7º Domingo do TC ANO A 2020 (Adaptado pelo Diácono Ismael)
SINOPSE
das leituras:
Tema: “Sede
perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.”
Primeira
leitura: Viver na
comunhão com o Deus, exige o ser santo e ser santo passa pelo amor ao
próximo.
Evangelho: Jesus pede aos seus que aceitem
inverter a lógica da violência e do ódio, pois esse “caminho” só gera egoísmo,
sofrimento e morte; É nesse caminho de santidade que se constrói o “Reino”.
Segunda leitura: Paulo convida a sermos o lugar onde Deus reside e Se revela aos homens. Para que isso aconteça, devemos optar pela “sabedoria de Deus” (que é dom da vida, amor gratuito e total).
Segunda leitura: Paulo convida a sermos o lugar onde Deus reside e Se revela aos homens. Para que isso aconteça, devemos optar pela “sabedoria de Deus” (que é dom da vida, amor gratuito e total).
PRIMEIRA
LEITURA (Levítico 19,1-2.17-18): “Sede santos, porque Eu,
o Senhor, sou santo. Não tenhas no coração ódio contra teu irmão.... Amarás o
teu próximo como a ti mesmo”.
AMBIENTE - Levítico (questões do culto) Jahwéh explica leis,
preceitos, ritos, relacionados com o culto.
MENSAGEM
- A santidade é ser
“justo”. Não haja ódio, nem rancor: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
ATUALIZAÇÃO• Ser santo não significa viver de olhos
voltados para Deus esquecendo os homens;
• Temos de viver num contínuo processo
de conversão; egoísmo, ódio injustiça exploração.
EVANGELHO
(Mt 5,38-48): ‘Olho por olho
e dente por dente! ’: Não enfrenteis quem é malvado! Se alguém te dá um tapa, oferece-lhe
também a esquerda! Se alguém quiser
tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado.
Foi dito: ‘Amarás o teu próximo e
odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!
Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a
chuva sobre justos e injustos. Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai
celeste é perfeito.”
AMBIENTE - “Discurso da montanha” e a “nova Lei”. A
perspectiva de Mateus é que Jesus não veio abolir a Lei, mas levá-la à
plenitude. É preciso que a Lei deixe de ser preceitos externos, para se tornar
compromisso com Deus.
MENSAGEM: O primeiro: “olho
por olho, dente por dente”. Destina a evitar as vinganças excessivas…
Na perspectiva de Jesus, é preciso
acabar com a espiral de violência. Jesus apresenta quatro casos. No primeiro,
pede que não se responda com a mesma
moeda. No segundo, (entrega da
túnica), (a entrega da capa); no terceiro, se acompanhe por duas milhas; no quarto, atender aquele que pede dinheiro emprestado…:
O segundo exemplo (o sexto da lista) refere-se ao amor aos inimigos. Lei antiga: “ama o teu próximo e odeia o teu inimigo”…
Qual o motivo? É porque Deus faz brilhar o sol e envia a chuva sobre bons e
maus. “Ser filho de Deus” significa dar testemunho do amor de Deus e parecer-se
com Deus no modo de agir.
A expressão final (“sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”) parafraseia a primeira leitura (“sede santos porque Eu, o vosso Deus, sou santo”):
A expressão final (“sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”) parafraseia a primeira leitura (“sede santos porque Eu, o vosso Deus, sou santo”):
ATUALIZAÇÃO
- • Eu sou chamado a
dar testemunho do amor de Deus no meio do mundo.
• A dinâmica do “Reino” implica gestos
de amor para com os irmãos.
• Jesus pede que inverta a espiral de
violência..
• Jesus pede o amor a todos, inclusive
aos inimigos. “Pai, perdoa-lhes; porque
não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
** É mais
do que «perdoar os inimigos», que já é muito. Amar quer dizer responder ao ódio
com o amor. Porque, «se amar os amigos é de todos, amar os inimigos é só dos
cristãos», como escreveu Tertuliano.
«Jesus viveu e morreu em
vão, se não aprendemos dele a regular as nossas vidas pela lei do amor»,
escreveu Gandhi.
SEGUNDA
LEITURA (1Cor 3,16-23) Irmãos, sois santuário de Deus. A sabedoria deste
mundo é insensatez diante de Deus. ... Portanto, que ninguém ponha a sua glória
em homem algum. Com efeito, tudo vos pertence: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a
vida, a morte, o presente, o futuro; tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e
Cristo é de Deus.
AMBIENTE Paulo constata que os coríntios ainda não
acolheram essa sabedoria: cultivam as divisões e os conflitos; correm atrás de mestres
humanos como se eles tivessem a chave da felicidade.
