quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

5º Domingo do Tempo Comum ANO A, homilias, subsídios homiléticos


5º Domingo do Tempo Comum ANO A  2020

SINOPSE:
Tema: “Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo.”
Primeira leitura: Somos comprometidos com a construção do Reino; somos luz.
Evangelho: Jesus pede que sejamos sal e luz de liberdade e de esperança.              
Segunda leitura: Ser “luz” é identificar-se com Cristo e espelhar sua imagem.

PRIMEIRA LEITURA (Is 58, 7-10) Leitura do Livro do Profeta Isaías.
Assim diz o Senhor: Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o e não desprezes a tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: “Eis-me aqui”. Se destruíres teus instrumentos de opressão e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, tua vida obscura será como meio-dia.

AMBIENTE - “Trito-Isaías”. séc. VI, ou nos primeiros anos do séc. V. a.C. Estamos em Jerusalém, na época pós-exílica;
O capítulo 58 apresenta-se como uma reclamação de Deus contra o Povo. Há dois temas: a denúncia de um culto vazio, que não sai do coração nem tem a necessária correspondência na vida (cf. Is 58,1-12); e um convite a que o Povo respeite a santidade do sábado (cf. Is 58,13-14).

MENSAGEM - O tema do “jejum”, No Antigo Testamento, é um gesto religioso utilizado para traduzir a humildade diante de Deus. Para Deus, a atitude de humildade, de entrega, tem de ser em atitudes concretas. Assim, o “jejum” autêntico é aquele que se traduz em partilha com os pobres, na eliminação da opressão, da injustiça, da violência.                                                                   
Para Deus, o Povo de Judá será uma luz que anuncia Deus no mundo, se testemunhar o amor e a misericórdia em gestos concretos de libertação, de partilha, de amor e de paz.
A relação com Deus (expressa nos gestos cultuais) só é verdadeira se se traduz em gestos que anunciem e testemunhem a misericórdia e o amor de Deus no meio dos outros homens.

ATUALIZAÇÃO • A melhor liturgia é aquela que se traduz no amor ao irmão e se manifesta em gestos de partilha, de fraternidade, de libertação. A multiplicidade de ritos, de orações solenes, de celebrações, por si só nada vale, se não tem a devida correspondência na vida de relação com os irmãos.

SALMO RESPONSORIAL / SI 111 (112).
Uma luz brilha nas trevas para o justo; Permanece para sempre o bem que fez.
• Ele é correto, generoso e compassivo, / como luz brilha nas trevas para os justos. /
 Feliz o homem caridoso e prestativo, / que resolve seus negócios com justiça.
• Porque jamais vacilará o homem reto; / sua lembrança permanece eternamente! /
Ele não teme receber notícias más: / confiando em Deus, seu coração está seguro.
• Seu coração está tranquilo e nada teme. / Ele reparte com os pobres os seus bens; /
permanece para sempre o bem que fez, / e crescerão a sua glória e seu poder.

EVANGELHO (Mt 5, 13-16) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde brilha para todos os que estão na casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus”.

AMBIENTE - Continuamos no contexto do “sermão da montanha”. Jesus está no cimo de um monte, apresentando a nova Lei que deve reger a caminhada do novo Povo de Deus na história.

