quinta-feira, 29 de agosto de 2019

22º DOMINGO DO TC. ANO C, homilias, subsídios homiléticos


22º DOMINGO DO TC. ANO C 2019

SINOPSE:
Tema: A humildade e a gratuidade são os desafios do Reino.
Primeira leitura: A humildade é o caminho para ser agradável a Deus e aos homens.
Evangelho: Jesus recomenda humildade e fraternidade para participarmos no Banquete.
Segunda leitura: O nosso encontro com Deus é uma experiência de comunhão, de amor, que exige de nós humildade e amor para com o próximo.

PRIMEIRA LEITURA (Eclesiástico 3,19-21.30-31) Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade e assim encontrarás graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos humildes que ele revela seus mistérios. Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e com ouvido atento deseja a sabedoria.

AMBIENTE - séc. II a.C., ... O helenismo minava a cultura e os valores de Israel. Jesus Ben Sirá defende o patrimônio religioso e cultural do judaísmo frente à cultura grega.

MENSAGEM - Para Jesus Ben Sira, a humildade garante a estima perante os homens e “graça diante do Senhor”. É na humildade e simplicidade que reside a “sabedoria”, do êxito e da felicidade.

ATUALIZAÇÃO - ♦Ser humilde é assumir o nosso lugar, mas sem nunca humilhar os outros. Significa pôr os próprios dons ao serviço de todos, com simplicidade e com amor. É aí que está a “sabedoria”, quer dizer, o segredo do êxito e da felicidade.
Ser soberbo é se deixar dominar pelo orgulho e torna-se egoísta, injusto, autossuficiente e desprezar os outros. Deixa de precisar de Deus e dos outros homens; está condenado ao fracasso.
udo o que somos e temos é um dom de Deus.

SALMO RESPONSORIAL / 67 (68)
Com carinho preparastes uma mesa para o pobre.
• Os justos se alegram na presença do Senhor; / rejubilam satisfeitos e exultam de alegria! / Cantai a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome! / O seu nome é Senhor; exultai diante dele!
• Dos órfãos ele é pai, e das viúvas protetor; / é assim o nosso Deus em sua santa habitação. / É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, / quem liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.
• Derramastes lá do alto uma chuva generosa, / e vossa terra, vossa herança, já cansada, renovastes; / e ali vosso rebanho encontrou sua morada; / com carinho preparastes essa terra para o pobre.

EVANGELHO (Lc 14,1.7-14) Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: “Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. Mas, quando tu fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado”. E disse também a quem o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

MENSAGEM - O A.T. aconselhava a não ocupar os primeiros lugares (Prov 25,6-7Não te glories na presença do rei, nem te ponhas no meio dos grandes;  porque melhor é que te digam: Sobe para aqui!, do que seres humilhado diante do príncipe.); mas o que aí era uma exortação moral, nas palavras de Jesus converte-se na lógica do “Reino”: o “Reino” exclui qualquer atitude de superioridade, de orgulho, de ambição, de domínio sobre os outros; quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples e humilde. Ele próprio, na “ceia de despedida”, lavou os pés aos discípulos, avisando que, na comunidade do “Reino”, os primeiros serão os servos de todos (Jo 13,1-17). O que é ser humilde? Humildade deriva de humus, pó, lama, barro… A virtude da humildade não tem nada a ver com a timidez. A humildade faz que tenhamos consciência clara de que os nossos talentos e virtudes pertencem a Deus; é saber-se pobre, limitado diante do Senhor. O humilde tem a sua própria verdade: é pobre, mas amado por Deus. Por isso, o humilde é aberto para o Senhor, dele reconhece que é dependente, e a ele se confia e pode acolher como uma criança o Reino que Jesus veio trazer. Quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples, humilde.

A segunda atitude é a gratuidade“Numa festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. A gratuidade é a virtude de dar sem esperar nada em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizada no próprio dar. A gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe que em tudo depende de Deus e de Deus tudo recebeu gratuitamente (humilde), também sente-se impelido a imitar a atitude de Deus: dar gratuitamente! “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8). Pois bem, quem faz crescer em si a humildade e cultiva a gratuidade, experimenta a Deus e seu Reino. Quem cultiva a humildade e a gratuidade, deixa o Reino ir entrando em si e entrará, um dia, no Reino de Deus!

Mas nada disso é fácil, pois vivemos no mundo da autossuficiência e dos resultados. O homem já não se sente dependente de Deus; deseja fazer a vida do seu modo. Assim, se fecha para Deus e não reconhece no outro um irmão, já não sabe mais dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que dar lucro, tudo é na lógica do custo-benefício. Então teremos a angústia, a ansiedade, o stress. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Se assim o for, não experimentaremos Deus de verdade. Nunca é demais recordar a advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a Deus!” (1Jo 4,8)

ATUALIZAÇÃO A Igreja, fruto do “Reino”, deve ser o lugar onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado.
♦ Para Jesus quem prefere esquemas de superioridade, de prepotência, de humilhação, de ambição, de orgulho, está impedindo a chegada do “Reino”.
Fica claro, na catequese de Lucas que o tipo de relações que unem os membros da comunidade de Jesus é o amor gratuito e desinteressado.
Os cegos e coxos representam todos aqueles que a religião oficial excluía da comunidade; Jesus diz que esses devem ser os primeiros convidados do “banquete do Reino”.
+ Jesus pede ao homem, criado à imagem de Deus, para amar como Deus ama, isto é, gratuitamente, esperando ser declarado justo na ressurreição dos mortos.
= Resumindo: Jesus propõe duas atitudes: HUMILDADE e GRATUIDADE

SEGUNDA LEITURA (Hebreus 12,18-19.22-24a) Irmãos, vós não vos aproximastes de uma realidade palpável: “fogo ardente e escuridão, trevas e tempestade, som da trombeta e voz poderosa”, que os ouvintes suplicaram não continuasse. Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; da assembleia dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o Juiz de todos; dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; de Jesus, mediador da nova aliança.

AMBIENTE
Os crentes são exortados a manter relações adequadas, justas, para com os homens e para com Deus. Para isso, estabelece um paralelo entre a antiga religião e a nova proposta de salvação que Cristo veio apresentar, a fim de enfrentar os tempos difíceis de perseguição e de martírio que se aproximam.

MENSAGEM - A experiência do Sinai gerou medo e não houve proximidade de amor, confiança nem com Deus nem com a comunidade, mas Na experiência cristã não há nada de assustador, de terrível. Pelo Batismo, os cristãos aproximaram-se do próprio Deus, numa experiência de proximidade, de comunhão, de intimidade, de amor verdadeiro… A experiência cristã é uma experiência festiva, de verdadeira alegria. Os cristãos associaram-se ao Deus da bondade e do amor; Foram incorporados em Cristo e tornados co-herdeiros da vida eterna; associaram numa existência de festa, de louvor, de ação de graças, de adoração, de contemplação; associaram-se aos outros justos que atingiram a vida plena, numa comunhão fraterna de vida e de amor.

