quarta-feira, 23 de abril de 2014

2º Domingo da Páscoa ANO A 2014, II Domingo da Páscoa, Jo 20,19-31

2º Domingo da Páscoa ANO A 2014
(Adaptado e postado pelo Diácono Ismael)
Domingo da Divina Misericórdia

Tema: O Envio Missionário; “Como o Pai me enviou, também eu vos envio!”;
Da cruz nasce uma nova comunidade.
Evangelho: Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; Por outro lado, é na vida da comunidade que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
Primeira leitura: Com os ensinamentos dos Apóstolos nasce uma nova comunidade fraterna e celebrativa.
Segunda leitura: Pedro nos lembra que pelo batismo somos identificados com Cristo e conduzidos à ressurreição

10. EVANGELHO (Jo 20,19-31) Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os
discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

AMBIENTE – A comunidade da Nova Aliança. O “primeiro dia da semana” tempo novo. Passou o sábado dos judeus, passou a Lei de Moisés, passou a antiga criação. A comunidade Está desamparada e insegura.

MENSAGEM
A comunidade está insegurança e com medo. Jesus  está “no centro” da comunidade e assume-se como ponto de referência, videira à volta da qual se enxertam os ramos. Jesus transmite a paz: é o “shalom”, harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, vida plena. Jesus venceu a morte. Jesus se identifica: mãos e no lado trespassado. É nesses sinais de amor que a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio.
Jesus “soprou” sobre os discípulos o Espírito da vida nova e os envia. Oferece a Paz: Essa Paz, muitas vezes, só é possível pelo caminho do PERDÃO...  Por isso, oferece o Sacramento do Perdão: CONFISSÃO: " a quem perdoardes os pecados..."

Na segunda parte, Como é que se chega à fé em Cristo ressuscitado? é na comunidade onde se manifesta o amor de Jesus. Tomé representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que não faz caso do testemunho da comunidade, nem percebe os sinais de vida nova que nela se manifestam.
Tomé acaba por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da comunidade. Porquê? Porque é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus ressuscitado. É na COMUNIDADE que encontramos as provas que Jesus está vivo. Quem não participa da Comunidade não ouve a saudação de Paz, não prova a alegria da Páscoa do Senhor, nem recebe o dom do Espírito Santo.  Quem não se encontra com a Comunidade não se encontra também com o Cristo Ressuscitado.

ATUALIZAÇÃO
• A comunidade gira em torno de Jesus e é d’Ele que recebe vida, amor e paz. Sem Jesus, estaremos divididos, em conflito, e não seremos comunidade de irmãos…
• É nos gestos de amor, de partilha, de serviço,  que encontramos Jesus vivo.
• encontramos Jesus ressuscitado; no diálogo comunitário, na Palavra partilhada, no pão repartido, no amor que une os irmãos em comunidade de vida.

6. PRIMEIRA LEITURA (At 2,42-47) Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Os que haviam se convertido eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. E todos estavam cheios de temor por causa dos numerosos prodígios e sinais que os apóstolos realizavam. Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum; vendiam suas propriedades e seus bens e repartiam o dinheiro entre todos, conforme a necessidade de cada um. Diariamente, todos frequentavam o Templo, partiam o pão pelas casas e, unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e eram estimados por todo o povo. E, cada dia, o Senhor acrescentava ao seu número mais pessoas que seriam salvas.

AMBIENTE
Depois da vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e do discurso de Pedro, Lucas refere o resultado da pregação dos apóstolos: as pessoas aderem em massa e nasce a comunidade cristã de Jerusalém. São os primeiros passos de um caminho que a Igreja de Jesus vai percorrer.
Quando Lucas escreve este relato (década de 80), já esfriou o entusiasmo inicial dos cristãos: Há desleixo, falta de entusiasmo, monotonia, divisão e confusão (falsos mestres, com doutrinas estranhas). Neste contexto, Lucas traça o quadro daquilo que a comunidade deve ser.

