6º
DOMINGO DO TEMPO COMUM Ano A 2020
(Adaptado pelo Diácono Ismael)
SINOPSE:
Tema: As nossas
atitudes diante do projeto de Deus.
Primeira
leitura: O homem é livre de escolher
entre a proposta de Deus e a autossuficiência do próprio homem. Para ajudar, Deus propõe
“mandamentos”: são “sinais” que indicam o caminho da salvação.
Evangelho: completa a
reflexão balizada pelos “mandamentos”: não apenas de cumprir regras externas;
mas de assumir uma adesão a Deus e às suas propostas em todos os passos da
vida.
Segunda
leitura: Paulo apresenta o projeto de
Deus (“sabedoria de Deus” ou “o mistério”). É um projeto que Jesus Cristo
revelou com palavras, gestos e, sobretudo, com a sua morte na cruz.
PRIMEIRA
LEITURA (Eclo 15,16-21) - Leitura do Livro do Eclesiástico.
Se
quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu
também viverás. Diante de ti, Ele colocou o fogo e a água; para o que quiseres,
tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal;
ele receberá aquilo que preferir. A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e
poderoso e tudo vê continuamente. Os olhos do Senhor estão voltados para os que
o temem. Ele conhece todas as obras do homem. Não mandou a ninguém agir como
ímpio e a ninguém deu licença de pecar. Palavra do Senhor. T. Graças a Deus.
AMBIENTE - O Livro de Ben Sira (“Eclesiástico”) é um livro
“sapiencial” – apresenta uma reflexão sobre a arte de viver bem, e ter êxito e
ser feliz. Estamos no séc. II a.C.; a cultura grega minava a cultura, a fé, os
valores tradicionais de Israel. Jesus Ben Sira apresenta uma síntese e da
sabedoria da religião de Israel, mostrando que não fica a dever nada à cultura
grega.
MENSAGEM - Opção entre dois caminhos – o caminho da vida e da
felicidade e o caminho da morte e da desgraça. Essa é questão: se o homem
escolhe caminhos de orgulho e de autossuficiência, à margem de Deus, prepara um
futuro de morte e de desgraça; mas se o homem escolhe viver no “temor” de Deus
e no respeito pelas propostas de Jahwéh (mandamentos), ele constrói um futuro
de felicidade. Um pormenor é que Deus respeita a liberdade do homem. O homem que faz as suas escolhas e tem nas mãos
o próprio destino. Deus indica os caminhos para à vida e à felicidade; mas,
respeita as opções que o homem faz. Resta ao homem fazer suas escolhas: com
Deus, ou contra Deus; ou um destino felicidade, ou desgraça.
ATUALIZAÇÃO • Sentimos essa responsabilidade de encolher, ou
apenas seguimos a moda de outros valores?
• Uma proposta leva à vida e à felicidade. Percorrer
esse caminho implica escuta de Deus e suas propostas.
• A outra proposta é o caminho do egoísmo, da
autossuficiência, do orgulho, ignorando as propostas de Deus que geram
injustiça, miséria, exploração, sofrimento, morte.
• Atenção: a morte e a desgraça é o resultado de
escolhas egoístas, que geram desequilíbrios e que destroem a paz, a harmonia do
mundo, da família e de mim próprio.
SALMO
RESPONSORIAL /
118(119)
Feliz o homem
sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
•
Feliz o homem sem pecado em seu caminho, / que na lei do Senhor Deus vai
progredindo! / Feliz o homem que observa seus preceitos / e de todo o coração
procura a Deus!
•
Os vossos mandamentos vós nos destes, / para serem fielmente observados. /
Oxalá seja bem firme a minha vida / em cumprir vossa vontade e vossa lei!
•
Sede bom com vosso servo, e viverei / e guardarei vossa palavra, ó Senhor. /
Abri meus olhos, e então contemplarei / as maravilhas que encerra a vossa lei!
•
Ensinai-me a viver vossos preceitos; / quero guardá-los fielmente até o fim! /
Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei / e de todo o coração a guardarei.
EVANGELHO (Mt 5,17-37) Evangelho de Jesus Cristo
segundo Mateus.
