terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

6º Domingo do Tempo Comum ano 2014

6º Domingo do Tempo Comum ano 2014 (Adaptado e postado pelo Diácono Ismael Pereira da Silva)

Tema: As nossas atitudes diante do projeto de Deus.
Primeira leitura: O homem é livre de escolher entre a proposta de Deus e a autossuficiência do próprio homem. Para ajudar, Deus propõe “mandamentos”: são  “sinais” que indicam o caminho da salvação.
Evangelho: completa a reflexão balizada pelos “mandamentos”: não apenas de cumprir regras externas; mas de assumir uma adesão a Deus e às suas propostas em todos os passos da vida.
Segunda leitura: Paulo apresenta o projeto de Deus ( “sabedoria de Deus” ou “o mistério”). É um projeto que Jesus Cristo revelou com palavras, gestos e, sobretudo, com a sua morte na cruz.

6. PRIMEIRA LEITURA (Eclo 15,16-21) Leitura do Livro do Eclesiástico.
Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás. Diante de ti, Ele colocou o
fogo e a água; para o que quiseres, tu podes estender a mão. Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; ele receberá aquilo que preferir. A sabedoria do Senhor é imensa, ele é forte e poderoso e tudo vê continuamente. Os olhos do Senhor estão voltados para os que o temem. Ele conhece todas as obras do homem. Não mandou a ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar.

AMBIENTE - O Livro de Ben Sira (“Eclesiástico”) é um livro “sapiencial” – apresenta indicações de carácter prático, deduzidas da reflexão e da experiência, sobre a arte de viver bem, de ter êxito, de ser feliz. O seu autor está convencido que a Tora (a Lei) dada por Deus é a súmula da sabedoria. Estamos no séc. II a.C.; a cultura grega (instalada na Palestina desde 333 a.C., quando Alexandre da Macedónia venceu Dario III e se apossou da Palestina e do Egito) minava a cultura, a fé, os valores tradicionais de Israel. Os mais jovens abandonavam a fé dos pais, seduzidos pela cultura helênica…
Jesus Ben Sira apresenta, na sua obra, uma síntese da religião tradicional e da sabedoria de Israel, mostrando que a cultura judaica não fica a dever nada à cultura grega.

MENSAGEM - Opção entre dois caminhos – o caminho da vida e da felicidade e o caminho da morte e da desgraça. Essa é a grande questão que condiciona o sentido da vida do homem: se o homem escolhe caminhos de orgulho e de autossuficiência, à margem de Deus, prepara um futuro de morte e de desgraça; mas se o homem escolhe viver no “temor” de Deus e no respeito pelas propostas de Jahwéh (mandamentos), ele constrói para si e para o seu Povo um futuro de felicidade, de bem estar, de abundância, de paz. As grandes catástrofes nacionais (nomeadamente o exílio na Babilónia) resultaram de opções por caminhos à margem de Deus e dos seus mandamentos. Um pormenor é que Deus respeita a liberdade do homem. O  homem é um ser livre, que faz as suas escolhas e tem nas suas mãos o próprio destino. Deus indica ao homem os caminhos para chegar à vida e à felicidade; mas, respeita as opções que o homem faz. Resta ao homem fazer as suas escolhas e construir o seu destino: ou com Deus, ou contra Deus; ou um destino de vida e felicidade, ou morte e de desgraça.

