4º DOMINGO DO ADVENTO ANO A 2019
Tema: “Ele será chamado de Emanuel.” Jesus é o “Deus conosco”, que veio oferecer uma vida nova.
Na
primeira leitura, o profeta Isaías anuncia que Deus
que não abandona o seu Povo, mas caminha com ele na história.
Evangelho: Jesus é
“Deus conosco”, que vem ao nosso encontro apresentar uma proposta de salvação.
Segunda leitura: Do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho a todos e em todos os
tempos.
PRIMEIRA
LEITURA (Is 7,10-14) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Naqueles dias, o Senhor falou com Acaz, dizendo: “Pede ao
Senhor teu Deus que te faça ver um sinal, que provenha da profundeza da terra,
que venha das alturas do céu”. Mas Acaz respondeu: “Não pedirei nem tentarei o
Senhor”. Disse o profeta: “Ouvi então, vós, casa de Davi; será que achais pouco
incomodar os homens e passais a incomodar até o meu Deus? Pois bem, o próprio
Senhor vos dará um sinal. Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e
lhe porá o nome de Emanuel”.
AMBIENTE - Em 734 A.C., Acaz sobe
ao trono de Judá (o Povo de Deus está dividido: ao norte, há um reino formado
por dez tribos, com o nome de Israel; ao sul, há outro reino, formado por duas
tribos, com o nome de Judá. Por esta época, Judá goza de alguma prosperidade
econômica e de relativa tranquilidade política… No entanto, Pecah, rei de
Israel, e Rezin, da Síria, lançam as suas tropas contra Judá. Acaz, assustado,
decide pedir a ajuda dos assírios para resistir aos invasores. O profeta
Isaías, no entanto, não concorda: para ele, a única esperança com que Judá deve
contar é Jahwéh, o seu Deus; No entanto, Acaz insiste em pedir a ajuda da
Assíria… É então que o profeta Isaías se dirige ao rei e lhe pede que, se não
acredita nas suas recomendações, peça a Deus um “sinal” para decidir o que Deus
quer e o que é melhor para o Povo. Acaz tem a decisão tomada e recusa pedir a
Deus um “sinal”… Mas Isaías quer, mesmo assim, deixar ao rei um “sinal” de
Deus…
MENSAGEM - O “sinal” de Deus é
este: “a jovem conceberá e dará à luz um filho, e o seu nome será Deus
conosco”. O profeta refere-se Certamente ao fato histórico da gravidez da jovem
esposa do rei (Abia, filha de Zacarias) e posterior nascimento do filho
Ezequias, que veio a ocupar o trono de Judá quando Acaz morreu. O nascimento desse bebê será a garantia de
que a descendência de David continuará e de que, apesar do ataque dos inimigos
(Pecah de Israel e Rezin de Damasco), Judá terá um futuro. Este bebê é,
portanto, um sinal de que “Deus está conosco” e que continua a cuidar do seu Povo
e a oferecer-lhe um futuro de esperança. Ao abordar este texto, a versão grega
dos “Setenta” utilizou o vocábulo “parthénos” (“virgem”) para traduzir o
hebraico “‘almah” (“jovem”). Por isso, desde o séc. II a.C. (ou até antes), uma
parte da tradição judaica viu neste nascimento excepcional uma referência ao
Messias, que haveria de nascer de uma “virgem”. A tradição cristã,
naturalmente, aplicou este oráculo a Jesus; e Maria, a mãe de Jesus, passou a
ser essa “virgem” nomeada no texto grego de Is 7,14.
ATUALIZAÇÃO
♦ Deus não abandona o seu Povo e será sempre o “Deus conosco”, que
continua a vir ao nosso encontro…
♦ Acaz confiava mais na segurança dos exércitos estrangeiros do que
em Jahwéh… Em que é que o homem de hoje coloca a sua confiança e a sua esperança?
Para evitar um holocausto nuclear, é no equilíbrio das armas que podemos
confiar? Para termos uma sociedade mais justa e mais fraterna, é nos políticos
que podemos confiar? Para nos sentirmos seguros e confortáveis, é no dinheiro
que podemos confiar? Para iludirmos a doença ou a morte, é nos novos
medicamentos ou nos progressos da medicina que podemos confiar? Onde está a
nossa “rocha segura” que não falha: em Deus ou nas estruturas humanas?
SALMO
RESPONSORIAL 23(24)
O rei da glória é o
Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar!
• Ao Senhor pertence a terra e o que ela encerra, / o mundo inteiro com
os seres que o povoam; /
porque ele a tornou firme sobre
os mares, / e sobre as águas a mantém inabalável.
• “Quem subirá até o monte do Senhor, / quem ficará em sua santa
habitação?” /
“Quem tem mãos puras e inocente coração, / quem não dirige sua mente
para o crime”.
• Sobre este desce a bênção do Senhor / e a recompensa de seu Deus e
Salvador”. /
“É assim a geração dos que o procuram
/ e do Deus de Israel buscam a face”.
EVANGELHO
(Mt 1,18-24) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava
prometida em casamento a José e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida
pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo e, não querendo
denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. Enquanto José pensava nisso,
eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de
Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu
pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de
Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. Tudo isso aconteceu
para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Eis que a virgem
conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que
significa: Deus está conosco”. Quando acordou, José fez conforme o anjo do
Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa.
AMBIENTE - Mateus centra o seu relato do nascimento de Jesus na figura de S. José (S. Lucas na de Maria), com uma clara intencionalidade teológica de apresentar Jesus como o Messias, anunciado como descendente de David.
O Evangelho que
acabamos de ouvir refere a concepção de Maria, Mãe de Jesus, aceitação por José
e o nascimento do Salvador. Desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a
Mãe do seu Filho uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, Virgem que era
noiva de um homem da casa de David.
