Jo 18,33b-37 XXXIV Domingo Comum Ano B 2018 Cristo, Rei do
Universo
SINOPSE:
TEMA: “O meu reino não é deste mundo!” O
último domingo do ano litúrgico
convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus; não é à maneira dos reis
deste mundo: é uma com a lógica de Deus.
Primeira leitura:
Deus vai intervir no mundo eliminando a ambição, a violência, a opressão. Os
cristãos verão nesse “filho de homem” vitorioso um anúncio da realeza de Jesus.
Evangelho:
Jesus a assume a sua condição de rei diante de Pilatos. A realeza de Jesus não
está na ambição, poder, autoridade e violência, mas no amor, no serviço, no
perdão, na partilha, no dom da vida.
Segunda leitura:
o Apocalipse apresenta Jesus como o Senhor do Tempo e da História, o princípio
e o fim de todas as coisas, Aquele que há-de vir para instaurar o reino de
felicidade, de vida e de paz.
PRIMEIRA LEITURA (Dn 7,13-14) Leitura da Profecia de Daniel.
“Continuei
insistindo na visão noturna, e eis que, entre as nuvens do céu, vinha um como
filho do homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua
presença. Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e
línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu
reino, um reino que não se dissolverá”.
AMBIENTE - O
Livro de Daniel aparece na primeira metade do século II a.C., numa época em que
o rei selêucida Antíoco IV Epifanes procurava impor a cultura grega ao Povo de
Deus (época de Judas Macabeu e dos seus seguidores). O autor do Livro de Daniel
pede aos concidadãos que não se deixem vencer pela perseguição e que se
mantenham fiéis aos valores dos seus pais. Neste Livro, o autor garante-lhes
que Deus está do lado do seu Povo e que recompensará a sua fidelidade à Lei e
aos mandamentos.
MENSAGEM - A “visão” com o aparecimento de um
“filho de homem” “sobre as nuvens do céu” tem uma origem transcendente. Ele vem
de Deus e recebe de Deus um reino e um poder que não é limitado pelo tempo.
Deus vai intervir no mundo, a fim de eliminar a violência que oprime os homens.
A sua intervenção irá pôr fim à perseguição dos justos. Jesus aplicará esta
imagem do “filho de homem que vem sobre as nuvens” à sua própria pessoa. Ao ser
interrogado pelo sumo-sacerdote Caifás, Jesus assumirá claramente que é “o
Messias, o Filho de Deus bendito”, o “Filho do Homem sentado à direita do
Poder”, que virá “sobre as nuvens do céu” (Mc 14,61-62). Para os cristãos,
Cristo é, esse “filho de homem” anunciado em Dan 7, que irá libertar os santos
das garras do poder opressor e instaurar o reino definitivo da felicidade e da
paz.
ATUALIZAÇÃO
♦ Os reinos construídos pelos homens baseiam-se num poder arrogante, e são
geradores de exploração, de miséria, de violência. O “profeta” acredita que o
reino do mal não será eterno e que Deus intervém na história para destruir
essas forças de morte que impedem os homens de alcançar a liberdade, a paz, a
vida plena. Deus não abandona o seu Povo e intervirá para a realização plena do
homem.
♦ Jesus é o enviado ao encontro dos homens para lhes propor
uma nova ordem, em que os pobres, os débeis, os fracos, os marginalizados não
mais serão humilhados e espezinhados. Jesus introduziu a lógica do amor, do
serviço e da doação. O reino de Jesus já está presente na vida do mundo, como
uma semente a crescer ou como o fermento a levedar a massa. Compete a nós,
discípulos de Jesus, fazer com que esse reino seja, cada dia mais, uma realidade
bem viva, presente e atuante no mundo.
EVANGELHO
(Jo 18,33b-37) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Naquele
tempo, Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” Jesus
respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de
mim?” Pilatos falou: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te
entregaram a mim. Que fizeste?” Jesus respondeu: “O meu reino não é deste
mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu
não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. Pilatos disse a
Jesus: “Então tu és rei?” Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e
vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da
verdade escuta a minha voz”.
AMBIENTE
- Pilatos, o governador romano da Judeia, é apresentado por
Flávio Josefo como um governante duro e violento. O autor do Quarto Evangelho
descreve Pilatos como um homem fraco, indeciso e volúvel, uma espécie de
marionete habilmente manobrada pelos líderes judaicos. Na época em que o autor
do Quarto Evangelho escreve (por volta do ano 100), não era conveniente para os
cristãos acusar Roma, afirmando a sua responsabilidade no processo que levou
Jesus à morte. Assim, os escritores cristãos da época preferiram amenizar o
papel do poder imperial e, por outro lado, fazer recair sobre as autoridades
judaicas toda a culpa pela condenação de Jesus.
MENSAGEM - «Tu és o Rei dos judeus?» revela qual
era a acusação apresentada pelas autoridades judaicas contra Jesus: Ele tinha
pretensões messiânicas; pretendia restaurar o reino ideal de David e libertar
Israel dos opressores. Esta linha de acusação vê em Jesus um agitador político
empenhado em mudar o mundo. A resposta de Jesus situa as coisas na perspectiva
correta. Ele assume-se como o messias que Israel esperava e confirma,
claramente, a sua qualidade de rei; no entanto, descarta qualquer semelhança
com esses reis que Pilatos conhece. Os reis apoiam-se na força e impõem o seu
domínio e a sua autoridade; a sua realeza baseia-se na prepotência e na ambição
e gera opressão, injustiça e sofrimento… Jesus, em contrapartida, é um
prisioneiro indefeso; não cultiva os próprios interesses, mas quer amar os
homens até ao dom da própria vida… A sua realeza em vez de produzir opressão e
morte, produz vida e liberdade. Jesus vai apenas propor aos homens um mundo
novo, numa lógica de amor, de doação, de entrega, de serviço. A declaração de
Jesus causa estranheza a Pilatos. Ele não consegue entender que um rei renuncie
ao poder e à força e fundamente a sua realeza no amor e na doação da própria
vida. Na sequência, Jesus confirma a sua realeza e define o sentido e o
conteúdo do seu reinado. A realeza de que Jesus Se considera investido por Deus
consiste em «dar testemunho da verdade». Para o autor do Quarto Evangelho, a
“verdade” é a realidade de Deus. Essa “verdade” manifesta-se nos gestos de
Jesus, nas suas palavras, nas suas atitudes e, de forma especial, no seu amor
vivido até ao extremo do dom da vida. A “verdade” é o amor incondicional e sem
medida que Deus derrama sobre o homem, a fim de o fazer chegar à vida
verdadeira e definitiva. Essa “verdade” opõe-se à “mentira”, que é o egoísmo, o
pecado, a opressão, a injustiça, tudo aquilo que o impede de alcançar a vida
plena. A “realeza” de Jesus alcança-se através do amor, da partilha, do serviço
simples e humilde em favor dos irmãos. A proposta de Jesus provoca uma resposta
livre do homem. Quem escuta a voz de Jesus adere ao seu projeto e se compromete
a segui-lo, renuncia ao egoísmo e ao pecado e faz da sua vida um dom de amor a
Deus e aos irmãos. Essa é a comunidade do “Reino de Deus”.
