quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

6º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A, homilias, subsídios homiléticos


6º DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2020
 (Adaptado pelo Diácono Ismael)

SINOPSE:
Tema: As nossas atitudes diante do projeto de Deus.
Primeira leitura: O homem é livre de escolher entre a proposta de Deus e a autossuficiência do próprio homem. Para ajudar, Deus propõe “mandamentos”: são “sinais” que indicam o caminho da salvação.
Evangelho: completa a reflexão balizada pelos “mandamentos”: não apenas de cumprir regras externas; mas de assumir uma adesão a Deus e às suas propostas em todos os passos da vida.
Segunda leitura: Paulo apresenta o projeto de Deus (“sabedoria de Deus” ou “o mistério”). É um projeto que Jesus Cristo revelou com palavras, gestos e, sobretudo, com a sua morte na cruz.

PRIMEIRA LEITURA (Eclo 15,16-21) -  Leitura do Livro do Eclesiástico.
Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás. Diante de ti, Ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente. Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem. Ele conhece todas as obras do homem. Não mandou a ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar. Palavra do Senhor. T. Graças a Deus.

AMBIENTE - O Livro de Ben Sira (“Eclesiástico”) é um livro “sapiencial” – apresenta uma reflexão sobre a arte de viver bem, e ter êxito e ser feliz. Estamos no séc. II a.C.; a cultura grega minava a cultura, a fé, os valores tradicionais de Israel. Jesus Ben Sira apresenta uma síntese e da sabedoria da religião de Israel, mostrando que não fica a dever nada à cultura grega.

MENSAGEM - Opção entre dois caminhos – o caminho da vida e da felicidade e o caminho da morte e da desgraça. Essa é questão: se o homem escolhe caminhos de orgulho e de autossuficiência, à margem de Deus, prepara um futuro de morte e de desgraça; mas se o homem escolhe viver no “temor” de Deus e no respeito pelas propostas de Jahwéh (mandamentos), ele constrói um futuro de felicidade. Um pormenor é que Deus respeita a liberdade do homem. O  homem que faz as suas escolhas e tem nas mãos o próprio destino. Deus indica os caminhos para à vida e à felicidade; mas, respeita as opções que o homem faz. Resta ao homem fazer suas escolhas: com Deus, ou contra Deus; ou um destino felicidade, ou desgraça.

ATUALIZAÇÃO • Sentimos essa responsabilidade de encolher, ou apenas seguimos a moda de outros valores?
• Uma proposta leva à vida e à felicidade. Percorrer esse caminho implica escuta de Deus e suas propostas.
• A outra proposta é o caminho do egoísmo, da autossuficiência, do orgulho, ignorando as propostas de Deus que geram injustiça, miséria, exploração, sofrimento, morte.
• Atenção: a morte e a desgraça é o resultado de escolhas egoístas, que geram desequilíbrios e que destroem a paz, a harmonia do mundo, da família e de mim próprio.

SALMO RESPONSORIAL / 118(119)
Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
• Feliz o homem sem pecado em seu caminho, / que na lei do Senhor Deus vai progredindo! / Feliz o homem que observa seus preceitos / e de todo o coração procura a Deus!
• Os vossos mandamentos vós nos destes, / para serem fielmente observados. / Oxalá seja bem firme a minha vida / em cumprir vossa vontade e vossa lei!
• Sede bom com vosso servo, e viverei / e guardarei vossa palavra, ó Senhor. / Abri meus olhos, e então contemplarei / as maravilhas que encerra a vossa lei!
• Ensinai-me a viver vossos preceitos; / quero guardá-los fielmente até o fim! / Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei / e de todo o coração a guardarei.

EVANGELHO (Mt 5,17-37) Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus. Porque eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: 'patife!' será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno. Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes o que foi dito: 'Não cometerás adultério'. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno. Foi dito também: 'Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio'. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério. Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: 'Não jurarás falso', mas 'cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor'. Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde apóia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. Não jures tão pouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. Seja o vosso 'sim', 'Sim', e o vosso 'não', 'Não'. Tudo o que for além disso vem do Maligno.”