ATUALIZAÇÃO Existem caminhos diversos que dia a dia nos desafiam. Em cada momento assumimos o desafio de escolher o nosso destino. Sentimos essa responsabilidade de encolher, ou apenas seguimos a corrente, ao sabor das modas, aceitando que sejam os outros a impor-nos os seus valores, a sua visão das coisas?
• Uma proposta leva à vida e à felicidade. Quem quiser ir por aí, tem de seguir os “sinais” (mandamentos) com que Deus delimita o caminho que leva à vida. Percorrer esse caminho implica escuta de Deus, numa descoberta contínua das suas propostas.
• A outra proposta leva à morte. É o caminho do egoísmo, da autossuficiência, do orgulho. Ao ignorar as propostas de Deus, o homem acaba por escolher os seus interesses e por manipular o mundo e os outros homens, introduzindo desequilíbrios que geram injustiça, miséria, exploração, sofrimento, morte.
• Deus nos criou livres e fazemos nossas opções. Ele coloca-nos diante das diferentes opções, diz-nos onde elas nos levam, aponta o caminho da verdadeira felicidade e da realização plena e… deixa-nos escolher.
• Atenção: a morte e a desgraça nunca são um castigo de Deus por termos escolhido caminhos errados; mas é o resultado de escolhas egoístas, que geram desequilíbrios e que destroem a paz, a harmonia do mundo, da família e de mim próprio.

7. SALMO RESPONSORIAL / 118(119)
Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo!
• Feliz o homem sem pecado em seu caminho, / que na lei do Senhor Deus vai progredindo! /
 Feliz o homem que observa seus preceitos / e de todo o coração procura a Deus!
• Os vossos mandamentos vós nos destes, / para serem fielmente observados. /
Oxalá seja bem firme a minha vida / em cumprir vossa vontade e vossa lei!
• Sede bom com vosso servo, e viverei / e guardarei vossa palavra, ó Senhor. /
Abri meus olhos, e então contemplarei / as maravilhas que encerra a vossa lei!
• Ensinai-me a viver vossos preceitos; / quero guardá-los fielmente até o fim! /
Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei / e de todo o coração a guardarei.

10. EVANGELHO (Mt 5,17-37)  Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para
dar-lhes pleno cumprimento. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus. Porque eu vos digo: Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno. Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo. Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com o desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno. Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio’. Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério. Vós ouvistes também o que foi dito aos antigos: ‘Não jurarás falso’, mas ‘cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor’. Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o suporte onde apóia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. Não jures tão pouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. Seja o vosso ‘sim’, ‘Sim’, e o vosso ‘não’, ‘Não’. Tudo o que for além disso vem do Maligno.”

AMBIENTE - Recordamos aquilo que dissemos nos domingos anteriores: o discurso de Jesus “no alto de um monte” transporta-nos à montanha da Lei (Sinai), onde Deus Se revelou e deu ao seu Povo a Lei; agora, é Jesus que, numa montanha, oferece ao novo Povo de Deus essa nova Lei que deve guiar todos os que estão interessados em aderir ao “Reino”. O evangelista agrupa um conjunto de “ditos” de Jesus e oferece à comunidade cristã um novo código ético, a nova Lei, que deve guiar os discípulos de Jesus na sua marcha pela história.
As questões que a comunidade põe, na década de oitenta (quando este Evangelho aparece), são: continuamos obrigados a cumprir a Lei de Moisés? Jesus não aboliu a Lei antiga? O que é que há de verdadeiramente novo na mensagem de Jesus?

