terça-feira, 31 de dezembro de 2019

EPIFANIA DO SENHOR ANO a, Homilias, subsídios homiléticos


EPIFANIA DO SENHOR ANO a 2019 (Adaptado pelo Diácono Ismael)

Sinopse:
Tema: Epifania do Senhor: A manifestação de Jesus a todos os homens… Ele é a “luz” que atrai a todos os povos.  Primeira leitura: Anuncia a chegada da luz de Jahwéh, que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.
Evangelho: Ao encontro de Jesus vêm os “magos” do oriente, representantes de todos os povos da terra… Segunda leitura: O projeto salvador de Deus vai atingir toda a humanidade numa mesma comunidade de irmãos.

PRIMEIRA LEITURA (Is 60,1-6) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor. Eis que está
a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória se manifesta sobre ti. Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe com tuas filhas, carregadas nos braços. Ao vê los, ficarás radiante, com o coração vibrando e batendo forte, pois com eles virão as riquezas de além-mar e mostrarão o poderio de suas nações; será uma inundação de camelos e dromedários de Madiã e Efa a te cobrir; virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando a glória do Senhor.

AMBIENTE - “Trito-Isaías”. Trata-se de um profeta, pós-exílio, que exerceu o seu ministério em Jerusalém após o regresso dos exilados da Babilónia, nos anos 537/520 a.C.; Deus para trazer a salvação definitiva ao seu Povo. Então, Jerusalém voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa, o Templo será reconstruído e Deus habitará para sempre no meio do seu Povo.

MENSAGEM - Inspirado pelo sol nascente que ilumina as construções de Jerusalém e faz a cidade transfigurar-se pela manhã, o profeta sonha com uma Jerusalém muito diferente daquela que os retornados do Exílio conhecem; essa nova Jerusalém levantar-se-á quando chegar a luz salvadora de Deus, que dará à cidade um novo rosto. Nesse dia, Jerusalém vai atrair os olhares de todos os que esperam a salvação. Como consequência, a cidade será repovoada; além disso, povos de toda a terra – atraídos pela promessa do encontro com a salvação de Deus – convergirão para Jerusalém, inundando-a de riquezas (nomeadamente incenso, para o serviço do Templo) e cantando os louvores de Deus.

ATUALIZAÇÃO - O projeto de libertação que Jesus veio apresentar aos homens será a luz que vence as trevas do pecado e da opressão e que dá ao mundo um rosto mais brilhante de vida e de esperança.

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 71 (72)
As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!
• Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, / vossa justiça ao descendente da realeza! /
Com justiça ele governe o vosso povo, / com equidade ele julgue os vossos pobres.
• Nos seus dias a justiça florirá / e grande paz, até que a lua perca o brilho! /
De mar a mar estenderá o seu domínio, / e desde o rio até os confins de toda a terra!
• Os reis de Társis e das ilhas hão de vir / e oferecer-lhe seus presentes e seus dons; /
também os reis de Seba e de Sabá / hão de trazer-lhe oferendas e tributos. /
Os reis de toda a terra hão de adorá-lo, / e todas as nações hão de servi-lo.
• Libertará o indigente que suplica, / e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. /
Terá pena do indigente e do infeliz, / e a vida dos humildes salvará.

EVANGELHO (Mt 2,1-12) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, perguntando: “Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”. Ao saber disso, o rei Herodes ficou perturbado, assim como toda a cidade de Jerusalém. Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da Lei, perguntava-lhes onde o Messias deveria nascer. Eles responderam: “Em Belém, na Judeia, pois assim foi escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo”. Então Herodes chamou em segredo os magos e procurou saber deles cuidadosamente quando a estrela tinha aparecido. Depois os enviou a Belém, dizendo: “Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino. E, quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo”. Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho.

AMBIENTE - O episódio da visita dos magos ao menino de Belém é uma catequese sobre Jesus e a sua missão… Por outras palavras: Mateus não está aqui interessado em apresentar uma reportagem jornalística que conte a visita oficial de três chefes de estado estrangeiros à gruta de Belém; mas está interessado em (recorrendo a símbolos e imagens bem expressivos para os primeiros cristãos) apresentar Jesus como o enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação de Deus aos homens de toda a terra.

MENSAGEM - Notemos, em primeiro lugar, a insistência de Mateus no fato de Jesus ter nascido em Belém de Judá (cf. vers. 1.5.6.7). Para entender esta insistência, temos de recordar que Belém era a terra natal do rei David e que era a Belém que estava ligada a família de David. Afirmar que Jesus nasceu em Belém é ligá-lo a esses anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente de David que havia de nascer em Belém (cf. Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2) e restaurar o reino ideal de seu pai. Com esta nota, Mateus quer aquietar aqueles que pensavam que Jesus tinha nascido em Nazaré e que viam nisso um obstáculo para o reconhecerem como o Messias libertador.
Notemos, em segundo lugar, a referência a uma estrela “especial” que apareceu no céu por esta altura e que conduziu os “magos” para Belém. A interpretação desta referência como histórica levou alguém a cálculos astronómicos complicados para concluir que, no ano 6 a.C., uma conjunção de planetas explicaria o fenômeno luminoso da estrela refulgente mencionada por Mateus; outros andaram à procura de um cometa que, por esta época, devia ter sulcado os céus do antigo Médio Oriente… Na realidade, é inútil procurar nos céus a estrela ou cometa em causa, pois Mateus não está a narrar fatos históricos. Segundo a crença popular da época, o nascimento de uma personagem importante era acompanhado da aparição de uma nova estrela. Também a tradição judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacó (cf. Nm 24,17). Ora, é com estes elementos que a imaginação de Mateus, posta ao serviço da catequese, vai inventar a “estrela”. Mateus está, sobretudo, interessado em fornecer aos cristãos da sua comunidade argumentos seguro para rebater aqueles que negavam que Jesus era esse Messias esperado.
Temos ainda as figuras dos “magos”. A palavra grega “mágos”, usada por Mateus, abarca um vasto leque de significados e é aplicada a personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães, sacerdotes persas, propagandistas religiosos… Aqui, poderia designar astrólogos mesopotâmios, em contato com o messianismo judaico. Seja como for, esses “magos” representam, na catequese de Mateus, esses povos estrangeiros de que falava a primeira leitura (cf. Is 60,1-6), que se põem a caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na opinião de Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa “luz”.
Além de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de forma paradigmática, duas atitudes que se vão repetir ao longo de todo o Evangelho: o Povo de Israel rejeita Jesus, enquanto que os “magos” do oriente (que são pagãos) O adoram; Herodes e Jerusalém “ficam perturbados” diante da notícia do nascimento do menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.
Mateus anuncia, desta forma, que Jesus vai ser rejeitado pelo seu Povo; mas vai ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do novo Povo de Deus. O itinerário seguido pelos “magos” reflete a caminhada que os pagãos percorreram para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem que Jesus é a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para O encontrar, perguntam aos judeus – que conhecem as Escrituras – o que fazer, encontram Jesus e adoram-no como “o Senhor”. É muito possível que um grande número de pagão-cristãos da comunidade de Mateus descobrisse neste relato as etapas do seu próprio caminho em direção a Jesus.

ATUALIZAÇÃO
• Diante de Jesus, o libertador enviado por Deus, estes distintos personagens assumem atitudes diversas, que vão desde a adoração (os “magos”), até à rejeição total (Herodes), passando pela indiferença (os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados).
• Os “magos” são apresentados como os “homens dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da libertação… Somos pessoas atentas aos “sinais” – isto é, somos capazes de ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz de Deus? Procuramos perceber nos “sinais” que aparecem no nosso caminho a vontade de Deus?
• Impressiona também, no relato de Mateus, a “desinstalação” dos “magos”: viram a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa televisão, à nossa aparelhagem, ao nosso computador? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
• Os “magos” representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja – essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.

SEGUNDA LEITURA (Ef 3,2-3a.5-6) Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios.
Irmãos, se ao menos soubésseis da graça que Deus concedeu para realizar o seu plano a vosso respeito, e como, por revelação, tive conhecimento do mistério. Este mistério, Deus não o fez conhecer aos homens das gerações passadas, mas acaba de o revelar agora, pelo Espírito, aos seus santos apóstolos e profetas: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.

AMBIENTE - A Carta aos Efésios é aquilo que o autor chama “o mistério”: trata-se do projeto salvador de Deus, definido e elaborado desde sempre, escondido durante séculos, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos e, nos “últimos tempos”, tornado presente no mundo pela Igreja.
Na parte dogmática da carta (cf. Ef 1,3-3,19), Paulo apresenta a sua catequese sobre “o mistério”: depois de um hino que põe em relevo a ação do Pai, do Filho e do Espírito Santo na obra da salvação (cf. Ef 1,3-14), o autor fala da soberania de Cristo sobre os poderes angélicos e do seu papel de cabeça da Igreja (cf. Ef 1,15-23); depois, reflete sobre a situação universal do homem, mergulhado no pecado, e afirma a iniciativa salvadora e gratuita de Deus em favor do homem (cf. Ef 2,1-10); expõe, ainda, como é que Cristo – realizando “o mistério” – levou a cabo a reconciliação de judeus e pagãos num só corpo, que é a Igreja (cf. 2,11-22)… O texto que nos é proposto vem nesta sequência: nele, Paulo apresenta-se como testemunha do “mistério” diante dos judeus e diante dos pagãos (cf. Ef 3,1-13).

MENSAGEM - É esse “mistério” que Paulo aqui desvela … Paulo insiste que, em Cristo, chegou a salvação definitiva para os homens; e essa salvação não se destina exclusivamente aos judeus, mas destina-se a todos os povos da terra, sem exceção. Agora, judeus e gentios são membros de um mesmo e único “corpo” (o “corpo de Cristo” ou Igreja), partilham o mesmo projeto salvador que os faz, em igualdade de circunstâncias com os judeus, “filhos de Deus” e todos participam da promessa feita por Deus a Abraão (cf. Gn 12,3) – promessa cuja realização Cristo levou a cabo.

ATUALIZAÇÃO - • A primeira novidade é que Cristo é a revelação e a realização plena desse projeto. A segunda novidade é que esse projeto não se destina apenas “a Jerusalém” (ao mundo judaico), mas é para ser oferecido a todos os povos.
• Destinatários, todos, do mistério, somos “filhos de Deus” e irmãos uns dos outros. Essa fraternidade implica o amor sem limites, a partilha, a solidariedade…

fonte: Dehonianos
==================----------------------============

Vimos e viemos...

Celebramos hoje a festa da EPIFANIA, que apresenta a visita dos Magos ao Menino de Belém.

Epifania é uma palavra grega, que significa "Manifestação".
Para os cristãos, epifania é uma manifestação extraordinária de Deus, pela qual ele se revela em fatos da história da salvação...
- No Antigo Testamento temos muitas epifanias...
- Essas epifanias eram a preparação da epifania definitiva, cuja festa hoje celebramos:  É a manifestação de Jesus, como "a Luz" que atrai a si todos os povos da terra.
Essa "luz" encarnou na história, a fim de iluminar os caminhos dos homens  com uma proposta de Salvação.