AMBIENTE – dissemos: o discurso de Jesus “no alto de um monte” transporta-nos à montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu a Lei; agora, é Jesus que, numa montanha, oferece ao novo Povo de Deus essa nova Lei do “Reino”, que deve guiar os discípulos de Jesus na sua marcha pela história. As questões são: continuamos a cumprir a Lei de Moisés? Jesus não aboliu a Lei antiga? O que é que há de verdadeiramente novo na mensagem de Jesus?

MENSAGEM - Cristo não veio abolir essa Lei que Deus ofereceu no Sinai. Os fariseus achavam que a salvação passava pelo cumprimento de certas normas concretas; mas Mateus achava que a proposta libertadora de Jesus ia mais além e passava por assumir uma atitude interior de compromisso total com Deus e com as suas propostas.
A Lei de Moisés exige o não matar; mas, na perspectiva de Jesus (que exige uma nova atitude interior), o não matar implica o evitar causar qualquer tipo de dano ao irmão… Há muitas formas de destruir o irmão: as palavras que ofendem, as calúnias que destroem, os gestos de desprezo que excluem, os confrontos que põem fim à relação. Os discípulos do “Reino” têm que assumir uma nova atitude, mais abrangente, que os leve a um respeito absoluto pela vida e pela dignidade do irmão. Na perspectiva de Mateus, a reconciliação com o irmão deve sobrepor-se ao próprio culto, pois é uma mentira a relação com Deus de alguém que não ama os irmãos. Sou mentiroso, pois, se odeio a imagem e semelhança de Deus e entro na igreja para louvar a Deus?
O adultério. A Lei de Moisés exige o não cometer adultério; mas, na perspectiva de Jesus, é preciso ir nas raízes – ou seja, no coração … É no coração que nascem os desejos de apropriação daquilo que não lhe pertence; portanto, é ali que é preciso realizar uma “conversão”. Arrancar o olho ou cortar a mão que é ocasião de pecado, são expressões fortes (da cultura semita) para dizer que é preciso atuar lá onde as ações más têm origem e eliminar, na fonte, as raízes do mal.
O terceiro refere-se ao divórcio. A Lei de Moisés permite ao homem repudiar a sua mulher; mas, na perspectiva de Jesus, a Lei tem de ser corrigida: o divórcio não estava no plano original de Deus, quando criou o homem e a mulher e os chamou a amarem-se e a partilharem a vida.
O quarto refere-se à questão do julgamento. A Lei de Moisés pede fidelidade ao juramento; mas, na perspectiva de Jesus, a necessidade de jurar implica desconfiança que é incompatível com o “Reino que os simples “sim” e “não” bastam.
A questão essencial é: é preciso uma atitude interior nova com Deus que envolva o homem todo e lhe transforme o coração.

ATUALIZAÇÃO • Cumprir regras externas não assegura, automaticamente, a salvação. Os nossos comportamentos têm de resultar, não do medo, mas de verdadeira adesão a Deus e às suas propostas. Os “mandamentos” me ajudam na relação com Deus e a não me desviar do caminho que conduz à vida.
• “Não matar” é evitar tudo aquilo que cause dano ao meu irmão.

SEGUNDA LEITURA (1Cor 2,6-10) Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, entre os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão votados à destruição. Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que, desde a eternidade, Deus destinou para nossa glória. Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está escrito, “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus.

AMBIENTE - A pretensão dos coríntios era equiparar a fé cristã a um caminho filosófico sob a orientação de mestres humanos (para uns, Paulo, para outros Pedro, para outros Apolo), à maneira das escolas filosóficas gregas. Paulo está consciente que o único mestre é Cristo e que a verdadeira sabedoria não está no brilho e na elegância das palavras, mas resulta da cruz.

MENSAGEM - Para Paulo, falar da “sabedoria de Deus” é falar do projeto de salvação que Deus preparou para a humanidade, no sentido de nos levar à salvação, à vida plena. Esse plano resulta do amor de Deus revelado através do seu Filho, Jesus Cristo (antes da revelação feita através das palavras, agora dos gestos de Cristo). Ele veio ao nosso encontro, fez aliança conosco, indicou-nos os caminhos da felicidade; e nos libertou do pecado, nos inserindo numa dinâmica de amor e de doação da vida à comunhão com Deus e com os irmãos. Na cruz está expressa esta história de amor por nós… Esse plano de salvação continua na vida dos crentes pela ação do Espírito: é o Espírito que nos anima a nascermos, dia a dia, como homens novos, até nos identificarmos com Cristo.