MENSAGEM - Mateus sustenta que Cristo não veio abolir essa Lei que Deus ofereceu ao seu Povo no Sinai. A Lei de Deus conserva toda a validade e é eterna; no entanto, é preciso encará-la, não como um conjunto de prescrições legais e externas, que obrigam o homem a proceder desta ou daquela forma rígida, no contexto desta ou daquela situação particular, mas como a expressão concreta de uma adesão total a Deus (adesão que implica a totalidade do homem, e que está para além desta ou daquela situação concreta). Dito de outra forma: os fariseus tinham caído na casuística da Lei e achavam que a salvação passava pelo cumprimento de certas normas concretas; mas Mateus achava que a proposta libertadora de Jesus ia mais além e passava por assumir uma atitude interior de compromisso total com Deus e com as suas propostas.
Na segunda parte, Mateus refere quatro exemplos concretos desta nova forma de entender a Lei.
O primeiro, a Lei de Moisés exige, simplesmente, o não matar; mas, na perspectiva de Jesus (que exige uma nova atitude interior), o não matar implica o evitar causar qualquer tipo de dano ao irmão… Há muitas formas de destruir o irmão, de o eliminar, de lhe roubar a vida: as palavras que ofendem, as calúnias que destroem, os gestos de desprezo que excluem, os confrontos que põem fim à relação. Os discípulos do “Reino” não podem limitar-se a cumprir a letra da Lei; têm que assumir uma nova atitude, mais abrangente, que os leve a um respeito absoluto pela vida e pela dignidade do irmão. Mateus aproveita para apresentar uma catequese sobre a urgência da reconciliação (o cortar relações com o irmão, marginalizá-lo, não é uma forma de matar?). Na perspectiva de Mateus, a reconciliação com o irmão deve sobrepor-se ao próprio culto, pois é uma mentira a relação com Deus de alguém que não ama os irmãos.
O segundo refere-se ao adultério. A Lei de Moisés exige o não cometer adultério; mas, na perspectiva de Jesus, é preciso ir mais além do que a letra da Lei e atacar a raiz do problema – ou seja, o próprio coração do homem… É no coração do homem que nascem os desejos de apropriação indevida daquilo que não lhe pertence; portanto, é a esse nível que é preciso realizar uma “conversão”. A referência a arrancar o olho que é ocasião de pecado (o olho é, nesta cultura, o órgão que dá entrada aos desejos) ou a cortar a mão que é ocasião de pecado (a mão é, nesta cultura, o órgão da ação, através do qual se concretizam os desejos que nascem no coração) são expressões fortes (bem ao gosto da cultura semita) para dizer que é preciso atuar lá onde as ações más do homem têm origem e eliminar, na fonte, as raízes do mal.
O terceiro refere-se ao divórcio. A Lei de Moisés permite ao homem repudiar a sua mulher; mas, na perspectiva de Jesus, a Lei tem de ser corrigida: o divórcio não estava no plano original de Deus, quando criou o homem e a mulher e os chamou a amarem-se e a partilharem a vida.
O quarto refere-se à questão do julgamento. A Lei de Moisés pede, apenas, a fidelidade aos compromissos selados com um juramento; mas, na perspectiva de Jesus, a necessidade de jurar implica a existência de um clima de desconfiança que é incompatível com o “Reino”. Para os que estão inseridos na dinâmica do “Reino”, deve haver sinceridade e confiança que os simples “sim” e “não” bastam. Qualquer fórmula de juramento é supérflua e sinal de corrupção da dinâmica do “Reino”.
A questão essencial é, portanto, esta: é preciso uma atitude interior inteiramente nova, um compromisso verdadeiro com Deus que envolva o homem todo e lhe transforme o coração.

ATUALIZAÇÃO Cumprir regras externas não assegura, automaticamente, a salvação, nem garante o acesso à vida eterna; mas, o acesso à vida em plenitude passa por uma adesão total (mente, coração, vida) às propostas de Deus. Os nossos comportamentos externos têm de resultar, não do medo, mas de uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas. Os “mandamentos” são, para mim, princípios sagrados que me ajudam na relação com Deus e a não me desviar do caminho que conduz à vida? O cumprimento das leis (de Deus ou da Igreja) é, para mim, o resultado lógico da opção que eu fiz por Deus e pelo “Reino”?
• “Não matar”, é, segundo Jesus, evitar tudo aquilo que cause dano ao meu irmão. Tenho consciência que ignorar o sofrimento de alguém, ficar indiferente a quem necessita de um gesto de bondade, de misericórdia, de reconciliação, é assassinar a vida?
• As leis, os “mandamentos”, devem ser apenas “sinais” indicadores desse caminho que conduz à vida plena; mas o importante, é o homem que caminha na história, com os seus defeitos e fracassos, em direção à felicidade e à vida definitiva.