ATUALIZAÇÃO ♦Jesus diz que, Ele é “rei” e recebeu de Deus, como diz a
primeira leitura, “o poder, a honra e a realeza” sobre todos os povos da terra.
Os grandes líderes das nações são homens com uma visão muito limitada do mundo,
que não se preocupam com o bem da humanidade e que conduzem as suas políticas
de acordo com lógicas de ambição pessoal ou de interesses particulares. Cristo
é o nosso rei, que Ele preside à história e continua a caminhar conosco e a
apontar-nos os caminhos da salvação e da vida.
♦ Diante dos homens, Ele apresenta-se com a força do amor e
da verdade. Não impõe nada; só propõe aos homens que acolham no seu coração uma
lógica de amor, de serviço, de obediência a Deus e aos seus projetos, de dom da
vida, de solidariedade com os pobres e marginalizados, de perdão e tolerância.
É com estas “armas” que Ele vai combater o egoísmo, a autossuficiência, a
injustiça, a exploração, tudo o que gera sofrimento e morte. O mundo novo, de
vida e de felicidade plena para todos os homens nascerá de uma lógica de amor,
de serviço e de dom da vida.
♦ Nós, os que aderimos a Jesus e optamos por integrar a
comunidade do Reino de Deus, temos de dar testemunho da lógica de Jesus. Como
Jesus, também nós temos a missão de lutar – não com a força do ódio e das
armas, mas com a força do amor – contra todas as formas de exploração, de
injustiça, de alienação e de morte…
♦ A comunidade de Jesus (a Igreja) não pode estruturar-se
com os mesmos critérios dos reinos da terra… Deve interessar-se mais por dar um
testemunho de amor e de solidariedade para com os pobres e marginalizados; deve
preocupar-se mais com o serviço simples e humilde aos homens, do que com os
títulos, as honras e os privilégios.
SEGUNDA LEITURA
(Ap 1,5-8) Leitura do Livro do Apocalipse.
Jesus
Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o
soberano dos reis da terra. A Jesus, que nos ama, que por seu sangue nos
libertou dos nossos pecados e que fez de nós um reino, sacerdotes para seu
Deus
e Pai, a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém. Olhai! Ele vem com as
nuvens, e todos os olhos o verão, também aqueles que o traspassaram. Todas as
tribos da terra baterão no peito por causa dele. Sim. Amém! “Eu sou o Alfa e o
Ômega”, diz o Senhor Deus, “aquele que é, que era e que vem, o Todo-poderoso”.
AMBIENTE - “Apocalipse” significa “manifestação de
algo que está oculto”. É antes de tudo um livro que traz a esperança. João,
exilado na ilha de Patmos (uma pequena ilha do Mar Egeu) por causa da sua fé,
tem por missão comunicar aos seus irmãos a fé e a esperança. Estamos na fase
final do reinado do imperador Domiciano (à volta do ano 95). As comunidades
cristãs da Ásia Menor vivem numa grave crise interna, resultante das heresias,
da falta de entusiasmo de dar testemunha da própria fé. Há também violenta
perseguição que o imperador ordenou contra os cristãos: muitos seguidores de
Jesus eram condenados e assassinados. Cheios de medo, abandonavam o Evangelho.
É neste contexto de perseguição, medo e martírio que vai ser escrito o
Apocalipse. O objetivo do autor é levar os crentes a revitalizarem o seu
compromisso com Jesus e a não perderem a esperança. A comunidade é
convidada a aceitar Cristo como o centro da história humana.
MENSAGEM - Três títulos cristológicos deviam fazer
parte da catequese joanina: “testemunha fiel”, “primogênito dos mortos”,
“príncipe dos reis da terra”.
Jesus é a “testemunha fiel”
porque, com a sua vida, palavras, gestos de serviço, de amor e de doação, com a
sua entrega até à morte, testemunhou, de forma perfeita, o que Deus queria
revelar aos homens e mostrou aos homens o rosto do Deus-amor.
Jesus é o “primogênito dos
mortos”, porque foi o primeiro a vencer a morte e demonstrou-nos, que quem vive
nos caminhos de Deus não será vencido pela morte.
Jesus é o “príncipe dos reis da
terra”, porque inaugurou um reino novo, de vida e de felicidade sem fim.
A comunidade louva o seu Senhor:
“àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino
de sacerdotes para Deus seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos
séculos. Amem”. A entrega na cruz de Jesus é expressão do amor sem medida com
que Ele ama todos os homens. Porque ama, Jesus convidou os homens a integrar um
reino novo, de amor e de paz; Jesus associou os homens à sua missão, tornando-os
sacerdotes que oferecem a Deus o culto das suas próprias vidas. Jesus inseriu
os homens numa dinâmica de vida nova, aproximou-os de Deus, convidou-os a
integrar a família de Deus. Jesus há-de vir ao encontro dos seus, cheio de
poder e majestade, a fim de inaugurar uma nova era de vida e de paz sem fim
(“entre as nuvens” – A imagem é tirada do Livro de Daniel Dan 7,13 – o “filho
de homem” que aparece sobre as nuvens está associado à vitória de Deus sobre os
reinos e os poderes do mundo). Recorda-se, assim que a última palavra é de
Deus. Por outro lado, todos poderão ver o coração transpassado de Cristo e
tomarão consciência de quanto Ele ama os homens. A vitória de Cristo
concretizar-se-á através do seu amor, feito dom a todos os homens. Conclui a
sua apresentação de Jesus, definindo-O como o princípio e o fim de todas as
coisas (o “alfa” e o “ómega”.), Aquele que era e que há-de vir. Os cristãos são
convidados a fazer de Jesus o centro das suas vidas.
ATUALIZAÇÃO ♦ Jesus é a figura do Senhor do Tempo e
da História, princípio e fim de todas as coisas; é a figura do “príncipe dos
reis da terra”, que há-de vir “por entre as nuvens” cheio de poder, de glória e
de majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade, de vida e de
paz: sejam quais forem as dificuldades da história humana, será um caminho que
desembocará nesse reino novo de vida e de paz sem fim que Jesus veio anunciar.