ATUALIZAÇÃO A redescoberta da nossa fé e do sentido das nossas opções, a fim de superarmos o comodismo e a preguiça que nos levam a uma caminhada cristã morna, sem compromissos, que facilmente cede e recua quando aparecem as dificuldades e os desafios…
♦Jesus intimou-nos a superar a perspectiva de um Deus terrível, opressor, vingativo. Ele apresentou-nos um Deus que é Pai, que nos ama, que nos convoca para a comunhão com Ele e com os irmãos e que insiste em associar-nos como “filhos” à sua família.

A Virtude da Humildade

A humildade atrai sobre si o amor de Deus e o apreço dos outros, ao passo que a soberba os repele. Por isso, a primeira leitura (Eclo 3,19-21. 30-31) aconselha-nos: Torna-te pequeno nas grandezas humanas, e alcançarás o favor de Deus, e Ele revela os seus segredos aos humildes”.
São Bernardo indica diferentes manifestações progressivas da soberba: a curiosidade, o querer saber tudo de todos; a alegria tola, que se alimenta dos defeitos dos outros e os ridiculariza;; a arrogância de não reconhecer as falhas próprias…O soberbo é muito amigo de calcar os outros aos pés, seja em pensamento, seja pelas suas atitudes. Aprenderemos a ser humildes com Jesus.

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Os Primeiros lugares

Na sociedade de hoje, a procura do PRIMEIRO LUGAR, no campo político, social, profissional e outras atividades, é muito comum.  Isso cria muitas vezes  um clima de concorrência e competição, de ódio e conflitos.  O que vocês pensam a respeito disso?

As leituras bíblicas nos propõem um caminho diferente:
o caminho da HUMILDADE e da GRATUIDADE...

A 1a Leitura fala da virtude da HUMILDADE,  para ser agradável a Deus e aos homens,  para ter êxito e ser feliz. (Eclo 3,19-21.30-31)

* SER HUMILDE significa assumir com simplicidade o nosso lugar, sem humilhar os outros com a nossa superioridade.  Significa pôr os próprios dons a serviço de todos, com simplicidade e com amor. Aí está o segredo do êxito e da felicidade.

A 2ª Leitura afirma que a vida cristã exige de nós  determinados valores e atitudes, entre os quais  a humildade, a simplicidade, o amor... (Hb 12,18-19.22-24a)

No Evangelho, Jesus cria uma nova humanidade, fundamentada no espírito da humildade. (Lc 14, 1.7-14)

Jesus é convidado a um banquete na casa de um fariseu... e aceita... Mas fica profundamente impressionado com duas coisas, que observa: a corrida pelos primeiros lugares e o tipo de pessoas que foram convidadas.  E conta duas pequenas PARÁBOLAS:

+ A 1ª é para os convidados que escolhiam os primeiros lugares: Aquele que ocupou o primeiro lugar teve de cedê-lo a um mais importante. Aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor.
E Jesus conclui: "Quem se exalta será humilhado e aquele que se humilhar será exaltado".

+ A 2ª é para quem convidara:
   "Quando deres uma refeição,   não convides os que poderão te retribuir...
   Pelo contrário, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos...
   Terás uma recompensa na ressurreição dos justos..."

= Resumindo: Jesus propõe duas atitudes:
     - Na escolha dos lugares:        HUMILDADE...
     - Na escolha dos convidados: GRATUIDADE: Amor sem interesses...

1. O que Jesus observaria hoje?

Na Sociedade, há ainda hoje pessoas correndo atrás dos primeiros lugares?
- Escolhendo o trabalho que lhes dê mais lucro...
- procurando lugares que dêem destaque, status e importância;
- preferindo ocupações onde possam ter poder sobre os demais;
- ou ficando decepcionadas, quando ninguém lhes dá o "devido lugar?"

 Na Igreja, também existe a corrida pelos primeiros lugares?
A Igreja deve ser a comunidade onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado.  - Mas de fato, é assim?
Ou assistimos às vezes uma corrida desenfreada pelos primeiros lugares: pessoas cuja ambição se sobrepõe à vontade de servir…
Buscam títulos, honras, homenagens, lugares privilegiados, e não o serviço humilde e o amor desinteressado.

- Na catequese, que Lucas nos propõe hoje, fica claro que as relações entre os membros da comunidade de Jesus não se baseiam  em "critérios comerciais", mas sim no amor gratuito e desinteressado.
Só assim todos, inclusive os que não têm poder, nem dinheiro para retribuir, terão aí lugar, numa verdadeira comunidade de amor e de fraternidade.

- Como é bonito numa Comunidade, onde há humildade... solidariedade... sintonia entre as diversas Lideranças, Pastorais e Movimentos...
Não gastaríamos então tantas energias em pequenas implicâncias e disfarçado espírito de competição...

Na Política, existe também a corrida pelos primeiros lugares?
E essa corrida é um desejo sincero de serviço pelo bem do povo ou uma busca de vantagens para pessoas ou grupos?
- Para garantir os primeiros lugares, podemos fazer uso de qualquer meio?

2. Quem são os NOSSOS convidados?

- Na Sociedade de hoje, costuma-se convidar quem garanta   lucro... recompensa... poder... fama... posição social... elogios...
- Jesus nos convida a uma atitude de GRATUIDADE...

* Quando prestei um favor a gente simples, sempre gostei de ouvir de uma expressão: "Deus lhe pague!"    Sim, o próprio Deus se torna o nosso grande FIADOR...

Dia do Catequista:
"Catequista, você é especial para Deus!
Sua VOCAÇÃO foi gestada no coração do Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da VIDA: Jesus Cristo. 
Catequista, você é protagonista no processo  de um NOVO JEITO DE FAZER CATEQUESE.

A todos os catequistas, o nosso reconhecimento e gratidão  pelo belo e importante serviço que prestam à Igreja.   São pessoas que aceitam o apelo de Jesus no evangelho de hoje: Não ocupar os primeiros lugares e, sim, servir os irmãos com simplicidade, humildade e gratuidade. "Que Deus lhes pague".

