22º
DOMINGO DO TC. ANO C 2019
SINOPSE:
Tema: A humildade e a gratuidade são os desafios do Reino.
Primeira
leitura:
A humildade é o caminho para ser agradável a Deus e aos homens.
Evangelho:
Jesus recomenda humildade e fraternidade para participarmos
no Banquete.
Segunda
leitura: O nosso encontro com Deus é uma experiência de
comunhão, de amor, que exige de nós humildade e amor para com o próximo.
PRIMEIRA
LEITURA (Eclesiástico 3,19-21.30-31) Filho,
realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem
generoso. Na medida em que fores grande, deverás praticar a humildade e assim
encontrarás graça diante do Senhor. Muitos são altaneiros e ilustres, mas é aos
humildes que ele revela seus mistérios. Pois grande é o poder do Senhor, mas
ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso não existe remédio,
pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende. O homem
inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e com ouvido atento deseja a
sabedoria.
AMBIENTE
- séc.
II a.C., ... O helenismo minava a cultura e os valores de Israel. Jesus Ben
Sirá defende o patrimônio religioso e cultural do judaísmo frente à cultura
grega.
MENSAGEM
- Para
Jesus Ben Sira, a humildade garante a estima perante os homens e “graça diante
do Senhor”. É na humildade e simplicidade que reside a “sabedoria”, do êxito e
da felicidade.
ATUALIZAÇÃO
- ♦Ser humilde é
assumir o nosso lugar, mas sem nunca humilhar os outros. Significa pôr os
próprios dons ao serviço de todos, com simplicidade e com amor. É aí que está a
“sabedoria”, quer dizer, o segredo do êxito e da felicidade.
♦Ser soberbo é
se deixar dominar pelo orgulho e torna-se egoísta, injusto, autossuficiente e
desprezar os outros. Deixa de precisar de Deus e dos outros homens; está
condenado ao fracasso.
♦udo o que
somos e temos é um dom de Deus.
SALMO
RESPONSORIAL
/ 67 (68)
Com carinho
preparastes uma mesa para o pobre.
•
Os justos se alegram na presença do Senhor; / rejubilam satisfeitos e exultam
de alegria! / Cantai a Deus, a Deus louvai, cantai um salmo a seu nome! / O seu
nome é Senhor; exultai diante dele!
•
Dos órfãos ele é pai, e das viúvas protetor; / é assim o nosso Deus em sua
santa habitação. / É o Senhor quem dá abrigo, dá um lar aos deserdados, / quem
liberta os prisioneiros e os sacia com fartura.
•
Derramastes lá do alto uma chuva generosa, / e vossa terra, vossa herança, já
cansada, renovastes; / e ali vosso rebanho encontrou sua morada; / com carinho
preparastes essa terra para o pobre.
EVANGELHO (Lc 14,1.7-14) Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na
casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. Jesus notou como os
convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola:
“Quando tu fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro
lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, e o
dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então
tu ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. Mas, quando tu fores
convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te
convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para
ti diante de todos os convidados. Porque quem se eleva, será humilhado e quem
se humilha, será elevado”. E disse também a quem o tinha convidado: “Quando tu
deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem
teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te
e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa,
convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz!
Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição
dos justos”.
MENSAGEM
- O
A.T. aconselhava a não ocupar os primeiros lugares (Prov 25,6-7Não te glories
na presença do rei, nem te ponhas no meio dos grandes; porque melhor é que te digam: Sobe para
aqui!, do que seres humilhado diante do príncipe.); mas o que aí era uma
exortação moral, nas palavras de Jesus converte-se na lógica do “Reino”: o
“Reino” exclui qualquer atitude de superioridade, de orgulho, de ambição, de
domínio sobre os outros; quem quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno,
simples e humilde. Ele próprio, na “ceia de despedida”, lavou os pés aos discípulos,
avisando que, na comunidade do “Reino”, os primeiros serão os servos de todos
(Jo 13,1-17). O que é ser humilde? Humildade deriva de humus,
pó, lama, barro… A virtude da humildade não tem nada a ver com a timidez. A
humildade faz que tenhamos consciência clara de que os nossos talentos e
virtudes pertencem a Deus; é saber-se pobre, limitado diante do Senhor. O
humilde tem a sua própria verdade: é pobre, mas amado por Deus. Por isso, o
humilde é aberto para o Senhor, dele reconhece que é dependente, e a ele se
confia e pode acolher como uma criança o Reino que Jesus veio trazer. Quem
quiser entrar nele, tem de fazer-se pequeno, simples, humilde.