Os textos do “Evangelho da Infância” pertencem a um gênero literário,
chamado homologese. Este gênero não
pretende ser um relato jornalístico e histórico de acontecimentos; mas é,
sobretudo, uma catequese (que Jesus é o Messias, que Ele vem de Deus, que Ele é
o “Deus conosco”). A homologese utiliza e mistura tipologias (fatos e
pessoas do Antigo Testamento, encontram a sua correspondência em fatos e
pessoas do Novo Testamento) e aparições
apocalípticas (anjos, aparições, sonhos) para fazer avançar a narração e para explicitar
determinada catequese sobre Jesus. O Evangelho de hoje deve ser entendido a
esta luz: não interessa, pois, estar
aqui à procura de fatos históricos. Há ainda outra questão que importa: a
situação de Maria e José. O casamento hebraico considerava o compromisso
matrimonial em duas etapas: havia uma primeira fase, na qual os noivos se
prometiam um ao outro (os “esponsais”); só numa segunda fase surgia o
compromisso definitivo (as cerimônias do matrimônio propriamente dito)… Entre
os “esponsais” e o rito do matrimônio, passava um tempo mais ou menos longo,
durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo
uma penalidade. Durante os “esponsais”,
os noivos não viviam em comum; mas o compromisso que os dois assumiam tinha já
um caráter estável, de tal forma que, se surgia um filho, este era
considerado filho legítimo de ambos. A Lei de Moisés considerava a infidelidade
da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (cf. Dt
22,23-27)… E a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver se com a
fórmula jurídica do divórcio. Ora, segundo o texto que nos é proposto, José e
Maria estavam na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o
matrimônio, mas já tinham celebrado os “esponsais”.
A concepção virginal
antes de ser explicada e justificada pelo cumprimento das Escrituras (vv.
18-25), é logo anunciada na genealogia, que precede imediatamente a leitura de
hoje, pois para todos os seus elos se diz «gerou»,
quando para o último elo não se diz que «gerou», mas: «José, esposo de Maria, da qual
nasceu Jesus» (v. 16, à letra
«da qual foi gerado – entenda-se, por Deus – Jesus»).
O que devia ser para
José uma grande alegria tornou-se o mais cruel tormento. Em circunstâncias
idênticas, qualquer outro homem teria
denunciando a noiva ao tribunal como adúltera. Mas José era um santo, «justo», por isso,
não condenava ninguém sem ter as provas evidentes da culpa. E aqui não as tinha
e, conhecendo a santidade singular de Maria, não admite a mais leve suspeita, mas
pressente que está perante o sobrenatural, já sentido por Isabel… (ou não teria
tido alguma iluminação divina acerca da profecia de Isaías 7, 14). Então só lhe restava deixar Maria, para não
se intrometer num mistério em que julga não lhe competir ter parte alguma. É assim que «resolveu repudiá-la em
segredo», evitando, assim, «difamá-la»
(colocá-la numa situação infamante) ou simplesmente «tornar
público» («deigmatísai»)
o mistério messiânico. Mas podemos perguntar: porque não interrogava antes
Maria para ser ela a esclarecer o assunto? É que pedir uma explicação já seria mostrar dúvida, ofendendo Maria;
a sua delicadeza extrema levá-lo-ia a não a humilhar ou deixar embaraçada. E porque razão é que Maria não
falou, se José tinha direito de saber do sucedido? Mas como é que Maria podia
falar de coisas tão colossalmente extraordinárias e inauditas?! Como podia provar a José a Anunciação do
Anjo? Maria calava,
sofria e punha nas mãos de Deus a sua honra e as angústias por que José iria
passar por sua causa; e Deus, que tinha revelado já a Isabel o mistério da sua
concepção, podia igualmente vir a revelá-lo a José. De tudo isto fica para nós o
exemplo de Maria e de José: não admitir suspeitas temerárias e confiar sempre
em Deus.
«Não temas receber Maria, tua esposa». O Anjo não diz: «não desconfies», mas: «não temas». Segundo a explicação anterior, José
deveria andar amedrontado com algo de divino e misterioso que pressentia:
julga-se indigno de Maria e decide não se imiscuir num mistério que o
transcende. Como explica S. Bernardo, S. José «foi tomado dum assombro sagrado
perante a novidade de tão grande milagre, perante a proximidade de tão grande
mistério, que a quis deixar ocultamente… José tinha-se, por indigno…».
Assim, o Anjo não só elucida José, como também lhe diz que ele tem uma missão a
cumprir no mistério da Incarnação, a missão e a dignidade de pai do Salvador.
Eis, a propósito, o
maravilhoso comentário de S. João Crisóstomo, apresentando Deus a falar a José:
«Não penses que, por ser a concepção de Cristo obra do Espírito Santo, tu és
alheio ao serviço desta divina economia; porque, se é certo que não tens
nenhuma parte na geração e a Virgem permanece intacta, não obstante, tudo o que
pertence ao ofício de pai, sem atentar contra a dignidade da virgindade, tudo
to entrego a ti, o pôr o nome ao filho. (…) Tu lhe farás as vezes de pai, por
isso, começando pela imposição do nome, Eu te uno intimamente com Aquele que
vai nascer» (Homil.
in Mt, 4).
MENSAGEM
-
Segundo a narração de Mateus, José
apercebeu que Maria estava grávida, durante a fase dos esponsais… Como sabia
não ser o pai do bebê que estava para chegar, resolveu abandonar Maria, em
segredo; mas um anjo do
Senhor apareceu-lhe em sonhos
e esclareceu o mistério: “Aquele que vai nascer é fruto do Espírito Santo”. O
que é que temos aqui? Reportagem de acontecimentos históricos? O anúncio do
anjo a José segue o esquema dos relatos do Antigo Testamento, em que se anuncia
o nascimento de uma personagem importante (Jz 13): a) o anúncio está rodeado de
sinais divinos (o “anjo do Senhor”, o sonho); b) que provocam medo e espanto;
c) o mensageiro divino anuncia qual será o nome e a missão da criança que vai
nascer; d) dá-se um sinal que confirma o anúncio (o cumprimento das Escrituras).