A 1ª Leitura anuncia a chegada da Luz salvadora de Javé, que alegrará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo. (Is 60,1-6)

A 2ª Leitura afirma que a presença salvadora de Deus no meio do povo não se destinará apenas a Jerusalém, mas a todos os povo. (Ef 5,2-3.5-6)

* É uma síntese do pensamento de Paulo sobre o "Mistério":
O projeto salvador de Deus, definido desde toda a eternidade, escondido durante séculos, revelado e concretizado em Jesus, comunicado aos Apóstolos e dado a conhecer ao mundo pela Igreja.

No Evangelho, vemos a concretização das promessas. (Mt 2,1-12)

Os "Magos", atentos aos sinais da chegada do Messias, vão ao encontro Jesus, aceitam-no como "Salvação de Deus".
O texto não é uma reportagem da visita de três chefes de estado. É uma Catequese para apresentar Jesus como Salvador de todos os homens.
- Belém: aí deveria nascer o Messias, descendente de Davi...
- Os Magos representam os homens do mundo inteiro,  que se põem a caminho de Jerusalém com suas riquezas
para encontrar a Luz salvadora de Deus, que brilha sobre a cidade. (1ª L.)
- A Estrela não é um astro no céu, mas Jesus, a Luz que ilumina todos os homens.

Meditemos as ATITUDES dos principais personagens...

Os Magos: "Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-lo..."
São "os homens dos sinais", que sabem ver numa estrela o sinal da chegada da Libertação.
Deixam tudo... Não desistem perante o cansaço da longa viagem...
Não desanimam com o desaparecimento da estrela, nem com a indiferença dos habitantes de Jerusalém:
perseveram até o fim e acabam encontrando o que procuram.
Não vão de mãos vazias... Oferecem o que têm de melhor...

* Os "Magos" representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo e que se prostram diante dele. É imagem da Igreja, essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e o reconhecem como "o Senhor".

Os Doutores da Lei:
Souberam indicar muito bem o caminho aos magos, mas não foram a Belém...

Herodes: Ganancioso, tinha o poder em suas mãos...
E uma criança indefesa amedronta esse rei poderoso e sua luxuosa corte....

* DUAS ATITUDES vão se repetir ao longo de todo o Evangelho:
- O povo de Israel rejeita Jesus, enquanto que os "magos" do oriente (que são pagãos) O adoram;
- Herodes e Jerusalém "ficam perturbados" e planejam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma grande alegria e  o reconhecem como o seu Senhor.
- Jesus vai ser rejeitado pelo seu povo; mas vai ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do novo Povo de Deus.
- Diante de Jesus, as atitudes são diversas:  vão desde a adoração dos "magos" até à rejeição total de Herodes,
  passando pela indiferença dos sacerdotes e os escribas:
  Eles conheciam bem as Escrituras, mas não foram ao encontro do Messias.

Com quem nos identificamos?
- Com os Magos, que se ajoelham: isto é: reconhecem nele a Luz do Mundo e o seguem por outro caminho.
- Com os sacerdotes e escribas, que ficam indiferentes...
- Com Herodes, que procura apagar essa Luz.

+ A Lição dos Magos.
- O itinerário dos "magos" reflete o processo dos pagãos para encontrarem Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem que Jesus traz a salvação; põem-se decididamente a caminho para o encontrar; perguntam aos judeus, que conhecem as Escrituras, o que fazer; encontram Jesus e o adoram.

* A exemplo dos Magos, somos todos peregrinos na fé!...
- ATENTOS aos sinais... e prontos a segui-lo com generosidade?
- PERSEVERANTES, mesmo nos momentos de dificuldades, quando a estrela indicadora parece ter desaparecido,   ou próprio Deus parece ter-se esquecido da gente?
- FIÉIS, apesar da maldade dos Herodes da vida, ou da indiferença de tantos católicos, que encontramos    ao longo de nossa caminhada para Deus?
- GENEROSOS em oferecer o que de melhor temos,   ou nos apresentamos sempre de mãos vazias ?
Temos a certeza de que em nossa caminhada para Deus...
Ele sempre se manifesta a quem o procura de coração sincero?

                                                                      Pe. Antônio Geraldo

===========--------------==================

Homilia do Pe. PEDRINHO

Cada ano somos convidados a voltar o olhar para a epifania do Senhor.  Jesus que se manifesta o messias para todo o ser humano. Esta festa tem como símbolo principal a LUZ. Qual a razão? Porque a luz ocupa muitas páginas da Bíblia, tanto no antigo como no novo testamento. Já na primeira página que fala da criação, o texto diz: No princípio era o caos e Deus disse: Faça-se a luz, e a luz foi feita. Houve tarde e manhã; primeiro dia. Esta luz não pode ser confundida com o sol, porque no relato da criação, o sol será criado no quarto dia. O sol é o luzeiro maior para iluminar o dia e o luzeiro menor para iluminar a noite, que é a lua. Nós sabemos que esta luz será de grande ajuda para o povo de Deus. Na libertação do povo no Egito, nós temos o sarça ardente, uma luz que brilha, um fogo que não consome a sarça. E através desta sarça, Deus se comunicando com Moisés, dizendo: “Você deve me ajudar a libertar o meu povo. Depois vamos ver uma coluna de fogo acompanhando o povo que era escravo no Egito para a terra prometida. Esta luz, coluna de fogo, ilumina o caminho para aqueles que vão para a terra prometida e ofusca os olhos dos egípcios. Nós temos esta mesma manifestação de Deus, através do fogo, apresentada para nós, através de São João Evangelista e de São Paulo. São João vai dizer: No princípio era a palavra, a palavra estava em Deus e a Palavra era Deus. Tudo foi feito por Ele e sem Ele nada foi feito. E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Ele é a LUZ que veio a este  mundo, mas o mundo preferiu as trevas. Então, São João nos apresenta Jesus, como sendo esta luz. Também são Paulo na caminhada para Damasco, em pleno sol do meio dia no deserto, vê uma luz muito mais forte do que o sol, senão ele não teria percebido esta luz. E no encontro com esta luz, descobre que esta luz é Jesus, apresentado então como luz do mundo. O próprio Jesus disse: Eu sou a luz do mundo e vós sois a luz do mundo; ninguém acende uma lâmpada para colocar debaixo da cama, mas em lugar que ilumina todo o ambiente. Jesus se apresenta como luz e espera de cada um que sejamos luz. Como posso ser luz? O batismo me concede isto. No batismo somos apresentados ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. O Pai se revela como luz na sarça ardente, o Filho se revela como luz na medida em que abre os olhos do cego, o Espírito Santo se revela como luz na medida que se revela como luz de fogo em Pentecostes e se reparte em línguas de fogo sobre os apóstolos e vai iluminar a compreensão de cada ser humano. No batismo recebemos uma vela, onde se diz; recebei a luz de Cristo. Esta luz vos é entregue para que alimenteis, esforçai-vos para que caminheis sob a luz que é o Cristo e possas ir ao seu encontro quando Ele vier. Esta vela é acesa naquela outra vela que é o Círio, que tanto lembra a coluna de fogo no antigo testamento, quanto Jesus ressuscitado, Círio este que nós acendemos no sábado santo, na vigília da Páscoa da Ressurreição.
Então veja, que todo este símbolo, toda esta grandeza simbólica para nos ajudar a experimentar Jesus. Como podemos ligar tudo isto com a liturgia de hoje? Primeiro porque Isaías vai dizer que Jerusalém tem como vocação ser a luz para o mundo, pois para lá se dirigirão todos os povos de todos os países e trarão para Deus ouro e incenso.
São Paulo vai dizer; eu de fato descobri o mistério e quero revelar a vocês; através do Evangelho de Jesus Cristo, a promessa de Deus se estende a toda a humanidade. Isto ele descobriu no encontro com Deus, na pessoa de Jesus, no deserto.
Mateus então vai nos ajudar que de fato Jesus é esta luz que veio para iluminar as nações e a cada ser humano, pois Jesus é o grande Messias. De que maneira ele nos anuncia isto? Contando, relatando a história dos magos. É interessante, que os magos vão ao encontro de Jesus e encontrarão Jesus na manjedoura, e encontrarão Jesus no colo de Nossa Senhora, encontrarão Jesus naquela casa e ali oferecem os seus presentes. É interessante que Mateus adiciona, coloca um presente a mais; Isaías dissera que Ele receberia ouro e incenso. Ouro simbolizando toda a realeza e o incenso toda a Divindade. São Mateus vai dizer que tem a Mirra também. Jesus é revelado como a luz do mundo em sua paixão e morte de cruz. A Mirra simboliza o sofrimento enfrentado por Jesus. Nós sabemos bem, que no momento  da morte, do meio dia às três da tarde, houve trevas sobre toda a terra, que é exatamente a ausência da luz. Jesus vence as trevas para nos trazer a luz do dia, mas no dia do Senhor. Portanto, Mateus assim nos ensina que através dos magos, Jesus pode brilhar como a luz para todos os povos, porque nenhum dos magos pertence ao povo de Deus. Agora, Jesus é luz para todo aquele que o acolhe como sendo a luz. É evidente, que a luz que estamos falando, eu a enxergo com os olhos da fé. É por isto mesmo que somos chamados a enxergar esta luz, cada vez que participamos da Eucaristia.
O que tem de haver a Eucaristia com esta luz? Em primeiro lugar, quando nós nos encontramos na Igreja, é como os magos fizeram; agente vem de toda parte para se encontrar com Jesus. E onde eu me encontro com Jesus? Na Eucaristia  (em grego: εὐχαριστία = "reconhecimento", "ação de graças"). Jesus se apresenta na patena, pratinho onde eu coloco o alimento. Portanto, Jesus se apresenta na Manjedoura. E eu vou ao encontro de Jesus para adorá-lo. Por isto, é muito interessante, que Jesus tem que nascer em Belém. Porque Belém significa a casa do pão. Se Jesus é o pão, o alimento para todos nós, Ele além de ser a Luz e também o nosso alimento. É muito interessante, porque inverteu o papel. Lá, os Magos foram presentear Jesus e aqui é Ele que nos presenteia com seu corpo e seu sangue. Então, como os Magos, hoje nós viemos ao encontro de Jesus e o que podemos presentar, dar de presente a Jesus? É você que escolhe o que pode lhe oferecer na sua vida. Sabemos que Jesus não precisa de nada. Ele no entanto nos fala: Senhor, quando foi te vimos com fome, com sede, preso, nu, necessitado? O que fizerdes ao menor de meus irmãos, a mim o fazes. Então, o presente de Jesus é em vista do irmão, em vista do próximo. Será que eu posso ser uma luz para o irmão? Ajuda-lo a caminhar no caminho do Senhor, ajuda-lo a vencer as dificuldades da vida? As incertezas, os medos, a falta de alimento, a falta de um ombro amigo? É tudo isto que a liturgia nos convida a pensar e a refletir no dia de hoje.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO

