quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ ANO A, homilias, subsídios homiléticos


FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E JOSÉ ANO A

Tema: A Sagrada Família como modelo.
Primeira leitura: Algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais.
Evangelho: O Evangelho nos mostra uma família exemplar onde existe o verdadeiro amor e verdadeira solidariedade. São os que ouvem e seguem os caminhos de Deus.
Segunda leitura: O amor deve se manifestar em cada gesto no Homem Novo em atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.

PRIMEIRA LEITURA (Eclo 3,3-7.14-17a)  Leitura do Livro Eclesiástico.
Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe. Quem honra o seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros. Quem honra o seu pai, terá alegria com seus próprios filhos e, no dia em que orar, será atendido. Quem respeita o seu pai, terá vida longa, e quem obedece ao pai é o consolo da sua mãe. Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele viver. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos dias de sua vida: a caridade feita a teu pai não será esquecida, mas servirá para reparar os teus pecados e, na justiça, será para tua edificação.

AMBIENTE - O livro de Ben-Sirac (também chamado “Eclesiástico”) pretende apresentar uma reflexão de caráter prático sobre a arte de bem viver e de ser feliz. Estamos no início do séc. II a.C., numa época em que o helenismo tinha começado o seu trabalho pernicioso, no sentido de minar a cultura e os valores tradicionais de Israel. Jesus Ben-Sira, o autor deste livro, avisa os israelitas para não deixarem perder a identidade cultural e religiosa do seu Povo. Procura, então, apresentar uma síntese da religião tradicional e da sabedoria de Israel, sublinhando a grandeza dos valores judaicos e demonstrando que a cultura judaica não fica a dever nada à brilhante cultura grega.

MENSAGEM - O texto apresenta uma série de indicações práticas que os filhos devem ter em conta nas relações com os pais. Uma palavra sobressai: o verbo “honrar”. Ele leva-nos ao decálogo do Sinai (cf. Ex 20,12), onde aparece no sentido de “dar glória”. “Dar glória” a uma pessoa é dar-lhe toda a sua importância; “dar glória aos pais”, honrar é, assim, reconhecer a sua importância como instrumentos de Deus, fonte de vida. Ora, reconhecer que os pais são a fonte, através da qual Deus nos dá a vida, deve conduzir à gratidão; e essa gratidão tem consequências a nível prático. Implica ampará-los na sua velhice e não os desprezar nem abandonar; implica assisti-los materialmente quando já não podem trabalhar (cf. Mc 7,10-11); implica não fazer nada que os desgoste; implica escutá-los, ter em conta as suas orientações e conselhos; implica ser indulgente para com as limitações que a idade traz. Dado o contexto da época em que Ben-Sira escreve, é natural que, por detrás destas indicações aos filhos, esteja também a preocupação com o manter bem vivos os valores tradicionais, esses valores que os mais antigos preservam e que passam aos jovens. Como recompensa desta atitude de “honrar” os pais, Jesus Ben-Sira promete o perdão dos pecados, a alegria, a vida longa e a atenção de Deus.

ATUALIZAÇÃO Apesar da preocupação moderna com os direitos humanos e o respeito pela dignidade das pessoas, a nossa civilização cria, com frequência, situações de abandono e de marginalização, cujas vítimas são, muitas vezes, aqueles que já não têm uma vida considerada produtiva, ou aqueles a quem a idade ou a doença trouxeram limitações. Que motivos justificam o desprezo e abandono daqueles a quem devemos “honrar”?
É verdade que a vida de hoje é muito exigente a nível profissional e que nem sempre é possível a um filho estar presente ao lado de um pai que precisa de cuidados ou de acompanhamento especializado. No entanto, a situação é muito menos compreensível se o afastamento de um pai do convívio familiar resulta do egoísmo do filho, que não está para “aturar o velho”…
O capital de maturidade e de sabedoria de vida que os mais idosos possuem é considerado por nós uma riqueza ou um estorvo à nossa modernidade?