                                Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, a liturgia deste final de semana é um convite para aprofundarmos, a partir da Bíblia, Palavra de Deus, a conhecermos a vontade de Deus. É importante observar a importância da mesa. A mesa é como o lugar formativo para as pessoas. Claro, que temos vários tipos de jantares e almoços. Nós temos os almoços chamados de negócios, onde quem está ali, a sua menor preocupação é em almoçar, mas é em fechar os negócios e quando eu consigo ganhar bastante dinheiro, eu digo: fiz um bom negócio. Significa: eu explorei o outro, tomei vantagens. Não é este tipo de almoço ou jantar que Jesus nos convida.
Nós também temos os almoços e jantares da sociedade onde vou poder mostrar todo o meu poderio e influência. Então, eu me visto com tudo que tenho direito e acabo nem me sentindo à vontade, porque o sapato não é do dia-a-dia, a roupa não é aquela bem adequada e às vezes eu me pareço muito ridículo; um frio danado, mas eu escolhi aquele vestido e não tenho outro à altura. Eu vejo isto em muitos casamentos. Venho tremendo, mas é o vestido que eu escolhi e agora não dá para trocar de vestido. Então, não é no almoço ou jantar onde eu encontro as pessoas, mas onde eu quero ser notado ou notada. Fazemos o papel de ridículo quando isto acontece.
Outra coisa que também é muito desagradável é você ir a um jantar ou almoço mascando chiclete, por exemplo. O que você vai fazer com o chiclete na ora de ingerir o alimento? Isto está mostrando que aquela pessoa está pouco interessada naquele jantar ou almoço e está presente apenas como compromisso ou obrigação. Não. Jesus, que é a Palavra de Deus, nos propõe outra coisa à mesa: a primeira leitura vai dizer da importância dos mais velhos à mesa. É curioso que tenhamos o habito de dar comida primeiro para os idosos, para depois ficarmos à vontade à mesa. Aqui diz: Não! O lugar principal é para o mais velho, para que ele possa, com sua sabedoria, ensinar os novos. Então, crianças e idosos devem se sentarem na mesma mesa. A criança tem sim que ouvir o idoso. Eu posso até não concordar com ele, mas é uma questão de educação ouvi-lo. Só que nem nós ouvimos, imagine as crianças! Servir a comida num cantinho para o idoso é sinal de que estou descartando o idoso para eu ficar tranquilo. É assim que nós corrigimos o orgulho das pessoas. Aqui a primeira leitura diz claramente: “Pois grande é o poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e com ouvido atento deseja a sabedoria.” O orgulhoso se corrói, morre, mas não dá o braço a torcer e ganha o que com isto? O que que se ganha em ser orgulhoso? Perde-se a possibilidade de conhecer o irmão, de celebrar com o próximo e perde-se a oportunidade de crescer. É interessante observar, que um de oitenta anos vai falar e um de vinte anos manda calar a boca, como se soubesse tudo da vida! Só vai lamentar depois que morre. Aí não é hora de lamentar, não!
A Palavra de Deus faz um grande convite a nós: onde é, em que ponto eu sou orgulhoso? Senhor, quebre o meu orgulho.
Jesus conta esta parábola que está no Evangelho, não para falar do primeiro ou último lugar, porque é interessante observar, sobretudo na igreja, que as pessoas não buscam os primeiros lugares, mas aqui poderia buscar à vontade. O duro é na sociedade onde um mata o outro para estar no primeiro lugar. Lá é que é o ponto sério. É ali que deveria buscar os últimos lugares. Ah, mas se eu buscar o último lugar, eu saio perdendo! Pois é. Veja que o Evangelho é contrário àquilo que a sociedade nos ensina. Jesus diz assim: ao oferecer uma refeição, eu não deveria ter outra preocupação a não ser encontrar as pessoas na gratuidade. Então, não se deveria fazer negócios durante a refeição, não deveria ficar se mostrando, buscando apresentar a minha influencia que eu tenho durante a refeição, mas deveria ser um momento de encontro com os irmãos. É por isso, que muita gente não gosta de vir à Celebração Eucarística, porque na Celebração Eucarística o encontro é com os irmãos. Se você vier com sapato de ouro ou vier descalço, como é dito, o tratamento tem que ser o mesmo. Se não for o mesmo, está errado. Entre nós não há aqueles que são influentes, aqueles que são poderosos, e os que tem que ficar num canto. Entre nós o encontro é para todos: crianças, jovens, adulto, idosos, porque todos nós, de alguma forma, temos alguma pobreza e a mesa é feita para os pobres. Onde está a minha pobreza? Talvez esteja no meu egoísmo, talvez na minha prepotência, talvez a pobreza seja de dinheiro mesmo, talvez a pobreza seja a incapacidade de agir com os irmãos, não consigo viver com a limitação do outro, não me sinto à vontade com determinadas pessoas perto. Esta, talvez, seja a minha pobreza. Jesus prepara uma mesa para os pobres, ou seja, para me ajudar naquilo que vale a pena na vida. O que vale a pena na vida? Experimentar o amor de Deus.
Meus irmãos e irmãs, cada vez que nos sentamos à mesa, pedindo a Deus que nos ajude, a celebrar o seu amor de coração aberto e todo o restante será consequência.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa

 

O Evangelho de hoje não é um guia de etiqueta e de boas maneiras. Jesus pensa, no banquete do Reino, que é preparado pelo banquete da vida; sim, porque somente participará do banquete do Reino quem souber portar-se no banquete da vida!
E neste banquete, no daqui, no desta vida, o Senhor hoje nos estimula a duas atitudes. Primeiramente, a humildade: “convidado para uma festa, não ocupes o primeiro lugar… Vai sentar-te no último…”. O que é ser humilde? Humildade deriva de humus, pó, lama, barro… Ser humilde é reconhecer-se dependente diante de Deus, é saber-se pobre, limitado diante do Senhor. O humilde tem diante de si a sua própria verdade: é pobre, mas amado por Deus. Por isso, o humilde é aberto para o Senhor, dele reconhece que é dependente, e a ele se confia e pode ser aberto, e acolher como uma criança o Reino que Jesus veio trazer.
A segunda atitude é a gratuidade: “Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”. A gratuidade é a virtude que dar sem esperar nada em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizada no próprio dar. Se prestarmos bem atenção, a gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe de coração que em tudo depende de Deus e de Deus tudo recebeu gratuitamente (humilde), também sente-se impelido a imitar a atitude de Deus: dar gratuitamente! “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8). Pois bem, quem faz crescer em si a humildade e cultiva a gratuidade, experimenta a Deus e seu Reino, pois aprende a sentir o coração do próprio Deus, que tudo nos deu gratuitamente. Quem cultiva a humildade e a gratuidade, deixa o Reino ir entrando em si e entrará, um dia, no Reino de Deus!
Mas, se pensarmos bem, nada disso é fácil, pois vivemos no mundo da autossuficiência e dos resultados. O homem já não mais se sente dependente de Deus; deseja ele mesmo fazer a vida do seu modo. Assim, se fecha para Deus e, para ele se fechando, já não mais reconhece no outro um irmão e, não experimentando a misericórdia gratuita de Deus, já não sabe mais dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que apresentar contrapartida, tudo tem que dar lucro, tudo é pensado na lógica do custo-benefício. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Pensemos bem, porque se assim o for, jamais experimentaremos Deus de verdade. Nunca é demais recordar a advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a Deus!” (1Jo 4,8)
Caríssimos, supliquemos a graça de um coração renovado de novas atitudes! Recordemos, como dizia São Bento, que pela humildade se sobe e pela soberba se desce! Que Deus nos conceda a graça da humildade.
Dom Henrique Soares da Costa