Naquele
tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não penseis que vim abolir a Lei e os
Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Em verdade,
eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou
vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. Portanto, quem
desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros
a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os
praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus. Porque eu vos
digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos
fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. Vós ouvistes o que foi dito aos
antigos: 'Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal'. Eu, porém, vos
digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem
disser ao seu irmão: 'patife!' será condenado pelo tribunal; quem chamar o
irmão de 'tolo' será condenado ao fogo do inferno. Portanto, quando tu
estiveres levando a tua oferta para o altar e ali te lembrares que teu irmão
tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro
reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta.
Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o
tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao
oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade eu te digo: dali
não sairás, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes o que foi dito:
'Não cometerás adultério'. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma
mulher, com o desejo de possuí-la,
já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o teu olho direito é para ti
ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor
perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. Se a
tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti!
De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o
inferno. Foi dito também: 'Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão
de divórcio'. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a
não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e
quem se casa com a mulher divorciada comete adultério. Vós ouvistes também o
que foi dito aos antigos: 'Não jurarás falso', mas 'cumprirás os teus
juramentos feitos ao Senhor'. Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum:
nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde
apóia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. Não
jures tão pouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um
só fio de cabelo. Seja o vosso 'sim', 'Sim', e o vosso 'não', 'Não'. Tudo o que
for além disso vem do Maligno.”
AMBIENTE – Já dissemos:
o discurso de Jesus “no alto de um monte” transporta-nos à montanha da Lei
(Sinai), onde Deus Se revelou e deu a Lei; agora, é Jesus que, numa montanha,
oferece ao novo Povo de Deus essa nova Lei do “Reino”, que deve guiar os
discípulos de Jesus na sua marcha pela história. As questões são: continuamos a
cumprir a Lei de Moisés? Jesus não aboliu a Lei antiga? O que é que há de
verdadeiramente novo na mensagem de Jesus?
MENSAGEM - Cristo não veio abolir essa Lei que Deus ofereceu no
Sinai. Os fariseus achavam que a salvação passava pelo cumprimento de certas
normas concretas; mas Mateus achava que a proposta libertadora de Jesus ia mais
além e passava por assumir uma atitude
interior de compromisso total com Deus e com as suas propostas.
A Lei de Moisés exige o não matar; mas, na perspectiva de Jesus (que exige uma nova atitude
interior), o não matar implica o evitar
causar qualquer tipo de dano ao irmão… Há muitas formas de destruir o
irmão: as palavras que ofendem, as calúnias que destroem, os gestos de desprezo
que excluem, os confrontos que põem fim à relação. Os discípulos do “Reino” têm
que assumir uma nova atitude, mais abrangente, que os leve a um respeito
absoluto pela vida e pela dignidade do irmão. Na perspectiva de Mateus, a
reconciliação com o irmão deve sobrepor-se ao próprio culto, pois é uma mentira
a relação com Deus de alguém que não ama os irmãos. Sou mentiroso, pois, se odeio a imagem e semelhança de Deus e
entro na igreja para louvar a Deus?
O adultério.
A Lei de Moisés exige o não cometer adultério; mas, na perspectiva de Jesus, é
preciso ir nas raízes – ou seja, no coração … É no coração que nascem os
desejos de apropriação daquilo que não lhe pertence; portanto, é ali que é
preciso realizar uma “conversão”. Arrancar o olho ou cortar a mão que é ocasião
de pecado, são expressões fortes (da cultura semita) para dizer que é preciso
atuar lá onde as ações más têm origem e eliminar, na fonte, as raízes do mal.
O terceiro refere-se ao divórcio. A Lei de Moisés permite ao homem repudiar a sua mulher;
mas, na perspectiva de Jesus, a Lei tem de ser corrigida: o divórcio não estava
no plano original de Deus, quando criou o homem e a mulher e os chamou a
amarem-se e a partilharem a vida.
O quarto refere-se à questão do julgamento. A Lei de Moisés pede fidelidade ao juramento; mas, na
perspectiva de Jesus, a necessidade de jurar implica desconfiança que é
incompatível com o “Reino que os simples “sim” e “não” bastam.