SALMO RESPONSORIAL / 127 (128)
Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!
• Feliz és tu, se temes o Senhor / e trilhas seus caminhos!/
Do trabalho de tuas mãos hás de viver, / serás feliz, tudo irá bem!
• A tua esposa é uma videira bem fecunda / no coração de tua casa; /
 os teus filhos são rebentos de oliveira / ao redor de tua mesa.
• Será assim abençoado todo homem / que teme o Senhor.
/ O Senhor te abençoe de Sião / cada dia de tua vida.

EVANGELHO (Mt 2,13-15.19-23) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe e partiu para o Egito. Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu Filho”. Quando Herodes morreu, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e volta para a terra de Israel; pois aqueles que procuravam matar o menino já estão mortos”. José levantou-se, pegou o menino e sua mãe e entrou na terra de Israel. Mas, quando soube que Arquelau reinava na Judeia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Por isso, depois de receber um aviso em sonho, José retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: “Ele será chamado Nazareno”

AMBIENTE - O interesse fundamental dos primeiros cristãos não se centrou na infância de Jesus, mas na sua mensagem e proposta; por isso, conservaram especialmente as recordações sobre a vida pública e a paixão do Senhor. Só num estágio posterior houve uma certa curiosidade acerca dos primeiros anos da vida de Jesus. Juntaram algumas poucas informações sobre a infância de Jesus e criou-se  esse material com reflexões e com a catequese que a comunidade fazia acerca de Jesus. O chamado “Evangelho da Infância” parte de algumas indicações históricas e desenvolve uma reflexão teológica para explicar quem é Jesus. Mateus está muito mais interessado em dizer quem é Jesus, do que em fazer uma reportagem histórica sobre a sua infância. Para compor o “Evangelho da Infância”, Mateus serviu-se de recursos literários que se utilizavam na literatura judia para contar a infância de heróis: misteriosos relatos de anunciação, ameaças contra a sua vida, intervenção de Deus, sinais extraordinários. A diferença entre Mateus e os escritores judaicos é que, enquanto estes partiam de um texto da Escritura, o evangelista parte da figura de Jesus. O nosso texto não deve, portanto, ser visto como uma informação histórica, mas como uma construção artificiosa, destinada a responder à questão: “quem é Jesus?”.