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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
A perícope deste XXII Domingo do Tempo Comum nos apresenta o ensinamento prático de Jesus sobre duas atitudes fundamentais que revelam a verdadeira dignidade e grandeza do ser humano: humildade e generosidade. Estas se opõem à vaidade orgulhosa e à demagogia enganadora que deformam as relações humanas e criam uma sociedade de “mais dignos” e “menos dignos”, de gente importante a ser exaltada, e pessoas sem valor a serem excluídas e preteridas. Sem humildade e generosidade, o ser humano transforma-se num misto de mesquinhez e mediocridade, pois a sua única motivação para agir e relacionar-se são os seus interesses egoístas e seus cálculos frios e míopes.
De forma magistral, Lucas apresenta esse ensinamento de Jesus num contexto de uma refeição e no dia santificado: “Certo sábado, Jesus entrou na casa de um dos chefes dos fariseus para tomar uma refeição” (grego: fagein arton, comer pão). Jesus aproveita a ocasião para ensinar e anunciar como deve ser a autêntica refeição, isto é, o sentar-se à mesa para nutrir o corpo e o espírito deve ser a profunda experiência de quem se prepara para aquela definitiva refeição no Reino dos céus, onde o Pai acolhe a todos sem distinção, e onde ninguém é mais ou menos importante do que os outros; onde não há lugares mais nobres e reservados, pois será o banquete da fraternidade; sentir-se irmão de quem está sentado ao seu lado será a única e mais importante localização naquele banquete. Se o fato da refeição já era importante, quanto mais no sábado, quando se fazia a memória do repouso de Deus que, segundo a narração do Gênesis, era contemplação da sua obra. O sábado, dia do descanso, como dia sagrado assume caráter de experiência de re-criação (daí deriva o termo recreio: momento de descanso para refazer as forças, onde também se alimenta para recuperar as energias). Portanto, aquela refeição em dia de sábado deveria ser momento de recuperar a vida, considerando a igualdade fundamental das pessoas, uma vez que todas são necessitadas de alimento para corpo e, também, para o coração. Mas tornou-se ocasião para disputa de lugares segundo a classificação artificial das pessoas, consideradas umas mais importantes do que outras.
Sobretudo para culturas antigas, o momento das refeições é considerado não apenas como um momento de alimentar o corpo com um pão material, mas é também o rito sagrado de refazer as relações, de aprender os valores com a sabedoria dos anciãos, de renovar a vida com a vitalidade e entusiasmo dos jovens e perfumar-se com o bálsamo do frescor da vida dos infantes.
À mesa não se toma apenas o pão do prato, mas partilha-se o alimento que provém do interior, daquilo que brota do coração de cada um. A refeição é momento de revelação de atitudes interiores expressas em gestos externos.
Jesus denuncia o desvirtuamento que se dá naquele banquete oferecido por um dos chefes dos fariseus: “Pois notara como eles escolhiam os primeiros lugares”. Torna-se até escandaloso que isso aconteça entre os conhecedores da Escritura, pois a orientação prática da corrente sapiencial era: “Não te vanglories na frente do rei, nem ocupes o lugar dos grandes; pois é melhor que te digam ‘Sobe aqui!’, do que seres humilhado na frente de um nobre” (Pr 25,6-7; ver Eclo 31,12-18). Jesus apenas retoma o ensinamento já conhecido. São Paulo antes de falar do rebaixamento de Jesus, da sua kénosis, adverte a comunidade dos filipenses: “Nada fazendo por competição e vanglória, mas com humildade, julgando cada um dos outros superiores a si mesmo… Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus…” (Fl 2,3-5). Portanto, a humildade não é apenas a nobre virtude de alguns, mas deve ser a característica da comunidade cristã, pois o próprio Senhor não se apegou à sua condição divina, mas se fez servo de todos.
Indubitavelmente a experiência do estar juntos à mesma mesa, compartilhando pão e coração, nos torna humildes e diligentes uns para com os outros; é o lugar e o momento de descobrirmos que o mais importante não é o lugar onde estamos, mas a relação que estabelecemos com os outros.
A outra atitude fundamental que Jesus nos ensina nesse banquete é a generosidade: “Ao dares um almoço ou jantar não convides os amigos, nem os irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos; para que não te convidem, por sua vez, e te retribuam do mesmo modo”. A generosidade é uma das virtudes humanas mais reveladoras de um coração dilatado, de um coração grandioso e, por isso, que transborda de bondade, livre e gratuitamente. Portanto, só quem é livre pode ser verdadeiramente generoso, pois é movido pela gratuidade, não espera nada, visto que a sua generosidade já é o precioso e suficiente dom que possui. Não espera nenhuma recompensa pelo bem que faz, pois a sua generosidade já é sinal de abundância. A generosidade não se baseia em cálculos e muito menos numa mentalidade de busca de vantagens. A generosidade também não depende da quantidade daquilo que se possui, mas é, antes de tudo, expressão de uma grande liberdade, a ponto de ser capaz de sacrificar o que se tem, muito ou pouco, em vista do bem da outra pessoa.
Humildade e generosidade dilatam o coração e, ao mesmo tempo, revelam a sua grandeza. A humildade nos coloca no lugar certo, pois garante a possibilidade de crescer sempre; a generosidade nos faz tomar a direção certa, pois nada esperando ou exigindo em troca, conserva-nos sempre um caminho livre, o que nos faz avançar sempre mais rumo à plenitude da vida que não busca glórias imediatas, nem recompensa calculada.
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS,  NOS COLOQUEMOS NA PRESENÇA DO PAI. TODOS REPITAM: SENHOR, ACOLHEI-NOS EM VOSSO REINO.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
-  “Deus criador, proclamamos a grandeza do vosso poder e a humildade do vosso Filho Jesus. Ele tornou-se pequeno para nascer entre os homens e aceitou a humilhação suprema da cruz. Nós vos pedimos que nos livreis do orgulho e possamos espelhar vosso amor E vossa gratuidade.. 
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
- Deus nosso Pai, vos damos graças por Jesus nos conduzir com seus ensinamentos e seu exemplo para que possamos participar do banquete celeste na assembléia dos santos.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
- Pai, cantamos no salmo, que com carinho preparastes uma mesa para o pobre E que os justos rejubilam satisfeitos e exultam de alegria. Ajudai-nos para que não nos desviemos do caminho do Reino.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
- Pai, que o Espírito Santo nos transforme em cidadãos do alto e que possamos agir no amor e na humildade, sendo alento aos que necessitam de nosso apoio.
T: Senhor, acolhei-nos em vosso Reino.
- PAI NOSSO...   A PAZ...   EIS O CORDEIRO


quinta-feira, 22 de agosto de 2019

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM, homilias, subsídios homiléticos


21º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2019
Vocação ao Laicato - Dia do Catequista

Tema: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita.”
Primeira leitura: Todos os povos da terra serão chamados para o serviço de Deus.
Evangelho: Jesus diz que o “Reino” é para todos; no entanto, é preciso fazer opção pela “porta estreita” e aceitar seguir Jesus e  amar os irmãos.
Segunda leitura: o crente enfrenta com coragem os sofrimentos, vê neles sinais do amor de Deus que educa e nos prepara para a vida nova do “Reino”.