MENSAGEM - Como será essa comunidade ideal, que nasce do Espírito e do testemunho dos apóstolos? Em primeiro lugar, uma comunidade que vive em comunhão fraterna.
Em segundo lugar, uma comunidade assídua ao ensino dos apóstolos (e não pelos falsos mestres). A catequese deve incidir sobre a pessoa de Jesus, o seu projeto, os seus valores, a sua vida de doação e de entrega. Os crentes são convidados a descobrir que o sentido da vida está na obediência ao plano do Pai e na entrega aos irmãos; e que uma vida vivida desse jeito conduz à ressurreição e à vida plena, mesmo que passe pela experiência da cruz.
Em terceiro lugar, é uma comunidade que celebra a sua fé: a “fração do pão”, as “orações” e, partilha.
Finalmente, é uma comunidade que dá testemunho e faz aumentar o número dos cristãos.
A descrição, que Lucas aqui faz, aponta para a meta a que toda a comunidade cristã deve aspirar, confiada na força do Espírito. Trata-se, portanto, de uma descrição da comunidade ideal, um modelo à Igreja.
É uma "Comunidade de irmãos", perseverantes: - // Uma Comunidade que dá testemunho,  
   - no Ensino dos Apóstolos:      à CATEQUESE
   - na Partilha dos Bens:               à CARIDADE.
   - nas Celebrações:                       à LITURGIA: - Orações no Templo e nas casas: "fração do pão".

ATUALIZAÇÃO • A comunidade é uma família reunida à volta de Cristo, animada pelo Espírito e que tem por missão testemunhar na história a salvação. A comunidade mostra aos homens como o amor, a partilha, a doação, o serviço, são geradores de vida e não de morte. O cristão não vive fechado no seu egoísmo.
• A comunidade é assídua à catequese dos apóstolos, participa dos encontros e formações paroquiais.

7. SALMO RESPONSORIAL / SI 117 (118).
Dai graças ao Senhor porque Ele é bom; “Eterna é a sua misericórdia!”
• A casa de Israel agora o diga: / “Eterna é a sua misericórdia!” /
 A casa de Aarão agora o diga: / “Eterna é a sua misericórdia!” /
Os que temem o Senhor agora o digam: / “Eterna é a sua misericórdia!”
• Empurraram-me, tentando derrubar-me, / mas veio o Senhor em meu socorro. /
O Senhor é minha força e o meu canto, / e tornou-se para mim o Salvador. /
“Clamores de alegria e de vitória / ressoem pelas tendas dos fiéis”.
• A pedra que os pedreiros rejeitaram / tornou-se agora a pedra angular”. /
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: / Que maravilhas ele fez a nossos olhos! /
Este é o dia que o Senhor fez para nós, / alegremo-nos e nele exultemos.

8. SEGUNDA LEITURA (1Pd 1,3-9) Leitura da Primeira Carta de São Pedro.
Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos, ele nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, que não se mancha nem murcha e que é reservada para vós nos céus. Graças à fé, e pelo poder de Deus, vós fostes guardados para a salvação que deve manifestar-se nos últimos tempos. Isto é motivo de alegria para vós, embora seja necessário que agora fiqueis por algum tempo aflitos, por causa de várias provações. Deste modo, a vossa fé será provada como sendo verdadeira – mais preciosa que o ouro perecível, que é provado no fogo – e alcançará louvor, honra e glória no dia da manifestação de Jesus Cristo. Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação.

AMBIENTE - O autor da carta conhece as provações que estes cristãos sofrem todos os dias. Exorta-os, no entanto, a manterem-se fiéis à sua fé, apesar das dificuldades. Convida-os a olharem para Cristo, que passou pela experiência da paixão e da cruz, antes de chegar à ressurreição; e exorta-os a manterem a esperança, o amor, a solidariedade, vivendo com alegria, coerência e fidelidade.

MENSAGEM - O autor lembra que, pelo batismo, se identificaram com Cristo; e isso significa renascer para uma vida nova. Conscientes de que Deus oferece a salvação àqueles que se identificam com Jesus, os crentes vivem na alegria e na esperança: eles sabem que lhes está reservada a vida plena e definitiva.
Os sofrimentos são uma espécie de “prova”, durante a qual a fé dos crentes é purificada, decantada, fortalecida; e o crente vai sendo transformado pela ação do Espírito, até se identificar com Cristo e chegar à vida nova (exemplifica o processo que o próprio ouro tem de ser purificado pelo fogo). De qualquer forma, é sempre uma caminhada animada pela esperança da salvação definitiva.