8. SEGUNDA LEITURA (1Cor 2,6-10) Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.
Irmãos, entre os perfeitos nós falamos de sabedoria, não da sabedoria deste mundo nem da sabedoria dos poderosos deste mundo, que, afinal, estão votados à destruição. Falamos, sim, da misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que, desde a eternidade, Deus destinou para nossa glória. Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu essa sabedoria. Pois, se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória. Mas, como está escrito, “o que Deus preparou para os que o amam é algo que os olhos jamais viram nem os ouvidos ouviram nem coração algum jamais pressentiu”. A nós Deus revelou esse mistério através do Espírito. Pois o Espírito esquadrinha tudo, mesmo as profundezas de Deus.

AMBIENTE - Recordemos que o ponto de partida para a reflexão de Paulo é a pretensão dos coríntios em equiparar a fé cristã a um caminho filosófico, que devia ser percorrido sob a orientação de mestres humanos (para uns, Paulo, para outros Pedro, para outros Apolo), à maneira do que se fazia nas escolas filosóficas gregas. Os coríntios corriam, dessa forma, o risco de fazer da fé uma ideologia, mais ou menos brilhante conforme as qualidades pessoais do discurso dos mestres que defendiam as teses. Paulo está consciente que o único mestre é Cristo e que a verdadeira sabedoria não é a que resulta do brilho e da elegância das palavras ou da coerência dos sistemas filosóficos, mas é a que resulta da cruz.

MENSAGEM - Para Paulo, falar da “sabedoria de Deus” é falar do projeto de salvação que Deus preparou para a humanidade. Trata-se de um plano “que Deus preparou para aqueles que o amam”, no sentido de os levar à salvação, à vida plena. Esse plano resulta do amor de Deus pelos seus filhos. É um plano que o próprio Deus só revelou através do seu Filho, Jesus Cristo (antes da revelação feita através das palavras, dos gestos, da pessoa de Cristo, dificilmente os homens estariam preparados para compreender o alcance e a profundidade do plano divino, da “sabedoria de Deus”).
A fim de chegarmos à vida eterna, à felicidade total, veio ao nosso encontro, fez aliança conosco, indicou-nos os caminhos da vida e da felicidade; e, na plenitude dos tempos, enviou ao nosso encontro o seu próprio Filho, que nos libertou do pecado, que nos inseriu numa dinâmica de amor e de doação da vida e que nos convocou à comunhão com Deus e com os irmãos. Na cruz de Jesus, está bem expressa esta história de amor que vai até ao ponto de o próprio Filho dar a vida por nós… Esse plano de salvação continua, agora, a acontecer na vida dos crentes pela ação do Espírito: é o Espírito que nos anima no sentido de nascermos, dia a dia, como homens novos, até nos identificarmos totalmente com Cristo.