♦ A ação de Jesus como Senhor da História não se
concretizará numa lógica de poder, de autoridade, de força, mas no amor de
Jesus, manifestado no dom da vida para libertar os homens do egoísmo e do
pecado, para os inserir numa dinâmica de vida nova, para os integrar na família
de Deus. Jesus, o nosso rei, é um rei que ama os seus com um amor sem limites e
que, por amor, ofereceu a sua vida em favor da liberdade e da realização plena
do homem. Neste dia em que celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus
Cristo, Rei do Universo, somos convidados a agradecer pelo amor de Jesus que
nos libertou do egoísmo e da morte; e somos convidados, também, a ter a mesma
atitude de Jesus; ser amor, doação e serviço aos homens.
Pe.
Joaquim - Pe. Barbosa - Pe. Carvalho
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Rei do
Universo
Neste
último Domingo do Ano Litúrgico, CRISTO,
REI DO UNIVERSO.
Por
que essa Festa?
As
Leituras bíblicas nos falam dessa Realeza.
A 1ª
Leitura anuncia um "Filho do Homem", vindo do céu ara
instaurar um REINO sem fim. (Dn 7,13-14)
Os
judeus eram oprimidos pela dominação dos
gregos. Antíoco IV queria impor a cultura e a religião grega à força…
Daniel,
numa linguagem apocalíptica, anima as comunidades à resistência.
Esse
Reino ainda hoje não se tornou uma realidade plena; contudo, o Reino proposto
por Jesus já está presente na vida do mundo, como uma semente a crescer ou como
o fermento a levedar a massa.
Compete
a nós, discípulos de Jesus, fazer com que esse Reino seja uma realidade bem
viva e atuante em nosso mundo.
A 2a
Leitura lembra que Cristo é o "Príncipe dos reis da
terra" que virá cheio de poder, de glória e majestade para instaurar um
REINO definitivo de felicidade, de vida e de paz. (Ap 1, 5-8)
No
Evangelho,
Jesus confirma a sua Realeza. (Jo
18, 33b-37)
Várias vezes querem fazê-lo rei, mas ele
sempre se esquiva.
-
Próximo da sua Paixão… sozinho, abandonado até pelos amigos, sem exército que
pudesse vir a defendê-lo, no tribunal
diante de Pilatos que lhe pergunta: "Tu
és o Rei dos Judeus?" Jesus
confirma a sua Realeza e define o sentido do seu Reinado: "Eu
sou REI. Mas o meu Reino não é desse
mundo...". "Para isso nasci e
para isso vim ao mundo. Para dar
testemunho da Verdade. E todo aquele
que é da Verdade, ouve a minha voz..."
* A
Realeza de Cristo é diferente:
Um
Rei que veio para servir e salvar.
Um
soberano capaz de aceitar uma coroa de espinhos.
Um
Rei cujo trono foi uma cruz no alto de um monte.
Cruz
que se tornou símbolo de vitória para nós.
Esse
Reino cresce onde se manifesta a atitude de serviço, a doação generosa em favor
dos irmãos, onde cresce o respeito pelos outros, o diálogo, o perdão, a
solidariedade... a justiça... o amor...
Hoje,
CRISTO continua a nos repetir:
"Eu sou rei", não um rei de coisas,
mas um rei de gente,
-
sem o PODER que os homens tanto aspiram…
-
sem a GLÓRIA que os homens tanto procuram…
-
sem os BENS que os homens tão avidamente desejam…
+ Jesus
nos convida a fazer parte desse Reino e a trabalhar para que esse Reino aconteça na
vida de todos.
- No Pai
Nosso, Jesus nos
convida a rezar: "Venha a nós o vosso Reino"
Estamos aqui reunidos em oração, porque somos
"cidadãos desse Reino".
Façamos nossa a prece de Cristo: "Venha a nós o vosso Reino".
Reino
de Verdade e de Vida; Reino de Santidade e de Graça; Reino de Justiça, de Amor
e de Paz…
Que
assim seja…
Pe. Antônio
Geraldo
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HOMILIA DO PE. PEDRINHO
Meus irmãos e irmãs, hoje
tenho uma pergunta aos catequizandos, que irão fazer a primeira comunhão, ou
qualquer outro que queira responder: o que significa a palavra DOMINAR? ( –
Tomar posse? – tomar conta? ) opa, já é diferente de tomar posse. Tomar posse é
o que os portugueses fizeram no Brasil séculos atrás. Então, dominar é tomar
posse ou tomar conta? É bem o tema de hoje. Temos duas posturas bem diferentes;
as duas, infelizmente, estão corretas, dependendo de como agente enxerga as
coisas. Se eu dominar, como estou acostumado a ver; um país entra dominando o
outro, o rei entra dominando os subalternos, o político derruba o outro, toma o
poder e depois ele quer dominar todo mundo, significa tomar posse. Agora,
quando Deus disse: crescei, multiplicai e dominai a terra, (Gêneis 1 e 2) Deus
não falou errado. Não é tomar posse, mas TOMAR CONTA, como se fosse o próprio
Deus cuidando. Então, você é chamado a dominar a terra, ou seja; cuidar da
terra como Senhor. Então, cada um de nós já temos um chamado; qual é? Se Deus
lhe deu a vida, é para você cuidar da sua vida, como se fosse Deus cuidando. Só
que tem pessoas que depende de outros para cuidar da vida. Aí que nós chamamos
RESPONSÁVEIS POR. Por exemplo: normalmente numa casa, quem são os responsáveis?
O pai e a mãe, mas pode inverter; em determinado tempo, o pai e a mãe já têm
certa idade, aí é os filhos que devem cuidar, como se fosse o próprio Deus
cuidando. Então, tanto o pai, a mãe cuidando dos filhos como se fosse o próprio
Deus e os filhos cuidando dos pais como se fosse o próprio Deus. Assim, o
Presbítero (padre) deve cuidar da comunidade como se fosse o próprio Deus.
Assim, o chefe da empresa deve cuidar de seus funcionários, como se fosse o
próprio Deus. Assim, também, o prefeito cuidar da cidade, o governador, o
presidente, cuidar como se fosse o
próprio Deus. Nem preciso falar muito; desde as famílias, passando pelo
presbítero e acabando nos presidentes, estamos longe de cuidar, como se fosse o
próprio Deus cuidando. Uns, por limitação do próprio pecado. Outros, por ganância.