ATUALIZAÇÃO • Pelo batismo, nos identificamos com Cristo. A nossa vida tem de ser vivida na obediência ao Pai e na entrega aos homens nossos irmãos: é esse o caminho que conduz à ressurreição.
• Somos convidados a tomar consciência de que o sofrimento pode ser, também, um caminho para ressuscitarmos como homens novos, para chegarmos à vida plena e definitiva.
• De qualquer forma, somos convidados a percorrer a nossa vida com esperança, olhando para além dos problemas e dificuldades e vendo, no horizonte, a salvação definitiva. Isto não significa alhearmo-nos da vida presente; mas significa enfrentar os dramas de cada dia com a serenidade e a paz de quem confia em Deus.

RECORDAÇÃO DO BATISMO.
Durante o tempo pascal, é recomendado que se faça o rito penitencial sob a forma de aspersão da água benzida, em recordação do batismo. Durante o tempo pascal, pode-se também valorizar o batistério: flores, iluminação, ícone, etc… e convidar os fiéis a irem aí recolher-se em recordação do dia do seu baptismo, em que Deus fez aliança com eles.

Pe. Joaquim, Pe. Barbosa, Pe. Carvalho

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HOMILIA D. HENRIQUE SOARES
Estamos ainda em pleno dia da Páscoa, “o Dia que o Senhor fez para nós” – é esta a Oitava da Santa Páscoa.
Se no dia mesmo da Ressurreição, a liturgia centrava nossa atenção no próprio Senhor ressuscitado, vencedor da morte, hoje, neste Domingo da Oitava, a atenção concentra-se nos efeitos dessa vitória formidável para nós e para toda a humanidade.
Eis! O Senhor Jesus, morto como homem, morto na sua natureza humana, foi ressuscitado pelo Pai, que derramou sobre ele o Espírito Santo, Senhor que dá a Vida. E agora, cheio do Espírito, Jesus nos dá esse Dom divino, esse fruto da sua Ressurreição.
Primeiro dá-lo aos seus apóstolos “ao anoitecer daquele dia, o primeiro depois do sábado”. Passou o sábado dos judeus, passou a Lei de Moisés, passou a antiga criação. E Jesus ressuscitado sopra sobre os Apóstolos o Espírito Santo, recebido do Pai na Ressurreição: “Como o Pai me enviou na potência do Espírito, também eu vos envio agora na força desse mesmo Espírito! Recebei, pois, o Espírito Santo, dado para gerar o mundo novo, o homem novo, o homem segundo a minha imagem, o homem reconciliado, na paz com Deus! Paz a vós! Os pecados serão perdoados nesse dom do meu Espírito!” Assim começa o cristianismo, assim ganha vida a Igreja: no Espírito do Ressuscitado!
Os Apóstolos agora, recebendo o Espírito, recebem a vida nova do Cristo, a vida que dura para a eternidade. Esse mesmo Espírito, nós o recebemos nas águas do Batismo e na comunhão com o Sangue do Senhor na Eucaristia. Por isso mesmo, a oração da Missa hodierna nos pede a graça de compreender melhor, isto é, de viver intensamente na vida “o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o Sangue que nos redimiu”. Em outras palavras: pela participação aos santos sacramentos, sobretudo o Batismo e a Eucaristia, nós recebemos continuamente o Espírito do Ressuscitado e, assim, recebemos a sua nova vida, a vida que nos renova já aqui, neste mundo, e nos dá a Vida eterna. Por isso a segunda leitura de hoje nos diz que o Pai, “em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível”, reservada a nós nos céus! A Ressurreição de Cristo é garantia da nossa, o seu Espírito, que nós recebemos, é semente e garantia de vida eterna e, por isso, é causa de alegria e força para nós, cristãos. Nós recebemos a vida eterna, nós cremos na Vida eterna, nós já vivemos tendo em nós as sementes da Vida eterna!
Mas, estejamos atentos: esta nossa fé na Ressurreição tem conseqüências concretas para nós: “Os que haviam se convertido eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e colocavam tudo em comum…” Eis: a fé na Ressurreição do Senhor, a vida vivida na Vida nova que Cristo nos concedeu, faz-nos existir de um modo novo, iluminados por uma nova regra de vida (o ensinamento dos apóstolos e seus sucessores), sustentados pela fração do Pão eucarístico e testemunhas de uma vida de comunhão, de amor fraterno, de mansidão, de coração aberto para Deus e os irmãos.
Mais uma coisa: estejamos atentos para um fato importantíssimo: a Ressurreição do Senhor não é uma fábula, não é um mito, não é uma parábola. O Senhor realmente venceu a morte, realmente entrou no Cenáculo e realmente Tomé, admirado e envergonhado, feliz pelo Senhor e triste por sua incredulidade, tocou as mãos e o lado do Senhor vivo, ressuscitado! Por isso, o cristão não se apavora diante dos reveses da vida, dos compromissos e renúncias pelo testemunho de Cristo e nem mesmo diante da morte: “Sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação”.
D. Henrique Soares da Costa
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HOMILIA Pe. Françoá Costa