PRIMEIRA LEITURA (Is 66,18-21) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Assim diz o Senhor: Eu que conheço suas obras e seus  pensamentos, virei para reunir todos os povos e línguas; eles virão e verão minha glória. Porei no meio deles um sinal e enviarei, dentre os que foram salvos, mensageiros para os povos de Társis, Fut, Lud, Mosoc, Ros, Tubal e Javã, para as terras distantes e para aquelas que ainda não ouviram falar em mim e não viram minha glória. Esses enviados anunciarão às nações minha glória e reconduzirão, de toda parte, até meu santo monte em Jerusalém, como oferenda ao Senhor, irmãos vossos, a cavalo, em carros e liteiras, montados em mulas e dromedários, – diz o Senhor – e, como os filhos de Israel, levarão sua oferenda em vasos purificados para a casa do Senhor. Escolherei dentre eles alguns para serem sacerdotes e levitas, diz o Senhor.

AMBIENTE - O “Trito-Isaías” séc. VI e princípios do séc. V a.C. (pós-exílio). Comunidade heterodoxa, judeus do Exílio, judeus que ficaram no país após 586 a.C. E estrangeiros em Jerusalém.  Esdras e Neemias, uma política xenófoba, proibindo até os casamentos mistos. Trito-Isaías abordam o problema, que vão desde o apelo ao aniquilamento das nações que se obstinam no mal, até à admissão de estrangeiros no Povo de Deus. No geral, domina a tolerância para com os outros povos.

MENSAGEM - O autor deste texto considera que todas as nações são chamadas a integrar o Povo de Deus: Primeiro, Deus virá para dar início ao processo de reunião das nações; depois, dará um sinal e enviará missionários a fim de que anunciem a glória do Senhor; em seguida, as nações dirigir-se-ão ao monte santo de Jerusalém (o lugar onde Deus reside); finalmente, o Senhor escolherá sacerdotes e levitas para o servirem. No contexto político não era fácil ser tolerante com as outras nações. É inconcebível dizer que Deus vai escolher, entre os pagãos, sacerdotes e levitas que entrem no espaço sagrado e reservado do Templo (onde qualquer pagão que entrasse era réu de morte) para o serviço do Senhor.

ATUALIZAÇÃO -  “Ao novo Povo de Deus, todos os homens são chamados” (LG 13). No Povo de Deus é necessário o compromisso com o projeto de salvação que o Pai oferece, em Jesus. 
As nossas comunidades são espaços de igualdade e de fraternidade?

SALMO RESPONSORIAL [Sl 116(117)]
Proclamai o evangelho a toda criatura!
• Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes; / povos todos, festejai-o! /
 Pois comprovado é seu amor para conosco, / para sempre ele é fiel!

EVANGELHO (Lc 13,22-30) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. Alguém lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Jesus respondeu: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois.’ Então começareis a dizer: ‘Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!’ Ele, porém, responderá: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!’ Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora. Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”.

AMBIENTE - Lucas mostra as diferenças entre a teologia dos judeus e a de Jesus, quanto a salvação.

MENSAGEM - Para os fariseus a “salvação” era reservada ao Povo eleito e nos círculos apocalípticos, dominava uma visão mais pessimista; muito poucos estavam destinados à felicidade eterna. Jesus, no entanto, falava de Deus como um Pai cheio de misericórdia, que acolhia a todos, especialmente os pobres e os débeis, os injustiçados. Ora, na ótica de Jesus, entrar no “Reino” é, em primeiro lugar, esforçar-se por “entrar pela porta estreita”. A imagem da “porta estreita” significa a renúncia ao egoísmo, orgulho, riqueza, ambição, poder e domínio… A lógica  é o serviço, o amor, a partilha, o dom da vida. Quem se sentará à mesa do “Reino”? Todos aqueles que aderiram ao seu projeto e aceitaram viver, no seguimento de Jesus, uma vida de doação, de amor e de serviço: a única coisa decisiva é a adesão a Jesus.

ATUALIZAÇÃO
- Deus oferece o Reino gratuitamente a todos; basta aceitar Jesus e entrar pela porta estreita.
- “porta estreita” é fazer-se pequeno, simples, humilde, servidor, capaz de amar os outros. Partilhar o destino de Jesus e fazer da vida um dom (“beber o cálice”) e um serviço (“Eu vim para servir”). Jesus é o modelo dos que querem “entrar pela porta estreita”.
- A felicidade, para muitos dos nossos, está no poder, no êxito, na riqueza, (o novo deus).
- O acesso ao “Reino” não é uma conquista definitiva, mas algo que Deus nos oferece cada dia e que, cada dia, nós aceitamos ou rejeitamos. Ninguém tem garantido, por decreto, o acesso ao “Reino. O acesso à salvação é algo a que se responde – positiva ou negativamente – todos os dias e que nunca é um dado totalmente seguro e adquirido.

SEGUNDA LEITURA (Hb 12,5-7.11-13) Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos: Já esquecestes as palavras de encorajamento que vos foram dirigidas como a filhos: “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando ele te repreende; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho”. É para a vossa educação que sofreis, e é como filhos que Deus vos trata. Pois qual é o filho a quem o pai não corrige? No momento mesmo, nenhuma correção parece alegrar, mas causa dor. Depois, porém, produz um fruto de paz e de justiça para aqueles que nela foram exercitados. Portanto, “firmai as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos; acertai os passos dos vossos pés”, para que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado.

AMBIENTE - Carta aos Hebreus. O autor faz um apelo à perseverar na fé. Recordemos que esta carta se destina a uma comunidade que já perdeu o entusiasmo inicial e que se arrasta numa fé cômoda e sem grandes exigências; esta comunidade começa a conhecer as tribulações e as perseguições e corre o risco da apostasia. É neste contexto que temos o apelo.