MENSAGEM - Jesus define a missão do novo Povo de Deus. O sal dá sabor e conserva os alimentos. Dizer que os discípulos são “o sal” significa que os discípulos são chamados a trazer ao mundo o sabor à vida dos homens; significa também que da fidelidade depende a permanência firme da aliança entre Deus e os homens do projeto salvador e libertador de Deus no mundo e na história. Se os discípulos recusarem ser sal e se demitirem das suas responsabilidades, o mundo guiar-se-á por critérios de egoísmo, de injustiça, de violência, de perversidade, e estará cada vez mais distante da realidade do “Reino” que Jesus veio propor.
A segunda comparação é a da luz. Para a explicar, Jesus utiliza duas imagens.
A primeira imagem (a da cidade situada sobre um monte) leva-nos a Is 60,1-3, onde se fala da “luz” de Deus que devia brilhar sobre Jerusalém e, a partir de lá, alumiar todos os povos.
. A segunda imagem (a da lâmpada colocada sobre o candelabro) repete e explicita a mensagem da primeira: O Povo de Deus devia ser o reflexo da luz libertadora e salvadora de Jahwéh diante de todos os povos da terra. Os que aderem ao “Reino” devem ser uma luz que ilumina e desafia o mundo. Na perspectiva de Jesus, essa presença da “luz” de Deus para alumiar as nações dar-se-á, doravante, nos discípulos, isto é, naqueles que aceitaram o apelo do “Reino” e aderiram à nova Lei (as “bem-aventuranças”) proposta por Jesus. Eles são a “nova Jerusalém”, ou o novo “Servo de Jahwéh” de onde a proposta libertadora de Deus irradia e a partir de onde ela transforma e ilumina a vida de todos os homens.
Os discípulos de Jesus devem mostrar-se, escolher lugares de visibilidade de onde as massas os admirem e os aplaudam. Mas pretende dizer que a missão das testemunhas do “Reino” deve levá-las a dar testemunho, a questionar o mundo, a ser uma interpelação profética, a ser um reflexo da luz de Deus; e que não devem esconder-se, demitir-se da sua missão, fugir às suas responsabilidades. A missão dos discípulos é, portanto, a de “dar sabor” ao mundo, garantir aos homens a perenidade da “aliança” e iluminar o mundo com a “luz” de Deus. Eles são as testemunhas dessa realidade nova que nasce da oferta da salvação e da vivência das “bem-aventuranças”. Neles tem de estar presente essa realidade nova, que Jesus chamava “Reino”.

ATUALIZAÇÃO • Ser cristão é ser uma luz, apontando os caminhos da vida, da liberdade, do amor, da fraternidade…
• Atenção: eu não sou “a Luz”, mas apenas um reflexo da “luz”… É Deus que é “a luz” e que, através da minha fragilidade, apresenta a sua proposta de libertação e de vida nova ao mundo. O discípulo não deve, pois, preocupar-se em atrair sobre si o olhar dos homens; mas deve preocupar-se em conduzir o olhar e o coração dos homens para Deus e para o “Reino”.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 2, 1-5) Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, quando fui à vossa cidade anunciar-vos o mistério de Deus, não recorri a uma linguagem elevada ou ao prestígio da sabedoria humana. Pois, entre vós, não julguei saber coisa alguma, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. Aliás, estive junto de vós, com fraqueza e receio, e muito tremor. Também a minha palavra e a minha pregação não tinham nada dos discursos persuasivos da sabedoria, mas eram uma demonstração do poder do Espírito, para que a vossa fé se baseasse no poder de Deus, e não na sabedoria dos homens.

AMBIENTE - A comunidade cristã de Corinto tinha a propensão para a busca de uma sabedoria puramente humana, que os levava a apostar em pessoas (Pedro, Paulo, Cefas), em mestres humanos capazes de transportar os discípulos ao encontro da sua realização; mas, dessa forma, acabavam por esquecer Jesus Cristo e por passar ao lado da “sabedoria da cruz”.
Neste contexto, Paulo recorda aos coríntios que a “sabedoria humana” não salva nem realiza plenamente o homem. A realização plena do homem está em Jesus Cristo e na “loucura da cruz”.
Paulo apresenta dois exemplos. No primeiro (domingo passado), Paulo refere o caso da própria comunidade de Corinto: apesar da pobreza, debilidade e fragilidade dos membros da comunidade, Deus chamou-os a serem testemunhas da sua salvação no mundo. No segundo, Paulo apresenta com humildade o seu próprio caso.