MENSAGEM - Mateus, escrevendo para cristãos vindos do judaísmo, recorre às antigas profecias para explicar quem é Jesus e qual a sua missão. Ao mesmo tempo, mostra como Jesus cumpriu plenamente essas antigas profecias.  Uma parte  significativa  do nosso texto  (Mt 2,13-15)  está construída sobre Oséias 11,1 (“do Egito chamei o meu filho”). Mateus apresenta um conjunto de detalhes, a propósito deste episódio, que recordam os inícios da vida de Moisés: o massacre das crianças de Belém pelo rei Herodes (Mt 2,16-18) recorda a ordem do faraó de atirar ao Nilo os bebês hebreus do sexo masculino; a fuga do menino Jesus através do deserto recorda a fuga do jovem Moisés através do deserto para salvar a vida; o regresso de Jesus do Egito quando já tinham morrido aqueles que queriam matá-lo recorda o regresso de Moisés ao Egito quando já tinham morrido aqueles que queriam matá-lo . Através destas referências, Jesus aparece como um novo Moisés, que libertará o novo Povo de Deus e que dará a nova Lei a esse Povo. Por outro lado, Mateus põe também em paralelo o caminho de Jesus e o caminho do Povo de Israel. A fuga de José com Maria e o menino recorda a ida para o Egito da família de Jacó, que emigrou para o Egito por desígnio de Deus; como aconteceu com Israel, também Jesus sairá daí, chamado por Deus, a fim de iniciar o novo e definitivo êxodo. Finalmente, o regresso de Jesus à terra de Canaã repete o caminho percorrido por Israel nos seus inícios. É uma forma de ensinar que, com Jesus, tem início um novo Povo de Deus e que Jesus será o libertador (ou o novo Moisés) que conduzirá esse Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade. Não é clara qual a citação profética que está na base da parte final do nosso texto (“será chamado nazoraios”), embora ela possa fazer referência a Jz 13,5 (“esse menino será nazireu de Deus desde o seio de sua mãe) e a Is 11,1 (“brotará um ramo do tronco de Jessé, um rebento – em hebraico: “neçer” – brotará das suas raízes”). Embora nem a citação de Juízes nem a citação de Isaías tenham nada a ver com Nazaré, Mateus usou-as pela semelhança fonética; o seu objetivo era mostrar aos judeus que, ao instalar-se em Nazaré (apesar de ter nascido em Belém), Jesus estava a cumprir as Escrituras e os desígnios de Deus. Fica, portanto, aqui definida a catequese que revela quem é Jesus e qual a sua missão… A presença constante de Deus conduzindo a história, enviando o seu mensageiro, comunicando com José através dos sonhos, revela que este menino vem de Deus e que tem uma missão de Deus. Qual é essa missão? É dar início a um novo Povo de Deus e, como Moisés, conduzir esse Povo da terra da escravidão para a terra da liberdade. Neste dia em que celebramos a Sagrada Família, convém também determo-nos um pouco sobre esta família de Nazaré. É uma família unida e solidária, que não hesita em afrontar os perigos do deserto e as incomodidades do exílio numa terra estrangeira, quando um dos membros corre riscos. Na família de Nazaré manifesta-se, desta forma, esse amor até ao extremo que supera todos os egoísmos e que se faz dom ao outro. Por outro lado, é uma família que escuta a Palavra de Deus, que está atenta aos sinais de Deus e que procura cumprir à risca os projetos de Deus. José – que continua a ser o protagonista desta história, o representante dessa dinastia davídica que leva a cabo o projeto salvador de Deus.  É o homem permanentemente atento às indicações de Deus, que sabe discernir o que Deus quer, que acata na obediência a vontade de Deus, que tudo arrisca e sacrifica em defesa da vida daquele menino que Deus lhe confiou.

ATUALIZAÇÃO - Este episódio do “Evangelho da Infância” apresenta-nos a Sagrada Família – que, como qualquer família, se defronta com crises, dificuldades e contrariedades. No entanto, esta é uma família onde cada membro está solidário com o outro e está disposto a partilhar os riscos que o outro corre;; esta é uma família onde os problemas de um são os problemas de todos e onde todos estão dispostos a arriscar, quando se trata de defender o outro… Por isso, é uma família que se mantém unida e solidária.
- A Sagrada Família escuta a Palavra de Deus e aprende a ler os sinais de Deus… É na escuta da Palavra que esta família consegue encontrar as soluções para vencer as contrariedades e descobrir os caminhos a percorrer, a fim de assegurar a cada um dos seus membros a vida e o futuro.
- A Sagrada Família obedece a Deus, não discute nem argumenta.
- Neste tempo de Natal convém não esquecermos o tema central: Jesus é o Deus que vem ao nosso encontro, a fim de cumprir o projeto de salvação que o Pai tem para os homens… A sua missão passa por constituir um novo Povo, dar-lhe uma Lei e conduzi-lo para a terra da liberdade, para a vida definitiva.

SEGUNDA LEITURA (Cl 3,12-21)  Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses.
Irmãos, vós sois amados por Deus, sois os seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo. E sede agradecidos. Que a palavra de Cristo, com toda a sua riqueza, habite em vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros com toda a sabedoria. Do fundo dos vossos corações, cantai a Deus salmos, hinos e cânticos espirituais, em ação de graças. Tudo o que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Por meio deles dai graças a Deus, o Pai. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso é bom e correto no Senhor. Pais, não intimideis os vossos filhos, para que eles não desanimem.