HOMILIA II DO PE. PEDRINHO

Irmãos e irmãs, sabemos que o dia de Reis é dia 06 e nem sempre cai aos domingos. Nós não sabemos se os reis eram reis mesmo, porque o Evangelho fala de Magos, mas também não é o Paulo Coelho. Magos, aqui, é quem sabe ler os sinais advindos de Deus. Eles veem a estrela e dizem: Nasceu o messias e se põem a caminho para encontra-lo. É muito interessante, porque todo mundo já sabe que nasceu Jesus: os pastores, até nós, que celebramos o Natal. Os únicos que não sabem é Herodes e Jerusalém. Todos que ouviram falar de Jesus, ficaram felizes, mas eles ficaram alarmados. É que eles não comungam das idéias que este Menino trará para o mundo. É aí então, que começa toda a Celebração de hoje. O profeta Isaías já havida dito, que um dia Toda Jerusalém seria luz para as nações e que todos iriam para Jerusalém, para ali, adorar o Senhor. Eles celebravam a festa da Epifania. Epifania quer dizer, a festa esplendorosa, a festa do brilho da luz, a festa da manifestação. O povo de Jerusalém herdaram esta festa vinda do Egito. No Egito o rei era deus feito homem. Ele era o representante do deus sol. Então, no Egito existia a festa da luz, para celebrar a maior divindade que eles tinham, que era o sol. Quando este povo, que veio da escravidão, se libertaram, trouxeram consigo esta festa. Esta festa era celebrada dia vinte e cinco de dezembro. Os judeus, vamos nos lembrar que judeu é religião e israelita é raça. É diferente. Os judeus celebravam sete dias de comemoração. Para cada dia, se acendia uma vela. Claro, que na época era lamparina. Cada casa, no final de sete dias, estava com sete lamparinas acesas. Em um lugar que não tinha energia, cada casa com sete lamparinas acesas nas portas, a cidade ficava toda iluminada. Assim então que eles celebravam o “ranoká”, que significa festa das luzes. Então, todos olhavam Jerusalém e se encantavam, porque em cada casa tinha sete lamparinas. Os cristãos, quando começaram a celebrar as datas, referentes a Jesus, disseram: se é a festa das luzes e Jesus é a luz do mundo, então, tem que Celebrar Jesus dia vinte e cinco de Dezembro. É assim, que passa a fixar o dia do Natal dia vinte e cinco de dezembro, porque ele é a luz do mundo. Por que, para os cristãos, Jerusalém não é a cidade esplendorosa para o mundo? Porque, de fato, Jesus é a luz do mundo e Jerusalém não segue o que o profeta Isaías diz. É bom lembrar, que quando  a gente fala Jerusalém, não estamos falando dos israelitas que hoje moram lá hoje, dos judeus, gente muito boa. Acolhe a agente com muita alegria. Não estamos falando disso. Estamos falando de Jerusalém, no tempo que Jesus nasceu. Onde só existia o Templo e a corte, que vivia ali, ao redor do rei. Veja o que diz o Salmo:
• Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, / - qual poder?
- justiça ao descendente da realeza! /
Com justiça ele governe o vosso povo, / com equidade ele julgue os vossos pobres.
• Libertar o indigente que suplica, / e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. /
Terá pena do indigente e do infeliz, / e a vida dos humildes salvará.
Essa é a vocação do rei. Mas, Jerusalém, que é o rei e a corte, não estão fazendo isto. De tal maneira, que Jesus não vai nascer em Jerusalém, mas vai nascer em Belém. Por que? Porque é a cidade menos importante: “ e tu, Belém, terra de Judá, de forma alguma é a menor das cidades, porque de ti sairá o Salvador do mundo”. Veja que São Mateus faz questão de dizer, que todos foram avisados do nascimento de Jesus, até os magos, que viviam tão distantes, menos Jerusalém, porque ela não conhece a justiça, ela não conhece a paz, ela não conhece a misericórdia. Por isso, terá que conhecer Jesus antes disso.
Segundo ponto importante, da celebração de hoje: os magos vêm de partes distantes e trazem consigo seus presentes: ouro, incenso e mirra. Diante de Jesus eles se inclinam, num gesto de adoração e reconhecem que Jesus é Rei. Por isso, ouro. Reconhecem que Jesus é Deus. Por isso, incenso. Mas, São Mateus acrescenta algo, que o profeta Isaías não tinha dito: o profeta Isaías disse que eles trariam ouro e incenso. São Mateus diz que eles trouxeram ouro, incenso e mirra. O que significa mirra? Sofrimento. então, os magos vieram trazer para Jesus o seu reconhecimento de que Ele é o Rei: ouro. Seu reconhecimento de Ele é Deus: incenso. E, trouxeram para Jesus os sofrimentos. Certamente, os sofrimentos da humanidade para Jesus.
Meus irmãos e irmãs, isto é muito importante: nós não temos dificuldade de reconhecer Jesus como sendo o rei: nós celebramos Jesus Rei do universo. Nós não temos dificuldade de reconhecer Jesus a Divindade, mas como temos dificuldade de oferecer a ele os nossos sofrimentos. Dá a impressão de Ele não nos ouve, dá a impressão de que estamos sozinhos. Os magos já deram um sinal para nós. “você está sofrendo, entrega para Jesus o sofrimento”: com certeza, Ele acolhe como presente, porque Ele sabe o que é sofrer. Ele é solidário com quem sofre. Ele, de fato, sofreu, por excelência, e de maneira injusta. Não estou dizendo que sofremos por justiça, não. É que muitas vezes achamos que somos privilegiados: “por que só comigo acontece isto?” não. Os magos já entregaram os sofrimentos para Jesus na manjedoura, para dizer: nós sabemos em quem nós confiamos. Depositamos os sofrimentos em Jesus, porque sabemos que ele não vai nos abandonar. Nós sabemos muito bem, que Ele vai nos ajudar a enfrentar estes momentos de sofrimentos ou dificuldades.
Tem um terceiro  ponto: com os magos, vindo visitar Jesus, ficou claro, que todas as pessoas podem se abeirar a Jesus. Independe de raça, de condição social, independe também de religião, basta que aceitemos, que acolhemos Jesus como o promotor da Justiça, da Paz, da concórdia, solidário, aquele que está atento para fazer o bem. Basta que sejamos assim; basta que estejamos no grupo que pertence a Jesus. Isto que São Paulo nos fala hoje e é isso que nós acreditamos. Portanto, Celebrar a Epifania do Senhor significa Celebrar Jesus e sua manifestação para o mundo inteiro. Então, nós somos chamados a ser luz para as nações e falar para quem não conhece o seu nascimento.
Que Deus nos ajude a imitar os magos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

PE. PEDRINHO – Diocese de Santo André – SP. 


=========--------------===============


Homilia de D. Henrique Soares

Celebramos hoje a solene Manifestação, a sagrada Epifania do Senhor. Recentemente, o dia em que o Senhor nasceu entre os judeus; celebramos hoje o dia em que foi adorado pelos pagãos. Naquele dia, os pastores o adoraram; hoje, é a vez dos magos”. A festa deste dia é nossa, daqueles que não são da raça de Israel segundo a carne, daqueles que, antes, estavam sem Deus e sem esperança no mundo! Hoje, Cristo nosso Deus, apareceu não somente como glória de Israel, mas também como “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). Hoje, começou a cumprir-se a promessa feita a nosso pai Abraão: “Por ti serão benditos todos os clãs da terra” (Gn 12,3).
 Na segunda leitura, Paulo nos falou de um Mistério escondido e que agora foi revelado: “os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho”. Eis: com a visita dos magos, pagãos vindos de longe, é prefigurado o anúncio do Evangelho aos não judeus, aos pagãos, aos que desconheciam o Deus de Israel. Ainda Santo Agostinho, explicando o mistério da festa hodierna, explicava muito bem: “Ele é a nossa paz, ele, que de dois povos fez um só (cf. Ef 2,14). Já se revela qual pedra angular, este Recém-nascido que é anunciado e como tal aparece nos primórdios do nascimento. Começa a unir em si dois muros de pontos diversos, ao conduzir os pastores da Judéia e os Magos do Oriente, a fim de formar em si mesmo, dos dois, um só homem novo, estabelecendo a paz. Paz para os que estão longe e paz para os que estão perto”. É este o sentido da solenidade da santa Epifania do Senhor!
Que contraste, no Evangelho de hoje! Jerusalém, que conhecia a Palavra, não crê e, descrendo, não vê a Estrela, não vê a luz do Menino. Os magos, pagãos, porque têm boa vontade e são humildes, vêem a Estrela do Rei, deixam tudo, partem sem saber para onde iam, deixando-se guiar pela luz do Menino… e, assim, atingem o Inatingível e, vendo o Menino, reconhecem nele o Deus perfeito: “ajoelharam-se diante dele e o adoraram”. Com humildade, oferecem-lhe o que têm: “Abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra”: ouro para o Rei, incenso para o Deus, mirra para o que, feito homem, morrerá e será sepultado! Os magos crêem e encontram o Menino e “sentiram uma alegria muito grande”. Herodes, o tolo, ao invés, pensa somente em si, no seu título, no seu reino, no seu poder… e tem medo do Menino! Escravo de si e prisioneiro de suas paixões, quer matar o Recém-nascido! A Igreja, na sua liturgia, zomba de Herodes e dos Herodes, e canta assim: “Por que, Herodes, temes/ chegar o Rei que é Deus?/ Não rouba aos reis da terra/ quem reinos dá nos céus!”. Que bela lição, que mensagem impressionante para nós: quem se deixa guiar pela luz do Menino, o encontra e é inundado de grande alegria, e volta por outro caminho. Mas, quem se fecha para esta luz, fica no escuro de suas paixões, na incerteza confusa de suas próprias certezas, tão ilusórias e precárias… e termina matando e se matando!
Que nós tenhamos discernimento: não procuremos esta Estrela do Menino nos astros, nos céus! Não perguntemos sobre ela aos astrônomos, aos cientistas, aos historiadores. Sobre essa luz, sobre essa Estrela bendita, eles nada sabem, nada têm a dizer! Procuremo-la dentro de nós: o Menino é a Luz que ilumina todo ser humano que vem a este mundo! No século I, Santo Inácio de Antioquia já ensinava: “Uma estrela brilhou no céu mais do que qualquer outra estrela, e todas as outras estrelas, junto com o sol e a luz, formaram um coro, ao redor da estrela de Cristo, que superava a todas em esplendor”. É esta luz que devemos buscar, esta luz que devemos seguir, por esta luz devemos nos deixar iluminar! São Leão Magno, no século V, já pedia aos cristãos: “Deixa que a luz do astro celeste aja sobre os sentidos do teu corpo, mas com todo o amor do coração recebe dentro de ti a luz que ilumina todo homem vindo a este mundo!”. E, também no mesmo século V, São Pedro Crisólogo, bispo de Ravena, falava sobre o mistério deste dia: “Hoje, os magos que procuravam o Rei resplandecente nas estrelas, o encontram num berço. Hoje os magos vêem claramente, envolvido em panos, aquele que há muito tempo procuravam de modo obscuro nos astros. Hoje, contemplam, maravilhados, no presépio, o céu na terra, a terra no céu, o homem em Deus, Deus no homem e, incluído no corpo pequenino de uma criança, aquele que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé e não discutem, oferecendo-lhe místicos presentes. Assim, o povo pagão, que era o último, tornou-se o primeiro, porque a fé dos magos deu início à fé de todos os pagãos!”
Quanta luz, na festa de hoje! E, no entanto, é preciso que compreendamos sem pessimismo, mas também sem ilusões diabólicas, que este mundo vive em trevas: “Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens escuras cobrem os povos…” Que tristeza tão grande, constatar que as palavras do Profeta ainda hoje são tão verdadeiras… “Mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti”. Não são trevas as tantas trevas da realidade que nos cerca? Não são trevas a violência, a devassidão, a permissividade, as drogas, a exacerbação da sensualidade? Não são trevas a injustiça, a corrupção e a impiedade? Não é treva densa o comércio de religiões, o coquetel de seitas, a perseguição à Igreja, o uso leviano e interesseiro do Evangelho e do nome santo de Jesus? Não é treva medonha a dissolução da família, a relativização e esquecimento dos valores mais sagrados e da verdade da fé?
Deixemo-nos guiar pela Estrela do Menino, deixemo-nos iluminar pela sua luz! Com os magos, ajoelhemo-nos diante daquele que nasceu para nós e está nos braços da sempre Virgem Maria Mãe de Deus: ofereçamos-lhe nossos dons: não mais mirra, incenso e ouro, mas a nossa liberdade, a nossa consciência e a nossa decisão de segui-lo até o fim. Assim, alegrar-nos-emos com grande alegria e voltaremos ao mundo por outro caminho, “não em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes. Mas vesti-vos do Senhor Jesus e não procureis satisfazer os desejos da carne. Deixemos as obras das trevas e vistamos a armadura da luz” (Rm 13,13.12).
Terminemos com o pedido que a Igreja fará na oração após a comunhão: “Ó Deus, guiai-nos sempre e por toda parte com a vossa luz celeste, para que possamos acolher com fé e viver com amor o mistério de que nos destes participar!” Amém.
 Dom Henrique Soares da Costa
============-------------------==========