A questão essencial é: é preciso uma atitude interior
nova com Deus que envolva o homem todo e lhe transforme o coração.
ATUALIZAÇÃO • Cumprir regras externas não assegura,
automaticamente, a salvação. Os nossos comportamentos têm de resultar,
não do medo, mas de verdadeira adesão a Deus e às suas propostas. Os “mandamentos” me ajudam na relação com Deus e a
não me desviar do caminho que conduz à vida.
• “Não matar” é evitar tudo aquilo que cause dano ao
meu irmão.
SEGUNDA
LEITURA (1Cor
2,6-10) Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos,
entre os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem
da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão votados à
destruição. Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que, desde a eternidade, Deus destinou para nossa
glória. Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Pois, se
a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está
escrito, “o que Deus preparou para os
que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração
algum jamais pressentiu”. A nós Deus revelou esse mistério através do
Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus.
AMBIENTE - A pretensão dos coríntios era equiparar a fé cristã a
um caminho filosófico sob a orientação de mestres humanos (para uns, Paulo,
para outros Pedro, para outros Apolo), à maneira das escolas filosóficas
gregas. Paulo está consciente que o único mestre é Cristo e que a verdadeira
sabedoria não está no brilho e na elegância das palavras, mas resulta da cruz.
MENSAGEM - Para Paulo, falar da “sabedoria de Deus” é falar do projeto de salvação que Deus
preparou para a humanidade, no sentido de
nos levar à salvação, à vida plena. Esse plano resulta do amor de Deus revelado
através do seu Filho, Jesus Cristo (antes da revelação feita através das
palavras, agora dos gestos de Cristo). Ele veio ao nosso encontro, fez aliança conosco, indicou-nos os
caminhos da felicidade; e nos libertou do pecado, nos inserindo numa dinâmica
de amor e de doação da vida à comunhão com Deus e com os irmãos. Na cruz está expressa esta história de amor por nós…
Esse plano de salvação continua na vida dos crentes pela ação do Espírito: é o Espírito
que nos anima a nascermos, dia a dia, como homens novos, até nos identificarmos
com Cristo.
ATUALIZAÇÃO • O projeto de salvação que Deus tem para os homens
garante a vida plena, a identificação final com Cristo. Os crentes olham a vida
com os olhos cheios de confiança, que sabem enfrentar sem medo os problemas que
o dia-a-dia lhes apresenta, e que caminham cumprindo a sua missão no mundo, em
direção à meta final que Deus reservou.
• No entanto, Deus não força ninguém: a opção pelo
caminho é uma escolha livre. O que Deus faz é dar “sinais”
(mandamentos) que indicam como chegar a essa meta final de vida definitiva.
Dehonianos
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O Cristão e a Lei
A LEI
DE DEUS: Para
muitos, é um tabu, uma série de proibições.
- Será esse o verdadeiro sentido dos
Mandamentos?
A 1a Leitura nos apresenta
Deus propondo os Mandamentos ao Povo de Israel, num clima de aliança... E o
povo acolhe unânime. (Eclo 5,16-21)
* Para o povo de Israel, o amor e a
fidelidade à Lei constituem toda a justiça e a santidade... Apesar de muitas
infidelidades... Mas, com o passar do
tempo, reduziu a Lei a uma observância puramente externa, sem uma convicção
interior mais profunda...
No Evangelho, CRISTO censura tal atitude: "Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos escribas e
fariseus, não entrareis no Reino dos céus!"
* Não é suficiente uma fidelidade
material e externa da Lei... É preciso
uma fidelidade mais profunda, interior...
E Jesus apresenta 6 exemplos concretos.
São Antíteses: "Ouvistes o que foi dito... EU, porém, vos digo..."
mediante as quais ele proclama o sentido
da nova Lei.
Hoje são lidas as primeiras quatro,
referentes aos temas:
Homicídio, Adultério, Divórcio e Perjúrio.
As última duas: Perdão no lugar de vingança
(Lei do talião) e
e o Amor
ao inimigo, em invés de ódio, fica para o próximo domingo.