A função destes anúncios é vincular a personagem, desde o seu nascimento, com o
projeto divino. Este mesmo esquema estereotipado é, aliás, usado por Lucas para
descrever o nascimento de João Batista (cf. Lc 1,5- 25). Neste episódio temos,
portanto, não uma descrição de fatos históricos, mas uma catequese sobre Jesus (que é apresentada recorrendo a esquemas
literários, conhecidos dos escritores bíblicos). Então, o que é que esta
catequese procura ensinar? Fundamentalmente, procura-se mostrar que Jesus vem de Deus, que a sua origem é
divina (Maria encontra-se grávida por virtude do Espírito Santo). Procura
se, ainda, ensinar qual será a missão de Jesus: o nome que Lhe é atribuído
mostra que Ele vem de Deus com uma proposta de salvação para os homens (“Jesus” significa “Jahwéh salva”).
Também se diz, de forma clara, que Ele é o Messias de Deus, da descendência de
David, que os profetas anunciaram (a referência ao seu nascimento de uma
“virgem” não deve ser vista como a afirmação do dogma da virgindade de Maria,
mas como a afirmação de que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas –
nomeadamente pelo texto de Is 7,14 – enviado por Deus para restaurar o reino de
David). De qualquer forma, a figura de José desempenha aqui um papel muito
interessante… O anjo dirige-se
a ele como “filho de David” e pede-lhe que receba Maria e que ponha um nome à
criança. A imposição do nome é o rito através do
qual um pai recebe uma criança como filho. Assim, Jesus passa a fazer parte da
família de David e a ser, naturalmente, a esperança para a restauração desse
reino ideal de paz e de felicidade pelo qual todo o Povo ansiava. Pela
obediência de José, realizam-se os planos e as promessas de Deus ao seu Povo.
ATUALIZAÇÃO
♦ A festa do Natal deve ser o encontro com este Deus; e só será
possível se tivermos o coração disponível para O acolher e para abraçar a
proposta que Ele nos veio fazer.
♦ Maria é
uma figura que está sempre disponível para escutar os apelos de Deus e que lhes
responde com um “sim” de disponibilidade total… Estou na mesma atitude de
disponibilidade aos desafios de Deus?
♦ José é o homem a quem Deus envolve nos seus planos, mas que tudo
aceita, numa obediência total a Deus. Sou capaz de acolher os projetos de Deus
– mesmo quando eles desorganizam os meus projetos pessoais – com a mesma
disponibilidade de José, na obediência total aos esquemas de Deus?
SEGUNDA
LEITURA (Rm 1,1-7) Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos.
Eu, Paulo, servo
de Jesus Cristo, apóstolo por vocação, escolhido para o Evangelho de Deus, que
pelos profetas havia prometido, nas Sagradas Escrituras, e que diz respeito a
seu Filho, descendente de Davi segundo a carne, autenticado como Filho de Deus
com poder, pelo Espírito de Santidade que o ressuscitou dos mortos, Jesus
Cristo, Nosso Senhor. É por ele que recebemos a graça da vocação para o
apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos pagãos,
para a glória de seu nome. Entre esses povos estais também vós, chamados a ser
discípulos de Jesus Cristo. A vós todos que morais em Roma, amados de Deus e
santos por vocação, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de Nosso Senhor,
Jesus Cristo.
AMBIENTE - Estamos no ano
57 ou 58. Paulo está preocupado com o futuro da Igreja, pois manifestam- se
algumas dificuldades de relacionamento entre judeu-cristãos e pagão-cristãos,
fruto das diferenças sociais, culturais e religiosas subjacentes aos dois
grupos. Nesta situação, Paulo escreve para sublinhar aquilo que a todos une –
judeus e não judeus – fazem parte do mesmo Povo de Deus e devem viver no amor e
na fraternidade.
MENSAGEM - Num começo
solene, Paulo define-se a si: ele é servo, apóstolo e eleito para anunciar o
Evangelho. Dizer que é “servo de Jesus Cristo” significa que ele pôs a
sua vida, ao serviço de Jesus Cristo. A designação “servo” deve ser entendida
como entrega amorosa a Cristo. Dizer que é “apóstolo por chamamento
divino” equivale a dizer que ele é uma testemunha fiel de Jesus e da sua
mensagem. Dizer que é “escolhido para o Evangelho” quer dizer que Paulo
tem consciência de ser, desde sempre, eleito por Deus para a tarefa de levar a
Boa Nova da libertação aos homens de toda a terra. Ele nasceu para anunciar o
Evangelho e para ser testemunha do projeto de salvação que Deus quer oferecer
aos homens.
Na perspectiva de Paulo, o “Evangelho” é a proposta libertadora de Deus,
que se tornou viva e presente no mundo através da pessoa de Jesus Cristo, o
Messias, e que se destina à salvação de todos. Não se trata de uma coleção de
textos mortos; mas trata-se de uma proclamação viva, ativa, transformadora,
capaz de gerar vida nova e liberdade plena naqueles que a escutam e a acolhem.
Paulo sente que toda a sua vida está ao serviço desse projeto.
ATUALIZAÇÃO
♦ Jesus Cristo
veio ao mundo para apresentar um projeto de salvação; esse projeto é o caminho
seguro para deixarmos cair as cadeias que nos oprimem e para chegarmos à vida
plena que Deus nos quer oferecer.
♦Ser cristão é
testemunhar essa proposta de vida nova e de liberdade.