Meu Senhor e meu Deus!

Trata-se de uma bela profissão de fé e de um ato de adoração magnífico. Quão necessário é esse reconhecimento de Deus na própria vida e na sociedade atual! Na cultura do progresso e da técnica, da informação e das facilidades comunicativas, da exaltação do poder do homem e da cultura do mínimo esforço, o cristão tem que saber propor a aceitação de Deus, a profissão de fé na Trindade Santíssima e amor que provém de um coração renovado pela graça do Cristo Ressuscitado.
A Igreja deve continuar com o seu grito sem ruídos espaventosos a favor da primazia de Deus e dos valores espirituais em meio ao materialismo, hedonismo e relativismo reinantes. O cristão deve fazer ressoar esse grito em qualquer lugar onde se encontre, já que todo cristão é Igreja. Ainda que percebamos que há momentos em que o mal parece dominar a situação, é preciso manter a fé de que o bem sempre tem a última palavra e que nós, filhos e filhas de Deus, somos a voz de Jesus Cristo no meio do mundo.
Ninguém pode manter-se afastado dessa responsabilidade! Ninguém pode desinteressar pela salvação dos demais! Um cristão egoísta, preocupado somente consigo mesmo, e com horizontes que se restringem ao seu microcosmo, está perdendo tempo. Nós fomos feitos servos uns dos outros. A primeira leitura de hoje mostra como os primeiros cristãos viviam: na escuta da Palavra de Deus, na participação da Eucaristia, na oração constante, unidos, desprendidos dos bens materiais, no louvor de Deus e na caridade fraterna. Imitemos os nossos antepassados porque o resultado não decepciona: “O Senhor cada dia lhes ajuntava outros que estavam a caminho da salvação” (At 2,47). Os primeiros cristãos tinham dificuldades? Claro que sim. E não eram poucas: perseguições, divisões, egoísmos, misérias humanas em definitiva. No entanto, o frescor de um ideal que enchia as suas vidas os fazia seguir adiante com a esperança de chegar à santidade, à entrega cada vez mais plena ao Senhor Jesus. Assim sendo, podiam dizer com a consciência em paz: Meu Senhor e meu Deus! Nós também, com essa luta constante por ser santos podemos dizer que Jesus é nosso Deus e Senhor.
A Igreja não arrebanha mais gente e as multidões não vêm correndo às nossas paróquias porque nem sempre vivemos esse estilo de vida evangélica dos primeiros cristãos. Sem dúvida, na sociedade atual, entre os valores que mais se admirariam nos cristãos estariam a generosidade e o consequente desprendimento dos bens materiais. Atualmente, há uma preocupação geral pelo bem estar, pelo acúmulo de posses e de bens de consumo que causam admiração num coração magnânimo. A preocupação por ganhar dinheiro numa sociedade cada vez mais competitiva tem conduzido a muitas pessoas ao sacrifício de tantas realidades importantes que deveriam ocupar um lugar mais destacado na vida cotidiana: estar em família, cuidar dos mais necessitados, cultivar os bens do espírito e da cultura, saber descansar de maneira inteligente e serviçal. Alegremo-nos: Deus fez o Domingo! Talvez é esse o momento de lembrarmos que há um mandamento que reza que devemos “guardar domingos e festas”.
Temos que descobrir o valor da harmonia na própria vida. Saber conjugar o trabalho e o lazer, a família e os amigos, a gravidade e a diversão, o calar-se e o expressar-se, faz a vida mais agradável e ajuda a evitar as enfermidades que se encontram entre as que mais êxito tem nos nossos tempos: o estresse e a depressão. O coração do ser humano é tão grande que não pode contentar-se somente com o material, por mais abundante que seja. Toda pessoa necessita da adoração a Deus, de relacionar com um ser transcendente, de abrir-se ao mistério de Cristo morto e ressuscitado para a nossa salvação, ou seja, para a nossa felicidade temporal e eterna.
Pe. Françoá Costa
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HOMILIA Mons. José Maria Pereira