MENSAGEM - Para Paulo, o verdadeiro segredo da
felicidade não está na ciência, na técnica, na elegância dos discursos; mas
está em Jesus e, de forma privilegiada na cruz, nos mostrou que só o amor, a
doação, a entrega, o serviço, geram vida plena e fazem nascer o Homem Novo.
A última frase: “tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”. Deve ser compreendida em ‘eu sou de Paulo; e eu de Apolo; e eu de Cefas’”… “Não é assim”. ; eles é que vos pertencem a vós, pois são servidores.
A última frase: “tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”. Deve ser compreendida em ‘eu sou de Paulo; e eu de Apolo; e eu de Cefas’”… “Não é assim”. ; eles é que vos pertencem a vós, pois são servidores.
ATUALIZAÇÃO - • Os cristãos são Templo de Deus e as
testemunhas da sua salvação.
• O que é que preside à minha vida: a “sabedoria de Deus” que é
amor, ou a “sabedoria do mundo”, que é luta pelo poder econômico, pelos bens
perecíveis e secundários?
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PERDÃO: Jesus cita
quatro exemplos:
- Violência física: Se te bater na Face direita; oferece a
esquerda;
- Injustiça econômica: Se tomar tua túnica;
dá-lhe também o manto;
- Abuso do Poder: Se mandar andar um Km; anda
dois;
- empréstimo: Se alguém te pedir; não vires as costas.
O GRANDE SERMÃO DA MONTANHA (CAPÍTULO 5 DE MATEUS):
4º Domingo TC : “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
5º Domingo do TC: Jesus pede que sejamos sal do mundo e luz de liberdade e de esperança.
6º DOMINGO DO TC: 'Não matarás!
'Não cometerás adultério', 'Não jurarás falso'.
7º
Domingo do TC: Jesus pede para
inverter a lógica da violência; sede santos como o vosso Pai...
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PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA (Diáconos ou Ministros
extraordinários da Palavra):
LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER
SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS...
DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA
FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T:
SENHOR, QUE SAIBAMOS AMAR COMO NOS AMAIS.
-
Senhor, nosso Deus, Vos louvamos e Vos agradecemos por nos amar e nos dar Jesus
como a palavra viva que nos orienta e nos transforma.
T:
SENHOR, QUE SAIBAMOS AMAR COMO NOS AMAIS.
-
Senhor, grande é o vosso amor nos ensinando os caminhos para a felicidade
plena. Que os vossos ensinamentos transformem nossos corações para o amor.
T:
SENHOR, QUE SAIBAMOS AMAR COMO NOS AMAIS.
-
Senhor, Sois imenso e cheio de bondade. Dai-nos o entendimento para que
cumpramos os vossos mandamentos e sejamos espelhos de vosso amor.
T:
SENHOR, QUE SAIBAMOS AMAR COMO NOS AMAIS.
-
Senhor, nosso Deus, que vossas leis sejam luz para nossas ações e possamos
viver como irmãos em nossa comunidade.
T:
SENHOR, QUE SAIBAMOS AMAR COMO NOS AMAIS.
- PAI NOSSO... A PAZ...
CORDEIRO DE DEUS.
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Mt 5, 38-48 7º Domingo do Tempo Comum
ANO A
Tema: “Sede
perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.” O compromisso é sério.
Primeira
leitura: Viver na
comunhão com o Deus, exige o ser santo e ser santo passa pelo amor ao
próximo.
Evangelho: Jesus pede aos seus que aceitem
inverter a lógica da violência e do ódio, pois esse “caminho” só gera egoísmo,
sofrimento e morte; É nesse caminho de santidade que se constrói o “Reino”.
Segunda leitura: Paulo convida a sermos o lugar onde Deus reside e Se revela aos homens. Para que isso aconteça, devemos optar pela “sabedoria de Deus” (que é dom da vida, amor gratuito e total).
Segunda leitura: Paulo convida a sermos o lugar onde Deus reside e Se revela aos homens. Para que isso aconteça, devemos optar pela “sabedoria de Deus” (que é dom da vida, amor gratuito e total).
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PRIMEIRA
LEITURA (Lv 19,1-2.17-18)Leitura do Livro do Levítico.
O Senhor falou a Moisés, dizendo: “Fala a toda a
comunidade dos filhos de Israel e dize-lhes: Sede santos, porque
eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. Não tenhas no
coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares
culpado de pecado por causa dele. Não procures vingança, nem guardes rancor dos
teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti esmo. Eu sou o Senhor.”
AMBIENTE - No Livro Levítico (questões do culto) Jahwéh explica o que deve fazer para viver sempre em comunhão com Deus. Apresenta leis, preceitos, ritos, relacionados com o culto: o Povo tem de viver de acordo com determinadas regras para manter esta comunhão com Deus.
MENSAGEM
- “Sede santos porque
Eu, o vosso Deus, sou santo”. A santidade é ser “justo” para com os irmãos. Não
haja ódio, nem rancor contra o irmão. A centralidade é: “amarás o teu próximo
como a ti mesmo”.