Magos, aqui, é quem sabe ler os sinais advindos de Deus.
Os únicos que não sabem é Herodes e Jerusalém.
Epifania quer dizer, a festa esplendorosa, a festa do brilho da luz, a festa da manifestação. , no Egito Ele era o representante do deus sol.
Para cada dia, se acendia uma vela. - o “ranoká”, que significa festa das luzes. Vinte e cinco de Dezembro. É assim, que passa a fixar o dia do Natal
existia o Templo e a corte, que vivia ali, ao redor do rei. Veja o que diz o Salmo:
• Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, / - qual poder?
- justiça ao descendente da realeza! /
Jesus não vai nascer em Jerusalém, mas vai nascer em Belém. Por que?

Os magos vêm de partes distantes e trazem ouro, incenso e mirra.
Isaías disse que eles trariam ouro e incenso. São Mateus diz que eles trouxeram ouro, incenso e mirra. O que significa mirra? Sofrimento; isto é muito importante:
“você está sofrendo, entrega para Jesus o sofrimento”: com certeza, Ele acolhe como presente, porque Ele sabe o que é sofrer.
Depositamos os sofrimentos em Jesus, porque sabemos que ele não vai nos abandonar.
Tem um terceiro ponto: com os magos, vindo visitar Jesus, ficou claro, que todas as pessoas podem se abeirar a Jesus. Independe de raça, de condição social, independe também de religião, basta que aceitemos, que acolhemos Jesus como o promotor da Justiça, da Paz, da concórdia, solidário, aquele que está atento para fazer o bem.
Celebrar a Epifania do Senhor significa Celebrar Jesus e sua manifestação para o mundo inteiro. Então, nós somos chamados a ser luz para as nações e falar para quem não conhece o seu nascimento.
Que Deus nos ajude a imitar os magos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.


PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA: (Diáconos e Ministros Extraordinários da Palavra):

LOUVOR: (Quando o Pão consagrado estiver sobre o altar)
- O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, o nosso Deus...
- com Jesus, por Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, Louvemos ao Pai.
T: Pai, Obrigado por nos enviar Jesus, o nosso Salvador!
- Bendito sejais, Pai, pois tanto nos amais que nos enviastes o vosso Filho para ser nossa luz, nossa verdade e a salvação de nossa vida.
T: Pai, Obrigado por nos enviar Jesus, o nosso Salvador!
- Seja o vosso nome honrado, engrandecido e glorificado, pois através de vosso Filho, nos tornastes filhos adotivos e através de nosso batismo nos escolhestes como um povo predileto que se esforça para seguir os passos de Jesus Cristo.
T: Pai, Obrigado por nos enviar Jesus, o nosso Salvador!
- Enviai-nos o Espírito Santo para que nos transformemos em pessoas mais dóceis aos ensinamentos de vosso Filho e possamos, cheios de esperança, caminhar rumo ao vosso Reino.
T: Pai, Obrigado por nos enviar Jesus, o nosso Salvador!
- Os magos foram até Belém para se encontrarem com o Menino Jesus. Nós também aqui viemos para nos encontrar com o vosso Filho. Que vosso Filho seja reconhecido, glorificado, honrado e adorado por todos os povos.
T: Pai, Obrigado por nos enviar Jesus, o nosso Salvador!

- PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO...

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Mãe de Deus, homilias, subsídios homiléticos Ano A


MARIA, MÃE DE DEUS 2019 ANO A

Dia da Paz

Tema: Um olhar para Maria.

Na primeira leitura, sublinha-se a presença de Deus na nossa caminhada.
Evangelho: a chegada do projeto libertador de Deus provoca alegria e felicidade. Maria é o modelo do crente que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.
Na segunda leitura:, Deus nos envia seu filho e através dele nos torna também seus filhos.

PRIMEIRA LEITURA (Nm 6,22-27) Leitura do Livro dos Números.
O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: O Senhor te abençoe e te guarde! ‘O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”.

AMBIENTE - O nosso texto situa-nos no Sinai, frente à montanha onde se celebrou a aliança entre Deus e o seu Povo… No contexto das últimas instruções de Jahwéh a Moisés, antes de Israel levantar o acampamento e iniciar a caminhada em direção à Terra Prometida, é apresentada uma fórmula de bênção, que os “filhos de Aarão” (sacerdotes) deviam pronunciar sobre a comunidade.
Provavelmente, trata-se de uma fórmula litúrgica utilizada no Templo de Jerusalém para abençoar a comunidade, no final das celebrações litúrgicas, antes de o Povo regressar a suas casas… Essa bênção é aqui apresentada como um dom de Deus, no Sinai.
A “bênção” (“beraka”) é concebida, no universo dos povos semitas, como uma comunicação de vida, real e eficaz, que atinge o “abençoado” e que lhe transmite vigor, força, êxito, felicidade. É um dom que, uma vez pronunciado, não pode ser retirado nem anulado. Aqui, essa comunicação de vida – fruto da generosidade e do amor de Deus – derrama-se sobre os membros da comunidade por intermédio dos sacerdotes (no Antigo Testamento, os intermediários entre o mundo de Jahwéh e a comunidade israelita).

MENSAGEM - Esta “bênção” apresenta-se numa tríplice fórmula, sempre em crescendo (no texto hebraico, a primeira afirmação tem três palavras; a segunda, cinco; a terceira, sete). Em cada uma das fórmulas, é pronunciado o nome de Jahwéh… Ora, pronunciar três vezes o nome do Deus da aliança é dar uma nova atualidade à aliança, às suas promessas e às suas exigências; é lembrar aos israelitas que é do Deus da aliança que recebem a vida nas suas múltiplas manifestações e que tudo é um dom de Deus.
A cada uma das invocações, correspondem dois pedidos de bênção: “que Jahwéh te abençoe (isto é, que te comunique a sua vida) e te proteja”; “que Jahwéh faça brilhar sobre ti a sua face (hebraísmo que se pode traduzir como ‘que te mostre um rosto sorridente e favorável’) e te conceda a sua graça”; que Jahwéh dirija para ti o seu olhar (hebraísmo que significa ‘olhar para ti com benevolência’, ‘acolher-te’) e te conceda a paz” (em hebraico: ‘shalom’ – no sentido de bem-estar, harmonia, felicidade plena).
Este texto lembra ao israelita que tudo é um dom do amor de Jahwéh e que o Deus da aliança está ao lado do seu Povo em cada dia do ano, oferecendo-lhe a vida plena e a felicidade em abundância.

ATUALIZAÇÃO
• Em primeiro lugar, somos convidados a tomar consciência da generosidade do nosso Deus, que nunca nos abandona, mas que continua a sua tarefa criadora derramando sobre nós, continuamente, a vida em plenitude.

• É de Deus que tudo recebemos: vida, saúde, força, amor e aquelas mil e uma pequeninas coisas que enchem a nossa vida e que nos dão instantes plenos. Tendo consciência dessa presença contínua de Deus ao nosso lado, do seu amor e do seu cuidado, somos gratos por isso? No nosso diálogo com Ele, sentimos a necessidade de O louvar e de Lhe agradecer por tudo o que Ele nos oferece? Agradecemos todos os dons que Ele derramou sobre nós no ano que acaba de terminar?
• É preciso ter consciência de que a “bênção” de Deus não cai do céu como uma chuva mágica que nos molha, quer queiramos, quer não (magia e Deus não combinam); mas a vida de Deus, derramada sobre nós continuamente, tem de ser acolhida com amor e gratidão e, depois, transformada em gestos concretos de amor e de paz. É preciso que o nosso coração diga “sim”, para que a vida de Deus nos atinja e nos transforme.

7. SALMO RESPONSORIAL / Sl 66 (67)
Que Deus nos dê a sua graça e a sua benção.
• Que Deus nos dê a sua graça e a sua benção, /
e sua face resplandeça sobre nós! /
Que na terra se conheça o seu caminho / e a sua salvação por entre os povos.
• Exulte de alegria a terra inteira, /
pois julgais o universo com justiça; /
os povos governais com retidão /
e guiais, em toda a terra, as nações.
• Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, /
que todas as nações vos glorifiquem! /
Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, /
e o respeitem os confins de toda a terra

EVANGELHO (Lc 2,16-21) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido.

AMBIENTE - O texto do Evangelho de hoje é a continuação daquele que foi lido na noite de Natal: após o anúncio do “anjo do Senhor”, os pastores (destinatários desse anúncio) dirigiram-se a Belém e encontraram o menino, deitado numa manjedoura de uma gruta de animais. Mais uma vez, Lucas não está interessado em fazer a reportagem do nascimento de Jesus, ou a crónica social das “visitas” que, então, o menino de Belém recebeu; mas está, sobretudo, interessado em apresentar uma catequese que dê a entender quem é esse menino e qual a missão de que ele foi investido por Deus. Nesta catequese fica bem claro que Jesus é o Messias libertador, enviado a trazer a paz; e há também uma reflexão sobre a resposta que Deus espera do homem.