Outros, ao invés de cuidar, querem ser cuidados. Em determinado momento, Deus
disse: vou mandar determinadas pessoas para cuidar de meu povo. Alguém se
lembra de algum nome de rei que aparece na Bíblia? – rei Davi – sim, e é o mais
admirado de todos até hoje. Ele foi perfeito em tudo o que ele fez? Não. Ele
cobrou tanto imposto do povo, que parecia os dias de hoje. Só que não devolvia
para o povo. Foi contraindo, assim, muitas riquezas, quis até construir um
santuário. Aí, Deus disse: agora chega. Quem decide onde eu moro sou eu. Teu
filho vai construir um santuário. Você não. Assim que nós temos o rei Salomão,
que vai construir o templo. Salomão foi perfeito? Não. Quando morreu o povo
disse ao seu filho: teu pai nos assolava, impunha-nos dura escravidão. Deixa o
povo, agora, ser um pouco mais livre. O filho dele falou: meu pai pesava em
vocês com um dedo. Eu vou pesar com a mão inteira. Todos os reis falharam. Sabe
por que? Tiveram a oportunidade, aí entra a tentação; o que é que eu faço:
sirvo o povo ou me sirvo do povo? Então, entre tomar conta e tomar posse, a
maioria preferiu tomar posse. Deus falou: bom, então vou eu pessoalmente dizer
como é que eu gostaria que fosse. Aí, então, se torna homem, enquanto homem
descobre não o caminho não do servo glorioso, mas do servo sofredor. É assim
que temos Jesus. Jesus é rei? Nós cremos que sim. Qual é a coroa que Jesus traz
consigo? Coroa de espinhos. Qual é o trono? A cruz. Que vestes ele usa? Ele é
totalmente despido para ser crucificado. Então, é um tipo de rei, que nenhum
rei quer ser. Pergunte se alguém topa ser crucificado para salvar o seu povo.
Não. Normalmente eles põem o povo para salvar o rei. Eles não vão para a
guerra. Mandam os outros. Então, veja; Jesus se torna um rei, que incomoda as
pessoas. Talvez incomode até nós mesmos. Porque é difícil se colocar a serviço
do povo cem por cento, mas Jesus fez isto. A segunda leitura diz que Ele é o
servo fiel. Ele realizou todo que era de se esperar de um representante de Deus
na terra. Tão perfeito e tão plena a sua realização, que Ele mostra a própria
imagem de Deus. Ele não se torna representante, embaixador, mas é o próprio
Deus feito homem. Aí é que está. Como Ele venceu o pecado, porque os outros não
conseguiram vencer o pecado, mas foram vencidos por ele, o pecado, Jesus
vencendo o pecado, destruiu a morte. Destruindo a morte nos deu vida eterna.
Durante todo o ano celebramos mistérios da nossa fé. Aquilo que Jesus
conquistou a nosso favor. Um dos mistérios é este: Nós cremos que Jesus vai
voltar um dia. Não para ser crucificado novamente, mas para TOMAR POSSE do
Reino que é dele. Porque Ele pode tomar posse. Olha, que agora estou falando de
posse. Ele pode tomar posse, porque Ele ensinou, sempre, que quem quer ser o
maior, seja o servo de todos. Então, ser subalterno a Jesus, é a maior
liberdade que podemos ter, porque Ele não precisa de nada de nosso serviço. De
nada. Muito bem. Nós cremos que Ele vai voltar. É isso que estamos celebrando
hoje. Jesus, Senhor do mundo e do universo, tomará posse de toda obra do
Criador. Hoje é o último dia do ano litúrgico. O ano litúrgico não segue o ano
civil. O ano litúrgico termina no trigésimo domingo do tempo comum. Domingo que
vem começamos o advento, que é a preparação para a vinda do Senhor. A Igreja
caminha, assim, através do Concílio. Você tem o Advento, quatro domingos, em
que nos preparamos para o Natal, depois vem o Natal, o tempo de Natal e depois
vem o Tempo Comum. Primeiro, segundo, terceiro, quarto domingo comum, chega um
ponto em que começamos a quaresma, que é a preparação para a Páscoa. Celebra-se
a Páscoa, depois o Tempo Pascal e depois
volta nos domingos do Tempo comum, até o trigésimo quarto, que é hoje, onde
Celebramos Jesus, o Rei do Universo. Quem nunca falta nas Celebrações
dominicais, ao longo de três anos, lê a Bíblia inteira, porque tem o ano A, B e
C. hoje termina o ano B, que é o Evangelho de Marcos, e semana que vem começa o
ano C, que é o Evangelho de Lucas. Que beleza a nossa Igreja. Muitos dizem que
celebramos sempre a mesma coisa e isto não é verdade. Cada dia do ano tem uma
razão especial na nossa fé para ser Celebrada. É isso que vamos professar
agora. Crer nesse Jesus, que é, que era e que há de vir.
Louvado seja Nosso Senhor
Jesus Cristo.
PE. PEDRINHO – Diocese de
Santo André – SP
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HOMILIA DE D. HENRIQUE SOARES
Modelo
I
“O
Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria,
a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6). Estas
palavras são da Antífona de Entrada da Solenidade de hoje e dão o sentido
profundo desta celebração de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo.
Uma
pergunta que pode vir – deveria vir! – ao nosso coração é esta: Jesus é Rei?
Como pode ser Rei, num mundo paganizado, num mundo pós-cristão, num mundo que
esqueceu Deus, num mundo que ridiculariza a Igreja por pregar o Evangelho e
suas exigências?... Pelo menos do Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo o
mundo não quer saber... Como, então, Jesus pode ser Rei de um mundo que não
aceita ser o seu reinado? E, no entanto, hoje, no último domingo deste ano
litúrgico de 2003, ao final de um ciclo de tempo, voltamo-nos para o Cristo, e
o proclamamos Rei: Rei de nossas vidas, Rei da história, Rei dos cosmo, Rei do
universo. A Igreja canta, neste dia, na sua oração: “Cristo Rei, sois
dos séculos Príncipe,/ Soberano e Senhor das nações!/ Ó Juiz, só a vós é
devido/ julgar mentes, julgar corações”. O texto do Apocalipse citado
no início desta meditação dá o sentido da realeza de Jesus: ele é o Cordeiro
que foi imolado. É Rei não porque é prepotente, não porque manda em tudo, até
suprimir nossa liberdade e nossa consciência. É Rei porque nos ama, Rei porque
se fez um de nós, Rei porque por nós sofreu, morreu e ressuscitou, Rei porque
nos dá a vida. Ele é aquele Filho do Homem da primeira leitura: “Foram-lhe
dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam:
seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que
não se dissolverá”. Com efeito, o reinado de Cristo não tem as
características dos reinados do mundo.