ATUALIZAÇÃO• “Sede santos porque Eu, o vosso Deus,
sou santo”. A santidade é a comunhão com Deus. É se identificar com Cristo e
caminhar ao encontro da vida plena, do Homem Novo.
• Ser santo não significa viver de olhos
voltados para Deus esquecendo os homens; mas a santidade implica um real
compromisso com o mundo. Passa pela construção de uma vida de relação com os
irmãos; sem qualquer tipo de agressividade, de vingança, de rancor; implica
amar o outro como a si mesmo.
• Temos de viver num contínuo processo
de conversão, que elimine do nosso coração as raízes do mal, responsáveis pelo
egoísmo, pelo ódio, pela injustiça, pela exploração.
SALMO RESPONSORIAL / 102(103)
Bendize, ó
minh’alma, ao Senhor, pois ele é bondoso e compassivo!
• Bendize, ó minha alma, ao Senhor/ e todo o meu ser,
seu santo nome! /
Bendize, ó minha alma, ao Senhor; / não te esqueças de
nenhum de seus favores!
• Pois ele te perdoa toda culpa / e cura toda a tua
enfermidade; /
da sepultura ele salva a tua vida / e te cerca de
carinho e compaixão.
• O Senhor é indulgente, é favorável, / é paciente, é
bondoso e compassivo. /
Não nos trata como exigem nossas faltas, / nem nos
pune em proporção às nossas culpas.
• Quanto dista o nascente do poente, / tanto afasta
para longe nossos crimes. /
Como um pai se compadece de seus filhos, / o Senhor
tem compaixão dos que o temem.
EVANGELHO
(Mt 5,38-48) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Vós
ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente! ’ Eu, porém, vos
digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na
face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo
para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a andar um
quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem
te pede emprestado. Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e
odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai
por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que
está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva
sobre justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que
recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se
saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não
fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é
perfeito.”
AMBIENTE - Continuamos com o “discurso da montanha”
e com a apresentação da “nova Lei” que deve conduzir a caminhada cristã. Vimos,
no domingo passado, como Mateus estava preocupado em definir, para os cristãos
vindos do judaísmo, a relação entre Cristo e a Lei de Moisés. Os cristãos
continuam obrigados a cumprir a Lei de Moisés? Jesus não aboliu a Lei antiga? O
que há de verdadeiramente novo na mensagem de Jesus? A perspectiva de Mateus é
que Jesus não veio abolir a Lei, mas levá-la à plenitude. No entanto, considera
Mateus, a Lei tornou-se um conjunto de prescrições que são cumpridas
mecanicamente, dentro de uma lógica casuística que, tantas vezes, não tem nada
a ver com o coração e com a vida. É preciso que a Lei deixe de ser um conjunto
de preceitos externos a cumprir para conquistar a salvação, para se tornar
expressão de um verdadeiro compromisso com Deus e com o “Reino”.
MENSAGEM: O primeiro exemplo que o Evangelho de hoje nos propõe (o quinto da lista) refere-se à chamada “lei de talião”: “olho por olho, dente por dente” (cf. Ex 21,24; Lv 24,20; Dt 19,21). Em si, é uma lei destinada a evitar as vinganças excessivas… Na perspectiva de Jesus, é preciso acabar com a espiral de violência, assumindo uma atitude pacífica.Jesus apresenta quatro casos concretos. No primeiro, pede que não se responda com a mesma moeda àquele que nos agride, mas que se desarme o violento oferecendo a outra face; no segundo, recomenda que, diante de uma exigência exorbitante (entrega da túnica), se responda entregando ainda mais (a entrega da capa, vestimenta que servia para proteger dos rigores da noite); no terceiro, exige que se acompanhe por duas milhas aquele que quer forçar-nos a acompanhá-lo por uma (provavelmente, uma prática frequente das patrulhas romanas que requisitavam os Palestinos para que as guiassem durante algum tempo); no quarto, Jesus recomenda que não deixe sem atender aquele que pede dinheiro emprestado… Este conjunto de exemplos concretos aponta numa única direção: os membros da comunidade de Jesus devem manifestar a todos um amor sem medida, que vai muito além daquilo que é humanamente exigido. Dessa forma, eles inauguram uma nova era de relações entre os homens.
O segundo exemplo (o sexto da lista) refere-se ao amor aos inimigos. Jesus afirma que a Lei antiga recomendava: “ama o teu próximo e odeia o teu inimigo”… Para Jesus, o amor deve atingir a todos, sem exceção, inclusive os inimigos. Fica, assim, abolida qualquer discriminação. Qual o motivo desta exigência? É porque Deus também não faz discriminação no seu amor. Ele é o Pai que não distingue entre amigos e inimigos, que faz brilhar o sol e envia a chuva sobre bons e maus, que oferece o seu amor a todos, inclusive aos indignos. O amor universal de Deus é a razão do amor que os membros do “Reino” devem oferecer a todos que Deus coloca no seu caminho. “Ser filho de Deus” significa dar testemunho do amor de Deus e parecer-se com Deus no modo de agir.