ATUALIZAÇÃO • O projeto de salvação que Deus tem para os homens garante a vida plena, a identificação final com Cristo. Os crentes olham a vida com os olhos cheios de confiança, que sabem enfrentar sem medo os problemas que o dia-a-dia lhes apresenta, e que caminham cumprindo a sua missão no mundo, em direção à meta final que Deus reservou.
• No entanto, Deus não força ninguém: a opção pelo caminho é uma escolha livre. O que Deus faz é dar “sinais” (mandamentos) que indicam como chegar a essa meta final de vida definitiva.
Dehonianos

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O Cristão e a Lei

A LEI DE DEUS: Para muitos, é um tabu, uma série de proibições.
- Será esse o verdadeiro sentido dos Mandamentos?

A 1a Leitura nos apresenta Deus propondo os Mandamentos ao Povo de Israel, num clima de aliança... E o povo acolhe unânime. (Eclo 5,16-21)

* Para o povo de Israel, o amor e a fidelidade à Lei constituem toda a justiça e a santidade... Apesar de muitas infidelidades...  Mas, com o passar do tempo, reduziu a Lei a uma observância puramente externa, sem uma convicção interior mais profunda...

No Evangelho, CRISTO censura tal atitude: "Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus!"

* Não é suficiente uma fidelidade material e externa da Lei...    É preciso uma fidelidade mais profunda, interior...

E Jesus apresenta 6 exemplos concretos.
São Antíteses: "Ouvistes o que foi dito... EU, porém, vos digo..." 
mediante as quais ele proclama o sentido da nova Lei.
Hoje são lidas as primeiras quatro, referentes aos temas:
Homicídio, Adultério, Divórcio e Perjúrio.
As última duas: Perdão no lugar  de vingança (Lei do talião) e
e o Amor ao inimigo, em invés de ódio, fica para o próximo domingo.

1) HOMICÍDIO: "Ouvistes: Não matarás...  aquele que matar terá de responder em Juízo..."
EU: "Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão,  terá que responder em  juízo..."

CONDENA: todo tipo de morte: calúnia... mentira... fraude... ofensa...
                      Matar lideranças, não dando espaço na comunidade... E o ABORTO?
(Se houvesse um Raio X capaz de mostrar o cemitério que criamos dentro de nosso coração, nós nos assustaríamos... Quantas pessoas estão mortas, para nós!

2) ADULTÉRIO: "Ouvistes: não cometerás adultério..." (eram bem mais severos para as mulheres).
EU: "Quem olhar para uma mulher com desejo desonesto... já pecou em seu coração".
CONDENA: Não só o ato consumado de adultério, mas também o desejo... o adultério de coração.... certas amizades já são adultério... Não basta manter escondido da esposa ou do esposo as infidelidades.
"Se teu olho for ocasião de queda... corta-o"... Não devemos tomar ao pé da letra, mas significa radicalidade.

3) DIVÓRCIO: "Ouvistes: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe um certificado de repúdio".
           A lei de Moisés "tolerava" o divórcio em certos casos (união ilícita), para preservar a mulher nesses casos: direito de igualdade.
EU: "Todo aquele que repudia sua mulher, faz com que ela adultere:  E quem se casa com ela, comete adultério".

CONDENA: O Divórcio anula a tolerância da Lei mosaica... e afirma a indissolubilidade do vínculo matrimonial...
        * Qual nossa Atitude Pastoral, hoje, para os separados, e os de 2ª União?

4) PERJÚRIO: "Ouviste: Não jurarás falso...”
EU: "Não jureis de modo algum... Vosso SIM seja SIM, vosso NÃO, NÃO.
         Tudo que for, além disso, vem do Maligno..."

CONDENA: A falsidade... - E por que precisa jurar? Não basta uma prática apenas externa da lei... temos que obedecer, viver o espírito da Lei.

O Sermão da Montanha nesse trecho nos ensina que a vida espiritual não está num catálogo de normas perfeitas que proíbem as más ações, mas limpeza da fonte de todas as ações: o coração. Pois dele procedem assassínios, adultérios, prostituições, falsos testemunhos e difamações.