MENSAGEM - Em Jesus, a proposta libertadora que Deus tinha para nos oferecer veio ao nosso encontro e materializou-se no meio dos homens; o próprio nome (“Jesus” significa “Jahwéh salva”) que foi dado ao menino por indicação do anjo que anunciou o seu nascimento aponta nesse sentido. Por outro lado, o fato dessa “boa notícia” ser dada, em primeiro lugar, aos pastores (classe marginalizada, considerada impura, pecadora e muito longe de Deus e da salvação) significa que a proposta de Jesus se destina, de forma especial, aos pobres e marginalizados, àqueles que a teologia oficial excluía e condenava. Diz-lhes que Deus os ama, que conta com eles e que os convoca para fazer parte da sua família.
Definida a questão essencial, atentemos nas atitudes dos intervenientes e na forma como eles respondem à chegada de Jesus…
Em primeiro lugar, repare-se como os pastores, depois de escutarem a “boa nova” do nascimento do libertador, se dirigem “apressadamente” ao encontro do menino. A palavra “apressadamente” sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados esperam a ação libertadora de Deus em seu favor. Aqueles que vivem numa situação intolerável de sofrimento e de opressão reconhecem Jesus como o único salvador e apressam-se a ir ao seu encontro. É d’Ele e de mais ninguém que brota a libertação por que os oprimidos anseiam. A disponibilidade de coração para acolher a sua proposta é a primeira coisa que Deus pede.
Em segundo lugar, repare-se como os pastores reagem ao encontro com Jesus… Começam por glorificar e louvar a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se converte em ação de graças ao Deus libertador. Depois, esse louvor torna-se testemunho: quem faz a experiência do encontro com Deus libertador tem obrigatoriamente de dar testemunho, a fim de que os outros homens possam participar da mesma experiência gratificante.
Finalmente, atentemos na atitude de Maria: ela “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração”. É a atitude de quem é capaz de abismar-se com as ações do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens. “Observar”, “conservar” e “meditar” significa ter a sensibilidade para entender os sinais de Deus e ter a sabedoria da fé para saber lê-los à luz do plano de Deus. É precisamente isso que faziam os profetas.
A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude “missionária” dos pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus. Estas duas atitudes definem duas coordenadas essenciais daquilo que deve ser a existência do crente.

ATUALIZAÇÃO
• No Evangelho que nos é, hoje, proposto, fica claro o fio condutor da história da salvação: Deus ama-nos, quer a nossa plena felicidade e, por isso, tem um projeto de salvação para levar-nos a superar a nossa fragilidade e debilidade; e esse projeto foi-nos apresentado na pessoa, nas palavras e nos gestos de Jesus. Temos consciência de que a verdadeira libertação está na proposta que Deus nos apresentou em Jesus e não nas ideologias, ou no poder do dinheiro, ou na posição que ocupamos na escala social? Porque é que tantos dos nossos irmãos vivem afogados no desespero e na frustração? Porque é que tanta gente procura “salvar-se” em programas de televisão que lhes dê uns minutos de fama, ou num consumismo alienante? Não será porque não fomos capazes de lhes apresentar a proposta libertadora de Jesus?

• Diante da “boa nova” da libertação, reagimos – como os pastores – com o louvor e a ação de graças? Sabemos ser gratos ao nosso Deus pelo seu amor e pelo seu empenho em nos libertar da escravidão?

• Os pastores, após terem tomado contato com o projeto libertador de Deus, fizeram-se “testemunhas” desse projeto. Sentimos também o imperativo do testemunho? Temos consciência de que a experiência da libertação é para ser passada aos nossos irmãos que ainda a desconhecem?

• Maria “conservava todas estas palavras e meditava-as no seu coração”. Quer dizer: ela era capaz de perceber os sinais do Deus libertador no acontecer da vida. Temos, como ela, a sensibilidade de estar atentos à vida e de perceber a presença – discreta, mas significativa, atuante e transformadora – de Deus, nos acontecimentos mais ou menos banais do nosso dia a dia?

SEGUNDA LEITURA (Gl 4,4-7) Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas.
Irmãos, quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai! Assim, já não és escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus. 

AMBIENTE - Entre as comunidades cristãs do norte da Galácia manifestou-se, pelos anos 55/56, uma grave crise… À região gálata chegaram pregadores cristãos de origem judaica, que punham em causa a validade e a legitimidade do Evangelho anunciado por Paulo. Este era acusado de pregar um Evangelho mutilado, distante do Evangelho pregado pelos apóstolos de Jerusalém… Para estes pregadores (“judaizantes”), a fé em Cristo devia ser complementada pelo cumprimento rigoroso da Lei de Moisés, nomeadamente pelo rito da circuncisão.
Paulo foi avisado da situação quando estava em Éfeso. Não o preocupava que a sua pessoa fosse posta em causa; preocupava-o o dano que este tipo de discurso podia trazer às comunidades cristãs… Paulo estava convencido que o movimento religioso iniciado por Jesus de Nazaré, não era uma religião formalista e ritual, uma religião de práticas exteriores, como o judaísmo farisaico do seu tempo, que se preocupava com questões formais e secundárias; além disso, estava convencido de que a salvação não tinha a ver com conquistas humanas (como se a salvação fosse conseguida à custa dos atos heróicos do homem), mas era um dom de Deus.
Alarmado pela gravidade da situação, Paulo escreveu aos gálatas. Com alguma dureza (justificada pela gravidade do problema), Paulo diz aos gálatas que o cristianismo é liberdade e que a ação de Cristo libertou os homens da escravidão da Lei… Os gálatas devem, portanto, fazer a sua escolha: pela escravidão, ou pela liberdade; no entanto – não deixa de observar Paulo – é uma estupidez ter experimentado a liberdade e querer voltar à escravidão…
No texto que nos é proposto, Paulo recorda aos gálatas a incarnação de Cristo e o objetivo da sua vinda ao mundo: fazer dos que a Ele aderem “filhos de Deus” livres.

MENSAGEM - Paulo recorda aqui aos gálatas algo de fundamental: Cristo veio a este mundo para libertá-los, definitivamente, do jugo da Lei; a consequência da ação redentora de Cristo é que os homens deixaram de ser escravos e passaram a ser “filhos” que partilham a vida de Deus.
A palavra-chave é, aqui, a palavra “filho”, aplicada tanto a Cristo como aos cristãos. Cristo, o “Filho”, foi enviado ao mundo pelo Pai com uma missão concreta: libertar os homens de uma religião de ritos estéreis e inúteis, que não potenciava o encontro entre Deus e os homens; e Cristo, identificando os homens com Ele, levou-os a um novo tipo de relacionamento com Deus e fê-los “filhos” de Deus. Por ação de Cristo, os homens deixaram de ser escravos (que cumprem obrigatoriamente regras e leis) e passaram a relacionar-se com Deus como “filhos” livres e amados, herdeiros com Cristo da vida eterna. Depois desta “promoção”, fará algum sentido querer voltar a ser escravo da religião das leis e dos ritos?
A nova situação dos homens dá-lhes o direito de chamar a Deus “abbá” (“papá”). Paulo utiliza esta palavra aqui (bem como na Carta aos Romanos), apesar de os judeus nunca designarem Deus desta forma. Ela expressa uma relação muito próxima, muito íntima, do género daquela que uma criança tem com o seu pai: exprime a confiança absoluta, a entrega total, o amor sem limites. A insistência de Paulo nesta palavra deve ter a ver com o Jesus histórico: Jesus adoptou a para expressar a sua confiança filial em Deus e a sua entrega total à sua causa. Ora, é este tipo de relação que os cristãos, identificados com Cristo, são convidados a estabelecer com Deus.
Gal 4,4 é o único lugar em que Paulo se refere à mãe de Jesus (“Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”); no entanto, Paulo não parece interessado, aqui, em falar de Nossa Senhora, mas em sublinhar a solidariedade de Cristo com o gênero humano.

ATUALIZAÇÃO
• A experiência cristã é fundamentalmente uma experiência de encontro com um Deus que é “abbá” – isto é, que é um “papá” muito próximo, com quem nos identificamos, a quem amamos, a quem nos entregamos e em quem confiamos plenamente. É esta proximidade libertadora e confiante que temos com o nosso Deus?
• A nossa experiência cristã leva-nos a sentirmo-nos “filhos” amados, ou ao cumprimento de regras e de obrigações? Na Igreja não se põe, às vezes, a ênfase em cumprir leis e ritos externos, esquecendo o essencial – a experiência de “filhos” livres e amados de Deus?
• A importante constatação de que somos “filhos” de Deus leva-nos a uma descoberta fundamental: estamos unidos a todos os outros homens – “filhos” de Deus como nós – por laços fraternos. É a mesma vida de Deus que circula em todos nós… O que é que esta constatação implica, em termos concretos? A que é que ela nos obriga? Faz algum sentido marginalizar alguém por causa da sua raça ou estatuto social? Aquilo que acontece aos outros – de bom e de mau – não nos diz respeito?

Fonte: Dehonianos
===============--------------==============

Os pastores encontraram Maria e José,
clear


Hoje, primeiro dia do ano, além de ser o Dia Mundial da Paz, nós celebramos a solenidade da Santa Mãe de Deus; Maria. O Evangelho narra a visita dos pastores ao Menino Jesus.
“Os pastores encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura.”
Maria Santíssima é Mãe de Jesus. Jesus é Deus, portanto ela é Mãe de Deus. Não Mãe da divindade, evidentemente, mas Mãe de Jesus que é Deus. É um mistério muito grande. Cabe a nós ter a mesma atitude de Maria: Guardar todos esses fatos e meditar sobre eles em nosso coração. Meditar para descobrir o que eles nos ensinam, pois, como Maria e José, nós também queremos fazer a vontade de Deus.
Aí está o segredo da santidade: Ouvir ou ler a Palavra de Deus, meditar sobre ela e trazê-la para a nossa vida do dia-a-dia. A Palavra de Deus entra em nós pelos olhos ou pelos ouvidos, mas precisa ir para o nosso coração e depois sair pelas mãos, pés, palavras e atos, produzindo frutos e enchendo o mundo de alegria.
Em seguida, o Evangelho fala: “Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo...” Tudo em obediência a Deus. O casal cumpria direitinho seus deveres religiosos. Verdadeiro modelo para nós.
“Se alguém guarda a minha palavra, nunca verá a morte” (Jo 8,51). Quer dizer, viverá eternamente com Deus.
“O meu ensinamento não vem de mim mesmo, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer-lhe a vontade, saberá se meu ensinamento é de Deus ou se falo por mim mesmo” (Jo 7,16-17). Em outras palavras, Jesus está dizendo que quem faz a vontade de Deus, entende os seus ensinamentos; quem não faz, não entende.
Que a Santa Mãe de Deus Maria nos ajude a imitá-la, fazendo em tudo a vontade de Deus.
 
Certa vez, em um mosteiro, um noviço procurou o padre mestre e lhe disse: “Sr. Padre, estou preocupado. Minha memória é muito fraca. Eu não consigo guardar o que o senhor fala nas palestras e não guardo nem as leituras bíblicas que faço. Esqueço tudo. Esforço-me ao máximo para guardar as coisas, mas logo esqueço. Este é o meu grande problema”.
O mestre tinha em seu quarto dois cântaros vazios, que estavam no chão em um canto do quarto. Ele disse ao noviço: “Pegue um desses cântaros, vá ao riacho e lave-o. Depois de limpo, enxugue-o bem e traga aqui”.
O noviço fez tudo direitinho. Ao trazer, o mestre lhe disse: “Coloque o cântaro novamente ao lado do outro.” Ele o fez.
E o mestre perguntou: “Qual dos dois cântaros está mais limpo?” “É este que eu lavei”, respondeu o jovem. Então o padre explicou: “No entanto, meu caro, nós não estamos vendo a água que o lavou. Também aquele que lê ou ouve alguma coisa boa, o importante é estar com o coração aberto, porque assim, mesmo que não se recorde das palavras, o ensinamento vai para o coração e o transforma. O importante é que o seu coração esteja tão puro, tão limpo como este cântaro!”
A lição é clara, e vale para todos nós. Em relação aos mistérios de Deus, o importante é fazer como Maria: Guardá-los no coração, meditar sobre eles e colocá-los em prática.