A expressão final (“sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”) parafraseia o refrão da “lei da santidade” que encontramos na primeira leitura (“sede santos porque Eu, o vosso Deus, sou santo”) e resume, de forma magnífica, o ensinamento que Mateus pretende apresentar à sua comunidade com estes seis exemplos (os quatro do domingo passado e os dois de hoje): viver na dinâmica do “Reino” exige a superação de uma perspectiva legalista e casuística, para viver em comunhão total com Deus, deixando que a vida de Deus, que enche o coração do crente, se manifeste na vida do dia-a-dia, inclusive nas relações fraternas.
ATUALIZAÇÃO
- • Ao aceitar o
desafio de viver em comunhão com Deus, eu sou chamado a dar testemunho da vida
de Deus diante de todos os meus irmãos e a ser um sinal vivo de Deus, do seu
amor, da sua perfeição, da sua santidade, no meio do mundo.
• A dinâmica do “Reino” implica a
superação de uma religião feita de leis, de ritos, de gestos externos e
transborde em gestos de amor para com os irmãos.
• Jesus pede a superação de uma lógica
de vingança, de responder na mesma moeda, e que inverta a espiral de violência
e que inaugure um novo espírito nas relações entre os homens..
• Jesus pede o amor a todos, inclusive
aos inimigos, subvertendo a lógica do mundo. “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34).
** É mais
do que «perdoar os inimigos», que já é muito. Amar quer dizer responder ao ódio
com o amor. Trata-se de um excesso de amor. Porque, «se amar os amigos é de
todos, amar os inimigos é só dos cristãos», como escreveu Tertuliano.
«Jesus viveu e morreu em
vão, se não aprendemos dele a regular as nossas vidas pela lei do amor»,
escreveu Gandhi.
Valem, então, as palavras
de Jesus: «Amai os vossos inimigos, fazei bem àqueles que vos odeiam, bendizei
aqueles que vos amaldiçoam, rezai por aqueles que vos maltratam» .Tudo isto,
«para que sejais filhos do vosso Pai celeste, que faz nascer o sol para os bons
e para os maus, e manda a chuva para os justos e os injustos... Sede, portanto,
perfeitos como é perfeito o Pai celeste» (Mt 5, 45-46).
SEGUNDA
LEITURA (1Cor 3,16-23)Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, acaso não sabeis que sois santuário de Deus e
que o Espírito de Deus mora em vós? Se alguém destruir osantuário de Deus, Deus
o destruirá, pois o santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário.
Ninguém se iluda: se algum de vós pensa que é sábio nas coisas deste mundo,
reconheça sua insensatez, para se tornar sábio de verdade; pois a sabedoria
deste mundo é insensatez diante de Deus. Com efeito, está escrito: “Aquele que
apanha os sábios em sua própria astúcia”, e ainda: “O Senhor conhece os
pensamentos dos sábios; sabe que são vãos”. Portanto, que ninguém ponha a sua
glória em homem algum. Com efeito, tudo vos pertence: Paulo, Apolo, Cefas, o
mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro; tudo é vosso, mas vós sois de
Cristo, e Cristo é de Deus.
AMBIENTE - Continuamos no contexto da comunidade
cristã de Corinto. Depois de apresentar a “sabedoria de Deus”, revelada em
Jesus Cristo (“loucura da cruz”) e oferecida aos homens (cf. 1 Cor 1,18-2,16),
Paulo constata que os coríntios ainda não acolheram essa sabedoria: mantêm-se
na dimensão do homem carnal (isto é, do homem fraco, limitado, pecador, escravo
das suas paixões), imaturos na fé; cultivam as divisões e os conflitos, em
flagrante contradição com o que Jesus lhes ensinou; correm atrás de mestres
humanos como se eles tivessem a chave da felicidade e da realização plena,
esquecendo que, por detrás de Paulo ou de Apolo, está Deus (cf. 1 Cor 3,1-15).
MENSAGEM - É por isso que Paulo pergunta: “Não
sabeis que sois Templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” O
Templo é, no contexto do Antigo Testamento, a residência de Deus, o lugar da
presença de Deus no meio do seu Povo. Mas agora, considera Paulo, é a
comunidade cristã que é o verdadeiro Templo onde Deus reside, onde ele se
manifesta aos homens e onde ele oferece a salvação. Ora, pode ser Templo de
Deus onde reside o Espírito e viver no conflito, na divisão, no ciúme, no
confronto?