ATUALIZAÇÃO O projeto de salvação que Deus tem para os homens, e que resulta do seu imenso amor por nós, é um projeto que nos garante a vida definitiva, a realização plena, a chegada ao patamar do Homem Novo, a identificação final com Cristo. Os crentes são pessoas que olham a vida com os olhos cheios de confiança, que sabem enfrentar sem medo nem dramas as crises, os problemas que o dia-a-dia lhes apresenta, e que caminham cumprindo a sua missão no mundo, em direção à meta final que Deus tem reservada para aqueles que O amam.
• No entanto, Deus não força ninguém: a opção pelo caminho que conduz à vida plena, ao Homem Novo, é uma escolha livre. O que Deus faz é dar “sinais” (mandamentos) que indicam como chegar a essa meta final de vida definitiva.
 - Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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Jesus não aboliu as Leis do Antigo Testamento. Tudo está em vigor. O que Jesus fez foi obedecer e ensinar-nos a obedecer-lhes corretamente.
Obedecer corretamente a uma lei é procurar descobrir e praticar a intenção do autor, aquilo que ele quis ao promulgá-la.
Há duas maneiras de interpretar uma lei: A literal (jurídica) e a espiritual, que é seguir o espírito da lei.
No caso da Bíblia, as leis do Antigo e do Novo Testamento vieram do mesmo autor, que é Deus, nosso Pai amoroso. Suas palavras são as de um Pai que só quer o bem dos filhos e filhas.
Através do mandamento “não matar”, Deus está dizendo que não quer que façamos o mal ao próximo, e sim o bem. Isso começa com pequenos gestos.
“Não cometer adultério”, no fundo é respeitar o matrimônio, e não ir além nem com um olhar.
“Não jurar falso” é ser verdadeiro, falar sempre a verdade e nunca enganar ninguém.
“Olho por olho, dente por dente” significa não se deixar levar pela raiva ou pela ganância. Se alguém nos tomar a capa, vamos entregar-lhe também a túnica.
“Amar o próximo e odiar o inimigo.” Deus Pai cortou 90% do ódio, ao dizer que é só ao inimigo. No fundo o que ele queria é que amássemos a todos, até os vossos inimigos.
E Jesus termina o discurso com uma frase chave que resume tudo: “Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). No fundo, o que Deus quer é que sejamos parecidos com ele, pois os filhos se parecem com os pais.
“Isto eu peço a Deus: Que o vosso amor cresça ainda, e cada vez mais, em conhecimento e em toda percepção, para discernirdes o que é melhor. Assim estareis puros e sem nenhuma culpa para o dia de Cristo...” (Fl 1,9-10).
Ser santo consiste em amar a Deus e ao próximo, e o amor vem de dentro, o amor tudo transforma. Ele brota da nossa liberdade, não de leis externas. Jesus nos libertou da lei. Mas é uma liberdade que nos leva a viver para os outros. “Ame, e faça o que você quiser... Se a verdade nos faz livres, o amor nos faz escravos” (Santo Agostinho).
Não vim abolir a Lei e os Profetas, mas dar-lhes pleno cumprimento.
Padre Queiróz
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6º Domingo do TC  O Cristão e a Lei

A LEI DE DEUS: Para muitos, é um tabu, uma série de proibições.
- Será esse o verdadeiro sentido dos Mandamentos?

A 1a Leitura nos apresenta Deus propondo os Mandamentos ao Povo de Israel, num clima de aliança... E o povo acolhe unânime. (Eclo 5,16-21)

* Para o povo de Israel, o amor e a fidelidade à Lei constituem toda a justiça e a santidade... apesar de muitas infidelidades...
Mas, com o passar do tempo, reduziu a Lei a uma observância puramente externa, sem uma convicção interior mais profunda...

No Evangelho, CRISTO censura tal atitude: "Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos céus!"

* Não é suficiente uma fidelidade material e externa da Lei...    É preciso uma fidelidade mais profunda, interior...

E Jesus apresenta 6 exemplos concretos.
São Antíteses: "Ouvistes o que foi dito... EU, porém, vos digo..." 
mediante as quais ele proclama o sentido da nova Lei.
Hoje são lidas as primeiras quatro, referentes aos temas:
Homicídio, Adultério, Divórcio e Perjúrio.
As última duas: Perdão no lugar  de vingança (Lei do talião) e
e o Amor ao inimigo, em invés de ódio, fica para o próximo domingo.

1) HOMICÍDIO: "Ouvistes: Não matarás...  aquele que matar terá de responder em Juízo..."
EU: "Todo aquele que se encolerizar contra seu irmão,  terá que responder em  juízo..."

CONDENA: todo tipo de morte: calúnia... mentira... fraude... ofensa...
                      Matar lideranças, não dando espaço na comunidade... E o ABORTO?
(Se houvesse um Raio X capaz de mostrar o cemitério que criamos dentro de nosso coração, nós nos assustaríamos... Quantas pessoas estão mortas, para nós!

2) ADULTÉRIO: "Ouvistes: não cometerás adultério..." (eram bem mais severos para as mulheres).
EU: "Quem olhar para uma mulher com desejo desonesto... já pecou em seu coração".
CONDENA: Não só o ato consumado de adultério, mas também o desejo... o adultério de coração.... certas amizades já são adultério... Não basta manter escondido da esposa ou do esposo as infidelidades.
"Se teu olho for ocasião de queda... corta-o"... Não devemos tomar ao pé da letra, mas significa radicalidade.