MENSAGEM - Paulo não se apresentou com discursos sublimes, com filosofias elaboradas; mas apresentou-se com toda a simplicidade para anunciar esse paradoxo (opinião contrária, diferente) de um Deus fraco, que morreu numa cruz rejeitado por todos. Paulo apresentou-se em Corinto consciente da sua fraqueza. Não foi, portanto, pela sedução da sua personalidade arrebatadora, pelas suas “brilhantes” qualidade do pregador, que os coríntios se sentiram atraídos por Jesus e pelo Evangelho.                 Porque a força de Deus se impõe, muito para além dos limites do homem que apresenta a proposta ou do ouvinte que a escuta. O Espírito de Deus está sempre presente e age no coração dos crentes, de forma a que eles não se fiquem pelos esquemas da sabedoria humana, mas se deixem tocar pela sabedoria de Deus.

ATUALIZAÇÃO • A força e a “sabedoria de Deus” manifestam-se, tantas vezes, na fragilidade, na pequenez.
• Aqueles que têm responsabilidade no anúncio do Evangelho devem recordar sempre que a eficácia da Palavra que anunciam não depende deles e que o êxito da missão não resulta das suas qualidades pessoais ou das técnicas sofisticadas: somos todos instrumentos humildes, através dos quais Deus concretiza o seu projeto de salvação para o mundo… Para além do nosso esforço, da nossa entrega, da nossa doação, das nossas técnicas, está o Espírito de Deus que potencia e torna eficaz a Palavra que anunciamos.

Fonte - Dehonianos

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"Sal e Luz"

Continuando o Sermão da Montanha, JESUS mostra, mediante dois símbolos, o compromisso no Reino de Deus: ser: SAL DA TERRA e LUZ DO MUNDO.

A 1ª Leitura apresenta as condições para ser Luz. Não basta o cumprimento de ritos, precisa o compromisso concreto que leva o homem a ser um sinal do amor de Deus no meio do povo. (Is 58,7-10)

A 2ª Leitura avisa que ser "Luz" não é colocar a sua esperança de salvação em esquemas humanos de sabedoria, mas identificar-se com Cristo. (1Cor 2,1-5)

No Evangelho, Jesus exorta os seus discípulos a serem o "Sal da terra e a luz do mundo". (Mt 5,13-16)

+ Para que serve o Sal?

  - Para dar SABOR à comida e CONSERVAR os alimentos...
    O que o Sal é para a comida, o cristão deve ser para o seu semelhante:
     * Tornar a Religião apetitosa e agradável...
        Ser o tempero que dá o gosto pelas coisas de Deus, que dá o sabor à vida, com seu entusiasmo, seu otimismo, sua alegria nascida de Deus, fonte de todo bem.
     * Ser um elemento que preserva o mundo de hoje da corrupção...

- Sua PRESENÇA na comida é discreta, mas atua eficazmente.
  O sal se dissolve completamente nos alimentos e se perde em agradável sabor.
  (Só se nota quando há de mais ou quando falta).
  * Assim o cristão: Ser sal da terra, humilde, derretido, saboroso, que atua de dentro, que não se nota, mas é indispensável.

- O Sal jamais PERDE A QUALIDADE de sal...
  * Os cristãos podem fazer o sal perder seu sabor: tirando o sabor da mensagem de Jesus, das exigências do evangelho... E o que fazer deles? "De nada mais serve senão ser jogado fora..."

E Cristo reforça essa verdade, ilustrando com outra figura: "Vós sois a LUZ DO MUNDO".

+ O que é a Luz para nós?  Sinal de vida, de calor, dinamismo, trabalho...