A FÉ DE TOMÉ

Cristo ressuscitado é a razão de ser de nossa existência. Celebrar essa história é motivo de grande alegria para os cristãos.
O evangelho ( Jo 20, 19-31) inicia falando do primeiro dia da semana, isto é o Dia por excelência, pois foi o dia da Ressurreição do Senhor.
“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana” ( Jo 20,19) Jesus veio confortar os amigos mais íntimos: A paz esteja convosco, disse-lhes. Depois mostrou-lhes as mãos e o lado. Nesta ocasião, Tomé não estava com os demais Apóstolos; não pôde, pois, ver o Senhor nem ouvir as suas palavras consoladoras.
Imagino os Apóstolos cheios de júbilo procurando Tomé para contar-lhe que tinham visto o Senhor! Mal o encontraram, disseram-lhe: Vimos o Senhor! Tomé continuava profundamente abalado com a crucifixão e a morte do Mestre; quer ver para crer! Acredito que os Apóstolos devem ter-lhe repetido, de mil maneiras diferentes, a mesma verdade que era agora a sua alegria e a sua certeza: Vimos o Senhor!
Hoje nós temos que fazer o mesmo! Para muitos homens e para muitas mulheres, é como se Cristo estivesse morto, porque pouco significa para eles e quase não conta nas suas vidas. A nossa fé em Cristo ressuscitado anima-nos a ir ao encontro dessas pessoas e a dizer-lhes de mil maneiras diferentes que Cristo vive, que estamos unidos a Ele pela fé e permanecemos com Ele todos os dias, que Ele orienta e dá sentido à nossa vida.
Desta maneira, cumprindo essa exigência da fé que é difundi-la com o exemplo e a palavra, contribuímos pessoalmente para a edificação da Igreja, como aqueles primeiros cristãos de que falam os Atos dos Apóstolos: “Cada vez mais aumentava o número dos homens e mulheres que acreditavam no Senhor” (At. 5,14).
Oito dias depois Jesus apareceu aos Apóstolos novamente e agora Tomé também estava; Jesus disse: “A paz esteja convosco. Depois disse a Tomé: Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos…, não sejas incrédulo, mas fiel (Jo 20,26-27).
A resposta de Tomé é um ato de fé, de adoração e de entrega sem limites: Meu Senhor e meu Deus! A fé do Apóstolo brota não tanto da evidência de Jesus, mas de uma dor imensa. O que o levou à adoração e ao retorno ao apostolado não são tanto as provas como o amor. Diz à Tradição que o Apóstolo Tomé morreu mártir pela fé no seu Senhor; consumiu a vida a seu serviço.
As dúvidas de Tomé viriam a servir para confirmar a fé dos que mais tarde haviam de crer n’Ele. Comenta São Gregório Magno: “Porventura pensais que foi um simples acaso que aquele discípulo escolhido estivesse ausente, e que depois, ao voltar, ouvisse relatar a aparição e, ao ouvir, duvidasse, e, duvidando, apalpasse, e, apalpando acreditasse? Não foi por acaso, mas por disposição divina que isso aconteceu. A divina clemência agiu de modo admirável quando este discípulo que duvidava tocou as feridas das carnes do seu Mestre, pois assim curava em nós as chagas da incredulidade… Foi assim, duvidando e tocando, que o discípulo se tornou testemunha da verdadeira ressurreição”.
Peçamos ao Senhor que aumente em nós a fé, pois se a nossa fé for firme, também haverá muitos que se apoiarão nela.
A virtude da fé é a que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e a que nos permite julgar retamente todas as coisas. Somente com a luz da fé e a meditação da palavra divina é que é possível reconhecer Deus sempre e por toda a parte, esse Deus em quem vivemos e nos movemos e existimos (At 17,28).
Meu Senhor e meu Deus! Estas palavras têm servido de jaculatória a muitos cristãos, e como ato de fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, quando se passa diante de um sacrário ou no momento da Consagração da Missa.
A Ressurreição do Senhor é um apelo para que manifestemos com a nossa vida que Ele vive. As obras do cristão devem ser fruto e manifestação de sua fé em Cristo. Hoje também o Senhor quer que o mundo, a rua, o trabalho, as famílias sejam veículo para a transmissão da fé.
A fé em Cristo era a força que congregava os primitivos cristãos numa coesão perfeita de sentimentos e de vida: “A multidão dos que abraçavam a fé tinha um só coração e uma só alma” (At. 4,32). Era uma fé tão arraigada que os levava a renunciarem, voluntariamente, aos próprios bens para colocá-los à disposição dos mais necessitados, considerados verdadeiramente irmãos em Cristo. É esta fé que hoje é tão escassa; para muitos que dizem ser crente, a fé não exerce influência alguma nos seus costumes nem na sua vida. Um cristianismo assim, não convence nem converte o mundo. É preciso voltar a acomodar a própria fé ao exemplo da Igreja primitiva; é preciso pedir a Deus uma fé profunda, pois que, no poder da fé, está a certeza da vitória dos cristãos. “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé! Quem é que vence o mundo senão Aquele que crê que Jesus é Filho de Deus?” ( 1 Jo 5,4-5).
Mons. José Maria Pereira
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I DOMINGO DE PÁSCOA  A Comunidade