3) DIVÓRCIO: "Ouvistes: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe um certificado de repúdio".
           A lei de Moisés "tolerava" o divórcio em certos casos (união ilícita), para preservar a mulher nesses casos: direito de igualdade.
EU: "Todo aquele que repudia sua mulher, faz com que ela adultere:  E quem se casa com ela, comete adultério".

CONDENA: O Divórcio anula a tolerância da Lei mosaica... e afirma a indissolubilidade do vínculo matrimonial...
        * Qual nossa Atitude Pastoral, hoje, para os separados, e os de 2ª União?

4) PERJÚRIO: "Ouviste: Não jurarás falso...”
EU: "Não jureis de modo algum... Vosso SIM seja SIM, vosso NÃO, NÃO.
         Tudo que for, além disso, vem do Maligno..."

CONDENA: A falsidade... - E por que precisa jurar? Não basta uma prática apenas externa da lei... temos que obedecer, viver o espírito da Lei.

O Sermão da Montanha nesse trecho nos ensina que a vida espiritual não está num catálogo de normas perfeitas que proíbem as más ações, mas limpeza da fonte de todas as ações: o coração. Pois dele procedem assassínios, adultérios, prostituições, falsos testemunhos e difamações.

O Salmo afirma: "Feliz quem tem vida pura e segue a Lei do Senhor".

Na 2ª Leitura, Paulo fala da "Sabedoria de Deus", tão diferente da dos homens.  (1Cor 2,6-10)

E NÓS, como observamos os Mandamentos?
- Com o espírito do Antigo Testamento? (fazer isto ou aquilo porque é lei, porque é "obrigado" ?
- Por que vou à Missa?  Porque é um preceito?

"Se a justiça de vocês não for maior que a dos escribas e fariseus...  vocês não entrarão no Reino dos céus".

"Quem me AMA, guarda os meus mandamentos..."
 Seja a nossa observância uma expressão sincera e profunda  do nosso amor para com Deus.      

                                            Pe. Antônio Geraldo
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Homilia do Pe. Françoá Costa - A segurança do cristão