- Na Bíblia: a Luz tem um significado muito rico...:
  * Na criação: A Luz recorda o 1o ato do Criador...
  * No Êxodo do Egito, a Coluna de fogo guiava o povo para a Terra Prometida.
  * Isaías: O Servo de Javé: "Luz das nações".
  * Jesus: "Eu sou a Luz do Mundo"...
     A Luz por excelência é o esplendor do Pai...
     É a Luz que dá sentido à vida, à dor e à própria morte...
- E Cristo não quer ser Luz sozinho: Por isso, nos convida a também nós sermos LUZ:
    
+ Para que serve a Luz?
- Para mostrar o caminho... as belezas presentes na natureza. Sem a luz não as enxergamos...
  * O cristão deve ser uma luz acesa apontando os caminhos da vida, da liberdade, do amor, da fraternidade...
- Para iluminar os objetos, não para ser olhada em si mesma... nem para ficar escondida...
  * Cristão não é a "Luz", mas um "reflexo da Luz", que mostra as coisas bonitas que a ação de Deus realizou em nós.
     "Assim brilhe a vossa luz diante dos homens... para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o Pai que está no céu". (Mt 5,16)
      Jesus ensina que os homens devem enxergar "as boas obras" e glorificar o Pai (não a nós).

+ Ninguém é Luz por si próprio: é ligado a uma FONTE geradora:

   * Como a Lâmpada depende do Gerador, assim nós dependemos do gerador que é Cristo para iluminar.
      E iluminamos na medida em que estivermos ligados ao Senhor.
      Essa união se faz pela meditação da palavra de Deus, pela comunhão eucarística e pela oração...

+ Essa é a nossa Missão:
         Ser Sal da Terra e Luz do Mundo...
         SAL  que preserva da corrupção e dá gosto das coisas de  Deus...
         LUZ  que ilumina e se consome a serviço dos irmãos, iluminando o caminho que leva ao Pai...

Se não, seremos INÚTEIS... jogados fora...

Peçamos a Deus muita LUZ para compreender essa missão e muita FORÇA para sermos de fato:
                            - Sal da Terra e   - Luz do Mundo...