==========---------------=============

Maria, Mãe de Deus

Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas.
Celebra-se a Solenidade de Santa Maria, MÃE DE DEUS:  Somos convidados a contemplar a figura de Maria,  aquela mulher que, com o seu "sim" ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.
Celebra-se também o DIA MUNDIAL DA PAZ: em 1968, o Papa Paulo VI propôs que, neste dia, se rezasse pela paz no mundo.
Celebra-se ainda o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama e que todo o dia nos oferece a sua bênção e a vida em plenitude.

As leituras nos propõem esses temas:

A 1ª Leitura, sublinha a presença contínua de Deus em nossa caminhada e recorda que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude. (Nm 6,22-27)

Era uma fórmula de Bênção usada no Templo de Jerusalém para abençoar a comunidade, no final das celebrações litúrgicas, antes de o Povo regressar a suas casas:
"O Senhor te abençoe e te guarde!
O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti!
O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a Paz".
* A Bênção de Deus sempre é uma garantia de sua presença e uma fonte de paz.
   Fortalecidos pela nova luz que provêm da fé, queremos iniciar o novo Ano.

A 2ª Leitura evoca outra vez o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus "filhos".
É nessa situação privilegiada de "filhos" livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe 'abbá" ("papai").
Cristo se "humaniza" para divinizar o homem. (Gl 4,4-7)

O Evangelho apresenta Maria, recebendo feliz a visita dos PASTORES... e meditando em seu coração tudo o que falavam do Messias. (Lc 2,16-21)

O texto não é uma reportagem do nascimento de Jesus;
Mais uma catequese sobre quem é esse menino e qual a sua missão: Jesus é o Messias libertador, enviado a trazer a paz.

- Quem são os Destinatários do anúncio?
Os Pastores, classe marginalizada, considerada impura, pecadora e muito longe de Deus e da Salvação.

* A proposta de Jesus se destina de modo especial àqueles que a teologia oficial excluía e condenava.
Deus os ama, conta com eles e os convoca para fazer parte da sua família..
- Como reagem? 
Depois de escutarem a "boa nova" do nascimento do libertador, dirigem-se "apressadamente" ao encontro do menino.
Sublinha a ânsia com que os pobres e os marginalizados esperam a ação libertadora de Deus e apressam-se para ir ao seu encontro.
A disponibilidade de coração é a primeira coisa que Deus pede.
- Glorificam e louvam a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido: é a alegria pela libertação que se converte em ação de graças.
Depois, vão correndo anunciar aos outros a sua grande alegria e todos os que os escutam também ficam admirados...

- A Atitude de Maria:
Ela "conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração".
É a atitude de quem é capaz de abismar-se com a ação do Deus libertador, com o amor que Ele manifesta nos seus gestos em favor dos homens.
A Maternidade de Maria não termina em Belém, prolonga-se até a Cruz e a toda a Igreja.
- A atitude meditativa de Maria, que interioriza e aprofunda os acontecimentos, complementa a atitude "missionária" dos pastores, que proclamam a ação salvadora de Deus, manifestada no nascimento de Jesus.
Estas duas atitudes são essenciais na existência de quem crê.

+  Hoje também é o 48º DIA MUNDIAL DA PAZ  dedicado ao tema: "Não mais escravos, mas irmãos".
Durante as festas de Natal, ouvimos com frequência a palavra "Paz".
Maria é apresentada como aquela que gerou o "Principe da Paz".
A Igreja quer nos lembrar desde o primeiro dia do ano, que a paz anunciada pelos anjos em Belém, é possível...
O Papa, na Mensagem para o dia de hoje, aborda uma questão urgente: "A luta contra a escravidão no mundo contemporâneo."
A escravidão não é algo do passado, mas um flagelo social muito presente. "A escravidão tem muitos rostos abomináveis: o tráfico de seres humanos, o tráfico    de imigrantes e a prostituição, a escravidão no trabalho, a exploração do homem pelo homem... Os indivíduos e os grupos especulam sobre esta escravidão, beneficiando-se dos conflitos no mundo, do contexto de crise econômica e da corrupção"...
+  Mais um ano... que começa...
Desejo que o novo ano seja para todos vocês, cheio de Paz e Prosperidade,
com todas as bênçãos de Deus...
Aproveitemos essa celebração para agradecer a DEUS pelo dom da Vida, pela sua Graça, pela sua Força...
Peçamos Perdão pelas vezes que falhamos e façamos uma Prece, para que Deus nos acompanhe sempre nesse ano que estamos iniciando.

                                           Pe. Antônio Geraldo


=============-------------------------------===============

Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, esta nossa festa de Natal leva oito dias. Hoje é o oitavo dia em que estamos celebrando o Natal do Senhor. Jesus é, de fato, a pedra fundamental, dentro deste mistério que envolve o amor de Deus para com a humanidade. Isto podemos ver de maneira muito clara e objetiva, a partir da primeira leitura: “O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: O Senhor te abençoe e te guarde! ‘O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face”. Como é possível brilhar a sua face sobre nós, se Ele não tem imagem? É evidente, que o Livro dos números já acena a possibilidade de Deus se revelar com um rosto, com uma face. Esta face de Deus, só podemos ver na manjedoura.
Lucas, com muita delicadeza declara que os pastores vão até a gruta e lá encontram o Menino, conforme os anjos tinham anunciado. É este o belíssimo mistério que estamos celebrando há oito dias: Deus, na sua solidariedade para com a humanidade, acaba se reduzindo numa manjedoura. Deus se revela gente, para valorizar as pessoas e ao mesmo tempo, dizendo uma palavra técnica, se inculturar; Ele assume a cultura do ser humano. Ele assume a realidade do comer, do beber, do dormir, ele assume toda situação que o ser humano traz consigo. Assume também as partes alegres e as dores, assume os desafios. Este nosso Deus não mede esforços para revelar-se próximo do ser humano. Como dizia o Papa Bento XVI: “Não é possível celebrar toda esta maravilha, se não abrirmos um momento de reflexão para contemplarmos Nossa Senhora”. De fato, o gesto dela foi tão normal, que se tornou fundamental. Qual é o gesto de Maria? Aceitar ser mãe. Este é um gesto normal, um gesto corriqueiro, porque todas as mulheres, em princípio, pode aceitar de ser mãe. Qual é a grandeza do gesto de Maria? É que ela abre mão de viver a vida própria, para viver em função do seu Filho. Isto se torna um ato de muita confiança, no caso de Maria. Ela, de fato, vai ter que enfrentar muitas barreiras, incompreensões e muitas dificuldades. É por conta disso, que concluímos estes oito dias de celebração do natal, dizendo a Nossa Senhora o nosso “muito obrigado”, porque ao dar à luz, ela possibilitou que Deus se fizesse presente em nosso meio. Este menino traz em seu rosto os sinais da paz. Este é um tema que nenhuma religião contesta sobre Jesus. Mesmo quem não crê em Jesus, aprova que Jesus é o Príncipe da paz. Ele soube nos ensinar o caminho para a paz. Por que vivemos pedindo a paz? A sociedade não gosta de dizer que Jesus é a pedra fundamental. Ora, como é possível paz sem Jesus? O dia em que a humanidade descobrir, será então o Reino de Deus. O problema é que se entende por paz aquilo que eu penso, a minha opinião. Haverá paz quando acontecer tudo o que eu quero. Quando você quer fazer alguma coisa que eu não quero, aí já é rebelião. Então, eu tenho que sufocar, para garantir a paz. Isto é um absurdo. Como já dizia o velho Simeão, Ele será um sinal de contradição. Se cada vez que se pedisse a paz eu dissesse: 3então, você quer Jesus? As pessoas parariam para pensar um pouco mais. Não é possível paz sem justiça. A justiça parte das necessidades das pessoas. Portanto, ninguém pode garantir a paz, a não ser Jesus Cristo. Porque Ele Deus feito homem, é a ponte entre o céu e a terra. Ele, enquanto Deus, compreende e sabe a necessidade de cada ser humano. Enquanto homem, Ele sabe que isto deve ser construído. Portanto, como ser humano, Ele nos ajuda a construir a paz. Aí vai ser toda a vida de Jesus. Enquanto Deus, indicar as necessidades para garantir esta paz, que é garantir a Justiça.
Que Maria nos ajude na missão de anunciar Jesus para que o irmão ou irmã possa conhecer a conhecer Deus através de nós, porque na medida em que Ele faça sua face brilhar sobre nós, nós nos tornamos sua imagem e semelhança.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
 

============----------------==============

Homilias de D. Henrique Soares
(Maria Mãe de Deus)

Hoje é a Oitava do Santo Natal, Primeiro do Ano. Nesta Eucaristia, é necessário que tenhamos em vista alguns aspectos importantes.