A Liturgia desse domingo, vivendo ainda a alegria pascal, apresenta a NOVA COMUNIDADE (a Igreja), que nasce da Cruz e Ressurreição com a missão de revelar aos homens a Vida Nova que brota da Ressurreição.

As leituras ilustram essa realidade...

A 1a Leitura descreve a Comunidade cristã de Jerusalém (At 2,42-47)

- É uma "Comunidade de irmãos", perseverantes:
   - no Ensino dos Apóstolos:      à CATEQUESE
   - na Partilha dos Bens:               à CARIDADE.
   - nas Celebrações:                       à LITURGIA: - Orações no Templo e
                                                        - Eucaristia nas casas: "fração do pão".

- Uma Comunidade que dá testemunho,
  provocando admiração e simpatia do povo e atraindo novos membros.

* Essa comunidade ideal, descrita por São Lucas, quer recordar
o essencial daquilo que toda comunidade deve ser:
um Modelo à Igreja de Jerusalém e às igrejas de todas as épocas:
Uma Comunidade de irmãos, reunida ao redor de Cristo, animada pelo Espírito, que tem a missão de testemunhar na história a Salvação.
- Em nossa comunidade, estão presentes hoje esses elementos?

A 2a Leitura lembra que pelo Batismo nos identificamos com Cristo.
Essa identificação com ele nos coloca em obediência ao Pai e
na entrega aos nossos irmãos. É o caminho que conduz à Ressurreição. (1Pd 1,3-9)

Salmo: "Porque eterna é a sua MISERICÓRDIA..." (Domingo da Misericórdia...)

O Evangelho nos apresenta a Comunidade dos Apóstolos.
Jesus vivo e ressuscitado é o CENTRO da Comunidade cristã.
Ao redor dele, a Comunidade se estrutura e se anima
a vencer o "medo" e a hostilidade do mundo. (Jo 20,19-31)

Os APÓSTOLOS estão trancados... apavorados... sem paz...

CRISTO: rompe as barreiras e aparece no 1º dia da semana...
- Oferece: - A PAZ... o PERDÃO ... torna-os Mensageiros do perdão...
                       - O ESPÍRITO SANTO: "Sopra": lembra o sopro criador de Deus...
- Envia em missão: "Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio..."
- Exige: FÉ: - Para Tomé que quer ver para crer:
     "Não sejas incrédulo, mas fiel... Felizes os que crêem sem terem visto..."

+ Portas Trancadas:
   Cristo abre as portas daquela Comunidade... e os envia ao Mundo...   
    A presença de Jesus ressuscitado é fonte de coragem e de paz...
    E o Espírito Santo dará a força para cumprir sua missão.  

