quinta-feira, 22 de agosto de 2019

21º DOMINGO DO TEMPO COMUM, homilias, subsídios homiléticos


21º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO C 2019
Vocação ao Laicato - Dia do Catequista

Tema: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita.”
Primeira leitura: Todos os povos da terra serão chamados para o serviço de Deus.
Evangelho: Jesus diz que o “Reino” é para todos; no entanto, é preciso fazer opção pela “porta estreita” e aceitar seguir Jesus e  amar os irmãos.
Segunda leitura: o crente enfrenta com coragem os sofrimentos, vê neles sinais do amor de Deus que educa e nos prepara para a vida nova do “Reino”.

PRIMEIRA LEITURA (Is 66,18-21) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Assim diz o Senhor: Eu que conheço suas obras e seus  pensamentos, virei para reunir todos os povos e línguas; eles virão e verão minha glória. Porei no meio deles um sinal e enviarei, dentre os que foram salvos, mensageiros para os povos de Társis, Fut, Lud, Mosoc, Ros, Tubal e Javã, para as terras distantes e para aquelas que ainda não ouviram falar em mim e não viram minha glória. Esses enviados anunciarão às nações minha glória e reconduzirão, de toda parte, até meu santo monte em Jerusalém, como oferenda ao Senhor, irmãos vossos, a cavalo, em carros e liteiras, montados em mulas e dromedários, – diz o Senhor – e, como os filhos de Israel, levarão sua oferenda em vasos purificados para a casa do Senhor. Escolherei dentre eles alguns para serem sacerdotes e levitas, diz o Senhor.

AMBIENTE - O “Trito-Isaías” séc. VI e princípios do séc. V a.C. (pós-exílio). Comunidade heterodoxa, judeus do Exílio, judeus que ficaram no país após 586 a.C. E estrangeiros em Jerusalém.  Esdras e Neemias, uma política xenófoba, proibindo até os casamentos mistos. Trito-Isaías abordam o problema, que vão desde o apelo ao aniquilamento das nações que se obstinam no mal, até à admissão de estrangeiros no Povo de Deus. No geral, domina a tolerância para com os outros povos.

MENSAGEM - O autor deste texto considera que todas as nações são chamadas a integrar o Povo de Deus: Primeiro, Deus virá para dar início ao processo de reunião das nações; depois, dará um sinal e enviará missionários a fim de que anunciem a glória do Senhor; em seguida, as nações dirigir-se-ão ao monte santo de Jerusalém (o lugar onde Deus reside); finalmente, o Senhor escolherá sacerdotes e levitas para o servirem. No contexto político não era fácil ser tolerante com as outras nações. É inconcebível dizer que Deus vai escolher, entre os pagãos, sacerdotes e levitas que entrem no espaço sagrado e reservado do Templo (onde qualquer pagão que entrasse era réu de morte) para o serviço do Senhor.

ATUALIZAÇÃO -  “Ao novo Povo de Deus, todos os homens são chamados” (LG 13). No Povo de Deus é necessário o compromisso com o projeto de salvação que o Pai oferece, em Jesus. 
As nossas comunidades são espaços de igualdade e de fraternidade?

SALMO RESPONSORIAL [Sl 116(117)]
Proclamai o evangelho a toda criatura!
• Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes; / povos todos, festejai-o! /
 Pois comprovado é seu amor para conosco, / para sempre ele é fiel!

EVANGELHO (Lc 13,22-30) Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. Alguém lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Jesus respondeu: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois.’ Então começareis a dizer: ‘Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!’ Ele, porém, responderá: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!’ Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora. Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”.

AMBIENTE - Lucas mostra as diferenças entre a teologia dos judeus e a de Jesus, quanto a salvação.