A
segunda atitude é a gratuidade: “Numa
festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás
feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na
ressurreição dos justos”. A gratuidade é a virtude de dar sem esperar nada
em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizada no próprio dar. A
gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe que em tudo depende de Deus e de
Deus tudo recebeu gratuitamente (humilde), também sente-se impelido a imitar a
atitude de Deus: dar gratuitamente! “De graça recebestes, de graça
dai!” (Mt 10,8). Pois bem, quem faz crescer em si a humildade e cultiva a
gratuidade, experimenta a Deus e seu Reino. Quem cultiva a humildade e a
gratuidade, deixa o Reino ir entrando em si e entrará, um dia, no Reino de
Deus!
Mas nada disso é fácil, pois vivemos no mundo da autossuficiência
e dos resultados. O homem já não se sente dependente de Deus; deseja fazer a
vida do seu modo. Assim, se fecha para Deus e não reconhece no outro um irmão,
já não sabe mais dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que dar
lucro, tudo é na lógica do custo-benefício. Então teremos a angústia, a
ansiedade, o stress. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Se assim o
for, não experimentaremos Deus de verdade. Nunca é demais recordar a
advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a Deus!” (1Jo 4,8)
ATUALIZAÇÃO
♦A Igreja, fruto do “Reino”, deve ser o
lugar onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e
desinteressado.
♦ Para Jesus quem
prefere esquemas de superioridade, de prepotência, de humilhação, de ambição,
de orgulho, está impedindo a chegada do “Reino”.
♦Fica claro, na
catequese de Lucas que o tipo de relações que unem os membros da comunidade de
Jesus é o amor gratuito e desinteressado.
♦Os cegos e
coxos representam todos aqueles que a religião oficial excluía da comunidade;
Jesus diz que esses devem ser os primeiros convidados do “banquete do Reino”.
+ Jesus pede ao
homem, criado à imagem de Deus, para amar como Deus ama, isto é, gratuitamente,
esperando ser declarado justo na ressurreição dos mortos.
=
Resumindo:
Jesus propõe duas atitudes: HUMILDADE e GRATUIDADE
SEGUNDA
LEITURA (Hebreus 12,18-19.22-24a) Irmãos, vós não vos
aproximastes de uma realidade palpável: “fogo ardente e escuridão, trevas e
tempestade, som da trombeta e voz poderosa”, que os ouvintes suplicaram não
continuasse. Mas vós vos aproximastes do monte Sião e da cidade do Deus vivo, a
Jerusalém celeste; da reunião festiva de milhões de anjos; da assembleia dos
primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus; de Deus, o Juiz de todos;
dos espíritos dos justos, que chegaram à perfeição; de Jesus, mediador da nova
aliança.
AMBIENTE
Os
crentes são exortados a manter relações adequadas, justas, para com os homens e
para com Deus. Para isso, estabelece um paralelo entre a antiga religião e a
nova proposta de salvação que Cristo veio apresentar, a fim de enfrentar os
tempos difíceis de perseguição e de martírio que se aproximam.
MENSAGEM
- A
experiência do Sinai gerou medo e não houve proximidade de amor, confiança nem
com Deus nem com a comunidade, mas Na experiência cristã não há nada de
assustador, de terrível. Pelo Batismo, os cristãos aproximaram-se do
próprio Deus, numa experiência de proximidade, de comunhão, de intimidade, de
amor verdadeiro… A experiência cristã é uma experiência festiva, de verdadeira
alegria. Os cristãos associaram-se ao Deus da bondade e do amor; Foram
incorporados em Cristo e tornados co-herdeiros da vida eterna; associaram numa
existência de festa, de louvor, de ação de graças, de adoração, de
contemplação; associaram-se aos outros justos que atingiram a vida plena, numa
comunhão fraterna de vida e de amor.
ATUALIZAÇÃO
♦A redescoberta da nossa fé e do sentido
das nossas opções, a fim de superarmos o comodismo e a preguiça que nos levam a
uma caminhada cristã morna, sem compromissos, que facilmente cede e recua
quando aparecem as dificuldades e os desafios…
♦Jesus
intimou-nos a superar a perspectiva de um Deus terrível, opressor, vingativo.