MENSAGEM - O autor convida os cristãos a aceitar as correções de Deus, como atos pedagógicos de um Pai preocupado com a felicidade dos filhos. A questão trata do sentido do sofrimento e das provas que os crentes têm que suportar (as perseguições e incompreensões que os cristãos sofrem). Uma mentalidade religiosa popular considerava o sofrimento como um castigo de Deus para o pecado do homem (Jo 9,1-3)  Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.; mas, para o autor da Carta aos Hebreus, o sofrimento não é um castigo, mas sim uma pedagogia, que Deus utiliza para nos amadurecer e ensinar a viver. Como sinais do amor que Deus nos tem, os sofrimentos são uma prova da nossa condição de “filhos de Deus”. Além de nos mostrarem o amor de Deus, as provas aperfeiçoam-nos, transformam nos, levam-nos a mudar a nossa vida. Por essa transformação, vamo-nos fazendo interiormente capazes da santidade de Deus, aptos para recebê-la. Por isso, quando chegam, devem ser consideradas como parte do projeto salvador de Deus para nós, portadoras de paz e de salvação… E devem levar-nos ao agradecimento.

ATUALIZAÇÃO - A questão do sofrimento: se Deus existe, porque é que deixa que o sofrimento marque a vida do homem, inclusive a vida dos justos e inocentes? Porque é que Deus prova o justo? O Povo de Deus formulou de várias formas estas questões e não encontrou respostas satisfatórias; mas uma das respostas passa pela constatação de que “Deus escreve direito por linhas tortas” e que se serve dos acontecimentos mais dramáticos para nos ajudar a redescobrir o sentido da vida e das nossas opções. O sofrimento não é bom em si; mas ajuda nos a perceber o sem sentido de certos caminhos que seguimos e a corrigir o rumo da nossa vida.
- No fundo, Deus ama-nos e quer salvar-nos; o sofrimento e as provas permitem-nos, muitas vezes, descobrir essa realidade.
- Apesar das crises, o cristão nunca deve esquecer o amor de Deus e agradecer por  isso. Diante dos sofrimentos, resta-nos agradecer a preocupação desse Deus que, servindo-se dos dramas da vida, nos manifesta o seu amor e nos salva.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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A Salvação

A Salvação é um dom, que Deus oferece a todos, mas a porta para entrar no Reino é estreita.


Na 1a Leitura, o Profeta fala de uma Comunidade Universal.
Deus oferece a salvação a todas as pessoas e a todos os povos:
"Eu virei para reunir os homens de todos os Povos; eles virão e verão a minha glória". (Is 66,18-21)

A 2ª Leitura afirma que o homem encontra a Salvação em Deus e deve deixar-se guiar  por ele. Como Pai, corrige
e repreende os que se desviam do bom caminho da Salvação para que alcancem a herança reservada a seus filhos. (Hb 12,5-7.11-13)

No Evangelho, Jesus aponta o caminho da salvação. (Lc 13,22-30)

- Começa com uma pergunta dirigida a Jesus:  "São muitos os que se salvam?"
   Os judeus estavam convencidos de que só povo de Israel se salvaria...

- Jesus não responde à pergunta, dizendo o NÚMERO dos que se salvam...
  Prefere revelar o CAMINHO para a salvação.
  Fala que o banquete do "Reino" é para todos.
  No entanto, não há entradas garantidas  e estreita é a porta para entrar nele.

- Complementa o pensamento com uma pequena PARÁBOLA:
  Um Senhor oferece um banquete.  Todos podem tomar parte, porque é de graça. Todos procuram entrar.
  Alguns passam, outros não conseguem. A porta se fecha.
- Quem está dentro? Os patriarcas... os profetas... e uma multidão incontável, vinda de todos os lados...
- Quem está fora? Um grupo que conheceu o Senhor e pretende entrar de qualquer jeito, expondo os seus motivos:  "Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças".
  E o Senhor não abre a porta e os manda embora...  Não basta o privilégio de pertencer ao povo eleito...

- E, aos "convencidos" de ter a salvação garantida, conclui com um alerta: "Não vos conheço..."

+ A Salvação é oferecida para todos,
independentemente de raça, de condição social, econômica ou religiosa...
Deus oferece gratuitamente a Salvação, mas espera nossa resposta,
o nosso compromisso com os valores do Evangelho.
Basta acolher essa oferta, aderir a Jesus e entrar pela "porta estreita".
* Mas para muitos, a "porta estreita" não é muito popular...
  A felicidade se encontra no poder, no êxito, na exposição social, nos cinco minutos de fama que a televisão proporciona, no dinheiro...

Para passar pela PORTA ESTREITA, é necessário:
- Tornar-se pequeno, simples, humilde, servidor, como criança:
  "Quem não se fizer como criança não terá lugar no reino de Deus".

+ Um alerta:
Não haverá privilegiados, entradas garantidas, bilhetes reservados...
O ser cristão não é um meio mágico de salvação;
ela é o resultado do encontro entre o esforço humano e o dom de Deus.
Para salvar-se, não basta entrar na Igreja uma vez pelo Batismo, mas querer entrar todos os dias pela "porta estreita" da fidelidade à mensagem de Cristo e do Evangelho.

- Naquela hora, não haverá desculpas:
Sou católico desde criança... Vou à missa todos os domingos, confesso com freqüência, pago sempre o dízimo, ajudo a Igreja...  Sou amigo do Padre...  do Bispo...  Fiz o cursilho... o seminário da RCC... sou membro do Apostolado...

- Naquela hora, poderá ter surpresa:
  "Não sei de onde vocês são... afastem-se de mim...
  Há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos."
  = Estranhos entrando na glória e "praticantes" excluídos do banquete...

+ São muitos os que se salvam?
Jesus não respondeu diretamente à pergunta quanto ao Número, fala dos Destinatários da salvação e o Caminho para consegui-la": A "porta estreita" do despojamento e da humildade...

Se olharmos apenas as exigências de entrar pela "porta estreita", poderíamos ficar preocupados...
Mas sabemos que Deus é mais bondade e misericórdia, do que justiça.
Cristo nos garante: "Eu sou a porta, quem entrar por mim, será salvo..." (Jo 10,9)
E Paulo nos garante uma verdade muito consoladora: "É vontade de Deus que todos os homens se salvem,   e todos cheguem ao conhecimento da verdade..." (1Tm 2,4)
A porta é estreita, mas está aberta...

Dia do Leigo e do Catequista
Saudamos nesse dia a todos os LEIGOS e CATEQUISTAS que exercem esse precioso serviço na Comunidade.
Obrigado por tanto bem que realizam.