                                Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Françoá Costa

Hipotético apagão

Pode acontecer que venha a faltar luz em casa. Caso seja durante o dia, não há problema, a não ser que estejamos vendo algo na televisão. Graças a Deus, e à técnica, os celulares funcionam com baterias que podem durar de três a quatro dias. Ainda que seja verdade que quando se trata de um iPhone, e caso essa máquina seja muito utilizada, logicamente a bateria durará muito menos. Ao contrário, durante a noite, quando a luz falta, incomoda bastante. De repente, tudo fica escuro, não podemos ver os outros nem a nós mesmos; é preciso, então, ter cuidado para não pisar as crianças, nem o rabo dos cachorros, tampouco dar um passo em falso na escada. Nesse momento, se agradece encontrar aquele pedacinho de vela que outrora fora deixado de lado: se trata duma pequena luz, mas é luz. Depois de uma hora ou duas, três horas ou mais, a luz costuma voltar. E parece que tudo volta ao normal. Como se pode observar, não é tão evidente que nós vejamos “com os olhos”, parece mais evidente que vemos com a luz.
Quem tem luz vê; quem não a tem, ainda que tenha olhos, não vê nada! “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). Nós, os cristãos, somos verdadeiramente a luz que ilumina os nossos ambientes! Por nossa causa é que o mundo pode enxergar. Mas por quê? Porque nós fomos iluminados por aquele que é a luz, Jesus. “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9,5). Enquanto estou no mundo… ?! Mas, e depois da sua Ascensão? Nós somos a luz do mundo, Jesus continua iluminando através de nós.
Conta-se que Jesus, no dia da sua Ascensão aos céus, se encontrou com S. Gabriel Arcanjo que vinha, caminho contrário, cumprir alguma missão aqui na terra. Gabriel, ao ver o Senhor subindo aos céus e que a terra ficaria sem ele, olhou também para o planeta e observou um cenário curioso: a terra estava coberta por uma nuvem negra e o contraste negro-azul não resultava muito agradável a não ser por uns poucos, pouquíssimos, pontos de luz. Chamou a atenção do arcanjo o ambiente desolador, mas chamou-lhe mais imperiosamente a atenção a existência desses poucos pontos de luz. O arcanjo perguntou então ao Senhor: “e aqueles pontos de luz? O que são?” Jesus respondeu: “são a minha mãe e os meus outros discípulos. Eles vão iluminar toda a terra”. Gabriel, conhecendo a debilidade humana, depois de pensar um pouco, disse: “Senhor, excetuando a tua mãe, e se eles falharem?”. Ao que Jesus respondeu: “Eu não tenho outros planos”. Dito isso, Jesus continuou ascendendo rumo ao Pai.
No começo da humanidade, quando esta falhou em Adão, Deus tinha um “plano B”. O “plano A” era que Adão e Eva fossem fiéis e vivessem para sempre em amizade com Deus. Quando eles pecaram, Deus colocou em ação o plano B: a salvação por meio do seu Filho. A extensão dessa salvação, no entanto, conta com a nossa colaboração. Nós somos a luz do mundo! Existe o “plano C”? A revelação de Deus que chegou até nós através da Sagrada Escritura e da Tradição da Igreja não nos fala de um suposto “plano C”. O que nos foi revelado – e é de notar-se que não acontecerá outra revelação pública e que tudo nos foi dito em Cristo – é que Deus veio à terra e nos salvou e que ele conta conosco para estender essa salvação a cada homem, a cada mulher.
Nós, filhas e filhos de Deus, temos um papel insubstituível. Se nós falharmos, o mundo se perde! Grande responsabilidade! Grande motivo de ação de graças! Grande oportunidade para aproveitarmos os tempos e evangelizarmos, convidando todos à amizade com Deus! Ele conta conosco. Nós somos a luz e, sem nós o mundo estaria na escuridão mais terrível, no apagão geral mais tenebroso que poderia acontecer.
Quando a Igreja alça a sua voz dando critério nas coisas humanas, inclusive na vida político-econômica, ela sempre o faz tentando iluminar essas realidades terrestres com a luz de Cristo. Se ela, que é luz, e se os cristãos, que são luz, não falarem e não atuarem, o mundo ir-se-ia afundando nas trevas mais profundas. Nós precisamos aproveitar todas as ocasiões para anunciar a Cristo, para iluminar com a luz de Cristo, para queimar com o fogo de Cristo que ilumina e aquece e do qual nós somos os portadores. A política, a economia, o mundo esportivo, os lazeres, as fábricas, os comércios, e todo lugar onde um cristão pode estar honradamente, são lugares onde se deve alçar a Cruz do Senhor, que é luz, paz, alegria, responsabilidade e liberdade, vida nova.
Não podemos permitir que o mundo pereça nas trevas. Sem nós, que somos luz do mundo, tal coisa aconteceria. Logicamente, o panorama é vasto, as dificuldades são patentes e as forças são limitadas. No entanto, a nossa limitação não é um problema para ser luz, e sim a possibilidade de sê-la. São Jose Maria Escrivá expressava essa realidade da seguinte maneira: “Lança para longe de ti essa desesperança que te produz o conhecimento da tua miséria. – É verdade: por teu prestígio econômico, és um zero…, por teu prestígio social, outro zero, e outros por tuas virtudes, e outro por teu talento… Mas, à esquerda dessas negações está Cristo… E que cifra incomensurável resulta!” (Caminho, 473). Com a luz de Cristo é que os cristãos iluminarão cidades inteiras, partidos políticos, grupos de empresários, universidades e centros educativos, comércios e estádios de futebol. Onde está um cristão, aí está a luz de Cristo! Mas o cristão tem que ser coerente, tem que dar a vida se for preciso. A luz que eu dou ao meu ambiente é forte como esses refletores para filmar ou fraco como aquela velinha que utilizamos quando falta luz? E, no entanto, não importa tanto a intensidade, o mais importante é continuar iluminando e pedir ao Senhor que ele intensifique a sua luz em nós.
Pe. Françoá Costa
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Homilia de D. Henrique Soares da Costa 