Ele apresentou-nos um Deus que é Pai, que nos ama, que nos convoca para a
comunhão com Ele e com os irmãos e que insiste em associar-nos como “filhos” à
sua família.
A Virtude da
Humildade
A humildade atrai sobre si o amor de Deus e o apreço
dos outros, ao passo que a soberba os repele. Por isso, a primeira leitura
(Eclo 3,19-21. 30-31) aconselha-nos: Torna-te pequeno nas grandezas humanas, e
alcançarás o favor de Deus, e Ele revela os seus segredos aos humildes”.
São Bernardo indica diferentes manifestações
progressivas da soberba: a curiosidade, o querer saber tudo de todos; a alegria
tola, que se alimenta dos defeitos dos outros e os ridiculariza;; a arrogância
de não reconhecer as falhas próprias…O soberbo é muito amigo de calcar os
outros aos pés, seja em pensamento, seja pelas suas atitudes. Aprenderemos a
ser humildes com Jesus.
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Os Primeiros
lugares
Na sociedade de
hoje, a procura do PRIMEIRO LUGAR, no campo político, social, profissional e
outras atividades, é muito comum. Isso
cria muitas vezes um clima de
concorrência e competição, de ódio e conflitos.
O que vocês pensam a respeito disso?
As leituras
bíblicas nos propõem um caminho diferente:
o caminho da HUMILDADE e da GRATUIDADE...
A 1a Leitura fala da virtude
da HUMILDADE, para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz. (Eclo 3,19-21.30-31)
* SER HUMILDE
significa assumir com simplicidade o nosso lugar, sem humilhar os outros com a
nossa superioridade. Significa pôr os
próprios dons a serviço de todos, com simplicidade e com amor. Aí está o
segredo do êxito e da felicidade.
A 2ª
Leitura afirma que a vida cristã exige de nós determinados valores e atitudes, entre os
quais a humildade, a simplicidade, o
amor... (Hb 12,18-19.22-24a)
No Evangelho,
Jesus cria uma nova humanidade, fundamentada no espírito da humildade. (Lc 14, 1.7-14)
Jesus é
convidado a um banquete na casa de um fariseu... e aceita... Mas fica
profundamente impressionado com duas coisas, que observa: a corrida pelos
primeiros lugares e o tipo de pessoas que foram convidadas. E conta duas pequenas PARÁBOLAS:
+ A 1ª é para
os convidados que escolhiam os primeiros lugares: Aquele que ocupou
o primeiro lugar teve de cedê-lo a um mais importante. Aquele que ocupou o
último lugar foi convidado para um lugar melhor.
E Jesus conclui:
"Quem se exalta será humilhado e
aquele que se humilhar será exaltado".
+ A 2ª é para quem
convidara:
"Quando
deres uma refeição, não convides os que
poderão te retribuir...
Pelo
contrário, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos...
Terás uma
recompensa na ressurreição dos justos..."
= Resumindo:
Jesus propõe duas atitudes:
- Na escolha dos lugares: HUMILDADE...
- Na escolha dos convidados: GRATUIDADE: Amor sem interesses...
1. O que Jesus observaria hoje?
Na Sociedade, há ainda hoje
pessoas correndo atrás dos primeiros lugares?
- Escolhendo o
trabalho que lhes dê mais lucro...
- procurando
lugares que dêem destaque, status e importância;
- preferindo
ocupações onde possam ter poder sobre os demais;
- ou ficando
decepcionadas, quando ninguém lhes dá o "devido lugar?"
Na
Igreja, também existe a corrida pelos primeiros lugares?
A Igreja deve ser a comunidade onde se
cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado. - Mas de fato, é assim?
Ou assistimos às vezes uma corrida
desenfreada pelos primeiros lugares: pessoas cuja ambição se sobrepõe à vontade
de servir…
Buscam títulos, honras, homenagens,
lugares privilegiados, e não o serviço humilde e o amor desinteressado.
- Na catequese, que Lucas nos propõe
hoje, fica claro que as relações entre os membros da comunidade de Jesus não se
baseiam em "critérios
comerciais", mas sim no amor gratuito e desinteressado.
Só assim todos, inclusive os que não têm
poder, nem dinheiro para retribuir, terão aí lugar, numa verdadeira comunidade
de amor e de fraternidade.
