29º
DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B 2018 – (Adaptado pelo Diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema:
“Permaneçamos firmes na fé que professamos.”
A liturgia lembra-nos que a lógica de Deus é diferente
da lógica do mundo. É no amor de quem serve os irmãos que Deus oferece a vida
eterna.
Primeira
leitura: um “Servo”, desprezado pelos
homens, mas através do qual se revela a vida e a salvação de Deus.
Evangelho: Jesus convida a deixar os sonhos de grandeza, poder e
domínio e fazer da vida um dom de amor.
Segunda
leit.: Deus nos ama tanto que enviou
seu Filho; Ele deu a vida por nós; temos um defensor junto ao Pai.
PRIMEIRA
LEITURA (Is 53,10-11) Isaías. O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos.
Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura e fará cumprir
com êxito a vontade do Senhor. Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma
ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando
sobre si suas culpas.
AMBIENTE – Deutero Isaías. O autor fala de um “Servo de Jahwéh” a quem Deus confiou uma missão e enviou ao mundo; dele resulta o perdão; Deus recompensá-lo-á. A figura vai receber outra iluminação à luz de Jesus Cristo.
MENSAGEM - O “Servo de Jahwéh” À luz da lógica de Deus não é uma
existência sem sentido… O sofrimento não é num castigo de Deus, mas um
sacrifício de reparação que justificará os pecados de muitos. Ao dar-lhe “uma
posteridade duradoura”, uma “vida longa” e “ver a luz”, Deus garante a
autenticidade da vida do “Servo”. Dito por outras palavras: o autor está
convencido de que uma vida na simplicidade, na humildade, no sacrifício, não é,
aos olhos de Deus, uma vida maldita, fracassada; mas é uma vida fecunda e
realizada, que trará libertação, verdade, esperança e amor ao mundo e aos
homens. Em Jesus, a figura do “Servo de Jahwéh” teve o seu significado.
ATUALIZAÇÃO • Os valores de Deus e os valores dos homens são
diferentes. Na lógica dos homens, os vencedores são os que tem poder, dinheiro,
triunfo e domínio; Na lógica de Deus, os vencedores são os que vivem na
humildade, simplicidade, no amor aos irmãos; são aqueles que trazem mais valia
de vida, libertação e esperança.
• Deus, seguindo a sua lógica, vem na pobreza,
na simplicidade; Deus está na simplicidade do amor que se faz dom, serviço,
entrega humilde aos irmãos.
• o sofrimento do justo não se perde; Deus dará
vida e salvação ao seu Povo. o sofrimento pode ser uma dinâmica geradora de
vida nova. Jesus Cristo demonstrará, com a sua paixão, morte e ressurreição,
esta verdade.
SALMO
RESPONSORIAL (Sl 32[33])
Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,
pois em vós nós esperamos!
• Pois reta é
a palavra do Senhor, / e tudo o que ele faz merece fé. / Deus ama o direito e a
justiça, / transborda em toda a terra a sua graça.
• Mas o
Senhor pousa o olharsobre os que o temem / e que confiam, esperando em seu
amor, / para da morte libertar as suas vidas / e alimentá-los quando é tempo de
penúria.
• No Senhor
nós esperamos confiantes, / porque ele é o nosso auxilio e proteção! / Sobre
nós venha, Senhor, a vossa graça, / da mesma forma que em vós nós esperamos!
EVANGELHO (Mc 10,35-45) Marcos.
Tiago e João disseram: “Mestre, queremos que faças por
nós o que vamos pedir”: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua
esquerda, quando estiveres na tua glória!” Jesus então lhes disse: “Vós não
sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis
ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?” Eles responderam:
“Podemos”. E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber e sereis
batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. Mas não depende de mim
conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Quando os outros dez
discípulos ouviram isso, indignaram-se. Jesus disse: “Vós sabeis que os chefes
das nações as oprimem. Mas, entre vós, não deve ser assim: quem quiser ser
grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de
todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar
a sua vida como resgate para muitos”.
AMBIENTE - Jesus mais uma vez (é a terceira), lembra aos
discípulos que vai cumprir o seu destino de cruz. Os discípulos continuam sem
perceber a lógica do Reino. Eles ainda continuam a raciocinar em termos de
poder humano.
MENSAGEM - A questão
parece mais uma reivindicação de quem se sente com direito inquestionável a um
privilégio. Certamente depois de toda a catequese que receberam, ainda não
entenderam a lógica do Reino e continuam a refletir com a lógica do mundo. Para
eles, o que é importante é os sonhos pessoais de autoridade, de poder e de
grandeza. Jesus avisa os de que, para se sentarem à mesa do Reino, devem estar
dispostos a “beber o cálice” que Ele vai beber e a “receber o batismo” que Ele
vai receber. O “beber o mesmo cálice” de Jesus significa partilhar esse
destino de entrega e de dom da vida que Jesus vai cumprir. O “receber o mesmo
batismo” evoca a participação e imersão na paixão e morte de Jesus. Para
fazer parte Reino é preciso que estejam dispostos a percorrer, com Jesus, o
caminho do sofrimento, da entrega, do dom da vida até à morte. de acordo com a
lógica do Reino, o discípulo é chamado a seguir Jesus com total gratuidade, sem
esperar nada em troca, acolhendo sempre como graças não merecidas os dons de
Deus.