AMBIENTE - Paulo estava na prisão (possivelmente em Roma, anos 61/63) quando escreveu aos colossenses. Algum tempo antes, Paulo havia recebido notícias pouco animadoras sobre a comunidade de Colossos. Essas notícias falavam da perigosa tendência de alguns doutores locais, que ensinavam doutrinas erróneas e afastavam os colossenses da verdade do Evangelho. Essas doutrinas misturavam práticas legalistas, práticas ascéticas, especulações sobre os anjos e achavam que toda esta mistura confusa de elementos devia completar a fé em Cristo e comunicar aos crentes um conhecimento superior dos mistérios cristãos e uma vida religiosa mais autêntica.
Sem refutar essas doutrinas de modo directo, Paulo afirma a absoluta suficiência de Cristo e assinala o seu lugar proeminente na criação e na redenção dos homens.
O texto da segunda leitura pertence à segunda parte da carta. Depois de constatar a supremacia de Cristo na criação e na redenção (primeira parte), Paulo avisa os colossenses de que a união com Cristo traz consequências a nível de vivência prática (segunda parte): implica a renúncia ao “homem velho” do egoísmo e do pecado, e o “revestir-se do homem novo”.

MENSAGEM - Em termos mais concretos, viver como “homem novo” implica cultivar um conjunto de virtudes que resultam da união do cristão com Cristo: misericórdia, bondade, humildade, paciência, mansidão. Lugar especial ocupa o perdão das ofensas do próximo, a exemplo do que Cristo sempre fez. Estas virtudes são exigências e manifestações da caridade, que é o mais fundamental dos mandamentos cristãos: tais exigências resultam da íntima relação do cristão com Cristo; viver “em Cristo” implica viver, como Ele, no amor total, no serviço, na disponibilidade e no dom da vida. Às mulheres, recomenda o respeito para com os maridos; aos maridos, convida a amar as esposas, evitando o domínio tirânico sobre elas; aos filhos, recomenda a obediência aos pais; aos pais, com intuição pedagógica, pede que não sejam excessivamente severos para com os filhos, pois isso pode impedir o desenvolvimento normal das suas capacidades. É desta forma que, no espaço familiar, se manifesta o Homem Novo, o homem que vive segundo Cristo.

ATUALIZAÇÃO Viver “em Cristo” implica deixar que ele se manifeste em gestos concretos de bondade, de perdão, de compreensão, de respeito pelo outro, de partilha, de serviço. Esse amor traduz-se numa atenção contínua àquele que está ao nosso lado, às suas necessidades e preocupações, às suas alegrias e tristezas.
As mulheres não gostam de ouvir Paulo pedir-lhes a “submissão” aos maridos… No entanto, não devem ser demasiado severas com Paulo: ele é um homem do seu tempo, e não podemos exigir dele a mesma linguagem com que, nos nossos dias, falamos destas coisas. Apesar de tudo, convém lembrar que Paulo não se esquece de pedir aos maridos que amem as mulheres e não as tratem com aspereza: sugere, desta forma, que a mulher tem, em relação ao marido, igual dignidade.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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Com Jesus, Maria e José


A 1ª Leitura desenvolve e explica o 4o Mandamento.
Apresenta indicações práticas dos filhos para com os pais.
Essa observância é desejada e abençoada por Deus. (Sr 5,2-6.12-14)

A 2ª Leitura mostra o espírito que deve reinar numa família:
  "Revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, mansidão e paciência,   suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente..."  (Cl 3,12-21) E aplica isso às Esposas... aos Maridos... aos Filhos... e aos Pais...

O Evangelho nos apresenta a FAMÍLIA SAGRADA, em três momentos da Infância de Jesus:
Belém... Egito... Nazaré... (Mt 2,13-15.19-23)
Nessas migrações, JESUS é conduzido por Deus e protegido por seus pais...

+ A FAMÍLIA DE NAZARÉ:
   É uma família como qualquer família de ontem, de hoje ou de amanhã,
   que se defronta com crises, dificuldades e contrariedade, no entanto...

