta frase deve ser vista como uma “profissão de fé” que Marcos convida todos os crentes a fazer… Depois de tudo o que foi testemunhado ao longo do Evangelho, em geral, e no relato da paixão, em particular, a conclusão é óbvia: Jesus é mesmo o Filho de Deus que veio ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.
3. Apesar de Filho de Deus, o Jesus de Marcos é também homem e partilha da debilidade e da fragilidade da natureza humana:
Ä No jardim das Oliveiras, pouco antes de ser preso, o Jesus de Marcos sentiu “pavor” e “angústia” (cf. Mc 14,33), como acontece com qualquer homem diante da morte violenta (Mateus é ligeiramente mais moderado e fala da “tristeza” e da “angústia” de Jesus – cf. Mt 26,37; e Lucas evita fazer qualquer referência a estes sentimentos que, sublinhando a dimensão humana de Jesus, podiam lançar dúvidas sobre a sua divindade).
Ä No momento da morte, Jesus reza: “meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” (Mc 15,34). A “oração” de Jesus é a “oração” de um homem que, como qualquer outro ser humano, experimenta a solidão, o abandono, o sentimento de impotência, a sensação de fracasso… e do fundo do seu drama, não compreende a ausência e a indiferença de Deus.
Não há dúvida: o Jesus apresentado por Marcos é, também, o homem/Jesus que Se solidariza com os homens, que os acompanha nos seus sofrimentos, que experimenta os seus dramas, fragilidades e debilidades.
4. Em todos os relatos da paixão, Jesus aparece a enfrentar sozinho (abandonado pelas multidões e pelos próprios discípulos) o seu destino de morte; mas Marcos sublinha especialmente a solidão de Jesus, nesses momentos dramáticos:
Ä Lucas põe um anjo a confortar Jesus, no jardim das Oliveiras (cf. Lc 22,43); Marcos não faz qualquer referência a esse momento de “consolação.
Ä Mateus conta que a mulher de Pilatos intercedeu por Jesus, pedindo ao marido que não se intrometesse “no caso desse justo” (cf. Mt 27,19); Marcos não refere nenhuma interferência deste tipo no processo de Jesus.
Ä João, além de Pedro, refere a presença de um “outro discípulo conhecido do sumo-sacerdote” no palácio de Anás (Jo 18,15); Marcos, para além de Pedro (que negou Jesus três vezes), nunca refere a presença de qualquer outro dos discípulos.
Ä Lucas fala na presença de mulheres, ao longo do caminho do calvário, que “batiam no peito e se lamentavam por Ele” (Lc 23,27-31); Marcos também não conhece ninguém que se lamentasse durante o caminho percorrido por Jesus em direção ao lugar da execução (só após a morte de Jesus, Marcos observa que algumas mulheres que O seguiam e serviam quando estava na Galileia estavam ali a “contemplar de longe” – Mc 15,40-41).
Abandonado pelos discípulos, escarnecido pela multidão, condenado pelos líderes, torturado pelos soldados, Jesus percorre na solidão, no abandono, na indiferença de todos, o seu caminho de morte. O grito final de Jesus na cruz (“meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste” – Mc 15,34) pode ser o início do Salmo 22 (cf. Sal 22,2); mas é, também, expressão dramática dessa solidão que Jesus sente à sua volta.
5. Só Marcos relata o episódio do jovem não identificado que seguia Jesus envolto apenas num lençol e que fugiu nu quando os guardas o tentaram agarrar (cf. Mc 14,51-52). É provável que o episódio tenha sido introduzido por Marcos para representar a atitude dos discípulos que, desiludidos e amedrontados diante do falhanço do projeto em que acreditaram, largaram tudo quando viram o seu líder ser preso e fugiram sem olhar para trás.
ATUALIZAÇÃO
• Por amor, Ele veio ao nosso encontro, assumiu os nossos limites e fragilidades, experimentou a fome, o sono, o cansaço, conheceu as tentações, experimentou a angústia e o pavor diante da morte; e, estendido no chão, esmagado contra a terra, atraido, abandonado, incompreendido, continuou a amar. Desse amor resultou vida plena, que Ele quis repartir conosco “até ao fim dos tempos”: esta é a mais espantosa história de amor que é possível contar; ela é a boa notícia que enche de alegria o coração dos crentes.
• Contemplar a cruz de Jesus significa assumir a mesma atitude que Ele assumiu e solidarizar-Se com aqueles que são crucificados neste mundo: os que sofrem violência, os que são explorados, os que são excluídos, os que são privados de direitos e de dignidade… Olhar a cruz de Jesus significa denunciar tudo o que gera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas, valores, práticas, ideologias; significa evitar que os homens continuem a crucificar outros homens; significa aprender com Jesus a entregar a vida por amor… Viver deste jeito pode conduzir à morte; mas o cristão sabe que amar como Jesus é viver a partir de uma dinâmica que a morte não pode vencer: o amor gera vida nova e introduz na nossa carne os dinamismos da ressurreição.
• Um dos elementos mais destacados no relato marciano da paixão é a forma como Jesus Se comporta … Ele nunca Se descontrola, nunca recua, nunca resiste, mas mantém-Se sempre sereno e digno, enfrentando o seu destino de cruz. A atitude de Jesus é a atitude de quem sabe que o Pai Lhe confiou uma missão e está decidido a cumprir essa missão, custe o que custar. Temos a mesma determinação de Jesus em concretizar esses desafios no mundo?
• A “angústia” e o “pavor” de Jesus diante da morte, o seu lamento pela solidão e pelo abandono, tornam-no muito “humano”, muito próximo das nossas fragilidades. Dessa forma, é mais fácil identificarmo-nos com Ele, confiar n’Ele, segui-lo no seu caminho do amor e da entrega. A humanidade de Jesus mostra-nos, também, que o caminho da obediência ao Pai não é um caminho impossível, mas é um caminho de homens frágeis, chamados por Deus a percorrerem, com esforço, o caminho que conduz à vida definitiva.
• A solidão de Jesus diante do sofrimento e da morte anuncia já a solidão do discípulo que percorre o caminho da cruz. Quando o discípulo procura cumprir o projeto de Deus, recusa os valores do mundo, enfrenta as forças da opressão e da morte, recebe a indiferença e o desprezo do mundo e tem de percorrer o seu caminho na mais dramática solidão. O discípulo tem de saber, no entanto, que o caminho da cruz, apesar de difícil, doloroso e solitário, não é um caminho de fracasso e de morte, mas é um caminho de libertação e de vida plena.
Dehonianos
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Domingo de Ramos