O Salmo afirma: "Feliz quem tem vida pura e segue a Lei do Senhor".

Na 2ª Leitura, Paulo fala da "Sabedoria de Deus", tão diferente da dos homens.  (1Cor 2,6-10)

E NÓS, como observamos os Mandamentos?
- Com o espírito do Antigo Testamento? (fazer isto ou aquilo porque é lei, porque é "obrigado" ?
- Por que vou à Missa?  Porque é um preceito?

"Se a justiça de vocês não for maior que a dos escribas e fariseus...  vocês não entrarão no Reino dos céus".

"Quem me AMA, guarda os meus mandamentos..."
 Seja a nossa observância uma expressão sincera e profunda  do nosso amor para com Deus.      

                                            Pe. Antônio Geraldo

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Homilia do Pe. Pedrinho

Meus irmãos e irmãs, as leituras deste domingo são muito ricas. Não é possível, agora, tocar em todos os pontos. Senão, iríamos prolongar muito. De qualquer maneira, são palavras que nos animam a viver firmes na fé e VIVER na sabedoria de Deus. Daqui a pouco, na Celebração Eucarística (missa) nós iremos dizer: Senhor, obrigado porque nos achastes dignos de estarmos aqui presentes. Fomos chamados por Deus para  CELEBRAR ESTA ALIANÇA e fazer esta caminhada com Ele.
Outro dia, um artigo de jornal trazia um grande filósofo argumentando porque ele não crê em Deus.  Ele dizia: “ Eu não creio em Deus, porque se Deus é o todo poderoso, como é que ele permite injustiças, sofrimentos, como é que ele permite que uns sejam beneficiados e outros não”. Eu mesmo dizia comigo mesmo: Ele precisa ouvir um pouco a Palavra de Deus para ver se não está equivocado. Porque a primeira Leitura hoje é muito clara: Deus nos trata realmente como seres humanos e nos leva a sério! Veja a primeira leitura:  Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente. Você pode escolher o bem ou o mal. Se escolheu o mal, fez a suja escolha. Se escolher o bem, também fez a sua escolha. A liberdade é sua, mas Deus não dá licença para qualquer um pecar. O que significa, que se eu creio em Deus, eu não tenho licença para o pecado. A história de dizer que somos livres, depende em que aspecto. Eu sou livre para fazer o bem e não sou livre para pecar. Veja lá: Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem. Ele conhece todas as obras do homem. Não mandou a ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar. Eu me torno livre, na medida em que estabelecida esta aliança com Deus, eu passo a seguir o caminho. Agora, se eu não quero compromisso com Deus, então, eu posso fazer o que eu quiser, mas não vou poder afirmar que eu creio em Deus. Há um descompasso quando alguém diz que crê em Deus e não pratica a vontade de Deus. Quem crê tem que praticar a vontade de Deus. Senão, é um mentiroso.
A vontade de Deus está onde? Aí, vem o trecho do Evangelho. É interessante observar, que a primeira orientação que Jesus dá é: “Não matarás”. Isto é um aspecto muito importante! Porque as pessoas não dão muita importância à pessoa que mata, alguém que é morto, comparado ao “Amar a Deus sobre todas as coisas”.
Ora, é uma contradição: se eu amo a Deus, se eu creio em Deus, eu preciso respeitar o irmão que é feito imagem e semelhança Dele! De que adianta eu dizer que creio em Deus e depois trato o irmão como uma coisa, como um objeto! Ou, então, eu simplesmente O mato.
A Lei de Deus é muito prática. É evidente que ela se dirige a quem está disposto a caminhar com Deus. Estas leis e estes ensinamentos de Jesus, elas são consideradas palavras de Jesus MESMO, porque Ele amplia a nossa compreensão. Veja por exemplo: “não cometerás adultério”. É interessante observar, que não cometer adultério pode se ligar ao sexo, mas não somente nisto; gasolina adulterada, documento adulterado, história adulterada, verdade adulterada: tudo isto é adultério. Pensar, que a mulher pode ser propriedade de um homem, é um adultério, porque está pervertendo aquilo que Deus fez igual: “façamos o homem a nossa imagem e semelhança e homem e mulher os criou”. Então, não respeitar esta dignidade dada por Deus, é adulterar a obra do Criador.