(1) Ele é Rei não porque se distancia
de nós, mas precisamente porque se fez “Filho do homem”,
solidário conosco em tudo. Ele experimentou nossas pobrezas e limitações; ele
caminhou pelas nossas estradas, derramou o nosso suor, angustiou-se com nossas
angústias e experimentou tantos dos nossos medos. Ele morreu como nós, de morte
humana, tão igual à nossa. Ele reina pela solidariedade.
(2) Ele é Rei porque nos serviu: “O
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em
resgate por muitos” (Mc 10,45). Serviu com toda a sua existência, serviu
dando sempre e em tudo a vida por nós, por amor de nós. Ele reina pelo
amor.
(3) Ele é Rei porque tudo foi criado
pelo Pai “através dele e para ele” (Cl 1,15); tudo
caminha para ele e, nele, tudo aparecerá na sua verdade: “Quem é da
verdade, ouve a minha voz”. É nele que o mundo será julgado. A
televisão, os modismos, os sabichões de plantão podem dizer o que quiserem,
ensinarem a verdade que lhes forem conveniente... mas, ao final, somente o que
passar pelo teste de cruz do Senhor resistirá. O resto, é resto: não passa de
palha. Ele reina pela verdade.
(4) Ele é Rei porque é o único que pode garantir nossa vida; pode
fazer-nos felizes agora e pode nos dar a vitória sobre a morte por toda a
eternidade: “Jesus Cristo é a testemunha fiel e verdadeira, o primeiro a
ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra”. Ele reina pela
vida.
Sim,
Jesus é Rei: “Eu sou Rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo!” Mas
seu Reino nada tem a ver com o triunfalismo dos reinos humanos – de direita ou
de esquerda! Nunca nos esqueçamos que aquele que entrou em Jerusalém como Rei,
veio num burrico, símbolo de mansidão e serviço. Como coroa teve os espinhos;
como cetro, uma cana; como manto, um farrapo escarlate; como trono, a cruz. Se
quisermos compreender a realeza de Cristo, é necessário não esquecer isso! A
marca e o critério da realeza de Cristo é e será sempre, a cruz!
Hoje,
assistimos, impressionados, a paganização do mundo, e perguntamos: onde está a
realeza do Cristo? – Onde sempre esteve: na cruz: “O meu reino não é
deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para
que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. O Reino
de Jesus não é segundo o modelo deste mundo, não se impõe por guardas, pela
força, pelas armas: meu Reino não é daqui! É um Reino que vem do mundo do amor
e da misericórdia de Deus, não das loucuras megalomaníacas dos seres humanos.
E, no entanto, o Reino está no mundo: “Cumpriu-se o tempo; o Reino de
Deus está próximo” (Mc 1,15); “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os
demônios, então o Reino de Deus já chegou para vós” (Lc 11,20). O
Reino que Jesus trouxe deve expandir-se no mundo! Onde ele está? Onde estiverem
o amor, a verdade, a piedade, a justiça, a solidariedade, a paz. O Reino do
Cristo deve penetrar todos os âmbitos de nossa existência: a economia, as
relações comerciais, os mercados financeiros, as relações entre pessoas e
povos, nossa vida afetiva, nossa moral pessoal e comunitária.
Celebrar Jesus Cristo Rei do Universo é proclamar diante do mundo que somente
Cristo é o sentido último de tudo e de todos, que somente Cristo é definitivo e
absoluto. Proclamá-lo Rei é dizer que não nos submetemos a nada nem a ninguém,
a não ser ao Cristo; é afirmar que tudo o mais é relativo e menos importante
quando confrontado com o único necessário, que é o Reino que Jesus veio trazer.
Num mundo que deseja esvaziar o Evangelho, tornando Jesus alguém inofensivo e
insípido, um deus de barro, vazio e sem utilidade, proclamar Jesus como Rei é
rejeitar o projeto pagão do mundo atual e proclamar: “O Cordeiro que
foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a
honra. A ele a glória e poder através dos séculos”. Amém (Ap 5,12; 1,6).
Modelo II
Caríssimos em Cristo, este é o último Domingo do Tempo Comum, e a Igreja
contempla, adora e proclama o seu Senhor, Jesus Cristo, como Rei e Senhor do
universo! Depois de termos percorrido todo o Ano Litúrgico, começando lá atrás,
com o Advento que nos preparava para o Natal; depois de termos atravessado a
penitência quaresmal e o júbilo pascal, depois das trinta e três semanas do
longo Tempo Comum, eis-nos agora, ao final do ano da Igreja, proclamando que o
Senhor do universo, o Rei do tempo e da eternidade é o Cristo nosso Deus!
Rei
do Universo! Título pomposo, esse! E pode nos levar à descrença e ao engano. À
descrença, quando olhamos em torno a nós e constatamos que cada vez mais Cristo
parece reinar menos! Como é Rei? Nossa sociedade é pós-cristã e neo-pagã, os
traços do cristianismo e as marcas de respeito pelo Senhor Jesus vão se
diluindo e desaparecendo rapidamente... Jesus não mais é rei nas famílias,
Jesus não mais é rei nas nossas escolas, Jesus não mais é rei nos nossos ambientes
de trabalho, não mais é rei nas nossas leis nem dos nossos legisladores e
governantes... Hoje reina o paganismo, hoje reina o relativismo, hoje reina a
banalização do que é sagrado... Não será, então, uma tremenda ilusão, uma
alienação de quem não quer ver a verdade dos fatos, dizer que Cristo é Rei? Não
estaria a Igreja tão tonta de ilusão, que pensa ainda como se fora dois ou três
séculos atrás? O mundo nos grita aos ouvidos: "Não! Cristo não é mais Rei!
Não queremos que esse aí reine sobre nós! Que reine a nossa ciência; que reine
a nossa vontade, na terra como no céu; que reine nosso prazer; reinemos nós
mesmos, como senhores do bem e do mal, do certo e do errado, da vida e da
morte!" É assim, meus irmãos, que olhando a realidade atual, a festa de hoje
pode nos levar à descrença, a uma tremenda tristeza, a um inapelável desânimo!
Somos súditos de um Reino sem espaço e de um Rei sem trono nem poder... Parece
que o Reino no qual apostamos não passa de um conto de fadas desmentido pela
realidade tão dura, rude e poderosa...
Mas,
esta visão deprimida e descrente somente pode ser possível se entendermos de
modo enganoso a festa deste hoje. E é fácil compreendê-la assim, de modo
errado. Vejamos, então! Quando afirmamos que Cristo é Rei, de que Reino estamos
falando? De que modo de reinar? De que tipo de Rei? No Evangelho de hoje,
Pilatos perguntou a Jesus: “Tu és Rei?” E Jesus confirma, mas
esclarece: “O meu Reino não é deste mundo. Meu Reino não é daqui!” Eis!