1) HOMICÍDIO:
"Ouvistes: Não matarás... aquele que matar terá de responder em
Juízo..."
EU: "Todo aquele que se encolerizar contra
seu irmão, terá que responder em juízo..."
CONDENA: todo tipo de
morte: calúnia... mentira... fraude... ofensa...
Matar lideranças, não
dando espaço na comunidade... E o ABORTO?
(Se houvesse um Raio X capaz de mostrar
o cemitério que criamos dentro de nosso coração, nós nos assustaríamos...
Quantas pessoas estão mortas, para nós!
2) ADULTÉRIO:
"Ouvistes: não cometerás
adultério..." (eram bem mais severos para as mulheres).
EU: "Quem olhar para uma mulher com desejo
desonesto... já pecou em seu coração".
CONDENA: Não só o ato
consumado de adultério, mas também o desejo... o adultério de coração....
certas amizades já são adultério... Não basta manter escondido da esposa ou do
esposo as infidelidades.
"Se
teu olho for ocasião de queda... corta-o"... Não devemos tomar ao pé da
letra, mas significa radicalidade.
3) DIVÓRCIO:
"Ouvistes: Aquele que repudiar sua
mulher, dê-lhe um certificado de
repúdio".
A lei de Moisés
"tolerava" o divórcio em certos casos (união ilícita), para preservar
a mulher nesses casos: direito de igualdade.
EU: "Todo aquele que repudia sua mulher, faz com
que ela adultere: E quem se casa com
ela, comete adultério".
CONDENA: O Divórcio
anula a tolerância da Lei mosaica... e afirma a indissolubilidade do vínculo
matrimonial...
* Qual nossa Atitude Pastoral, hoje, para os
separados, e os de 2ª União?
4) PERJÚRIO:
"Ouviste: Não jurarás falso...”
EU: "Não jureis de modo algum... Vosso SIM
seja SIM, vosso NÃO, NÃO.
Tudo que for, além disso, vem do Maligno..."
CONDENA: A falsidade...
- E por que precisa jurar? Não basta uma prática apenas externa da lei... temos
que obedecer, viver o espírito da Lei.
O Sermão da Montanha nesse trecho nos
ensina que a vida espiritual não está num catálogo de normas perfeitas que
proíbem as más ações, mas limpeza da fonte de todas as ações: o coração. Pois
dele procedem assassínios, adultérios, prostituições, falsos testemunhos e
difamações.
O Salmo afirma: "Feliz quem tem vida pura e segue a Lei do Senhor".
Na 2ª Leitura, Paulo fala da
"Sabedoria de Deus", tão diferente da dos homens. (1Cor
2,6-10)
E NÓS,
como observamos os Mandamentos?
- Com o espírito do Antigo Testamento?
(fazer isto ou aquilo porque é lei, porque é "obrigado" ?
- Por que vou à Missa? Porque é um preceito?
"Se
a justiça de vocês não for maior que a dos escribas e fariseus... vocês não entrarão no Reino dos céus".
"Quem
me AMA, guarda os meus mandamentos..."
Seja a nossa observância uma expressão sincera
e profunda do nosso amor para com Deus.
Pe.
Antônio Geraldo
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Homilia do
Pe. Pedrinho
Meus irmãos e irmãs, as leituras deste domingo são
muito ricas. Não é possível, agora, tocar em todos os pontos. Senão, iríamos
prolongar muito. De qualquer maneira, são palavras que nos animam a viver
firmes na fé e VIVER na sabedoria de Deus. Daqui a pouco, na Celebração Eucarística
(missa) nós iremos dizer: Senhor, obrigado porque nos achastes dignos de
estarmos aqui presentes. Fomos chamados por Deus para CELEBRAR ESTA ALIANÇA e fazer esta caminhada
com Ele.
Outro dia, um artigo de jornal trazia um grande
filósofo argumentando porque ele não crê em Deus. Ele dizia: “ Eu não creio em Deus, porque se
Deus é o todo poderoso, como é que ele permite injustiças, sofrimentos, como é
que ele permite que uns sejam beneficiados e outros não”. Eu mesmo dizia comigo
mesmo: Ele precisa ouvir um pouco a Palavra de Deus para ver se não está
equivocado. Porque a primeira Leitura hoje é muito clara: Deus nos trata realmente como seres humanos e nos leva a sério!