Na segunda parte os outros discípulos tinham as mesmas
pretensões. Jesus recordar-lhes o modelo dos “governantes das nações” e dos
grandes do mundo: eles dominam os povos pela força e exigem honras,
privilégios, exercem o poder de uma forma arbitrária… Ora, este esquema não
pode servir de modelo para a comunidade do Reino. A comunidade do Reino assenta
sobre a lei do amor e do serviço. Os seus membros devem sentir-se “servos” dos
irmãos, servir com humildade e simplicidade, sem qualquer pretensão de mandar
ou de dominar. Mesmo aqueles que são designados para presidir à comunidade
devem exercer a sua autoridade num verdadeiro espírito de serviço. Como modelo
desta nova atitude, apresenta-Se como “o Filho do Homem que não veio para ser
servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos”. Ele pôs-se ao
serviço do projeto do Pai e fez da sua vida um dom de amor aos homens. Ele
nunca Se deixou seduzir por projetos pessoais de ambição, de poder, de domínio;
mas apenas quis entregar toda a sua vida ao serviço dos homens, a fim de que os
homens pudessem encontrar a vida plena. O fruto da entrega de Jesus é o
“resgate” da humanidade. Ao dar a sua vida (até à última gota de sangue) para
propor um mundo livre da ambição, do egoísmo, do poder que escraviza, Jesus
pagou o “preço” da nossa libertação. Com Ele e por Ele nasce uma comunidade de
“servos”, que são testemunhas no mundo de uma ordem nova – a do Reino.
ATUALIZAÇÃO • A frase “o Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos” resume a existência
humana de Jesus… Ele fez da sua vida um serviço aos pobres, aos pecadores, aos
marginalizados. O ponto culminante de doação e de serviço foi a morte na cruz –
expressão máxima do seu amor. Ele veio ao mundo para servir e colocou o
serviço simples e humilde no centro da sua vida e do seu projeto. Nós,
seguidores de Jesus, devemos estar plenamente conscientes desta realidade.
• Para os discípulos, o que parece contar é a
satisfação dos próprios sonhos pessoais de grandeza, de ambição, de poder, de domínio;
preocupa-os ocupar os primeiros lugares, os lugares de honra… Jesus, de
forma simples e direta, avisa-os de que a comunidade do Reino não pode
funcionar segundo os modelos do mundo.
• Na comunidade cristã, a autoridade que não é
amor e serviço é incompatível com a dinâmica do Reino. Nós, os seguidores de
Jesus, não podemos pactuar com a lógica do mundo; O esquema do mundo não é a
Igreja de Jesus.
• Na nossa sociedade, os primeiros são os que têm
dinheiro, os que têm poder. E na comunidade cristã? Na comunidade cristã, a
única grandeza é a grandeza de quem, com humildade e simplicidade, faz da
própria vida um serviço aos irmãos. Na comunidade cristã não há pessoas mais
importantes, nem distinções baseadas no dinheiro, na beleza, na cultura, na
posição social… Na comunidade cristã há irmãos iguais, a quem a comunidade
confia serviços diversos em vista do bem de todos. Aquilo que nos deve mover é
a vontade de servir com dons que Deus nos concedeu.
SEGUNDA
LEITURA (Hb 4,14-16) Carta aos Hebreus.
Temos um sumo sacerdote que entrou no céu, Jesus, o
Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé. Com efeito, temos um sumo
sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi
provado em tudo como nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos então, com toda
a confiança, do trono da graça, para alcançarmos a graça de um auxílio.
AMBIENTE - Carta destina a comunidades fragilizadas e desalentadas. Necessitam de redescobrir o seu entusiasmo inicial com Cristo. O autor apresenta-lhes o mistério de Cristo, o sacerdote por excelência. O texto apresenta Jesus como o sacerdote fiel e misericordioso que o Pai enviou ao mundo para mudar os corações. que “acreditem” em Jesus – escutem as propostas que Cristo veio fazer e as transformem em gestos concretos de vida.
MENSAGEM - Jesus, o Filho de Deus, veio ao encontro dos homens
como sumo-sacerdote, a fim de eliminar o pecado que impedia a comunhão entre os
homens e Deus e levar os homens ao encontro de Deus. Diante dessa ação de Deus,
os crentes devem responder com a fé – isto é, com a aceitação da proposta de
Jesus. Aderir à proposta de Jesus é assumir-se como família de Deus. Graças a
Jesus, o sumo-sacerdote que veio ao nosso encontro, que experimentou e entendeu
a nossa fragilidade, que restabeleceu a comunhão entre nós e Deus, que nos leva
ao encontro de Deus e que nos garante a sua misericórdia. Podemos com confiança
aproximar-nos desse “trono da graça” de onde brota a vida eterna e verdadeira.
Esta certeza deve dar-nos esperança.
ATUALIZAÇÃO
- • Carta aos Hebreus fala-nos
de um Deus que ama o homem com um amor sem limites e que, por isso, está
disposto a assumir a fragilidade dos homens, a descer ao seu nível, a partilhar
a sua condição. Na lógica de Deus, o que é mais importante não é aquele que protege
a sua autoridade, mas é aquele que é capaz de descer ao encontro dos últimos,
dos marginalizados, dos sofredores, para lhes oferecer o seu amor. É esta a
lógica de Deus.
• Assim como Cristo, por amor, vestiu a nossa
fragilidade e veio ao nosso encontro, também nós devemos – despindo-nos do
nosso egoísmo, da nossa acomodação, ir ao encontro dos nossos irmãos, fazer-nos
solidários com eles, partilhar os seus sofrimentos, alegrias e esperanças.