- Como é bonito numa Comunidade, onde há
humildade... solidariedade... sintonia entre as diversas Lideranças, Pastorais
e Movimentos...
Não gastaríamos então tantas energias em
pequenas implicâncias e disfarçado espírito de competição...
Na Política, existe também a corrida pelos primeiros lugares?
E essa corrida é um desejo sincero de
serviço pelo bem do povo ou uma busca de vantagens para pessoas ou grupos?
- Para garantir os primeiros lugares,
podemos fazer uso de qualquer meio?
2.
Quem são os NOSSOS convidados?
- Na Sociedade de hoje, costuma-se
convidar quem garanta lucro...
recompensa... poder... fama... posição social... elogios...
- Jesus nos convida a uma atitude de
GRATUIDADE...
* Quando prestei um favor a gente
simples, sempre gostei de ouvir de uma expressão: "Deus lhe pague!" Sim, o próprio Deus se torna o nosso grande
FIADOR...
Dia do Catequista:
"Catequista, você é especial para Deus!
Sua VOCAÇÃO foi gestada no coração do
Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a
mensagem da VIDA: Jesus Cristo.
Catequista, você é
protagonista no processo de um NOVO
JEITO DE FAZER CATEQUESE.
A todos os catequistas, o nosso
reconhecimento e gratidão pelo belo e
importante serviço que prestam à Igreja.
São pessoas que aceitam o apelo de Jesus no evangelho de hoje: Não
ocupar os primeiros lugares e, sim, servir os irmãos com simplicidade,
humildade e gratuidade. "Que Deus lhes pague".
Pe. Antônio
Geraldo
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Homilia do
Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, a liturgia deste final de semana é
um convite para aprofundarmos, a partir da Bíblia, Palavra de Deus, a
conhecermos a vontade de Deus. É importante observar a importância da mesa. A
mesa é como o lugar formativo para as pessoas. Claro, que temos vários tipos de
jantares e almoços. Nós temos os almoços chamados de negócios, onde quem está ali,
a sua menor preocupação é em almoçar, mas é em fechar os negócios e quando eu
consigo ganhar bastante dinheiro, eu digo: fiz um bom negócio. Significa: eu
explorei o outro, tomei vantagens. Não é este tipo de almoço ou jantar que
Jesus nos convida.
Nós também temos os almoços e jantares da sociedade
onde vou poder mostrar todo o meu poderio e influência. Então, eu me visto com
tudo que tenho direito e acabo nem me sentindo à vontade, porque o sapato não é
do dia-a-dia, a roupa não é aquela bem adequada e às vezes eu me pareço muito
ridículo; um frio danado, mas eu escolhi aquele vestido e não tenho outro à
altura. Eu vejo isto em muitos casamentos. Venho tremendo, mas é o vestido que
eu escolhi e agora não dá para trocar de vestido. Então, não é no almoço ou
jantar onde eu encontro as pessoas, mas onde eu quero ser notado ou notada.
Fazemos o papel de ridículo quando isto acontece.
Outra coisa que também é muito desagradável é você ir
a um jantar ou almoço mascando chiclete, por exemplo. O que você vai fazer com
o chiclete na ora de ingerir o alimento? Isto está mostrando que aquela pessoa
está pouco interessada naquele jantar ou almoço e está presente apenas como
compromisso ou obrigação. Não. Jesus, que é a Palavra de Deus, nos propõe outra
coisa à mesa: a primeira leitura vai dizer da importância dos mais velhos à mesa. É curioso que tenhamos o habito
de dar comida primeiro para os idosos, para depois ficarmos à vontade à mesa.
Aqui diz: Não! O lugar principal é para o mais velho, para que ele possa, com
sua sabedoria, ensinar os novos. Então, crianças e idosos devem se sentarem na
mesma mesa. A criança tem sim que ouvir o idoso. Eu posso até não concordar com
ele, mas é uma questão de educação ouvi-lo. Só que nem nós ouvimos, imagine as
crianças! Servir a comida num cantinho para o idoso é sinal de que estou
descartando o idoso para eu ficar tranquilo. É assim que nós corrigimos o
orgulho das pessoas. Aqui a primeira leitura diz claramente: “Pois grande é o
poder do Senhor, mas ele é glorificado pelos humildes. Para o mal do orgulhoso
não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não
compreende. O homem inteligente reflete sobre as palavras dos sábios e com
ouvido atento deseja a sabedoria.” O orgulhoso se corrói, morre, mas não dá o
braço a torcer e ganha o que com isto? O
que que se ganha em ser orgulhoso? Perde-se a possibilidade de conhecer o
irmão, de celebrar com o próximo e perde-se a oportunidade de crescer. É
interessante observar, que um de oitenta anos vai falar e um de vinte anos
manda calar a boca, como se soubesse tudo da vida! Só vai lamentar depois que
morre. Aí não é hora de lamentar, não!