     Primeiro. No Oriente, era costume, no dia seguinte ao parto, cumprimentar uma mulher que houvesse dado à luz. Por isso, nossos irmãos orientais, desde o século IV, no dia seguinte ao Natal, celebram a Festa da Congratulação da Mãe de Deus – uma homenagem, um parabém Àquela que deu à luz o Salvador. No Ocidente, a congratulação da Virgem é hoje, oito dias após o santo Natal. A Igreja, com os pastores, vai ao encontro do Menino e o encontra com sua Mãe; e proclama que este Menino é o Deus verdadeiro. Ele não é somente a criancinha frágil; mas o Deus forte, feito pequeno por nós! Por isso, o povo de Deus saúda, hoje, a Virgem, com o título antiqüíssimo de Mãe de Deus, isto é, Mãe de Deus Filho! “Bendita sejais, Virgem Maria! Trouxestes no ventre quem fez o universo! Vós destes à luz a quem vos criou e permaneceis Virgem para sempre!” Este Menino, o Deus verdadeiro, fez-se realmente um de nós, nascido realmente de uma Virgem. Ele não é a mãe de Deus Pai - isto seria uma blasfêmia! Também não é mãe do Espírito Santo - isto seria loucura! Não se pode tampouco dizer que ela é mãe da natureza divina - isto seria heresia! O que a Igreja crê, professa, testemunha e ensina com todo acerto e toda piedade é que a sempre Virgem Maria é Mãe santíssima do Deus Filho feito homem! Tudo quanto o Filho é na sua humanidade, ele o recebeu de Maria! O Filho não somente nasceu através de Maria, mas de Maria!
     Mais ainda: os Orientais gostam de invocar Jesus exclamando: Deus nascido da Virgem, salvai-nos! Estejamos atentos! Não somente Deus concebido de Maria, a Virgem, mas também Deus nascido de modo inefável, miraculoso, misterioso, da Virgem: Deus nascido da Virgem! Admirada com um nascimento assim, tão divino, tão único, a Igreja exclama: “Como a sarça, que Moisés viu arder sem se consumir, assim intacta é a vossa admirável virgindade. Virgem Maria, Mãe de Deus, por nós intercedei”. Deste modo, a Solenidade de hoje nos recorda não somente que a Virgem é verdadeiramente Mãe de Deus, mas que ela é sempre virgem: antes, durante e depois do parto! O Cristo nosso Deus não somente foi concebido da Virgem Maria, mas o Credo diz que ele nasceu da Virgem Maria! Nasceu sem destruir a virgindade da Mãe! Para o nosso mundo atual, que supervaloriza o sexo e faz com que os jovens tenham até mesmo vergonha de admitir que são virgens, proclamar a virgindade perpétua de Maria, recorda-nos que a castidade é uma preciosa e cara virtude cristã e a virgindade deve ser vista por nós como um valor e um ideal a ser buscado! Em Maria, a Virgem, o permanecer na virgindade exprime que ela sempre foi toda de Deus, absolutamente de Deus, em corpo e alma, em todo o seu ser, de modo constante e absoluto!
             Não é por acaso que, segundo o Evangelho de São Mateus, os magos encontraram o Menino com Maria, sua Mãe (cf. 2,11). É assim que Aquele que nos nasceu é sempre encontrado, pois o Deus que de nada necessita, contou com o “sim” da Virgem e dela, como de uma terra nova e virgem, gerou segundo a natureza humana o seu Filho para nossa salvação. É este mistério que a Igreja hoje celebra: este Menino é o Deus verdadeiro e sua Mãe faz parte do plano da salvação, pois “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma Mulher... a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei”. Na nossa salvação, esteve, está e estará sempre presente a Mulher, a Virgem Maria. Alegremo-nos, portanto, com a Virgem Maria e, com toda Igreja, digamos: “Virgem Santa e Imaculada, eu não sei com que louvores poderei engrandecer-vos! Pois Aquele a quem os céus não puderam abranger, repousou em vosso seio. Sois bendita entre as mulheres e bendito é o fruto que nasceu do vosso ventre!” 
            Há um segundo aspecto deste hoje. O Primeiro do ano e dia da confraternização universal, início do ano civil. A pedido do Papa Paulo VI, a ONU transformou esta data em dia festivo para todas as nações. É dia da paz, dia da confraternização entre os povos, nações, culturas... Ora, nós cristãos sabemos que a paz não é uma idéia, um sonho, um desejo; a paz é uma pessoa. São Leão Magno dizia, no século V: “O Natal do Senhor é o Natal da Paz. Cristo é a nossa paz!” Não foi a respeito dele que o profeta afirmou: “Ele será chamado Admirável, Deus, Príncipe da Paz, Pai do mundo novo”? (Is 9,2-6) Não foi ele mesmo quem disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos sou; não vo-la dou como o mundo a dá?” (Jo 14,27). Que tenhamos cada vez mais sólida esta convicção: a paz que almejamos, a paz tão sonhada, a paz para o mundo e para a nossa vida, somente no Cristo poderá ser encontrada de modo definitivo e pleno! Nele, nem as tristezas, nem as desilusões, nem as angústias, nem as provações, poderão nos fazer perder a paz! Cristo, nossa Paz! 
            Finalmente, hoje, também, é dia da circuncisão do Menino. Como descendente de Abraão, ele foi circuncidado, passando a fazer parte do Povo da antiga Aliança, e recebeu o nome de Jesus, isto é, Deus salva! Que nome belo, que nome eloqüente, que nome bendito a nos encher de certa esperança para os dias de 2004 que chegou! Jesus, nome acima de todo nome, único nome no qual podemos encontrar salvação no céu e na terra. Jesus, doce lembrança do nosso coração, doce alívio nas dores, forte certeza nos momentos difíceis. Jesus, amigo certo de todas as horas, única certeza e apoio de nossa existência! Por isso mesmo, a primeira leitura da Missa de hoje, faz-nos ouvir a bênção de Aarão, que, por três vezes, invoca o nome do Senhor sobre o povo! Para os cristãos, o Senhor é Jesus, e não há outro! Pois é neste nome bendito que todos e cada um queremos iniciar o novo ano civil: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu olhar e te dê a paz!” Que o Cristo Jesus, Príncipe da Paz, esteja  conosco no novo ano e sempre. Amém.
                                                             +++++

                                           Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus - II
Lc 2,16-21
                Hoje é a Oitava do Santo Natal. É um antiquíssimo costume da Igreja de Roma, voltar seu coração e sua mente, neste dia, para Aquela de quem nasceu o Salvador do mundo. O Evangelho de São Mateus afirma que os magos, ao entrarem onde estava a Sagrada Família, “viram o Menino com Maria, sua Mãe e, prostrando-se, o homenagearam” (2,11). Trata-se da homenagem solene e ritual prestada aos reis orientais. E, no Oriente, a Mãe do rei, chamada gebirah, exercia um papel importantíssimo. Pois, eis aqui, na cena do Evangelho, o Rei dos judeus, o Rei-Messias, o Rei que é Deus, e sua Rainha-Mãe, sua gebirah, a Virgem Maria! Agradecida pelo seu “sim” ao plano de Deus, a Igreja chama-a, desde os primórdios da fé cristã, de “Mãe de Deus”, isto é, “Mãe de Deus Filho feito homem”! Com isto, nós confessamos que o Menino nascido da Virgem é Deus verdadeiro e perfeito, uma Pessoa divina com a natureza divina completa e uma verdadeira natureza humana. Ele, Filho do eterno Pai, fez-se realmente, como homem, filho de Maria Virgem, sem deixar de ser Deus! Na Virgem Santíssima, que trouxe em seu seio a segunda Pessoa da Trindade Santa, o divino e o humano se encontraram para sempre, os céus e a terra se abraçaram para nunca mais se deixarem!
                Ao recordar a Maternidade Divina de Nossa Senhora, a Igreja recorda também as condições maravilhosas dessa maternidade: ela aconteceu de modo virginal! Com efeito, a Mãe do Senhor concebeu virginalmente, virginalmente deu à luz e virgem permaneceu para sempre! A Virgem não somente concebeu, mas também virginalmente deu à luz um filho – eis a profecia de Isaías (cf. 7,14). A Igreja canta esse mistério com palavras admiráveis: “Na sarça que Moisés via arder sem se consumir, admiramos o sinal da vossa incomparável virgindade, ó Mãe de Deus!” e ainda, pensando na porta selada, pela qual somente o Senhor passaria, como profetizou Ezequiel (cf. 44,2), a Igreja exclama: “A porta eterna do Templo eternamente fechado feliz e pronta se abre somente ao Rei esperado!”. Aqui silencia a imaginação humana, pois que pertence ao segredo de Deus o modo como, Virgem, Nossa Senhora concebeu e ainda como, virginalmente, deu à luz! Uma coisa é certa: sua virgindade perpétua quer nos mostrar o quanto esse Menino todo vindo de Deus é um novo começo, um novo início para toda a criação e toda a humanidade! Além do mais, revela o quanto Maria Virgem foi integralmente de Deus, de corpo e alma. Num mundo que endeusa o sexo e exalta de modo abusivo a sensualidade, a Santíssima Virgem nos aponta outros valores e revela a beleza da virgindade e da castidade como expressão do ser humano vivendo livre, debaixo do senhorio de Cristo, no seu corpo, no seu afeto e na sua alma! Quanto mais alguém vive totalmente para o Senhor, mais fecundo se torna em sua vida e mais traz Jesus ao mundo, como testemunha do Reino dos céus. Por isso a saudação que a Igreja hoje dirige à Virgem Maria: “Salve, ó Santa Mãe de Deus, vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos!”
                Hoje também, oitavo dia do nascimento do Fruto do ventre da Virgem, a Igreja recorda a circuncisão do Menino. Ele, circuncidado, passou a fazer parte do Povo de Israel. Assim, cumpriu-se a promessa que Deus fizera a Abraão, nosso Pai. Da sua descendência o Senhor fizera surgir um Salvador para todas as nações: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu filho, nascido de uma Mulher, nascido sob a Lei!”. Circuncidado, o Menino recebeu o nome de Jesus, que significa “o Senhor salva”. Seu nome revela sua identidade, sua missão e a causa da nossa alegria! Ele é a salvação que Deus nos concede, ele é a nossa Paz, pois nos reconcilia com Deus e nos abre as portas dos céus. Por isso mesmo, os cristãos hoje, juntamente com toda a humanidade, celebram o Dia da Paz. Para nós, essa Paz tem um nome, tem um rosto, tem um sorriso. Podemos encontrar tudo isso naquele que veio de Maria, a Virgem! Somente abrindo-se para ele, o mundo encontrará a verdadeira paz!
                Confiemos, pois, os dias do novo Ano civil que está começando, a este Menino, o Príncipe da Paz. Que o seu nome repouse sobre nós, como uma bênção! Certamente, neste 2005 choraremos e sorriremos, venceremos e fracassaremos, cairemos e nos ergueremos... Não importa! Importa, sim, que estejamos com o Senhor, ele, que estará sempre conosco. Ele foi apelidado – não esqueçamos – de Emanuel, Deus-conosco! Que este ano seja, como se colocavam nos antigos documentos, “Ano da Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo!”
                Estamos iniciando o Ano Novo profundamente feridos e perplexos com a tragédia da Ásia. Escapa-nos o porquê de tanta dor, sofrimento e morte. Mas, teimamos em acreditar que há um Deus no céu, que, em Cristo, esse Deus fez-se presente como amor, como companhia, como ternura e consolo para toda a humanidade. Cremos que, neste Menino que nasceu e cresceu e chorou e sofreu e morreu, Deus faz-se, para sempre, solidário conosco. Queremos recordar cada morto e cada sobrevivente dessa tragédia; queremos recordar aqueles montes de cadáveres em decomposição, sem tempo para uma sepultura digna; queremos dizer que tudo isso é muito triste, é absurdamente incompreensível! Mas, queremos também colocar tudo isso nas mãos desse Menininho; também ele pobre, também ele perseguido, também ele sem abrigo, também ele sofredor até a morte de cruz, até o silêncio da sepultura, para dar sentido às nossas dores e vencer a nossa morte. Nesse Menino crucificado, a dor humana não se explica, mas encontra consolo; nesse Emanuel, nós sabemos que Deus está conosco, mesmo quando parece se calar ante uma tragédia como a que estamos assistindo!
                Coloquemos, pois, os dias de nossa vida nas mãos do Salvador. E, como penhor de que nossas preces serão ouvidas, supliquemos à Mãe de Deus toda Santa: “À vossa proteção recorremos, ó Santa Mãe de Deus! Protegei os pobres, ajudai os fracos, consolai os tristes, rogai pela Igreja, protegei o clero, ajudai-nos todos, sede nossa salvação! Santa Maria, sois a Mãe dos homens, sois a Mãe do Cristo que nos fez irmãos! Rogai pela Igreja, pela humanidade e fazei que, enfim, tenhamos paz e salvação!”
                                                                        +++++
                               Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus - III