- É uma família é unida e solidária.
  Nela existe verdadeiro Amor e solidariedade.
  Não hesita  enfrentar os perigos do  deserto e o desconforto do exílio, quando um de seus membros corre riscos.
  Os problemas de um são problemas de todos.

- É uma família onde se escuta a Palavra de Deus e onde se aprende a ler os sinais de Deus.
  Nessa escuta, consegue soluções para vencer as contrariedades e descobrir caminhos a percorrer, 
  para assegurar a vida e o futuro a seus membros.

  José aparece como o homem "justo", atento às indicações de Deus, que sabe discernir e acolher a vontade de Deus, que tudo sacrifica em defesa da vida daquele menino, que Deus lhe confiou.

- É
uma família que obedece a Deus
  Diante das indicações de Deus, não discute nem argumenta.
  No cumprimento obediente aos projetos de Deus, esta família assegura um futuro de vida e de paz.
+ A Sagrada Família, modelo da família cristã?
Costuma-se dizer que a Sagrada Família é modelo da família cristã, não tanto em seu contexto sociocultural  e histórico, tão distante do nosso, mas quanto em seus valores fundamentais, especialmente o Amor, que lhe deram coesão, significado e missão de salvação nos planos de Deus.

+ Quais os valores básicos e permanentes na família?

- Comunhão inter-pessoal de Amor e de Vida...
  O Amor fiel, único, exclusivo, totalizante e para sempre...
  Os Filhos não são vistos como propriedade ou bens adquiridos para o egoísmo possessivo de seus pais,
  mas como vida e prolongamento vital de um amor pessoal, que educa e orienta para a liberdade responsável.
  "A família é a fonte da vida e o berço da fé." (João Paulo II)

- Comunidade aberta aos valores do mundo de hoje:
  A solidariedade, a responsabilidade, a fraternidade,  e o compromisso com os direitos humanos...

- Igreja doméstica: Só assim a família cristã testemunhará   a fé, a esperança e   a caridade.
  Uma igreja doméstica que contribui para a santificação do mundo, a partir de dentro, à maneira de fermento.

 E a Nossa família, como vai?
 (À moda antiga ou atual?)

                                           Pe. Antônio Geraldo

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Homilia de D. Henrique Soares