MENSAGEM - Para os fariseus a “salvação” era reservada ao Povo eleito e nos círculos apocalípticos, dominava uma visão mais pessimista; muito poucos estavam destinados à felicidade eterna. Jesus, no entanto, falava de Deus como um Pai cheio de misericórdia, que acolhia a todos, especialmente os pobres e os débeis, os injustiçados. Ora, na ótica de Jesus, entrar no “Reino” é, em primeiro lugar, esforçar-se por “entrar pela porta estreita”. A imagem da “porta estreita” significa a renúncia ao egoísmo, orgulho, riqueza, ambição, poder e domínio… A lógica  é o serviço, o amor, a partilha, o dom da vida. Quem se sentará à mesa do “Reino”? Todos aqueles que aderiram ao seu projeto e aceitaram viver, no seguimento de Jesus, uma vida de doação, de amor e de serviço: a única coisa decisiva é a adesão a Jesus.

ATUALIZAÇÃO
- Deus oferece o Reino gratuitamente a todos; basta aceitar Jesus e entrar pela porta estreita.
- “porta estreita” é fazer-se pequeno, simples, humilde, servidor, capaz de amar os outros. Partilhar o destino de Jesus e fazer da vida um dom (“beber o cálice”) e um serviço (“Eu vim para servir”). Jesus é o modelo dos que querem “entrar pela porta estreita”.
- A felicidade, para muitos dos nossos, está no poder, no êxito, na riqueza, (o novo deus).
- O acesso ao “Reino” não é uma conquista definitiva, mas algo que Deus nos oferece cada dia e que, cada dia, nós aceitamos ou rejeitamos. Ninguém tem garantido, por decreto, o acesso ao “Reino. O acesso à salvação é algo a que se responde – positiva ou negativamente – todos os dias e que nunca é um dado totalmente seguro e adquirido.

SEGUNDA LEITURA (Hb 12,5-7.11-13) Leitura da Carta aos Hebreus.
Irmãos: Já esquecestes as palavras de encorajamento que vos foram dirigidas como a filhos: “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando ele te repreende; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho”. É para a vossa educação que sofreis, e é como filhos que Deus vos trata. Pois qual é o filho a quem o pai não corrige? No momento mesmo, nenhuma correção parece alegrar, mas causa dor. Depois, porém, produz um fruto de paz e de justiça para aqueles que nela foram exercitados. Portanto, “firmai as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos; acertai os passos dos vossos pés”, para que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado.

AMBIENTE - Carta aos Hebreus. O autor faz um apelo à perseverar na fé. Recordemos que esta carta se destina a uma comunidade que já perdeu o entusiasmo inicial e que se arrasta numa fé cômoda e sem grandes exigências; esta comunidade começa a conhecer as tribulações e as perseguições e corre o risco da apostasia. É neste contexto que temos o apelo.

MENSAGEM - O autor convida os cristãos a aceitar as correções de Deus, como atos pedagógicos de um Pai preocupado com a felicidade dos filhos. A questão trata do sentido do sofrimento e das provas que os crentes têm que suportar (as perseguições e incompreensões que os cristãos sofrem). Uma mentalidade religiosa popular considerava o sofrimento como um castigo de Deus para o pecado do homem (Jo 9,1-3)  Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.; mas, para o autor da Carta aos Hebreus, o sofrimento não é um castigo, mas sim uma pedagogia, que Deus utiliza para nos amadurecer e ensinar a viver. Como sinais do amor que Deus nos tem, os sofrimentos são uma prova da nossa condição de “filhos de Deus”. Além de nos mostrarem o amor de Deus, as provas aperfeiçoam-nos, transformam nos, levam-nos a mudar a nossa vida. Por essa transformação, vamo-nos fazendo interiormente capazes da santidade de Deus, aptos para recebê-la. Por isso, quando chegam, devem ser consideradas como parte do projeto salvador de Deus para nós, portadoras de paz e de salvação… E devem levar-nos ao agradecimento.