Veja a primeira leitura: Diante do homem
estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. A
sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente. Você
pode escolher o bem ou o mal. Se
escolheu o mal, fez a suja escolha. Se
escolher o bem, também fez a sua escolha. A liberdade é sua, mas Deus não dá licença para qualquer um
pecar. O que significa, que se eu creio
em Deus, eu não tenho licença para o pecado. A história de dizer que somos
livres, depende em que aspecto. Eu sou livre para fazer o bem e não sou
livre para pecar. Veja lá: Os olhos do Senhor estão voltados para os que
o temem. Ele conhece todas as obras do homem. Não mandou a ninguém agir como
ímpio e a ninguém deu licença de pecar. Eu me torno livre, na medida em que
estabelecida esta aliança com Deus, eu passo a seguir o caminho. Agora, se eu
não quero compromisso com Deus, então, eu posso fazer o que eu quiser, mas não
vou poder afirmar que eu creio em Deus. Há um descompasso quando alguém diz que
crê em Deus e não pratica a vontade de Deus. Quem crê tem que praticar
a vontade de Deus. Senão, é um mentiroso.
A vontade de Deus está onde? Aí, vem o trecho do
Evangelho. É interessante observar, que a primeira orientação que Jesus dá é: “Não matarás”. Isto é um aspecto muito importante! Porque as pessoas não dão muita
importância à pessoa que mata, alguém que é morto, comparado ao “Amar a Deus
sobre todas as coisas”.
Ora, é uma contradição: se eu amo a Deus, se
eu creio em Deus, eu preciso respeitar o irmão que é feito imagem e semelhança
Dele! De que adianta eu dizer que creio em Deus e depois
trato o irmão como uma coisa, como um objeto! Ou, então, eu simplesmente O
mato.
A Lei de Deus é muito prática. É evidente que ela se
dirige a quem está disposto a caminhar com Deus. Estas leis e estes
ensinamentos de Jesus, elas são consideradas palavras de Jesus MESMO, porque
Ele amplia a nossa compreensão. Veja por exemplo: “não cometerás adultério”. É
interessante observar, que não cometer
adultério pode se ligar ao sexo, mas não somente nisto; gasolina adulterada, documento adulterado, história adulterada, verdade
adulterada: tudo isto é adultério. Pensar, que a mulher pode ser propriedade de
um homem, é um adultério, porque está pervertendo aquilo que Deus fez igual: “façamos o homem a nossa imagem e semelhança e homem e mulher os criou”. Então, não respeitar esta
dignidade dada por Deus, é adulterar a obra do Criador.
Aqui vem algo muito importante, que as pessoas se
sentem incomodadas: porque Ele é Deus e que nós não somos deuses:
quando Ele diz: “não jure pelos céus, porque é o trono de Deus, nem pela terra,
porque é onde Ele sustenta os seus pés, nem pela sua cabeça, porque sequer você
pode decidir se um fio de cabelo pode ser branco ou preto”. Ou seja, se
dê conta de é um necessitado de Deus. É isto que nos dá segurança, porque Deus aceita todo aquele que dele se
aproxima, que com Ele estabelece uma aliança e cuida de cada um de nós
com carinho, dedicação e atenção. Mas, é preciso que Deus possa agir.
No mesmo jornal, um outro que fundou uma igreja, que
não crê em Deus. Na Inglaterra ele reúne os que não creem em Deus. Bom, cada um
tem o direito de reunir quem quiser. Ele dizia: deixei de acreditar em Deus,
porque a minha mãe morreu de câncer e eu pedi tanto a Ele e Ele não
me atendeu.
Ora, quantas vezes nós nos dirigimos a Deus pedindo o
que Ele quer? Este é um questionamento. Porque se você só se dirige a Deus pedindo
o que você quer, então, você se coloca como aquele que é sábio e Deus o teu
servo. Nós invertemos o papel. Não é assim.