Somos sempre responsáveis pelos irmãos que conosco partilham os caminhos deste
mundo, mesmo quando não os conhecemos pessoalmente ou mesmo que deles estejamos
separados por fronteiras geográficas, históricas, étnicas ou outras.
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“Queremos que faças o que vamos
pedir”. Muitas vezes, é assim também que rezamos, com esse tom, com essa
atitude! Recordemos a palavra do Apóstolo: “Não sabemos o que pedir como
convém” (Rm 8,26). Como pedir? Escutemos: “O Espírito socorre a nossa fraqueza.
O próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8,26). Eis! É
somente quando nos deixamos guiar pelo Santo Espírito do Cristo, que pediremos
segundo Deus! nunca pedirá segundo Deus, quem não se deixa guiar pelo Espírito
de Deus! Aqueles dois não pediam segundo Deus, mas segundo seus interesses:
queriam glória, honra, os primeiros lugares, queriam seus interesses, de acordo
com sua lógica e modo de pensar!
Meu Servo, o justo, fará justos
inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas”. Este é o caminho de Jesus:
fazer-se servo humilde e causa de nossa salvação. Isso os discípulos não
compreendiam… nem nós compreendemos! Também a nós o Senhor convida a participar
do seu batismo e do seu cálice. Escutemos mais uma vez, são Paulo: “Não sabeis
que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos
batizados? Pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós
vivamos vida nova. Porque se nos tornamos uma só coisa com ele por uma morte
semelhante à sua, seremos uma coisa só com ele também por uma ressurreição
semelhante à sua” (Rm 6,3-5). Podeis ser batizados no meu batismo? Estais
dispostos a mergulhar vossa vida no meu caminho de morte e ressurreição,
morrendo para vós mesmos e buscando a vontade do Pai de todo o coração? Eis o
que é ser batizado em Cristo! O desafio agora é viver o batismo no qual fomos
batizados, tornando-nos, em Cristo, criaturas novas, abertas para a vontade do
Pai, como Jesus. E também beber o cálice de Jesus: “Todas as vezes que comeis
desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha”
(1Cor 11,26); “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o sangue de
Cristo?” (1Cor 10,16). Vejam só: comungar na eucaristia é aprofundar aquilo que
já começamos a viver no batismo: fazer da vida uma vida em comunhão com o
Senhor na sua morte e ressurreição! Tiago e João não tinham compreendido isso;
os Doze também não compreenderam; nós, tampouco, compreendemos!
Finalmente, a atitude dos outros
Doze, que também buscavam o primeiro lugar! E Jesus chama os Doze e nos chama
também a nós, e fala-nos do mundo, com seus jogos de poder, sua ganância, sua
hipocrisia e sua mentira… e nos diz: “Entre vós, não deverá ser assim: quem
quiser ser grande, seja vosso servo; quem quiser ser o primeiro, seja o escravo
de todos. Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida como resgate para muitos”. Aqui está o modelo do caminho
cristão: o Cristo, totalmente abandonado à vontade do Pai, totalmente
disponível, totalmente pobre… Ele é o modelo de como devemos viver entre nós e
em relação ao Pai: no serviço mútuo, na disponibilidade, na confiança no Pai,
no abandono ao seu desígnio a nosso respeito. Somente Jesus poderia rezar com
toda a liberdade: “Pai, não o que eu quero, mas o que tu queres!” (Mc 14,36).
Olhando nossa fraqueza, nossa
pouca disponibilidade, olhando quanto na vida buscamos nossos interesses e
nossas vantagens, não desanimemos! Temos um Sumo-sacerdote capaz de se
compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós!”
Confiemos no Senhor e supliquemos que ele converta o nosso coração, dando-nos
seus sentimentos, suas atitudes de doação, serviço e humildade, sua confiança
no Pai e, finalmente, a graça de participar daquela glória que no céu ele tem
com o Pai e o Espírito Santo. Amém.
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Partilha
tua Fé
No mês de
outubro, a Igreja intensifica as atividades para despertar a consciência e a
vida Missionária.
Hoje, promove
também a coleta mundial para as Missões, para atividades de promoção humana e
evangelização, sobretudo onde as necessidades materiais são mais urgentes.
As Leituras
bíblicas e a Mensagem do Papa motivam essa realidade:
A 1a
Leitura apresenta o "Servo
de Javé". (Is 53,10-11)
Isaías apresenta
o Messias como uma pessoa insignificante e desprezada pelos homens, através do
qual se revela a vida e a salvação de Deus. O Messias não será um rei de grande
poder, mas um humilde "servo sofredor".
Cristo, o grande
Missionário do Pai, "não veio para ser servido, mas PARA SERVIR".
Na 2ª
Leitura, Paulo afirma que Cristo foi para nós um grande Sacerdote,
mediador entre Deus e os homens, que resgatou com sua morte na cruz e continua
intercedendo por nós junto ao Pai. (He
4,14-16)
No Evangelho,
Jesus educa para a Missão os seus apóstolos, ainda impregnados pelos
falsos conceitos de grandeza da época. (Mc
10,35-45)
- Jesus continua
sua caminhada para Jerusalém e, na sua
catequese, faz o 3º Anúncio da Paixão.
- Dois
discípulos íntimos de Jesus lhe fazem uma pergunta estranha: "Mestre,
faça que nos sentemos um à tua direita e
outro à tua esquerda, na tua glória".
- Os demais
Apóstolos reagem indignados, pois todos eles tinham as mesmas pretensões.