“Maria com José, e o Menino”. 
            Como os pastores, é assim que também nós encontramos o Menino nascido para nós, o filho que nos foi dado: deitadinho no presépio, com Maria e José. Neste Domingo dentro da Oitava do Santo Natal, a Igreja contempla o mistério da Sagrada Família de Nazaré. Mistério, sim! Vejamos senão: o Filho eterno, ao assumir nossa condição humana, encarnou-se e nasceu, viveu e cresceu no seio de uma família humana. Para a fé cristã, este fato reveste-se de uma significação enorme: ao assumir a família, ao entrar nela e nela humanizar-se, aprendendo a ser gente, o nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo, santificou a família humana. Já no princípio, quando Deus, na sua sabedoria infinita, viu não ser bom que o homem estivesse só e deu-lhe a mulher por companheira, determinando que os dois fossem uma só carne, desde então, a família é sagrada. Isso mesmo: Deus pensou no ser humano nascendo e sendo formado no seio de uma família. E compreendamos bem família: um homem e uma mulher gerando e educando filhos no amor! Uma família, do ponto de vista de Deus, é isso; nem mais nem menos! Pois bem: a família, sonhada e instituída por Deus, foi definitivamente abençoada e levada à plena sacralidade pelo Filho eterno quando, fazendo-se homem, santificou e consagrou a vida familiar. 
            Eis por que, para os cristãos, a família é sagrada: nasce do sacramento do Matrimônio, no qual o marido e a esposa recebem a graça de viverem como sinal da aliança de amor entre o Cristo-Esposo e a Igreja-Esposa. Nascida do matrimônio, a família vai crescendo pela fecundidade do amor humano, consagrado nas águas do Batismo de cada novo membro que nasce; e vai alimentando-se não somente da comida e da bebida da mesa de cada dia, mas, sobretudo, do pão e do vinho, Corpo e Sangue do Senhor, dado e recebido na Eucaristia. Estejamos atentos a este fato importantíssimo! A família não é uma realidade simplesmente humana, sociológica! A família é sagrada: querida por Deus, amada por Deus, criada por Deus, sustentada por Deus! Quem destrói a família peca gravemente contra Deus! E mais ainda: a família como Deus a pensou, repitamos para que não haja dúvida, é composta nuclearmente por um eposo, uma eposa e os filhos! Os cristãos não poderão nunca pensar em outros modelos de convivência como sendo uma família nos moldes desejados por Deus! 
            Esta família, se é cristã, é a primeira imagem da Igreja, é a primeira comunidade de cristãos. Pensemos bem na sublimidade de tal mistério: o pai, a mãe e os filhos, todos batizados em Cristo Jesus, são uma pequena Igreja, a Igreja doméstica! A esta comunidade familiar, São Paulo dirige, na liturgia de hoje, palavras comoventes, conselhos e exortações insuperáveis. Pensando na nossa família, escutemos: “Vós sois amados de Deus, sois seus santos eleitos. Por isso, revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se um tiver queixa contra o outro. Sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição. Que a paz de Cristo reine em vossos corações. E sede agradecidos! Que a palavra de Cristo habite em vós! Tudo que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus Cristo. Esposas, sede solícitas para com vossos maridos, como convém, no Senhor. Maridos, amai vossas esposas e não sejais grosseiros com elas. Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais. Pais, não intimideis vossos filhos, para que eles não desanimem”. Vede, irmãos, o que é uma família cristã: uma pequena comunidade de irmãos no Senhor, um pequeno sinal do Reino de Deus, uma outra família de Nazaré! A família cristã é o primeiro lugar de evangelização, de experiência de amor ao Senhor e aos outros, é o primeiro lugar de oração comunitária e de santificação. A família é santa, a família é sagrada, o lar é um santuário!
            Mas, hoje, o mundo tem como propósito sério, sistemático, persistente, inteligente e eficaz destruir a família. Os meios de comunicação invadiram nossas casas, com idéias, imagens e palavras eivadas de paganismo e anti-cristianismo. Querem nos fazer acreditar que a família é algo meramente humano, que pode ser definido a nosso bel prazer! Querem que se chame família a uma união civil de pessoas do mesmo sexo, querem que se aceite como normal o divórcio, o adultério, a convivência sem o sacramento do matrimônio. Desejam que os cristãos achem normal a existência de ex-maridos, ex-esposas, ex-noras, ex-sogras, ex-genros, ex-sogros... Ex, ex, ex... Ex-cristão, é o que o mundo de hoje é! Ex-família é o que esses ajuntamentos de desajuntados são! 
            Nós cristãos devemos respeitar os que pensam diferente de nós. É normal: o mundo não conhece o Evangelho, não conhece a Deus nem a luz do seu Cristo. Tantos e tantos vivem à luz de sua própria escuridão e enxergam a vida com sua própria cegueira. Mas, nós, nós somos cristãos! Nós vimos a Luz que brilhou em Belém, nós vimos o Menino com José e sua Mãe, nós conhecemos o plano de Deus para o amor humano e para a família! 
            Caríssimos, lutemos por nossas famílias! Jovens, preparai-vos com responsabilidade para uma vida de família! Que a família não nasça das gravidezes precoces, das relações pecaminosas fora do casamento! Que a família não seja enfraquecida pelo materialismo que enche a casa de bens e a esvazia de amor, de convivência e de diálogo. Que os pais não deleguem a estranhos a educação humana e religiosa de seus filhos! Pais cristãos, que vossos filhos aprendam convosco a rezar e a viver! Estejamos bem conscientes: não há esperança para o mundo quando se destrói a família; não há futuro para a Igreja se perde a noção da sacralidade de nossos lares! É na família que se aprende a rezar, a amar, a dialogar, perdoar e conviver. É com o leite materno e o abraço paterno que devemos aprender a santa fé católica que o Senhor nos concedeu. 
            Voltemos nosso olhar e nosso coração para a família de Nazaré: pobrezinha, sujeita a conflitos e crises, feita de lágrimas e alegrias, de convivência e esperanças. Família de Nazaré, tão igual a nossa, tão diferente da nossa! Santo Carpinteiro José, velai pelos esposos: que sejam fortes e suaves, que sejam responsáveis e fiéis, que sejam piedosos e cheios de doçura paterna, que sejam presentes ao lar e à educação de seus filhos. Santíssima Virgem Maria, olhai para as mães: que sejam defensoras da vida, que nunca percam de vista a dignidade imensa da maternidade! Que nem o trabalho nem o sucesso profissional as façam perder de vista a prioridade e santidade de sua vocação materna e a necessidade de aquecer o lar e os filhos com seu amor e sua presença. Senhor Jesus, Menino nascido para ser nossa paz, velai pelos filhos, velai pelas crianças e não permitais que a vida humana seja assassinada pelo aborto e pelas experiências sacrílegas com embriões humanos! Que os filhos cresçam como tu cresceste: no calor de um pai e de uma mãe, no aconchego de um lar, na piedade da oração familiar e da simplicidade das lutas de cada dia! E que possamos louvar-te eternamente, um dia, com José e Maria de Nazaré. Amém.