Celebramos hoje o DOMINGO DE RAMOS.

A liturgia apresenta dois momentos bem distintos:
- A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM, com a procissão de Ramos... num clima de alegria...
  como GESTO de FÉ e de COMPROMISSO.

- O INÍCIO DA SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor, na missa, relembrando o caminho do sofrimento e da Cruz.
   = Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação.
      Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência...

As Leituras nos ajudam a viver o clima dos mistérios que celebramos:

A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus, a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação. Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7)

* Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de Jesus.
Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida para trazer a  salvação aos homens.

A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11)
Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte, a obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida plena.
E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos propõe.

O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus.

O texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa.
Não é apenas o relato dos fatos acontecidos com Jesus,
mas o anúncio de um mundo novo de justiça, de paz e de amor:

- Jesus passou pelos caminhos da Palestina "fazendo o bem" e anunciando
  um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
- Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem os pecadores.
- Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos,
  não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
- Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e
  aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o "Reino";
- E avisou os "ricos" (os poderosos, os instalados), de que o egoísmo,
  o orgulho, a autossuficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.

- Esse projeto libertador de Jesus entrou em choque com a atmosfera de egoísmo e de opressão que dominava o mundo.
- As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas com a denúncia de Jesus:
  não estavam dispostas a renunciar aos mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios.
- Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus.
- Por isso, prenderam e condenaram Jesus, pregando-o numa cruz.

  A morte de Jesus é a consequência do anúncio do "Reino", que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo.
  A morte de Jesus é o ponto mais alto de sua vida; é a afirmação mais radical de tudo aquilo que pregou: o dom total.


   Os Ramos verdes, que hoje carregamos, recordam a saudação de acolhida do Povo a Jesus, ao entrar em Jerusalém.

   Nós também queremos saudar a vida que ele trouxe e
   a misericórdia que encontramos em seu bondoso coração.

                    Pe. Antônio Geraldo
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Homilia de D. Henrique Soares:
 O mistério que hoje estamos celebrando – a Paixão e Morte do Senhor – e vamos celebrar de modo mais pausado e contemplativo nesses dias da Grande Semana, foi resumido de modo admirável na segunda leitura desta Eucaristia: o Filho, sendo Deus, tomou a forma de servo e fez-se obediente ao Pai por nós até a morte de cruz. E o Pai o exaltou e deu-lhe um nome acima de todo nome, para nossa salvação! Eis o mistério! Eis a salvação que nos foi dada!