Hoje, no Evangelho, escutamos umas frases de Jesus que nos são velhas conhecidas, tão velhas, que riscam não significar muita coisa: “Vós sois o sal da terra; vós sois a luz do mundo” – diz-nos o Senhor! Pois bem, com unção e humildade, como se escutássemos pela primeira vez, escutemos, procuremos compreender e acolhamos essas afirmações, para encontrarmos nelas a Vida e vivermos de verdade!
“Vós sois o sal da terra!” O sal, na Escritura, aparece como o elemento que dá sabor, purifica e conserva, tornando perenes e duradouros os alimentos… Daí a expressão “aliança de sal”, isto é, “uma aliança perene aos olhos do Senhor” (Nm 18,19). Por causa dessa pureza e perenidade, é que Israel deveria ajuntar o sal a toda oferta que fizesse ao Senhor Deus: “Salgarás toda a oblação que ofereceres, e não deixarás de pôr na tua oblação sal da aliança de teu Deus; a toda a oferenda juntarás uma oferenda de sal a teu Deus” (Lv 2,13).
Pois bem, irmãos caríssimos, vós sois o sal que dá sabor, pureza e conservação ao mundo diante de Deus! Sois a pitadinha de sal que torna o mundo uma oferenda agradável e aceitável ao Senhor! Sois tão pequenos, tão poucos, tão frágeis, tão impotentes, tão tolos! Lembrai-vos da leitura do Domingo passado: “Entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres… Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir o que é forte; Deus escolheu o que o mundo considera sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para, assim, mostrar a inutilidade do que é considerado importante… É graças a ele que vós sois em Cristo..” (1Cor 1,26-31). Sim, sois essa pitadinha de nada, esse tico desprezível de sal.. E, no entanto, sois o sabor, a purificação, a conservação da aliança entre Deus e o mundo! Sois, em Cristo Jesus, o povo sacerdotal! Por isso, a nós, o Senhor ordena: “Tende sal em vós mesmos” (Mc 9,50); em outras palavras: uni-vos a mim, ao meu sacerdócio, à minha vida entregue ao Pai como amor que se entrega para a vida do mundo! Lembremo-nos do conselho de São Paulo: “Exorto-vos, portanto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: esse é o vosso culto espiritual. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito” (Rm 12,1-2). Era este o significado daquela pitadinha de sal que o sacerdote colocou nos nossos lábios no momento do nosso Batismo, quando nos tornamos membros do povo da aliança, povo sacerdotal. Colocando-nos o sal, ele recordou as palavras de Jesus: “Vós sois o sal da terra!” No entanto, não nos iludamos: somente seremos sal, se permanecermos unidos a Cristo! Sem ele, seremos insípidos, seremos como o mundo, sem sabor e para nada serviremos, “senão para sermos jogados fora e pisados pelos homens”.
“Vós sois a luz do mundo!” – Que afirmação impressionante! Um só é a luz: Aquele que disse de si próprio: “Eu sou a luz do mundo!” (Jo 8,12). Como pode, então, dizer agora que nós somos luz? Escutemos: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida!” (Jo 8,12). Eis: se em Cristo – e somente nele – somos sal da aliança selada na cruz, também somente na sua luz, seguindo seus passos, tornamo-nos luz. É isso que nos afirma o Apóstolo: “Outrora éreis treva! Agora, sois luz no Senhor! Andai como filhos da luz!” (Ef 5,8). Por nós mesmos não somos sal, mas insípidos; por nós mesmos não somos luz, mas trevas tenebrosas! Mas, em Cristo, damos sabor ao mundo e somos reflexos da luz do Senhor! Não somos luz, mas iluminados pela luz de Cristo, refletiremos a luz sobre o mundo tenebroso, como a lua que, sem ter luz própria, mas iluminada pela luz do sol, ilumina de modo belíssimo a noite escura…
Portanto, meus caros, tenhamos cuidado: somente seremos sal se nos deixarmos salgar pelo Senhor no cadinho da provação e da participação na sua cruz; somente seremos luz se nos deixarmos iluminar pela luz fulgurante que brota da sua cruz! Que o cristão não busque outro sal ou outra luz, a não ser o Cristo e Cristo na sua humildade, na sua pobreza, no seu serviço, na sua disponibilidade total em relação ao Pai: “Não julguei saber coisa alguma entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado!” Aquilo que passa da cruz do Senhor, que foge da cruz do Senhor, que procura outro caminho e outra lógica, que não a da cruz que conduz à ressurreição, não salga e não ilumina! Então, que brilhe a luz de Cristo em nossa vida e em nossas obras! Que o nosso modo de viver dê novo sabor a este mundo tão insosso pelo pecado – vede no carnaval: quanta treva, quanta insipidez, quanto velho gosto da velha podridão do velho pecado! Se no nosso modo de viver formos sal e luz, cumprir-se-á em nós a palavra do Profeta: “Então, brilhará tua luz como a aurora e a glória do Senhor te seguirá!”
Eis a nossa missão, eis a nossa vocação, eis a ordem que o Senhor nos dá! Agora, compete a nós! Como nos perguntava Paul Claudel, poeta francês, convertido a Cristo na metade do século XX: “Ó vós, cristãos, que tendes a luz, que fazeis com essa luz?” Ó irmãos, ó irmãs! “Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus!” Que o Senhor no-lo conceda por sua graça. Amém!