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É importante destacar um fato particularmente significativo nesta moldura do exílio. Tanto a ordem de refugiar-se no Egito como de  retornar à pátria não foi transmitida a Maria. E sim a José, o que evidencia o reconhecimento da sua autoridade ou jurisdição paterna sobre Jesus. Neste acontecimento particular, José exerceu plenamente a sua paternidade, a sua missão de chefe da Sagrada Família e esposo de Maria. Nesse fato vemos a sua  participação e colaboração clara e precisa no mistério da redenção. A ele foi confiado o início da nossa redenção, conforme rezamos na oração da coleta da missa do dia 19 de  março. José foi ao mesmo tempo guarda legítimo e natural, chefe e defensor da família divina, ministério que exerceu durante toda a sua vida.
A Sagrada Família jamais esteve isenta de tribulações. Mas nem por isso desviou-se do caminho da fé e obediência a Deus. Sua fidelidade foi continuamente posta à prova. E, na provação, foi se consolidando. Desta forma, tornou-se modelo de família cristã que, experimenta as dificuldades da vida, sem se desviar dos caminhos de Deus.


PARA A CEÇEBRAÇÃO DA PALAVRA: (Diáconos ou Ministros extraordinário da Palavra).


LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O Senhor esteja com todos vocês... Demos graças ao Senhor, nosso Deus...
- Com Jesus, por Jesus e em Jesus, na força do Espírito Santo, louvemos ao PAI:
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
1- Deus, nosso Pai, nós vos bendizemos pelo vosso amor nos enviando Vosso Filho único para nos guiar ao Vosso Reino. Somos o vosso povo e sois o nosso Deus.
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
2- Senhor, obrigado pela minha vida, obrigado pela minha família, obrigado por ter uma comunidade onde eu posso crescer no amor a Vós e aos irmãos. Pai, olhai pela minha família e vinde sempre em nosso auxílio.
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!
3- Senhor, que possamos imitar o vosso filho e procurar fazer a vossa vontade. Muitas vezes colocamos nossas necessidades na frente da vossa vontade, ou mesmo esquecemos de vosso projeto e queremos fazer só os nossos. Pai, iluminai-nos nos vossos caminhos.
T: Bendito seja Deus que nos enviou o seu Filho!

PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO...  EIS O CORDEIRO...


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