♦Para Paulo, o
anúncio do Evangelho é uma missão que Deus confia àqueles que elege e que deve
ser cumprida com amor e com espírito de serviço.
Fonte:
Dehonianos
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Maria e José
Na
1aLeitura, ISAÍAS anuncia uma Virgem, que
conceberá o "Deus conosco". Is
7,10-14)
O
Rei Acaz confia mais no poder do exército dos assírios, do que na força e na
proteção de Deus e sofre um estrondoso fracasso.
Apesar
da infidelidade de Acaz, Isaías confirma a fidelidade de Deus e revela um sinal
de esperança: "Uma Virgem conceberá
e dará à luz um filho (Ezequias), e
lhe porá o nome de EMANUEL, que quer dizer Deus-Conosco".
-
O filho de Acaz, concebido de uma virgem, foi um bom rei, consolidou a dinastia
de Davi e se tornou sinal da presença de Deus no meio do povo. Mas criou-se a expectativa de um outro rei,
um filho de Davi, que cumprisse plenamente a profecia e fosse realmente
"Deus conosco".
-
Desde o início da era cristã, os cristãos viram na figura dessa "virgem"
a imagem de Maria, mãe de Jesus; e no
"Emanuel" o próprio Jesus,
o verdadeiro "Deus-conosco".
A
2ª
Leitura, Paulo lembra que Jesus é a boa-nova de Deus há tempos
anunciada pelos profetas, nas Sagradas Escrituras, um judeu de nascimento, da
família de Davi. (Rm 1,1-7)
No
Evangelho,
vemos a plena realização da promessa:
Jesus é o "Deus-conosco" que vem ao encontro dos homens
para lhes apresentar uma proposta de Salvação.
Ele
nascerá de MARIA, esposa de um homem
bom, justo e honrado chamado JOSÉ,
descendente de Davi. (Mt 1,18-24)
A
narrativa da situação de Maria e José não deve ser vista como uma descrição de
fatos históricos, mas uma CATEQUESE sobre Jesus
- Jesus vem de Deus: sua
origem é divina. Maria encontra-se grávida por obra do Espírito Santo.
- Missão de Jesus:
o nome "Jesus"
significa "Javé salva". Ele mostra que vem de Deus com uma
proposta de salvação.
- O seu Nascimento
de uma "Virgem" afirma que Jesus é o Messias anunciado
pelos profetas, enviado por Deus para restaurar o reino de Davi.
- José desempenha
um papel importante: Pela sua obediência silenciosa, realizam-se os Planos de
Deus. Confiando na palavra de Deus, se incorpora, com plena disponibilidade, no
plano salvador de Deus.
- A Virgem Maria
nos convida a admirar o que o Senhor operou nela e a acreditar na vitória
da vida onde nós só enxergamos sinais de morte.
*
No Natal, Deus
vem ao encontro dos homens para oferecer a Salvação. Esse encontro
só será possível se tivermos o coração disponível para o acolher e para abraçar
a sua proposta.
+ O Evangelho nos
apresenta DOIS MODELOS de disponibilidade:
- MARIA
está sempre atenta aos apelos de Deus e responde com um "sim"
generoso de total disponibilidade... Esse "sim" torna possível a
presença salvadora de Deus no mundo.
- JOSÉ é um
homem a quem Deus envolve nos seus planos misteriosos, mas que tudo aceita,
numa obediência total a Deus.
Pe. Antônio Geraldo
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Homilia
do Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, estamos nos
aproximando do aniversário de Jesus, o dia do Natal. É evidente, que não é um
aniversário igual a qualquer outro. Este aniversário, Natal, é carregado de
significado. Ao celebrarmos o Natal do Senhor, celebramos a graça de Deus, que
habita entre nós. Para compreendermos
melhor, é bom lembrar daquilo que o antigo Testamento nos apresenta. Ele diz
que Deus está nas alturas. E, de
fato, o próprio Pai Nosso vai nos
falar isto: “Pai nosso que estais no Céu”. De fato também, nós vamos professar
a nossa fé, onde nosso creio vai dizer: “Desceu
do Céu e se encarnou pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem”.
Na realidade, o ser humano no Antigo Testamento precisava se dirigir aos Céus
para entrar em comunicação com Deus. Deus é o inatingível, aquele, que por mais
que eu queira, não consigo tocar. De maneira, que sempre havia um distanciamento entre o ser humano e Deus. Natal é Deus que
toma a iniciativa de vir ao ser humano. É graça de Deus. É Deus que volta o seu
olhar para o ser humano. O Antigo Testamento no livro do Êxodo vai dizer: “Eu vi e eu ouvi e desci para salvar o meu povo”.
É Deus que gratuitamente volta o seu olhar para a humanidade. Isto é graça. O
profeta Miquéias vai dizer que isto acontecerá e Ele virá de Belém. Belém
significa casa do pão. Ora, não é atoa, que Jesus vai tomar um pão, partir e
dizer: “Tomai e comei. Isto é o meu corpo”. Jesus vai realizar esta profecia de
Miquéias, trazendo para nós a Eucaristia. Na sua graça Ele, Deus, vai se tornar um de nós no Natal e vai permanecer conosco para
sempre. Ao mesmo tempo que Celebramos sua volta para o Céu, na ascensão,
celebramos sua presença no meio de nós. A graça de Deus chega ao máximo, no
ápice, se esvaziando de si mesmo e se tornando homem. É o grande mistério de
Deus.