“Ouvistes o que foi dito aos antigos… Mas eu vos digo” (Mt 5,21-22). Somente se Jesus é Deus pode fazer algumas alterações nas tradições dadas por Deus no Antigo Testamento. E Jesus é Deus!
É incrível como algumas comunidades ainda hoje insistem em alguns preceitos antigos, mas que foram totalmente abolidos pela realidade autenticamente cristã: observar sábados, não comer carne de porco, não realizar transfusões de sangue, estabelecer a saia ou o vestido como indumentárias únicas para as mulheres etc. Essas coisas caducaram: “ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo” (Cl 2,16-17). Enquanto se insistem nessas “sombras da realidade”, é possível que coisas mais importantes sejam descuradas como aquelas que o Senhor nos diz no Evangelho de hoje: viver a caridade para com todos, guardar o coração puro e casto, viver na verdade em todo momento.
A coerência é, sem dúvida, uma dessas realidades que não podem ser negligenciada por um cristão. Não é coerente, por exemplo, criticar as riquezas do Vaticano, que são patrimônio da humanidade, e, ao mesmo tempo, ter o coração fechado para os demais. Prefiro aqueles ricos que vão ao Vaticano admirar essas mesmas riquezas, mas são capazes de abrir o coração e ajudar os mais necessitados. O Santo Padre, que mora no Vaticano, é um dos que mais ajuda os pobres.
É muito mais fácil andar por aí defendendo a liberdade das mulheres no uso do seu próprio corpo e, ao mesmo tempo, proibir outros seres humanos de nascerem. Esses defensores da liberdade só conhecem um lado da liberdade. No entanto, é preferível a defesa da dignidade das mulheres com a defesa simultânea da defesa da dignidade dos outros seres humanos não nascidos. Defender uma verdade é algo louvável, defender duas é duas vezes louvável! Somente as pessoas inteligentes podem conjugar duas verdades aparentemente contraditórias. No entanto, uma verdade não pode contradizer outra verdade. A dificuldade que a inteligência encontra está no raciocínio equivocado, não nas realidades. Caso eu, delirando, veja dois postes onde há somente um, o problema não está no poste que de repente teria se multiplicado (?!), o problema será a minha loucura ou enfermidade.
Os exemplos poder-se-iam multiplicar, mas não é o caso. O importante é que estejamos atentos ao “EU” de Jesus, à autoridade de Jesus. O importante é que não substituamos a verdade de Deus pelas supostas “verdades” que pululam nos grandes meios de comunicação. O importante é que sejamos cristãos de verdade e entremos, cada um, com liberdade e responsabilidade pessoais, nos meios de comunicação e anunciemos a Verdade que liberta, Jesus Cristo.
Ouvistes o que foi dito aos antigos, ouvistes o que se disse aos novos, ouvistes o que se diz na televisão, na rádio e em tantos outros lugares. É bom informar-se! Jesus, porém, nos recorda: “Eu, porém, vos digo”. O Senhor diz a todos nós que o Evangelho é sempre moderno, que nós não precisamos ter medo de dialogar com a cultura contemporânea. Com outras palavras, a evolução das espécies não pode diminuir a nossa fé, o heliocentrismo (ou outra teoria que surja) tampouco a aumenta ou diminui; as riquezas do Vaticano e a pedofilia já provada de alguns presbíteros não deveriam abalar os cimentos do nosso amor a Deus e à sua Igreja Católica; a corrupção dos costumes, em lugar de implicar um retrocesso na nossa caminhada cristã, deveria ser um desafio para a nossa inteligência e a nossa vontade iluminadas pela fé. Enfim, qual é o fundamento da minha fé? Jesus Cristo, Deus verdadeiro e Homem verdadeiro. Nele se pode confiar sempre!
O EU de Jesus é a segurança de que podemos continuar sob a sua autoridade a nossa tarefa evangelizadora. Ele nos envia. O principal interessado em salvar esse “bando de macacos recém-descidos da árvore”, como dizia um venerável professor, é de Jesus. Peço desculpas por rasgar o verbo, mas vou seguir nessa linha – sem faltar o respeito devido ao meu Senhor – para afirmar claramente que o problema é dele, de Jesus. Não obstante, ele pede a nossa colaboração inteligente, perspicaz e cheia de garra. Sentimo-nos fortalecidos, cheios de garra, com a força que vem da fé, da esperança e do amor de Deus? Se a resposta não for positiva, sugiro que se tome três remédios: oração, penitência e ação.
Pe. Françoá Costa

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Homilia do Mons. José Maria Pereira - Cristão: Lei Nova e Antiga