ATUALIZAÇÃO - A questão do sofrimento: se Deus existe, porque é que deixa que o sofrimento marque a vida do homem, inclusive a vida dos justos e inocentes? Porque é que Deus prova o justo? O Povo de Deus formulou de várias formas estas questões e não encontrou respostas satisfatórias; mas uma das respostas passa pela constatação de que “Deus escreve direito por linhas tortas” e que se serve dos acontecimentos mais dramáticos para nos ajudar a redescobrir o sentido da vida e das nossas opções. O sofrimento não é bom em si; mas ajuda nos a perceber o sem sentido de certos caminhos que seguimos e a corrigir o rumo da nossa vida.
- No fundo, Deus ama-nos e quer salvar-nos; o sofrimento e as provas permitem-nos, muitas vezes, descobrir essa realidade.
- Apesar das crises, o cristão nunca deve esquecer o amor de Deus e agradecer por  isso. Diante dos sofrimentos, resta-nos agradecer a preocupação desse Deus que, servindo-se dos dramas da vida, nos manifesta o seu amor e nos salva.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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A Salvação

A Salvação é um dom, que Deus oferece a todos, mas a porta para entrar no Reino é estreita.


Na 1a Leitura, o Profeta fala de uma Comunidade Universal.
Deus oferece a salvação a todas as pessoas e a todos os povos:
"Eu virei para reunir os homens de todos os Povos; eles virão e verão a minha glória". (Is 66,18-21)

A 2ª Leitura afirma que o homem encontra a Salvação em Deus e deve deixar-se guiar  por ele. Como Pai, corrige
e repreende os que se desviam do bom caminho da Salvação para que alcancem a herança reservada a seus filhos. (Hb 12,5-7.11-13)

No Evangelho, Jesus aponta o caminho da salvação. (Lc 13,22-30)

- Começa com uma pergunta dirigida a Jesus:  "São muitos os que se salvam?"
   Os judeus estavam convencidos de que só povo de Israel se salvaria...

- Jesus não responde à pergunta, dizendo o NÚMERO dos que se salvam...
  Prefere revelar o CAMINHO para a salvação.
  Fala que o banquete do "Reino" é para todos.
  No entanto, não há entradas garantidas  e estreita é a porta para entrar nele.

- Complementa o pensamento com uma pequena PARÁBOLA:
  Um Senhor oferece um banquete.  Todos podem tomar parte, porque é de graça. Todos procuram entrar.
  Alguns passam, outros não conseguem. A porta se fecha.
- Quem está dentro? Os patriarcas... os profetas... e uma multidão incontável, vinda de todos os lados...
- Quem está fora? Um grupo que conheceu o Senhor e pretende entrar de qualquer jeito, expondo os seus motivos:  "Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças".
  E o Senhor não abre a porta e os manda embora...  Não basta o privilégio de pertencer ao povo eleito...

- E, aos "convencidos" de ter a salvação garantida, conclui com um alerta: "Não vos conheço..."

+ A Salvação é oferecida para todos,
independentemente de raça, de condição social, econômica ou religiosa...
Deus oferece gratuitamente a Salvação, mas espera nossa resposta,
o nosso compromisso com os valores do Evangelho.
Basta acolher essa oferta, aderir a Jesus e entrar pela "porta estreita".
* Mas para muitos, a "porta estreita" não é muito popular...
  A felicidade se encontra no poder, no êxito, na exposição social, nos cinco minutos de fama que a televisão proporciona, no dinheiro...

Para passar pela PORTA ESTREITA, é necessário:
- Tornar-se pequeno, simples, humilde, servidor, como criança:
  "Quem não se fizer como criança não terá lugar no reino de Deus".

+ Um alerta:
Não haverá privilegiados, entradas garantidas, bilhetes reservados...
O ser cristão não é um meio mágico de salvação;
ela é o resultado do encontro entre o esforço humano e o dom de Deus.
Para salvar-se, não basta entrar na Igreja uma vez pelo Batismo, mas querer entrar todos os dias pela "porta estreita" da fidelidade à mensagem de Cristo e do Evangelho.

- Naquela hora, não haverá desculpas:
Sou católico desde criança... Vou à missa todos os domingos, confesso com freqüência, pago sempre o dízimo, ajudo a Igreja...  Sou amigo do Padre...  do Bispo...  Fiz o cursilho... o seminário da RCC... sou membro do Apostolado...