- A resposta de
Jesus foi taxativa: "Não sabeis o
que pedis…"
* A procura dos
primeiros lugares pelos dois irmãos, e a indignação dos outros dez apóstolos
revelam muito bem.
A mentalidade
dos discípulos, que alimentavam sonhos pessoais de grandeza, de ambição e de
poder.
Jesus convida os
discípulos a não se deixarem levar por sonhos de ambição, de grandeza, de poder
e domínio,
mas a fazerem de
sua vida um dom de amor e de "serviço".
- E Jesus
apresenta seu exemplo: "O Filho do
homem não veio para ser servido, mas para SERVIR e dar a sua vida
em resgate de muitos.
Mensagem do Papa: (Resumo)
Neste
ano de 2015, o Dia Mundial das Missões tem como pano de fundo o Ano da Vida
Consagrada, que serve de estímulo para a sua oração e reflexão. Na verdade,
entre a vida consagrada e a missão subsiste uma forte ligação, porque, se todo
o batizado é chamado a dar testemunho do Senhor Jesus, anunciando a fé que
recebeu em dom, isto vale de modo particular para a pessoa consagrada.
O seguimento de Jesus, que motivou a
aparição da vida consagrada na Igreja, é reposta à chamada para se tomar a cruz
e segui-lo, imitar a sua dedicação ao Pai e os seus gestos de serviço e amor,
perder a vida a fim de a reencontrar.
A dimensão missionária, que pertence à
própria natureza da Igreja, é intrínseca também a cada forma de vida
consagrada, e não pode ser transcurada sem deixar um vazio que desfigura o
carisma.
Quem segue Cristo não pode deixar de
tornar-se missionário, e sabe que Jesus «caminha com ele, fala com ele, respira
com ele, trabalha com ele. Sente Jesus
vivo com ele, no meio da tarefa missionária» (EG 266).
A missão é uma paixão por Jesus Cristo
e, ao mesmo tempo, uma paixão pelas pessoas.
Quando nos detemos em oração diante de
Jesus crucificado, reconhecemos a grandeza do seu amor, que nos dignifica e
sustenta e, simultaneamente, apercebemo-nos de que aquele amor, saído do seu
coração transpassado, estende-se a todo o povo de Deus e à humanidade inteira;
e sentimos também que Ele quer servir-Se de nós para chegar cada vez mais perto
do seu povo amado e de todos aqueles que O procuram de coração sincero.
Hoje, a missão enfrenta o desafio de
respeitar a necessidade que todos os povos têm de recomeçar das próprias raízes
e salvaguardar os valores das respectivas culturas. Dentro desta dinâmica
complexa, ponhamo-nos a questão: «Quem são os destinatários privilegiados do
anúncio evangélico?”.»
A resposta é
clara; encontramo-la no próprio Evangelho: os pobres, os humildes e os doentes,
aqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles que não te podem
retribuir (Lc 14, 13-14).
Queridos irmãos e irmãs, a paixão do
missionário é o Evangelho.
São Paulo podia
afirmar: «Ai de mim, se eu não evangelizar!» (1 Cor 9, 16).
O Evangelho é
fonte de alegria, liberdade e salvação para cada homem.
Ciente deste
dom, a Igreja não se cansa de anunciar a todos «O que existia desde o
princípio, O que ouvimos,
O que vimos com
os nossos olhos» (1 Jo 1, 1).
A missão dos servidores da Palavra, bispos, presbíteros, diáconos, religiosos
e leigos, é colocar a todos, sem excluir ninguém, em relação pessoal com
Cristo.
No campo imenso
da atividade missionária da Igreja, cada batizado é chamado a viver o melhor
possível o seu compromisso, segundo a sua situação pessoal.
Uma resposta
generosa a esta vocação universal pode ser oferecida pelos consagrados e
consagradas através duma vida intensa de oração e união com o Senhor e com o
seu sacrifício redentor.
Pe, Antônio Geraldo
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HOMILIA DO PE. PEDRINHO
Meus irmãos e irmãs, a liturgia,
hoje, nos convida a contemplar o mistério da entrega de Jesus como o servo de
toda a humanidade. É bastante interessante, que pessoas, às vezes, que não têm
uma visão mais ampla sobre Deus, ou sequer têm uma visão, dizem: “Deus só se
agrada de sofrimento, suas promessas são sempre coisas difíceis de fazer, por
que para ser santo sempre tem que sofrer muito”? Esta é uma visão equivocada, é
uma visão parcial. Nós sabemos bem, que ao longo da vida, nós temos alegrias e
tristezas e o sofrimento faz parte da vida. Que bom, que os psicólogos andam
falando bastante para os pais ajudarem os filhos a reconhecer que a vida não é
só conquistas e vitórias. Porque a vida tem derrotas, frustação, sofrimentos e
dor. Em nome de um amor muito grande, eu acabo criando uma vida imaginária,
ilusória e depois a pessoa não se sente preparada para enfrentar o dia a dia da
vida.
Mas, por que estou dizendo isto?
Porque a primeira leitura de hoje nos fala exatamente sobre o sofrimento: “O
Senhor quis macerá-lo com sofrimentos”. Chicotear, bater com sofrimentos,
oferecer a ele todo tipo de sofrimento para que ele pudesse, então, carregar,
alcançar a luz e a ciência perfeita. O
meu servo justo fará justo inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas.
Ou será que Deus não tem outro
caminho? Jesus para poder salvar a humanidade, não poderia salvar de uma outra
forma? E se nós não compreendermos toda a caminhada que leva Jesus a fazer esta
escolha, nós vamos, mesmo, achar que Deus gosta de ver os seus filhos sofrer.