D. Henrique Soares da Costa
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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Diz um provérbio bastante conhecido: “Nos pequenos frascos, grandes perfumes”. É justamente isso que se pode dizer da perícope evangélica desse V Domingo do Tempo Comum; nesse pequeno texto de apenas quatro versículos encontramos o simples e profundo ensinamento sobre a identidade e a missão que o Mestre Jesus relembra aos seus discípulos de todos os tempos e lugares: “Vós sois o sal da terra, vós sois a luz do mundo”. Em primeiro lugar, estas palavras não são formuladas no imperativo: Sede o sal da terra e sede a luz do mundo! Mas Jesus faz uma afirmação, ratificando que não há distinção nem distância entre ser cristão e ser sal da terra e luz do mundo. A comparação já nos deixa em alerta; a realidade do ser cristão é algo que não se pode traduzir de uma maneira tão direta e objetiva em conceitos teóricos, por isso o uso da metáfora. Ser cristão não é iniciativa do ser humano, mas dom de Deus a toda pessoa que o acolhe. Deus, em seu Filho, nos faz sal para a terra, e luz para o mundo.
No mundo antigo o sal tinha mais importância do que aquilo que hoje se diz dele. Até porque o sal industrializado que temos hoje perdeu seus principais e benéficos elementos. E, portanto, ficou apenas como cosmético de sabor e, em excesso, propugnador de muitos desequilíbrios no organismo. Mas na sua originalidade, o sal era tido como um produto de grande valor para a vida humana. Além de dar sabor aos alimentos, tinha o poder de conservá-los, era usado também com finalidades terapêuticas e medicinais. O sal tem um poder provocativo, aciona mudanças. Por ser tão indispensável e valioso, servia inclusive como moeda nas operações mercantis de romanos e gregos (daí a palavra salário para o ordenado que era pago aos soldados com sal). Poder-se-ia ainda acrescentar tantas outras propriedades e usos para falar da importância do sal.
Contudo, Jesus usando esta comparação evidencia duas coisas fundamentais: a indispensabilidade da missão do cristão no mundo e as consequências nefastas da sua infidelidade. O Mestre não se refere apenas ao fato de o mundo ficar insosso por falta do sal, mas ressalta o prejuízo para o próprio sal de ser insípido. Geralmente se traduz: “se o sal se tornar insípido, com que salgaremos?” Mas literalmente é preciso entender (grego: eàn dè tò halas moranthe, em tíni halisthesetai): “mas se o sal perder o sabor com que ele será salgado?” Ou seja, como se recuperará no cristão a fé que ele perdeu?
A realidade tem mostrado que é mais fácil despertar a fé em quem não a tem do que recuperá-la em quem a perdeu. Portanto, a advertência de Jesus é em relação ao cuidado do próprio discípulo em relação à sua fé, pois perdendo-a resultará numa grande perda para o mundo.  