A Palavra de Deus faz um grande convite a nós: onde é,
em que ponto eu sou orgulhoso? Senhor, quebre o meu orgulho.
Jesus conta esta parábola que está no Evangelho, não
para falar do primeiro ou último lugar, porque é interessante observar,
sobretudo na igreja, que as pessoas não buscam os primeiros lugares, mas aqui
poderia buscar à vontade. O duro é na sociedade onde um mata o outro para estar
no primeiro lugar. Lá é que é o ponto sério. É ali que deveria buscar os
últimos lugares. Ah, mas se eu buscar o último lugar, eu saio perdendo! Pois é.
Veja que o Evangelho é contrário àquilo que a sociedade nos ensina. Jesus diz
assim: ao oferecer uma refeição, eu não deveria ter outra preocupação a não ser
encontrar as pessoas na gratuidade.
Então, não se deveria fazer negócios durante a refeição, não deveria ficar se
mostrando, buscando apresentar a minha influencia que eu tenho durante a
refeição, mas deveria ser um momento de encontro com os irmãos. É por isso, que
muita gente não gosta de vir à Celebração Eucarística, porque na Celebração Eucarística o encontro é com
os irmãos. Se você vier com sapato de ouro ou vier descalço, como é dito, o
tratamento tem que ser o mesmo. Se não for o mesmo, está errado. Entre nós
não há aqueles que são influentes, aqueles que são poderosos, e os que tem que
ficar num canto. Entre nós o encontro é para todos: crianças, jovens, adulto,
idosos, porque todos nós, de alguma forma, temos
alguma pobreza e a mesa é feita para os pobres. Onde está a minha pobreza?
Talvez esteja no meu egoísmo, talvez na minha prepotência, talvez a pobreza
seja de dinheiro mesmo, talvez a pobreza seja a incapacidade de agir com os
irmãos, não consigo viver com a limitação do outro, não me sinto à vontade com
determinadas pessoas perto. Esta, talvez, seja a minha pobreza. Jesus prepara uma mesa para os pobres,
ou seja, para me ajudar naquilo que vale a pena na vida. O que vale a pena na vida? Experimentar o amor de Deus.
Meus irmãos e irmãs, cada vez que nos sentamos à mesa,
pedindo a Deus que nos ajude, a celebrar o seu amor de coração aberto e todo o
restante será consequência.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Pedrinho – Diocese de Santo André – SP.
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Homilia de
Dom Henrique Soares da Costa
O Evangelho de hoje não é um guia de etiqueta e de
boas maneiras. Jesus pensa, no banquete do Reino, que é preparado pelo banquete
da vida; sim, porque somente participará do banquete do Reino quem souber
portar-se no banquete da vida!
E neste banquete, no daqui, no desta vida, o Senhor
hoje nos estimula a duas atitudes. Primeiramente, a humildade: “convidado
para uma festa, não ocupes o primeiro lugar… Vai sentar-te no último…”. O
que é ser humilde? Humildade deriva de humus, pó, lama, barro…
Ser humilde é reconhecer-se dependente diante de Deus, é saber-se pobre,
limitado diante do Senhor. O humilde tem diante de si a sua própria verdade: é
pobre, mas amado por Deus. Por isso, o humilde é aberto para o Senhor, dele
reconhece que é dependente, e a ele se confia e pode ser aberto, e acolher como
uma criança o Reino que Jesus veio trazer.
A segunda atitude é a gratuidade: “Quando
deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu
serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na
ressurreição dos justos”. A gratuidade é a virtude que dar sem esperar
nada em troca, dar e sentir-se feliz, sentir-se realizada no próprio dar. Se
prestarmos bem atenção, a gratuidade é filha da humildade. Só quem sabe de
coração que em tudo depende de Deus e de Deus tudo recebeu gratuitamente
(humilde), também sente-se impelido a imitar a atitude de Deus: dar
gratuitamente! “De graça recebestes, de graça dai!” (Mt 10,8).