Mistério não é o que eu não posso
entender. Muita gente aprendeu assim e eu também na catequese: o que é
Mistério? “Mistério é o que eu não posso entender”. Não é verdade. Mistério é
aquilo que eu compreendo, mas não consigo compreender na sua totalidade. Toda
vez, que eu voltar e procurar me aprofundar, vou descobrir algo novo, algo que
eu nunca percebi. O mistério tem a ver com Deus. Tudo que vem de Deus, é muito
grande para nossa compreensão. Não cabe na nossa cabeça a totalidade do que
Deus nos transmite. Não por má vontade nossa, mas por limitação. Nós somos
seres humanos e Deus não é um ser humano. É aí que começa o mistério. Se Ele
não é ser humano, como é que vamos celebrar o seu nascimento? Ou então, algo
mais complicado: como é que DEUS pode nascer de uma mulher? Ou pior ainda: como
é que Deus pode Nascer, se Deus é eterno? Aí é que está. Então, este é um
GRANDE MISTÉRIO, que nós vamos compreendendo, na medida em que podemos
contemplar a fidelidade de Deus. Já o Antigo Testamento dizia: “Eu vi e eu ouvi e desci para salvar o meu
povo. Serei para ele um Pai e ele será para mim um filho”. Esta é a fidelidade
de Deus, a Aliança de Deus. Deus decide
adotar a humanidade como seus filhos e apresenta Davi como sendo SINAL de
seus filhos. Nós sabemos, que Davi não serviu, de forma alguma, como exemplo de
filho de Deus, mas eu digo por mim. Eu não tenho moral de criticar e julgar
Davi. Talvez eu muito menos que Davi, sou digno de ser chamado filho de Deus. Davi
se torna sinal de toda a humanidade, que Deus acolhe como sendo seus filhos,
muito embora Deus não seja, muitas vezes, reconhecido como Pai. Deus, na sua fidelidade, não vai medir
esforços para que sua presença seja percebida, experimentada e vivida no dia a
dia das pessoas. Deus quer ser, de fato, solidário. Ele quer ser o nosso ponto
de apoio, onde podemos nos ancorar, nos amparar, para podermos ter coragem para
podermos viver.
Como
Ele faz para ser solidário? Primeiro, faz a experiência de ser criança. Como nós
gostamos de criança! As crianças têm muitas etapas a serem conquistadas. As
crianças têm muitos problemas para serem vencidos. A criança é incompreendida!
A criança não é levada a sério! A criança tem de aprender tudo! Tudo! Alguém
poderia dizer: é injusto Deus criar uma pessoa nesta condição! Então, Ele diz:
Vou mostrar que ser criança é a maneira básica para poder CONFIAR NO PAI, o que
é confiar no amor da mãe. Aí, Ele se submete a esta situação, mostrando que Ele
vai confiar não somente no Pai que está no céu, mas também naquele que o
acolheu como filho e vai também confiar na sua mãe (José e Maria).
Depois vem a fase da adolescência. O
adolescente sofre demais! Ele quer ser tratado como adulto, mas lhe dizem: você
não tem responsabilidade! Ele quer ainda ser agradado como criança e as pessoas
dizem: você já é um adulto! É a situação onde vemos Jesus com doze anos de
idade. Jesus é o Deus que experimenta a realidade do adolescente, onde sua mãe
vem e lhe diz: você não deveria ter feito isto conosco! Ele poderia dizer: Eu
sou Deus! Eu faço o que eu quiser! Mas, diz o texto que Ele lhes foi submisso.
Crescia em Sabedoria e estatura diante
de Deus e dos homens. Vemos depois aquele jovem que se torna
aventureiro. Deixa a casa e vai andar pelo mundo! Qual mãe aceitaria que o filho deixando a casa e
saindo para o mundo? Ainda com um bando que gente pobre! Ignorantes e sem
dinheiro! “Não foi para isto que eu te criei!” “Eu espera tanto de você!” Aí
vem Jesus mostrando esta realidade. Agora, o que é pior de tudo; Entre aqueles
que escolheu como amigo, experimentar um traidor! Como é que Deus pode permitir
que alguém possa trair os meus ou como Deus faz isto comigo? Depositei tanta
confiança nos meus amigos! Ele mostra que estas limitações faz parte da vida.
Por fim, Ele decide entregar sua vida por todos.
Se formos observar, este é um Deus tão
solidário, que em qualquer situação de nossa vida, Ele se mostra fiel. Ele se
mostra presente, próximo. Claro, é força de expressão: me diga um momento da
vida de alguém, que Jesus não tivesse experimentado. Este é o grande mistério
de Celebrar o Deus conosco. O nosso Deus não é distante, mas também não é
alguém que coloco debaixo do braço. Ele está ali para eu pensar: Ele também
viveu isto. Também Ele experimentou, também Ele enfrentou esta situação. A
partir daí, poder pedir ajuda.
Podemos ver a atitude de Davi de duas
maneiras. Primeiro: como posso ter uma boa casa e Deus nenhuma? É um gesto
bonito da parte de Davi! Mas, ao mesmo tempo, podemos interpretar como alguém
que sugere, que dá a entender, que Deus está dependendo dele. Muitas vezes isto
acontece conosco também. Claro, que não vamos oferecer uma casa para Deus!