Na realidade, o que nós temos é isto: messias, significa ungido, o escolhido de
Deus. E, já o primeiro livro de Samuel, Samuel disse: “Eis aqui, a quem Deus
escolheu”. E, apresentou para os reis Davi, Salomão... e eles por serem
escolhidos por Deus, foram ungidos. Por isso, eles se tornaram cristo. Cristo
em grego significa ungido em português.
Jesus não é o primeiro Cristo que aparece na bíblia. Todos os reis foram
ungidos. Portanto, foram messias. Todos os reis foram cristo, porque cristo é
em grego. O que é messias em hebraico é ungido em português. Só muda o idioma.
Agora, o que é que aconteceu? Eles sempre pensaram no seu bem estar e o povo
estava em segundo plano. É claro, que apesar deles, Deus salvou a humanidade
sempre. Mas, acabou que aquela nação, aquele povo de Israel acabou tendo que ir
para o exílio e aí foram se perguntando: por que será que nós estamos aqui?
Onde está o erro? Aí, o profeta Isaías vai dizer: o erro já vi. É porque
ninguém se dispôs, ainda, a sacrificar-se pelo povo. Todo mundo quis benefícios para si mesmo. E,
no mundo onde cada um por si e Deus por todos, acaba que todo mundo se perde.
Não que Deus não tenha condição de conduzir toda a humanidade, mas para que não
haja perda, é preciso que se trace um caminho a se trilhar. Mas, virá alguém,
escolhido por Deus, que não vai escolher o caminho da glória, mas o caminho do
fracasso. O fracasso para si, para que, de fato, aqueles a quem está servindo
se glorifique. Ora, Jesus, quando veio a este mundo, ele conhece todo o antigo
testamento, descobre as duas possibilidades de ser messias, de ser um ungido.
Aquela, trilhada por Davi, Salomão, e, tantos outros, e aquele que ninguém
trilhou. Ele diz: não deu certo por aqui, até agora. Eu vou tentar por este
caminho. Assim, ele assume para si todo o desafio para servir a humanidade. Se
preciso for, pagar o preço com sofrimentos.
É muito interessante observar,
que os discípulos de Jesus não têm esta compreensão. E, talvez, nós também não
tenhamos esta compreensão. Por que agente se aproxima de Jesus? Porque cremos
que Ele é o todo poderoso. O que significa: perto dele eu não vou sofrer. E, os
discípulos sabem que Ele terá uma glória, mas pensam que Ele será como o rei
Salomão, o rei Davi, o rei Osias, o rei Josias.
Então, eles já estão disputando as cadeiras, os ministérios. É evidente,
que quem está a direita ou a esquerda são os mais importantes. Então, dois
criam coragem e dizem: vamos lá. Você pode nos conceder o que vamos pedir? O
que que vocês querem? Quando você estiver na sua glória, nos concede estar um a
sua direita e o outro a sua esquerda? Ele diz: vocês não fazem a menor idéia o
que significa a minha glória. – Qual é a glória de Jesus? Em que momento Ele
atrai para si todos os olhares? – na Cruz. Imagina, se Ele vai escolher de
alguém assumir a sua direita ou a sua esquerda? Não. Isto é para quem estiver
reservado. Nós sabemos bem que do lado direito e esquerdo de Jesus estão dois
ladrões. Isto para quem tiver reservado. Não posso conceder isto a vocês. Então
veja, nem sempre o discípulo sabe o que pede a Jesus. Isto vale para nós
também. Porque às vezes agente pede coisas e não é concedido. E, agente fica
achando que é pouco caso, quanto tempo Ele vai esperar para me atender? Tem
coisa que Ele não vai atender mesmo. Porque sabe que seria para nós dor,
sofrimento, tristeza. Aqui que entra a questão da fé. Eu creio mesmo que Deus
sabe o que é melhor para mim? Ou eu dou um jeitinho, tomo coragem, me ajoelho
para Ele e peço o que eu quero. É muito interessante, que Jesus olha e diz: o
cálice que eu vou beber, vocês beberão. Então, ele já deixa claro: se vocês
estão atrás de mim por causa da glória, no sentido da realeza, no sentido
daqueles poderosos, vão embora. Eu vos prometo, que vocês vão ter a mesma
glória, vocês terão o mesmo cálice, vocês serão batizados da mesma maneira que
Eu. Então, Jesus não ilude ninguém. Agora, Jesus teve coragem de assumir a
profecia apresentada por Isaías, porque Ele sabe em quem confia. Ele crê no
Pai. Ele sabe que para o Pai isto é importante. Exatamente para mostrar que
alguém, finalmente, amou o mundo, até o fim. Para que as pessoas possam crer
nesse Deus que é amor. Possam crer que alguém está disposto a dar a vida para
que outros pudessem ter vida. Então, ao mesmo tempo que Jesus revela o amor do
Pai, Ele revela o quanto Deus crê na humanidade. É por isso que Ele não
intervém, mesmo quando a humanidade vai contra ao que Ele espera. Porque Ele
sabe que um dia, nós vamos encontrar o caminho. Então, a partir disto, é que a
carta aos Hebreus vai nos dar uma orientação, um conselho: você não entende
muito Jesus? Mas fique próximo Dele. Porque quando você precisar de uma graça,
será mais fácil. Saberá a quem recorrer. Então, aquilo que já foi falado na
abertura do ano da fé, e volto agora: nem tudo aquilo que nós cremos, nós
entendemos. Mas, crendo, é muito bom, porque eu sei a quem recorrer numa
necessidade. O duro é só crer no que só compreendo, porque aí acabo não me
aproximando de Deus cem por cento. Ele é muito maior que a nossa Inteligência.