Aqui vem algo muito importante, que as pessoas se sentem incomodadas: porque Ele é Deus e que nós não somos deuses: quando Ele diz: “não jure pelos céus, porque é o trono de Deus, nem pela terra, porque é onde Ele sustenta os seus pés, nem pela sua cabeça, porque sequer você pode decidir se um fio de cabelo pode ser branco ou preto”. Ou seja, se dê conta de é um necessitado de Deus.  É isto que nos dá segurança, porque Deus aceita todo aquele que dele se aproxima, que com Ele estabelece uma aliança e cuida de cada um de nós com carinho, dedicação e atenção. Mas, é preciso que Deus possa agir.
No mesmo jornal, um outro que fundou uma igreja, que não crê em Deus. Na Inglaterra ele reúne os que não creem em Deus. Bom, cada um tem o direito de reunir quem quiser. Ele dizia: deixei de acreditar em Deus, porque a minha mãe morreu de câncer e eu pedi tanto a Ele e Ele não me atendeu.
Ora, quantas vezes nós nos dirigimos a Deus pedindo o que Ele quer?  Este é um questionamento. Porque se você só se dirige a Deus pedindo o que você quer, então, você se coloca como aquele que é sábio e Deus o teu servo. Nós invertemos o papel. Não é assim.
A segunda leitura vai nos dizer: é interessante fazer uma distinção da sabedoria, mas não a humana, porque a sabedoria humana nos leva a perdição. Está aqui na segunda leitura: Irmãos, entre os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão votados à destruição. Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que, desde a eternidade, Deus destinou para nossa glória. Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está escrito, “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus. Aí é que está. Invertendo este papel, faz com que encontremos a destruição. Não é por maldade nossa, porque tudo o que pedimos a Deus, é em vista da nossa felicidade, em vista da nossa realização. Ninguém pede a Deus a sua destruição! Só que nem sempre temos a compreensão completa para levarmos a cabo aquilo que nós desejamos. Contentar-se com a sabedoria de Deus, significa também crer na sua PROVIDÊNCIA. O fato de Deus não atender uma oração minha, não significa que Ele não existe, mas significa que na visão Divina, aquilo que está sendo pedido não é possível. Se cada filho desistisse dos pais quando os pais dizem NÃO, então, não teríamos mais famílias. Ou os pais sempre dizem sim para os filhos? Não é assim. Então, pensar, analisar, comtemplar toda esta liturgia que as leituras nos trazem hoje, só reforça a nossa esperança e a nossa segurança em Deus. É evidente, que aqui ou ali acabamos nos perdendo, porque somos limitados. De qualquer maneira, Deus sempre nos acolhe e procura nos resgatar. Na comunhão somos alimentados para termos força e coragem de continuar esta caminhada.
Quando o salmo diz: “Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor vai progredindo”. Esta é a nossa vida. Cada dia progredindo mais, para nos tornarmos pessoas sem pecado.
Que Deus nos ajude a viver a Palavra que contemplamos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
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1) “Não matarás.” Deus está dizendo que não quer que façamos o mal ao próximo, e sim o bem. Isso começa com pequenos gestos, como tratar o nosso irmão com raiva.
2) “Não cometer adultério.” No fundo, é respeitar a família, e não desrespeitar o matrimônio nem com um olhar.
3) “Não jurarás falso.”. No fundo, é ser verdadeiro, falar sempre a verdade e nunca enganar ninguém e nunca colocar Deus como nossa testemunha. “Seja o vosso sim, sim, e o vosso não, não”.
4) “Olho por olho, dente por dente.” Significa não se deixar levar pelo espírito de vingança ou pela ganância. Se alguém nos tomar a capa, vamos entregar-lhe também a túnica. Se alguém nos der um tapa, vamos virar-lhe a outra face.
5) “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.” Com esta Lei, Moisés cortou noventa por cento do ódio que havia entre as pessoas, e introduziu um controle. No fundo, o que Deus queria era que amássemos a todos, até os nossos inimigos. “Assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre juntos e injustos” (Mt 5,45).
E Jesus termina o discurso com uma frase chave que resume tudo: “Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Aí está a grande meta da nossa vida: que sejamos parecidos com Deus Pai, pois o filho se parece com o pai.
Ser cristão é obedecer aos mandamentos de Deus. “Isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça ainda, e cada vez mais, em conhecimento e em toda percepção, para discernirdes o que é melhor. Assim estareis puros e sem nenhuma culpa para o dia de Cristo...” (Fl 1,9-10).