Pois bem, quem faz crescer em si a humildade e cultiva a gratuidade,
experimenta a Deus e seu Reino, pois aprende a sentir o coração do próprio
Deus, que tudo nos deu gratuitamente. Quem cultiva a humildade e a gratuidade,
deixa o Reino ir entrando em si e entrará, um dia, no Reino de Deus!
Mas, se pensarmos bem, nada disso é fácil, pois
vivemos no mundo da autossuficiência e dos resultados. O homem já não mais se
sente dependente de Deus; deseja ele mesmo fazer a vida do seu modo. Assim, se
fecha para Deus e, para ele se fechando, já não mais reconhece no outro um
irmão e, não experimentando a misericórdia gratuita de Deus, já não sabe mais
dar gratuitamente: tudo tem que ter retorno, tudo tem que apresentar
contrapartida, tudo tem que dar lucro, tudo é pensado na lógica do
custo-benefício. Como é triste a vida, quando é vivida assim… Pensemos bem,
porque se assim o for, jamais experimentaremos Deus de verdade. Nunca é demais
recordar a advertência da Escritura: “Quem não ama não conhece a
Deus!” (1Jo 4,8)
Caríssimos, supliquemos a graça de um coração renovado
de novas atitudes! Recordemos, como dizia São Bento, que pela humildade se sobe
e pela soberba se desce! Que Deus nos conceda a graça da humildade.
Dom Henrique Soares da Costa
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Pe.
André Vital Félix da Silva, SCJ
A perícope deste XXII Domingo do Tempo
Comum nos apresenta o ensinamento prático de Jesus sobre duas atitudes
fundamentais que revelam a verdadeira dignidade e grandeza do ser humano:
humildade e generosidade. Estas se opõem à vaidade orgulhosa e à demagogia
enganadora que deformam as relações humanas e criam uma sociedade de “mais
dignos” e “menos dignos”, de gente importante a ser exaltada, e pessoas sem
valor a serem excluídas e preteridas. Sem humildade e generosidade, o ser
humano transforma-se num misto de mesquinhez e mediocridade, pois a sua única
motivação para agir e relacionar-se são os seus interesses egoístas e seus
cálculos frios e míopes.
De forma magistral, Lucas apresenta esse ensinamento de Jesus
num contexto de uma refeição e no dia santificado: “Certo sábado, Jesus entrou na
casa de um dos chefes dos fariseus para tomar uma refeição” (grego: fagein arton, comer
pão). Jesus aproveita a ocasião para ensinar e anunciar como deve ser a
autêntica refeição, isto é, o sentar-se à mesa para nutrir o corpo e o espírito
deve ser a profunda experiência de quem se prepara para aquela definitiva
refeição no Reino dos céus, onde o Pai acolhe a todos sem distinção, e onde
ninguém é mais ou menos importante do que os outros; onde não há lugares mais
nobres e reservados, pois será o banquete da fraternidade; sentir-se irmão de
quem está sentado ao seu lado será a única e mais importante localização
naquele banquete. Se o fato da refeição já era importante, quanto mais no
sábado, quando se fazia a memória do repouso de Deus que, segundo a narração do
Gênesis, era contemplação da sua obra. O sábado, dia do descanso, como dia
sagrado assume caráter de experiência de re-criação (daí deriva o termo
recreio: momento de descanso para refazer as forças, onde também se alimenta para
recuperar as energias). Portanto, aquela refeição em dia de sábado deveria ser
momento de recuperar a vida, considerando a igualdade fundamental das pessoas,
uma vez que todas são necessitadas de alimento para corpo e, também, para o
coração. Mas tornou-se ocasião para disputa de lugares segundo a classificação
artificial das pessoas, consideradas umas mais importantes do que outras.
Sobretudo para culturas antigas, o
momento das refeições é considerado não apenas como um momento de alimentar o
corpo com um pão material, mas é também o rito sagrado de refazer as relações,
de aprender os valores com a sabedoria dos anciãos, de renovar a vida com a
vitalidade e entusiasmo dos jovens e perfumar-se com o bálsamo do frescor da
vida dos infantes.
À mesa não se toma apenas o pão do
prato, mas partilha-se o alimento que provém do interior, daquilo que brota do
coração de cada um. A refeição é momento de revelação de atitudes interiores
expressas em gestos externos.