- Naquela hora, poderá ter surpresa:
  "Não sei de onde vocês são... afastem-se de mim...
  Há últimos que serão primeiros e primeiros que serão últimos."
  = Estranhos entrando na glória e "praticantes" excluídos do banquete...

+ São muitos os que se salvam?
Jesus não respondeu diretamente à pergunta quanto ao Número, fala dos Destinatários da salvação e o Caminho para consegui-la": A "porta estreita" do despojamento e da humildade...

Se olharmos apenas as exigências de entrar pela "porta estreita", poderíamos ficar preocupados...
Mas sabemos que Deus é mais bondade e misericórdia, do que justiça.
Cristo nos garante: "Eu sou a porta, quem entrar por mim, será salvo..." (Jo 10,9)
E Paulo nos garante uma verdade muito consoladora: "É vontade de Deus que todos os homens se salvem,   e todos cheguem ao conhecimento da verdade..." (1Tm 2,4)
A porta é estreita, mas está aberta...

Dia do Leigo e do Catequista
Saudamos nesse dia a todos os LEIGOS e CATEQUISTAS que exercem esse precioso serviço na Comunidade.
Obrigado por tanto bem que realizam.

                               Pe. Antônio Geraldo

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Homilia de Dom Henrique Soares da Costa

Jesus continua seu caminho para Jerusalém, rumo à sua paixão, morte e ressurreição. Seu caminho é o dos cristãos. Pois bem, no caminho, fazem-lhe uma pergunta: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” É daquelas perguntas que Jesus não responde, porque se fundam na curiosidade inútil e não naquilo que ele veio revelar e inaugurar: o Reino de Deus, que exige de nós uma abertura de coração e uma resposta de amor para segui-lo no caminho.
Hoje, é tão comum apresentarem um cristianismo de curiosidade sobre o fim dos tempos, sobre milagres, sobre curas… um cristianismo interesseiro, que busca somente emoção e solução de problemas… Tudo isso é um falso cristianismo: vazio, anti-evangélico (mesmo quando se diz “evangélico”) e sem sentido algum… Um cristianismo que trai o Cristo!
Ao invés de responder a pergunta que lhe fizeram, o Senhor vai direto ao ponto que realmente interessa… Por isso, responde com uma advertência: Não é da nossa conta se são muitos ou poucos os que se salvam. Interessa, isso sim, que tenhamos uma tal atitude hoje, no presente de nossa vida, em relação ao seu Evangelho, que possamos herdar a salvação: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”. Portanto, o Senhor chama nossa atenção para o presente, como estamos nos posicionando agora em relação a ele.
Mas, por que afirmar que a porta é estreita e que muitos tentarão e não conseguirão? Será que Deus nos preparou uma armadilha? De modo algum! A porta é estreita porque nos tornamos grandes demais, auto-suficientes demais, prepotentes demais, demasiadamente cheios de nós mesmos! A porta é estreita porque nossas manhas sãos largas… Portanto, há um combate a ser travado em nós, para nos adequarmos ao Reino de Deus. Seguindo nossa lógica, nossos instintos, nossas paixões, não entraremos! Não entrará no Reino quem primeiro não deixar o Reino entrar em si, no seu coração e na sua vida!
E há ainda mais dois aspectos importantes para os quais o Senhor chama a nossa atenção: (1) haverá um momento final, definitivo, decisivo e irremediável: “Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’.” Cuidemos, portanto, porque haverá um momento final, um julgamento definitivo, um céu ou um inferno que nunca passarão! Não nos esqueçamos disso; não brinquemos com isso! Há ainda um segundo aspecto: (2) Seremos julgados por nossa relação com ele, o Cristo Senhor. Se hoje o amamos, se hoje vivemos o seu Evangelho, se hoje praticamos a justiça do Reino que ele trouxe, seremos reconhecidos por ele; caso contrário, seremos rejeitados: “Começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ ele responderá: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça’”. Nosso futuro está ligado à nossa atitude concreta em relação a Jesus hoje! Por isso mesmo, hoje escutemos a advertência do Autor da Carta aos Hebreus: “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga a quem aceita como filho. Portanto, firmais as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos, acertai os passos dos vossos pés”. É no hoje da vida que o Senhor nos espera; é no nosso presente que o nosso futuro eterno é decidido. Como tenho vivido meu hoje, meu presente em relação ao Senhor? Vou construindo meu céu ou meu inferno?
E, uma última advertência seríssima da Palavra de Deus hoje: que ninguém se iluda pensando ser membro da Igreja, ser batizado, ser filho de Deus, pois o Senhor olha o coração. Sermos batizados não é somente uma honra, mas é também um dever, uma responsabilidade imensa. Quantos pagãos, quantos ateus, quantos não-católicos, são mais generosos que nós! Quantos seriam melhores cristãos e melhores católicos que nós! Por isso mesmo, Jesus nos previne: Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”. Como os judeus, que eram primeiros e perderam a prioridade para nós, cristãos, assim também nós, apesar de cristãos, podemos perder a prioridade para os pagãos. Recordemos que ser cristão não é nunca, mera questão de tradição, de costume, mas é, antes de tudo, uma relação viva de amor e empenho sempre renovado em relação ao Senhor que nos chamou a segui-lo! Esse amor vivo e sempre renovado é a única garantia de receber a salvação, de encontrar a porta aberta – e a porta é o próprio Cristo!
Que ele, na sua misericórdia, nos faça encontrar seu coração aberto, para que nele vivamos por toda a eternidade. Amém.
Dom Henrique Soares da Costa
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Homilia do Padre Françoá Costa