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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Para Mateus, Jesus é o verdadeiro Mestre da justiça. Apesar de ser muitas vezes acusado de transgressor dos mandamentos, Ele mesmo declara: “Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento”Nesta afirmação de Jesus, não encontramos apenas uma defesa de si mesmo e de seus ensinamentos, mas a denúncia de algo mais grave: a tentativa de alguns mestres da Lei e fariseus de destruir o próprio fundamento dos mandamentos, uma grande ameaça à vida. Pois, fazendo muitas manobras interpretativas, abandonavam o núcleo fundamental da Lei para aplicá-la (fazer justiça) de acordo com seus interesses, favorecendo suas posturas de dominação ideológica, religiosidade hipócrita e atitudes demagógicas, como denunciará mais adiante o próprio Jesus: “Amarram pesados fardos e os põem sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a movê-los” (Mt 23,4). Diante dessa tentativa de destruição da Palavra de Deus por parte dos mestres da lei e dos fariseus, Jesus lança aos seus discípulos o grande desafio: “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus”.
Encontramos no evangelho de hoje, de forma muito didática, como Jesus faz essa denúncia. Primeiramente, afirma que a Lei de Deus não é um conjunto de mandamentos isolados, aplicados casuisticamente, manipulados de forma arbitrária a ponto de serem moldados segundo algumas situações particulares, justificando uma aplicação distorcida da Lei. Mas a Lei de Deus tem um fundamento único, que dá coerência a todos os mandamentos e, portanto, nem um iota pode ser mudado. Não se trata de fundamentalismo, mas de reconhecer o fundamento da Lei, como expressão da vontade de Deus, que deve ser conhecida e praticada, a fim de que a vida seja respeitada e preservada como valor absoluto.
Quando Jesus afirma que nada pode ser mudado da Lei, nem um iota, nem mesmo um tracinho, está afirmando que esfacelar a Lei é o primeiro passo para desintegrá-la, enfraquecê-la e, por conseguinte, destruí-la. O Mestre não fez referência à letra iud (grego iota) simplesmente por ser a menor letra do alfabeto hebraico, mas por seu profundo significado. Ela é a décima letra do alfabeto hebraico, isto significa uma referência à totalidade dos dez mandamentos (É uma pena que, na maioria das vezes, se traduza genericamente por “uma só letra ou vírgula”). Portanto, tirar um só mandamento, é ferir a unidade indissolúvel da Lei, que se resume no amor a Deus e ao próximo com expressões bem concretas. Para provar que não veio destruir a lei, mas levá-la a pleno cumprimento, Jesus recupera o seu verdadeiro significado fazendo a releitura de alguns dos mandamentos. Começando pelo 5º Mandamento (Não matarás), que está no centro do decálogo, Jesus dá a chave de leitura para todos os outros: a vida que deve ser respeitada como principal dom de Deus. Matar, cuja punição é a morte eterna, não significa apenas acabar com a vida física de alguém, mas implica todo o processo de destruição da pessoa nas suas várias dimensões (física, moral, espiritual, social), não excluindo até a morte do assassino, que tomado de cólera, já começa por destruir-se a si mesmo. Matar também significa tratar o irmão como patife (aramaico “raqa”: cabeça oca) ou tolo (grego morós: idiota).
Uma das responsabilidades dos mestres da Lei era justamente instruir o povo com os Mandamentos, a fim de que se tornasse um povo sábio e inteligente que sabe fazer escolhas acertadas, que não se deixa confundir e enganar, que orientando-se pela Palavra de Deus, opta por escolher a vida e não a morte (cf. Dt 30,15s). Os mestres conheciam este seu dever: “Observareis os mandamentos de Javé vosso Deus tais como vo-los prescrevo… Portanto, cuidai de pô-los em prática pois isto vos tornará sábios e inteligentes aos olhos dos povos” (Dt 4,2.6). Deixar o povo na ignorância, sem o verdadeiro conhecimento dos mandamentos, era aprisioná-lo, levando-o à morte. Portanto, Jesus denuncia este pecado dos fariseus e mestres da Lei relacionando-o com o mandamento de “Não matarás”. Tratar as pessoas como imbecis ou tolas é negar-lhes o direito de conhecer a verdade, enganando-as com práticas pseudo-religiosas infantilizadoras; anestesiadas por um sentimentalismo sem um mínimo de racionalidade, são impedidas de amadurecer na fé, e tornar-se menos dependentes de guias-cegos. O individualismo da prática religiosa é também uma forma de matar o irmão. Jesus dá um exemplo concreto de como se faz isso: agindo de forma hipócrita, isto é, apresentar-se diante de Deus buscando a comunhão com Ele, sem estar em comunhão com o irmão.