E, se eu não compreendo não creio, então, numa necessidade, eu não sei a quem
recorrer. E, aí, eu concluo a reflexão: é a partir disto, que Jesus mostra um
caminho para estar próximo dele: quer ser grande, sirva a todos, seja o escravo
de todos. Será que eu creio nisso também? Tenho estrutura, para aceitar este
conselho? Talvez, precisamos rezar um pouco mais. Porque eu falo por mim. Cada
um fale por si. É muito duro este conselho: ser o escravo, ser o que serve a
todos. Eu também mereço, agente sempre fala isso, e aí vem toda a listinha de
merecimentos. Jesus não diz se merece ou não. Ele só diz: quer ser grande,
dentro da minha proposta, tem que servir. Portanto, que Deus nos ajude a termos
fé.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus
Cristo.
PE. PEDRINHO – Diocese de Santo
André, SP
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Homilia de D. Henrique Soares
Comecemos observando o evangelho.
Notemos como os dois irmãos, Tiago e João, se dirigem a Jesus: “Queremos que
faças o que vamos pedir”. Isto não é modo de pedir nada ao Senhor, isto não é
modo de rezar! Aqui não há humildade, não há abertura para procurar a vontade
do Senhor a nosso respeito, mas somente o interesse cego de realizar nossa
vontade! Quanta loucura e presunção! Muitas vezes, é assim também que rezamos,
com esse tom, com essa atitude! Recordemos a palavra do Apóstolo: “Não sabemos
o que pedir como convém” (Rm 8,26). Somos tão frágeis, tão incapazes de
compreender os desígnios de Deus, que nossos pedidos muitas e muitas vezes não
são segundo o coração do Senhor e, portanto, não são para o nosso bem!
Como, então, pedir de acordo com
a vontade do Senhor? Escutemos ainda São Paulo: “O Espírito socorre a nossa
fraqueza. O próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm
8,26). Eis! É somente quando nos deixamos guiar pelo Santo Espírito do Cristo,
que compreendemos as coisas de Deus e pediremos segundo Deus! Nunca
compreenderá o desígnio de Deus, quem não pede segundo Deus… e nunca pedirá
segundo Deus, quem não se deixa guiar pelo Espírito de Deus! Aqueles dois não
pediam segundo Deus, não suplicavam segundo o Reino, mas segundo seus
interesses: queriam glória, queriam honra, queriam os primeiros lugares,
queriam seus interesses, de acordo com sua lógica e modo de pensar!
A resposta de Jesus demonstra o
seu desgosto: “Vós não sabeis o que pedis!” E o Senhor completa com um desafio
– que é para os dois irmãos e para todos nós, caros irmãos e irmãs: “Podeis
beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou
ser batizado?” De que cálice, de que batismo Jesus está falando? Do seu
sofrimento, do seu caminho de dor e humilhação, pelo qual ele entrará no Reino
e o Reino virá a nós: “O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua
vida em expiação, ele terá descendência duradoura e fará cumprir com êxito a
vontade do Senhor. Por esta vida de sofrimento, alcançará a luz e uma ciência perfeita.
Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas
culpas”. Este é o caminho de Jesus: fazer-se servo humilde e causa de nossa
salvação. Isso os discípulos não compreendiam… nem nós compreendemos! Também a
nós o Senhor convida a participar do seu batismo e do seu cálice. Escutemos
mais uma vez, são Paulo: “Não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo
Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Pelo batismo nós fomos sepultados
com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela
glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova. Porque se nos tornamos uma
só coisa com ele por uma morte semelhante à sua, seremos uma coisa só com ele
também por uma ressurreição semelhante à sua” (Rm 6,3-5). Podeis ser batizados
no meu batismo? Estais dispostos a mergulhar vossa vida no meu caminho de morte
e ressurreição, morrendo para vós mesmos e buscando a vontade do Pai de todo o
coração? Eis o que é ser batizado em Cristo! E nós o fomos! O desafio agora é
viver o batismo no qual fomos batizados, tornando-nos, em Cristo, criaturas
novas, abertas para a vontade do Pai, como Jesus. E, não somente ser batizado
no batismo de Jesus, mas também beber o cálice de Jesus: “Todas as vezes que
comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele
venha” (1Cor 11,26); “O cálice de bênção que abençoamos não é comunhão com o
sangue de Cristo?” (1Cor 10,16). Vejam só: comungar na eucaristia é aprofundar
aquilo que já começamos a viver no batismo: fazer da vida uma vida em comunhão
com o Senhor na sua morte e ressurreição! Não se pode nem sonhar em ser cristão
pensando num caminho diferente, num modo diverso de viver! Tiago e João não
tinham compreendido isso; os Doze também não compreenderam; nós, tampouco,
compreendemos!
Observem ainda como os dois
irmãos são presunçosos: quando Jesus pergunta: “Podeis beber o cálice? Podeis
ser batizados?” Eles respondem: “Podemos!” Na ânsia pelos primeiros lugares, no
desejo de obterem o que pedem, prometem aquilo que somente com a graça de Deus
seriam capazes de prometer! A mesma lógica nossa, nosso mesmo procedimento,
tantas vezes! Como Pedro, que, mais tarde dirá: “Darei a minha vida por ti” (Jo
13,37); e de modo tão presunçoso quanto o dos dois irmãos, exclamará: “Ainda
que todos se escandalizem, eu não o farei!” (Mc 14,29). Pobre Pedro, pobres
Tiago e João, pobres de nós! Sem a graça de Deus em Cristo, que poderemos?