Salvação

Um dos maiores desejos do ser humano é o da salvação. No entanto, tenho a impressão que algumas expressões utilizadas por nós, os cristãos, há muito tempo, já caíram no esquecimento ou ficaram, em certo sentido, vazias de conteúdo para muitos. O que é salvação? Quando uma pessoa está se afogando, grita pedindo socorro: que alguém o salve! Quando estamos enfermos, desejamos ser salvados, curados dos nossos males. Caso nos víssemos rodeados de feras selvagens, desejaríamos que aparecesse alguém mais forte que todas elas e nos salvassem. A salvação sempre vem ao encontro de quem está necessitado e só a pede quem se vê necessitado. Ainda que todos necessitem ser salvos, nem todos parecem percebê-lo. Esse é um dos grandes problemas da modernidade: quando se tem um bom salário, uma boa casa, o carro do ano, seguro médico, amigos com os quais divertir-se, etc. Que mais pode faltar? Salvação? De quê? De quem? Isso não acontece somente em ambientes ricos, também há muitos pobres que tendo um barraco e um pouco de comida para ir levando a vida, se contentam: salvação? De quê? Ganhar na loteria pareceria ser, nesse caso, a única salvação possível.
Há também misérias espirituais! Pobres e ricos terminam debaixo do chão ou numa caixinha destinada a guardar as suas cinzas; ambos podem pecar e contrair, também aumentar, os vícios; ricos e pobres podem ser – como de fato são – atacados pelo diabo. Essas misérias espirituais – morte, pecado, demônio – não ficam somente ao nível do espírito. No caso da morte está claro! Mas também em relação ao pecado e ao demônio: qualquer afinidade com essas realidades definha não só o nosso espírito, mas também o nosso corpo. O ser humano é uma unidade de alma e corpo inseparavelmente unida. Eu não posso ser atingido só no meu dedinho quando dou uma martelada errada no prego e acerto o polegar, a dor repercute em toda a minha pessoa, sou eu quem sofro essa dor, não só o meu dedo.
A salvação que Cristo oferece chega à pessoa em sua totalidade, mas começa pelo mais profundo. Quando se percebe que uma árvore está enferma na raiz é preciso remediar para sarar a raiz, as conseqüências serão folhas e frutos sadios. De maneira semelhante, Deus quis sarar-nos pela raiz, enviando o seu Filho para libertar-nos salvando-nos do pecado, do diabo e da morte. Salvou-nos pela raiz para que fossemos capazes de produzir folhas e frutos sadios. Ainda percebemos o poder do pecado, do demônio e da morte, não obstante, foi-nos dado o remédio para combatê-los sempre: a graça de Deus. A salvação total e definitiva acontecerá no céu. Nesses tempos, a salvação já realizada espera a consumação na Parusia, na segunda vinda de Cristo. Isso é assim porque se formos ao céu antes da Parusia, lá estaremos somente com a nossa alma, o qual indica que falta algo importantíssimo: o corpo. A consumação daquilo que já foi realizado, a nossa salvação, se dará nos novos céus e na nova terra.