Paulo exorta a deixarem a “sabedoria do mundo” e a pautarem a sua existência pela “sabedoria de Deus” (que é amor, dom da vida, que é cruz). E Paulo volta a recordar: a “sabedoria de Deus” parece ser loucura aos olhos do mundo; mas é nessa “loucura” que reside o segredo da vida em plenitude.
Para Paulo, o verdadeiro segredo da felicidade não está na ciência, na técnica, na elegância dos discursos; mas está em Jesus e, de forma privilegiada na cruz, nos mostrou que só o amor, a doação, a entrega, o serviço, geram vida plena e fazem nascer o Homem Novo.
A última frase do nosso texto é muito rica: “tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”. Deve ser compreendida em função de 1 Cor 1,12: “cada um de vós diz: ‘eu sou de Paulo; e eu de Apolo; e eu de Cefas’”… “Não é assim”, esclarece Paulo. “Vós não pertenceis a estes pregadores; eles é que vos pertencem a vós, pois são vossos servidores. Eles estão ao vosso serviço para que vós descubrais Cristo e a ‘loucura da cruz’ e, para que por Cristo, o mediador da salvação, chegueis a Deus”.
Paulo exorta a deixarem a “sabedoria do mundo” e a pautarem a sua existência pela “sabedoria de Deus” (que é amor, dom da vida, que é cruz). E Paulo volta a recordar: a “sabedoria de Deus” parece ser loucura aos olhos do mundo; mas é nessa “loucura” que reside o segredo da vida em plenitude.
Para Paulo, o verdadeiro segredo da felicidade não está na ciência, na técnica, na elegância dos discursos; mas está em Jesus e, de forma privilegiada na cruz, nos mostrou que só o amor, a doação, a entrega, o serviço, geram vida plena e fazem nascer o Homem Novo.
A última frase do nosso texto é muito rica: “tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”. Deve ser compreendida em função de 1 Cor 1,12: “cada um de vós diz: ‘eu sou de Paulo; e eu de Apolo; e eu de Cefas’”… “Não é assim”, esclarece Paulo. “Vós não pertenceis a estes pregadores; eles é que vos pertencem a vós, pois são vossos servidores. Eles estão ao vosso serviço para que vós descubrais Cristo e a ‘loucura da cruz’ e, para que por Cristo, o mediador da salvação, chegueis a Deus”.
ATUALIZAÇÃO - • Os cristãos são Templo de Deus e as
testemunhas da sua salvação.
• O que é que preside à minha vida: a “sabedoria de Deus” que é
amor, ou a “sabedoria do mundo”, que é luta pelo poder, pelo poder econômico,
pelos bens perecíveis e secundários?
Dehonianos
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Pe. Antônio
Geraldo
Perfeitos como o Pai
Nesse
domingo, continuaremos o Sermão da Montanha.
Jesus
nos coloca a essência do seu ensinamento: O AMOR, para sermos "perfeitos
como o Pai".
O
Evangelho
apresenta mais dois exemplos (antíteses), que mostram a novidade de Jesus em
relação a antiga Lei:
Perdão
x vingança, Amor x Ódio... (Mt, 5,38-48)
1)PERDÃO: "Ouvistes: Dente por dente, olho por
olho..."
É a conhecida Lei do talião,
que não pretendia autorizar a vingança, mas limitar: não podia ser maior do que
a violência original...
EU: "Não ofereçais resistência ao malvado...":
Jesus cita quatro exemplos de situações de violência:
- Violência física: Se
te bater na Face direita; oferece a esquerda;
- Injustiça econômica: Se
tomar tua túnica; dá-lhe também o manto;
- Abuso do Poder: Se mandar andar um Km; anda dois;
- empréstimo: Se alguém te pedir; não vires as costas.
Na
lógica dos homens é uma loucura...
-
A Lei antiga procurava limitar a violência, mas, na prática,
justificava...
-
JESUS: Não é suficiente o
perdão... o Cristão deve ser um sacramento de amor e de perdão.
PERDÃO: é uma extensão
do amor. Através do perdão, o amor é confirmado e a paz se faz presente na
relação humana.
A
não resistência ao malvado rompe o ciclo contínuo da vingança.
-
Perdão é cortar o mal pela raiz, extinguindo a maldade e o ressentimento.
A dificuldade de perdoar impede o seguimento
radical de Jesus Cristo
-
Não é uma resignação fatalista, mas a não violência ativa do amor...
(Exemplos: M.L.King, Gandhi, Dom Romero...)
-
Suportar a injustiça não significa aprová-la, pode ser uma denúncia
profética...
= Amar como Deus ama é o núcleo do novo.
Só assim podemos rezar o Pai Nosso: "Perdoai, assim como perdoamos..".