                               Pe. Antônio Geraldo

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa

Jesus continua seu caminho para Jerusalém, rumo à sua paixão, morte e ressurreição. Seu caminho é o dos cristãos. Pois bem, no caminho, fazem-lhe uma pergunta: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” É daquelas perguntas que Jesus não responde, porque se fundam na curiosidade inútil e não naquilo que ele veio revelar e inaugurar: o Reino de Deus, que exige de nós uma abertura de coração e uma resposta de amor para segui-lo no caminho.
Hoje, é tão comum apresentarem um cristianismo de curiosidade sobre o fim dos tempos, sobre milagres, sobre curas… um cristianismo interesseiro, que busca somente emoção e solução de problemas… Tudo isso é um falso cristianismo: vazio, anti-evangélico (mesmo quando se diz “evangélico”) e sem sentido algum… Um cristianismo que trai o Cristo!
Ao invés de responder a pergunta que lhe fizeram, o Senhor vai direto ao ponto que realmente interessa… Por isso, responde com uma advertência: Não é da nossa conta se são muitos ou poucos os que se salvam. Interessa, isso sim, que tenhamos uma tal atitude hoje, no presente de nossa vida, em relação ao seu Evangelho, que possamos herdar a salvação: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”. Portanto, o Senhor chama nossa atenção para o presente, como estamos nos posicionando agora em relação a ele.
Mas, por que afirmar que a porta é estreita e que muitos tentarão e não conseguirão? Será que Deus nos preparou uma armadilha? De modo algum! A porta é estreita porque nos tornamos grandes demais, auto-suficientes demais, prepotentes demais, demasiadamente cheios de nós mesmos! A porta é estreita porque nossas manhas sãos largas… Portanto, há um combate a ser travado em nós, para nos adequarmos ao Reino de Deus. Seguindo nossa lógica, nossos instintos, nossas paixões, não entraremos! Não entrará no Reino quem primeiro não deixar o Reino entrar em si, no seu coração e na sua vida!
E há ainda mais dois aspectos importantes para os quais o Senhor chama a nossa atenção: (1) haverá um momento final, definitivo, decisivo e irremediável: “Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’.” Cuidemos, portanto, porque haverá um momento final, um julgamento definitivo, um céu ou um inferno que nunca passarão! Não nos esqueçamos disso; não brinquemos com isso! Há ainda um segundo aspecto: (2) Seremos julgados por nossa relação com ele, o Cristo Senhor. Se hoje o amamos, se hoje vivemos o seu Evangelho, se hoje praticamos a justiça do Reino que ele trouxe, seremos reconhecidos por ele; caso contrário, seremos rejeitados: “Começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ ele responderá: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça’”. Nosso futuro está ligado à nossa atitude concreta em relação a Jesus hoje! Por isso mesmo, hoje escutemos a advertência do Autor da Carta aos Hebreus: “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga a quem aceita como filho. Portanto, firmais as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos, acertai os passos dos vossos pés”. É no hoje da vida que o Senhor nos espera; é no nosso presente que o nosso futuro eterno é decidido. Como tenho vivido meu hoje, meu presente em relação ao Senhor? Vou construindo meu céu ou meu inferno?
E, uma última advertência seríssima da Palavra de Deus hoje: que ninguém se iluda pensando ser membro da Igreja, ser batizado, ser filho de Deus, pois o Senhor olha o coração. Sermos batizados não é somente uma honra, mas é também um dever, uma responsabilidade imensa. Quantos pagãos, quantos ateus, quantos não-católicos, são mais generosos que nós! Quantos seriam melhores cristãos e melhores católicos que nós! Por isso mesmo, Jesus nos previne: Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”. Como os judeus, que eram primeiros e perderam a prioridade para nós, cristãos, assim também nós, apesar de cristãos, podemos perder a prioridade para os pagãos. Recordemos que ser cristão não é nunca, mera questão de tradição, de costume, mas é, antes de tudo, uma relação viva de amor e empenho sempre renovado em relação ao Senhor que nos chamou a segui-lo! Esse amor vivo e sempre renovado é a única garantia de receber a salvação, de encontrar a porta aberta – e a porta é o próprio Cristo!
Que ele, na sua misericórdia, nos faça encontrar seu coração aberto, para que nele vivamos por toda a eternidade. Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
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Homilia do Padre Françoá Costa

Salvação

Um dos maiores desejos do ser humano é o da salvação. No entanto, tenho a impressão que algumas expressões utilizadas por nós, os cristãos, há muito tempo, já caíram no esquecimento ou ficaram, em certo sentido, vazias de conteúdo para muitos. O que é salvação? Quando uma pessoa está se afogando, grita pedindo socorro: que alguém o salve! Quando estamos enfermos, desejamos ser salvados, curados dos nossos males. Caso nos víssemos rodeados de feras selvagens, desejaríamos que aparecesse alguém mais forte que todas elas e nos salvassem. A salvação sempre vem ao encontro de quem está necessitado e só a pede quem se vê necessitado. Ainda que todos necessitem ser salvos, nem todos parecem percebê-lo. Esse é um dos grandes problemas da modernidade: quando se tem um bom salário, uma boa casa, o carro do ano, seguro médico, amigos com os quais divertir-se, etc. Que mais pode faltar? Salvação? De quê? De quem? Isso não acontece somente em ambientes ricos, também há muitos pobres que tendo um barraco e um pouco de comida para ir levando a vida, se contentam: salvação? De quê? Ganhar na loteria pareceria ser, nesse caso, a única salvação possível.
Há também misérias espirituais! Pobres e ricos terminam debaixo do chão ou numa caixinha destinada a guardar as suas cinzas; ambos podem pecar e contrair, também aumentar, os vícios; ricos e pobres podem ser – como de fato são – atacados pelo diabo. Essas misérias espirituais – morte, pecado, demônio – não ficam somente ao nível do espírito. No caso da morte está claro! Mas também em relação ao pecado e ao demônio: qualquer afinidade com essas realidades definha não só o nosso espírito, mas também o nosso corpo. O ser humano é uma unidade de alma e corpo inseparavelmente unida. Eu não posso ser atingido só no meu dedinho quando dou uma martelada errada no prego e acerto o polegar, a dor repercute em toda a minha pessoa, sou eu quem sofro essa dor, não só o meu dedo.
A salvação que Cristo oferece chega à pessoa em sua totalidade, mas começa pelo mais profundo. Quando se percebe que uma árvore está enferma na raiz é preciso remediar para sarar a raiz, as conseqüências serão folhas e frutos sadios. De maneira semelhante, Deus quis sarar-nos pela raiz, enviando o seu Filho para libertar-nos salvando-nos do pecado, do diabo e da morte. Salvou-nos pela raiz para que fossemos capazes de produzir folhas e frutos sadios. Ainda percebemos o poder do pecado, do demônio e da morte, não obstante, foi-nos dado o remédio para combatê-los sempre: a graça de Deus. A salvação total e definitiva acontecerá no céu. Nesses tempos, a salvação já realizada espera a consumação na Parusia, na segunda vinda de Cristo. Isso é assim porque se formos ao céu antes da Parusia, lá estaremos somente com a nossa alma, o qual indica que falta algo importantíssimo: o corpo. A consumação daquilo que já foi realizado, a nossa salvação, se dará nos novos céus e na nova terra.
Nesse contexto, entende-se perfeitamente a pergunta daquele incógnito: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?” (Lc 13,23). Jesus dá duas respostas que se complementam: “Procurai entrar pela porta estreita” (Lc 13,24). Logo, parece que são poucos: a porta é estreita. “Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus” (Lc 13,29). Logo, parece são muitos: do norte e do sul, do leste e do oeste. Logicamente, o fato de a porta ser estreita, não significa que passem poucos; nem o fato de virem de todas as partes significa que sejam muitos. Enfim, trata-se de uma curiosidade que Jesus não deseja satisfazer no momento.
Mas do que perguntar se são muitos ou poucos, é muito mais importante perguntar: Senhor, serei salvo? E como Deus “deseja que todos os homens se salvem” (1 Tm 2,4), é muito melhor perguntar: Senhor, faço tudo o que está ao meu alcance para ser salvo? A pergunta não é egoísta. Conscientes de que temos que pedir ao Senhor que nos salve – o homem não se pode salvar a si mesmo, é impossível! – é preciso colaborar para que a salvação já realizada por Jesus na Páscoa por cada um de nós esteja cada vez mais presente e atuante nas nossas vidas. “Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). O mesmo apóstolo que diz que “o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6,23), nos diz também: “trabalhai na vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2,12). A salvação depende totalmente de Deus, é dom, e totalmente de nós, é tarefa. “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S. Agostinho).
Pe. Françoá Costa