Um Reino que não é como os reinos deste mundo; um Reino que não tem de modo
algum os critérios dos reinos daqui... Um Reino que não se vê pela dimensão do
território, não se conta pelo poder de suas tropas... “Meu Reino não é
daqui!” Trata-se, como diz o Prefácio da Missa de hoje, de um “reino
eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça,
reino da justiça, do amor e da paz”. Jesus é Rei não porque manda em tudo e em
todos; é Rei não porque o mundo o reconhece e o adora... Nada disso! É verdade
que, ao fim da história humana, toda a criação e toda a humanidade serão por
ele julgadas e nele transfiguradas. As palavras da primeira leitura desta
Celebração não são uma brincadeira nem uma fábula: “Entre as nuvens do
céu vinha um como Filho do Homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e
foi conduzido à sua presença. Foram-lhe dados poder, glória e realeza e todos
os povos, nações e línguas o serviam. Seu poder é um poder eterno que não lhe
será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá”... Certamente,
a glória do Senhor se manifestará de modo claro, palpável e inapelável ante
todos nós e toda a humanidade; certamente o Senhor haverá de nos julgar a todos
e a cada um de nós; certamente, a nossa história e a história humana toda serão
passadas a limpo no Cristo... Mas, Jesus será tudo isso porque ele é o Filho do
Homem, isto é, aquele que se fez homem, se fez pequeno, tomando nossa pobre
condição humana! Aqui está a chave para compreender o reinado de Jesus! Ele não
é Rei porque é grande e mandão; ele é Rei porque é Servo, porque nos amou a
ponto de dar a vida por nós e por toda a humanidade. Observem que toda vez que
a liturgia de hoje fala da sua Realeza, proclama seu amor que fê-lo morrer por
nós. Escutem: “Eis que vem sobre as nuvens e todos os olhos o verão,
também aqueles que o traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito
por causa dele!” Compreendem? Aquele que vem como Deus, sobre as
nuvens, aquele que será contemplado, reconhecido um dia por todos, é o mesmo
que foi traspassado na cruz! Toda a humanidade que o traspassou baterá no
peito, arrependida, chorosa, admirada de tanto amor! Vejam outra passagem, o
versículo do Apocalipse, que o Missal traz como antífona de entrada da Festa de
hoje: “O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a
divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória através dos séculos”
(Ap 5,12; 1,6). É impressionante, caríssimos: aquele que é digno de receber
todo louvor não é forte e altivo como um leão, mas doce e pacífico como um
cordeiro; o Cordeiro que foi imolado, transpassado por nós! Ele é digno não
porque nos amedronta com sua grandeza, mas porque nos conquista com seu amor e
sua generosidade a ponto de se ter deixado imolar por nós! É o “Jesus
que nos ama, que nos libertou com seu sangue; que fez de nós um Reino e
sacerdotes para o seu Deus e Pai... A ele a glória e o poder...”
Compreendem, caríssimos? O Reinado de Cristo não se impõe pela força, não se
mede com a medida do mundo, não obedece aos nossos critérios! Cristo é Rei sim;
é Senhor de todas as coisas, sim; haverá de nos julgar, sim: mas os seus modos,
os seus tempos, os seus critérios não são os nossos! Por isso mesmo, a Festa de
hoje não é um grito de triunfalismo tolo, mas sim uma firme e humilde
proclamação do Senhorio de Cristo, na certeza de que o seu Reino já está
presente no mundo. Este se manifesta nas coisas humildes e pequenas, a começar
pela nossa vida. O Reino de Cristo deve aparecer sobretudo na vida da Igreja e
na vida dos cristãos. Ali, onde o amor de Cristo é acolhido com doçura e
bondade; ali, onde reina o amor e a caridade; ali onde o serviço e o perdão
estão presentes; ali, onde se reza e se busca realmente levar a cruz com Cristo
até a morte... É aí, nessas situações bem concretas, que o Reino de Cristo
faz-se presente desde já... Cuidemos de ser atentos! Num mundo que adora tudo
que é “mega” (mega-show, mega-evento, etc), tudo quanto é vistoso e
pirotécnico, o Reino se apresenta com critérios totalmente opostos!
Eis a
grande lição da Festa deste hoje: o tempo, a história, o cosmo... tudo corre
para Jesus: ele é o Alfa e o Ômega, o A e o Z, o Primeiro e o Último! É nele,
no critério da sua cruz, que tudo será avaliado, tudo será julgado! Ao Reinado
de Cristo, um Dia – no seu Dia - tudo estará plenamente submetido! Mas, nunca
esqueçamos: aquele que é nosso Rei e Juiz é o nosso Salvador, o humilde Filho
do Homem, que se manifestará revestido de glória porque morreu por nós: “Jesus
Cristo é a Testemunha fiel, o Primogênito dentre os mortos, o Soberano dos reis
da terra”. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
D. Henrique Soares
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O rei da mentira x A verdade do Rei
Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A hodierna solenidade de Nosso Senhor
Jesus Cristo, Rei do universo, muito bem situada pela reforma litúrgica do
Vaticano II no encerramento do ciclo dominical do ano litúrgico, evidencia
ainda mais a fé que professamos a cada eucaristia: Cristo como centro e Senhor
da história (1ª leitura). Nele toda a criação e a humanidade se encontram e
encontram a sua razão de ser, pois Ele é o Alfa e o Ômega (2ª leitura). Apesar
de não se identificar com nenhum reinado deste mundo, Ele é verdadeiro Rei,
pois sua autoridade está fundamentada na verdade (evangelho Ano B) e não no
poder garantido pela mentira e sustentado por ideologias falsificadoras da
realidade. Verdade que não é simplesmente a coincidência entre ideias e
realidades superficiais correspondentes. Mas a verdade é a sua Pessoa
comprometida com a vida, pela qual aceita morrer, para viver e reinar
eternamente.
A perícope desta solenidade é uma das portas principais para compreender toda a narração joanina da paixão, morte e ressurreição de Jesus (Jo 18–20). Estamos diante de um dos maiores dramas da humanidade em toda a sua história: reconhecer a verdade e morrer por ela, para que a vida reine, ou abraçar a mentira e condenar à morte uma multidão de inocentes. Contudo, apesar de o império da mentira parecer vencedor, o reino da verdade já foi estabelecido. Não há o que duvidar, pois a dúvida engendra derrotados, enquanto que a fé na verdade dá à luz os vitoriosos.