O Senhor diz no Evangelho (Mt 5, 17-37) que Ele não veio destruir a antiga Lei, mas dar-lhe a sua plenitude; restaura, aperfeiçoa, e eleva a uma ordem superior os preceitos do Antigo Testamento. Somos convidados a refletir sobre qual deve ser a atitude do cristão diante da Lei de Deus e as implicações que a mesma tem nas nossas opções de vida.
Só em Deus poderemos conseguir a luz e a força, para alcançarmos o procedimento ideal que nos conduzirá à verdadeira liberdade e à plena felicidade.
Jesus não veio abolir a lei, mas levá-la à perfeição. Depois de ter anunciado os grandes princípios da nova lei, nas bem-aventuranças, Jesus as desenvolve, aprofundando o espírito dos mandamentos dados ao povo de Deus por Moisés. Trata-se de cumprir não apenas materialmente os mandamentos, mas de dar-lhes o verdadeiro espírito de justiça e de amor. Daí as palavras de Jesus: “Ouvistes o que foi dito aos antigos; Eu, porém, vos digo” (Mt 5, 17-37). Isso em relação à vida, à felicidade ao amor conjugal e à verdade. Não basta, por exemplo, não matar; é preciso também evitar palavras de desamor, de ressentimento ou de desprezo para com o próximo. Não basta privar-se dos atos materiais contra a lei; é preciso eliminar também os maus pensamentos e os maus desejos, porque quem os consente, já pecou no “seu coração” (Mt 5, 28): já assassinou o seu irmão ou cometeu adultério.
É preciso superar a lei antiga, aperfeiçoá-la, isto é, tendo uma delicada atenção à pureza interior…
“Se vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus…” (Mt 5, 20). Não se trata da virtude da justiça que leva a “dar a cada um aquilo que lhe pertence”. Aqui podia traduzir-se por santidade; a dos escribas é meramente externa e ritualista. Entre eles, o cumprimento exato, minucioso, mas externo, dos preceitos tinha-se convertido numa garantia de salvação do homem diante de Deus: “se eu cumpri isto, sou justo, sou santo e Deus tem que me salvar”. Com esse modo de conceber a justificação, já não é Deus fundamentalmente quem salva, mas vem a ser o homem quem se salva pelas suas obras externas. A justificação ou santificação é uma graça de Deus, com a qual o homem só pode colaborar secundariamente pela sua fidelidade a essa graça.
Quanto à verdade, diz Jesus: “Seja o vosso sim sim, e o vosso não não” (Mt 5, 37). O cristão é chamado a ser transparente, simples. O contrário seria cheio de dobras, complicado. Não é só não jurar em falso, mas viver de tal modo a verdade, que não se precise jurar de modo algum. Fazer tudo em nome do Senhor, no Senhor.
Jesus quer inculcar a sinceridade sempre: “sim, sim; não, não!” Se partirmos do princípio da sinceridade, há confiança mútua nas relações humanas e jurar torna-se coisa supérflua; jurar a torto e a direito é um sintoma de falta de sinceridade entre as pessoas.
A necessidade de juramento é sinal de que a mentira e a desconfiança pervertem as relações humanas. Deus Pai apenas exige um relacionamento em que as pessoas sejam verdadeiras e responsáveis.
E nós, como observamos os Mandamentos? Com o espírito do Antigo Testamento? (fazer isto ou aquilo porque é lei, porque é “obrigado”?)
Porque vou à Missa? Porque é um preceito?
“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5, 20).
“Quem me ama, guarda os meus mandamentos”, disse Jesus.
Seja a nossa observância uma expressão sincera e profunda do nosso amor para com Deus. Peçamos a Deus a Graça de vivermos os seus mandamentos. “Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão; se confias em Deus, tu também viverás” (Eclo 15, 16). “A vida e a morte, o bem e o mal, estão diante do homem; o que ele escolher, isso será dado” (Eclo 15, 16-18). É como quem diz: o que seguir a lei divina, terá como recompensa a vida e o que não a seguir, espera-o a morte. Tanto a vida como a morte eterna são a conseqüência da sua opção. O homem é livre e, por isso, responsável das suas ações…
Mons. José Maria Pereira




Para a Celebração da Palavra:









  
LOUVOR (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR)
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR...
à COM JESUS,  por Jesus e em Jesus, NA FORÇA DO ESPÍRITO SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
à Senhor, nosso Deus, Vos louvamos e Vos agradecemos por nos amar e nos dar Jesus como a palavra viva que nos orienta.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
à Senhor, nosso Deus, grande é o vosso amor nos ensinando os caminhos que nos conduzem à felicidade plena. Que sejamos atentos aos vossos ensinamentos.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
à Senhor, nosso Deus, Sois cheio de bondade. Dai-nos o entendimento para que cumpramos os vossos mandamentos e sejamos fiéis na construção de vosso Reino.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
à Senhor, nosso Deus, que nosso coração seja renovado pelo vosso amor e possamos refletir ao mundo o vosso amor.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
à Senhor, nosso Deus, que vossas leis sejam luz para nossas ações e possamos viver como irmãos em nossa comunidade.
T: Senhor, sois o nosso Deus e salvador!
à PAI NOSSO...  A Paz de Cristo... CORDEIRO DE DEUS.



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