O verbo tornar-se insosso (grego moraíno), aplicado de forma figurada, adquire o sentido de tornar-se tolo, fazer besteiras, perder o interesse. Mais adiante Jesus dirá: “Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16). Uma das causas que faziam o sal perder o seu sabor era ser misturado com outros elementos minerais. Segundo alguns estudiosos, o sal do Mar Morto, principal fonte de sal para a Palestina, era inferior à maioria dos outros sais marinhos que estavam misturados com outros minerais e, portanto, com facilidade podia perder o seu sabor. A metáfora se aplica perfeitamente àquilo que o Papa Francisco vai chamar de acédia (“preguiça espiritual”) que leva a viver a vida cristã “sem as motivações adequadas, sem uma espiritualidade que impregne a ação” (EG 82), uma fé com pouca identidade, mesclada com todo tipo de mundanismo espiritual, acanhado espírito missionário e isenta de martírio. Provocativa é a denúncia do Papa: “É verdade que, em alguns lugares, se produziu uma ‘desertificação’ espiritual, fruto do projeto de sociedades que querem construir sem Deus ou que destroem as suas raízes cristãs. Lá, o mundo cristão está se tornando estéril e se esgota como uma terra excessivamente desfrutada que se transforma em poeira” (EG 86). Isto é a consequência do sal que perde o seu sabor.
Enquanto sal com sabor sublinha a identidade do cristão, o ser “a luz do mundo” ressalta a sua vocação. Contudo, o cristão não tem luz própria, ele não é sol, ele é a lâmpada que é acesa e colocada num lugar alto. Como luz não deve chamar atenção para si, mas quando refletida na realidade favorece enxergá-la de modo mais nítido e profundo. Portanto, ser luz é tornar-se instrumento da verdade, é fazer ver, conhecer e libertar-se. Uma luz que se esconde perde a sua razão de ser, não aquece nem ilumina. Para o cristão a grande prova de que a sua vida é luz é quando suas atitudes (boas obras) levam os homens a glorificar o Deus que está no céu. Glorificar não significa em primeiro lugar entoar louvores e cânticos a Deus, mas antes de tudo, perceber a sua manifestação concreta aqui na terra. Glória (grego: doksa vem do verbo dokeo que significa aparecer, mostrar). Portanto, Deus será visto (glorificado) quando aqueles que nele acreditam, através de suas boas obras, tornarem a terra saborosa e o mundo iluminado.
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Louvor: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)                                             V Domingo do TC Mt 5, 13-16
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus,  NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI|:
T: Bendito sejais, senhor nosso Deus.
- Deus de luz, nós Vos bendizemos. Nós vos agradecemos a vossa presença no meio de nós.                      Enchei-nos do Espírito de generosidade e nos inspirai palavras de esperança e de coragem para nossa ação no mundo.
T: Bendito sejais, senhor nosso Deus.
- Nós Vos damos graças, Pai todo-poderoso, pelo Vosso Filho Jesus Cristo, o Messias crucificado, que transformou a cruz em passagem para a vida. Nós Vos pedimos; fortificai a nossa fé, fortalecei nossa coragem e fazei-nos aderir ao vosso Filho, para que sejamos luz e sal entre os irmãos e irmãs.
T: Bendito sejais, senhor nosso Deus.
- Pai, nós vos damos glória pela luz manifestada no vosso Filho, e pela multidão dos fiéis que caminharam no seguimento da luz, fazendo o bem. Nós vos pedimos por todas as nossas comunidades cristãs: que elas dêem sabor à nossa humanidade e sejam a luz que brilha para o nosso mundo.
T: Bendito sejais, senhor nosso Deus.

- PAI NOSSO... A PAZ DE CRISTO... EIS O CORDEIRO...


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