Primeiro tenho que pensar e dinheiro. No tempo de Davi isto não era problema. Muitas
vezes amamos a Deus, confiamos em Deus, mas eu é que tenho de dizer o que Ele
deve fazer. Ele depende de mim para acertar, naquilo que eu preciso. Então, eu
vou dizendo a Deus o que Ele precisa
fazer. É a mesma atitude de Davi. Entretanto, Deus responde de uma maneira
belíssima! Você vai fazer uma casa para mim? Olha, eu pensei que o universo
fosse meu. Ao mesmo tempo em que este Deus se apresenta como ser humano, Ele se
mostra totalmente poderoso e pleno, onde Ele é o Senhor do Universo. Aqui está
este mistério! Este é o grande mistério que nós agora entramos nesta semana
Celebrando. Não dá para explicar como um Deus eterno e todo poderoso pode
nascer, como não dá para explicar como o ser humano é deus, a não ser quando
contemplamos o rosto de amor de Deus. O
amor de Deus não é um sentimento, mas o amor de Deus é uma escolha. O amor
de Deus não é algo de momento, mas é para sempre. Por isso, o Amor de Deus se
revela em tudo que é feito. Na criação, que todo dia ganha novo vigor e tudo
aquilo que é feito para o próximo, a maneira como Deus trata a cada um de nós. Se quisermos ser imagem e semelhança de Deus,
somos chamados a amar, somos chamados a sermos fiéis a nossa missão, somos
chamados a estabelecer uma aliança com Deus e com quem está ao nosso redor. Que
possamos garantir a presença de Deus em nossa vida, sobretudo nestes dias que é
o Natal.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
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Homilia
do Padre Françoá Costa
Como
o Evangelho da Infância segundo São Mateus é escrito desde a perspectiva de
José – diferente de Lucas, escrito desde a perspectiva de Maria – vamos pensar
hoje, na presença de Deus e à luz do texto evangélico, na figura desse grande
homem, São José, no Tempo do Advento.
Uma das
primeiras coisas que chama a nossa atenção na vida de José é o grande
privilégio que ele teve: morar com Jesus e com Maria, cuidar deles,
sustentá-los e ensinar-lhes muitas coisas. De fato, o nome “José” significa “Deus
acrescentará”. E como acrescentou! Nós também pedimos a Deus que ele
acrescente em nossas vidas a companhia de Jesus e de Maria, e de José. Nunca
andemos sozinhos podendo estar tão bem acompanhados.
José é um
homem justo (cfr. Mt 1, 19): convencido da inocência de Maria, ele sabe que não
pode proceder ao rigoroso cumprimento da lei, que consistia em apedrejar os
culpados (cfr. Dt 22,20ss). Maria não era culpada. Por outro lado, como
proteger uma criança sob o próprio nome quando não se sabe quem é o pai? Se
José fosse um legalista, não pensaria duas vezes: cumprimento da lei tal qual. Mas S. José não ficou somente na
letra da Lei.
Desde a sua infância meditava a Lei de Deus e a tinha gravada no coração, tinha
atingido o espírito da Lei e procurava conhecer realmente a vontade de Deus em
cada circunstância concreta. A justiça de José não é “justiça de José”, mas de
Deus. Essa justiça está, ademais, banhada pela prudência, pela bondade e por um
grande desejo de conhecer e praticar a vontade de Deus, que é bom.
Grande
privilégio de S. José: é ele quem dá nome e sobrenome a Jesus. O anjo já tinha
dito a José que colocasse o nome de Jesus no menino que nasceria. Além do mais, José, fazendo tudo o que o anjo lhe
disse, assumiu Jesus como seu filho adotivo e lhe deu também o sobrenome real:
da casa de Davi. Por causa de José, Jesus pode ser chamado também “filho de
Davi” e dessa maneira se cumpriu a promessa de que viria um Messias da casa de
Davi.
Uma
das varias virtudes de S. José foi a disponibilidade. O Espírito Santo deixou
escrito que “despertando, José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado” (
Mt 1,24). Deus nos ajude a ser generosos, especialmente nesses últimos dias que
faltam para que contemplemos, através da liturgia da Igreja, o nascimento do Senhor.
Talvez, um dos aspectos que deveríamos pensar mais nesses dias que faltam para
o Natal seja a disponibilidade do nosso tempo para Deus e para os demais.
Quanto tempo nós dedicamos à oração? Jesus
é uma pessoa. Daí a importância de marcar alguns horários para estar com ele.
Pensemos juntos: se tivéssemos que encontrar-nos com um personagem importante –
um homem de estado, por exemplo – estaríamos lá no local combinado não só
pontualmente, mas talvez até uns minutinhos antes para não correr o perigo de perder
o esperado encontro. Por que não usamos semelhante critério para com Deus?
É preciso que tenhamos os nossos horários diários de oração e sejamos pontuais.
Jesus está nos esperando! Não podemos ser descorteses com o personagem mais
importante da história da humanidade e da nossa vida. Além desses horários
fixos durante o dia para ler um pouco a Sagrada Escritura, para conversar com
Deus meditando os mistérios da vida de Jesus Cristo, para rezar o terço, para
participar da Santa Missa, para fazer uma visita a Jesus-Eucaristia, tenhamos
presente durante todo o dia ao Deus uno e trino: basta o desejo de estar com o
Senhor, uma pequena oração, uma elevação da mente às coisas divinas, pensar em
Deus ao passar diante duma igreja, rezar mentalmente pelas pessoas que vamos
encontrando pelas ruas, etc. Sejamos criativos à hora de buscar e viver a
presença de Deus!
Somos
generosos na nossa formação fazendo boas leituras e participando de palestras e
conferências que nos ajudam a adquirir cultura católica? Ajudamos os demais a
aproximarem-se Deus? Somos generosos no tempo que utilizamos para o apostolado,
para a evangelização? Fora todo egoísmo! Dar coisas pode ser importante, mas o
mais importante é que nos demos a nós mesmos num serviço alegre e generoso a
Deus e, por amor a Deus, aos outros.
Pe. Françoá Costa
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Homilia de Dom
Henrique Soares da Costa
Estamos
às portas do Santo Natal. Eis o que vamos contemplar nos ritos, palavras e
gestos da sagrada liturgia: o Verbo eterno do Pai, o Filho imenso, infinito,
existente antes dos séculos, fez-se homem, fez-se criatura, fez-se pequeno e
veio habitar entre nós. Sua vinda ao mundo salvou o mundo, elevou toda a
natureza, toda a criação. A sua bendita Encarnação lavou o pecado do mundo e
deu vida divina a todo o universo! Mas, atenção: este acontecimento imenso,
fundamental para a humanidade e para toda a criação, a Palavra de Deus hoje nos
diz que passou pela vida simples e humilde de um jovem carpinteiro e de uma
pobre menina moça prometida em casamento numa aldeia perdida das montanhas da
Galiléia. O Deus infinito dobrou-se, inclinou-se amorosamente sobre a pequena e
pobre realidade humana para aí fazer irromper o seu plano de amor. Acompanhemos
piedosamente o Evangelho deste Quarto Domingo do Advento.