+ A PAZ: Jesus oferece três vezes a Paz: "Shallon" (= Paz total).
   - Dá a Paz aos apóstolos e depois os envia como mensageiros da paz.
   - Essa Paz, muitas vezes, só é possível pelo caminho do PERDÃO...

+ Por isso, Cristo oferece o Sacramento do Perdão: CONFISSÃO:
    "Aqueles a quem perdoardes os pecados..."
    * Pecadores, uma vez perdoados, são enviados a perdoar em nome de Deus.
                à Você já fez a sua confissão Pascal nesse ano?

+ Tomé: afastado da Comunidade, quer provas, segurança: "Ver para crer..."

  - Jesus: comprova sua "Divina Misericórdia", cujo dia hoje celebramos:
              aceita o desafio e vai ao encontro do apóstolo incrédulo...  
          
  - Tomé, voltando à Comunidade, encontra o Cristo Ressuscitado e
     faz sua profissão de fé: "Meu Senhor e meu Deus".

   * É na COMUNIDADE que encontramos as provas que Jesus está vivo.
     Quem não participa da Comunidade não ouve a saudação de Paz,
     não prova a alegria da Páscoa do Senhor,
     nem recebe o dom do Espírito Santo.
     Quem não se encontra com a Comunidade
      não se encontra também com o Cristo Ressuscitado.

  - A Tomé e a todos nós, Cristo continua repetindo:
    "Felizes os que acreditam mesmo sem terem visto..."

+ Tudo acontece no 1º Dia da Semana: É uma alusão ao DOMINGO,
    dia em que a Comunidade é convocada a celebrar a Eucaristia:
    é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos,
    com a Palavra proclamada, com o Pão de Jesus partilhado,
    que se descobre Jesus Ressuscitado.

   - Cada Domingo deve ser uma pequena Páscoa...
     em que renovamos o nosso Batismo, a caminho da vida Plena...      

    * O "Nosso Domingo" é de fato "O Dia do Senhor?"

A Liturgia nos questiona:
- A nossa Comunidade é o local do nosso encontro com o Ressuscitado?
- Na Comunidade, somos unidos e perseverantes
   no estudo da Palavra de Deus, na partilha dos bens e nas celebrações?
- Vivemos a alegria, a fraternidade, o perdão, a paz,
   que o Cristo ressuscitado veio trazer,
   ou ainda trancados vivemos o clima de medo?

- Podemos, com sinceridade, dizer, que Jesus é nosso "Deus e Senhor"?
   
                                            Pe. Antônio Geraldo


 PARA A CELEBRAÇÃO DA PALAVRA:

LOUVOR: (QUANDO O PÃO CONSAGRADO ESTIVER SOBRE O ALTAR).
à O SENHOR ESTEJA COM TODOS VOCÊS... DEMOS GRAÇAS AO SENHOR NOSSO DEUS...
à COM JESUS, POR JESUS E EM JESUS, NA FORÇA DO ESP. SANTO, LOUVEMOS AO PAI:
T: Jesus ressuscitou e vive entre nós, aleluia!
à Deus nosso Pai, nós Vos damos graças pela obra começada por vosso Filho Jesus, continuada pelos Apóstolos e seus sucessores até ao nosso tempo, no dinamismo do vosso Espírito.
T: Jesus ressuscitou e vive entre nós, aleluia!
à Senhor, nós vos bendizemos: Sois Deus de Amor e de misericórdia. Sois vós que nos criastes e nos preparastes uma morada em vosso Reino. Pai, ajudai-nos para que assumamos a dignidade de Filhos Vossos e possamos mostrar ao mundo o vosso amor.
T: Jesus ressuscitou e vive entre nós, aleluia!
à Deus fiel, nós vos damos graças pelo Espírito de ressurreição, que Jesus soprou sobre os Apóstolos e que também nos é dado pelo batismo e pela confirmação, para que tenhamos a vida eterna. Que pelas palavras e atos saibamos testemunhar que Jesus está vivo no meio de nós.
T: Jesus ressuscitou e vive entre nós, aleluia!
àDeus da Vida, nós Vos bendizemos,  pois suscitais em nossos corações uma esperança viva que renova as nossas comunidades na Eucaristia. Que a Vossa paz esteja sempre conosco..
T: Jesus ressuscitou e vive entre nós, aleluia!
à Pai nosso... A Paz...aleluia,    Eis o Cordeiro...  



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