Nesse contexto, entende-se perfeitamente a pergunta daquele incógnito: “Senhor, são poucos os homens que se salvam?” (Lc 13,23). Jesus dá duas respostas que se complementam: “Procurai entrar pela porta estreita” (Lc 13,24). Logo, parece que são poucos: a porta é estreita. “Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus” (Lc 13,29). Logo, parece são muitos: do norte e do sul, do leste e do oeste. Logicamente, o fato de a porta ser estreita, não significa que passem poucos; nem o fato de virem de todas as partes significa que sejam muitos. Enfim, trata-se de uma curiosidade que Jesus não deseja satisfazer no momento.
Mas do que perguntar se são muitos ou poucos, é muito mais importante perguntar: Senhor, serei salvo? E como Deus “deseja que todos os homens se salvem” (1 Tm 2,4), é muito melhor perguntar: Senhor, faço tudo o que está ao meu alcance para ser salvo? A pergunta não é egoísta. Conscientes de que temos que pedir ao Senhor que nos salve – o homem não se pode salvar a si mesmo, é impossível! – é preciso colaborar para que a salvação já realizada por Jesus na Páscoa por cada um de nós esteja cada vez mais presente e atuante nas nossas vidas. “Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). O mesmo apóstolo que diz que “o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6,23), nos diz também: “trabalhai na vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2,12). A salvação depende totalmente de Deus, é dom, e totalmente de nós, é tarefa. “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S. Agostinho).
Pe. Françoá Costa


Síntese: Homilia de D. Henrique Soares da Costa – XXI TC

Mas, por que afirmar que a porta é estreita e que muitos tentarão e não conseguirão? A porta é estreita porque nos tornamos grandes demais, auto-suficientes demais, prepotentes demais, demasiadamente cheios de nós mesmos! Seguindo nossa lógica, nossos instintos, nossas paixões, não entraremos! Não entrará no Reino quem primeiro não deixar o Reino entrar em si, no seu coração e na sua vida!
Haverá um momento final, decisivo: “Uma vez fechada  a porta, vós, começareis a bater  e Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’.” Cuidemos, portanto, Seremos julgados por nossa relação com ele, o Cristo Senhor. Se hoje o amamos, se hoje vivemos o seu Evangelho, se hoje praticamos a justiça do Reino que ele trouxe, seremos reconhecidos por ele; caso contrário, seremos rejeitados:  Por isso mesmo, escutemos a advertência da Carta aos Hebreus: “não desprezes a educação do Senhor; pois o Senhor corrige a quem ama. Portanto, acertai os passos dos vossos pés”. É no nosso presente que o nosso futuro eterno é decidido.
Sermos batizados não é somente uma honra, mas é também um dever. Quantos ateus são mais generosos que nós! Jesus nos previne: Virão muitos do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. E assim “há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”. Como os judeus, que eram primeiros e perderam a prioridade para nós, cristãos, assim também nós, apesar de cristãos, podemos perder a prioridade para os pagãos. Recordemos que ser cristão não é mera questão de tradição, mas é uma relação de amor e empenho ao Senhor que nos chamou a segui-lo! Esse amor vivo é a única garantia de receber a salvação, de encontrar a porta aberta – e a porta é o próprio Cristo!       Dom Henrique Soares da Costa-