Vamos nos escandalizar, vamos fugir da cruz, vamos descrer no Senhor, vamos
abandonar o caminho! Como não compreendemos a estrada de Jesus! Tudo é graça.
Por isso Jesus diz que, ainda que eles bebam o seu cálice e sejam mergulhados
no seu batismo, ainda assim, será graça de Deus conceder os primeiros lugares…
Não podemos cobrar nada de Deus: “É para aqueles a quem foi reservado!”
Finalmente, a atitude dos outros
Doze, que também buscavam o primeiro lugar e se revoltam contra os dois irmãos!
E Jesus chama os Doze e nos chama também a nós, e fala-nos do mundo, com seus
jogos de poder, sua ganância, sua hipocrisia e sua mentira… e nos diz: “Entre
vós, não deverá ser assim: quem quiser ser grande, seja vosso servo; quem
quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. Porque o Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para
muitos”. Aqui está o modelo do caminho cristão: o Cristo, totalmente abandonado
à vontade do Pai, totalmente disponível, totalmente pobre… Ele é o modelo de
como devemos viver entre nós e em relação ao Pai: no serviço mútuo, na
disponibilidade, na confiança no Pai, no abandono ao seu desígnio a nosso
respeito. Somente Jesus poderia rezar com toda a liberdade: “Pai, não o que eu
quero, mas o que tu queres!” (Mc 14,36).
Olhando nossa fraqueza, nossa
pouca disponibilidade, olhando quanto na vida buscamos nossos interesses e
nossas vantagens, não desanimemos! Sigamos o conselho do Autor da Carta aos
Hebreus: “Temos um Sumo-sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho
de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos! Temos um Sumo-sacerdote
capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pis ele mesmo foi provado em tudo
como nós!” Confiemos no Senhor e supliquemos que ele converta o nosso coração,
dando-nos seus sentimentos, suas atitudes de doação, serviço e humildade, sua
confiança no Pai e, finalmente, a graça de participar daquela glória que no céu
ele tem com o Pai e o Espírito Santo. Amém.
D.
Henrique Soares da Costa
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PARA A CELEBRAÇÃO DA
PALAVRA (Diáconos e
Ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÁO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
Mc 10, 35-45
- O SENHOR ESTEJA
COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS...
- COM JESUS, POR
JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T:
Bendito seja o Senhor nosso Deus
-
Senhor, nós vos bendizemos pelo vosso grande amor pela humanidade. Enviastes ao
mundo o vosso Filho único para nele sermos justificados. Jesus se fez servo dos
servos, perseguido, preso e crucificado demonstrou-nos quão grande é o vosso
amor.
T:
Bendito seja o Senhor nosso Deus
-
Pai, Jesus nos deu grande exemplo de humildade. Esvaziou-se de sua divindade e
se fez igual a nós para nos ensinar que seguindo o vosso projeto, a vossa
sabedoria é que alcançaremos vida eterna.
T:
Bendito seja o Senhor nosso Deus
-
Pai santo, pela nossa fé acreditamos que Jesus está na glória e é o nosso
intercessor junto de vós. Ele é o nosso sumo e eterno sacerdote. É nele, por
ele e com ele que vos louvamos e vos bendizemos.
T:
Bendito seja o Senhor nosso Deus
- PAI NOSSO... ORAÇÃO DA PAZ... EIS O
CORDEIRO...
XXIX Domingo
do Tempo Comum
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Quanto maior for o impulso na descida, mais força haverá
na subida.
Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
No início, Marcos descreve o batismo de Jesus de uma
forma muito simples e direta (1,9-11), mas só ao longo do evangelho é que será
possível vislumbrar a sua profundidade. É comum pensarmos o batismo de Jesus
como um momento pontual no início de sua vida pública. Porém, o evangelho nos
faz ver que toda a vida de Jesus é um contínuo ser batizado. Com efeito, o
batismo no Jordão assinalou solenemente apenas o início daquilo que será toda a
sua vida e missão. Confirma esta verdade a sua afirmação na perícope evangélica
deste XXIX Domingo: “Podeis
beber do cálice que vou beber e ser batizados com o batismo com que serei
batizado?”. No momento em que Jesus disse isso, Ele já tinha sido
batizado no Jordão, mas por que, então, fala de um batismo que está para receber?
Vale salientar que este caráter batismal permanente na vida do Mestre é
evidenciado pela expressão literal do grego que utiliza os verbos no presente: “O cálice que bebo (pino) ou o batismo com
que sou batizado” (baptizomai). Portanto, o batismo de Jesus não se
encerrou no momento em que João Batista o fez entrar e sair das águas do
Jordão, mas alcançou a sua realidade definitiva quando, mergulhando na morte,
ressuscitou ao terceiro dia. Da mesma forma, para nós cristãos, o batismo
sacramental é apenas o início deste movimento da graça em nós, para viver a
nossa vida sob o impulso de descida e subida até realizar-se de forma completa
na nossa morte que, por sua vez, será vencida pela ressurreição. Não nos
afogamos nas águas do batismo, mas nelas mergulhamos para receber a vida nova,
penhor da vida eterna.