Intimamente relacionado ao “Não matarás” está o “Não cometerás adultério”. Um mandamento que não diz respeito apenas à fidelidade conjugal, mas à própria aliança com Javé. Aliança que está fundamentada numa atitude de doação, que exige integridade, fidelidade e amor incondicional. O adultério destrói todas essas condições para se viver o amor de forma autêntica, na liberdade e na corresponsabilidade. Contudo, a infidelidade é consequência de um processo de destruição da Lei de Deus, por isso, mais uma vez Jesus vai apresentar a raiz do pecado, que não está no ato em si, mas já nas atitudes que são cultivadas no coração, centro das decisões, e que consequentemente levam à prática do adultério. Olho e mão (direitos) simbolizam todo o ser humano na sua capacidade de conhecer (olho) e agir (mão). O povo que conhece a Lei de Deus sabe como deve se comportar. Mas se o olhar estiver desviado para outro lugar, as consequências desastrosas serão inevitáveis. A infidelidade do povo era esquecer o que os seus olhos tinham visto e, por isso, buscava outros deuses (idolatria: adultério). O Deuteronômio já advertia: “Apenas fica atento a ti mesmo! Presta muita atenção em tua vida, para não esqueceres das coisas que os teus olhos viram, e para que elas nunca se apartem do teu coração… Ensina-as aos teus filhos” (Dt 4,9). A infidelidade do povo muitas vezes era consequência da infidelidade dos mestres em relação à sua missão de fazê-lo conhecer os mandamentos de Deus. Por fim, Jesus retoma um dos mandamentos relacionados ao amor a Deus (“Não tomar seu nome em vão”): “Não jurarás falso, mas cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor”. O juramento era uma atitude de arrogância do homem que tomava Deus como testemunha dos seus atos, quando na verdade, é o homem que deve ser testemunha das ações de Deus. Portanto, a fidelidade à aliança (6º Mandamento) e o compromisso com a vida (5º Mandamento) serão o modo de o homem testemunhar o seu sim ou seu não diante de Deus. Todas as vezes que o homem fizer tentativas de distorcer a Palavra de Deus, cujo intérprete é o seu Filho, está colaborando com o Maligno, cujo projeto é destruir a vida, começando com a desintegração da Palavra de Deus, confundido as mentes com ideologias de morte e esvaziando a cabeça das pessoas para fazê-las imbecis (raqa), presas de fácil dominação.



LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)                          
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS,  por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- Senhor, nosso Deus, Vos louvamos e Vos agradecemos por nos amar e nos dar Jesus como a palavra viva que nos orienta e nos salva.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- Senhor, nosso Deus, grande é o vosso amor nos ensinando os caminhos que nos conduzem à felicidade plena. Que sejamos atentos aos vossos ensinamentos e saibamos ensinar aos irmãos.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- Senhor, nosso Deus, Sois cheio de bondade. Dai-nos o entendimento para que cumpramos os vossos mandamentos e sejamos fiéis na construção de vosso Reino.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- Senhor, nosso Deus, que nosso coração seja renovado pelo vosso amor e possamos refletir ao mundo o vosso amor. Que vossas leis sejam luz para nossas ações e possamos viver como irmãos em nossa comunidade.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- PAI NOSSO...  A Paz de Cristo... CORDEIRO DE DEUS.







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