Homilia do Padre Françoá Costa – XXI Domingo do TC - C

Salvação

 O que é salvação? Quando uma pessoa está se afogando, grita pedindo socorro: que alguém o salve! Quando estamos enfermos, desejamos ser salvos dos nossos males. Rodeados de feras, desejaríamos alguém mais forte que todas elas e nos salvassem. A salvação sempre vem ao encontro de quem está necessitado e só a pede quem se vê necessitado. Ainda que todos necessitem ser salvos, nem todos parecem percebê-lo. Esse é um dos grandes problemas da modernidade: quando se tem um bom salário, uma boa casa, o carro do ano, seguro médico, amigos com os quais divertir-se, etc. Que mais pode faltar? Salvação De quê? De quem? Isso também entre pobres que tendo um barraco e um pouco de comida, se contentam: salvação De quê? Ganhar na loteria pareceria ser, nesse caso, a única salvação possível.
Pobres e ricos terminam debaixo do chão. O ser humano é alma e corpo. Eu não posso ser atingido só no meu dedinho quando dou uma martelada errada no prego, a dor repercute em toda a minha pessoa, sou eu quem sofro essa dor, não só o meu dedo.
A salvação que Cristo oferece chega à pessoa em sua totalidade, mas começa pelo mais profundo. Quando se percebe que uma árvore está enferma na raiz é preciso sarar a raiz, as conseqüências serão folhas e frutos sadios. De maneira semelhante, Deus quis sarar-nos pela raiz, enviando o seu Filho para libertar-nos salvando-nos do pecado  e da morte. Salvou-nos pela raiz para produzirmos frutos sadios. Ainda percebemos o poder do pecado e da morte, não obstante, foi-nos dado o remédio para combatê-los sempre: a graça de Deus. A salvação total e definitiva acontecerá no céu.
O fato da porta ser estreita, não significa que passem poucos; nem o fato de virem de todas as partes significa que sejam muitos. Enfim, trata-se de uma curiosidade que Jesus não deseja satisfazer no momento.
É muito melhor perguntar: Senhor, faço tudo o que está ao meu alcance para ser salvo?
– O homem não pode salvar a si mesmo, é impossível! – é preciso colaborar para que a salvação já realizada por Jesus na Páscoa esteja cada vez mais presente nas nossas vidas. “Já é hora de despertardes do sono. A salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé” (Rm 13,11). O mesmo apóstolo que diz que “o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6,23), nos diz também: “trabalhai na vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2,12). A salvação depende totalmente de Deus, é dom, e totalmente de nós, é tarefa. “Deus que te criou sem ti, não te salvará sem ti” (S. Agostinho).
Pe. Françoá Costa
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Lc 13,  22-30 - LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, PRESENTE ENTRE NÓS, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, NOS COLOQUEMOS NA PRESENÇA DO PAI:
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
- Deus, Pai de todos os homens e de todas as nações, nós Vos damos graças pelo nosso batismo, pois nos tornastes filhos prediletos vossos.
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
- “Deus nosso Pai, nós Vos damos graças porque nos enviastes o Vosso Filho Jesus, para endireitar os caminhos de infelicidade em caminhos para a ressurreição. Nós Vos confiamos todos os nossos irmãos e irmãs que estão passando por sofrimentos. Dái-lhes o vosso conforto e a vossa paz.
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
- Deus nosso Pai, nós Vos damos graças pela porta da Vossa casa, que nos abres convidando-nos ao festim no Vosso Reino com os povos de toda a terra.
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
- Deus nosso Pai, que o Espírito Santo nos transforme em propagadores de vosso Reino, para que todos os vossos filhos vos conheça e vos ame.
T: Pai de amor, acolhei-nos em vosso Reino!
=  PAI NOSSO...  A PAZ...  EIS O CORDEIRO...


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