           Caríssimos em Cristo, certamente o pensamento mais presente neste hoje é o do início do Ano da graça de 2006, que iniciamos. Precisamente por este motivo, a primeira leitura da Missa invocou a bênção e a paz sobre nós: “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” Três vezes foi pronunciado o nome do Senhor! Começamos bem o ano de 2006! Mas, nunca esqueçamos quem é este Senhor: é o Menino que nos nasceu, o Filho que nos foi dado e que, precisamente, hoje, oito dias após o seu admirável nascimento, recebeu o nome de Jesus, que significa Deus salva! Eis: em Jesus, Deus nos salva com a verdadeira paz, paz que brota da comunhão com o Senhor! Que ele inunde com sua doce paz os dias do novo Ano, criança como o Menino de Belém!
           Mas, hoje, é também a Oitava do Santo Natal, dia no qual a Igreja volta-se para a Virgem que gerou em seu seio e deu à luz o verdadeiro Deus feito homem. Chegou a plenitude dos tempos e “Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”, aquela mesma que os pastores encontraram velando o “recém-nascido deitado na manjedoura”. Somos gratos à Virgem Santa e, contemplando o seu filhinho, reconhecemos nele o Deus perfeito e a proclamamos verdadeiramente Mãe de Deus: “Salve, ó Santa Mãe de Deus! Vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos!’ – assim canta a Igreja hoje, saudando a Toda Santa Virgem Maria. Nossos irmãos orientais, de rito bizantino, no Natal, cantam assim: “Ó Cristo, que podemos oferecer-vos como dom por vos terdes manifestado sobre a terra na nossa humanidade? Com efeito, cada uma das vossas criaturas exprime a sua ação de graças, e a vós traz: os Anjos, o seu cântico; o céu, uma estrela; os Magos, os seus dons; os Pastores, a admiração; a terra, uma gruta; o deserto, uma manjedoura; e nós, uma Virgem Mãe!” Eis, pois, caríssimos irmãos, nossa presente ao Salvador: a mais bela flor de nossa raça, o mais belo membro da Igreja, a Virgem Maria!
          Comprometamo-nos, então, a viver os dias do Novo Ano com as mesmas atitudes de Nossa Senhora! Primeiro, uma atitude de fé: ela escutou a Palavra, ela creu de todo o coração. Foi mulher totalmente aberta ao seu Senhor. Que neste 2006, saibamos, também nós, viver de fé; mesmo quando tudo parecer escuro, mesmo nos dias difíceis, mesmos nos momentos de pranto e nossa inteligência não conseguir compreender nem nossa vista conseguir enxergar os passos do Senhor. Em segundo lugar, uma atitude de disponibilidade à missão. Nossa Senhor não se furtou ao convite do Senhor, não se acomodou numa vida centrada nos seus próprios interesses: fez-se serva, fez-se disponível, fez-se ministra do plano salvífico do Senhor em nosso favor. Do mesmo modo, saibamos nós discernir o que o Senhor nos vai pedir e, sem medo, sem mesquinho fechamento, digamos-lhe “sim”, mesmo quando tal resposta for difícil e sofrida! Mas, tudo isso será impossível sem uma terceira atitude que devemos aprender da Mãe de Deus: aquela de escuta silenciosa e contemplativa. O Evangelho nos dá conta que Maria “guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração!” Eis! A Virgem rezava, a Virgem pensava nos acontecimentos à luz de Deus, na presença silenciosa do Senhor, procurando entender o sentido profundo das coisas. Somente quem faz assim pode ver sempre Deus em todas as coisas e em todas as circunstâncias...
           Caríssimos, certamente, haveremos de sorrir e chorar nestes dias do novo ano. Que lágrimas e sorrisos, vitórias e derrotas, abraços e separações, sejam vividos na luz do Senhor, do Menino que brilhou como luz nas nossas trevas e que, nele, encontremos sempre a paz. Para tanto, valha-nos, cada dia deste 2006, as preces da Toda Santa Mãe de Deus! Amém.

D. Henrique Soares

=============--------------------================

Por: Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A Solenidade da Divina Maternidade de Maria (Theotokos) é uma consequência natural do anúncio jubiloso da noite santa do Natal: “Nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor”; o nascimento de uma criança nos remete à sua origem mais próxima e incontestável: o seio de sua mãe. Portanto, afirmar que o menino que nasceu na gruta de Belém é o Deus que se fez carne, é reconhecer que a sua mãe é Mãe de Deus. “Mãe de Deus” não é um título honorífico que a Igreja inventou para prestar uma homenagem a Maria. Mas é o reconhecimento da realidade mais íntima e verdadeira que se estabeleceu, por obra do Espírito Santo, entre a Virgem de Nazaré, chamada Maria, e o Filho do Altíssimo, Jesus de Nazaré, o Verbo Encarnado. Ele não nasceu de uma deusa, pois assim continuaria sendo só um deus, mas nasceu de uma mulher, por isso se fez homem, assumindo a nossa condição, mesmo sem deixar de ser o Deus onipotente e eterno.
A Divina Maternidade de Maria representa a expressão máxima da bênção de Deus para a humanidade. Assim como o povo de Israel, através da oração e invocação sacerdotais de Aarão e seus filhos (1ª Leitura), era abençoado por Deus a fim de ser-lhe garantida a plenitude dos bens: “O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz (Shalom)”, na plenitude dos tempos, a bênção por excelência nos chega através de uma mulher (2ª Leitura), cujo filho nos traz a plenitude da salvação, pois o seu nome é Jesus: Deus Salva, aquele que nos liberta de toda escravidão. A festa de hoje nos diz que o Salvador tomou a iniciativa de vir até nós; no seio de uma mulher, uniu-se a toda a humanidade e não apenas a um povo ou a uma cultura particular. Portanto, ir ao encontro do Salvador é tomar a estrada da verdadeira humanização que alcança plenitude na experiência de salvação. É inegável a riqueza plural da experiência religiosa de toda a humanidade nas suas diferentes culturas e cosmovisões; uma humanidade que sempre almejou a salvação, que sempre buscou irresistivelmente a plenitude da vida. Reconhecer esse desejo de salvação universal não é suficiente para fazer a experiência de salvação; é preciso encontrar-se com o Salvador. O Vaticano II nos recorda: “Na realidade o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do verbo Encarnado… Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre a sua altíssima vocação” (GS 22).

Por isso, Jesus não é simplesmente mais um símbolo de Deus na jornada espiritual do homem, mais um ser humano iluminado e dotado de excelentes virtudes, que aponta para uma realidade transcendente. Ele é o Salvador da humanidade, pois não catalisa apenas os desejos do ser humano por Deus, mas Ele é o próprio Deus que vem em busca do ser humano.
O evangelho de hoje nos apresenta, de maneira simples e profunda, a experiência do encontro com o Salvador. Os pastores, depois de terem ouvido o anúncio do anjo, partiram para Belém. A Boa Notícia de que Deus nos enviou o Salvador é “o primeiro serviço que a Igreja pode prestar ao homem e à humanidade inteira” (João Paulo II, Redemptoris Missio, 2). A fé em Cristo Salvador não é imposição que tira a liberdade do ser humano, mas deve ser proposta por quem, no encontro pessoal com Ele, fez a experiência do maravilhar-se com o dom da salvação, da vida nova; considerando um grande bem, não o retém egoisticamente, mas o comunica aos outros como serviço generoso e de gratidão.
Bento XVI, em Aparecida (2007), afirmou: “A Igreja não faz proselitismo. Ela cresce muito mais por ‘atração’: como Cristo ‘atrai todos a si’ com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da Cruz, assim a Igreja cumpre a sua missão na medida em que, associada a Cristo, cumpre a sua obra conformando-se em espírito e concretamente com a caridade do seu Senhor”. Os pastores quando confirmaram, ao encontrar-se com o recém-nascido deitado na manjedoura, tudo o que lhes fora dito sobre o menino, provocaram uma grande alegria nas pessoas que os ouviam. Esta é a verdadeira e eficaz evangelização.

O Papa Francisco nos encoraja a fazer essa mesma experiência quando nos diz: “A ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (EG 1). O grande desafio no anúncio dessa boa notícia de salvação é recuperar a sua simplicidade e autenticidade. O mesmo sinal que fora dado pelo anjo aos pastores para que reconhecessem o Salvador continua ainda hoje válido para fazermos a experiência do encontro com Ele: “um menino envolto em faixas e deitado na manjedoura”. Os padres da Igreja viram nessas faixas uma referência às Escrituras do Antigo Testamento, como dirá a Dei Verbum: “Deus dispôs sabiamente que o Novo Testamento estivesse escondido no Antigo” (DV 16). Porém, na perspectiva de Lucas, as faixas fazem referência à morte de Jesus: “Envolvendo-o num lençol, colou-o numa tumba”. Portanto, o encontro com o Senhor exige conhecimento de toda a sua vida, morte e ressurreição, experiência iluminada pela Palavra de Deus.
Deitado numa manjedoura” é o outro sinal para reconhecer o Salvador. A manjedoura é o lugar onde se oferece o alimento, Jesus é o Salvador porque se fez nosso alimento, entregando a sua vida para que tenhamos vida em plenitude. A experiência da Eucaristia é o momento privilegiado do encontro com o Salvador, pois é ali que Ele nos nutre ricamente com a sua palavra e com o seu corpo e sangue. Mais uma vez, exige-se de nós conhecimento de toda a pessoa do Salvador. Vale notar que tanto a manjedoura quanto a sepultura é o lugar de colocar Jesus deitado (mesmo verbo: keimevos Lc 2,13.16; 23,53). Portanto, o menino deitado na manjedoura é o mesmo homem deitado no sepulcro. Na manjedoura o Verbo se abreviou, fez-se pequeno para que pudéssemos compreendê-lo (VD 12), mas abandonando o sepulcro, fez-nos compreender que o seu amor é infinito a ponto de não poder ser aprisionado por nada e por ninguém, pois é este amor que nos salva.
Que este tempo de Natal nos ajude a fazer a experiência da Mãe de Deus: “Guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração”. Sendo mãe do Filho de Deus, Maria Mãe de Deus nos aponta o caminho eficaz para fazer a experiência do encontro com Aquele que traz a salvação, pois só Ele é Jesus.


==========----------------------================

Para a Celebração da Palavra (Diáconos ou Ministros extraordinários da Palavra):


LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- COM JESUS PRESENTE ENTRE NÓS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Pai, que a Mãe de Vosso Filho interceda por nós.
- Senhor, nós vos louvamos, pois sois bondoso e fiel. Desde o começo do mundo vos revelastes como Deus de amor e por meio dos profetas alimentastes nossa esperança de nos enviar o Salvador. Senhor, obrigado por nos dar Maria como nossa mãe e nossa intercessora.
T: Pai, que a Mãe de Vosso Filho interceda por nós.
-  Senhor, nosso Deus e Pai, bendito seja o Vosso nome sobre em todo o universo. Grande é vosso amor nos enviando vosso Filho para nos guiar ao Vosso Reino. Pai, agradecemos pela nossa vida, pelo nosso batismo e pela esperança da vida eterna.
T: Pai, que a Mãe de Vosso Filho interceda por nós.
-  Pai, enviai o Espírito Santo sobre nós, para que nos transformemos e tenhamos coragem de levar vosso nome a todos os nossos irmãos que não vos conhecem ou que vos abandonaram. Que a Virgem Maria, nossa mãe, seja a nossa força na obediência aos vosso projetos e seja a nossa defensora em nossas dificuldades.
T: Pai, que a Mãe de Vosso Filho interceda por nós.
- PAI NOSSO... A Paz de Cristo... Eis o Cordeiro...