Diante de Jesus, que é a Verdade (Jo 14,6), a mentira é desmascarada e anuncia-se, desta forma, a sua derrota: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz... Mas quem age segundo a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que as suas obras são feitas em Deus” (Jo 3,19-21).
A perícope desta solenidade é uma das portas principais para compreender toda a narração joanina da paixão, morte e ressurreição de Jesus (Jo 18–20). Estamos diante de um dos maiores dramas da humanidade em toda a sua história: reconhecer a verdade e morrer por ela, para que a vida reine, ou abraçar a mentira e condenar à morte uma multidão de inocentes. Contudo, apesar de o império da mentira parecer vencedor, o reino da verdade já foi estabelecido. Não há o que duvidar, pois a dúvida engendra derrotados, enquanto que a fé na verdade dá à luz os vitoriosos.
Diante de Jesus, que é a Verdade (Jo 14,6), a mentira é desmascarada e anuncia-se, desta forma, a sua derrota: “Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz... Mas quem age segundo a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que as suas obras são feitas em Deus” (Jo 3,19-21).
Pilatos, ao interrogar Jesus sobre as
acusações feitas contra Ele, torna-se o porta-voz de três mentiras denunciadas
ao longo da narração. Mentiras não apenas de caráter pessoal, mas de
abrangência universal. A história humana está marcada por uma constante
ambiguidade, vive a tensão entre optar pela mentira que escraviza ou reconhecer
e assumir a verdade que liberta.
Primeira mentira: És o rei dos Judeus? Esta pergunta indica uma das grandes manobras ideológicas de todos os tempos para distorcer sutilmente a verdade, isto é, induzir o outro a assumir a mentira com suas próprias palavras e atitudes. A guerra semântica dos nossos dias é o terreno mais propício para promover a confusão e, consequentemente, fazer passar a mentira como verdade absoluta. Semelhante situação se deu quando a serpente no paraíso quis induzir Eva a afirmar ser Palavra de Deus, o que na verdade, era uma mentira sua. Para convencer a mulher, introduziu sua pergunta com as palavras: “Então Deus disse: Vós não podeis comer do fruto das árvores...” (Gn 3,1). Num primeiro momento, Eva reage e corrige a serpente esclarecendo o que, de fato, Deus lhes havia dito (Gn 2,17). Porém, não perseverou na verdade, apenas reconheceu-a. Na investida seguinte, deixou-se convencer pela mentira do mais astuto e caiu na armadilha. Jesus, ao ser tentado no deserto, também foi induzido pelo diabo a agir conforme a “verdade” do tentador, que afirmando ser Jesus “Filho de Deus”, exigia dele uma falsa prova disso, pois negaria a verdade da sua missão de Messias sofredor, transformando-se em messias triunfalista, sem cruz e sem morte. Diante da pergunta de Pilatos, Jesus não se deixa enganar e declara: “Tu dizes: eu sou rei”. Em outras palavras: “quem está dizendo ser rei aqui és tu” (o grego hoti pode ser traduzido por “dois pontos”, tornando assim uma declaração direta). As atitudes de Pilatos confirmam a verdade desta palavra de Jesus. É ele quem está assumindo as prerrogativas de rei (interrogar, julgar, anistiar, condenar), já que na qualidade de governador romano, era o representante do imperador. Por outro lado, o próprio povo o reconhece também como rei, pois exige que julgue e condene Jesus. E se não o fizer, declarar-se-á inimigo do Rei César (Jo 19,12). Consequentemente, respondendo ao pedido do povo, Pilatos assume ser ele mesmo o rei dos judeus. O povo, por sua vez, faz a grande declaração de sua apostasia: “Não temos outro rei senão César” (Jo 19,15). Portanto, não é Jesus quem reivindica para si o título de rei, pois já havia afirmado que não veio para julgar ou condenar o mundo, mas para salvá-lo (Jo 3,17).
Segunda mentira:
“Sou por acaso Judeu?” A distorção falaciosa leva a assumir atitudes
de negação diante das consequências do confronto com a verdade. Negar a
cumplicidade é a maneira mais irresponsável de isentar-se da culpa. Manobra
muito utilizada pelos pretensos reis dos nossos dias. No irromper da verdade,
valem-se da estratégia da transferência de culpa para terceiros. Não viram
nada, não sabem nada, apenas foram pegos de surpresa. A verdade de Jesus não é
manipulada, não se deixa convencer por estratégias eficientes para livrar-se
das consequências de sua missão. A identidade e a missão não se contradizem.
Não há situação que justifique uma possível incoerência com o intuito de livrar
a pele. Já no horto quando os soldados chegaram para prendê-lo, Ele não foge
nem se deixa confundir com outro para escapar à prisão, mas pelo contrário,
adianta-se e identifica-se por três vezes: “Sou eu” (Jo 18,5.6.8). Os covardes
têm medo da verdade, por isso se camuflam e fogem, enquanto que a verdade dá
coragem aos injustiçados tornando-os aptos para o enfrentamento.
Terceira mentira:
“Nenhuma culpa encontro nele”. Declarar a verdade não significa
apenas reconhecê-la teoricamente. Mesmo afirmando ser Jesus inocente, Pilatos
não foi suficientemente corajoso para denunciar a mentira das acusações e
assumir a verdade. Do ponto de vista oficial, formal, na nossa sociedade muitos
dos seus seguimentos, organismos, instituições, estão todos de acordo em
relação a grandes urgências e necessidades para o bem comum, mas acabada a
reunião, cada um faz o que lhe interessa e convém, em detrimento da verdade
proclamada pelos acordos assinados. Pilatos reconhece a verdade, mas não se
compromete com ela. Tem medo de pagar o preço pela verdade que se impõe, prefere
a mentira para ter garantido o seu lugar na elite dominante, ainda que por
pouco tempo, pois o seu sistema apoiado em falsas ideologias não terá outro fim
senão o desmoronamento. Dizer que é verdade a inocência de Jesus não era o
suficiente para saber o que é verdade. Mas era preciso acolher a palavra
libertadora de Jesus, tornando-se discípulo seu. Contudo, não foi capaz de crer
naquilo que o Mestre ensinara: “Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará” (Jo 8,31-32). Diante da verdade do Cristo-Rei do Universo, os
Pilatos de todos os tempos preferem continuar a ser reis da mentira.
==============------------------=============
Para a Celebração da
Palavra (Diáconos ou ministros da Palavra):
LOUVOR após a coleta: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE
O ALTAR):
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR
N/ DEUS...
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Nós vos louvamos, ó
Deus de Bondade.