Síntese: Homilia de D. Henrique Soares da Costa – XXI TC

Mas, por que afirmar que a porta é estreita e que muitos tentarão e não conseguirão? A porta é estreita porque nos tornamos grandes demais, auto-suficientes demais, prepotentes demais, demasiadamente cheios de nós mesmos! Seguindo nossa lógica, nossos instintos, nossas paixões, não entraremos! Não entrará no Reino quem primeiro não deixar o Reino entrar em si, no seu coração e na sua vida!
Haverá um momento final, decisivo: “Uma vez fechada  a porta, vós, começareis a bater  e Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’.” Cuidemos, portanto, Seremos julgados por nossa relação com ele, o Cristo Senhor. Se hoje o amamos, se hoje vivemos o seu Evangelho, se hoje praticamos a justiça do Reino que ele trouxe, seremos reconhecidos por ele; caso contrário, seremos rejeitados:  Por isso mesmo, escutemos a advertência da Carta aos Hebreus: “não desprezes a educação do Senhor; pois o Senhor corrige a quem ama. Portanto, acertai os passos dos vossos pés”. É no nosso presente que o nosso futuro eterno é decidido.
Sermos batizados não é somente uma honra, mas é também um dever. Quantos ateus são mais generosos que nós! Jesus nos previne: Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim “há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”. Como os judeus, que eram primeiros e perderam a prioridade para nós, cristãos, assim também nós, apesar de cristãos, podemos perder a prioridade para os pagãos. Recordemos que ser cristão não é mera questão de tradição, mas é uma relação de amor e empenho ao Senhor que nos chamou a segui-lo! Esse amor vivo é a única garantia de receber a salvação, de encontrar a porta aberta – e a porta é o próprio Cristo!       Dom Henrique Soares da Costa-

Homilia do Padre Françoá Costa – XXI Domingo do TC - C

Salvação

 O que é salvação? Quando uma pessoa está se afogando, grita pedindo socorro: que alguém o salve! Quando estamos enfermos, desejamos ser salvos dos nossos males. Rodeados de feras, desejaríamos alguém mais forte que todas elas e nos salvassem. A salvação sempre vem ao encontro de quem está necessitado e só a pede quem se vê necessitado. Ainda que todos necessitem ser salvos, nem todos parecem percebê-lo. Esse é um dos grandes problemas da modernidade: quando se tem um bom salário, uma boa casa, o carro do ano, seguro médico, amigos com os quais divertir-se, etc. Que mais pode faltar? Salvação De quê? De quem? Isso também entre pobres que tendo um barraco e um pouco de comida, se contentam: salvação De quê? Ganhar na loteria pareceria ser, nesse caso, a única salvação possível.
Pobres e ricos terminam debaixo do chão. O ser humano é alma e corpo. Eu não posso ser atingido só no meu dedinho quando dou uma martelada errada no prego, a dor repercute em toda a minha pessoa, sou eu quem sofro essa dor, não só o meu dedo.
A salvação que Cristo oferece chega à pessoa em sua totalidade, mas começa pelo mais profundo. Quando se percebe que uma árvore está enferma na raiz é preciso sarar a raiz, as conseqüências serão folhas e frutos sadios. De maneira semelhante, Deus quis sarar-nos pela raiz, enviando o seu Filho para libertar-nos salvando-nos do pecado  e da morte. Salvou-nos pela raiz para produzirmos frutos sadios. Ainda percebemos o poder do pecado e da morte, não obstante, foi-nos dado o remédio para combatê-los sempre: a graça de Deus. A salvação total e definitiva acontecerá no céu.
O fato da porta ser estreita, não significa que passem poucos; nem o fato de virem de todas as partes significa que sejam muitos. Enfim, trata-se de uma curiosidade que Jesus não deseja satisfazer no momento.
É muito melhor perguntar: Senhor, faço tudo o que está ao meu alcance para ser salvo?
– O homem não pode salvar a si mesmo, é impossível! – é preciso colaborar para que a salvação já realizada por Jesus na Páscoa esteja cada vez mais presente nas nossas vidas. “Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). O mesmo apóstolo que diz que “o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6,23), nos diz também: “trabalhai na vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2,12). A salvação depende totalmente de Deus, é dom, e totalmente de nós, é tarefa. “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S. Agostinho).
Pe. Françoá Costa
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Lc 13,  22-30 - LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, PRESENTE ENTRE NÓS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, NOS COLOQUEMOS NA PRESENÇA DO PAI:
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
- Deus, Pai de todos os homens e de todas as nações, nós Vos damos graças pelo nosso batismo, pois nos tornastes filhos prediletos vossos.
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
- “Deus nosso Pai, nós Vos damos graças porque nos enviastes o Vosso Filho Jesus, para endireitar os caminhos de infelicidade em caminhos para a ressurreição. Nós Vos confiamos todos os nossos irmãos e irmãs que estão passando por sofrimentos. Dái-lhes o vosso conforto e a vossa paz.
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
- Deus nosso Pai, nós Vos damos graças pela porta da Vossa casa, que nos abres convidando-nos ao festim no Vosso Reino com os povos de toda a terra.
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
- Deus nosso Pai, que o Espírito Santo nos transforme em propagadores de vosso Reino, para que todos os vossos filhos vos conheça e vos ame.
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
=  PAI NOSSO...  A PAZ...  EIS O CORDEIRO...