São
Mateus diz que a Mãe de Jesus “estava
prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos ela ficou grávida
pela ação do Espírito Santo”. As palavras usadas pelo Evangelista
são simples, mas escondem uma realidade imensa, misteriosa, inaudita. Pensemos
em José e Maria, ainda jovens. Eles certamente se amavam; como todo casal
piedoso daquela época pensavam em ter filhos – os filhos eram considerados uma
bênção de Deus. Mas, eis que antes de viverem juntos, a Virgem se acha grávida
por obra do Espírito Santo! Deus entra silenciosamente na vida daquele
casalzinho. Nós sabemos, pelo Evangelho de São Lucas, que Maria disse “sim”,
que Maria acreditou, que Maria deixou que Deus fosse Deus em sua vida: “Eu sou a serva do Senhor!
Faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38) De repente, eis
que uma vida de família, que tinha tudo para ser pacata e serena, viu-se
agitada por uma tempestade. Por um lado, a Virgem diz “sim” a Deus e, sem saber
o que explicar ou como explicar ao noivo, cala-se, abandonando-se
confiantemente nas mãos do Senhor. Por outro lado, José sabe que o aquele filho
não é seu; não compreende como Maria poderia ter feito tal coisa com ele:
ter-lhe-ia sido infiel? E, no entanto, não ousa difamar a noiva. Resolve
deixá-la secretamente. Quanta dor, quanta dúvida, quanto silêncio: silêncio de
Maria, que não tem o que dizer nem como explicar; silêncio de José que, na dor,
não sabe o que perguntar à noiva; silêncio de Deus que, pacientemente, vai
tecendo a sua história de salvação na nossa pobre história humana. E, então,
como fizera antes com a Virgem, Deus agora dirige sua palavra a José: “José, filho de Davi, não
tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do
Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois
ele vai salvar o seu povo de seus pecados”. Atenção aos detalhes! O
Anjo chama José de “filho de Davi”. É pelo humilde carpinteiro que Jesus será
descendente de Davi. Se José dissesse “não”, Jesus não poderia ser o Messias,
Filho de Davi! Note-se que é José quem deve dar o nome ao Menino,
reconhecendo-o como seu filho. Note-se ainda o nome do Menino: Jesus, isto é,
“o Senhor salva”! Deus, humildemente, revela seu plano a José e, depois de
pedir o “sim” de Maria, suplica e espera o “sim” de José. E, como Maria, José
crê, José se abre para Deus em sua vida, José mostra-se disposto a abandonar
seus planos para abraçar os de Deus, José diz “sim”: “Quando acordou, José fez
conforme o Anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa!”
Eis!
Adeus, para aquele casal, o sonho de uma vida tranqüila! Adeus filhos nascidos
da união dos dois! Agora, iriam viver somente para aquele Presente que o Senhor
lhes havia dado, para a Missão que lhes tinha confiado… O plano de Deus passa
pela vida humilde daquele casal. Para que São Paulo pudesse dizer hoje na
Epístola aos Romanos que é “apóstolo
por vocação, escolhido para o Evangelho… que diz respeito ao Filho de Deus,
descendente de Davi segundo a carne”, foi necessária a coragem
generosa da Virgem Maria e o sim pobre e cheio de solicitude do jovem José.
Para que a profecia de Isaías, que ouvimos na primeira leitura, fosse
concretizada, foi necessário que aquele jovem casal enxergasse Deus e seu plano
de amor nas vicissitudes de sua vida humilde e pobre!
Também
conosco é assim! O Senhor está presente no mundo. Aquele que veio pela sua
bendita Encarnação, nunca mais nos deixou. Na potência do seu Espírito Santo,
ele se faz presente nos irmãos, nos acontecimentos, na sua Palavra e, sobretudo
nos sacramentos. Sabemos reconhecê-lo? Abrimo-nos aos seus apelos? E na nossa
vida? Essa vida miúda, como a de José e Maria, será que reconhecemos que ela é
cheia da presença e dos apelos do Senhor? No Advento, a Igreja não se cansa de
repetir o apelo de Isaías profeta: “Céus,
deixai cair o orvalho; nuvens, chovei o Justo; abra-se a terra e brote a
Salvador!” (Is 45,8). É interessante este apelo: a salvação choverá
do céu, vem de Deus, é dom, é graça… mas, por outro lado, ela brota da terra,
da terra deste mundo ferido e cansado, da terra da nossa vida.
Supliquemos
à Virgem Maria e a São José que intercedam por nós, para que sejamos atentos em
reconhecer o Senhor nas estradas de nossa existência e generosos em
corresponder aos seus apelos, como o sagrado Casal de Nazaré. Assim fazendo e
assim vivendo, experimentaremos aquilo que o Carpinteiro e sua santa Esposa
experimentaram: a presença terna e suave de Jesus no dia-a-dia humilde de nossa
vida.
Dom
Henrique Soares da Costa
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Por: Pe.