Jesus denuncia o desvirtuamento que se dá naquele banquete
oferecido por um dos chefes dos fariseus: “Pois notara como eles escolhiam os primeiros lugares”.
Torna-se até escandaloso que isso aconteça entre os conhecedores da Escritura,
pois a orientação prática da corrente sapiencial era: “Não te vanglories na frente do
rei, nem ocupes o lugar dos grandes; pois é melhor que te digam ‘Sobe aqui!’,
do que seres humilhado na frente de um nobre” (Pr 25,6-7; ver Eclo
31,12-18). Jesus apenas retoma o ensinamento já conhecido. São Paulo antes de
falar do rebaixamento de Jesus, da sua kénosis, adverte a comunidade dos filipenses: “Nada fazendo por competição e
vanglória, mas com humildade, julgando cada um dos outros superiores a si
mesmo… Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus…” (Fl
2,3-5). Portanto, a humildade não é apenas a nobre virtude de alguns, mas deve
ser a característica da comunidade cristã, pois o próprio Senhor não se apegou
à sua condição divina, mas se fez servo de todos.
Indubitavelmente a experiência do estar
juntos à mesma mesa, compartilhando pão e coração, nos torna humildes e
diligentes uns para com os outros; é o lugar e o momento de descobrirmos que o
mais importante não é o lugar onde estamos, mas a relação que estabelecemos com
os outros.
A outra atitude fundamental que Jesus nos ensina nesse banquete
é a generosidade: “Ao dares um almoço ou jantar não convides os
amigos, nem os irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos; para que não te
convidem, por sua vez, e te retribuam do mesmo modo”. A
generosidade é uma das virtudes humanas mais reveladoras de um coração
dilatado, de um coração grandioso e, por isso, que transborda de bondade, livre
e gratuitamente. Portanto, só quem é livre pode ser verdadeiramente generoso,
pois é movido pela gratuidade, não espera nada, visto que a sua generosidade já
é o precioso e suficiente dom que possui. Não espera nenhuma recompensa pelo
bem que faz, pois a sua generosidade já é sinal de abundância. A generosidade
não se baseia em cálculos e muito menos numa mentalidade de busca de vantagens.
A generosidade também não depende da quantidade daquilo que se possui, mas é,
antes de tudo, expressão de uma grande liberdade, a ponto de ser capaz de
sacrificar o que se tem, muito ou pouco, em vista do bem da outra pessoa.
Humildade e generosidade dilatam o coração
e, ao mesmo tempo, revelam a sua grandeza. A humildade nos coloca no lugar
certo, pois garante a possibilidade de crescer sempre; a generosidade nos faz
tomar a direção certa, pois nada esperando ou exigindo em troca, conserva-nos
sempre um caminho livre, o que nos faz avançar sempre mais rumo à plenitude da
vida que não busca glórias imediatas, nem recompensa calculada.
==============---------------============
PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos e ministros extraordinários da Palavra):
LOUVOR: (QUANDO O PÃO
CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
-
O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
-
COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NOS
COLOQUEMOS NA PRESENÇA DO PAI. TODOS
REPITAM: SENHOR, ACOLHEI-NOS EM VOSSO REINO.
T: Senhor, acolhei-nos
em vosso Reino.
- “Deus
criador, proclamamos a grandeza do vosso poder e a humildade do vosso Filho
Jesus. Ele tornou-se pequeno para nascer entre os homens e aceitou a humilhação
suprema da cruz. Nós vos pedimos que nos livreis do orgulho e possamos espelhar
vosso amor E vossa gratuidade..
T: Senhor,
acolhei-nos em vosso Reino.
- Deus nosso Pai, vos damos graças por Jesus nos
conduzir com seus ensinamentos e seu exemplo para que possamos participar do
banquete celeste na assembléia dos santos.
T: Senhor,
acolhei-nos em vosso Reino.
- Pai, cantamos no salmo, que com carinho
preparastes uma mesa para o pobre E que os justos rejubilam satisfeitos e
exultam de alegria. Ajudai-nos para que não nos desviemos do caminho do Reino.
T: Senhor,
acolhei-nos em vosso Reino.
- Pai, que o Espírito Santo nos transforme em
cidadãos do alto e que possamos agir no amor e na humildade, sendo alento aos
que necessitam de nosso apoio.
T: Senhor,
acolhei-nos em vosso Reino.
- PAI NOSSO... A PAZ... EIS O CORDEIRO