A segunda leitura vai nos dizer: é interessante fazer
uma distinção da sabedoria, mas não a
humana, porque a sabedoria humana nos leva a perdição. Está aqui na segunda
leitura: Irmãos, entre os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria
deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão
votados à destruição. Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que, desde a eternidade, Deus destinou para nossa glória. Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa
sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da
glória. Mas, como está escrito, “o que Deus preparou para os que o amam é algo
que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais
pressentiu”. A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito. Pois o
Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus. Aí é que está.
Invertendo este papel, faz com que encontremos a destruição. Não é por maldade
nossa, porque tudo o que pedimos a Deus, é em vista da nossa felicidade, em
vista da nossa realização. Ninguém pede
a Deus a sua destruição! Só que nem sempre temos a compreensão completa para
levarmos a cabo aquilo que nós desejamos. Contentar-se com a sabedoria de
Deus, significa também crer na sua
PROVIDÊNCIA. O fato de Deus não atender uma oração
minha, não significa que Ele não existe, mas significa que na visão Divina,
aquilo que está sendo pedido não é possível. Se cada filho desistisse dos pais
quando os pais dizem NÃO, então, não teríamos mais famílias. Ou os pais sempre dizem sim para os filhos? Não é
assim. Então, pensar, analisar, comtemplar toda esta liturgia que as leituras
nos trazem hoje, só reforça a nossa esperança e a nossa segurança em Deus. É
evidente, que aqui ou ali acabamos nos perdendo, porque somos limitados. De
qualquer maneira, Deus sempre nos acolhe e procura nos resgatar. Na comunhão
somos alimentados para termos força e coragem de continuar esta caminhada.
Quando o salmo diz: “Feliz o homem sem pecado em seu
caminho, que na lei do Senhor vai progredindo”. Esta é a nossa vida. Cada dia progredindo mais, para nos
tornarmos pessoas sem pecado.
Que Deus nos ajude a viver a Palavra que contemplamos.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
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1) “Não matarás.” Deus está
dizendo que não quer que façamos o mal ao próximo, e sim o bem. Isso começa com
pequenos gestos, como tratar o nosso irmão com raiva.
2) “Não cometer adultério.” No fundo,
é respeitar a família, e não desrespeitar o matrimônio nem com um olhar.
3) “Não jurarás falso.”. No
fundo, é ser verdadeiro, falar sempre a verdade e nunca enganar ninguém e nunca
colocar Deus como nossa testemunha. “Seja o vosso sim, sim, e o vosso não,
não”.
4) “Olho por olho, dente por
dente.” Significa não se deixar levar pelo espírito de vingança ou pela
ganância. Se alguém nos tomar a capa, vamos entregar-lhe também a túnica. Se
alguém nos der um tapa, vamos virar-lhe a outra face.
5) “Amarás o teu próximo e
odiarás o teu inimigo.” Com esta Lei, Moisés cortou noventa por cento do ódio
que havia entre as pessoas, e introduziu um controle. No fundo, o que Deus
queria era que amássemos a todos, até os nossos inimigos. “Assim vos tornareis
filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus
e bons e faz cair a chuva sobre juntos e injustos” (Mt 5,45).
E Jesus termina o discurso com
uma frase chave que resume tudo: “Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é
perfeito” (Mt 5,48). Aí está a grande meta da nossa vida: que sejamos parecidos
com Deus Pai, pois o filho se parece com o pai.
Ser cristão é obedecer aos
mandamentos de Deus. “Isto eu peço a Deus: que o vosso amor cresça ainda, e
cada vez mais, em conhecimento e em toda percepção, para discernirdes o que é
melhor. Assim estareis puros e sem nenhuma culpa para o dia de Cristo...” (Fl
1,9-10).