*
O Espírito de vingança ("Talião" de hoje) está bem enraizado também
em nosso coração:
"Quem ri por último, ri
melhor..."; "Não levo desaforo para casa..."
2)
AMOR AOS INIMIGOS: "Ouviste o que foi dito: Amarás o teu
próximo, e odiarás o teu inimigo..."
EU: "Amai os vossos inimigos, e rezai pelos
que vos perseguem..."
-
Já no Antigo Testamento
encontramos:
. "Não
guardes ódio no coração contra teu irmão".
. "Não
procures vingança, nem guardes rancor aos teus compatriotas".
. "Amarás o
próximo como a ti mesmo...
"(1ª Leitura Lv 19,1-2.17-18)
O
texto esclarece que a "Santidade" que o Senhor exige não se manifesta
em formas de religiosidade externa,
mas
no amor ao irmão. Mas na prática, o amor ao próximo se limitava só para os
compatriotas...
-
JESUS: amplia as dimensões da
caridade: amar até os inimigos...
Motivo: Uns e outros
são filhos de Deus = irmãos...
A
compreensão de que somos todos filhos do mesmo Pai e Mãe e a percepção de que
seu amor é sem limites leva à fraternidade universal, à solidariedade e à
partilha, vivendo-se com alegria, tendo como meta a união e a paz.
E
nos apresenta um Modelo: O
Pai Celeste:
"Sede
perfeitos como o Pai celeste é perfeito..."
A
imitação de Deus, na sua perfeição ou santidade, concretiza-se no amor
manifestado também ao inimigo.
Trata-se
de um amor gratuito e desinteressado, que supera a restrição à religião e à
raça.
"Desse modo
vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus".
O
amor sem distinção possibilita fazer a experiência de filhos, reproduzindo na
terra a bondade do Pai celeste,
que
"faz nascer o seu sol sobre maus e
bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos."
O
amor leva a superar o espírito de hostilidade, a vingança, o ódio e o rancor,
para construir a fraternidade.
Só
assim nos tornamos verdadeiros filhos de Deus...
- "Se amais
aos que vos amam... que recompensa tendes? também os publicanos (pecadores) o
fazem..."
- "Se
saudais os vossos irmãos... Os gentios também o fazem..."
A
2ª
Leitura responde que é uma loucura para os homens, mas é
"Sabedoria" para Deus. (1Cor
3, 16-23)
+
Temos inimigos a perdoar e rezar por eles?
+
Pessoas que não gostamos ou que não gostam de nós?
+
Qual a nossa atitude para com elas?
+
A Eucaristia que celebramos é de fato um gesto de COMUNHÃO com Deus e os
irmãos?
Pe. Antônio Geraldo
=========------------------=========
HOMILIA DE D. HENRIQUE
SOARES da Costa
Caríssimos irmãos no Senhor, mais uma vez
estamos reunidos para a santa Eucaristia dominical, na qual encontramos o
Ressuscitado, alimentamo-nos da sua palavra e
nutrimo-nos do seu Corpo sagrado. Com efeito, ele está conosco, ele nos fala,
ele se dá a nós, totalmente! Ouvir o Senhor, alimentar-se dele - pensem bem -,
significa abrir-se para ele porque nele cremos. É isto crer, meus caros: viver
abertos de verdade para o Senhor, deixando que ele plasme a nossa vida, ilumine
os nossos caminho, vá invadindo e transformando toda a nossa existência.
Se pensarmos bem, é a uma atitude assim
que a Palavra de Deus hoje nos convida. O Senhor Deus nos diz: “Sede
santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”; depois, no Evangelho,
insiste: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito!” Em
outras palavras: Sede como o vosso Deus, deixai-vos invadir por ele,
transformar por ele! Deixai que ele seja o lastro, o alicerce, o fundamento, o
rumo da vossa vida! Crer nele e deixar-se invadir por ele e ir assumindo seus
sentimentos, seus pensamentos, seus desígnios. Observai como na primeira
leitura o Senhor Deus afirma: “Eu sou o Senhor!” Se eu sou o Senhor para vós,
sede santos como eu, tende um coração como o meu: não guardes ódio no coração,
não te vingues, repreende o teu próximo com bom coração, ama de verdade o
próximo como a ti mesmo!