Mas isso custou ao Senhor! É sempre assim: os ideais são lindos; coloca-los na vida, na carne de nossa existência, requer renúncia, lágrimas, sangue! O Filho, para nos salvar, teve que aprender como um discípulo, teve que oferecer as costas aos verdugos e o rosto às bofetadas! Que ideal tão alto; que caminho tão baixo! Que ideal tão sublime, que meios tão trágicos!
 Foi assim com o nosso Jesus; é assim conosco! É na dor da carne da vida que o Senhor nos convida a participar da sua cruz e caminhar com ele para a ressurreição. Infelizmente, nós, que aqui nos sentamos à mesa com ele, tantas vezes o deixamos de lado: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato!” – Eis! É para nós esta palavra! Comemos o seu Pão ao redor deste Altar sagrado e, no entanto, o abandonamos nas horas de cruz: “Esta noite vós ficareis decepcionados por minha causa!” – Que pena! Queríamos um Messias fácil, um Messias que nos protegesse contra as intempéries da vida, que fosse bonzinho para o mundo atual. Como seria bom um Messias de acordo com o assassinato de embriões, com o aborto, com a libertinagem reinante... Mas, não! Esse Messias prefere morrer a matar, esse Messias exige que o sigamos radicalmente, esse Messias nos convida a receber a mesma rejeição que ele recebe do mundo: Minha alma está triste até à morte. Ficais aqui e vigiai comigo!”
 Irmãos, que vos preparais para celebrar estes dias sagrados, não vos acovardeis, não renegueis o nosso Senhor, não o deixeis padecer sozinho, crucificado por um mundo cada vez mais infiel e ateu, um mundo que denigre o nome de Cristo e de sua Igreja católica! Cuidado, irmãos! Não é fácil, não será fácil a luta: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca!” Que nos sustente a força daquele que por nós se fez fraco! Que nos socorra a intercessão daquele que orou por Pedro para que sua fé não desfalecesse! E se, como Pedro cairmos, ao menos, como Pedro, arrependamo-nos e choremos!
 Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos porque pela vossa santa cruz remistes o mundo!

D. Henrique Soares da Costa

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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A liturgia deste Domingo, introduzindo-nos na “Grande Semana”, faz-nos reviver in memoriam a entrada em Jerusalém de Jesus, o Rei manso e humilde; é uma profecia em ato para anunciar a sua vitoriosa ressurreição. Mas também nos faz mergulhar profundamente no mistério de sua paixão e morte de cruz, condição sem a qual não teria nenhum sentido nem eficácia a celebração da sua ressurreição. Pois proclamar a ressurreição de alguém cujo sofrimento e morte para nós são apenas vagas informações, visto que não nos tornamos participantes dessa sua dura realidade, não passaria de uma experiência artificial e alienante. Contudo, a celebração do Mistério Pascal não é simplesmente uma festa horizontal onde celebramos as nossas vitórias, mas é, antes de tudo, proclamação da vitória de Deus que nos alcança. Ele que não abandonou o seu Filho à morte, mas o ressuscitou, encoraja-nos a lutar pela vida, crendo que a morte foi destruída e, no seu Filho morto e ressuscitado, temos a garantia da nossa ressurreição.
A tentação de dar um salto para a manhã da ressurreição, evitando a tarde do calvário e a noite do sepulcro, é uma das piores traições que se pode cometer contra o Mestre, que não desceu covardemente da cruz nem contornou o sepulcro, mas entregou a sua vida para que tivéssemos vida, e vida em plenitude. Hoje infelizmente há uma forte tendência entre nós de esvaziamento das expressões simbólico-litúrgicas da celebração da Paixão e Morte do Cordeiro vitorioso, tão caras ao povo de Deus que, na sua naturalidade e espontaneidade religiosa, não tem dificuldade de sintonizar-se com o mistério da dor do Cristo, assumindo-a como sua, para alegrar-se com a sua ressurreição, garantia da sua.
Por causa de um racionalismo devastador do universo simbólico, muitos eclesiásticos negam ao povo o direito de contemplar a dor e o sofrimento do Bom Jesus dos Passos, beijar a sua cruz, solidarizar-se com a Mãe Dolorosa, que recebe nos braços o seu filho morto e o deposita no sepulcro. Será que a motivação é simplesmente evitar que se caia no risco de um sentimentalismo alienante? Para além das indiscutíveis e legítimas preocupações diante de desvios da finalidade pedagógica da liturgia e de práticas devocionais, a resistência em colocar-se diante do homem das dores (1ª Leitura) é sintoma de um medo de ter que assumir também o seu caminho. Assumindo a nossa condição, Jesus nos fez participantes da sua dignidade de Filho de Deus, obediente até a morte de cruz (2ª Leitura), por isso “se com ele morremos, com ele reinaremos”.
A entrada de Jesus em Jerusalém deixa a cidade agitada; as aclamações da multidão que o seguia provocam uma pergunta: “Quem é este homem?” As pessoas tomadas de entusiasmo respondem: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia”. Porém, não são os seus gritos frenéticos que dirão quem ele é, mas é o próprio Jesus que, com o seu silêncio e suas poucas palavras, dará a resposta definitiva sobre a sua identidade e sua missão.
Mateus constrói a narração da paixão e morte de Jesus tendo presente esta pergunta. Os vários personagens tentam responder. Pilatos perguntando: “Tu és o rei dos Judeus?” não escuta de Jesus uma resposta, mas a repetição do que acabava de dizer. Isto é uma tentativa de levar Pilatos à consciência do que estava perguntando. Sendo um pagão, não saberia nunca o que significa, segundo as Escrituras, o Rei dos Judeus, o ungido de Deus (Mashiah). Respondendo sim ou não, Jesus não tiraria a dúvida de Pilatos, por isso o seu silêncio. Em seguida, Pilatos quer que o povo responda que tipo de Rei eles preferem: Jesus de Nazaré ou Jesus Barrabás (em alguns manuscritos o nome de Barrabás é composto com Jesus). Mais do que um prisioneiro famoso, Barrabás é simbolicamente o falso messias (aramaico Bar: filho, Abbá: pai). Enquanto pedem a liberdade para Barrabás, o assassino, o falso “filho do Pai”, gritam a morte para Jesus, que é o “Deus que salva”. Por sua vez, Simão cirineu não é obrigado apenas a dar uma ajuda ao condenado, mas também ele deve responder quem é Jesus: é o mestre cujo discípulo deve estar disposto a aceitar a carregar também a sua cruz e seguir seus passos (Mt 16,24).