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Pe. André Vital Félix da Silva, SCJ
Para Mateus, Jesus é o verdadeiro Mestre da justiça. Apesar de ser
muitas vezes acusado de transgressor dos mandamentos, Ele mesmo declara: “Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para
abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento”. Nesta
afirmação de Jesus, não encontramos apenas uma defesa de si mesmo e de seus
ensinamentos, mas a denúncia de algo mais grave: a tentativa de alguns mestres
da Lei e fariseus de destruir o próprio fundamento dos mandamentos, uma grande
ameaça à vida. Pois, fazendo muitas manobras interpretativas, abandonavam o
núcleo fundamental da Lei para aplicá-la (fazer justiça) de acordo com seus
interesses, favorecendo suas posturas de dominação ideológica, religiosidade
hipócrita e atitudes demagógicas, como denunciará mais adiante o próprio Jesus: “Amarram pesados fardos e os põem sobre os ombros dos
homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a movê-los” (Mt
23,4). Diante dessa tentativa de destruição da Palavra de Deus por parte dos
mestres da lei e dos fariseus, Jesus lança aos seus discípulos o grande
desafio: “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei
e dos fariseus, vós não entrareis no reino dos céus”.
Encontramos no evangelho de hoje, de forma muito didática, como Jesus
faz essa denúncia. Primeiramente, afirma que a Lei de Deus não é um conjunto de
mandamentos isolados, aplicados casuisticamente, manipulados de forma
arbitrária a ponto de serem moldados segundo algumas situações particulares,
justificando uma aplicação distorcida da Lei. Mas a Lei de Deus tem um
fundamento único, que dá coerência a todos os mandamentos e, portanto, nem um
iota pode ser mudado. Não se trata de fundamentalismo, mas de reconhecer o
fundamento da Lei, como expressão da vontade de Deus, que deve ser conhecida e
praticada, a fim de que a vida seja respeitada e preservada como valor
absoluto.
Quando Jesus afirma que nada pode ser mudado da Lei, nem um iota, nem
mesmo um tracinho, está afirmando que esfacelar a Lei é o primeiro passo para
desintegrá-la, enfraquecê-la e, por conseguinte, destruí-la. O Mestre não fez
referência à letra iud (grego
iota) simplesmente por ser a menor letra do alfabeto hebraico, mas por seu
profundo significado. Ela é a décima letra do alfabeto hebraico, isto significa
uma referência à totalidade dos dez mandamentos (É uma pena que, na maioria das
vezes, se traduza genericamente por “uma só letra ou vírgula”).
Portanto, tirar um só mandamento, é ferir a unidade indissolúvel da Lei, que se
resume no amor a Deus e ao próximo com expressões bem concretas. Para provar
que não veio destruir a lei, mas levá-la a pleno cumprimento, Jesus recupera o
seu verdadeiro significado fazendo a releitura de alguns dos mandamentos.
Começando pelo 5º Mandamento (Não matarás), que está no centro do decálogo,
Jesus dá a chave de leitura para todos os outros: a vida que deve ser
respeitada como principal dom de Deus. Matar, cuja punição é a morte eterna,
não significa apenas acabar com a vida física de alguém, mas implica todo o
processo de destruição da pessoa nas suas várias dimensões (física, moral, espiritual,
social), não excluindo até a morte do assassino, que tomado de cólera, já
começa por destruir-se a si mesmo. Matar também significa tratar o irmão como
patife (aramaico “raqa”: cabeça oca) ou tolo
(grego morós: idiota).
Uma das responsabilidades dos mestres da Lei era justamente instruir o
povo com os Mandamentos, a fim de que se tornasse um povo sábio e inteligente
que sabe fazer escolhas acertadas, que não se deixa confundir e enganar, que
orientando-se pela Palavra de Deus, opta por escolher a vida e não a morte (cf.
Dt 30,15s). Os mestres conheciam este seu dever: “Observareis os mandamentos de Javé vosso Deus tais como vo-los
prescrevo… Portanto, cuidai de pô-los em prática pois isto vos tornará sábios e
inteligentes aos olhos dos povos” (Dt 4,2.6). Deixar o povo na
ignorância, sem o verdadeiro conhecimento dos mandamentos, era aprisioná-lo,
levando-o à morte. Portanto, Jesus denuncia este pecado dos fariseus e mestres
da Lei relacionando-o com o mandamento de “Não matarás”.