Compreendeis, caríssimos? Não podemos
dizer que Deus é o Senhor e, ao mesmo tempo, vivermos do nosso modo, como se
nós próprios fôssemos o nosso Deus! Alguém que viva do seu modo, seguindo seus
próprios critérios, alguém que se julgue o senhor do bem e do mal e veja,
analise, julgue e aja de acordo com seus próprios pensamentos, gostos e
prioridades, independente da vontade de Deus – e essa vontade de Deus não é
teórica, distante, mas nos aparece nas Escrituras interpretadas pela Igreja com
a autoridade de Cristo – alguém assim, mesmo que dissesse que acredita, não crê
de verdade, não exprime na vida que Deus é seu Senhor! Ah, caríssimos, que há
tantos crentes de nome e ateus de vida! Há tantos, como diz o Apóstolo, “que
se comportam como inimigos da cruz de Cristo. O seu fim será a perdição; o seu
deus, é o ventre; e sua glória, eles a põem na própria ignomínia, já que só
levam a peito as coisas da terra” (Fl 3,18-19). Viver na vontade do
Senhor, abertos ao Senhor, àquele Deus Santo que se manifestou como Poder,
Santidade, Sabedoria e Salvação na fraqueza, na maldição, na loucura e na
perdição da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo!
A mesma ideia aparece na
segunda leitura de hoje: vede como São Paulo nos convida ter plena consciência
de que não nos pertencemos: “Irmãos, acaso não sabeis que sois
santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós?” Somos
santuário de Deus, isto é, somos templo, morada do seu Santo Espírito, aquele
Espírito que Jesus morto e ressuscitado derramou em nossos corações desde o
nosso batismo. Então, como poderíamos viver do nosso jeito? Como poderíamos
seguir a lógica da moda, da maioria, do mundo atual? Como poderíamos abraçar a
louca e tola sabedoria do mundo atual? Que palavras claras e escandalosas as do
Apóstolo: “Ninguém se iluda: se algum de vós pensa que é sábio nas
coisas deste mundo, reconheça sua insensatez para se tornar sábio de verdade;
pois a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus!” O que
significam tais palavras? É preciso deixar nossa lógica mundana para abraçar a
lógica de Deus; e esta lógica – nunca esqueçamos, nunca deixemos de repetir -
manifestar-se-á sempre e somente na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo! Era isto
que o nosso bendito Salvador dizia no Domingo passado e continua a dizer neste
hoje: a nossa religião tem que superar a dos escribas e fariseus! Lembram de
oito dias atrás? “Se a vossa justiça, isto é, se o vosso modo de
praticar a religião, de cumprir os preceitos, não for maior que a justiça dos
escribas e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus!” em que
nossa prática deve ser maior? No modo de viver a religião: um modo interior,
nascido do amor a Deus e aos irmãos; um amor que deixa de verdade Deus entrar,
habitar em nós como num templo, nos questionar, nos transformar; uma prática da
religião suscitada, sustentada, impulsionada, animada pelo Santo Espírito!
Observai, amados no Senhor, como Jesus chama atenção não primeiramente para a
letra do preceito, mas para o espírito, a intenção, a motivação com a qual se
realiza o preceito: “Ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente” –
é justo, era a medida da justiça da Lei de Moisés e ainda hoje é a medida de
todos os tribunais do mundo. Este preceito não é de vingança; é de justiça: um
olho por um olho, um dente por um dente! “Eu, porém, vos digo: não só justiça,
mas misericórdia, generosidade, porque vosso Deus é assim!” “Ouvistes o que foi
dito: amarás a quem te ama, não tens obrigação para com teus inimigos. Eu,
porém vos digo: amai a todos, amai sem esperar recompensa, porque o coração do
vosso Pai no céu é assim!” Abri-vos, pois, irmãos meus, abri-vos para Deus,
aquele Deus que vos deu tudo quando vos deu o Filho Único, o Amado, até a morte
e morte de cruz!
Caríssimos, vivemos num mundo no qual o
homem se colocou como o centro. Até mesmo na Igreja há pessoas que pensam num
cristianismo à medida do homem e do gosto das modas atuais. Há cristãos, há
teólogos que pensam assim: “Se fizermos como o mundo espera, vamos atrair o
mundo para a Igreja; se fizermos adaptações no cristianismo e na Igreja ele se
tornará atraente...” Não! É Cristo quem atrai, é Cristo crucificado e
ressuscitado o critério! Não se trata de atrair para a Igreja, mas para o Jesus
vivo e verdadeiro, com toda a sua verdade, com todo o seu amor, com toda a sua
exigência que nos liberta, nos tira de nós e nos dá a vida em abundância! O
resto é pensamento humano, vazio e estéril! Repito, caríssimos: o centro é
Cristo Jesus que nos leva ao Pai: é ele o critério, é ele a medida, é ela a
única verdade! Quando nos deixamos transformar por ele somos livres de verdade
e de verdade damos glória a Deus. Nunca esqueçais, amado meus: “Tudo
vos pertence, tudo é vosso, mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus”.
A ele a glória pelos séculos. Amém.