À medida que se avança na leitura linear do evangelho de Marcos, pode-se cair na tentação de afastar-se do acontecimento-chave de todo o escrito que é o batismo de Jesus. Corrigindo esta tentação, o evangelista intencionalmente nos reaviva a memória do Jordão com o relato da Transfiguração (9,2-9), colocada justamente no centro da sua narrativa; deste modo, confirma-se o contínuo batizar-se de Jesus. De novo a revelação se dá entre um subir e um descer (a montanha). Com efeito, o Filho Eterno, ao sair do seio do Pai, inicia um longo percurso de descida (Encarnação) até entrar nas águas do Jordão, e, ao ser batizado, saindo dessas mesmas águas, inicia uma longa subida (Transfiguração) que alcança seu ponto mais alto na cruz e ressurreição (glorificação).
Quando o evangelista explicita a subida de Jesus para
Jerusalém, e por duas vezes encontramos na perícope deste XXIX Domingo a
expressão “subindo para Jerusalém” (vv. 32.33), diz-se que tanto
os discípulos quanto aqueles que o acompanhavam estavam espantados e com medo,
pois pela terceira vez ouviam do próprio Jesus o que iria lhe acontecer em
Jerusalém. Surge então a pergunta, por que os discípulos têm dificuldade de
entender o que significa a subida de Jesus (sentar-se na glória: morrer na
cruz)? A resposta é óbvia: porque não aceitam a sua descida. É evidente que os
discípulos pretendem subir ao trono com o Mestre, mas não querem assumir o seu
caminho de descida: “Vim
para servir e não para ser servido”. Contudo, sem o impulso da descida,
não haverá força para subir. Não é por acaso que o Mestre, diante do pedido
audacioso dos filhos do trovão, mostra-lhes que sem assumir o seu batismo, isto
é, descer e subir, não será possível participar da sua glória. Em termos
comparativos, poderíamos dizer que o batismo é uma espécie de energia cinética
espiritual, que fazendo-nos descer com o impulso da graça, torna-nos capazes de
subir até que “alcancemos o
estado de homem perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4,13), que subiu porque desceu
(ver Ef 4,9). A física nos mostra que a energia potencial transforma-se em
energia cinética quando o corpo está em movimento. A espiritualidade cristã,
alimentada especialmente pela Palavra de Deus e pelos sacramentos
(particularmente o Batismo e a Eucaristia), põe-nos em movimento a fim de
transformar tudo o que temos e somos (energia potencial: dons e capacidades) em
frutos, conversão (energia cinética). É uma constante descida e subida,
tipificada no batismo sacramental e real, que na nossa existência deve assumir
a essencial prova de que, de fato, somos mergulhados no Cristo-servo, quando
nos tornamos servidores também.
Enquanto este batismo de Jesus não se consumou
definitivamente na sua morte e ressurreição, os discípulos viveram sempre na
ambiguidade. Davam sempre a entender que ainda não conheciam o Mestre a quem
seguiam, não compreendiam quem na verdade Ele era. É surpreendente constatar
que os dois discípulos, João e Tiago, que exigiram que Jesus fizesse o que eles
queriam, eram os mesmos que estavam, juntamente com Pedro, no momento da
Transfiguração e que, por sua vez, ouviram solenemente a voz do Pai: “Este é o meu Filho amado.
Escutai-o!”. Expressão idêntica àquela do batismo, apenas com o acréscimo do
imperativo “Escutai-o”. É
evidente que o escutar aqui significa obedecer. Porém, esses dois discípulos
invertem os papéis, ao invés de ouvir e obedecer a Jesus, exigem que seja o
Mestre a ouvir e obedecer: “Queremos que faças o que te pedirmos!”
Apesar de terem feito a experiência privilegiada,
ainda não compreenderam quem é o Messias Jesus. Permanecem com a mesma
mentalidade de um Messias triunfalista, político e despótico. E não aceitam que
a subida de Jesus seja para a cruz, mas exigem que sentando-se no trono,
garanta-lhes os primeiros lugares. Segundo a Tradição, Tiago e João, filhos de
Zebedeu que era casado com uma irmã de Maria (Salomé: Mt 27,55-56; Mc 15,40; Jo
19,25), eram primos de Jesus. Logo, a mentalidade nepotista. Considerando-se os
primeiros na ordem natural (primos), exigem que Jesus siga a lógica comum dos
poderosos deste mundo: “Sabeis
que os governantes das nações as dominam, seus grandes as tiranizam”.
Contudo, Jesus os corrige: “Entre
vós não deve ser assim... Aquele que quiser ser grande, seja o vosso servidor,
quem quiser ser o primeiro, seja o servo de todos”. A lógica é totalmente paradoxal, isto
é, para subir é preciso descer, para ser grande é preciso fazer-se pequeno.
O serviço como entrega da vida é a maneira mais eloquente de testemunhar que somos batizados. E isto não se dá de forma pontual, esporádica, mas exige um contínuo morrer e ressuscitar; é um batismo permanente impulsionado pela poderosa força do alto que nos abaixa para colocar-nos onde o ser humano alcança o seu mais alto e elevado posto: ao lado Daquele que “não veio para ser servido, mas dar a sua vida em resgate por muitos”.
O serviço como entrega da vida é a maneira mais eloquente de testemunhar que somos batizados. E isto não se dá de forma pontual, esporádica, mas exige um contínuo morrer e ressuscitar; é um batismo permanente impulsionado pela poderosa força do alto que nos abaixa para colocar-nos onde o ser humano alcança o seu mais alto e elevado posto: ao lado Daquele que “não veio para ser servido, mas dar a sua vida em resgate por muitos”.
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