Quatro grupos manifestam a sua ignorância diante de Jesus: os soldados do governador que escarnecem da sua realeza; os transeuntes que injuriam a sua divindade; os sumos sacerdotes que ridicularizam a sua humanidade (filho de Deus encarnado); e, por fim, os ladrões que o insultavam.
Não são as palavras de Jesus dirigidas a nenhum desses grupos que vão confirmar quem ele é. Mas aquilo que Ele diz ao Pai: “Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?”  Certamente essas palavras são as mais escandalosas que podemos ouvir de Jesus. Mas é fundamental considerar duas coisas para evitar conclusões precipitadas. Antes de tudo, é uma pergunta diante das injúrias, blasfêmias e insultos; pois todos estão afirmando que Deus o abandonou. Ademais, essas palavras iniciam o Salmo 21 (22), que rezamos na liturgia de hoje, portanto, o evangelista supõe que seus leitores conheçam o salmo completo. Não é um salmo de desespero, mas de confiança inabalável em Javé: “Sim, pois Ele não desprezou, não desdenhou a pobreza do pobre, nem lhe ocultou sua face, mas ouviu-o, quando a ele gritou” (Sl 21,25). Assim como ao entrar em Jerusalém toda a cidade ficou agitada, agora toda a terra se abalou por ocasião de sua morte, por isso o centurião proclamará: “Ele era mesmo o Filho de Deus”.
Reviver os passos da paixão, morte e ressurreição de Jesus neste tempo solene é mergulhar no seu mistério a fim de responder a pergunta fundamental: “Quem é esse homem?” Caso contrário, não acreditaremos que ele é verdadeiramente o Filho de Deus; sem assumir a sua cruz, não participaremos de sua ressurreição.




 Para a Celebração da Palavra: (Diáconos ou Ministros da Palavra):


LOUVOR: O SENHOR ESTEJA COM... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS...  Mt27,11-54
- Com Jesus, por Jesus e em Jesus, na força do Esp. Santo, louvemos ao Pai:
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
- Ó Pai, nós Vos damos graças pelo testemunho de não-violência ensinado pelos Profetas e pelo Vosso Filho Jesus. Que nós saibamos, ser solidários para com os fracos e necessitados. Que sejamos a força dos oprimidos e o grito dos emudecidos. Que sejamos amor para com todos os vossos filhos.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
- DEUS, NOSSO PAI, nós Vos adoramos e vos bendizemos: Vós nos enviastes vosso Filho para nos dar a salvação. Nós vos glorificamos, pois Ele foi humilhado até a morte e nos deu provas de vosso amor por nós. Que sejamos transformados pelos seus exemplos.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
- Senhor, Somos o vosso povo e cremos que Jesus é o Salvador que nos enviastes. Sabemos que nunca nos abandonais. Pedimos perdão quando somos egoístas e autossuficientes. Perdão pelas vezes que atiramos pedras em nosso irmão indefeso. Perdão pelas vezes que não sabemos ler na cruz a prova de amor.
T: LOUVOR E GLÓRIA A VÓS, Ó PAI DE BONDADE!
- Pai nosso... A Paz...   Eis o cordeiro...


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