D. Henrique Soares da Costa
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Homilia
Pe. Françoá Costa
Amor aos inimigos
Amor a quem? Aos inimigos? Sim. Aos que nos
odeiam e aos que nos maltratam, aos que nos perseguem e aos que falam mal de
nós, nem excluímos os que difamam a Igreja e os que injuriam os ministros de
Deus. Também os insensatos que afirmam disparates contra a fé e os bons
costumes tentando corromper a família, a juventude e as crianças, devem ser
objetos do nosso amor que perdoa. Enfim, todos os que nos consideram inimigos –
nós, ao contrário, não somos inimigos de ninguém – se sintam amados e perdoados
por nós. O amor de Cristo não conhece fronteiras e nós, seus discípulos, também
devemos desconhecê-las.Cristo não pregou essa doutrina somente com a palavra, mas também com o exemplo. Do alto da cruz, depois de crucificado por aqueles deicidas, ou seja, por todos os pecadores, pronuncia aquelas palavras que continuam nos comovendo profundamente: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Faz dois mil anos que essas palavras ressoam aos ouvidos do Pai que, em atenção a essa súplica do seu Filho, ao qual não fizeram justiça, continua perdoando e nos levando ao Paraíso.
“Mais do que em “dar”, a caridade estar em “compreender” (S. Jose Maria Escrivá, Caminho, 463). O que nós fazemos para compreender aqueles que se dizem nossos inimigos? Será que nós pensamos que essas pessoas tem fome de Deus e de que, no fundo, desejariam ser felizes ao lado do Senhor? De fato é assim: eles desejam a felicidade e, consequentemente, desejam a Deus. Demos graças a Deus pelo dom da fé e pela boa formação que vamos recebendo no seio da Igreja, já que se não fosse a bondade de Deus para conosco seríamos piores que aqueles que, quiçá, julgamos endiabrados.
Certa vez dois jovens viram a um sacerdote passar pela rua e decidiram incomodá-lo; um deles disse, então, uma terrível blasfêmia. Realmente, conseguiram o seu objetivo: o sangue do padre subiu fervendo, ainda que exteriormente o sacerdote procurasse mostrar a máxima amabilidade possível para falar com aqueles jovens não desde a imposição, mas com uma proposta inteligente. O padre disse aos jovens: “eu passei pacificamente pela rua, não disse nada a nenhum de vocês. Qual é a razão dessa blasfêmia? Vocês não respeitam a Deus?” Um dos jovens respondeu: “Deus não existe”. O sacerdote replicou: “se Deus não existe, então porque você blasfema contra alguém que não existe? Não me parece lógico”. O outro jovem, que estava ao lado do seu amigo escutando esse diálogo entre o padre e seu interlocutor, interviu: “olha, cara, eu acho que o padre tem razão: se Deus não existe porque você está blasfemando contra alguém que não existe?” O outro rapazinho, o que blasfemara, pensou por uns segundos e disse: “é mesmo, padre. Desculpa aí.” O sacerdote gostou da atitude daqueles garotos e terminou a conversa da seguinte maneira: “ainda que vocês não acreditem em Deus, eu vou rezar por vocês; pode ser?” Ao que eles responderam: “pode sim, mal é que o senhor não nos vai fazer?” O que aconteceu aos jovens depois daquela conversa com o padre eu não sei, o que eu sei é que aquele jovem padre continua convencido de que um gesto amável e uma proposta acompanhada de um sorriso valem mais que uma bronca.
Às vezes as pessoas necessitam alguém que possa dialogar com elas. Não se comportam dessa maneira simplesmente por “espírito de porco”, como se diz, mas é que ignoram as verdades mais básicas, inclusive as da lógica mais elementar. É preciso ter paciência, amar a essas pessoas e caminhar com elas, como Jesus, que comia com os pecadores e com os cobradores de impostos. Jesus, que veio salvar aos pecadores, conversava com os seus inimigos frequentemente e, mesmo sofrendo, do alto da cruz, mostrou-lhes um gesto de carinho suplicando para eles o perdão do seu Pai.
Não olhemos as pessoas desde cima, como se fossem inferiores a nós, ainda que nos considerem inimigos. A caridade exige justamente o contrário: colocar-nos ao serviço deles, ver os aspectos positivos dos demais, fomentar as qualidades que o outro tem e entrar – de certa maneira – no universo dele para procurar compreendê-lo. E, dessa maneira, desde a visão do outro, ainda que errônea, procurar encaminhar tudo para o bem, para Deus.
Que bom é saber amar, saber perdoar, saber compreender. Graças sejam dadas ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo que quis difundir o amor que há entre eles às suas criaturas inteligentes. É verdade, Deus foi crucificado por amar. É verdade, talvez sejamos crucificados por amar. Mas, não tem problema, outros foram crucificados por roubar. Sempre se pode ser crucificado, o sofrimento é uma experiência universal. No entanto, somente o cristianismo pode oferecer o autêntico sentido do sofrimento porque tem o seu modelo em Cristo, o justo sofredor que morre perdoando os inimigos e os liberta das suas dores.
Pe. Françoá Costa.
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