1 Senhor, nosso Deus
e Pai, grande é o vosso amor nos enviando vosso Filho para nos salvar!
T: Nós vos louvamos,
ó Deus de Bondade.
2 Nós vos damos graças pelo nosso batismo e por nos acolher
como filhos vossos!
T: Nós vos louvamos,
ó Deus de Bondade.
3 Obrigado, Pai, pelo perdão de nossos pecados.
T: Nós vos louvamos,
ó Deus de Bondade.
4 Enviai o Espírito Santo para que saibamos praticar o bem e
fazer a Vossa vontade!
T: Nós vos louvamos,
ó Deus de Bondade.
5 Pai, hoje aclamamos Jesus como nosso Rei e nosso Pastor.
Guiai-nos, pai, para as águas vivas da vida eterna!
T: Nós vos louvamos,
ó Deus de Bondade.
6 Ajudai-nos a ver nos irmãos e irmãs a vossa imagem e
semelhança, para que saibamos perdoar e ser auxílio!
T: Nós vos louvamos,
ó Deus de Bondade.
7 Pai, dai-nos a vossa graça para espelharmos vossa luz ao
mundo como sinal de esperança.
T: Nós vos louvamos,
ó Deus de Bondade.
- PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o
Cordeiro...
==========-------------------==========
SINOPSE: ò Jesus Cristo, Rei e Senhor
do Universo.
TEMA: “O meu reino não é deste mundo!” O último domingo
do ano litúrgico convida-nos a tomar consciência da realeza de Jesus; não é à
maneira dos reis deste mundo: é uma com a lógica de Deus.
Primeira leitura:
Deus vai intervir no mundo eliminando a ambição, a violência, a opressão. Os
cristãos verão nesse “filho de homem”
vitorioso um anúncio da realeza de Jesus.
Evangelho:
Jesus a assume a sua condição de rei diante de Pilatos. A realeza de Jesus não
está na ambição, poder, autoridade e violência, mas no amor, no serviço, no
perdão, na partilha, no dom da vida.
Segunda leitura:
o Apocalipse apresenta Jesus como o Senhor do Tempo e da História, o princípio
e o fim de todas as coisas, Aquele que há-de vir para instaurar o reino de felicidade,
de vida e de paz.
LEITURA I – Dan 7,13-14 ...sobre as nuvens do céu, veio alguém
semelhante a um filho do homem. ...Foi-lhe entregue o poder, a honra e a
realeza, e todos os povos e nações O serviram. O seu poder é eterno.
AMBIENTE - Daniel século II a.C., Antíoco IV.
MENSAGEM - ...“filho de homem” “sobre as nuvens” tem uma origem
transcendente. Deus vai intervir no mundo e Jesus assumirá que é “o Messias, o
Filho de Deus bendito”.
ATUALIZAÇÃO - ♦ Jesus é o enviado e introduziu a lógica do amor, do
serviço e da doação. O reino de Jesus já está presente.
EVANGELHO – Jo 18,33b-37: «Tu és o Rei dos judeus?» «É como dizes: sou Rei. Para
isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que
é da verdade escuta a minha voz».
MENSAGEM -
1 Rei tem poder arrogante e prepotente à Tem poder, mas ama e dá a vida por nós.
2 O Rei age na força e opressão; injustiças à tem humildade, amor e
compaixão; vida
3 O Rei Se distancia para ser servido à se aproxima, encarna, vive nossas
limitações
4 O Rei é o servido por todos à Jesus é o servidor, Ensina, cura e
liberta.
5 O Rei se apossa dos bens à Tudo foi criado por ele e para ele. Ele
é a verdade.
6 O rei salva sua pele à Jesus se doa por nós, é o caminho
que salva.
7 O rei lógica da ambição à Jesus lógica da partilha, da dignidade
de
filhos de D
“Eu sou Rei! Para isto nasci, para isto
vim ao mundo!” Mas entrou em Jerusalém como Rei num burrico, símbolo
de mansidão e serviço. A marca da realeza de Cristo é a cruz!
LEITURA II – Ap 1,5-8 Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogênito
dos mortos, o Príncipe dos reis da terra. e fez de nós um reino de sacerdotes
para Deus seu Pai. Ei-Lo que vem entre as nuvens, e todos os olhos O verão. «Eu
sou o Alfa e o Ômega», diz, o Senhor do Universo».
AMBIENTE - “Apocalipse” significa “manifestação de algo que está
oculto”, revelação. É esperança. João, exilado na ilha de Patmos, imperador
Domiciano (ano 95). As comunidades grave crise interna, heresias, falta
de entusiasmo e fé. Há também violenta perseguição:
MENSAGEM - Jesus é a “testemunha
fiel” até à morte, testemunhou o que Deus queria revelar e mostrou aos
homens o rosto do Deus-amor.
Jesus é o “primogênito
dos mortos”, porque foi o primeiro a vencer a morte.
Jesus é o “príncipe
dos reis da terra”, porque inaugurou um reino novo, de vida e de
felicidade sem fim e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus
seu Pai, a Ele a glória.
A cruz é expressão do amor.
Jesus é princípio e o fim (o “alfa” e o “ómega”.), Aquele que era e que há-de vir.
ATUALIZAÇÃO - ♦ Jesus é o Senhor do Tempo e da História, princípio e fim
de todas as coisas;
♦ A lógica de Jesus não é a autoridade, a força, mas o amor
manifestado na cruz para, para os integrar na família de Deus.
LOUVOR após a coleta: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR):
- O SENHOR ESTEJA COM
TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR N/ DEUS...
- COM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Nós vos louvamos e
vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
1 Senhor, nosso Deus
e Pai, grande é o vosso amor nos enviando vosso Filho para nos salvar! Nós vos
damos graças pelo nosso batismo e por nos acolher como filhos vossos!
T: Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
2 Obrigado, Pai, pela vossa misericórdia em perdoar nossos
erros. Enviai o Espírito Santo para que saibamos praticar o bem e fazer a Vossa
vontade!
T: Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
3 Pai, hoje aclamamos Jesus como nosso Rei e nosso Pastor.
Guiai-nos, pai, para as águas da vida eterna!
Ajudai-nos a ver nos irmãos e irmãs a vossa imagem e
semelhança, para que saibamos perdoar e ser auxílio!
T: Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
4 Pai, dai-nos a vossa graça para que sejamos luz aos nossos
irmãos e irmãs e sejamos mais fraternos na construção de vosso Reino!
T: Nós vos louvamos e vos agradecemos, ó Deus de Bondade.
- PAI
NOSSO... - Paz de Cristo.. – Eis o Cordeiro...
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