André Vital Félix da Silva, SCJ
Ao longo
do tempo do Advento, a liturgia nos apresenta alguns personagens bíblicos que
nos ajudam na nossa preparação, a fim de celebrarmos bem o Natal do Filho de
Deus. Neste IV Domingo somos convidados a contemplar a figura de José, homem justo, cuja característica
fundamental é o silêncio. Os evangelhos não reportam nenhuma palavra dita
pelo esposo de Maria, mas suas atitudes se encarregam de proclamar as suas
virtudes, testemunhando a grandiosidade da sua fé e da sua incontestável
obediência ao plano de Deus. Ao introduzir o seu evangelho com a genealogia de
Jesus, Mateus quis deixar claro que as promessas feitas no Antigo Testamento se
cumpriram no Filho gerado pelo Espírito Santo no seio de Maria, legalmente
reconhecido como filho de José, um descendente de Davi, de quem recebeu o nome
Jesus (Deus salva).
O
evangelista, por sua vez, não se contenta apenas em citar José na árvore
genealógica para dar legitimidade real ao menino, cuja origem transcende uma
ascendência biológica e cuja concepção no seio virginal de Maria contraria toda
a lógica humana e natural.
Considerando o fato de que: “Antes que coabitassem, Maria achou-se grávida”,
José vive um verdadeiro pesadelo. Diante dessa realidade e de sua reta
consciência, reage com honestidade, uma vez que aquele menino não fora gerado
por ele. O que teria acontecido com a sua amada esposa?! Certamente os seus
projetos de vida conjugal começavam a ruir. E para atenuar as consequências
desastrosas do acontecimento, “não querendo execrá-la publicamente, decide
abandoná-la silenciosamente” (advérbio grego: lathra do verbo lathein:
esconder). Segundo o costume, o marido podia dar uma carta de divórcio e
despedir a sua esposa (Mt 19,8), mas isso deveria ser feito diante de duas ou
três testemunhas. Porém, José para preservar Maria de tal vexame, prefere
mergulhar o fato no silêncio, que é, como já foi dito, uma das suas principais
características. Ele sabe que é no silêncio que se ouve melhor a voz de Deus.
Por outro lado, a sua decisão silenciosa se fundamenta numa certeza em relação
à sua amada, apesar de não poder negar o fato de uma gravidez incompreensível,
ele crê que ela não tem culpa, por isso não a entrega para a morte.
E mergulhado no silêncio, o seu pesadelo transforma-se em sonho,
cujo conteúdo não o deixa aflito nem desnorteado, mas é revelação do plano de
Deus. Diferentemente dos sonhos do Antigo Testamento (José do Egito, Daniel), o
sonho do esposo de Maria não precisa ser interpretado, não é um enigma a ser
decifrado, mas é revelação de uma missão a ser assumida: “Não temas receber Maria, tua esposa… Ela dará
à luz um filho a quem chamarás com o nome de Jesus”. José não
precisa interpretar o mandato do anjo, cabe-lhe apenas obedecer; não precisa
renunciar à sua paternidade, mas assumi-la como um verdadeiro pai, pois se para
gerar uma vida bastam somente alguns segundos, para ser pai é preciso toda uma
vida. Mesmo não tendo gerado Jesus, José o acolheu e assumiu a sua existência,
a ponto de estabelecer uma relação estreitíssima com o Filho de Deus que foi
identificado como filho do carpinteiro (Mt 13,55).
No sonho,
José é o primeiro a ver que tudo aquilo que o seu povo aguardava, estava se
tornando realidade.
Assim como Adão que, depois de ter sido mergulhado no sono,
acorda tendo diante de si o grande dom que o próprio Deus lhe preparara, a sua
mulher Eva, também José ao acordar do sonho: “agiu como o anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua
mulher”. Ao Adão solitário, o Senhor Deus para arrancá-lo da
solidão, entrega-lhe Eva; ao José atribulado pelo pesadelo de ter que perder a
sua amada, Deus lhe revela que o seu grande sonho está se realizando, e para
isso quer contar com ele, devolvendo-lhe a capacidade de sonhar de novo: “Não temas receber Maria, tua mulher!”
José nos ensina que é possível transformar nossos pesadelos em sonhos, quando
fazemos a experiência do encontro com Aquele que nos assegura que não estamos
sozinhos, o Deus-conosco, o Emanuel.
Advento é
tempo de reconhecer que o sonho de Deus se tornou realidade na encarnação do
seu Filho, que salvando-nos dos nossos pecados, liberta-nos dos nossos
pesadelos, pois esses são apenas sonhos ilusórios, perturbações que emergem dos
nossos medos, da nossa presunção de querer interpretar os acontecimentos que
nos cercam apenas à luz de uma lógica míope, sem fé e sem esperança.
Advento é tempo de renovarmos a nossa capacidade de sonhar o sonho de
Deus e reconhecer que se é de Deus já é realidade, mas se for apenas sonho
nosso, não passará de um pesadelo.
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LOUVOR PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e Ministros
extraordinários da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER
SOBRE O ALTAR):
Mt 1, 18-24
- O
SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM
JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T:
Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- Pai,
nós vos louvamos por realizar a promessa de nos enviar o Salvador, que é o
Vosso Filho Jesus Cristo.
Nós Vos agradecemos pela vossa bondade.
T:
Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- Pai,
damos graças pela esperança da ressurreição que nos é dada através de Vosso
Filho. Que o Vosso nome seja louvado e honrado por todos os povos.
T: Alegres, aguardamos o
renascer de vosso Filho em nossos corações.
-
Pai, hoje Paulo nos ensina que devemos ser testemunhas de vosso amor. Dai-nos
coragem para sermos exemplos de perdão, amor e misericórdia.
T:
Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
-
Pai, que sejamos amor na família e possamos dizer como Maria; “eis aqui a serva
do Senhor”. Que sejamos como José que aceita cumprir o seu papel de pai
acolhendo a todos como vossos filhos.
T:
Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- Pai,
através de nosso batismo, somos vossos filhos. Que o Espírito Santo nos
transforme para que possamos espelhar tão grande amor.
T:
Alegres, aguardamos o renascer de vosso Filho em nossos corações.
- PAI NOSSO...
A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO...
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