Tratar as pessoas como imbecis ou tolas é negar-lhes o direito de conhecer a
verdade, enganando-as com práticas pseudo-religiosas infantilizadoras;
anestesiadas por um sentimentalismo sem um mínimo de racionalidade, são
impedidas de amadurecer na fé, e tornar-se menos dependentes de guias-cegos. O
individualismo da prática religiosa é também uma forma de matar o irmão. Jesus
dá um exemplo concreto de como se faz isso: agindo de forma hipócrita, isto é,
apresentar-se diante de Deus buscando a comunhão com Ele, sem estar em comunhão
com o irmão.
Intimamente relacionado ao “Não matarás”
está o “Não cometerás adultério”. Um
mandamento que não diz respeito apenas à fidelidade conjugal, mas à própria
aliança com Javé. Aliança que está fundamentada numa atitude de doação, que
exige integridade, fidelidade e amor incondicional. O adultério destrói todas
essas condições para se viver o amor de forma autêntica, na liberdade e na
corresponsabilidade. Contudo, a infidelidade é consequência de um processo de
destruição da Lei de Deus, por isso, mais uma vez Jesus vai apresentar a raiz
do pecado, que não está no ato em si, mas já nas atitudes que são cultivadas no
coração, centro das decisões, e que consequentemente levam à prática do
adultério. Olho
e mão (direitos) simbolizam todo o ser humano na sua capacidade de conhecer
(olho) e agir (mão). O povo que conhece a Lei de Deus sabe como deve se comportar. Mas se o
olhar estiver desviado para outro lugar, as consequências desastrosas serão
inevitáveis. A
infidelidade do povo era esquecer o que os seus olhos tinham visto e, por isso,
buscava outros deuses (idolatria: adultério). O Deuteronômio já advertia: “Apenas fica atento a ti mesmo! Presta muita atenção em tua vida,
para não esqueceres das coisas que os teus olhos viram, e para que elas nunca
se apartem do teu coração… Ensina-as aos teus filhos” (Dt 4,9). A
infidelidade do povo muitas vezes era consequência da infidelidade dos mestres
em relação à sua missão de fazê-lo conhecer os mandamentos de Deus. Por fim,
Jesus retoma um dos mandamentos relacionados ao amor a Deus (“Não tomar seu
nome em vão”): “Não jurarás falso, mas cumprirás os
teus juramentos feitos ao Senhor”. O juramento era uma atitude
de arrogância do homem que tomava Deus como testemunha dos seus atos, quando na verdade, é o
homem que deve ser testemunha das ações de Deus. Portanto, a fidelidade à aliança (6º
Mandamento) e o compromisso com a vida (5º Mandamento) serão o modo de o homem
testemunhar o seu sim ou seu não diante de Deus. Todas as vezes que o homem
fizer tentativas de distorcer a Palavra de Deus, cujo intérprete é o seu Filho,
está colaborando com o Maligno, cujo projeto é destruir a vida, começando com a
desintegração da Palavra de Deus, confundido as mentes com ideologias de morte
e esvaziando a cabeça das pessoas para fazê-las imbecis (raqa), presas de fácil dominação.
LOUVOR
(QUANDO
O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
- O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
- COM JESUS, por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO
SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T:
Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- Senhor, nosso Deus, Vos louvamos e Vos
agradecemos por nos amar e nos dar Jesus como a palavra viva que nos orienta e
nos salva.
T:
Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- Senhor, nosso Deus, grande é o vosso
amor nos ensinando os caminhos que nos conduzem à felicidade plena. Que sejamos
atentos aos vossos ensinamentos e saibamos ensinar aos irmãos.
T:
Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- Senhor, nosso Deus, Sois cheio de
bondade. Dai-nos o entendimento para que cumpramos os vossos mandamentos e
sejamos fiéis na construção de vosso Reino.
T:
Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
- Senhor, nosso Deus, que nosso coração
seja renovado pelo vosso amor e possamos refletir ao mundo o vosso amor. Que
vossas leis sejam luz para nossas ações e possamos viver como irmãos em nossa
comunidade.
T:
Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
-
PAI NOSSO... A Paz de Cristo... CORDEIRO
DE DEUS.
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